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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO COMÉRCIO EXTERIOR 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................... 3 HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ....................... 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ...................................................................... 6 O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO ...................................................................... 8 COMÉRCIO EXTERIOR ..................................................................................... 10 MODELOS TRADICIONAIS DE INTERNACIONALIZAÇÃO .............................. 13 MODELO DE UPPSALA ..................................................................................... 13 PARADIGMA ECLÉTICO DE DUNNING ............................................................ 17 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO .................................... 19 ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO AO COMÉRCIO EXTERIOR ......................... 24 REFERENCIAS .................................................................................................. 31 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 4 HISTÓRIA E CONCEITO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO A Revolução Industrial foi um marco na evolução da administração das empresas. As características básicas deste período são o desenvolvimento do setor fabril, a aplicação da energia à indústria, o melhoramento dos meios de transporte e comunicação, o aumento do domínio do capitalismo e o grande desenvolvimento tecnológico. A história do planejamento estratégico passa pela atuação do Estado, particularmente do estamento militar, que a partir de estratégias pré-definidas estabelecia planos que se transformavam em ações no teatro de operações. Ao longo do tempo outros autores escreveram sobre o tema. Maquiavel, no clássico trabalho “O Príncipe” escrito em 1513, mas só publicado em 1532, apresenta princípios básicos de estratégia e mesmo de planejamento ao estruturar a base do pensamento republicano que pretendia unificar as potências na península itálica. O príncipe deveria ter uma tríplice missão: tomar o poder; assegurar a estabilidade política; construir a República unificada. Maquiavel viu em Lourenço de Médici a figura desse príncipe. Deveria ser um herói trágico, impiedoso e astucioso, resoluto e frio, porque esta era a única maneira de controlar a instabilidade política e a perversão dos homens, a fim de que fosse instaurada a cidade justa. E para atingir tais objetivos, deveria planejar e arquitetar alianças, construir cenários futuros. Clausewitz, com seu famoso trabalho “A Guerra”, publicado postumamente, ficou conhecido com a frase em que ele define a associação entre guerra e política: “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Os ensinamentos do general prussiano do século XIX são baseados na incerteza, na necessidade de adaptação de posições, onde se destacam os conceitos de tática e estratégia. Ainda no século XIX, George Siemens estudou a administração, em especial o planejamento, como função e como estrutura e sobressaiu-se na Alemanha, entre 1870 a 1880, ao projetar e construir o "Deutsch Bank" que se 5 transformou em pouco tempo numa instituição financeira líder e dinâmica dentro da Europa continental. A revolução industrial produziu alterações significativas na estrutura econômica da sociedade. As relações de produção foram modificadas e surgiu a necessidade de sistematizar e gerir a produção que crescia exponencialmente. Neste contexto, entre o final do século XIX até a década de 20 do século passado tivemos vários autores com trabalhos expressivos acadêmicos ou não que influenciaram o modo de gerir as empresas e instituições, o que sem dúvida estimulou o uso do planejamento estratégico, como ferramenta de gestão. Taylor, Gant, Fayol, Ford e Weber estão entre eles. As duas grandes guerras obrigaram os Estados, em particular, suas Forças Armadas e os segmentos industriais a desenvolverem técnicas e ferramentas que otimizassem seus recursos, especialmente , os logísticos. Reforça-se, assim, o planejamento estratégico como ferramenta decisiva para o desenvolvimento de ações de médio e longo prazo. Com relação ao planejamento estratégico do Estado, o Brasil acumulou, sobretudo entre os anos 40 e 70 do século passado, uma experiência razoável em matéria de planejamento governamental. Desde os primeiros exercícios, no imediato Pós-Segunda Guerra, por meio, entre outros, do Plano Salte (saúde, alimentação, transportes e energia) e, mais adiante, do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, até os mais recentes planos plurianuais, determinados constitucionalmente, o Estado brasileiro empreendeu, ao longo destas últimas cinco ou seis décadas, diversas tentativas de planejamento do futuro e de organização do processo de desenvolvimento econômico. Na iniciativa privada, no entanto, foi a partir de 1950 que as mudanças começaram a serem intensas, contínuas e cada vez mais rápidas. A cada década, novos conceitos e aplicações de Planejamento Estratégico foram surgindo, impactando ou sendo impactados por áreas como Marketing, Finanças, Produção, Globalização, Tecnologia e Qualidade. No entanto, o planejamento estratégico, como hoje se conhece, surgiu somente no início da década de 70. 6 Nas décadas de 50 e 60 os administradores empregavam um planejamento mais operacional, uma vez que o crescimento de demanda total estava controlado, e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem sucedido no negócio. Isso mudou com a turbulência dos anos 70, que trouxe a tona diversas crises: os preços do petróleo dispararam com a guerra entre árabes e israelenses; houve escassez de energia e matéria-prima, inflação de dois dígitos, recessão econômica e alarmantes índices de desemprego. Essa sequência de eventos na economia trouxe como consequência a necessidade de um novo processo de planejamento estratégico, visando manter as empresas numa boa posição, mesmo diante de problemas que possam ocorrer em qualquer um de seus negócios ou linhas de produtos. A estratégia e mais diretamente o planejamento estratégico entraram definitivamente na agenda das empresas no século XXI. Um dos mais respeitados autores é Michael Porter, considerado a maior autoridade mundial em estratégia competitiva. É autor dos maiores best-sellers internacionais na área, entre os quais se destacam: Vantagem Competitiva, Estratégia Competitiva, A Vantagem Competitiva das Nações, On competition e, mais recentemente, RedefiningHealth care que está revolucionando a gestão da saúde em todo o mundo. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Uma das grandes dificuldades das empresas é a conceituação da função do planejamento estratégico, em especial sua real amplitude e abrangência. Drucker (1977), em seu livro Introdução a Administração, guarda em um de seus capítulos um espaço para o tema em questão e, antes mesmo de definir o que é planejamento estratégico, ele define o que não é planejamento estratégico. Segundo ele: • Planejamento estratégico não é uma caixa de mágicas nem um amontoado de técnicas – quantificar não é planejar; 7 • Não é previsão – ele se faz necessário por não se ter a capacidade de prever; • Não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas decisões presentes; • Ele não é uma tentativa de eliminar o risco. É fundamental que os riscos assumidos sejam os riscos certos. Há muitas conceituações para planejamento estratégico. Segundo Kotler (1992, p.63), “planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado”. O objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negócios e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios. Já Drucker (1977) define Planejamento Estratégico como um processo contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que minimizem riscos. Outra conceituação interessante apresenta o planejamento estratégico “como um processo administrativo para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e diferenciada” (Oliveira – 2007). Independente do autor fica claro que o planejamento estratégico é um conjunto de ferramentas que por si só são insuficientes, mas quando é seguido de planejamentos táticos e operacionais, consiste em robusta ferramenta para implementar o pensamento estratégico da organização. Mas qual a diferença entre o planejamento entre o planejamento estratégico, tático e operacional? De forma resumida, pode-se dizer que quanto aos níveis, o planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto o planejamento tático relaciona-se aos objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que, geralmente, afetam somente parte da empresa. 8 Já o planejamento operacional pode ser considerado como partes homogêneas do planejamento tático, sendo a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidos. Tem foco nas atividades do dia-a-dia. De uma maneira geral, o planejamento estratégico é responsabilidade dos níveis hierárquicos mais elevados da empresa/organização, o planejamento tático é desenvolvido pelos níveis intermediários, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis e o planejamento operacional é elaborado pelos níveis mais baixos da organização. O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO É a avaliação real da posição da instituição. Nesta etapa são considerados os aspectos internos e externos a partir dos dados consistentes levantados durante a análise do ambiente interno e externo. De acordo com Rebouças (2006, p. 86): O diagnóstico estratégico corresponde à primeira fase do processo de planejamento estratégico e procura responder à pergunta “qual a real situação da empresa quanto a seus aspectos internos e externos?”, verificando o que a empresa tem de bom, de regular ou de ruim em seu processo administrativo. Com a elaboração do diagnóstico interno e externo, pode ser feita uma complementação na análise e se obterem acertos nas estimativas futuras, baseando- se nas situações atuais. Os fatores externos são formados por: fatores econômicos, fatores sociais, fatores políticos/legais e fatores tecnológicos. Existem também os fatores externo operacional, que são formados por: mercado consumidor, mercado fornecedor e mercado concorrente, denominadas forças macro ambientais. Essas forças não estão, em geral, ligadas ao controle direto das organizações. Nas palavras de Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 48): O objetivo da administração estratégica é criar condições para que a empresa opere com eficácia diante de ameaças ou restrições ambientais, e possa também capitalizar as oportunidades oferecidas pelo ambiente. Para atingir esse objetivo, os administradores estratégicos devem identificar e analisar essas forças macro ambientais nacionais e mundiais. Um dos métodos que podem auxiliar o processo do diagnóstico estratégico é o benchmarking. Como para 9 Rebouças (2006) apud Leibfried e McNair (1994), ele é um processo contínuo e interativo para com as realidades ambientais para a avaliação de desempenho corrente, estabelecimento de objetivos, bem como para identificação de áreas de aperfeiçoamento e mudança nas empresas. Ou seja, o diagnóstico aumenta a possibilidade de melhorias nas empresas e tem por objetivo principal projetar o futuro da organização. Independentemente do seu tipo ou tamanho, muitos se utilizam de exemplos ou realidades encontradas no mercado e assim estabelecem objetivos adaptados a suas próprias atividades. Martins (2007) destaca que uma ferramenta bastante difundida e utilizada para a elaboração de um bom diagnóstico situacional é a Matriz SWOT (vindo do inglês strengths [forças], weaknesses [fraquezas], opportunities [oportunidades] e threats [ameaças]. Também conhecida como análise de equilíbrio, ela visa confrontar os aspectos negativos e positivos com relação às condições internas e externas que podem afetar de alguma forma a organização. Essa ferramenta vem na área da Administração e se encaixa com bastante veracidade no processo de planejamento estratégico, sendo um eficiente recurso a ser usado no mapeamento das condições socioeconômicas do ambiente onde está inserida, bem como no levantamento dos acertos e dos pontos a melhorar no que diz respeito à própria forma de trabalho e funcionamento da instituição que está sendo gerenciada. Com o objetivo de ajudar no processo decisório das instituições e permitir uma ação mais rápida e uniforme das pessoas envolvidas, a Matriz SWOT (...) deve ser elaborada com total franqueza, honestidade e ousadia para que retrate o ambiente de funcionamento da escola da forma mais precisa e clara possível, oferecendo segurança àqueles que tomarão as decisões estratégicas da organização. Como demonstrado no quadro a seguir, é recomendado que se criem quatro quadrantes onde serão descritas, de forma resumida e clara, as variáveis que podem ser controladas e as que não podem ser controladas pela empresa, Deve-se tomar como referência os aspectos positivos e negativos de um produto ou serviço oferecido pela empresa. 10 COMÉRCIO EXTERIOR A internacionalização de empresas é um fenômeno que começou a ser estudado em meados do século XVI, apesar das trocas comerciais entre nações datarem da época do mercantilismo. A globalização trouxe um aumento do número de empresas que estão presentes em mais de um país com sua marca, seus produtos ou serviços. Tais empresas entram no mercado internacional por variados fatores, normalmente, agem em busca do crescimento e da expansão da companhia. No princípio, os estudos eram baseados nos fundamentos teóricos provenientes da economia, da antropologia e da sociologia. Recentemente, marketing, comportamento organizacional e negócios internacionais tornaram-se os pilares da internacionalização (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). O contexto atual global é caracterizado peloencurtamento das distancias, pela globalização de mercados e dos padrões de consumo, neste ambiente existe uma maior difusão dos centros de inovação e das mutações tecnológicas, que são cada vez mais constantes. 11 A progressiva liberalização do comércio internacional aumentou a concorrência entre as empresas, trazendo novas oportunidades e ameaças para elas. A internacionalização de uma empresa ocorre em diversas dimensões, trata se, de forma resumida, de um processo no qual uma firma envolve-se continuamente em operações fora do seu mercado doméstico (Dib, 2008). O comércio exterior se caracteriza por um ambiente de negócios muito mais amplo que o mercado doméstico, aonde diversas variáveis tem influência sobre o sucesso ou o fracasso da empresa. As empresas que não se inserem neste contexto por iniciativa própria são automaticamente inseridas no mesmo, já que as economias globalizadas dos países expõem o empresário à competição externa, requerendo do mesmo, adaptação e evolução. Tal inserção tem efeitos micro e macroeconômicos, empresas internacionalizadas tem papel importante na inovação e no desenvolvimento tecnológico, cultural, político e econômico de um país. A internacionalização de empresas é parte ao mesmo tempo das causas e das consequências das relações internacionais. A negociação de produtos ou serviços entre diferentes nações cria relações políticas, culturais e econômicas entre estas, ao mesmo tempo em que tais relações tendem a facilitar a existência deste comércio. Além disso, a internacionalização de empresas não se trata apenas de trocas comerciais, o investimento externo direto (IDE) é uma grande característica da economia globalizada, aonde empresas buscam expandir sua atuação para o exterior na busca por diferentes vantagens. Rocha e Almeida (2006) enumeram os aspectos responsáveis pela atitude de envolver-se em mercados estrangeiros por parte das empresas, dentre eles, destaque para a necessidade de exploração de novos mercados, para as pressões competitivas, que fazem com que as empresas busquem baratear seus custos, e para a possibilidade de exploração de economias de escala. Tais empresas traçam um planejamento estratégico que visa a internacionalização pois não limitam o seu mercado de ação ao território ao qual pertencem e apostam na criação de recursos intangíveis e tangíveis para ter sucesso 12 no mercado internacional. Os recursos intangíveis destas empresas dependem da inovação constante e tendem a gerar recursos tangíveis, assim como podem trazer desenvolvimento para o país ao qual tais empresas pertencem. A atividade de comercialização com o exterior atende a múltiplos interesses, seja no aspecto privado da questão – na busca da empresa por crescimento e lucros –, seja sob o aspecto determinado pelas diretrizes governamentais e das instituições que amparam e incentivam o comércio internacional. Desta forma, além de obter benefícios internos, a empresa encontra um ambiente favorável e de incentivo a internacionalização criado pelo governo, que só tem a ganhar com o crescimento das empresas nacionais. Internacionalização significa adaptação. A questão da internacionalização foi trabalhada por diversos autores. Duas abordagens foram criadas para estudar as motivações e os processos, uma de cunho comportamental e outra de cunho econômico. Dentro destas abordagens destacam- se a Escola de Uppsala e o Paradigma Eclético de Dunning, respectivamente, que posteriormente serviram como base para a análise das empresas chamadas de Born Globals, empresas que nasceram para o mercado internacional, que ao mesmo tempo em que seguem os preceitos de ambas as abordagens, tomam caminhos diferentes dos prescritos até então. Fatores culturais, governamentais e econômicos, podem exigir da empresa grandes esforços para obter sucesso no novo mercado, observando isso, o modelo de Uppsala indica que as empresas tendem a investir primeiro em mercados cuja distância psíquica é menor, para depois aventurarem-se em mercados mais distantes em relação a geografia, cultura, governo e economia. Ao decidir lançar-se no mercado internacional, a empresa deve ter cuidado ao escolher seu mercado alvo. Mercados mais sofisticados, como Estados Unidos e Europa, não são apenas responsáveis por grande parte da movimentação financeira global, mas também, com maiores exigências e são, consequentemente, mais difíceis de entrar. Dunning (2000), é responsável por um dos mais abrangentes estudos sobre a internacionalização, o modelo criado pelo autor, foi o primeiro a estudar com precisão os fatores determinantes do processo de internacionalização. 13 MODELOS TRADICIONAIS DE INTERNACIONALIZAÇÃO As teorias de internacionalização de empresas buscam explicar o porquê, quando, onde e como as empresas buscam internacionalizar-se (Tornroos, 2002). Há uma divisão das perspectivas no que tange as abordagens utilizadas na formação das teorias de internacionalização. Tais abordagens podem basear-se na análise de critérios econômicos ou da evolução comportamental. No primeiro, as teorias são focadas no caminho da otimização de retornos econômicos, já no segundo, as atitudes, percepções e comportamentos das empresas, são focados na redução de riscos e na expansão da empresa (Andersen, 1993). A principal vertente histórica baseada nos processos econômicos é o Paradigma Eclético da Internacionalização (ou Paradigma OLI), enquanto na vertente comportamental, o Modelo de Uppsala tem maior destaque (Carneiro et all, 2005). Ambos serviram de base para outros estudos e frequentemente, ao analisar o processo de internacionalização de empresas, podemos enquadrar o mesmo em diferentes concepções teóricas. Segundo Andersen (1993), considerando o fenômeno de entrada no mercado global, não há um consenso acerca do que é teoria, modelo conceitual ou paradigma. MODELO DE UPPSALA O modelo de Uppsala tem como pontos chave a questão da distância psíquica entre os países e a cadeia de estabelecimento (Johanson e WiedersheimPaul, 1975). Segundo a escola, o processo de internacionalização é um processo incremental, onde as empresas aumentam seus investimentos no exterior de acordo com o aumento do conhecimento sobre o mercado externo. A cadeia de estabelecimento é o processo de desenvolvimento da empresa em determinado mercado internacional. Os autores estabelecem o conceito de que uma empresa se desenvolve em determinado mercado através do investimento sequencial de recursos, o montante investido é dependente do grau de conhecimento do mercado 14 alvo, sendo assim, conforme o conhecimento de mercado da empresa evolui, cresce o investimento em determinado mercado por parte da mesma. Johanson e Wiedersheim-Paul (1975) ilustram a cadeia de estabelecimento propondo a existência de 5 estágios de evolução na internacionalização de uma empresa, no primeiro, não há qualquer tipo de atividade exportadora, no seguinte, as exportações são operações ocasionais, evoluindo para um terceiro estágio, aonde a empresa começa a exportar sistematicamente por meio de agentes independentes, após este, a empresa começa a investir em subsidiárias para gerir suas exportações, no quinto e último estágio, a empresa investe no estabelecimento de unidades produtoras no exterior. Os autores reconhecem que algumas empresas nem sempre seguem tais estágios, quando o mercado alvo não demanda a instalação de uma planta em seu território – 5º estágio – a empresa deixará de investir tamanho montante no mesmo, além disso, empresas com muitos recursos podem avançar diretamente para os estágios finais do esquema proposto. A distância psíquica – elemento utilizado em diferentes teorias e modelos – é definida por Johanson e Wiedersheim-Paul (1975) como as diferenças percebidas entre valores,práticas gerenciais e educação de dois países. O conceito de distância psíquica é inserido para explicar a escolha dos primeiros mercados nos quais a empresa deseja inserir-se. Segundo o conceito, ao iniciar um projeto de internacionalização, as empresas tendem a investir em mercados com características semelhantes ao de sua origem, aonde a distância psíquica é menor, evitando arriscar-se em países culturalmente mais distantes. As empresas começam pela exportação direta (sem comprometimento de recursos), após isso, passam a fazer exportações indiretas, por meio de agentes, seguindo para a criação de uma subsidiária de vendas e futuramente, uma subsidiária de produção (maior investimento de recursos). Partindo desta análise, os autores definiram que o foco deste modelo de internacionalização é o comportamento e o 15 crescimento da firma pelo aumento gradual do nível de internacionalização da mesma, que ocorre com o maior conhecimento dos novos mercados e gradual aumento do comprometimento de recursos nestes mesmos. A operação no mercado externo seria a fornecedora de experiência da firma para trabalhar no mesmo. Porém, tal experiência pode ser adquirida com a contratação de profissionais previamente inseridos no contexto ou através da consultoria com profissionais com expertise em negócios internacionais. Casson contribui para o modelo ao analisar a transferência de operações das empresas para os países cuja distância psíquica é menor. O autor afirma que ao estabelecer-se em um país culturalmente mais próximo, a firma adquire conhecimentos não só sobre o mercado-alvo, mas também, know-how de internacionalização, que pode ser utilizado futuramente para investir em outros países, inclusive os mais distantes culturalmente. O modelo comportamental tem a colaboração de Treadgold (1988) e Kacker (1985), que incluem a ação dos fatores push and pull na internacionalização de empresas, aonde os fatores push são os fatores desfavoráveis do mercado interno e os fatores pull são os atrativos do mercado externo. Segundo os autores, entende-se por fatores desfavoráveis do mercado interno, as condições econômicas, a demografia desfavorável, restrições comerciais, a forte competição e a saturação do mercado doméstico. Os fatores que atraem as empresas para o exterior são as tarifas e leis, as oportunidades de crescimento, possibilidades de aquisições, os custos de logística e comunicações, entre outros. Em suma, pull são os fatores externos de atração, enquanto push, são os fatores internos que de certa forma empurram as empresas para o exterior. Em suma, o modelo de Uppsala é baseado em três pressupostos. O primeiro deles afirma que o maior obstáculo da internacionalização de uma empresa é a falta de conhecimento. O segundo, apoiado na afirmativa de Penrose de que o conhecimento adquirido pela experiência própria é o mais importante para a internacionalização, afirma que as operações da empresa nos mercados-alvo são as principais fontes de conhecimento para a internacionalização. O último pressuposto é 16 o de que a empresa se internacionaliza investindo recursos gradualmente, amparados por evidências empíricas, adicionam o papel das redes de relacionamento no processo de internacionalização. A performance internacional das empresas depende não apenas dos recursos tangíveis e intangíveis da mesma, mas também dos mesmos recursos das firmas com as quais a empresa se relaciona, além é claro, da natureza destes relacionamentos. Desta forma, os mercados são compostos por redes de relações entre atores, sejam elas de troca ou quaisquer outras. As empresas demandam recursos especializados de outras organizações para chegarem ao consumidor final da maneira mais competitiva o possível. A competição existente entre empresas que vendem um mesmo produto, cria a necessidade de cooperação entre uma empresa e outras organizações – fornecedores em geral – criando canais intermediários que são utilizados pela empresa na busca pelos seus objetivos, resultando na criação de uma rede. Esta rede de relacionamentos tende a expandir-se, sendo que cada empresa ou organização, forma e faz parte de diferentes redes. A presença de empresas com experiência em internacionalização em uma rede pode facilitar a internacionalização de outras empresas da mesma rede (Wilkinson et al., 2000). A teoria de redes industriais enfatiza também a importância do relacionamento entre as diferentes unidades de uma multinacional – matriz e subsidiárias ou subsidiárias e subsidiárias – já que enfatiza o papel dos relacionamentos construídos tanto intra quanto inter-organizacionais. Por fim, o modelo de Uppsala é complementado com características do modelo de redes por Schweizer, Johanson e Vahlne em 2010. Os autores defendem que a internacionalização é resultado dos esforços para fortalecer a posição de uma empresa dentro de uma rede de negócios. Agora, além de reconhecer que a aprendizagem experiencial é elemento essencial da internacionalização, os autores incluem a capacidade empreendedora – “o empreendedor que consegue viver sob um ambiente de incerteza e ambiguidade que envolva aprendizagem, possui uma vantagem”. 17 PARADIGMA ECLÉTICO DE DUNNING Segundo Dunning (1994), o que leva as empresas a internacionalizarem-se é a busca por um ou mais dos seguintes: recursos naturais (busca da exploração de recursos naturais com custos menores); mercados (mercados vizinhos ao país de investimento); eficiência produtiva (economias de escala e redução dos custos); e ativos estratégicos (inovação e canais de distribuição). Considerada pertencente ao âmbito das teorias econômicas, a também conhecida como paradigma OLI, afirma que as empresas precisam ter recursos que as tornem competitivas no mercado internacional, recursos como conhecimento e tecnologia, além das vantagens de propriedade (O-ownership) e localização (Llocation), fazem com que a empresa decida internalizar (I-internalization) a produção naqueles países ou não. Analisando Dunning (1994), pode-se concluir que o paradigma OLI é o processo pelo qual as empresas decidem como investir no exterior, assim, partindo da análise de “O” e “L”, a empresa define o “I”, optando pela exportação, pelo licenciamento ou pela produção no local para atender ao novo mercado. Dunning divide as vantagens de propriedade em dois tipos: I. Vantagens de natureza estrutural, que derivam da posse de ativos específicos, geralmente intangíveis, resultantes de práticas tecnológicas, de comercialização ou de gerenciamento da firma. Entre estas estão as patentes, as marcas, capacidades de produção, diferenciação de produtos, economias de escala e outros. II. Vantagens de natureza transacional, relacionadas à capacidade de hierarquia da firma. As vantagens de propriedade caracterizam-se, em suma, pela propriedade tecnológica e intelectual da empresa, pela economia de escala, diferenciação do produto, acesso a mercados e a fontes de matéria-prima, além também da ocorrência ou não de uma multinacionalização prévia. 18 A vantagem de localização, por sua vez, é caracterizada pela presença de atrativos locais específicos de cada região. Quando existem fatores regionais que venham conferir vantagens competitivas para uma empresa, sejam eles, naturais ou criados, que não possam ser deslocados através de fronteiras, a empresa tende a fortalecer seus investimentos no local (Dunning, 2000). Entre as vantagens específicas de localização estão a dimensão do mercado consumidor e as perspectivas de crescimento do mesmo, assim como o nível de desenvolvimento econômico e infra estrutural do país alvo, além da presença de concorrentes diretos e da existência de políticas públicas que facilitem a entrada no mercado. As vantagens de localização, segundo oautor, podem significar ganhos pela diferença de preço e na qualidade de insumos e matérias-primas, ganhos com custos de transporte e comunicação, e ainda, podem significar o encurtamento da distância física e cultural entre a empresa e o mercado alvo. Uma vez analisadas as vantagens de propriedade e de localização, a empresa irá definir qual o melhor caminho para explorar suas competências centrais em conjunto com os atrativos locais da região em que pretende investir. Sendo assim, a decisão de internalizar suas atividades no mercado alvo ou optar por outros modos de entrada, depende do estudo das vantagens de propriedade e localização. Os custos, sejam eles de transação, da informação, dos agentes e também as especificidades dos ativos são os fatores determinantes da decisão de investir no mercado externo para uma empresa neste modelo. O modo de entrada será definido analisando os elementos de propriedade e localização (Dunning, 1994). As vantagens de internalizar a produção são: redução de custo das transações, proteção do direito de propriedade, redução da incerteza, controle sobre a oferta e o aproveitamento das externalidades (Dunning, 2000). Dunning (2000) afirma que as chances de uma empresa optar por internalizar a produção em outros países por sua própria conta e risco, ao invés de optar pelos outros modos de entrada como exportação ou licenciamento, depende do tamanho da rede de benefícios que a internalização no mercado alvo trará. Os benefícios de internalizar a produção em um país não estão ligados somente ao acesso ao mercado 19 doméstico do mesmo, produzir em um mercado diferente do de sua origem coloca a empresa em contato com outros mercados, tanto regionais quanto globais. Segundo a metodologia criada por Dunning (2000), empresas que combinem os três aspectos do paradigma OLI, tendem a realizar investimento direto para internacionalizarem-se, enquanto firmas que venham a ter vantagens apenas de propriedade, optem por modos de entrada ligados ao licenciamento, e companhias que combinem vantagens de propriedade e internalização, entrem no mercado global via exportações. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO A decisão de internacionalizar-se parte do planejamento estratégico das empresas, porém, políticas públicas podem ter influência positiva sobre as possibilidades de internacionalização das mesmas. A competitividade internacional dos países tem relação direta com a capacidade internacional de suas empresas, já que o crescimento das firmas gera aumento de renda e possível aumento da oferta de emprego no país de origem (ALÉM; CALVACANTI, 2007). As instituições evoluíram e passaram a ter influência no processo de internacionalização em resposta às imperfeições de mercado. As instituições existem 20 para minimizar as incertezas ligadas às ações humanas, protegendo aqueles que estão sujeitos a elas. Segundo o autor, ao assumir um determinado arranjo institucional, estabelece-se um conjunto de condutas que conferem determinado resultado para a sociedade. Ao estabelecerem um conjunto de condutas, as instituições tornam-se responsáveis pelo grau de inovação da nação as quais pertencem. Porém, o papel destas instituições é limitado, limitando-se estritamente a ser um meio de incremento da eficiência das estruturas econômicas de mercado. Estes autores, afirmam que a capacidade das instituições de resolver as imperfeições de mercado está ligada a dois fatores: I. - A possibilidade de redução dos custos de transações, que quando aplicada contribui para que aumentem os ganhos por produtividade em alta escala, além de melhorar também o desenvolvimento da tecnologia a ser aplicada. II. - Custos de processamento das informações ligadas à tomada de decisão das empresas, aonde a eficiência e qualidade das instituições, atua de maneira a filtrar as informações incompletas e assimétricas que possam existir. A redução de custos de transação e informação não são as únicas consequências da atuação das instituições, elas também diminuem o grau de incerteza e instabilidade das sociedades e economias. Desta forma, os arranjos institucionais influenciam nas estratégias corporativas, que resultam no desempenho dos negócios das empresas . Analisando Hollingsworth, pode-se concluir que as instituições influenciam diversos fatores dentro das empresas, entre eles: o grau de inovação, o nível de empreendedorismo, a orientação para o mercado externo, o desenvolvimento tecnológico, a cultura, a organização de mercado e outros. O empreendedorismo é elemento necessário para a internacionalização e tem forte correlação com a inovação. 21 O quadro institucional de um país pode facilitar ou dificultar o surgimento do empreendedorismo, que classificam como a combinação de pro atividade, inovação e propensão ao risco. Porter (1993) relatou, em seus estudos sobre as vantagens competitivas das nações, diversos exemplos práticos que comprovavam a influência das instituições sobre o empreendedorismo. As instituições também têm influência sobre as chamadas redes de relacionamento, assumindo a responsabilidade de determinar a finalidade de uma determinada rede estabelecida e determinar os agentes que pertencem a esta rede. As empresas que buscam a internacionalização em mercados aonde o arranjo institucional é considerado frágil, optam pela formação de joint ventures, configurando a maior importância das redes quando há baixa confiança nas instituições de um país. As instituições dos países podem atuar de diversas maneiras no apoio à internacionalização das empresas. Os instrumentos de apoio variam, o Estado pode atuar no fornecimento de informações, na organização de missões empresariais e na assistência técnica, fornecendo financiamentos, seguros e garantias . Exportar pode ser um bom negócio para a empresa desde que os dirigentes se conscientizem da importância do planejamento e de uma política que levem em conta o conhecimento e o domínio das regras e usos do comércio internacional. Caso contrário, as vendas ao exterior podem resultar em prejuízos e numa péssima experiência para a empresa, com consequente reflexo negativo para o país. Exportar é uma postura empresarial, uma alternativa estratégica de desenvolvimento, ganho de experiência que propicia uma dimensão global à empresa. Com isso, a empresa ganha competitividade e estímulo para ser mais eficiente. As eventuais dificuldades deixarão de existir se os seguintes conselhos forem seguidos quando da formulação do planejamento para a atividade de exportação: I. Somente começar a exportar se estiver decidido. Reservar determinada parcela da produção para o mercado externo. A exportação exige continuidade e não pode ser considerada como válvula de escape para as crises do mercado interno; 22 II. Estar disposto a investir na organização do seu mercado externo. Sem pesquisa de mercado, escolha cuidadosa dos agentes, definição do consumidor que se pretende atingir, e conhecimento das exigências de cada mercado, somente poderão ser realizados negócios esporádicos, nunca permanentes; III. Estudar o mercado com o qual deseja operar, de modo a avaliar suas efetivas possibilidades comerciais, focando primeiro o cliente e depois o produto, suas variedades e qualidades exigidas; IV. Estudar as táticas comerciais dos países, isto é, como são negociadas as mercadorias, quais as formas de concorrência ali existentes etc; V. Conhecer o essencial sobre os regimes alfandegários, cambial e de impostos e taxas em vigor no país em questão, bem como o rito processual de liquidações burocráticas, a ação judicial etc, não descuidando de acompanhar suas modificações; VI. Dar atenção especial às disposições sobre embalagens, etiquetagem e requisitos fitossanitários, vigentes parao produto no mercado-alvo; VII. Colocar um profissional experiente à frente do seu departamento de exportação. Esse profissional deve falar as principais línguas usuais do comércio internacional, e deve ser capaz de tirar dos ombros da diretoria a responsabilidade sobre um setor que não pode merecer, apenas de vez em quando, as atenções de um diretor, já sobrecarregado pela administração de outros setores da empresa; VIII. Manter alguma forma de representação no mercado a conquistar, de modo a oferecer um mínimo de serviço pósvenda; IX. Evitar trabalhar com amadores. A nomeação de parentes, amigos ou conhecidos como representantes no exterior sem o pleno conhecimento do ramo ou acesso aos compradores pode inviabilizar o negócio. Mesmo que leve algum tempo, procure o melhor profissional que puder encontrar. Uma pessoa que conheça o produto e o mercado. Examine com muito cuidado os eventuais interessados; 23 X. Calcular com cuidado os preços de exportação. Se tiver dúvidas, consultar um técnico dos órgãos oficiais ou não oficiais do comércio exterior (SECEX, Federações, Câmaras de Comércio, BB etc). Além de utilizar com perfeito equilíbrio os incentivos concedidos à exportação, às vezes é necessário apresentar o preço mais vantajoso possível, tendo sempre em conta o valor dos países e produtos concorrentes; XI. Lembrar que as formas de propaganda, publicidade e promoção de vendas de um produto devem estar sempre em perfeita harmonia com as peculiaridades de cada mercado. Para um bom produto sempre haverá um bom mercado; XII. Observar um comportamento de rigorosa seriedade comercial e moral, para conservar e ampliar relações com a clientela. Cumprir sempre o que prometer. Responder com presteza à correspondência recebida do exterior, mesmo que o assunto não tenha muita relevância e importância. Não fornecer mercadorias que não correspondam à amostra encaminhada ao cliente. Verificar e cumprir rigorosamente os prazos de embarque convencionados, mesmo que isso lhe represente um custo adicional; XIII. Pagar em dia as comissões dos agentes, pois é disso que eles vivem e suas despesas são elevadas, e mantê-los informados sobre os planos e programas de sua empresa. Fornecer as indicações corretas sobre territórios a serem observados e as cotas a serem cumpridas. Os grandes clientes compram uma ou duas vezes por ano e não se podem perder as épocas de comprar. Não tumultuar o mercado, fazendo negócios à revelia de seus agentes; XIV. Lembrar que ninguém compra por favor. Só há uma razão para que alguém comece a comprar de um fornecedor novo e tão distante: melhor preço, qualidade aceitável, garantia de fornecimento contínuo e atendimento tão eficiente quanto o dos fornecedores tradicionais; 24 XV. Não esperar resultados imediatos e grandiosos. A abertura de novos mercados necessita de trabalho a médios e longos prazos. Na realidade, trata-se de um investimento. ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO AO COMÉRCIO EXTERIOR A Pesquisa de Mercado é o estudo mais importante para o empresário que se lança no comércio internacional deve estar voltado à pesquisa para determinar as perspectivas de venda de determinados produtos no mercado e à maneira de obter melhores resultados. Deve ser feito com clareza e de forma a permitir que o empresário tome a decisão de lançar-se ou não a um mercado, a fim de facilitar a adoção de medidas concretas. A pesquisa diminui a possibilidade de a empresa incorrer em erros de apreciação em mercados potenciais, tanto no País como no exterior. No caso do mercado externo, a análise deve ser minuciosa, pois a motivação dos consumidores é diferente. Ela objetiva revelar se o produto poderá ser vendido a um preço razoável e em quantidade satisfatória. Permite ainda analisar os mercados que oferecem melhores perspectivas, as modificações no produto para aumentar o nível de aceitabilidade e o tempo necessário para se alcançar o nível ideal de vendas. Para ingressar no mercado mundial sem o risco de ser malsucedido, o procedimento básico é recorrer a uma pesquisa de mercado por menor que seja a empresa. Há produtos que têm excelente aceitação no mercado interno, mas, lá fora, por contingência de costumes, gostos ou tradição de cada país importador, podem ter pouca aceitação e até mesmo ser rejeitados. A empresa deve oferecer o produto que o consumidor realmente deseja e não o que a empresa quer vender. Ao conseguir comercializar os produtos com razoável margem de lucratividade, o empresário não deve se acomodar e deve lembrar que o mercado é dinâmico, pois as motivações e as necessidades dos consumidores sempre se alteram. É preciso estar atento às mudanças de natureza econômica e de outra 25 ordem que podem influenciar o mercado. A empresa que se estabelecer em determinado mercado deve regularmente: • Supervisionar as operações, verificando se os objetivos estão sendo cumpridos; • Observar o andamento do mercado e prevenir-se para as modificações que possam ocorrer; • Verificar sempre se, em termos de comercialização das exportações, o custo/benefício é compensador. A pesquisa poderá delinear uma projeção a curto, médio e longo prazo para as exportações de determinada empresa, com base em dados passados e atuais e nas tendências de consumo que se verificam no tempo e no espaço. A análise destas variáveis fornecerá a informação concreta sobre o seu produto. Os principais fatores de obstáculos a serem superados são: Regulamentação do comércio exterior de cada país. Devem ser observadas as eventuais restrições para certos países e as normas que regulam a entrada de divisas. Os procedimentos burocráticos poderão inviabilizar uma exportação, o que poderá gerar gastos adicionais que influirão no custo final do produto. Dificuldades de acesso ao mercado de determinado país, os regulamentos de quase todos os países instituem um ou outro tipo de restrição, desde a imposição de barreiras alfandegárias até a proibição pura e simples. Alguns países controlam os gastos em divisas para a importação de bens e serviços. As questões econômico-financeiras a que estão sujeitos todos os países no mundo globalizado poderão inviabilizar a manutenção ou expansão das vendas. É necessário atentar para as restrições de caráter sanitário, principalmente para os gêneros alimentícios, e observar as leis de proteção ao meio ambiente e de utilização de conservantes. É necessário verificar o volume e a expansão do mercado, onde para dimensionar a quantidade e o valor que se pretende exportar, é necessário levantar, 26 no provável país comprador, a quantidade consumida, os países de procedência da mercadoria, a evolução na participação dos fornecedores e o preço oferecido por eles. Além disso, é importante verificar o volume e a tendência da produção do país importador e o efeito dos produtos no país destinatário, apurando com segurança, as tendências do mercado. A concorrência existe em todos mercados e se estes forem amplos ou dinâmicos, ela será acirrada. Competição direta é aquela que vende o produto "x" que se pretende colocar no mercado, e a indireta vende os artigos "y" substancialmente diferentes, mas de uso semelhante ou substitutivo de "x", no mesmo mercado. A pesquisa deve considerar a força e a estrutura da concorrência, o motivo de êxito dos competidores mais importantes e a possibilidade de competição entre eles. O preço da venda de produtos a serem exportados deverá ser calculado de maneira que possa competir com similares nacionais do país importador e com os oferecidos por outros países. Definidos o preço e a quantidade dos produtos a ser comercializado, o exportador poderá conhecer as reais possibilidades de se estabelecer no mercado e verificar se a atividade terá efetiva rentabilidade.Para isso, é preciso prever, com exatidão, os custos da comercialização, ou seja, o valor que será gasto para concretizar a venda. Os preços devem ser estabelecidos entre os tetos mínimo e máximo. O desvio desta faixa de competitividade acarretará prejuízos. Aspectos a analisar no novo mercado: I. Tendências internacionais; II. Localização de fornecedores de matérias-primas e componentes; III. Tecnologia de produção; Normas de embalagem; IV. Especificações técnicas; Ciclo de vida do produto; V. Dados geográficos, econômicos, sociais e políticos; VI. Produtos mais comercializados; VII. Sistema de distribuição; VIII. Legislação de importação; IX. Concorrência local; X. Estrutura de custos operacionais; 27 XI. Níveis de preços praticados; XII. Entidades reguladoras de comércio exterior; XIII. Meios de comunicação; XIV. Paridade cambial-moeda; XV. Leis de proteção. A pesquisa visa aferir no mercado a distância entre a concepção do produto idealizado pelo consumidor e aquele que o fabricante deseja efetivamente vender. Avaliam-se detalhes como tamanho, desenho e material de fabricação mais apropriado ao produto. São levantados aspectos ergonométricos, legais e até a compatibilidade dos padrões. A escolha da cor da embalagem será determinante da rejeição ou não ao produto; por isso deverá ser avaliado se o exportador respeitou os costumes do país comprador. Ao julgar os produtos alimentícios, o fator preponderante é o sabor. Deve- se, portanto, atentar para o grau de doçura, amadurecimento, acidez, tamanho, grau de inoculação de defensivos e de composição de conservantes. O que é agradável ou correto em determinado país, pode não ser em outro. A qualidade da embalagem é item a ser avaliado tanto quanto o produto que se pretende exportar. Ao embalar o produto, o exportador deverá observar o tempo de viagem, a manipulação nas diversas fases do transporte e proteção contra roubo, condições ambientais e climáticas, custo de acondicionamento. Os produtos de consumo deverão ter embalagem que sirva como vitrine da mercadoria. Para melhor desempenho das vendas, o exportador deverá obter informações sobre: I. Preferência dos consumidores pelo tamanho e forma das embalagens; II. Cores, tipos de impressão gráfica e nível de esclarecimentos mais agradáveis aos consumidores; III. Escolha adequada dos símbolos e nomes; IV. Estudo da legislação vigente no país comprador, para os produtos em exportação, quanto à validade, conteúdo, qualidade, e outros itens. 28 Todos os produtos devem apresentar design ajustado aos seguintes padrões: V. Fabricação de maneira econômica e que permita lucro; VI. Aspecto atrativo ao grupo de consumidores a que se destina; VII. Adequação à solidez e durabilidade exigidos pelo consumidor para produtos similares; • tamanho conveniente para facilitar o manejo pelo usuário; VIII. adequação da mercadoria para facilitar o transporte, distribuição e exposição nas lojas. A apresentação do produto favorece sobremaneira, a comercialização, em especial a cor das embalagens, desde que a tonalidade não coincida com as cores da bandeira nacional nem se use figuras ou emblemas do país comprador. Na embalagem dos produtos alimentícios, devem constar os pesos líquido e bruto, data de validade e, no caso de produtos farmacêuticos, obrigatoriamente, texto explicativo no idioma do país do importador. Uma das principais características é a de ser autoexplicativa, ou seja, a embalagem, por si só, é capaz de promover o produto que nela está contido. A falta de critério ou erro na concepção de embalagem pode ocasionar graves consequências ao prestígio do exportador e prejudicar a aceitação do produto no mercado em que estiver sendo lançado. A avaliação do melhor canal de distribuição deve considerar a possibilidade de entrega direta do produto ao comprador ou da hipótese de intermediação, através da utilização de importadores, atacadistas e varejistas ou parte deles. Assistência Técnica Um bom serviço de pós-venda pode fazer a diferença diante de preços semelhantes ao dos concorrentes no mercado importador, seja com agentes, seja com intermediários. Os itens mais usuais de assistência técnica a serem sondados junto ao consumidor são: 29 • Manutenção e vistorias periódicas; • Reposição de partes e peças; • Garantia de funcionamento e durabilidade do produto; • Assessoria na manipulação e utilização das mercadorias; • Treinamento e aperfeiçoamento dos manipuladores; • Responsabilidade como fabricante em caso de reparos; • Tele atendimento. A publicidade possibilita a inserção dos produtos em determinados mercados e estimula a demanda, principalmente em países altamente industrializados. As técnicas de promoção mais utilizadas são: • Oferta de descontos excepcionais, conforme a quantidade; • Divulgação do produto em publicações especializadas ou através de mala direta; • Envio de amostras; • Publicação de anúncios em veículos de comunicação de grande alcance; • Participação em feiras e exposições. A qualidade do material impresso na confecção de folhetos, catálogos e folders mantém o interesse do comprador e incrementa as vendas. Contudo, o uso da melhor peça publicitária deve ser pesquisado, sob risco de ser imediatamente descartada. A visualização deve salientar a qualidade do produto e a impressão do texto adequado ao tempo de leitura. O levantamento de potenciais mercados compradores no exterior é a fase indispensável para a realização das vendas. Os exportadores contam com vários instrumentos de consulta, tais como publicações especializadas em organismos internacionais, oportunidades comerciais, boletins das câmaras de comércio, entre outros. A Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, criou o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior 30 (ALICE), com a finalidade de permitir a consulta e a divulgação de dados estatísticos sobre o intercâmbio comercial do Brasil com o exterior. O acesso ao Sistema é possível por intermédio de terminais on line, conectados à rede do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). As informações referem-se a produtos, empresas, países, estados, portos, blocos econômicos, meios de transporte; e são agrupadas por valor (US$ FOB), quantidade, peso (kg) e preço médio. As consultas devem preservar o sigilo comercial das empresas, sob o risco de haver prática de concorrência desleal. O mundo globalizado torna os meios de comunicação cada vez mais rápidos e eficientes. As fontes de consulta sobre o comércio mundial consistem em publicações especializadas, tais como livros, boletins, revistas, jornais. Além desse material impresso, pode-se contar com os dados fornecidos por redes de computadores, interligados mundialmente, cuja disseminação é feita em grande velocidade pela Internet. No intercâmbio de informações, em discussões e fechamentos de negócios, utilizam-se telefones, videoconferências e fac-símiles. Os meios de transporte tornaram-se mais rápidos, acessíveis e seguros, permitindo que a conclusão de negócios, a entrega de documentos e de mercadorias ocorram no menor tempo possível. Algumas fontes de consulta disponíveis para o exportador são fornecidas por associações de comércio e indústria. Tais publicações dão uma visão ampla do mercado, além de oferecer informações em detalhes sobre assuntos específicos. Outras fontes são os anuários comerciais, as estatísticas internacionais ou nacionais e os livros de referência. Estes livros são necessários para que o pesquisador tenha conhecimento do processo de comercialização, do perfil do país e do usuário de seus produtos. O exportador deve procurar e selecionar, inicialmente,no seu país e depois no país para onde se pretende vender, os serviços de promoção comercial oferecidos por entidades vinculadas ao comércio exterior. As informações sobre o mercado externo encontram-se em publicações de órgãos de promoção comercial ligados ao Ministério 31 da Indústria, do Comércio e do Turismo, e ao Ministério das Relações Exteriores que dispõem de dados estatísticos sobre produtos e empresas interessadas em comprar. REFERENCIAS ALÉM, Ana Cláudia; CAVALCANTI, Carlos Eduardo. O BNDES e o apoio à internacionalização das empresas brasileiras: algumas reflexões. In: Almeida, André (org.). Internacionalização de empresas brasileiras: perspectivas e riscos. Rio de Janeiro: Elsevier, cap. 9, p. 259-282, 2007. ANDERSEN, Otto. On the internationalization process of firms: a critical analysis. Journal of international business studies, p. 209-231, 1993. CARNEIRO, J.; DIB, L. A. Avaliação comparativa do escopo descritivo e explanatório dos principais modelos de internacionalização de empresas. INTERNEXT – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 1-25, jan./jun. 2007. CAVUSGIL, S. 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