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4 EDUCAÇÃO BASEADA EM PROJETOS

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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DE VOLTA PARA O FUTURO: 
EXPERIÊNCIAS INOVADORAS 
EM EDUCAÇÃO AO REDOR DO 
MUNDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Elayne Thays de Lara Sena 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Projetar é algo inerente à vida dos seres humanos, uma vez que isto 
significa de forma básica esforçar-se para que algo atinja seu objetivo pré-
estabelecido. Assim sendo, é comum que objetivos sejam traçados, metas 
definidas, além de uma série de outros quesitos julgados importantes para que 
nada fuja ao planejado e o objetivo seja alcançado com louvor. 
Em termos de educação, os projetos entram em cena na expectativa de 
minorar lacunas deixadas por dificuldades ao longo dos processos educacionais. 
Pensando em tudo o que já foi comentado anteriormente, percebe-se que esses 
aspectos vêm se unindo em prol de uma educação transformada e 
transformadora. 
Historicamente, a Educação por Projetos, ou ainda a Pedagogia de 
Projetos, surge em meio a um cenário tortuoso, que afligiu grandes pensadores, 
que vinham percebendo que a educação acontecia em moldes ditatoriais, inativos 
e improdutivos, uma vez que sua base calcânea era o entorpecido silêncio do 
aprendente. No Brasil, na década de 30, o movimento aparece fortemente, 
confrontando uma educação tradicionalista e descontextualizada, que por sua vez 
primava pelos interesses de todos, menos do aluno. Neste contexto histórico, já 
conhecido, surge a busca por focar a educação e com isso trabalhar com projetos 
que viessem a fazer algum sentido para o educando. 
Nomes como Pestalozzi, Fröebel, Montessouri, Decrolly e Dewey foram 
grandes expoentes para que este formato ganhasse espaço, em virtude de seu 
pensamento revolucionário, por contestarem a estagnação do formato 
educacional de seu tempo, deixando claro que a educação não era produto 
acabado, restrita à transmissão do conhecimento. Defendiam a tese de que o 
estudante deveria ser parte ativa do processo, e que a educação deveria surtir 
efeito em sua vida como um todo, caracterizando um processo de integração 
social. Ilusória para alguns, talvez ousada para outros, o importante é que seu 
ideal abriu caminho para novas e incessantes discussões acerca da forma como 
educamos. Dentre os nomes citados, é de vital importância ressaltar que a 
pedagogia por projetos foi idealizada por Dewey, que pensa a educação como 
algo que deveria compreender o presente do aluno e o meio no qual ele está 
inserido. A preocupação em tirar a educação dessa estagnação em que se 
encontrava movimenta muitos estudiosos da educação, que então entram em 
 
 
3 
cena, criticando fortemente os moldes vigentes, que não buscavam promover 
resultados merecidos pelo educando. Dentre os nomes desses questionadores, é 
impossível não citar Paulo Freire, que aparece na década de 60 com seu ideal de 
escola libertadora, e que realiza fortes análises, em suas obras, sobre a educação, 
mostrando que era um cárcere de ideias que subjugava o aluno à condição de 
receptáculo de meras informações desconectadas e sem sentido. Com um 
pensamento ousado e altamente crítico, Freire questiona o ato de educar, e com 
isso abre a oportunidade aos educadores de questionar a educação praticada. 
Este breve panorama tenciona mostrar que a luta pela transformação não 
é coisa da atualidade. É uma busca que vem se arrastando ao longo de décadas, 
e que já avançou significativamente, ainda que tenha muito a progredir. É nesta 
linha de pensamento que se destaca o trabalho com projetos, que vem abrir novos 
horizontes metodológicos, envolvendo uma educação global, integral, pensando 
o aluno em aspectos inerentes ao ser humano. 
TEMA 1 – QUEBRA DE PARADIGMAS: EDUCAÇÃO INTEGRAL 
Compreender a educação integral é de suma importância para se 
compreender a educação por projetos. De primeira mão, é preciso compreender 
que educação integral não é o mesmo que educação em tempo integral. De forma 
simplória, entenda-se que a segunda ideia, “educação em tempo integral”, refere-
se ao fato de o aluno ficar um período maior na escola, o que supostamente lhe 
permite uma “educação integral”. Quando usamos o termo “supostamente”, 
buscamos lembrar ao educador que na grande maioria dos casos, nas escolas 
atuais, isso infelizmente não acontece. Em conformidade com essa ideia, Galian 
afirma (2011): 
é preciso diferenciar a ampliação do tempo de permanência na escola 
da busca pela integralidade da formação do estudante. “Educação em 
tempo integral não é sinônimo de educação integral”, [...] na maioria das 
escolas públicas, a educação integral é vista apenas como uma forma 
de ocupar o tempo extra das crianças no ambiente escolar. 
Com base nesses pressupostos, é necessário compreender que a 
educação integral diz respeito a todo processo, nas suas mais variadas 
dimensões. Ele deve envolver a integralidade do ser em âmbitos físicos, 
intelectuais, emocionais, culturais e sociais que envolvem a vida do sujeito. É 
nesta perspectiva que acontece o choque de realidade, uma vez que nesta esfera 
busca-se desenvolver um cidadão totalizado e crítico. A escola nesta visão deve 
 
 
4 
promover a harmonização das experiências do aluno nos processos educativos, 
agregando vivências para ter como produto o aprendizado e o desenvolvimento 
como um todo, sem fragmentações. Ou seja, vai além da quantidade de tempo 
em ambiente escolar. Visa reorganizar a educação de forma a abranger as 
multiplicidades de tempo, espaço e conteúdo. 
Acredita-se que quem preconizou este formato educacional no mundo foi o 
professor José Pacheco1, na Escola da Ponte2, com sua metodologia inovadora 
de ensino, que visa um novo norte para a educação, tema deste estudo. Para ele, 
a educação não concedia o devido direito aos sujeitos educandos. Afirmava ainda 
que o método de trabalho, que se enraíza em normativas qualitativas, não garante 
aprendizado. Para Pacheco, o sistema tradicionalista, ainda vigente, está 
ultrapassado. Assim como Anísio Teixeira3, Paulo Freire e Rubem Alves, e tantos 
outros expoentes da luta por uma educação humanizadora, Pacheco acredita que 
esse sistema é mero reprodutor de conteúdos, engessando o aluno, limitando-o à 
condição de receptor cumulativo de informações sem sentido, o que culmina por 
desumanizar os educandos. 
1.1 Educação integral, um novo olhar educacional 
A educação integral é, neste contexto, uma forma de realizar mudanças 
significativas na educação, visando dar um real sentido ao ato de educar. Apesar 
 
1 José Francisco de Almeida Pacheco (10 de maio de 1951) é um educador, pedagogo e 
pedagogista, nascido na cidade do Porto em Portugal e grande dinamizador da gestão 
democrática na Educação. Defende uma escola sem turmas, sem ciclos, sem testes ou exames, 
sem reprovações, sem campainhas. Em meados de 2017 era já indutor de mais de 100 projetos 
para uma nova Educação no Brasil e colaborador voluntário no Projeto Âncora, que segue o 
mesmo método de ensino da “Escola da Ponte”. Uma escola liceal sem séries, sem prova, sem 
“aula” e focada na autonomia e protagonismo do aluno que ele próprio tinha sido o mentor, 
nos anos 70, no Norte de Portugal. (José Pacheco, 2019) 
2 A Escola Básica da Ponte ou Escola da Ponte - Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de 
Negrelos, popularmente referida apenas como Escola da Ponte, é uma instituição pública de 
ensino, localizada em Vila das Aves e São Tomé de Negrelos, em Santo Tirso, no distrito do Porto, 
em Portugal, que proporciona aprendizagens a alunos do 1.º e 2.º Ciclo, dos 5 aos 13 anos, entre 
o 1º e o 9º ano, cujo método de ensino se baseia nas chamadas Escolas democráticas e 
numa educação inclusiva. Assim como será igualmente a primeira escola, no contexto histórico 
mundial, a exercer a chamada educação integral. (Escola da Ponte, 2019) 
3 Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 — Riode Janeiro, 11 de março de 1971) 
foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro.[1] Personagem central na história 
da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento 
da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na 
capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Reformou o sistema educacional 
da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados 
signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova[2], em defesa do ensino público, 
gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, 
em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. 
(Anísio Teixeira, 2019) 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola
https://pt.wikipedia.org/wiki/Turmas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Prova_(educa%C3%A7%C3%A3o)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Exames
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reprova%C3%A7%C3%B5es&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Projeto_%C3%82ncora&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_de_ensino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_da_Ponte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Anos_70
https://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vila_das_Aves
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Tom%C3%A9_de_Negrelos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Tirso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_do_Porto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_democr%C3%A1tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_inclusiva
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_integral
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caetit%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/12_de_julho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1900
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_mar%C3%A7o
https://pt.wikipedia.org/wiki/1971
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiros
https://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%ADsio_Teixeira#cite_note-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920
https://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1930
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_dos_Pioneiros_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_p%C3%BAblico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Laico
https://pt.wikipedia.org/wiki/1932
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Distrito_Federal
https://pt.wikipedia.org/wiki/1935
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_do_Brasil
 
 
5 
de ser uma proposta que iniciou há décadas, trata-se ainda de algo inovador, pois 
à medida que a educação evolui, e a tecnologia modifica a vida das pessoas, a 
proposta tende a alinhar-se ao mundo moderno em termos de facilitadores, como 
suprimentos, para que se chegue ao resultado objetivado. 
Partindo da visão desacomodada de educação, entende-se que a proposta 
de uma educação integral contempla alguns fatores significativos. A educação 
integral (Centro de Referência em Educação Integral, 2019): 
 é uma proposta contemporânea porque, alinhada as demandas do 
século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos 
e responsáveis consigo mesmos e com o mundo; 
 é inclusiva porque reconhece a singularidade dos sujeitos, suas 
múltiplas identidades e se sustenta na construção da pertinência do 
projeto educativo para todos e todas; 
 é uma proposta alinhada com a noção de sustentabilidade porque se 
compromete com processos educativos contextualizados e com a 
interação permanente entre o que se aprende e o que se pratica; 
 promove a equidade ao reconhecer o direito de todos e todas de 
aprender e acessar oportunidades educativas diferenciadas e 
diversificadas a partir da interação com múltiplas linguagens, recursos, 
espaços, saberes e agentes, condição fundamental para o 
enfrentamento das desigualdades educacionais. 
 Desta forma, a educação integral vem quebrar significativamente alguns 
paradigmas educacionais, e permitir que o educador possa ressignificá-los. 
Reconceituar o ato de aprender é o primeiro passo que deve ser seguido em prol 
de uma reconstrução no trato com os conteúdos e metodologias a serem 
trabalhados. Permitir que o aluno, com suas amplitudes existenciais, seja o foco, 
em lugar do conteúdo, que supostamente ele terá a necessidade de aprender, é 
o que deve ser levado em conta. Permitir que o aluno seja o protagonista de sua 
educação faz parte de um processo que busca promover a educação integral, 
humanizadora, que tem como centro o aluno. A singularidade dessa proposta está 
no fato de que ela permite pluralidade em termos de metodologias e práticas, que 
visam somente o desenvolvimento das aprendizagens significativas para o aluno. 
De acordo com esse ideal, o Centro de Referência em Educação integral afirma 
(Centro de Referência em Educação Integral, 2019): 
a Educação Integral reconhece as crianças e os jovens como sujeitos de 
direito, atores sociais com expressão e linguagens singulares. São 
criadores e produtores de culturas próprias construídas na interação com 
seus próprios pares e no intercâmbio entre idades e gerações. Propostas 
de Educação Integral oportunizam tempo e espaço para a livre criação 
de suas culturas e valorizam e reconhecem saberes, fazeres e 
sentimentos expressados por meio do universo simbólico e artístico. 
https://educacaointegral.org.br/reportagens/a-escola-tem-se-assumir-enquanto-espaco-de-organizacao-nao-somente-de-permanencia/
https://educacaointegral.org.br/glossario/educacao-inclusiva/
https://educacaointegral.org.br/materiais/percursos-da-educacao-integral/
 
 
6 
 Assim sendo, a educação integral visa desfragmentar a educação 
normativa, reconhecendo o sujeito em sua totalidade e integralidade, se utilizando 
de variados recursos e atividades que possibilitem uma interação com sua cultura 
e experiências, na multidimensionalidade de seu ser. Para muitos, com o 
surgimento do pensamento liberalista houve uma ruptura no modo de pensar 
sobre o ser humano como aprendente, com suas habilidades agora em foco. Tudo 
o que o sujeito pode produzir o permite ser um sujeito histórico – construtor de 
seus conhecimentos e aprendizados, arquiteto de sua educação, na amplitude de 
suas potencialidades humanas. Assim sendo, a educação, que se utiliza de 
projetos, visa à inteireza do aluno, permitindo que ele venha a aprender de uma 
forma remodelada, de modo que se sinta o centro da educação, assumindo uma 
posição de controle no seu aprendizado. Partindo do princípio de que essa 
proposta visa dar autonomia ao aluno, de forma que ele possa tomar decisões, é 
notório que ele por sua vez fará uso de todas as habilidades e de sua criatividade 
para a resolução de uma questão, levantada para ser trabalhada e resolvida. O 
aluno por si só acaba por realizar ligações entre assuntos, levantar hipóteses, se 
utilizar da interdisciplinaridade e realizar pesquisas, o que pode contribuir para 
atingir o seu objetivo. As informações se veiculam dentro de um contexto que liga 
a outro, e mais outro, e assim informações são compartilhadas, conectadas a 
outras, e formam uma grande teia de conhecimentos, que no fim fazem sentido 
para o aluno. A autogestão acontece, dentro desta esfera, de forma natural, e 
permite ao aluno perceber-se como um ser promotor, com vistas a resultados que 
outrora ele nem imaginava que pudesse obter com seus próprios esforços. 
 A partir dessa concepção, fica evidente que a escola passa a assumir um 
carácter social. Entenda-se nesta questão a abrangência da atuação da escola na 
vidado sujeito educando. A questão é abrangente, pois nesta visão nasce um 
novo aluno, de modo que também é preciso que nasça um novo professor. Ele 
passa, agora, a ser mediador de um trabalho diferenciado, que por conseguinte 
demanda conhecimentos que podem ainda não terem sido explorados. É 
interessante lembrar que a educação nessa ótica traz desafios e aprendizado 
recíproco. A escola, com toda a sua abrangência, deve estar envolvida no 
processo, pois proporcionar nova visão às metodologias requer a ampliação da 
questão de tempo e espaço, com vistas a garantir a integralidade do aluno. 
Neste contexto, cabe ressaltar uma organização que vai além do desejo do 
educador de promover uma educação remodelada. Contar com as políticas 
 
 
7 
públicas nestes quesitos mencionados é imprescindível, uma vez que a intenção 
é proporcionar educação integrada, o que envolve os meios sociais em que está 
inserido o aluno e suas relações estabelecidas, com base em direitos e deveres 
do Estado para com o sujeito. 
1.1 PNE – Meta 6 Educação em Tempo Integral 
 Nesta perspectiva educacional, a educação integral deve ser um recurso 
capaz de oferecer mais possibilidades aos alunos, as quais complementem sua 
necessidade de aprender. 
 Acredita-se que a educação integral deva ser oferecida de forma igualitária 
a todos, embora ainda seja uma meta visivelmente difícil de atingir, devido à 
demanda de alunos. Segundo a revista Nova Escola (PNE, 2012) o Estado 
tenciona “oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta 
por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e 
cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica”. É claro que isto se trata 
de uma meta que necessita se estruturar de forma consistente para que possa ser 
aplicada. 
 O PNE – Plano Nacional de Educação, elenca na Meta 6 algumas 
estratégias a serem utilizadas para o desenvolvimento do processo. São elas 
(PNE, 2012): 
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica 
pública em tempo integral, por meio de atividades de acompanhamento 
pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de 
forma que o tempo de permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou 
sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas 
diárias durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da 
jornada de professores em uma única escola; 6.2) instituir, em regime de 
colaboração, programa de construção de escolas com padrão 
arquitetônico e de mobiliário adequado para atendimento em tempo 
integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em 
situação de vulnerabilidade social; 6.3) institucionalizar e manter, em 
regime de colaboração, programa nacional de ampliação e 
reestruturação das escolas públicas, por meio da instalação de quadras 
poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para 
atividades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, 
banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material 
didático e da formação de recursos humanos para a educação em tempo 
integral; 6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços 
educativos, culturais e esportivos e com equipamentos públicos, como 
centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, 
cinemas e planetários; 6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à 
ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas 
da rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de 
serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma concomitante e 
em articulação com a rede pública de ensino; 6.6) orientar a aplicação 
da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro 
 
 
8 
de 2009, em atividades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) 
das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante 
e em articulação com a rede pública de ensino; 6.7) atender às escolas 
do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de 
educação em tempo integral, com base em consulta prévia e informada, 
considerando-se as peculiaridades locais; 6.8) garantir a educação em 
tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 
4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional 
especializado complementar e suplementar ofertado em salas de 
recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições 
especializadas; 6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de 
permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada 
para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, 
esportivas e culturais. 
Observando estas estratégias na Mata 6, percebe-se que a proposta é 
interessante, e é do que se necessita para que possamos promover uma 
educação eficaz. Mas alcançar o objetivo ainda é o grande desafio, principalmente 
na rede pública, devido aos constantes percalços vivenciados na área educacional 
até o momento. 
TEMA 2 – EDUCAÇÃO INTEGRAL E CURRÍCULO 
Relacionado ao tempo dedicado para estudar, vale a pensar no estudo 
integral e em tempo integral coeso, que venha a ser coadjuvante no 
desenvolvimento dos conteúdos, fazendo uso de atividades livres. Quando se fala 
de atividades livres, é interessante que se tenha em mente um conjunto de 
práticas direcionadas que venham a ser complemento no desenvolvimento do 
raciocínio lógico, da interação interpessoal. Uma proposta que trata de horas 
ampliadas nas quais o aluno deve permanecer na escola precisa ser arquitetada 
de forma a surtir um efeito positivo na educação. Vale salientar que não se deve 
confundir esta oportunidade com preenchimento de tempo, por não ter onde 
deixar os alunos neste período. Ao contrário disso, o modelo de educação integral 
deve ser bem programado, para que não haja esgotamento por parte do estudante 
e nem esbanjamento de tempo a atividades programadas por parte da escola, 
sem um sentido real. 
 Adotar modalidades de propostas que venham complementar o currículo e 
atrair a atenção dos alunos é significativo quando da implantação da educação 
integral. Atividades livres, como jogos, língua estrangeira, música e atividades 
com tecnologia, entre outras, que ficam a critério da instituição de ensino, são 
recomendadas e podem ser distribuídas conforme o interesse dos alunos. 
 
 
9 
Muitas são as discussões acerca do modo mais adequado de trabalhar 
atividades diferenciadas no período alternativo. Como trabalhar atividades 
diferenciadas no contra turno, que venham a ser complementares e significativas 
para o aluno, de maneiras a não o sobrecarregar? 
Jaqueline Moll, pedagoga e professora da Faculdade de Educação da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e ex-diretora de Currículos e 
Educação Integrada da Secretaria de Educação Básica do MEC, afirma que é 
arriscado indicar um só modelo de currículo para o período integral. Ela aponta: 
Nossa riqueza está na diversidade. Não é possível imaginar uma 
sociedade tão complexa como a nossa com um modelo único para todas 
as escolas. É preciso haver uma margem de autonomia para que cada 
uma desenvolva um método próprio, desde que ele obedeça às 
premissas como a do trabalho e planejamento coletivo dos professores, 
rompendo com fratura do tempo escolar de 50 em 50 minutos. E que a 
ampliação do tempo não seja apenas para replicar no outro turno o que 
o primeiro já se faz. (Moll, 2015, p. 24) 
Assim sendo, vale a pena refletir sobre a necessidade de estruturar a 
educação integral com base nas expectativas da comunidade escolar e no 
currículo praticado, de formas alternativas, que venham despertar as habilidades 
do aluno numa releitura minuciosa da realidade de cada educando. É necessário 
criar estratégias que possam contribuir e consolidar o processo. Exemplos 
clássicos podem ser elencados para corroborarcom esta proposta. A utilização 
do jogo de xadrez, um jogo milenar, é um grande aliado como trabalho paralelo, 
sendo um grande estimulador da interdisciplinaridade. Muitas das dificuldades de 
sala de aula, com concentração e cálculos, por exemplo, podem ser trabalhadas 
com o jogo. Ele exercita, entre outras habilidades e potencialidades, a 
concentração e a atenção, ajudando consideravelmente no desenvolvimento da 
cognição e da autonomia. 
TEMA 3 – INSPIRAR ATRAVÉS DE PROJETOS 
Retomando a ideia de projeto, entende-se que se trata de um plano de ação 
no qual são traçados metas e objetivos. Para Machado (2000, p. 6), projeto refere-
se é um princípio que faz “referência ao futuro, à abertura para o novo e o caráter 
indelegável da ação projetada”. Projetar é a intenção de construir algo futuro, 
alcançar metas que, segundo o contexto histórico social de cada um, venham 
trazer significância ao sujeito. Machado (2000, p. 8) ainda afirma que “não é só 
próprio do ser humano não viver ser projetar, como o é fazer da própria vida um 
 
 
10 
projeto”. Assim sendo, entende-se que projetar é algo inspirador para que os seres 
humanos criem expectativas de coisas novas, de sonhos a se realizar, de metas 
a se alçar. Vale salientar que a vida humana se orienta por projetos, e que sem a 
possibilidade deles não há perspectivas de vida. Sendo assim, projetar é acreditar 
que o fim não é o fim, mas o início de algo novo. 
Machado afirma que sonhar faz parte do projetar. Para ele, não existe a 
intenção de realizar algo sem a capacidade de sonhar utopicamente, acreditando 
que este fato é fundamental para a produção de um projeto. De uma forma geral, 
sabe-se que tanto projetos quanto sonhos são vertentes antagônicas, mas 
necessárias para que o sujeito busque seus anseios. 
Entendendo este contexto, fica clara a importância de usar os projetos para 
inspirar os educandos. Utilizar-se de seus anseios é o melhor caminho para 
inspirá-los, fazendo uso de um plano pré-estabelecido, mas que se molde às 
expectativas do aluno. Projetar é sem dúvidas dar a possibilidade ao aprendente 
de expor suas ideias e suas experiências na execução de um plano devidamente 
elaborado, previamente articulado, com os objetivos traçados expostos de 
maneira clara e sutil. É, sem dúvidas, permitir que o educando não só caminhe 
pelo curso estabelecido, mas que tenha a possibilidade de reconfigurar os meios, 
por conta de seus interesses e ações, tendo a oportunidade de, se necessário 
elencar novas metas, compreendendo que nada é estático ou fixo, mas que o 
mundo dos projetos é vivo, ativo e possível de mudanças. Este movimento 
consiste no inspirar, oportunizando criatividade e liberdade de ação e de 
mudança. Este mecanismo de ação permite dar início a uma trajetória, e admite 
que o educando caminhe livremente por ela, criando meios através do uso de suas 
habilidades e potencialidades, produzindo resultados significativos. Poderia se 
dizer que a inteligência, nesta perspectiva, seria aguçada, dando vazão à 
capacidade de escolha nas possibilidades inferidas pelos projetos. 
Corroborando com esta ideia, Machado parafraseia Tihamer Toth: “Planta 
um pensamento e colherás um ato; Planta um ato e colherás um hábito; Planta 
um hábito e colherás um caráter; Planta um caráter e colherás um destino”. 
(Machado, 2000, p. 8). Projetar nada mais é do que permitir que o educando seja 
capaz de produzir autonomamente, sendo capaz de se ver como parte do 
processo, consciente da importância de sua colaboração para se atingir os 
objetivos traçados. 
 
 
11 
Concomitante com essa visão, é nítido que este trabalho leva o aluno a 
entender seu papel cidadão, ao lhe permitir ser parte de um todo, que envolve a 
coletividade, com uma multiplicidade de ideias. Acredita-se então que a 
possibilidade de ser participante de projetos, que o levem além das paredes de 
um ambiente escolar, garantindo a possibilidade de ser um sujeito atuante e 
contribuinte para planos que venham a abranger sua vida globalmente e 
coletivamente, o fazem exercer sua cidadania. Todos os seres humanos são seres 
sociais, que sentem a necessidade de coexistir socialmente com os demais. 
Sendo assim, se unem, planejam, projetam, traçam objetivos que contribuem para 
o benefício do todo. Dessa perspectiva, fica perceptível que projetar vai além de 
uma mera possibilidade de trabalho docente, pois trata-se de um recurso de 
desenvolvimento conjunto, para explorar habilidades e criatividades outrora 
adormecidas, que afloram em grupos sociais, com os quais o educando esteja 
envolvido. 
Neste contexto, é necessário pensar que esta ação passa do contexto 
educacional, abrangendo o contexto social dos envolvidos e tudo o que o permeia. 
Nesta linha de pensamento, acredita-se que o trabalho assim desenvolvido aguça 
alguns valores que possivelmente não estariam sendo levados em conta. 
Machado elenca seis fatores importantes, que ele caracteriza como valores a 
serem levados em conta quando trabalhamos com projetos. São eles: 
A cidadania, entendida não como uma mera inserção social em um 
projeto coletivo independente dos desejos do sujeito, mas como a 
construção de instrumentos de articulação entre os projetos individuais 
e coletivos; O profissionalismo, como um instrumento de dedicação entre 
as esferas do público e do privado nas relações de trabalho; a 
*tolerância, como um exercício ativo do reconhecimento do outro, que 
não busco traduzir em minha língua mas com quem quero me 
comunicar; a integridade, como uma garantia de abertura na negociação 
dos princípios e de proximidade entre o discurso e a ação; o equilíbrio 
entre os projetos de transformação e os valores a serem conservados; e 
a pessoalidade, como exigência de que a Educação tenha no centro de 
suas atenções o desenvolvimento integral do ser humano, da 
diversidade de projetos pessoais de existência. (Machado, 2000, p. 66) 
 Embora se saiba a respeito, é pertinente pensar que tudo o que envolve a 
educação deve ser flexível e passível de um novo olhar e um novo repensar. Os 
projetos, e sua bem executada aplicação, contribuem com a educação desta era, 
que pode ser, sem sombra de dúvidas, uma educação eficaz, voltada ao aluno e 
aos seus interesses enquanto aprendente, participante e construtor de sua 
história. Construir esses saberes de forma coletiva é fundamental, pois a 
multiplicidade de saberes dinamiza a educação, que não é algo estanque, mas 
 
 
12 
sim um processo contínuo, no qual dúvidas geram perguntas e estas geram 
conhecimentos, que são produzidos a todo o momento. 
Para Demo (2002), “Aprender não é acabar com dúvidas, mas conviver 
criativamente com elas. O conhecimento não deve gerar respostas definitivas, e 
sim perguntas inteligentes”. Assim sendo, a pesquisa é fundamental para que os 
projetos aconteçam onde ocorre a construção e a reconstrução dos saberes, 
servindo de instrumento que favorece a consciência crítica de base inovadora que 
leva ao aprendizado constante e consciente. 
TEMA 4 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 
 O assunto a ser abordado neste momento, apesar de sua relevância, ainda 
é pouco discutido. Apesar disso, é notória sua importância quando se busca 
potencializar a educação de forma autônoma. Tratar de inteligência emocional, 
que é um conceito em psicologia que descreve a capacidade de reconhecer e 
avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade 
de lidar com eles, é trabalhar com a captação do mundo através dos estímulos e 
da percepção, para que se tenha uma vida em equilíbrio. Assim sendo, 
observamos a importância de seu desenvolvimento entre educadores, para que 
venham a se utilizar dessa ferramenta no trato com os alunos. 
 Entender o que acontece dentro de ser humano quando está em posição 
de escolher é tarefa delicada, uma vez que existe um forte contraponto entre razão 
e emoção. Para Golemam, que acreditaque a inteligência emocional é a maior 
responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos, entender as próprias 
emoções pode ser significativo na tomada de decisões. 
 Segundo Goleman (2011, p. 32): 
Quando investigam por que a evolução da espécie humana deu à 
emoção um papel tão essencial em nosso psiquismo, os sociobiólogos 
verificam que, em momentos decisivos, ocorreu uma ascendência do 
coração sobre a razão. São as nossas emoções, dizem esses 
pesquisadores, que nos orientam quando diante de um impasse e 
quando temos de tomar providências importantes demais para que 
sejam deixadas a cargo unicamente do intelecto — em situações de 
perigo, na experimentação da dor causada por uma perda, na 
necessidade de não perder a perspectiva apesar dos percalços, na 
ligação com um companheiro, na formação de uma família. Cada tipo de 
emoção que vivenciamos nos predispõe para uma ação imediata; cada 
uma sinaliza para uma direção que, nos recorrentes desafios 
enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, provou ser a mais 
acertada. À medida que, ao longo da evolução humana, situações desse 
tipo foram se repetindo, a importância do repertório emocional utilizado 
para garantir a sobrevivência da nossa espécie foi atestada pelo fato de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Compet%C3%AAncia_(psicologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sentimento
 
 
13 
esse repertório ter ficado gravado no sistema nervoso humano como 
inclinações inatas e automáticas do coração. 
 Assim sendo, descartar a valoração da emoção na tomada de decisões 
seria ingenuidade, uma vez que ela tem comprovadamente maior peso neste 
quesito. Neste sentido, compreender o valor das emoções no contexto de vida dos 
seres humanos é fundamental para que possamos compreender uma série de 
atitudes, outrora não entendidas. 
 Daniel Goleman divide a inteligência emocional em duas vertentes que 
visam equilibrar a emoção e a razão: a primeira engloba as competências 
emocionais sociais, que dizem respeito à capacidade de um indivíduo de estar 
interligado ao meio social, e a segunda trata das competências emocionais 
pessoais, ou seja, condição em que o indivíduo está alinhado consigo mesmo. 
Nesta perspectiva, Goleman (2011) elenca cinco habilidades da inteligência 
emocional, que uma vez trabalhados levam o sujeito a produzir de forma 
emocionalmente equilibrada: 
Autoconhecimento emocional – reconhecer as próprias emoções e 
sentimentos quando ocorrem; 
Controle emocional – lidar com os próprios sentimentos, adequando-
os a cada situação vivida; 
Automotivação – dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou 
realização pessoal; 
Reconhecimento de emoções em outras pessoas – reconhecer 
emoções no outro e empatia de sentimentos; e 
Habilidade em relacionamentos interpessoais – interação com outros 
indivíduos utilizando competências sociais. 
 Essas habilidades ainda podem ser subdivididas em duas seções, sendo 
as três primeiras consideradas habilidades intrapessoais e as duas últimas 
interpessoais. As habilidades interpessoais ainda podem surtir efeito nos 
seguintes aspectos (Goleman, 2011): 
Organização de grupos – habilidade essencial da liderança, que 
envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a 
habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma 
cooperação espontânea. 
Negociação de soluções – característica do mediador, prevenindo e 
resolvendo conflitos. 
Empatia – é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos 
e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a 
canalizá-los ao interesse comum. 
Sensibilidade social – é a capacidade de detectar e identificar 
sentimentos e motivos das pessoas. 
 
 Entendendo que a vida dos seres humanos é envolta em relacionamentos 
e emoções, cabe aqui refletir sobre a importância do desenvolvimento da 
inteligência emocional para o crescimento harmonioso dos grupos sociais nos 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Automotiva%C3%A7%C3%A3o
 
 
14 
quais os seres humanos estão envolvidos, sendo sobremaneira responsáveis pelo 
alcance dos objetivos traçados, uma vez que essas habilidades aqui tratadas 
podem determinar cada ser humano. 
TEMA 5 – A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E A EDUCAÇÃO 
 É valido salientar que a inteligência emocional é forte contribuinte no que 
diz respeito à capacidade dos sujeitos de desenvolver uma convivência harmônica 
através da valorização das competências socioemocionais do indivíduo. 
 Sabe-se que as competências socioemocionais têm assumido um papel 
muito importante na escola, sendo fundamentais no mundo moderno. Lembrar 
que a escola deve ser um lugar em que aqueles que estão inseridos se sintam 
confortáveis em estar ali, sendo fundamental para o processo de ensino-
aprendizagem. 
 Sobre essa perspectiva, em que se leva em conta a questão 
socioemocional, Morim (2000, p. 31) afirma: 
Devemos compreender que existem condições bioantropológicas (as 
aptidões do cérebro/mente humana), condições socioculturais (a cultura 
aberta, que permite diálogos e troca de idéias) e condições noológicas 
(as teorias abertas) que permitem “verdadeiras” interrogações, isto é, 
interrogações fundamentais sobre o mundo, sobre o homem e sobre o 
próprio conhecimento. 
 Desta forma, se percebe uma busca pelo conhecimento, na qual aquele 
que o busca o faz de forma integral, não dissociada. O termo integral, aqui 
utilizado, aparece na intenção de validar a ideia de que o sujeito aprendente é um 
ser que vive em constantes mudanças, inclusive emocionais. Mirian Rodrigues 
(2015. p. 15) afirma: “Aprender a ser feliz e uma relação ganha-ganha: os 
professores estarão aprendendo, as crianças também, e, assim, os 
relacionamentos interpessoais serão fortalecidos. E é a partir de transformações 
de posturas diante da vida que conseguiremos modificar a sociedade”. 
 Dispor da utilização do desenvolvimento da inteligência emocional é um 
forte contribuinte para uma educação consistente, uma vez que a escola é um 
lugar onde a criação de vínculos é forte, pelo convívio, o que afeta diretamente no 
desenvolvimento afetivo e cognitivo dos envolvidos, aluno-professor. 
 Trazendo em pauta os quatro pilares da educação, “aprender a conhecer, 
aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser”, elencados por Delors em 
relatório para a Unesco, direcionamos o pensamento educacional para 
 
 
15 
compreender que o aprender vai além da prática mecânica de execução com 
prática uma tarefa. É nítido que o educador deva compreender que o sujeito 
educando, entendido como ser autônomo, se utiliza de suas capacidades, sua 
curiosidade e sua habilidade criativa, que despertam uma atitude ligada à emoção, 
motivação e autoconfiança. É válido refletir que um aluno que demonstra 
indisciplina ou falta de vontade, por exemplo, vem de um contexto extraescolar 
diferenciado, mas cheio de experiências, vivências, linguagens, cultura e 
conhecimentos, uns bons, outros nem tanto, e que devem ser levados em conta 
no momento da construção da aprendizagem 
 Segundo Goleman (2011, p. 58): 
Consideremos o poder que têm as emoções em perturbar o próprio 
pensamento. [...] É por isso que, quando estamos emocionalmente 
perturbados, dizemos: “Simplesmente não consigo raciocinar” — e por 
que a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões 
intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender 
 Desta forma, se compreende a importância de se analisar as características 
que definem a inteligência emocional. Todo educador que tenha a pretensão de 
praticar uma educação inovadora deve valorizar as múltiplas linguagens e os 
diferentes estilos socioemocionais, que ajudam a caracterizar o aluno em foco. 
Para aprender a lidar com as emoções desse aluno, é interessante o 
aparelhamento do contexto escolar, bem como da família, para compreender 
como trabalhar possíveis dificuldades advindas da inaptidão do aluno em lidarcom suas emoções e tudo que as envolve. Aqui cabe conhecer e trabalhar as 
cinco habilidades elencadas por Goleman. Uma vez tendo consciência dos seus 
estados emocionais, aprender a gerenciá-los faz parte da educação emocional, 
que é o que se pretende nesta reflexão. 
 Rodrigues (2015, p. 22) afirma: 
Todos os comportamentos são aprendidos, assim como lidar com as 
emoções e ter bem-estar também pode ser alguns comportamentos que 
precisamos aprender para desenvolvermos educação emocional: 
exercícios de interiorização, respiração e relaxamento; rodas de 
conversa; escuta ativa; treinamento da assertividade; contestação de 
pensamentos automáticos negativos; otimismo aprendido; empatia; 
autocontrole; etc. 
 Desenvolver novos caminhos com base nessas práticas citadas pode 
contribuir para a promoção de uma educação eficaz e autônoma. A educação 
emocional positiva está fundamentada em quatro pilares: 
 
 
16 
Perceber a emoção que essa sentindo em si/perceber a emoção no 
outro, nomear a própria emoção/nomear a emoção do outro, verbalizar 
adequadamente a própria emoção/verbalizar adequadamente a emoção 
do outro, decidir o que fazer, qual comportamento ter/perceber que o 
próprio comportamento interfere no comportamento do outro. 
(Rodrigues, 2015, p. 23) 
 Neste contexto, desenvolver essas habilidades nos sujeitos educandos 
abre a possibilidade de mudar o cenário da educação atual, promovendo a 
autonomia e o gerenciamento do eu, proporcionando uma educação remodelada, 
que oportunize o aprendizado significativo que gera cidadania. 
 
 
 
17 
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