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AULA 4 DE VOLTA PARA O FUTURO: EXPERIÊNCIAS INOVADORAS EM EDUCAÇÃO AO REDOR DO MUNDO Profª Elayne Thays de Lara Sena 2 CONVERSA INICIAL Projetar é algo inerente à vida dos seres humanos, uma vez que isto significa de forma básica esforçar-se para que algo atinja seu objetivo pré- estabelecido. Assim sendo, é comum que objetivos sejam traçados, metas definidas, além de uma série de outros quesitos julgados importantes para que nada fuja ao planejado e o objetivo seja alcançado com louvor. Em termos de educação, os projetos entram em cena na expectativa de minorar lacunas deixadas por dificuldades ao longo dos processos educacionais. Pensando em tudo o que já foi comentado anteriormente, percebe-se que esses aspectos vêm se unindo em prol de uma educação transformada e transformadora. Historicamente, a Educação por Projetos, ou ainda a Pedagogia de Projetos, surge em meio a um cenário tortuoso, que afligiu grandes pensadores, que vinham percebendo que a educação acontecia em moldes ditatoriais, inativos e improdutivos, uma vez que sua base calcânea era o entorpecido silêncio do aprendente. No Brasil, na década de 30, o movimento aparece fortemente, confrontando uma educação tradicionalista e descontextualizada, que por sua vez primava pelos interesses de todos, menos do aluno. Neste contexto histórico, já conhecido, surge a busca por focar a educação e com isso trabalhar com projetos que viessem a fazer algum sentido para o educando. Nomes como Pestalozzi, Fröebel, Montessouri, Decrolly e Dewey foram grandes expoentes para que este formato ganhasse espaço, em virtude de seu pensamento revolucionário, por contestarem a estagnação do formato educacional de seu tempo, deixando claro que a educação não era produto acabado, restrita à transmissão do conhecimento. Defendiam a tese de que o estudante deveria ser parte ativa do processo, e que a educação deveria surtir efeito em sua vida como um todo, caracterizando um processo de integração social. Ilusória para alguns, talvez ousada para outros, o importante é que seu ideal abriu caminho para novas e incessantes discussões acerca da forma como educamos. Dentre os nomes citados, é de vital importância ressaltar que a pedagogia por projetos foi idealizada por Dewey, que pensa a educação como algo que deveria compreender o presente do aluno e o meio no qual ele está inserido. A preocupação em tirar a educação dessa estagnação em que se encontrava movimenta muitos estudiosos da educação, que então entram em 3 cena, criticando fortemente os moldes vigentes, que não buscavam promover resultados merecidos pelo educando. Dentre os nomes desses questionadores, é impossível não citar Paulo Freire, que aparece na década de 60 com seu ideal de escola libertadora, e que realiza fortes análises, em suas obras, sobre a educação, mostrando que era um cárcere de ideias que subjugava o aluno à condição de receptáculo de meras informações desconectadas e sem sentido. Com um pensamento ousado e altamente crítico, Freire questiona o ato de educar, e com isso abre a oportunidade aos educadores de questionar a educação praticada. Este breve panorama tenciona mostrar que a luta pela transformação não é coisa da atualidade. É uma busca que vem se arrastando ao longo de décadas, e que já avançou significativamente, ainda que tenha muito a progredir. É nesta linha de pensamento que se destaca o trabalho com projetos, que vem abrir novos horizontes metodológicos, envolvendo uma educação global, integral, pensando o aluno em aspectos inerentes ao ser humano. TEMA 1 – QUEBRA DE PARADIGMAS: EDUCAÇÃO INTEGRAL Compreender a educação integral é de suma importância para se compreender a educação por projetos. De primeira mão, é preciso compreender que educação integral não é o mesmo que educação em tempo integral. De forma simplória, entenda-se que a segunda ideia, “educação em tempo integral”, refere- se ao fato de o aluno ficar um período maior na escola, o que supostamente lhe permite uma “educação integral”. Quando usamos o termo “supostamente”, buscamos lembrar ao educador que na grande maioria dos casos, nas escolas atuais, isso infelizmente não acontece. Em conformidade com essa ideia, Galian afirma (2011): é preciso diferenciar a ampliação do tempo de permanência na escola da busca pela integralidade da formação do estudante. “Educação em tempo integral não é sinônimo de educação integral”, [...] na maioria das escolas públicas, a educação integral é vista apenas como uma forma de ocupar o tempo extra das crianças no ambiente escolar. Com base nesses pressupostos, é necessário compreender que a educação integral diz respeito a todo processo, nas suas mais variadas dimensões. Ele deve envolver a integralidade do ser em âmbitos físicos, intelectuais, emocionais, culturais e sociais que envolvem a vida do sujeito. É nesta perspectiva que acontece o choque de realidade, uma vez que nesta esfera busca-se desenvolver um cidadão totalizado e crítico. A escola nesta visão deve 4 promover a harmonização das experiências do aluno nos processos educativos, agregando vivências para ter como produto o aprendizado e o desenvolvimento como um todo, sem fragmentações. Ou seja, vai além da quantidade de tempo em ambiente escolar. Visa reorganizar a educação de forma a abranger as multiplicidades de tempo, espaço e conteúdo. Acredita-se que quem preconizou este formato educacional no mundo foi o professor José Pacheco1, na Escola da Ponte2, com sua metodologia inovadora de ensino, que visa um novo norte para a educação, tema deste estudo. Para ele, a educação não concedia o devido direito aos sujeitos educandos. Afirmava ainda que o método de trabalho, que se enraíza em normativas qualitativas, não garante aprendizado. Para Pacheco, o sistema tradicionalista, ainda vigente, está ultrapassado. Assim como Anísio Teixeira3, Paulo Freire e Rubem Alves, e tantos outros expoentes da luta por uma educação humanizadora, Pacheco acredita que esse sistema é mero reprodutor de conteúdos, engessando o aluno, limitando-o à condição de receptor cumulativo de informações sem sentido, o que culmina por desumanizar os educandos. 1.1 Educação integral, um novo olhar educacional A educação integral é, neste contexto, uma forma de realizar mudanças significativas na educação, visando dar um real sentido ao ato de educar. Apesar 1 José Francisco de Almeida Pacheco (10 de maio de 1951) é um educador, pedagogo e pedagogista, nascido na cidade do Porto em Portugal e grande dinamizador da gestão democrática na Educação. Defende uma escola sem turmas, sem ciclos, sem testes ou exames, sem reprovações, sem campainhas. Em meados de 2017 era já indutor de mais de 100 projetos para uma nova Educação no Brasil e colaborador voluntário no Projeto Âncora, que segue o mesmo método de ensino da “Escola da Ponte”. Uma escola liceal sem séries, sem prova, sem “aula” e focada na autonomia e protagonismo do aluno que ele próprio tinha sido o mentor, nos anos 70, no Norte de Portugal. (José Pacheco, 2019) 2 A Escola Básica da Ponte ou Escola da Ponte - Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos, popularmente referida apenas como Escola da Ponte, é uma instituição pública de ensino, localizada em Vila das Aves e São Tomé de Negrelos, em Santo Tirso, no distrito do Porto, em Portugal, que proporciona aprendizagens a alunos do 1.º e 2.º Ciclo, dos 5 aos 13 anos, entre o 1º e o 9º ano, cujo método de ensino se baseia nas chamadas Escolas democráticas e numa educação inclusiva. Assim como será igualmente a primeira escola, no contexto histórico mundial, a exercer a chamada educação integral. (Escola da Ponte, 2019) 3 Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 — Riode Janeiro, 11 de março de 1971) foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro.[1] Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova[2], em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. (Anísio Teixeira, 2019) https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola https://pt.wikipedia.org/wiki/Turmas https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclos https://pt.wikipedia.org/wiki/Prova_(educa%C3%A7%C3%A3o) https://pt.wikipedia.org/wiki/Exames https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reprova%C3%A7%C3%B5es&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Projeto_%C3%82ncora&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_de_ensino https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte https://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_70 https://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Vila_das_Aves https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Tom%C3%A9_de_Negrelos https://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Tirso https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_do_Porto https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_democr%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_inclusiva https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_integral https://pt.wikipedia.org/wiki/Caetit%C3%A9 https://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_julho https://pt.wikipedia.org/wiki/1900 https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_mar%C3%A7o https://pt.wikipedia.org/wiki/1971 https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Educador https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiros https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%ADsio_Teixeira#cite_note-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920 https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1930 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova https://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_p%C3%BAblico https://pt.wikipedia.org/wiki/Laico https://pt.wikipedia.org/wiki/1932 https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Distrito_Federal https://pt.wikipedia.org/wiki/1935 https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Brasil 5 de ser uma proposta que iniciou há décadas, trata-se ainda de algo inovador, pois à medida que a educação evolui, e a tecnologia modifica a vida das pessoas, a proposta tende a alinhar-se ao mundo moderno em termos de facilitadores, como suprimentos, para que se chegue ao resultado objetivado. Partindo da visão desacomodada de educação, entende-se que a proposta de uma educação integral contempla alguns fatores significativos. A educação integral (Centro de Referência em Educação Integral, 2019): é uma proposta contemporânea porque, alinhada as demandas do século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo; é inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos, suas múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinência do projeto educativo para todos e todas; é uma proposta alinhada com a noção de sustentabilidade porque se compromete com processos educativos contextualizados e com a interação permanente entre o que se aprende e o que se pratica; promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e todas de aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o enfrentamento das desigualdades educacionais. Desta forma, a educação integral vem quebrar significativamente alguns paradigmas educacionais, e permitir que o educador possa ressignificá-los. Reconceituar o ato de aprender é o primeiro passo que deve ser seguido em prol de uma reconstrução no trato com os conteúdos e metodologias a serem trabalhados. Permitir que o aluno, com suas amplitudes existenciais, seja o foco, em lugar do conteúdo, que supostamente ele terá a necessidade de aprender, é o que deve ser levado em conta. Permitir que o aluno seja o protagonista de sua educação faz parte de um processo que busca promover a educação integral, humanizadora, que tem como centro o aluno. A singularidade dessa proposta está no fato de que ela permite pluralidade em termos de metodologias e práticas, que visam somente o desenvolvimento das aprendizagens significativas para o aluno. De acordo com esse ideal, o Centro de Referência em Educação integral afirma (Centro de Referência em Educação Integral, 2019): a Educação Integral reconhece as crianças e os jovens como sujeitos de direito, atores sociais com expressão e linguagens singulares. São criadores e produtores de culturas próprias construídas na interação com seus próprios pares e no intercâmbio entre idades e gerações. Propostas de Educação Integral oportunizam tempo e espaço para a livre criação de suas culturas e valorizam e reconhecem saberes, fazeres e sentimentos expressados por meio do universo simbólico e artístico. https://educacaointegral.org.br/reportagens/a-escola-tem-se-assumir-enquanto-espaco-de-organizacao-nao-somente-de-permanencia/ https://educacaointegral.org.br/glossario/educacao-inclusiva/ https://educacaointegral.org.br/materiais/percursos-da-educacao-integral/ 6 Assim sendo, a educação integral visa desfragmentar a educação normativa, reconhecendo o sujeito em sua totalidade e integralidade, se utilizando de variados recursos e atividades que possibilitem uma interação com sua cultura e experiências, na multidimensionalidade de seu ser. Para muitos, com o surgimento do pensamento liberalista houve uma ruptura no modo de pensar sobre o ser humano como aprendente, com suas habilidades agora em foco. Tudo o que o sujeito pode produzir o permite ser um sujeito histórico – construtor de seus conhecimentos e aprendizados, arquiteto de sua educação, na amplitude de suas potencialidades humanas. Assim sendo, a educação, que se utiliza de projetos, visa à inteireza do aluno, permitindo que ele venha a aprender de uma forma remodelada, de modo que se sinta o centro da educação, assumindo uma posição de controle no seu aprendizado. Partindo do princípio de que essa proposta visa dar autonomia ao aluno, de forma que ele possa tomar decisões, é notório que ele por sua vez fará uso de todas as habilidades e de sua criatividade para a resolução de uma questão, levantada para ser trabalhada e resolvida. O aluno por si só acaba por realizar ligações entre assuntos, levantar hipóteses, se utilizar da interdisciplinaridade e realizar pesquisas, o que pode contribuir para atingir o seu objetivo. As informações se veiculam dentro de um contexto que liga a outro, e mais outro, e assim informações são compartilhadas, conectadas a outras, e formam uma grande teia de conhecimentos, que no fim fazem sentido para o aluno. A autogestão acontece, dentro desta esfera, de forma natural, e permite ao aluno perceber-se como um ser promotor, com vistas a resultados que outrora ele nem imaginava que pudesse obter com seus próprios esforços. A partir dessa concepção, fica evidente que a escola passa a assumir um carácter social. Entenda-se nesta questão a abrangência da atuação da escola na vidado sujeito educando. A questão é abrangente, pois nesta visão nasce um novo aluno, de modo que também é preciso que nasça um novo professor. Ele passa, agora, a ser mediador de um trabalho diferenciado, que por conseguinte demanda conhecimentos que podem ainda não terem sido explorados. É interessante lembrar que a educação nessa ótica traz desafios e aprendizado recíproco. A escola, com toda a sua abrangência, deve estar envolvida no processo, pois proporcionar nova visão às metodologias requer a ampliação da questão de tempo e espaço, com vistas a garantir a integralidade do aluno. Neste contexto, cabe ressaltar uma organização que vai além do desejo do educador de promover uma educação remodelada. Contar com as políticas 7 públicas nestes quesitos mencionados é imprescindível, uma vez que a intenção é proporcionar educação integrada, o que envolve os meios sociais em que está inserido o aluno e suas relações estabelecidas, com base em direitos e deveres do Estado para com o sujeito. 1.1 PNE – Meta 6 Educação em Tempo Integral Nesta perspectiva educacional, a educação integral deve ser um recurso capaz de oferecer mais possibilidades aos alunos, as quais complementem sua necessidade de aprender. Acredita-se que a educação integral deva ser oferecida de forma igualitária a todos, embora ainda seja uma meta visivelmente difícil de atingir, devido à demanda de alunos. Segundo a revista Nova Escola (PNE, 2012) o Estado tenciona “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica”. É claro que isto se trata de uma meta que necessita se estruturar de forma consistente para que possa ser aplicada. O PNE – Plano Nacional de Educação, elenca na Meta 6 algumas estratégias a serem utilizadas para o desenvolvimento do processo. São elas (PNE, 2012): 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica pública em tempo integral, por meio de atividades de acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de professores em uma única escola; 6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário adequado para atendimento em tempo integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em situação de vulnerabilidade social; 6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material didático e da formação de recursos humanos para a educação em tempo integral; 6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamentos públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetários; 6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino; 6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro 8 de 2009, em atividades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino; 6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo integral, com base em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais; 6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional especializado complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições especializadas; 6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais. Observando estas estratégias na Mata 6, percebe-se que a proposta é interessante, e é do que se necessita para que possamos promover uma educação eficaz. Mas alcançar o objetivo ainda é o grande desafio, principalmente na rede pública, devido aos constantes percalços vivenciados na área educacional até o momento. TEMA 2 – EDUCAÇÃO INTEGRAL E CURRÍCULO Relacionado ao tempo dedicado para estudar, vale a pensar no estudo integral e em tempo integral coeso, que venha a ser coadjuvante no desenvolvimento dos conteúdos, fazendo uso de atividades livres. Quando se fala de atividades livres, é interessante que se tenha em mente um conjunto de práticas direcionadas que venham a ser complemento no desenvolvimento do raciocínio lógico, da interação interpessoal. Uma proposta que trata de horas ampliadas nas quais o aluno deve permanecer na escola precisa ser arquitetada de forma a surtir um efeito positivo na educação. Vale salientar que não se deve confundir esta oportunidade com preenchimento de tempo, por não ter onde deixar os alunos neste período. Ao contrário disso, o modelo de educação integral deve ser bem programado, para que não haja esgotamento por parte do estudante e nem esbanjamento de tempo a atividades programadas por parte da escola, sem um sentido real. Adotar modalidades de propostas que venham complementar o currículo e atrair a atenção dos alunos é significativo quando da implantação da educação integral. Atividades livres, como jogos, língua estrangeira, música e atividades com tecnologia, entre outras, que ficam a critério da instituição de ensino, são recomendadas e podem ser distribuídas conforme o interesse dos alunos. 9 Muitas são as discussões acerca do modo mais adequado de trabalhar atividades diferenciadas no período alternativo. Como trabalhar atividades diferenciadas no contra turno, que venham a ser complementares e significativas para o aluno, de maneiras a não o sobrecarregar? Jaqueline Moll, pedagoga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e ex-diretora de Currículos e Educação Integrada da Secretaria de Educação Básica do MEC, afirma que é arriscado indicar um só modelo de currículo para o período integral. Ela aponta: Nossa riqueza está na diversidade. Não é possível imaginar uma sociedade tão complexa como a nossa com um modelo único para todas as escolas. É preciso haver uma margem de autonomia para que cada uma desenvolva um método próprio, desde que ele obedeça às premissas como a do trabalho e planejamento coletivo dos professores, rompendo com fratura do tempo escolar de 50 em 50 minutos. E que a ampliação do tempo não seja apenas para replicar no outro turno o que o primeiro já se faz. (Moll, 2015, p. 24) Assim sendo, vale a pena refletir sobre a necessidade de estruturar a educação integral com base nas expectativas da comunidade escolar e no currículo praticado, de formas alternativas, que venham despertar as habilidades do aluno numa releitura minuciosa da realidade de cada educando. É necessário criar estratégias que possam contribuir e consolidar o processo. Exemplos clássicos podem ser elencados para corroborarcom esta proposta. A utilização do jogo de xadrez, um jogo milenar, é um grande aliado como trabalho paralelo, sendo um grande estimulador da interdisciplinaridade. Muitas das dificuldades de sala de aula, com concentração e cálculos, por exemplo, podem ser trabalhadas com o jogo. Ele exercita, entre outras habilidades e potencialidades, a concentração e a atenção, ajudando consideravelmente no desenvolvimento da cognição e da autonomia. TEMA 3 – INSPIRAR ATRAVÉS DE PROJETOS Retomando a ideia de projeto, entende-se que se trata de um plano de ação no qual são traçados metas e objetivos. Para Machado (2000, p. 6), projeto refere- se é um princípio que faz “referência ao futuro, à abertura para o novo e o caráter indelegável da ação projetada”. Projetar é a intenção de construir algo futuro, alcançar metas que, segundo o contexto histórico social de cada um, venham trazer significância ao sujeito. Machado (2000, p. 8) ainda afirma que “não é só próprio do ser humano não viver ser projetar, como o é fazer da própria vida um 10 projeto”. Assim sendo, entende-se que projetar é algo inspirador para que os seres humanos criem expectativas de coisas novas, de sonhos a se realizar, de metas a se alçar. Vale salientar que a vida humana se orienta por projetos, e que sem a possibilidade deles não há perspectivas de vida. Sendo assim, projetar é acreditar que o fim não é o fim, mas o início de algo novo. Machado afirma que sonhar faz parte do projetar. Para ele, não existe a intenção de realizar algo sem a capacidade de sonhar utopicamente, acreditando que este fato é fundamental para a produção de um projeto. De uma forma geral, sabe-se que tanto projetos quanto sonhos são vertentes antagônicas, mas necessárias para que o sujeito busque seus anseios. Entendendo este contexto, fica clara a importância de usar os projetos para inspirar os educandos. Utilizar-se de seus anseios é o melhor caminho para inspirá-los, fazendo uso de um plano pré-estabelecido, mas que se molde às expectativas do aluno. Projetar é sem dúvidas dar a possibilidade ao aprendente de expor suas ideias e suas experiências na execução de um plano devidamente elaborado, previamente articulado, com os objetivos traçados expostos de maneira clara e sutil. É, sem dúvidas, permitir que o educando não só caminhe pelo curso estabelecido, mas que tenha a possibilidade de reconfigurar os meios, por conta de seus interesses e ações, tendo a oportunidade de, se necessário elencar novas metas, compreendendo que nada é estático ou fixo, mas que o mundo dos projetos é vivo, ativo e possível de mudanças. Este movimento consiste no inspirar, oportunizando criatividade e liberdade de ação e de mudança. Este mecanismo de ação permite dar início a uma trajetória, e admite que o educando caminhe livremente por ela, criando meios através do uso de suas habilidades e potencialidades, produzindo resultados significativos. Poderia se dizer que a inteligência, nesta perspectiva, seria aguçada, dando vazão à capacidade de escolha nas possibilidades inferidas pelos projetos. Corroborando com esta ideia, Machado parafraseia Tihamer Toth: “Planta um pensamento e colherás um ato; Planta um ato e colherás um hábito; Planta um hábito e colherás um caráter; Planta um caráter e colherás um destino”. (Machado, 2000, p. 8). Projetar nada mais é do que permitir que o educando seja capaz de produzir autonomamente, sendo capaz de se ver como parte do processo, consciente da importância de sua colaboração para se atingir os objetivos traçados. 11 Concomitante com essa visão, é nítido que este trabalho leva o aluno a entender seu papel cidadão, ao lhe permitir ser parte de um todo, que envolve a coletividade, com uma multiplicidade de ideias. Acredita-se então que a possibilidade de ser participante de projetos, que o levem além das paredes de um ambiente escolar, garantindo a possibilidade de ser um sujeito atuante e contribuinte para planos que venham a abranger sua vida globalmente e coletivamente, o fazem exercer sua cidadania. Todos os seres humanos são seres sociais, que sentem a necessidade de coexistir socialmente com os demais. Sendo assim, se unem, planejam, projetam, traçam objetivos que contribuem para o benefício do todo. Dessa perspectiva, fica perceptível que projetar vai além de uma mera possibilidade de trabalho docente, pois trata-se de um recurso de desenvolvimento conjunto, para explorar habilidades e criatividades outrora adormecidas, que afloram em grupos sociais, com os quais o educando esteja envolvido. Neste contexto, é necessário pensar que esta ação passa do contexto educacional, abrangendo o contexto social dos envolvidos e tudo o que o permeia. Nesta linha de pensamento, acredita-se que o trabalho assim desenvolvido aguça alguns valores que possivelmente não estariam sendo levados em conta. Machado elenca seis fatores importantes, que ele caracteriza como valores a serem levados em conta quando trabalhamos com projetos. São eles: A cidadania, entendida não como uma mera inserção social em um projeto coletivo independente dos desejos do sujeito, mas como a construção de instrumentos de articulação entre os projetos individuais e coletivos; O profissionalismo, como um instrumento de dedicação entre as esferas do público e do privado nas relações de trabalho; a *tolerância, como um exercício ativo do reconhecimento do outro, que não busco traduzir em minha língua mas com quem quero me comunicar; a integridade, como uma garantia de abertura na negociação dos princípios e de proximidade entre o discurso e a ação; o equilíbrio entre os projetos de transformação e os valores a serem conservados; e a pessoalidade, como exigência de que a Educação tenha no centro de suas atenções o desenvolvimento integral do ser humano, da diversidade de projetos pessoais de existência. (Machado, 2000, p. 66) Embora se saiba a respeito, é pertinente pensar que tudo o que envolve a educação deve ser flexível e passível de um novo olhar e um novo repensar. Os projetos, e sua bem executada aplicação, contribuem com a educação desta era, que pode ser, sem sombra de dúvidas, uma educação eficaz, voltada ao aluno e aos seus interesses enquanto aprendente, participante e construtor de sua história. Construir esses saberes de forma coletiva é fundamental, pois a multiplicidade de saberes dinamiza a educação, que não é algo estanque, mas 12 sim um processo contínuo, no qual dúvidas geram perguntas e estas geram conhecimentos, que são produzidos a todo o momento. Para Demo (2002), “Aprender não é acabar com dúvidas, mas conviver criativamente com elas. O conhecimento não deve gerar respostas definitivas, e sim perguntas inteligentes”. Assim sendo, a pesquisa é fundamental para que os projetos aconteçam onde ocorre a construção e a reconstrução dos saberes, servindo de instrumento que favorece a consciência crítica de base inovadora que leva ao aprendizado constante e consciente. TEMA 4 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL O assunto a ser abordado neste momento, apesar de sua relevância, ainda é pouco discutido. Apesar disso, é notória sua importância quando se busca potencializar a educação de forma autônoma. Tratar de inteligência emocional, que é um conceito em psicologia que descreve a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles, é trabalhar com a captação do mundo através dos estímulos e da percepção, para que se tenha uma vida em equilíbrio. Assim sendo, observamos a importância de seu desenvolvimento entre educadores, para que venham a se utilizar dessa ferramenta no trato com os alunos. Entender o que acontece dentro de ser humano quando está em posição de escolher é tarefa delicada, uma vez que existe um forte contraponto entre razão e emoção. Para Golemam, que acreditaque a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos, entender as próprias emoções pode ser significativo na tomada de decisões. Segundo Goleman (2011, p. 32): Quando investigam por que a evolução da espécie humana deu à emoção um papel tão essencial em nosso psiquismo, os sociobiólogos verificam que, em momentos decisivos, ocorreu uma ascendência do coração sobre a razão. São as nossas emoções, dizem esses pesquisadores, que nos orientam quando diante de um impasse e quando temos de tomar providências importantes demais para que sejam deixadas a cargo unicamente do intelecto — em situações de perigo, na experimentação da dor causada por uma perda, na necessidade de não perder a perspectiva apesar dos percalços, na ligação com um companheiro, na formação de uma família. Cada tipo de emoção que vivenciamos nos predispõe para uma ação imediata; cada uma sinaliza para uma direção que, nos recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, provou ser a mais acertada. À medida que, ao longo da evolução humana, situações desse tipo foram se repetindo, a importância do repertório emocional utilizado para garantir a sobrevivência da nossa espécie foi atestada pelo fato de https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Compet%C3%AAncia_(psicologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sentimento 13 esse repertório ter ficado gravado no sistema nervoso humano como inclinações inatas e automáticas do coração. Assim sendo, descartar a valoração da emoção na tomada de decisões seria ingenuidade, uma vez que ela tem comprovadamente maior peso neste quesito. Neste sentido, compreender o valor das emoções no contexto de vida dos seres humanos é fundamental para que possamos compreender uma série de atitudes, outrora não entendidas. Daniel Goleman divide a inteligência emocional em duas vertentes que visam equilibrar a emoção e a razão: a primeira engloba as competências emocionais sociais, que dizem respeito à capacidade de um indivíduo de estar interligado ao meio social, e a segunda trata das competências emocionais pessoais, ou seja, condição em que o indivíduo está alinhado consigo mesmo. Nesta perspectiva, Goleman (2011) elenca cinco habilidades da inteligência emocional, que uma vez trabalhados levam o sujeito a produzir de forma emocionalmente equilibrada: Autoconhecimento emocional – reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; Controle emocional – lidar com os próprios sentimentos, adequando- os a cada situação vivida; Automotivação – dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal; Reconhecimento de emoções em outras pessoas – reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e Habilidade em relacionamentos interpessoais – interação com outros indivíduos utilizando competências sociais. Essas habilidades ainda podem ser subdivididas em duas seções, sendo as três primeiras consideradas habilidades intrapessoais e as duas últimas interpessoais. As habilidades interpessoais ainda podem surtir efeito nos seguintes aspectos (Goleman, 2011): Organização de grupos – habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea. Negociação de soluções – característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos. Empatia – é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum. Sensibilidade social – é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas. Entendendo que a vida dos seres humanos é envolta em relacionamentos e emoções, cabe aqui refletir sobre a importância do desenvolvimento da inteligência emocional para o crescimento harmonioso dos grupos sociais nos https://pt.wikipedia.org/wiki/Automotiva%C3%A7%C3%A3o 14 quais os seres humanos estão envolvidos, sendo sobremaneira responsáveis pelo alcance dos objetivos traçados, uma vez que essas habilidades aqui tratadas podem determinar cada ser humano. TEMA 5 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E A EDUCAÇÃO É valido salientar que a inteligência emocional é forte contribuinte no que diz respeito à capacidade dos sujeitos de desenvolver uma convivência harmônica através da valorização das competências socioemocionais do indivíduo. Sabe-se que as competências socioemocionais têm assumido um papel muito importante na escola, sendo fundamentais no mundo moderno. Lembrar que a escola deve ser um lugar em que aqueles que estão inseridos se sintam confortáveis em estar ali, sendo fundamental para o processo de ensino- aprendizagem. Sobre essa perspectiva, em que se leva em conta a questão socioemocional, Morim (2000, p. 31) afirma: Devemos compreender que existem condições bioantropológicas (as aptidões do cérebro/mente humana), condições socioculturais (a cultura aberta, que permite diálogos e troca de idéias) e condições noológicas (as teorias abertas) que permitem “verdadeiras” interrogações, isto é, interrogações fundamentais sobre o mundo, sobre o homem e sobre o próprio conhecimento. Desta forma, se percebe uma busca pelo conhecimento, na qual aquele que o busca o faz de forma integral, não dissociada. O termo integral, aqui utilizado, aparece na intenção de validar a ideia de que o sujeito aprendente é um ser que vive em constantes mudanças, inclusive emocionais. Mirian Rodrigues (2015. p. 15) afirma: “Aprender a ser feliz e uma relação ganha-ganha: os professores estarão aprendendo, as crianças também, e, assim, os relacionamentos interpessoais serão fortalecidos. E é a partir de transformações de posturas diante da vida que conseguiremos modificar a sociedade”. Dispor da utilização do desenvolvimento da inteligência emocional é um forte contribuinte para uma educação consistente, uma vez que a escola é um lugar onde a criação de vínculos é forte, pelo convívio, o que afeta diretamente no desenvolvimento afetivo e cognitivo dos envolvidos, aluno-professor. Trazendo em pauta os quatro pilares da educação, “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser”, elencados por Delors em relatório para a Unesco, direcionamos o pensamento educacional para 15 compreender que o aprender vai além da prática mecânica de execução com prática uma tarefa. É nítido que o educador deva compreender que o sujeito educando, entendido como ser autônomo, se utiliza de suas capacidades, sua curiosidade e sua habilidade criativa, que despertam uma atitude ligada à emoção, motivação e autoconfiança. É válido refletir que um aluno que demonstra indisciplina ou falta de vontade, por exemplo, vem de um contexto extraescolar diferenciado, mas cheio de experiências, vivências, linguagens, cultura e conhecimentos, uns bons, outros nem tanto, e que devem ser levados em conta no momento da construção da aprendizagem Segundo Goleman (2011, p. 58): Consideremos o poder que têm as emoções em perturbar o próprio pensamento. [...] É por isso que, quando estamos emocionalmente perturbados, dizemos: “Simplesmente não consigo raciocinar” — e por que a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender Desta forma, se compreende a importância de se analisar as características que definem a inteligência emocional. Todo educador que tenha a pretensão de praticar uma educação inovadora deve valorizar as múltiplas linguagens e os diferentes estilos socioemocionais, que ajudam a caracterizar o aluno em foco. Para aprender a lidar com as emoções desse aluno, é interessante o aparelhamento do contexto escolar, bem como da família, para compreender como trabalhar possíveis dificuldades advindas da inaptidão do aluno em lidarcom suas emoções e tudo que as envolve. Aqui cabe conhecer e trabalhar as cinco habilidades elencadas por Goleman. Uma vez tendo consciência dos seus estados emocionais, aprender a gerenciá-los faz parte da educação emocional, que é o que se pretende nesta reflexão. Rodrigues (2015, p. 22) afirma: Todos os comportamentos são aprendidos, assim como lidar com as emoções e ter bem-estar também pode ser alguns comportamentos que precisamos aprender para desenvolvermos educação emocional: exercícios de interiorização, respiração e relaxamento; rodas de conversa; escuta ativa; treinamento da assertividade; contestação de pensamentos automáticos negativos; otimismo aprendido; empatia; autocontrole; etc. Desenvolver novos caminhos com base nessas práticas citadas pode contribuir para a promoção de uma educação eficaz e autônoma. A educação emocional positiva está fundamentada em quatro pilares: 16 Perceber a emoção que essa sentindo em si/perceber a emoção no outro, nomear a própria emoção/nomear a emoção do outro, verbalizar adequadamente a própria emoção/verbalizar adequadamente a emoção do outro, decidir o que fazer, qual comportamento ter/perceber que o próprio comportamento interfere no comportamento do outro. (Rodrigues, 2015, p. 23) Neste contexto, desenvolver essas habilidades nos sujeitos educandos abre a possibilidade de mudar o cenário da educação atual, promovendo a autonomia e o gerenciamento do eu, proporcionando uma educação remodelada, que oportunize o aprendizado significativo que gera cidadania. 17 REFERÊNCIAS ANÍSIO TEIXEIRA. In: Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%ADsio_Teixeira>. Acesso em: 2 jul. 2019. CONCEITO: educação integral. Centro de Referência em Educação Integral. Disponível em: <https://educacaointegral.org.br/conceito/>. Acesso em: 2 jul. 2019. 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