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Autores: Prof. Fernando Gorni Neto Profa. Solimar Garcia Colaboradores: Prof. José Carlos Roncolato da Frota Prof. Mauro Kiehn Administração do Varejo Professores conteudistas: Fernando Gorni Neto / Solimar Garcia Fernando Gorni Neto Graduado e pós-graduado (2004) em Marketing pela Universidade Nove de Julho – Uninove. Pós-graduado (2006) em Agronegócios pela Universidade Federal do Paraná – UFPR e em Formação em Educação a Distância (2015) pela Universidade Paulista – UNIP. Mestrando em Engenharia de Produção pela UNIP. Também atuou como professor da UNIP. Possui mais de trinta anos de experiência em comércio internacional nas áreas de desembaraço aduaneiro de importação e exportação, tráfego marítimo internacional de granéis tramp, tráfego marítimo de navios liners, distribuição de produtos por via rodoviária, ferroviária e marítima de cabotagem e em business intelligence center. Solimar Garcia É pós-doutoranda e doutora em Engenharia da Produção, mestre em Comunicação, tem MBA em Comunicação e Marketing pela ESPM e possui três especializações: Educação, Ensino Superior e Ensino a Distância. Jornalista e publicitária pela Fundação Cásper Líbero há mais de vinte anos, passou por diversos órgãos de imprensa, como o jornal O Estado de S. Paulo e Agência Estado e revistas especializadas. Atuou em várias empresas na área de comunicação e marketing. Atualmente, é docente presencial e a distância na UNIP e na Fundação Getulio Vargas nos cursos de graduação e pós-graduação. É empreendedora da área de comunicação e marketing, dedicando-se a atividades jornalísticas, publicações (informativos, jornais empresariais, revistas segmentadas e outros) e assessoria de imprensa, de marketing, projetos culturais e sociais. Como bolsista da Capes, estudou um ano em Valência, na Espanha, na Universitat Politècnica de València, para conclusão de seu doutorado. Na área acadêmica, a autora possui vasta produção em publicações nacionais e internacionais, além de diversos livros e capítulos de livros. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. U512.64 – 21 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G671a Gorni Neto, Fernando. Administração do Varejo. / Fernando Gorni Neto, Solimar Garcia. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 216 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Administração do varejo. 2. Localização do ponto. 3. Criação de promoções. I. Garcia, Solimar. II. Título. CDU 658.87 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Bruna Baldez Sumário Administração do Varejo APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................................... 11 1.1 Formas de distribuição ....................................................................................................................... 12 1.2 Funções dos intermediários na distribuição dos produtos.................................................. 14 1.3 Conceito de varejo ............................................................................................................................... 16 1.4 Varejo e suas relações econômicas ............................................................................................... 18 1.5 Ondas de serviços ................................................................................................................................ 20 1.6 História do varejo ................................................................................................................................. 23 1.7 História do varejo brasileiro ............................................................................................................. 25 1.8 Funções e tipos de varejo .................................................................................................................. 28 1.9 Tipos de operações em varejo ......................................................................................................... 30 1.9.1 Autosserviço .............................................................................................................................................. 31 1.10 Shopping centers ............................................................................................................................... 32 1.10.1 Tipos de lojas em shoppings ............................................................................................................ 36 1.11 Vendas diretas ...................................................................................................................................... 37 2 OUTROS TIPOS DE VAREJO .......................................................................................................................... 40 2.1 Varejo eletrônico ................................................................................................................................... 40 2.2 Franquias .................................................................................................................................................. 44 2.2.1 Estrutura das franquias ........................................................................................................................ 46 2.2.2 Vantagens do franchising .................................................................................................................... 47 2.2.3 Desvantagens do franchising............................................................................................................. 48 Unidade II 3 CADEIA DE ABASTECIMENTO NO VAREJO ............................................................................................. 54 3.1 Objetivos da gestão da cadeia de abastecimento ................................................................... 55 3.1.1 Atividades primárias .............................................................................................................................. 55 3.1.2 Atividades secundárias ........................................................................................................................ 56 3.2 Desafios em supply chain ................................................................................................................. 60 3.3 Processos .................................................................................................................................................. 61 3.4 Tecnologias para o varejo e a gestão de supply chain .......................................................... 64 3.5 Supply chain management no e-commerce .............................................................................67 3.6 Gerenciamento por categorias de produtos ............................................................................ 68 4 ETAPAS DO GERENCIAMENTO POR CATEGORIAS .............................................................................. 73 4.1 Definição, papel e avaliação da categoria .................................................................................. 74 4.2 Estratégias da categoria .................................................................................................................... 77 4.3 Definição de táticas ........................................................................................................................... 77 4.4 Resposta eficiente ao consumidor (ECR) .................................................................................. 78 4.5 Estratégias básicas do ECR ............................................................................................................... 82 4.5.1 Áreas de foco ............................................................................................................................................ 84 4.5.2 Abastecimento eficiente ..................................................................................................................... 85 4.6 Desafios da gestão por categoria de produtos ....................................................................... 86 Unidade III 5 MARKETING DE VAREJO ............................................................................................................................... 92 5.1 Definição de marketing ..................................................................................................................... 92 5.2 Mercado ................................................................................................................................................... 93 5.3 Os 4 Ps de marketing .......................................................................................................................... 95 5.4 Os 6 Ps de marketing .......................................................................................................................... 96 5.5 Os 7 Ps de marketing de serviços .................................................................................................. 96 5.6 Os 8 Ps de marketing de serviços .................................................................................................. 97 5.7 Os 6 Ps do marketing de varejo ...................................................................................................... 98 5.8 O composto de marketing no varejo – produto ...................................................................... 99 5.8.1 Dimensões do produto .......................................................................................................................100 5.9 Diferença entre produto e serviço ...............................................................................................103 5.10 O composto de marketing no varejo – pessoas ..................................................................104 5.11 O composto de marketing no varejo – preço .......................................................................108 5.11.1 Métodos baseados em custos ........................................................................................................ 110 5.11.2 Método baseado na demanda .......................................................................................................114 5.11.3 Método baseado na concorrência ..............................................................................................114 5.12 Preço e valor ......................................................................................................................................115 5.13 Tipos de preços .................................................................................................................................116 5.14 O conceito de elasticidade ...........................................................................................................119 5.15 A diferença entre preços de varejo e atacado ....................................................................119 6 GEOMARKETING E LOCALIZAÇÃO DO PONTO – PRAÇA ................................................................120 6.1 Conhecendo o geomarketing ........................................................................................................120 6.2 Aplicações de geomarketing ..........................................................................................................122 6.3 Segmentação de mercado pelo geomarketing ......................................................................125 6.4 Big data e o geomarketing .............................................................................................................128 6.5 Aplicações de geomarketing na comunicação .......................................................................129 6.6 Composto de marketing no varejo – localização do ponto ..............................................131 6.6.1 Fachada .................................................................................................................................................... 134 Unidade IV 7 MARKETING DE VAREJO E O COMPOSTO PROMOCIONAL ............................................................141 7.1 Composto de marketing no varejo – apresentação .............................................................141 7.2 Layout .....................................................................................................................................................141 7.3 A atmosfera ..........................................................................................................................................143 7.3.1 Climatização .......................................................................................................................................... 145 7.3.2 Aromas ..................................................................................................................................................... 145 7.3.3 Sons ........................................................................................................................................................... 146 7.3.4 Iluminação .............................................................................................................................................. 146 7.3.5 Cores ......................................................................................................................................................... 147 7.4 O composto de marketing no varejo – promoção ................................................................151 7.5 Propaganda ...........................................................................................................................................151 7.6 Vendas pessoais ...................................................................................................................................152 7.7 Relações públicas ...............................................................................................................................153 7.7.1 Prosumer ................................................................................................................................................. 154 7.7.2 Ações institucionais – eventos ...................................................................................................... 154 7.8 Trade marketing ..................................................................................................................................156 7.9 Merchandising .....................................................................................................................................158 7.9.1 Funções do merchandising .............................................................................................................160 7.10 Comunicação no ponto de venda (PDV) ................................................................................162 7.10.1 Exibitécnica .......................................................................................................................................... 162 7.10.2 Disposição dos produtos ................................................................................................................ 162 7.11 As gôndolas e o planograma .......................................................................................................164 7.12 Marketing sensorial e experiências ..........................................................................................167 7.13 Promoção ............................................................................................................................................168 7.13.1 Promoções planejadas ................................................................................................................... 168 7.13.2 Promoções de produtos obsoletos ............................................................................................ 169 7.14 Promoções de vendas ...................................................................................................................170 7.14.1 Tipos de promoções de vendas .....................................................................................................171 7.14.2 Proibições na realização das promoções ................................................................................. 173 7.15 Marketing de relacionamento – programas de fidelização de clientes.....................174 8 INTERNET, ATENDIMENTO E EXPERIÊNCIAS........................................................................................174 8.1 Comunicação na internet e o marketing digital ...................................................................174 8.2 Marcas .....................................................................................................................................................176 8.3 Posicionamento de marca .............................................................................................................177 8.4 Matriz de posicionamento do varejo .........................................................................................178 8.5 Marcas próprias .................................................................................................................................180 8.6 Atendimento ao cliente no varejo ...............................................................................................184 8.6.1 No momento da compra ................................................................................................................. 187 8.6.2 Surpreenda o cliente .......................................................................................................................... 187 8.6.3 Conquiste novos clientes .................................................................................................................. 188 8.7 O valor do cliente para as organizações ...................................................................................189 8.8 O gestor do varejo ..............................................................................................................................191 8.9 A utilização de indicadores de desempenho ...........................................................................193 8.10 Desafios da administração do varejo .......................................................................................195 8.11 Estratégias omnichannel ...............................................................................................................199 8.12 Evolução do varejo ..........................................................................................................................200 8.13 Varejo, cliente e experiência ........................................................................................................202 9 APRESENTAÇÃO Este livro-texto propõe-se a conscientizar o aluno dos problemas que o varejo enfrenta diante da necessidade de atender o consumidor. O objetivo traçado para esta disciplina é o de proporcionar meios ao aluno para que a sua consciência seja despertada em relação à administração do varejo, principalmente no mercado brasileiro. É muito importante que o aluno entenda que o espaço brasileiro, nos últimos cinquenta anos, passou por várias transformações, com significativos efeitos sobre a economia brasileira. Essas mudanças estão atreladas ao projeto de modernização do varejo, em especial à modernização da estrutura de vendas, que se constituiu em impactos socioeconômicos. O livro-texto analisa os aspectos e os tipos de varejo no mercado brasileiro e o e-commerce; a importância do atendimento ao cliente e a comunicação no varejo envolvendo as ferramentas de marketing, geomarketing, localização e apresentação do varejo, sobretudo no que se refere às transformações em períodos mais recentes. Tais transformações ocorrem desde o início dos anos 1980, com a introdução de novas tecnologias e novos produtos. O aluno terá contato com temas como gestão por categoria de produtos, composto promocional no varejo e os 6 Ps do marketing de varejo. Assim, perceberá o quão desafiador é esse segmento, cheio de oportunidades e novidades constantes, como a integração dos canais por meio do varejo omnichannel. Esta disciplina fornece elementos para a criação de conhecimentos e habilidades para a administração do varejo. Ao estudar o conteúdo deste livro-texto, é possível analisar e agir fazendo julgamentos precisos, com olhar crítico para a tomada da melhor decisão. INTRODUÇÃO O destino de grande parte da produção industrial brasileira é o varejo, que busca atender às necessidades de seu público consumidor. Nesse contexto, vamos abordar os setores que movem o Brasil: o varejo e o mercado consumidor brasileiro. Elimine de sua mente a ideia de que temas avançados ligados ao varejo, como custos, logística, tecnologia, gestão e planejamento, são “coisa para grandes empresas, que têm muito dinheiro para gastar com gestão”. Também precisamos de tecnologia de gestão e inovação para pequenas e médias empresas, que são as que mais necessitam desse conhecimento para enfrentar os mercados extremamente competitivos e, não raramente, hostis. Nesses tempos de tecnologia, a experiência do cliente conta demais, e é essa meta que devemos buscar no varejo. As experiências de compra podem ser variadas: posso pesquisar o produto em meu computador ou no smartphone e conhecê-lo na loja física. Ao chegar lá, posso decidir não fazer a compra, por exemplo, por ter encontrado uma oferta melhor em meu celular. Durante um passeio em um shopping, é possível encontrar o produto desejado e comprá-lo imediatamente ou não. Há várias possibilidades. 10 Mesmo que o cliente compre pela internet, ele terá contato com a marca. Entende-se por pontos de contato os meios pelos quais o cliente faz a compra, e a ideia é que o cliente tenha sempre a mesma experiência, por isso muitas organizações adotaram o varejo omnichannel – todos os canais interligados pela tecnologia e com as mesmas informações sobre o cliente. Não se trata de um só canal de vendas, mas um canal único de informações. Assim, se o cliente comprar nas lojas físicas ou pela internet, poderá vivenciar a marca do mesmo modo. Há inúmeras possibilidades de varejo, por isso é preciso ter a mente aberta para as novidades. No ponto de venda acontece o tête-à-tête com o cliente, ali é a arena de disputa das marcas e do cliente pelo melhor produto e pelo melhor preço. Na unidade I deste livro-texto, são apresentados os canais de distribuição, os diversos tipos de varejos, incluindo o e-commerce e as franquias. A unidade II traz as informações sobre a forma de gerenciamento de cadeias de suprimentos, ou fornecedores, e introduzas etapas do gerenciamento por categorias de produtos. Na unidade III vamos conhecer o gerenciamento do marketing em varejo e o geomarketing e seus usos para encontrar o cliente e o melhor ponto comercial. Destacam-se as principais informações que devem ser consideradas quanto ao detalhamento do produto, preço e praça. Por fim, na unidade IV são detalhadas as condições de promoção, que formam os Ps do varejo, e as ferramentas de comunicação utilizadas nos pontos comerciais: apresentação, merchandising, promoção de vendas e relacionamento com o cliente. Também são estudados os principais desafios para a gestão de varejo moderna, na qual a experiência do cliente é mais importante do que qualquer outro agente nessa modalidade de comércio. Bons estudos! 11 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Unidade I 1 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Antes de começarmos a falar sobre varejo, vamos conhecer primeiro a estrutura dos canais de distribuição. Canal de distribuição é uma estrutura de negócios e de organizações interdependentes que vai desde o ponto da origem do produto até o consumidor. Um canal de distribuição é formado por pessoas e companhias que intervêm na transferência da propriedade de um produto, à medida que ela passa do fabricante ao consumidor final ou ao usuário industrial. O canal de um produto estende-se só à última pessoa ou organização que o compra, sem introduzir mudanças importantes em sua forma. Quando se modifica a forma e nasce outro produto, entra em jogo um novo canal. Existem outras instituições que intervêm no processo de distribuição, como bancos, companhias de seguros, de armazenamento e transportadoras. Todavia, como elas não têm a propriedade dos produtos nem participam ativamente nas atividades de compra ou de venda, não se incluem formalmente nos canais de distribuição. O varejo é dependente dos sistemas de distribuição. Assim, deve-se compreender que em muitos casos é um dos principais gargalos no oferecimento de serviços de qualidade ao cliente – quando há problemas com as entregas, isso interfere diretamente na satisfação do consumidor. Companhias semelhantes às vezes possuem diferentes canais de distribuição. Uma companhia quer um canal de distribuição que não só satisfaça às necessidades dos clientes, mas que também lhes dê uma vantagem competitiva; ela precisa de um método organizado para desenhar canais que satisfaçam aos clientes e superem a concorrência. Nesse contexto, destacam-se quatro decisões: Quadro 1 Especificar a função da distribuição Uma estratégia de canais deve ser desenhada dentro do contexto da visão global de marketing Repassam-se os objetivos de marketing Selecionar o tipo de canal Uma vez especificada a função da distribuição no programa global de marketing, escolhe-se o canal mais adequado para o produto da companhia Deve ser decidido se serão utilizados intermediários no canal e que tipos de intermediários 12 Unidade I Determinar a intensidade da distribuição Define-se o número de intermediários que participarão nos níveis de venda no varejo ou por atacado em um território Selecionar membros específicos do canal Consiste em escolher determinadas companhias para que distribuam o produto, já que costuma haver numerosas empresas para escolher Quando o fabricante seleciona determinadas empresas para que façam parte de um canal de distribuição, deverá avaliar os fatores que se relacionam com o mercado, o produto, sua própria empresa e os intermediários. Os fatores são dois: se o intermediário vende ao mercado o que o fabricante deseja atingir e se a mistura de produtos do intermediário, sua estrutura de preços, a promoção e o serviço ao cliente são compatíveis com as necessidades dos fabricantes. 1.1 Formas de distribuição Existem três formas básicas de distribuição: exclusiva, seletiva e intensiva. A escolha de um canal de distribuição eficiente é uma importante etapa do marketing, pois é por meio dela que a empresa atingirá seu público-alvo. Sistema de distribuição exclusiva O próprio fabricante escolhe seus revendedores, autorizando-os a distribuir de forma exclusiva os produtos e controlando grande parte das atividades desses revendedores. Nesse caso, o fabricante deve vender por meio de um ou de poucos intermediários. Sistema de distribuição seletiva Ocorre quando o fabricante vende por meio de um grupo selecionado de intermediários. É utilizado quando a natureza do negócio precisa de valorização. Com isso, entende-se que os intermediários escolhidos são considerados os melhores para vender os produtos com base em sua localização, reputação, carteira de clientes e outros pontos fortes. Sistema de distribuição intensiva Aplica a lógica de “quanto mais, melhor”. O fabricante vende por meio de tantos intermediários quanto forem possíveis. É utilizado quando é preciso ter grande disponibilidade do produto em um grande número de pontos de venda. Essa popularização é saudável para produtos de alto consumo e pouco valor agregado. Um ótimo exemplo são os produtos de higiene e os alimentícios. Exemplo de aplicação O sistema de distribuição intensiva visa colocar o produto no maior número possível de pontos de venda e é adequado para mercadorias de alto consumo, de compra frequente e preços unitários relativamente baixos. Disponibilizá-las onde os consumidores esperam encontrá-las é fundamental 13 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO para bens de conveniência, pois é muito comum o consumidor trocar de marca caso não encontre a desejada. Os pontos de venda podem ser atingidos por equipes de venda dos próprios fabricantes, por representantes comerciais ou atacadistas distribuidores. Muitas organizações utilizam equipes próprias para atender grandes varejistas, como hipermercados e redes de supermercados. Por exemplo, a Coca-Cola, a PepsiCo, a Unilever e a Souza Cruz utilizam esse sistema de distribuição. Reflita a respeito desse tipo de distribuição na estrutura da empresa. As empresas podem recorrer aos canais já existentes ou a outros novos para dar um melhor serviço aos clientes atuais ou chegar a outros mercados. Ao selecionar seus canais, as empresas tratam de conseguir uma vantagem diferencial. • Distribuição direta: canal formado só pelo produtor e pelo consumidor final. • Distribuição indireta: canal constituído pelo produtor, o consumidor final e ao menos por um nível de intermediários. Nessa opção, o produtor deverá escolher o tipo de intermediário que melhor satisfaça a suas necessidades. Assim, o fluxo entre a indústria e o consumidor está dividido em estruturas de canal de distribuição: • Estrutura de canal nível 0: sem intermediários, venda direta, fabricante e consumidor. Na estrutura de canal de nível 0, as empresas conversam diretamente com o consumidor, excluindo distribuidoras, atacados ou mesmo varejo. Esse nível de canal é utilizado com o canal de distribuição, é do tipo híbrido. Algumas empresas defendem esse nível de canal dizendo que assim elas ficam mais próximas de seu cliente. Contudo, não avaliam o alto custo de manutenção, levando em consideração que o mix de produtos oferecidos tem de ser grande para se manter competitivo e arcar com custos de marketing, armazenagem e venda. • Estrutura de nível 1: um único intermediário, fabricante, varejista e consumidor. Nessa estrutura, o grande distribuidor passa a fazer a parte de distribuição e venda e, nesse caso, pode vender não só como atacado, mas como varejo, pois a fábrica vende o seu produto e a propriedade passa a ser do distribuidor, que vai escolher os seus clientes. Uma tendência crescente são os “atacarejos”, que atendem tanto atacadistas quanto varejistas. • Estrutura de nível 2: dois intermediários, fabricante, atacadista, varejista e consumidor. Nessa estrutura, a indústria repassa o produto aos seus distribuidores, que irão repassá-lo exclusivamente para o varejo, que, por sua vez, atende ao cliente final. Nesse caso, os direitos do produto também são repassados ao distribuidor, mas elepoderá apenas vender para o varejo para fazer a distribuição. Vale salientar que os custeios de promoção de vendas desse produto também passam a ser responsabilidade tanto do distribuidor como do varejista, e este, como detém a propriedade do produto, passa a ter interesse em vendê-lo o mais rápido possível, já que estoque é dinheiro parado. 14 Unidade I • Estrutura de nível 3: três intermediários, fabricante, agente, atacadista, varejista e consumidor. Essa estrutura é o canal mais tradicional de todos, pois envolve distribuidor, representante, varejo e cliente. Assim, as responsabilidades de vendas e distribuição (como também o marketing) são divididas pelos membros do canal, o que faz com que esse custo seja embutido no produto; muitas vezes, chega a corresponder a 25% do produto. Varejista Varejista Atacadista Atacadista Distribuidor Produtor Produtor Varejista Produtor Produtor Consumidor Consumidor Consumidor Consumidor Figura 1 – Níveis de canais Adaptada de: Kotler e Keller (2018). A utilização de canais depende da uma decisão da empresa. Muitas delas utilizam canais múltiplos de distribuição para conseguir uma abrangência ampla do mercado ou não depender totalmente de uma só estrutura, por isso usam canais múltiplos de distribuição. Às vezes, os canais múltiplos também são chamados de distribuição dual; emprega-se em situações em que a empresa vende as mesmas linhas de produtos por meio de canais paralelos que atendam ao mesmo mercado. Observação Canais de distribuição desempenham algumas tarefas para o negócio, como oferta de produtos complementares, assistência técnica, pós-venda e logística. O objetivo é garantir a disponibilidade do produto para os clientes. Os “atacarejos” têm se aproveitado da importância de suas marcas, geralmente ligadas a grandes varejistas, e vendido aos consumidores finais também. 1.2 Funções dos intermediários na distribuição dos produtos Alguns exemplos dos principais intermediários atuantes em um canal de distribuição são: 15 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Quadro 2 – Funções dos intermediários Varejista Realiza a venda de bens e/ou serviços diretamente ao cliente final Por exemplo: supermercado, papelaria, farmácia, bazar, loja de calçados etc. Atacadista Compra e revende mercadorias para varejistas, outros comerciantes, estabelecimentos industriais, institucionais e comerciais Não vende em pequenas quantidades para clientes finais Por exemplo: atacadista farmacêutico, que vende apenas para farmácias Distribuidor Vende, armazena e dá assistência técnica em uma área geográfica de limitada atuação e, na maioria das vezes, busca atender demandas mais regionalizadas Por exemplo: distribuidora de vinhos Agentes (relações de longo prazo) e corretores (relações de curto prazo) Pessoas jurídicas comissionadas contratadas para vender produtos de uma empresa Por exemplo: representantes de venda, corretores imobiliários, corretores de seguros etc. Por que utilizar intermediários? Os fabricantes repassam aos distribuidores os investimentos necessários em infraestrutura para o atendimento do consumidor. Às vezes, podemos suprimir os intermediários nos canais, mas nem sempre se consegue diminuir os custos. Os intermediários levam a cabo as atividades de distribuição com mais eficiência ou com um custo mais baixo que os fabricantes ou consumidores. Raras vezes convém que o fabricante trate diretamente com os consumidores finais. Como as principais funções dos intermediários na distribuição dos produtos, temos: • reunir informações sobre os clientes; • desenvolver programa de comunicação apropriado ao mercado de atuação; • estabelecer acordos de preço e de formas de pagamento condizentes com o fluxo de mercadorias e o mercado; • obter recursos para o financiamento de estoques em diferentes níveis do canal de marketing; • investir e gerenciar estruturas de abastecimento e estoques. A existência de intermediários entre o produtor ou fabricante e o consumidor deve agregar valor para o cliente. A presença de mais ou menos intermediários está relacionada com o tipo de produto ou serviço. Em geral, a razão da existência dos canais de marketing é: 16 Unidade I • Para o fabricante ou produtor: devido à necessidade de padronização das transações, precisamos reduzir o número de contatos, já que, para a grande maioria dos fabricantes ou produtores, seria inviável atender diretamente a todos, dependendo do produto. • Para o consumidor: a facilidade da busca, pois, em um só lugar, ele poderá encontrar vários produtos desejados, já que os fabricantes produzem em grande quantidade, e os consumidores compram em pequenas quantidades. 1.3 Conceito de varejo Afinal, do que se trata o varejo? Em meados da década de 1950, dizia-se que varejo consistia no processo de compra de produtos em quantidade relativamente grande dos produtores atacadistas (distribuidores) e outros fornecedores para revenda em quantidades menores ao consumidor final. O varejo engloba todas as atividades envolvidas na venda de bens ou serviços diretamente aos consumidores finais para uso pessoal. Assim, qualquer organização que utiliza esse sistema de venda, seja ela fabricante, atacadista ou varejista, está praticando varejo. Primeiro, podemos conceituar varejo como o comércio que vende pequenas quantidades para o consumidor final e com o preço final mais acessível aos consumidores. Para Kotler e Keller (2018, p. 482): O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de bens e serviços diretamente ao consumidor final, para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou loja de varejo é qualquer empreendimento comercial cujo volume de vendas provenha principalmente do varejo. Qualquer organização que venda para consumidores finais – seja ela um fabricante, atacadista ou varejista – está envolvida em varejo. Não importa como os bens ou serviços são vendidos (pessoalmente, pelo correio, pelo telefone, por máquinas de venda automática ou pela internet) ou onde eles são vendidos (em uma loja, na rua ou na casa do consumidor). Já Las Casas (2013, p. 17) afirma que: “Independentemente da forma com que as definições varejistas são apresentadas, a essência é que se trata de comercialização, a venda no varejo apresenta certas características diferentes da venda de serviços”. Independentemente da forma pela qual as definições varejistas sejam apresentadas, um aspecto importante a salientar é que se trata de comercialização a consumidores finais. Um comércio varejista que vende por meio de lojas é chamado de varejo lojista, e aquele em que se vende diretamente é o não lojista. Muitas empresas atuam em venda de atacado e varejo. Consideram-se estabelecimentos varejistas aquelas empresas em que mais de 50% de suas operações sejam decorrentes de vendas a varejo. Para venda a consumidores finais, há várias funções desempenhadas: um varejista compra mercadorias, vende, financia, além de executar várias outras funções próprias de um intermediário. 17 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Las Casas (2013) ainda defende a afirmação de que uma das vantagens que o varejo proporciona é uma redução do número de contatos. Isso representa redução dos custos dos fabricantes ou atacadistas, que teriam de assumir os custos desse tipo de distribuição caso não houvesse esses intermediários. Jerome McCarthy (1978), autor norte-americano criador dos quatro Ps (produto, preço, praça e promoção) que compõem o chamado composto de marketing, enfatiza que o varejo trata das vendas de produtos de consumo final a famílias, e não de mercadorias industriais ou de mercadorias vendidas por atacadistas a pequenos comerciantes. Segundo Levy e Weitz (2000, p. 26), “varejista é um negociante que vende produtos e serviços de uso pessoal ou familiar aos consumidores”. Um dos mais respeitados estudiosos do Brasil sobre o assunto, o professor Juracy Parente (2000, p. 22), define que “varejo consiste em todas as atividades que englobam o processode venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final”. Fortalecendo essa ideia, o varejo está localizado estrategicamente entre os fornecedores e os consumidores, o que lhe confere um papel vital como intermediador na cadeia de suprimentos, sendo responsável por todas as atividades que englobem o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final: facilitar o acesso dos consumidores aos produtos e serviços que desejam adquirir, fornecendo condições de armazená-los e entregá-los; dividir os lotes, permitindo que os fabricantes vendam grandes quantidades e que os consumidores tenham acesso aos produtos em lotes menores, o que atende melhor às necessidades de ambas as partes; garantir o fornecimento de uma variedade de serviços e produtos, inclusive de marcas concorrentes, para facilitar a comparação e a escolha por parte dos consumidores; e, por fim, esclarecer as dúvidas dos consumidores com relação a um determinado produto ou serviço. Lembrete O varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final. Figura 2 Disponível em: https://bit.ly/3iAOhGm. Acesso em: 21 jul. 2021. 18 Unidade I 1.4 Varejo e suas relações econômicas O varejo é o tipo de empresa ou negócio que tem como uma das principais características estar relacionado diretamente ao cotidiano das pessoas, das comunidades, das regiões, enfim, da sociedade brasileira. Em todas as localidades do país existe algum estabelecimento de comércio que vende bens e serviços ao consumidor final e que, normalmente, tem uma ligação íntima com uma região e com a própria cultura local. O varejo também tem uma íntima relação com a política econômica do governo, sendo responsável por uma carga tributária na ordem de 35,42%. O setor é extremamente sensível às oscilações do mercado. Normalmente, as vendas respondem de maneira muito rápida às alterações na conjuntura macroeconômica e no poder aquisitivo dos consumidores. Na atual conjuntura econômica e social, tem se reforçado a necessidade de as empresas incorporarem características que lhes permitam maior grau de flexibilidade e adaptação ao ambiente onde atuam. De modo geral, essa afirmação tem sido observada, basicamente, pela ocorrência de alguns fatores: alto grau de competição entre as empresas; uso intensivo de tecnologia de informação, possibilitando, inclusive, o surgimento de novos produtos, impossíveis sem o uso da informática e abertura do mercado para novos participantes e produtos. Além desses fatores, a globalização da economia, o processo de privatização e a própria estabilização da moeda deram origem a um novo perfil de empresas, que buscam adequar-se à nova realidade econômica. Do ponto de vista da gestão empresarial, nesse ambiente de turbulências e de grande competição entre as empresas, são fundamentais: o planejamento cuidadoso de suas ações; a implementação adequada de seus planos e a avaliação sistemática do desempenho realizado em relação aos planos traçados. Esses aspectos evidenciam a necessidade de as empresas terem um processo de gestão estruturado na forma do ciclo planejamento, execução e controle. Na fase do planejamento, para a implementação das transformações necessárias, a empresa necessita antecipar cenários, identificando oportunidades e ameaças e confeccionando estratégias e políticas de atuação, ou seja, ela precisa de um planejamento estratégico. Desde os anos 1940, o PIB de serviços e comércio se sobressai no Brasil em relação à indústria e ao agronegócio. No comércio de produtos existem empresas de diversos tipos de atividade econômica. Conheça algumas delas: • serviços; • comércio; • indústria; • agronegócio; 19 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO • financeiro; • serviços públicos. No comércio de produtos, temos ainda as seguintes quantidades de empresas ativas por atividade econômica: Tabela 1 – Número de empresas ativas por atividade econômica do varejo Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 1.041.916 Comércio varejista de mercado em geral, com predominância de produtos 491.801 Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares 447.199 Restaurantes e similares 688.578 Comércio varejista de outros produtos não especificados anteriormente 225.051 Adaptada de: IBGE (2019). Uma das facilitações do varejo, tanto na hora da compra como na hora do pagamento, é que os consumidores têm a facilidade de escolher o seu produto em pequenas quantidades e têm à disposição a variedade de produtos e profissionais capacitados para atendê-los da melhor maneira. Como há muitas promoções, quando o consumidor final efetuar o pagamento das compras realizadas no varejista mais próximo de sua região, terá à disposição muitas formas de pagamento. Observação O autosserviço no Brasil encontra resistência de muitos clientes, que, acostumados a escolher pessoalmente frutas, verduras e legumes, pegando uma a uma, não se sentem confortáveis comprando produtos previamente embalados. Nesse contexto, também são incluídas as compras pela internet. Apesar de alguns consumidores ainda serem um pouco resistentes a essa nova modalidade, a maioria tem feito suas compras por meio de sites de vendas e os preços, na maioria das vezes, têm se tornado um grande atrativo. A visibilidade e a importância do varejo na economia são indiscutíveis, por isso é necessário ter um olhar direcionado para esse setor varejista, de forma que ele possa suprir novas demandas dos consumidores. No entanto, o varejo tem encontrado problemas, principalmente as micro e pequenas empresas. De acordo com o relatório de 2016 da Serasa Experian Falências, recuperações judiciais e concordatas, foram 994 falências requeridas em 2016 para as micro e pequenas empresas, sendo 492 decretadas; 426 falências requeridas para as médias empresas, sendo 161 decretadas, o que demonstra certa fragilidade das pequenas e médias empresas (PEDIDOS..., 2017). 20 Unidade I 1.5 Ondas de serviços Segundo Gouvêa (2012): Há cinco anos havíamos identificado cinco ondas de serviços oferecidos pelo varejo global, sendo que as quatro últimas sinalizavam a busca de alternativas para melhoria direta de receitas e resultados e se destacava o crescimento do interesse pela expansão dessas alternativas. A primeira das cinco ondas foi aquela dos serviços oferecidos nas lojas, usualmente terceirizados, que visavam tornar mais fácil a vida dos clientes como câmbio, embalagens para presentes, assistência técnica para alguns produtos etc. Na segunda onda o varejo avança disponibilizando serviços com sua marca, integrados com os produtos comercializados e visando o aumento das receitas de vendas, a melhoria da rentabilidade e a busca da diferenciação, com cobrança direta ou indireta. Estão nesse grupo as instalações de produtos, os projetos de decoração ou móveis modulados e a assistência técnica especializada para produtos eletrônicos, como feito pela Best Buy através de sua operação Geek Squad nos Estados Unidos ou Fnac, na França. A terceira onda é característica dos serviços financeiros oferecidos pelo varejo e inclui todas as alternativas, que vão dos seguros e extensão de garantia e podem chegar até a operação de serviços bancários com a marca do varejo, como feito por Falabella, no Chile; Carrefour, Walmart e Tesco em diversos países do mundo onde atuam; o Banco Azteca da Elektra, no México; Marisa, Riachuelo, Renner, Magazine Luiza ou Pão de Açúcar, no Brasil; ou nas diversas redes de lojas da Loblaws, no Canadá, usando a marca própria de seus produtos, President’s Choice, para integrar seu posicionamento nas duas frentes. Inclui-se nessa onda o forte crescimento da oferta e uso dos gift cards com a marca do varejo, comercializados inclusive fora dos pontos de vendas próprios. Interessante notar que nos mercados emergentes se destaca essa práticapela inovação na incorporação de serviços financeiros no varejo e pela necessidade de financiar e desenvolver novas oportunidades para consumidores com menor poder aquisitivo e um sistema bancário menos desenvolvido. Na quarta onda o varejo avança para serviços pagos que estão fora de seu ambiente original de atuação, aproveitando as informações disponíveis sobre o perfil de consumo de seus clientes, em especial através do cartão de crédito próprio, para atender demandas e oportunidades identificadas, além de ampliar as oportunidades de relacionamento mais direto, aumentando o share of pocket da marca nos dispêndios dos clientes. Bons exemplos são as operações de agências de viagem feitas pelo El Corte Inglés, na Espanha; 21 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Tchibo, na Alemanha; Tesco, na Inglaterra; Auchan, Leader Price ou Carrefour, na França; REI ou Costco, nos Estados Unidos. A quinta onda é aquela em que os serviços pagos que foram incubados dentro dos pontos de venda das redes, por sua crescente importância nos negócios dos conglomerados varejistas, ganham vida própria e passam a ser oferecidos em pontos próprios exclusivos. São exemplos desse movimento as agências bancárias ou de financiamento de redes como Falabella ou Almacenes Paris, no Chile, as agências de viagem do El Corte Inglês ou da Tchibo e as unidades de serviços financeiros como as da rede Ibi que a C&A operou durante algum tempo no Brasil, sendo posteriormente transferidas para o Bradesco. Mas nos últimos anos, dois novos movimentos começaram a se tornar mais claros, permitindo antever a caracterização de duas novas ondas que ser tornarão ainda mais relevantes. A sexta onda, que já se firmou e só tenderá a crescer de importância, é a dos serviços digitais oferecidos por varejistas, como o download de livros, jogos, músicas e filmes, feitos nos sites das empresas varejistas, pure players ou multicanais, que podem substituir ou complementar a venda dos produtos físicos nas lojas ou na própria internet. Os exemplos são inúmeros e incluem tudo que a Amazon tem feito de forma precursora, seguido por Tesco e muitos outros [...] no Brasil, [esse movimento] tem sido acompanhado [pela] Livraria Cultura, Saraiva ou [pelas] diversas marcas da B2W [Americanas. com, Submarino, Shoptime, Submarino Finance e SouBarato]. A venda digital de serviços pelos varejistas é um dos campos mais férteis e de expansão do e-commerce e parte de um processo natural na curva de aprendizagem dos consumidores, agindo como elemento promotor e como reforço positivo do comportamento a partir de experiências bem-sucedidas. A sétima onda é aquela marcada pelo avanço da indústria fornecedora de produtos para a atuação no varejo com integração de serviços para atender demandas emergentes, criar novas oportunidades de negócios, gerar maior visibilidade para as marcas e desenvolver um relacionamento direto com o consumidor final. São exemplos desse movimento as operações da Nestlé com seus quiosques de café e sorvetes, das sorveterias da Haagen Darz ou Parmalat, as unidades da Danone, na Espanha, ou mesmo as unidades da Nativa Spa de O Boticário, no Brasil, onde são aplicados e comercializados produtos com venda integrada de serviços. Um reforço muito positivo desse comportamento vem do avanço da Procter & Gamble com a implantação nos Estados Unidos de redes de lava-rápido 22 Unidade I e de lavanderias [...] ou mesmo com a aquisição da operação The Art of Shaving, depois de também ter comprado a Gillete. Interessante observar que a expansão desses conceitos de serviços integrados com venda de produtos pelos fabricantes e detentores das marcas tem sido feita, de forma habitual, através do modelo de negócios de franquias, buscando crescer rapidamente, incorporar experiências, reduzir o capital investido e diluir os riscos envolvidos. Essas duas novas ondas identificadas apenas confirmam a crescente importância dos serviços pagos no varejo como resposta ao amadurecimento e desenvolvimento dos mercados e sinalizam oportunidades ainda maiores para o crescimento da importância estratégica do varejo, o que agora é mais bem percebido e incorporado pela indústria, em especial por sua ação na sétima onda (GOUVÊA, 2012). Observação Cada vez que realizamos uma tarefa que já tínhamos realizado, a tendência é que a façamos com mais facilidade. Esse processo é chamado de curva de aprendizagem. Interessante observar que a expansão desses conceitos de serviços integrados com venda de produtos pelos fabricantes e detentores das marcas tem sido feita por meio de franquias, buscando crescer rapidamente, incorporar experiências, reduzir o capital investido e diluir os riscos envolvidos entre franqueador e franqueado. Por isso, os principais players do setor investem em parcerias com bancos e seguradoras para fornecerem aos clientes, além dos seus produtos físicos, um leque de serviços, como seguro, pacotes de viagem, garantias de crédito e sistemas de pontuação promocionais. Exemplo de que essa tendência vem crescendo no setor é o Magazine Luiza, da empresária Luiza Trajano, em parceria com o BNP Paribas Cardif, que entrou no mercado de seguro automotivo e já oferece ao consumidor muitos outros serviços financeiros, como crédito e financiamento. A empresa já oferecia aos seus clientes seguro prestamista, de garantias, de vida, hospitalar, residencial e odontológico. É uma forma de manter o cliente dentro da loja oferecendo-lhe todo o tipo de serviços possíveis. Do outro lado, as empresas de serviços (bancos, seguradoras, por exemplo) também ganham com as parcerias com varejistas, já que se aproveitam da alta circulação de clientes nas lojas para lhes oferecer seus produtos. As novas formas de produção do século XIX impulsionaram os sistemas de comunicação e transporte ferroviário com utilização da locomotiva a vapor na sociedade, favorecendo a circulação de pessoas e mercadorias e, consequentemente, ampliando o comércio varejista, iniciando uma mudança das necessidades de consumo da população à medida que novas mercadorias foram sendo produzidas. Nesse novo cenário, começaram a surgir novos formatos de comércio. 23 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Observação O varejo familiar e as lojas de bairro foram a primeira onda do varejo; vendas por catálogo, a segunda onda; megalojas e as lojas de departamentos, com uma infinidade de produtos e preços baixos, a terceira; lojas virtuais, que mudaram nossa maneira de comprar, a quarta. Figura 3 – Dinamismo do varejo: das lojas físicas ao e-commerce Disponível em: https://bit.ly/3xWq43W. Acesso em: 21 jul. 2021. 1.6 História do varejo Precisar o período em que as atividades comerciais foram inventadas é uma tarefa impossível de ser cumprida. Talvez possamos dizer que as primeiras formas de civilização surgiram em torno de 5000 anos a.C. Ao longo desse processo, o comércio também foi evoluindo. Os primeiros registros da atividade do varejo no mundo são da Antiguidade, na época em que Atenas era uma das principais cidades-estado da Grécia, durante o grande período da civilização grega. Em Roma, cuja história abrange mais de dois mil e quinhentos anos desde a sua fundação lendária, em 753 a.C., existiram grandes áreas comerciais. O varejo é uma das atividades pioneiras que a humanidade conhece. Depois que o homem deixou de ser nômade, fixou-se em um determinado local para explorar a agricultura e a criação de animais. Sabe-se que a prática de escambo surgiu na Pré-História, durante o período neolítico 24 Unidade I (há cerca de 10 mil anos). Foi o surgimento da agricultura e da criação de gado que favoreceu a troca de trabalho por produtos nesse período. Depois, com a Revolução Comercial, que representa um grande período de transformações ocorridas na Europa entre o século XVI e XVIII e que envolvia as primeiras trocas monetárias, a moeda entrou em cena e assumiu a posição de elemento fundamental da economia. Encerram-se as relaçõesde subsistência e iniciam-se as relações de produção e troca, que passaram a acontecer nos mercados das cidades, até chegar às formas de comercialização de hoje, com a utilização de dinheiro, talões de cheques, cartões de créditos, transações eletrônicas, entre outras. Durante a Idade Média, conhecida também como Idade das Trevas, a cultura era controlada pela Igreja Católica. Praticamente não ocorreu desenvolvimento técnico e científico, pois a Igreja impedia esses avanços ao colocar a fé como único caminho a seguir, por isso há poucas evidências de que os formatos de varejo tenham evoluído. Contudo, grandes mercadores promoviam a importação e exportação de mercadorias de todas as partes do mundo. Europeus, árabes e asiáticos comercializavam seus produtos uns com os outros e isso abastecia os comércios locais com produtos importados. No final da Idade Média, houve o período das grandes descobertas marítimas e, consequentemente, a expansão do comércio para os países orientais, como a Índia, a China, o Japão etc. Com a invenção do navio a vapor, as trocas tornaram-se mais rápidas, mesmo entre comerciantes distantes. Havia rotas globais para determinadas mercadorias e ao longo delas foram surgindo grandes mercados que impulsionavam o crescimento das cidades onde se localizavam. Até hoje é possível identificar o crescimento de cidades devido a sua localização estratégica nas rotas de mercadorias. Uma das mais conhecidas da história são as rotas da seda, uma série de rotas interconectadas através do sul da Ásia usadas no comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Os meios de transporte que rodeavam tais rotas eram as caravanas e embarcações oceânicas, as quais faziam a ligação entre o Oriente e a Europa. No início, a rota ligava a cidade de Chang’na, na China, até Antióquia, na Ásia Menor. Depois, sua influência aumentou, chegando até a Coreia e o Japão, formando a maior rede comercial do mundo antigo. Tais atividades não foram importantes somente para o crescimento e o desenvolvimento de regiões e de grandes civilizações como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e Roma; elas foram importantes também para fundamentar o início do mundo moderno. Na Europa, houve um crescimento das atividades de comércio que contribuiu na transferência de poder das classes aristocráticas para as burguesas. O crescimento dessa classe reconfigurou principalmente o cenário da Europa medieval. Observação O movimento das Cruzadas trouxe o crescimento das rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente pelo mar Mediterrâneo. A atividade comercial, por sua vez, favoreceu o desenvolvimento das cidades. 25 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Um grande marco dessas mudanças foi a Revolução Burguesa, marcada por movimentos sociopolíticos ocorridos entre 1640 e 1850 nos quais a sociedade aristocrática, caracterizada pela monarquia absoluta, foi transformada em uma sociedade capitalista dominada pela produção mercantil liberal. Tais movimentos foram protagonizados pela classe burguesa, ligada ao comércio e às finanças, e esses eventos foram vitais para que várias sociedades europeias superassem o sistema absolutista. Nesse contexto, ocorreram importantes transformações políticas, sociais e econômicas. Outro grande marco para o comércio varejista foi a Revolução Industrial (século XIX), que foi a transição para os novos processos de manufatura no período entre 1760 a 1840. Essa transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas foi caracterizada pela fabricação de novos produtos químicos, processos de produção de ferro, uso crescente da energia a vapor e desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira pelo carvão. Figura 4 – As trocas, que culminaram com a possibilidade de comprar e vender produtos, talvez sejam uma das primeiras atividades humanas Disponível em: https://bit.ly/3eFyoxn. Acesso em: 21 jul. 2021. Lembrete O varejo é uma das atividades pioneiras que a humanidade conhece. Depois que o homem deixou de ser nômade, fixou-se em um determinado local para explorar a agricultura e a criação de animais. 1.7 História do varejo brasileiro O varejo brasileiro tem suas raízes nas primeiras comercializações feitas ainda no Brasil colônia, época em que a relação de dependência com Portugal era muito grande. Existiam as chamadas Companhias de Comércio, que foram criadas para atingir certa economia de escala. Em 1649, a coroa portuguesa criou a Companhia Geral do Comércio do Brasil, que durou até 1720 e passou a monopolizar a venda 26 Unidade I de vinhos, azeites, farinhas e bacalhau. Era também responsável por organizar e escoltar as frotas comerciais que partiam do Rio de Janeiro e Salvador com produtos brasileiros destinados a Portugal. O ano de 1808 marcou uma mudança profunda nos rumos da Colônia e do comércio. Até então, o comércio dentro da Colônia era bastante limitado e a produção existente era basicamente de subsistência, à exceção das culturas de exportação. A vinda da família real portuguesa para o Brasil – fugindo de Napoleão Bonaparte na Europa – e a abertura dos portos causaram uma intensa movimentação de navios e mercadorias em cidades portuárias como Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Recife e Belém. Alguns comerciantes europeus vieram instalar-se no Brasil, o que promoveu a criação de muitas lojas nas ruas próximas aos portos. Só para o Rio de Janeiro vieram cerca de 15 mil pessoas, alterando significativamente o perfil do comércio local. Essa nova realidade aumentou a procura por moradias, serviços e bens diversos, atraindo para o Rio de Janeiro mercadorias e pessoas de outras regiões, o que intensificou o comércio e o surgimento do primeiro jornal brasileiro: a Gazeta do Rio de Janeiro. Após a Independência, por volta de 1850, com a proibição do tráfico de escravos, muitos capitais foram redirecionados para a importação de produtos semiduráveis, duráveis e supérfluos da Europa e dos EUA. Nesse período, ainda de reduzida e remota influência norte-americana, a maior referência vinha da França, que influenciava as ideias, a cultura e a música. Nessa época também ocorreu um grande aumento nas importações de pianos e de papel de parede, que se tornaram uma verdadeira “coqueluche”, sendo vendidos em lojas especializadas na cidade do Rio de Janeiro. Por volta de 1870, o café já havia se tornado o principal produto de exportação do país, e a expansão das plantações, pela então Província de São Paulo, foi o motor de inúmeras transformações da sociedade brasileira. Observação Com a expansão do café, as atividades comerciais se tornaram mais dinâmicas, os transportes se tornaram mais modernos e houve a erradicação do trabalho escravo, substituído pelo trabalho assalariado. O processo de industrialização foi acompanhado pela crescente urbanização, com o grande crescimento das cidades, principalmente São Paulo. Em virtude do expressivo aumento demográfico e da carência de alimentos, que ainda eram, em sua grande maioria, importados, foram instaladas as primeiras feiras livres, estruturas de distribuição que permitiam o acesso mais barato aos gêneros de primeira necessidade, reduzindo o número de intermediários. Além das feiras livres, os paulistanos se abasteciam nos mercados, que vendiam a produção dos arredores e o excedente produzido em outras cidades da região. Existiam também nos bairros os armazéns 27 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO de secos e molhados e os vendedores ambulantes. Eram compostos predominantemente de italianos, que ofereciam frutas, hortaliças e peixes frescos de porta em porta. É dessa década o surgimento do Mappin, a primeira grande loja de departamentos de São Paulo, e o processo de expansão da Casas Pernambucanas, então especializada na venda de tecidos. Esta, fundada em 1908, contava no final da década de 1920 com mais de duzentas lojas espalhadas pelo Brasil. No final da Segunda Guerra, o varejo de alimentos brasileiro ainda era compostobasicamente de armazéns, empórios e mercearias. Havia as cadernetas, tradicional modo de crédito desenvolvido pelo comércio, além dos açougues e vendedores ambulantes de verduras, batatas, peixes etc. Em outros segmentos, o varejo se modernizava. Na virada da década de 1940, surgiu em São Paulo a Sears, loja de departamentos que dispunha de lanchonete e estacionamento, pioneira na utilização do self-selection (traduzido literalmente como autosseleção), modalidade de autosserviço em que o cliente escolhe a mercadoria e a venda é finalizada por vendedores especializados em cada departamento. Em meados da década de 1940, surgiram as lojas especializadas em roupas, que começaram a se utilizar de vitrines para exposição de produtos, propagandas em rádios e jornais e lançamento de promoções aproveitando datas como Natal, Carnaval e festas juninas, estabelecendo, em 1948, o Dia das Mães. São dessa época lojas como Exposição, O Camiseiro, Esplanada, Casa Tavares e Segadaes, no Rio de Janeiro, e Mappin, Garbo, Casa José Silva, Everest, Colombo e Ducal, em São Paulo. Esse período marcou o nascimento do crediário, que passou a ser amplamente utilizado por tais lojas. Nos EUA e na Europa do século XIX e início do século XX, fervilhavam novas formas de comércio. Na década de 1920, na América do Norte, surgiu o primeiro shopping center: para alguns, o primeiro foi o Country Club Plaza, em Kansas City, fundado em 1922; para outros, o verdadeiro pioneiro é o Market Square, em Chicago, que abriu as portas seis anos antes. Fatores como segurança, controle climático, crescimento urbano, conforto e praticidade favoreceram o crescimento desse formato de varejo. O varejo de rua também cresceu muito após a Revolução Industrial. Os formatos de varejo evoluem paralelamente às transformações de nossas sociedades. Apesar do crescimento do comércio varejista, o poder de barganha ficou até o início do século XX nas mãos de fabricantes e atacadistas. Com a formação das grandes redes varejistas, o poder de barganha dos varejistas aumentou. O crescimento do varejo no Brasil pode ser dividido em quatro fases, conforme quadro a seguir. 28 Unidade I Quadro 3 Fase 1: até os anos 1950 – concentrado na faixa litorânea das grandes cidades Faltam bens industrializados O comércio era basicamente constituído de feiras e mercados de vizinhança As classes dominantes eram agrícolas e comerciais Fase 2: anos 1970 (localização) – consumo de produtos massificados Surgem os primeiros shopping centers Em 1974, o primeiro hipermercado é inaugurado no Brasil: o Carrefour O setor do varejo cresce e a expansão ocorre de forma regional e orgânica As áreas e ferramentas de tecnologia da informação (TI) começam a atuar na gestão de retaguarda Mappin, Mesbla, Americanas, Arapuã e Pernambucanas começam a dominar o mercado Fase 3: anos 1980 (produto) – consumo de marcas em alta No cenário econômico, a hiperinflação e a recessão estão presentes, porém ocorrem ganhos financeiros A pressão da indústria ocasiona conflitos com o varejo Os modelos em crescimento são os hipermercados, inaugurando as lojas de fábrica A expansão do comércio varejista ocorre por fusão e aquisição de concorrentes “quebrados” Carrefour, Eldorado, Paes Mendonça, Bompreço, Jumbo, Pão de Açúcar, Sears, Sandiz, O Boticário, Forum, Zoomp, McDonald’s, KFC e Bob’s dão seus primeiros passos no território brasileiro Fase 4: anos 1990 (consumidor) – o presidente Fernando Collor de Mello proporciona a abertura do mercado Fase de grande inflação e perda de poder de compra Posteriormente, o Plano Real traz estabilidade aos preços Ocorre o acirramento da concorrência com investimentos estrangeiros Grande pressão do varejo em busca de ganhos operacionais, produtividade e eficiência Foco nas estruturas enxutas, exigindo qualificação de pessoal, mais foco em serviços e pressão por rentabilidade O crescimento ocorre por aquisições As empresas se estruturam em multiformatos e megastores A TI se volta para facilitar a vida do consumidor Ocorre a entrada de grandes empresas estrangeiras: Walmart, Sonae, Ahold, Jerónimo Martins, Leroy e Fnac Exemplo de aplicação Vários sites apresentam a história e a evolução do varejo brasileiro. Pesquise alguns deles e verifique se as informações condizem com a realidade que você conhece. Você passou por essas fases? A internet veio para ficar? Qual será o futuro dessa atividade? 1.8 Funções e tipos de varejo Temos como principais tipos de varejistas: lojas de especialidades, lojas de departamentos, supermercados, lojas de conveniência, lojas de desconto, varejistas off-prices (de liquidação), superlojas e showrooms de vendas por catálogo. Vejamos como definir cada um deles. 29 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Lojas de especialidade Comercializam uma linha estreita de produtos com um profundo sortimento dentro dessa linha, como: roupas, materiais esportivos, móveis, floriculturas e livrarias. Lojas de departamentos Vendem várias linhas de produtos, tipicamente roupas, móveis e utilidades domésticas, e cada linha é gerenciada como um departamento separado, administrado por compradores especializados etc. Supermercados Relativamente grandes, operam com um custo baixo, margem pequena, volume elevado, autosserviço projetado para atender às necessidades totais dos consumidores em termos de alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza e produtos para a manutenção do lar. Lojas de conveniências Ocupam espaços relativamente pequenos, localizando-se próximo de áreas residenciais, permanecendo abertas além do horário normal e sete dias por semana. Vendem uma linha limitada de produtos de conveniência de alta rotatividade. Como essas lojas possuem um horário de atendimento estendido e produtos complementares para compras de última hora, costumam ter preços elevados. Lojas de descontos Vendem mercadorias padronizadas a preços mais baixos porque trabalham com pequenas margens e com grande volume. O uso de descontos ocasionais não caracteriza uma loja de descontos. Esta vende regularmente suas mercadorias a preços baixos, oferecendo, majoritariamente, marcas nacionais e produtos não inferiores. Varejistas off-prices (de liquidação) Compram a preços abaixo de atacado e transferem parte da vantagem aos consumidores. Trabalham com sortimento variável e mutante de produtos de alta qualidade. Utilizam-se muitas vezes de pontas de estoque, números e modelos esparsos obtidos a preços reduzidos de fabricantes ou de outros varejistas. Nessa mesma categoria, surgem os outlets de fábrica. Estes são operados pelos próprios fabricantes, que normalmente vendem sobras de mercadorias descontinuadas ou irregulares. Temos ainda os chamados clubes de atacadistas, que vendem uma seleção limitada de produtos alimentícios de marcas conhecidas, eletrodomésticos, roupas e uma miscelânea de outros bens com grandes descontos aos associados, que pagam taxas de anuidades. Superlojas Visam atender à necessidade total dos consumidores para compras rotineiras de alimentos e de itens não alimentícios. Geralmente oferecem uma gama variada de serviços, como: lavanderias, sapateiros, caixas 30 Unidade I eletrônicos de bancos etc. Nessa categoria, existem as lojas mistas, que representam uma diversificação do supermercado para o promissor campo de medicamentos vendidos sob prescrição médica. Há também os hipermercados, que cominam os princípios do supermercado, das lojas de descontos e dos varejos de fábrica. Seu sortimento de produtos vai além de bens comprados rotineiramente, incluindo móveis, eletrodomésticos grandes e pequenos, itens de vestuário e muitos outros produtos. A abordagem básica desse tipo de varejo é a exposição de grandes volumes de produtos, com mínima manipulação por parte dos funcionários. Showroom de vendas por catálogos Vendem uma seleção ampla de bens de marcas conhecidas, que, por meio de catálogos, permitem margens altas, giro rápido e descontos nos preços. O sortimento oferecidoinclui joias, ferramentas elétricas, câmeras fotográficas, malas de viagem, pequenos eletrodomésticos, brinquedos e materiais esportivos. Os consumidores escolhem os produtos nos catálogos, que depois são retirados na área de expedição do showroom. 1.9 Tipos de operações em varejo Novos tipos de lojas surgem para atender às preferências variadas em relação a diferentes níveis e tipos de serviços. Os varejistas da maioria das categorias de produtos podem posicionar-se ao oferecer um entre quatro níveis de serviços, os quais serão destacados a seguir. Varejo de autosserviço Usado em muitas operações varejistas, especialmente para oferecer bens de conveniência e, em alguma extensão, bens de compra comparada. Muitos consumidores estão dispostos a assumir seu próprio processo de localizar, comparar e selecionar produtos para economizar dinheiro. Varejo de autosseleção Envolve consumidores à procura de bens, com alguma assistência de vendedores. Esse tipo de varejo tem custos operacionais mais elevados do que os varejos de autosserviço, pois exige maior número de funcionários. Varejo de serviço limitado Fornece mais assistência de venda porque possui maior número de produtos de compra comparada, os quais demandam informação de vendedores. Lojas desse tipo oferecem privilégios de crédito e de devolução de mercadorias, o que não é comumente encontrado em lojas que oferecem poucos serviços. Com isso, os varejos de serviço limitado possuem custos operacionais ainda mais elevados. Varejo de serviço completo É composto de lojas que possuem vendedores preparados para orientar o consumidor em todas as fases do processo de localização, comparação e seleção de compra. Os consumidores que gostam de ser atendidos preferem esse tipo de loja. Devido ao grande número de serviços diferenciados, esse tipo de varejo apresenta um custo extremamente elevado. 31 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO 1.9.1 Autosserviço No Brasil, as primeiras experiências com conceito de autosserviço ou self-service surgiram em 1947 com o Frigorífico Wilson, em São Paulo, que vendia os tradicionais produtos de mercearia por meio do sistema de autosserviço e as carnes em um balcão frigorífico fechado e com atendimento pessoal. Em 1949, surgiu outro estabelecimento, também em São Paulo, o Depósito Popular, que trabalhava com alimentos no sistema de autosserviço. Ambos não tiveram sucesso, mas contribuíram para lançar as bases do novo modelo varejista no país. No entanto, aquele considerado efetivamente o primeiro supermercado do Brasil foi instalado em 24 de agosto de 1953, na Rua da Consolação, entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos. Os supermercados Sirva-se S.A. foram os primeiros a utilizar layout e equipamentos similares aos norte-americanos. Com 800 m2 de área de vendas, a loja apresentava as características dos supermercados modernos, como as divisões por seções, espaços para propagandas de produtos e utilização das pontas de gôndolas para promoção de produtos. Foi o pioneiro a vender, no mesmo local, carne, frutas e verduras, além da linha de mercearia. A partir do Sirva-se, surgiram outras lojas, como o Peg-Pag, em 1954, que veio a se tornar o padrão dos supermercados em termos de formatação de loja, atendimento e treinamento de funcionários. Nos anos seguintes, abriram-se várias lojas de supermercados em São Paulo, como o Mapps, em 1957, pertencente ao Mappin, e o Pão de Açúcar, em 1959, originado de uma doçaria fundada onze anos antes. O primeiro shopping brasileiro, o Iguatemi, de São Paulo, fundado em 1966, foi o pioneiro não só no Brasil, mas na América Latina. O início dos anos de 1970 marcou o período do chamado milagre econômico e trouxe, em sua esteira, um novo formato de loja para o setor supermercadista. Surgiram os primeiros hipermercados, que passaram a ocupar áreas superiores a 3 mil m2, incorporando alimentos, eletrodomésticos, roupas e artigos para presentes, além de restaurantes e lanchonetes, oferecendo estacionamentos amplos, instalações sofisticadas e grande variedade de itens. Em 1973, foi inaugurado o primeiro atacado de autosserviço, o Makro, e, em 1975, o Carrefour, pertencente à maior cadeia de supermercados da França, se instalou em São Paulo. Nos anos 1980, e principalmente nos anos 1990, ocorreu um grande processo de reestruturação e concentração no mercado supermercadista. O grupo Pão de Açúcar, depois de profunda crise, voltou a liderar o setor. Grupos tradicionais como Paes Mendonça e Eldorado foram incorporados por outros, e novas bandeiras internacionais passaram a atuar no país, como o grupo Ahold, que adquiriu o Bom Preço, o grupo Casino, que se associou ao Pão de Açúcar, e o gigante Wal-Mart, em 1995. Nos anos 1990, houve o grande aumento na automatização das lojas e o surgimento do intercâmbio eletrônico de dados (EDI – electronic data interchange), da resposta eficiente ao consumidor (ECR – efficient consumer response) e dos códigos de barra. Novas categorias de produtos também ganharam espaço nas gôndolas, como hortifrutigranjeiros, flores, plantas, pratos prontos, material fotográfico, CDs e perfumaria. 32 Unidade I Com o advento da internet, nasceram as lojas virtuais, permitindo que os clientes, por meio do computador, fizessem compras e recebessem os produtos sem sair de casa. Hoje o setor ainda continua o processo de concentração: o Wal-Mart incorporou as operações da Ahold/Bom Preço e do Sonae no Brasil. Contudo, foi constatada uma reação do pequeno varejo, que tem se estruturado e se qualificado, sendo atualmente o segmento que mais cresce no setor. Houve também o surgimento de novos modelos de lojas, mais despojados, com mix reduzido e voltados principalmente para o público de baixa renda. Figura 5 – Das pequenas lojas de bairro aos grandes shopping centers Disponível em: https://bit.ly/3zoyNvR. Acesso em: 21 jul. 2021. 1.10 Shopping centers Com o passar dos anos, características como comodidade, segurança e facilidade de estacionamento começaram a ganhar a preferência do consumidor e os shopping centers conquistaram seu espaço. Atualmente, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em informações de janeiro de 2017, o setor conta com 558 shoppings. A área total bruta implantada ocupa espaço superior a 35 milhões m2, compreendendo cerca de 99.990 mil estabelecimentos; destes, 70.738 são lojas satélites, 2.381 megalojas e 3.403 lojas âncora (ABRASCE, 2017). Saiba mais Os filmes a seguir podem propiciar uma inter-relação com os conteúdos apresentados: REBOBINE, por favor. Direção: Michel Gondry. Reino Unido: New Line Cinema, 2008. 102 min. SEXO, rock e confusão. Direção: Allan Moyle. EUA: Monarchy Enterprises B. V., 1995. 90 min. 33 ADMINISTRAÇÃO DO VAREJO Uma vez que estamos na época do home banking, do computador, do comércio eletrônico e de uma imensidão de muitos outros produtos que visam racionalizar o tempo e a energia do consumidor, o shopping center aparece como o centro atual de consumo, tendo como particularidade básica a multiplicidade. A maioria das lojas hoje se agrupa para ampliar sua capacidade de atrair consumidores (formando clusters) e oferecer-lhes a conveniência de um único local para as compras. O centro comercial e o shopping center são os principais tipos de agrupamento de lojas. Há três tipos de locais básicos que os varejistas podem escolher: uma região central de comércio, um shopping center ou um local isolado. Existe também a opção de escolher caminhos, quiosques, espaço unitário extra ou display de parede, que são espaços de vendas da parte interna de um shopping center. Em virtude do crescimento das cidades, da lentidão do trânsito, dos problemas de segurança e da menor disponibilidade de tempo para fazer as compras, os shopping centers têm como objetivo facilitar a vida dos consumidores, propiciando que o cliente encontre bens e serviços num único complexo varejista, sem precisar percorrer toda a área urbana. Os shopping
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