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AULA 1 NEUROLIDERANÇA E NEUROCOACHING Prof. Fábio Eduardo da Silva 2 TEMA 1 – INTRODUÇÃO E CONCEITOS Nesta aula você vai encontrar: uma introdução ao tema, com os principais conceitos; os principais protagonistas da neuroliderança, com suas ideias; uma abordagem sobre as necessidades humanas básicas; concepções de ser humano relevantes ao tema; e um estudo sobre o sistema de recompensa (prazer) do cérebro e sua implicação para a neuroliderança 1.1 Contexto da neuroliderança e neurocoaching Os anos 1990 ficaram conhecidos como a década do cérebro porque se verificou um grande investimento e desenvolvimento das pesquisas neurocientíficas, principalmente nos EUA. Como resultado, surge “a nova visão do funcionamento cerebral em relação às mais diversas áreas do conhecimento: medicina, biologia, química, psicologia, psiquiatria, administração/gestão, ensino, etc.” (Souza; Franco, 2010, p. 1) Dentre os conhecimentos mais relevantes estão a memória e o aprendizado, o papel da emoção no raciocínio/julgamento e na tomada de decisão e os processos de autoengano, vieses e distorções que fazemos. Ainda a relação entre processos controlados/conscientes e aqueles automáticos/inconscientes, que teve um imenso avanço a partir dos anos 2000 (Souza; Franco, 2010; Callegaro, 2011). Disso surge uma: revolução na forma como uma empresa deve selecionar, treinar, motivar e organizar seu pessoal, de maneira a criar condições mais apropriadas para o aumento da satisfação e desempenho pessoais, liberação natural de criatividade, maior desempenho na dinâmica do processo empresarial e obtenção dos melhores resultados na formação de equipes. Tudo isso, traduzindo-se na maximização de retorno para os próprios funcionários, administradores e, principalmente, acionistas [...] A já quase consolidada visão da não existência de “talentos”, mais sim da necessidade de planejamento do que é chamado de prática deliberada, mostra sistematicamente que é possível conduzir pessoas a desempenhos excepcionais - sem que elas exibam comportamento prévio de qualidade significativa [...] A compreensão de que as estruturas de medo criam processos emocionais que estabelecem limites no desempenho individual e de equipe – e que estas estruturas são acionadas pela forma como a comunicação e a organização das tarefas ocorre na empresa –, conduz ao estabelecimento de melhores práticas de gestão e à criação de técnicas eficientes e não especializadas de intervenções individuais, voltadas, especificamente, à superação de bloqueios no ambiente de trabalho (Souza; Franco, 2010, p. 1). 3 O cérebro é o maestro de nossos pensamentos, sentimentos, ações, reações, de nosso comportamento em geral. O entendimento de como ele funciona traz evidente vantagem para se compreender o que motiva ou desmotiva as pessoas, como pensam e reagem sob certas circunstâncias e como fazem decisões. Por isso, esses conhecimentos têm sido amplamente aplicados à comunicação e aos negócios, melhorando processos e pessoas, maximizando suas eficácias. Vejamos alguns conceitos relacionados a essa aplicabilidade. 1.2 Conceitos: neurogestão e neuroliderança As aplicações da neurociência as áreas cruciais da gestão das organizações trazem conceitos como neuroliderança, neurovendas, neurocoaching, neuroaprendizado e, como não poderia faltar, neurogestão, que inclui todos os outros conceitos citados! Neurogestão examina os processos cerebrais que estão conduzindo os processos de gerenciamento em uma empresa. Isso vai do pessoal ao grupal (conjunto de funcionários) e ajuda a definir os processos subjacentes que definem o sucesso de vários métodos, ferramentas e processos (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 17) Neurogestão é a aplicação de neurociências cognitivas para a gestão e condução de organizações. Concentre-se: - nos processos neurológicos ligados à tomada de decisão; - no desenvolvimento da inteligência individual e organizacional (inteligência de equipes); - planejamento e gestão de pessoas (seleção, treinamento, interação grupal e liderança) (Braidot, 2014, p.29). A neurogestão explora os mecanismos intelectuais e emocionais da gestão de pessoas e das organizações como um todo. É tanto uma área acadêmica, desenvolvendo e aprimorando métodos de pesquisa quanto uma área pragmática, desenvolvendo técnicas para melhorar a “capacidade de visão de negócios, através do desenvolvimento da inteligência pessoal e organizacional” (Braidot, 2014, p. 29). Dessa forma, aplica-se ao desenvolvimento de habilidades de liderança (neuroliderança), à maximização da tomada de decisão e da seleção de pessoas, aos métodos de estimular a criatividade e a inovação, que podem ser decisivos na criação de novos produtos e serviços (Braidot, 2014). A neuroliderança relaciona-se tanto a questões pessoais quanto organizacionais. Busca compreender os processos cerebrais implicados nas relações entre os funcionários e seus/suas líderes, buscando otimizá-los (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 4 Gadhiri, Habermacher e Peters (2012, p. 6) propõem um modelo de neuroliderança, de forma simples: é a aplicação de métodos e conhecimentos da neurociência e como entendemos o funcionamento do cérebro humano em determinados contextos de negócios. Concretamente, podemos agora olhar para o cérebro e entender como os seres humanos estão agindo, reagindo e interagindo em contextos de negócios. Esse conhecimento pode nos fornecer insights e ferramentas claras para tornar os processos pessoais e o ambiente de trabalho mais amigáveis ao cérebro. Outro organizador influente nesse campo, David Rock, que, juntamente com Al Ringleb, organizou o livro Handbook of neuroleadership, com 52 colaboradores de cinco países, propõe que: Neuroliderança é um campo interdisciplinar que explora as bases neurais da liderança e das práticas de gestão, Trazendo efetivamente a interface entre as ferramentas da neurociência cognitiva social e da neurociência afetiva, da neurociência cognitiva, neurociência integrativa, neurobiologia, e outros domínios da neurociência, e as questões e teorias sobre liderança e as ciências de gestão social (Rock; Ringleb, 2013, p. 3). A neuroliderança desenvolve pesquisas para melhorar a efetividade da liderança nas instituições e organizações e, para Rock e Ringleb (2013, p. 4), ela concentra-se em 4 tópicos principais: [1] em como indivíduos resolvem problemas e tomam decisões em ambiente social, [2] como regulam suas emoções, [3] colaboram com e influenciam os outros, e [4] como facilitam mudanças; ou seja, neuroliderança envolve as pessoas, em oposição ao lado funcional dos negócios. 1.3 Líder na atualidade, coach e neurocoaching Nas arquiteturas organizacionais da atualidade, o poder está mais diluído e descentralizado, e o ambiente organizacional está mais incerto e ambíguo. A globalização amplia a influência de diversos atores sociais sobre as organizações, aumentando a complexidade organizacional e competitividade, com o consequente aumento da qualificação e nível de informação dos(as) colaboradores(as). Além disso, existe a necessidade de diálogo entre diferentes gerações e culturas (ex.: valores, idiomas, visões de mundo). Adiciona-se a isso a questão de maior mobilidade das equipes e diversidade de interesses. Isso tudo acrescido de uma turbulência ambiental/econômica faz aumentar ainda mais a importância do preparo e desenvolvimento da liderança no ambiente organizacional (Dutra, 2014). 5 Nesse contexto, vários aspectos se destacam na mudança de postura da liderança na organizações modernas: Aceitar e gerir a diversidade – aceitar as pessoas como elas são, mesmo quanto diferentes de nós. Delegar – confiar nas pessoas mesmo correndo riscos. Ouvir e comunicar-se – estimular e oferecer suporte às pessoas para que encontrem alternativas e caminhos paraalcançar objetivos e metas. Construir e sustentar parcerias – construir pontes e estradas na relação com contrapartes internos e externos (Dutra, 2014) A capacidade de muitas empresas de se adaptar às mudanças rápidas ainda parece fraca. Parte dessa dificuldade é atribuída a alguns líderes que não conseguem se despir do “velho traje organizacional”, porque não conseguem mudar seu modelo mental: A necessidade de os gerentes desenvolverem novas habilidades e atitudes com relação ao acompanhamento e à orientação de sua equipe de trabalho é fundamental para a condução das pessoas, que hoje esperam uma nova postura de seus "chefes", já que os requisitos exigidos para o desempenho das atividades das empresas modernas também mudaram. O gerente, como alguém que dá ordens, está sendo substituído pelo líder professor, facilitador e mentor. O que dá ordens têm todas as respostas e diz a todos o que e como fazer; o facilitador sabe como obter respostas de quem melhor as conhece - as pessoas que estão desenvolvendo seu trabalho. (Levek; Maschitzky, 2002, p. 33-34.) Na Era da tecnologia da informação e do conhecimento, a principal fonte de resultados na empresa não é a tecnologia, mas as pessoas. Assim, liderar implica respeitá-las, estimulá-las ao autogerenciamento, às equipes autônomas e núcleos empreendedores. Como gestor de pessoas, o novo líder precisa ser o exemplo daquilo que prega. Precisa perceber que cada pessoa é única, sistêmica, com habilidades, conhecimentos, atitudes diferentes. Deve conhecer instrumentos voltados ao aproveitamento e à valorização das capacidades dos integrantes das equipes. Precisa ser um contínuo aprendiz e estar voltado para o aprendizado organizacional. Precisa promover educação com alta qualidade, permitindo e estimulando a interação dos participantes na tomada de decisão. Necessita estar atento ao comportamento de seus colaboradores, buscando identificar seus pontos fortes e fracos, com o objetivo de estimular aqueles e desenvolver estes. Deve ser um estimulador de mudanças, de superações contínuas. Essa perspectiva sintoniza com a figura do coach (treinador), comprometido em apoiar seus colaboradores com vistas a alcançar resultados. Algumas de suas necessárias características incluem: paciência, relativa 6 imparcialidade, responsabilidade, credibilidade, maturidade, flexibilidade e empatia. Naturalmente, precisa gostar muito de trabalhar com pessoas (Levek; Maschitzky, 2002). De acordo com Levek e Maschitzky (2002), o papel do coach é: Liberar o potencial de cada indivíduo - as mudanças constantes exigem o aprendizado de coisas novas, direcionando o desenvolvimento de novos métodos de trabalho e de novas posturas diante dos clientes, buscando cada vez mais um diferencial de competitividade (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37). Nessa perspectiva, liderar é estimular líderes, mas, para isso, as pessoas precisa se desenvolver: Incentivar as pessoas para o autodesenvolvimento – São elas as principais responsáveis pelo seu plano de carreira e sua empregabilidade. A segurança pessoal e profissional vem do conhecimento daquilo sobre o que cada um tem maior interesse e aptidão, cabendo ao coach direcionar o indivíduo à realização de atividades que lhe tragam satisfação e que possam atingir seus objetivos (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37). Para incentivar pessoas ao autodesenvolvimento, é preciso ouvi-las: Ouvir e ensinar – a atenção e percepção sobre as necessidades das pessoas são fatores fundamentais para o coach. Muitos problemas podem ser identificados por quem escuta com a atenção. Além de estar atento ao conjunto de palavras, é necessário perceber os pedidos de ajuda, explícitos ou não. Portanto, o coach deve ouvir com interesse a verdade do colaborador, especialmente quando esta opinião for diferente da sua. O coach deve estar aberto para transmitir seus conhecimentos sem ter medo da "sombra", ou seja, sem temer que seus ensinamentos possam ser uma ameaça para si próprio. Assim, deve buscar constantemente o seu desenvolvimento, agregando cada vez mais conhecimentos, para estar atualizado e poder repassar essas informações aos demais (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37). Para incentivar pessoas, é necessário compartilhar responsabilidades com elas: Compartilhar responsabilidades – o coach deve assumir a responsabilidade de analisar, juntamente com o colaborador, as situações inesperadas, então redirecionar os planos de ação sempre que for preciso. A responsabilidade pela obtenção dos resultados nos projetos efetuados pelas pessoas deve ser calcada no compromisso mútuo. O comprometimento com as realizações deve ser compartilhado entre o coach e o indivíduo, uma vez que é imprescindível uma condução adequada nos projetos, bem como uma definição clara daquilo que é possível fazer (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37). É preciso orientá-las para enfrentar e crescer com as mudanças. Orientar as pessoas – o coach analisa, juntamente com as pessoas, a situações que interferem na condução dos projetos, e redireciona os planos de ação sempre que necessário. O direcionamento das 7 estratégias para a obtenção dos objetivos estabelecidos faz com que o coach oriente para melhor o caminho a seguir, tanto com relação ao desenvolvimento técnico necessário para o desempenho das atividades, quanto como relação ao comportamento eficaz para atender às necessidades do projeto. Nesse caso, terá que desenvolver algumas habilidades próprias para levar adiante os objetivos pretendidos, como determinação, paciência e persuasão. As pessoas, quando passam por um processo de mudanças, naturalmente tendem a resistir a um novo paradigma, por inúmeros motivos. O principal deles é o desconhecido, que afeta a rotina já estabelecida, e o aprendizado de coisas novas, que poderá interferir em sua “zona de conforto” e na acomodação a uma situação já conhecida. O coach precisa ter argumentações persuasivas que direcionem para a aceitação de novos paradigmas, diminuindo resistências e conduzindo esforços para que um novo modelo possa ser desenvolvido e implementado, de acordo com os objetivos traçados (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37-38). É necessário, ainda, reconhecer, valorizar, estimular e manter o principal capital das organizações, as pessoas! Saber reter talentos – o maior desafio das organizações é gerir seu capital intelectual, criando condições para seu constante desenvolvimento. O coach pode ajudar as pessoas na obtenção de novos conhecimentos, no desenvolvimento de novas habilidades e na busca do aprendizado constante. Assim, surgem os talentos que precisam ser mantidos da empresa para contribuir para as novas formas de trabalho e promover resultados competitivos no mercado. O coach pode estimular a trajetória do profissional, reforçando positivamente os comportamentos desejados e estimulando cada vez mais a busca da aplicabilidade de seus conhecimentos (Levek; Maschitzky, 2002, p. 37- 38). No contexto contemporâneo, o papel do(a) líder é bastante diferente: se, antes, voltava-se para a execução de tarefas, agora deve focar-se no estímulo ao autogerenciamento, com equipes autônomas e empreendedoras. Para isso, também as próprias organizações precisam modificar suas culturas e formas de gerenciamento humano (Levek; Maschitzky, 2002). Os líderes eficazes dos próximos anos deverão ter fortes valores e fé na capacidade de crescimento das pessoas. Serão capazes de construir uma imagem da sociedade na qual gostariam que suas organizações e eles mesmos vivessem. Serão visionários, acreditarão que podem e devem mudar o futuro e influenciarão nossas crenças com base no seu comportamento, como um eterno aprendiz (Levek; Maschitzky, 2002, p. 46). A nova liderança (gestão de pessoas) liberta-se da ideia de controlar pessoas para focar no desenvolvimento recíproco. A organização atua no desenvolvendo das pessoas (através daliderança), e essas contribuem decisivamente para o desenvolvimento das organizações. Nesse contexto, uma das facetas da liderança é o treinamento. O(a) líder é um(a) treinador(a), um(a) 8 coach. E se treinar as pessoas tendo como base a compreensão do funcionamento cerebral? E se realizar as tarefas acima com estratégias baseadas nesse conhecimento? Isso é um(a) neurocoach! Existem diferenças funcionais entre o coaching (treinamento) e a liderança. Por exemplo, esta ocorre mais no contexto coletivo e sob orientação de uma cultura e estrutura organizacional. O coaching pode ocorrer mais em situações individuais, sob demandas também pessoais. Mas, para nosso contexto, usaremos essas expressões praticamente como sinônimos. Praticamente todas as informações das pesquisas de neurociência aplicadas à gestão de pessoas podem ser usadas para liderar e para treinar (coach). Saiba mais Não é objetivo desta aula abordar o processo do coach e neurocoach(ing) de forma específica. Para aprofundar esse tema, indicamos a seguinte obra: ROCK D.; PAGE, L. J. Coaching with the brain in mind: foundations for practice [Coaching com cérebro em mente: fundamentos para a prática]. New Jersey: Wiley. 2009. TEMA 2 – PROTAGONISTAS DA NEUROCIÊNCIA NOS NEGÓCIOS Após termos apresentado alguns conceitos, vamos considerar de forma muito breve os principais protagonistas da neuroliderança. Alguns deles serão considerados posteriormente, quando modelos de neuroliderança forem apresentados. 2.1 Ned Herrmann Formou-se em física e música na Cornell University. Posteriormente, Herrmann tornou-se gerente de educação gerencial da General Electric, tendo como foco cuidar do programa de treinamento voltado a manter ou aumentar a produtividade, motivação e criatividade dos colaboradores. Dessa forma, sua carreira administrativa foi inspirada na criatividade e como esta pode ser desenvolvida. Com base nesse trabalho, desenvolveu um instrumento de dominância do cérebro (Herrmann Brain Dominance Instrument - HBDI), que se tornou popular no meio corporativo, como uma forma de avaliar tipos de personalidades. O instrumento de autorrelato tem 120 itens e classifica os participantes em quatro categorias. Seu modelo é evidentemente simplista, como 9 reconhece o próprio autor, indicando que são muitas as possibilidades de influência do cérebro durante o desenvolvimento. Apesar disso, considerando as pesquisas sobre lateralização cerebral, Hermann indicou que existe certa dominância sobre quais partes do cérebro usamos. O instrumento é visto como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal dirigido para auxiliar equipes a se compreender e aumentar sua produtividade e criatividade em atividades colaborativas (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Figura 1 – Os quatro modos de pensar de Herrmann Fonte: Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 57. O instrumento tem sido criticado por neurocientistas, por simplificar demais o funcionamento cerebral, em particular em relação à sua lateralização (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Saiba mais Seu modelo pode ser visto na Figura 1, e seu teste de 120 perguntas pode ser feito on-line, em língua inglesa. Acesse: THINKHERRMANN. Disponível em: <https://www.thinkherrmann.com/what-weve- done>. Acesso em: 26 jun. 2019. 2.2 Christian E. Elger Diretor do departamento de epistemologia do Hospital Universitário de Bonn, na Alemanha, Elger é neurocientista preocupado com ambientes corporativos. Publicou sobre neurofinanças e neurocomunicação e, em 2009, 10 escreveu o livro Neuroleadership, no qual apresenta 4 sistemas cerebrais básicos: o sistema de recompensa, emocional, de memória e de tomada de decisão. No livro, mostra como esses sistemas podem ser aplicados nas organizações, por meio de 7 princípios de neuroliderança: 1. O sistema de recompensa Ativar o sistema de recompensas dos funcionários é de importância central. O sistema de recompensa gera sentimentos de conforto, felicidade e satisfação e, mesmo que seja permanentemente estimulado, não leva à habituação. Fatores que influenciam isso são, por exemplo, ambiente de trabalho, relações harmoniosas com colegas de trabalho e gerenciamento, tipo e forma de tarefas e o design do local de trabalho. 2. Justiça e feedback O cérebro, como órgão social, busca a justiça e tentará ativamente manter esse equilíbrio. Se o cérebro e a pessoa se sentirem injustiçados, a pessoa tentará ativamente equilibrar isso e buscar a justiça (punição altruísta). O feedback positivo ativará o sistema de recompensa do cérebro e minimizará a necessidade de punição altruísta e um ambiente de trabalho mais positivo. 3. Influenciar através da informação O cérebro está continuamente fazendo avaliações de qualquer situação que encontre e disso também faz previsões. Isso significa que o cérebro está constantemente à procura de informações que possam ajudá-lo a fazer previsões que possam ser processadas de maneira positiva ou negativa. Isso significa que nas corporações o impacto de decisões importantes precisa ser bem pensado e como isso é comunicado é relevante para o impacto, enquanto a transparência precisa ser garantida em todos os momentos. 4. Cada cérebro é único Cada cérebro tem sua própria estrutura, formada a partir de uma série de redes interconectadas que foram estabelecidas a partir de experiências pessoais que diferem de pessoa para pessoa. Estes dão origem a uma infinidade de perspectivas e formas de processar informações individuais. Portanto, é essencial que os líderes entendam como seus funcionários operam e pensam. Isso requer boas habilidades de pessoas, compreensão de como os seres humanos operam e muito senso comum e um bom pressentimento. 5. Fatos estão ligados a emoções Toda a informação é processada e relacionada inconscientemente a vários estímulos emocionais. Emoções são a base dos seres humanos e, portanto, a informação só é processada em relação a essas emoções. Essa informação é então comparada e balanceada e salva de acordo com várias emoções - esse é um processo inconsciente. Recuperar essa informação é, portanto, em graus variados, uma experiência emocional e gerará vários comportamentos de acordo com essas emoções. Isso significa que os líderes precisam se concentrar nos aspectos emocionais da liderança para influenciar positivamente seus funcionários. 6. A experiência define nosso comportamento As experiências dão origem a emoções e comportamentos variados e, portanto, se pudermos aproveitar experiências positivas e formas de nos comportarmos, poderemos lidar melhor com as nossas tarefas e com mais eficiência. Isso também criará um ambiente melhor e melhor controle do estresse. Isso também garantirá que experiências positivas fazem parte do ambiente de trabalho e permitirão que os funcionários estabeleçam redes que se encaixem nas experiências positivas e nos respectivos comportamentos. 11 7. Dinâmica situacional O cérebro prefere comportamentos situacionais baseados em estímulos emocionais, em vez de comportamentos planejados. Isso significa que, em determinadas situações, as pessoas se comportarão de maneira diferente de acordo com a dinâmica emocional. Isso significa que, na liderança, as dinâmicas situacionais devem ser tratadas de forma intuitiva e permitidas para se desenvolverem e se desenvolverem espontaneamente, mas dinâmicas descontroladas precisam ser evitadas através de um bom planejamento e forte compreensão emocional do poder emocional e da dinâmica potencial de certas situações. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012) 2.3 Gerald Hüther Neurobiólogo alemão que publicou livros e artigos sobre o cérebro e sua implicação para a liderança e administração de empresas. Hüther focou ou seus escritos, principalmente na língua alemã, no que chamou de liderança de apoio. Desenvolveu uma perspectiva sobre os vários aspectosdas organizações que são necessários para um ambiente de trabalho de apoio. Também sobre as características que o líder deve ter para conseguir desenvolver esse ambiente. Um líder de apoio precisa focar no desenvolvimento do potencial de seus colaboradores em vez ser autoritário e repressivo, comportamentos que estimulam uma atmosfera negativa de medo e de incerteza. As orientações de Hüther para que o líder criar um ambiente de trabalho neurobiologicamente adequado, de apoio são as seguintes: Criar novos desafios sistematicamente – para manter cérebros criativos e funcionando de forma ótima é importante mudanças regulares na organização e/ou nos departamento. “Isso garantirá melhores cérebros nos negócios”. Criar conhecimento corporativo de rede, compartilhado informações de forma colaborativa entre os departamentos. Desenvolver uma cultura de erro positivo – considerando erros como oportunidade de aprendizado e não de punição, o que gera medo e insegurança. Criar espaço para experiências (emoções) positivas – através do desenvolvimento de relacionamentos sólidos, através de elogios, respeito, agradecimentos e comportamentos de apoio. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012) Segundo Hüther, o líder de apoio tem três características: Eles[as] incentivam os funcionários a assumir novas tarefas e desafios. Isso é para motivar os funcionários em um nível mais emocional, isso é especialmente importante para os funcionários que não têm coragem ou motivação. Isso pode significar mudar as atitudes básicas de alguns desses funcionários e esses funcionários “improdutivos” precisam ser tratados com respeito. Eles[as] incentivam os funcionários a lidar com tarefas e problemas e a confiar neles para encontrar e criar suas próprias soluções. Isso significa que a administração também deve ter coragem suficiente para confiar em seus próprios funcionários. 12 Eles[as] inspiram seus funcionários e os ajudam a desenvolver motivação para suas funções e tarefas. Isso também significa que a gerência e os líderes são capazes de manter sua própria motivação, mas também poder continuar transmitindo isso para seus funcionários. Um líder que vive esses princípios vê os funcionários menos como recursos, mas mais como um potencial a ser desenvolvido. Essa forma de liderança requer, por necessidade, tolerância, coragem e confiança em si mesmo e nos outros. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 58) Para Hüther, lidar com as fragilidades humanas através de sanções, pressões e estruturas hierárquicas é abordagem que vai certamente se tornar obsoleta (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 2.4 David Rock Criou em 2006, com Jeffrey Schwartz, a expressão neuroliderança (neuroleadership). Rock criou o Instituto de Neuroliderança (Neuroleadership Institute), integrando pesquisadores e especialistas em desenvolvimento pessoal. Escreveu muito sobre a importância de compreender o cérebro para otimizar o trabalho. Com Al Ringngleb, organizou um manual de neuroliderança, o livro Handbook of Neuroleadership (Manual de neuroliderança), no qual explora os seguintes temas: o campo da neuroliderança, tomada de decisão e resolução de problemas, regulação das emoções, colaboração com os outros, facilitação de mudança e estudos de casos. Seu livro também apresenta o modelo SCARF, que considera o cérebro voltado a ampliar e manter recompensas (via sistema de recompensa) e evitar experiências opostas, negativas (Rock; Ringleb, 2013). SCARF é a sigla em inglês das palavras, Status, Certainty, Autonomy, Relatedness, Fairness (“status”, “certeza”, “autonomia”, “relacionamento”, “justiça”). Essas temáticas são trabalhadas em seu modelo para que o ambiente organizacional se adeque ao melhor funcionamento cerebral e, por conseguinte, ao melhor desempenho dos(as) colaboradores(as) (Ghadiri; Habermacher, 2012; Rock; Ringleb, 2013). 2.5 Srinivasan Pillay Psiquiatra formado pela Escola de Medicina de Harvard, onde atua como professor assistente, Pillay é neurocientista e inovador de tecnologia baseada no cérebro. Docente em programas de educação executiva da Escola de Negócios Harvard. Fundador do Grupo NeuroBusiness, reconhecido como um dos 20 melhores líderes em treinamento de liderança do mundo, ele desenvolveu a mais 13 detalhada abordagem da aplicação dos conhecimentos do cérebro para a liderança e coaching. Seu principal livro, Seu cérebro e negócios (Your Brain and Business) apresenta sua abordagem, que inclui os seguintes temas (Pillay, 2011): Pensamento positivo e negativo; Inteligência social e relações efetivas; Inovação e intuição; De ideias a orientação de ação; Da orientação à ação para a mudança; Treinando regiões cerebrais; Coaching processos cerebrais. O modelo de Pillay (2011) inclui abordagens para lidar com regiões ou processos específicos do cérebro, por exemplo, com a amígdala, a memória de curto prazo, os gânglios da base e o sistema de recompensa, o corpo caloso, entre outras. É uma abordagem detalhada focada no funcionamento cérebro e de como pode ser estimulado para objetivos específicos. Para isso, o pesquisador usa de conhecimento neurocientífico e de sua experiência clínica de psiquiatra. Em síntese, seu modelo prevê (Ghadiri; Habermacher, Peters, 2012, p. 62): Identificar o estado mental (por exemplo, medo); Descrever isso em termos de regiões do cérebro e ativação; Intervenção baseada em pesquisas em regiões cerebrais em estágio anterior. 2.6 Argang Ghadiri, Andreas Habermacher e Theo Peters Ghadiri, Habermacher e Peters (2012) revisam vários modelos teóricos em seu livro Neuroliderança: uma jornada através do cérebro para líderes empresariais (Neuroleadership: a journey through the brain for business leaders). Baseando-se no trabalho de Klaus Grave, um dos fundadores da neuropsicoterapia, esses pesquisadores apresentam uma abordagem que explora quatro necessidades psicológicas humanas centrais da natureza humana e sua aplicação para o desenvolvimento pessoal e organizacional. Grave (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012) se baseia fortemente na teoria do self (eu) cognitivo- experiencial de Seymour Epstein. Se essas necessidades não forem obtidas, produzem prejuízos na saúde mental e no bem-estar das pessoas. São elas: 14 A necessidade de ligação e pertencimento; A necessidade de orientação e controle; A necessidade de autoestima e a sua proteção e desenvolvimento; A necessidade de prazer e evitar a dor. Figura 2 – As quatro necessidades humanas básicas Fonte: Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 72. As necessidades estão interligadas, sendo que a satisfação de uma influencia as outras. No entanto, como ativam diferentes regiões cerebrais, precisam ser consideradas também de forma individual. O reconhecimento, avaliação e trabalho com essas necessidades produzem um ambiente organizacional adequado para o cérebro, que é a proposta dos autores. A seguir vamos considerar essas quatro necessidades humanas. TEMA 3 – NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS As pesquisas sobre as necessidades humanas não são conclusivas. Assim, o que apresentaremos não encerra a questão, tampouco cobre todos os estudos sobre esse tema. Trata-se de um recorte dentro do contexto das pesquisas de neuroliderança. A importância do tema é que, se essas necessidades forem supridas, ou ao menos consideradas com atenção no ambiente organizacional, as pessoas poderão melhor desenvolver suas atividades. 3.1 Conexão, pertencimento Nós, humanos, temos grande necessidade de ligação e apego uns com os outros, o que tem sido amplamente estudado pela neurociência. Essa necessidade ocorre desde o começo, após nosso nascimento, deixando marcas importantes em nosso cérebro (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 15 Isso significa que nossas percepções, comportamentos e reações emocionaise motivações podem ser estabelecidas muito cedo na vida. Isso está diretamente ligado à disponibilidade de uma figura de apego, que geralmente é um dos principais cuidadores, para o desenvolvimento social e emocional normal. Se este não for o caso, isso terá uma influência negativa no cumprimento dessa necessidade de apego. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 72) John Bowlby (1988) desenvolveu estudos seminais nos anos 1950, que foram confirmados por Mary Ainsworth. Esses estudos foram criticados naquele momento histórico, mas atualmente contam com forte base empírica. A teoria atual de conexão propõe quatro padrões de apego que podem ser considerados em comportamentos de adultos: seguros, evitativos, ambivalentes e desorganizados (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Animais foram utilizados em estudos sobre o apego, por exemplo, numa pesquisa clássica, na qual chimpanzés bebês foram mantidos solitários e apresentaram reações de estresse e comportamentos distorcidos. Mas, se o modelo de macaco adulto, feito de aço e recoberto de pele (simulando a mãe macaca), era colocado na gaiola, o macaquinho filhote permanecia muito tempo abraçado nele, o que produziu uma melhoria em seu comportamento: O hormônio que foi descoberto para influenciar fortemente isso é o chamado hormônio da ligação ocitocina. A ocitocina é liberada em grandes quantidades em mulheres durante o trabalho de parto e é passada para o recém-nascido em grandes doses em sua primeira sucção de leite materno [...]. Este é o primeiro impulso inicial para a ligação entre mãe e filho imediatamente após o parto. A ocitocina também tem sido pesquisada em comportamentos de acasalamento [...] como um “hormônio do vínculo” ou “hormônio do amor”, [...] Embora essas alegações possam ser exageradas, isso está fortemente implicado na ligação e no desejo sexual. (Carmichael et al., 1987; Palmer, 2002, citados por Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 73) A oxitocina também se correlaciona com a experiência de confiança, a qual também está associada à ligação entre as pessoas. Kosfeld et al. (citados por Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012) aumentaram o comportamento de confiança de participantes através de um spray nasal com oxitocina. O estudo foi confirmado por Kosfeld (2005), que observou comportamento de maior confiança, coesão, harmonia e tranquilidade em grupos teste que receberam oxitocina, em contraste com o grupo controle que mostrou comportamento agressivo e defensivo. Especialmente no início de um novo emprego, quando as inseguranças são mais altas, a importância de uma pessoa de apego também é maior. A pessoa de referência não precisa necessariamente ser o gerente ou líder, pode ser um membro da equipe, um mentor formal ou uma pessoa de contato em Recursos Humanos. Em algumas corporações maiores existem programas de mentoring específicos, mas isso não precisa ser 16 formalmente organizado e pode ser simples como um “tio” em uma equipe de projeto. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 73) 3.2 Orientação e controle Todos nós precisamos de orientação e controle, o que na prática representa o intento que temos de projetar e desenvolver o nosso próprio ambiente. É uma necessidade básica de controlar nosso ambiente para criar uma área pessoal e evitar o controle externo. Porém alguma forma de controle externo, em particular na forma de orientação é também importante (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Isso permite que uma pessoa seja capaz de saber onde está e para onde está indo - para saber onde nos relacionamos com o esquema maior das coisas. Isso é particularmente importante nas organizações e quando precisamos alcançar determinados objetivos. Precisamos saber onde estamos e para onde estamos indo - isso também nos ajuda a nos sentir no controle e a sermos capazes de avançar proativamente. Podemos ver isso como uma necessidade existencial para o controle de nosso ambiente e, de fato, nosso futuro e é por isso que os funcionários têm a motivação e a necessidade fundamental de saber sobre o que está acontecendo, sobre as mudanças e direcionamentos que uma empresa está tomando. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 73) Se uma dada situação é obscura e ambígua, teremos uma reação negativa em nosso sistema límbico ou das emoções, em particular na amígdala (principal estrutura responsável pelas emoções). Se conseguimos controlar essa reação de estresse, estaremos estimulando nosso circuito de recompensa (de prazer) e protegendo nossa memória e aprendizado. Mas, se não tivermos sucesso, o estresse vai desestabilizar nossos circuitos neurológicos e criar um ciclo negativo, um circuito de condicionamento, e um determinado gatilho negativo poderá ser ativado por estímulos não relacionados. Isso pode nos levar a um condicionamento de medo de situações desconhecidas, ou seja, teremos um aumento de estímulos negativos possíveis e uma redução de nossa capacidade de lidar com eles (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 3.3 Proteção e desenvolvimento da autoestima Diferente das necessidade anteriores, a necessidade de autoestima é especificamente humana. Estamos continuamente buscando aumentá-la e protegê-la. É por meio das interações interpessoais que construímos nossa autoimagem e nosso autovalor, ou o valor que atribuímos a nós mesmos(as). De acordo com Ghadiri, Habermacher e Peters (2012, p. 75), 17 Algumas pessoas, com baixa autoestima, parecem evitar todas as ações que possam levar a uma maior autoestima. Isso pode ser o resultado de experiências dolorosas anteriores que levaram a reações defensivas e a uma inibição de assumir novas tarefas e desafios que poderiam potencialmente levar a outro sentimento de insuficiência e, consequentemente, diminuir ainda mais a autoestima. Isso pode ser posicionado como uma estratégia para, pelo menos, preservar a autoestima, evitando comportamentos de risco que possam prejudicá-lo ainda mais. Isso, por si só, ilustra a complexidade e a individualidade de tais experiências, que podem ser baseadas em todo um esquema de experiências anteriores. A baixa autoestima pode também ser compensada por meio de outras necessidades básicas, por exemplo, o aumento do controle e da descrição precisa de como as regras devem ser executadas, ou seja a orientação (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 3.4 Maximização do prazer e evitação da dor A lógica aqui é simples: buscamos aumentar o prazer e evitar experiências perigosas, dolorosas, desagradáveis. Segundo Ghadiri, Habermacher e Peters (2012, p. 76), Nossa experiência ao longo do tempo deu origem a toda uma rede de gatilhos e associações, em sua maioria inconscientes, que estão ligados a experiências positivas ou negativas e a prazer e dor, respectivamente. Essas experiências subjetivas irão colorir nossa visão do mundo. Esta é claramente uma área subjetiva e não objetiva. Avaliação de estímulos novos no cérebro se dá pela comparação a estímulos anteriores, ou seja, baseados em nossa experiência prévia. É o sistema das emoções, juntamente com outras estruturas cerebrais, que atua como uma central de avaliação de estímulos. O resultado dessa avaliação influencia continuamente nosso comportamento, se relacionando com o sistema de recompensa (prazer) quando a avaliação for positiva, ou ao stress e à ansiedade, no caso de avaliação oposta (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Essas quatro necessidades básicas são, segundo Ghadiri, Habermacher e Peters (2012, p. 7), os pilares da neuroliderança, “porque somente cumprindo e mantendo as necessidades básicas em harmonia o cérebro de uma pessoa pode operar com eficiência e usar todo o seu potencial”. Ainda segundo esses autores, Para alcançar a harmonia entre as necessidades básicas, podemos usar instrumentos e ferramentas de desenvolvimento organizacional, desenvolvimento de pessoal e práticas de liderança para projetarum ambiente amigável e individualista para os funcionários. Isso colocará os 18 cérebros dos funcionários em um estado ideal para um ótimo desempenho. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 7) TEMA 4 – CONCEPÇÕES DE SER HUMANO Tendo observado alguns conceitos, protagonistas da neuroliderança e ainda algumas necessidades básicas, passemos a um breve resgate de perspectivas sobre o ser humano, as quais comporão o panorama da neuroliderança. 4.1 Ser humano econômico Para falarmos sobre a perspectiva econômica do ser humano, precisaríamos considerar teóricos como Hobbes, Maquiavel, Smith e Taylor. Como esse curto texto não tem tanto fôlego, vamos considerar apenas a Teoria da escolha racional, de Lionel Robbins, que considera o ser humano decidindo racionalmente em busca de aumentar sua própria utilidade, ou sua riqueza pessoal (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 4.2 Ser humano social Contrapondo-se à perspectiva de Taylor, a qual entendia que o homem é uma máquina e, portanto, deveria ser controlado para que produzisse mais, surge, no começo dos anos de 1930, o movimento de relações humanas. Esse movimento resgatou o aspecto social dos trabalhadores e trabalhadoras. A interação interpessoal passou a ser considerada como importante fator em termos da produtividade, a qual deixa de ser entendida como um mecanismo mecânico. Ela vinha de dentro das pessoas, de uma busca por satisfação, que gerava motivação e, consequentemente, aumento da produtividade (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). Os estudos Hawthorne, desenvolvidos entre 1924 e 1930 na Western Electric Company, Hawthorne, Chicago, foram cruciais para o movimento de relações humanas. Esses estudos buscaram verificar se fatores ambientais, como a iluminação e a limpeza dos locais, poderiam aumentar a produtividade. Os resultados foram surpreendentes. Os fatores estudados não aumentaram a produtividade, mas sim o fato de os trabalhadores e trabalhadoras estarem sendo pesquisados. Durante a pesquisa, a produtividade aumentou, mas quando o 19 estudo foi concluído, ela reduziu ao padrão anterior (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). O entendimento mais profundo é que o interesse pelos trabalhadores também impulsionava a produtividade e, em resumo, os funcionários que acreditavam que a gerência se importava melhoravam sua motivação e produtividade. Além disso, os estudos também destacaram como os trabalhadores cooperam uns com os outros. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 10) Apesar das várias críticas que seguiram o estudo e as possíveis interpretações diversas dos resultados, eles abriram um caminho para outros estudos e uma nova perspectiva de ser humano. Ficou evidente que existem vários fatores que influenciam a motivação, a satisfação, o desempenho e produtividade, e ainda adequação dos funcionários e funcionárias a uma determinada atividade. O ser humano passou a ser observado em seu aspecto social, respondendo a estímulos sociais. “O trabalhador era agora uma máquina social” (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 10). 4.3 Ser humano autoatualizado A perspectiva de ser humano autoatualizado nos remete ao trabalho do psicólogo Abraham Maslow, logo após a Segunda Guerra Mundial. Sua perspectiva, que em momento posterior foi base para psicologia positiva, considera o ser humano como uma busca pelo seu próprio desenvolvimento, satisfazendo desde suas vontades mais básicas até aquelas mais elevadas, como a espiritualidade e a moralidade. Maslow propôs uma pirâmide de necessidades, a qual se tornou referência de seu trabalho. Essa pirâmide implica que as necessidades devem ser supridas em ordem ascendente, ou seja, para que uma necessidade qualquer seja passível de ser cumprida, as necessidades anteriores já devem ter sido também contempladas. 20 Figura 3 – Pirâmide de necessidades de Maslow Fonte: Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 11. Baseada amplamente em sua própria experiência e mesmo não sendo avaliada científica cientificamente, a perspectiva de Maslow tornou-se uma referência clássica na literatura de gestão e nos livros de autodesenvolvimento. 4.4 Ser humano complexo Os modelos apresentados até o momento se basearam em motivações ou limitações específicas, como o ser humano dirigido pelo dinheiro, por necessidades sociais ou por necessidades específicas. Na perspectiva de Edgar H. Shein (citado por Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012), existe uma complexidade de fatores que medeiam o comportamento humano. Shein, considerado um dos pais do desenvolvimento organizacional moderno e autor da expressão cultura corporativa, propõe a perspectiva de homem complexo: tem diferentes motivos que podem mudar dependendo da situação. Estes são influenciados pela atual situação pessoal e estágio de desenvolvimento. Isso será diferente de pessoa para pessoa. Com base na experiência organizacional, cada funcionário é capaz de aprender e aplicar esse aprendizado a novas situações. Os funcionários reagirão de maneira diferente às estratégias e motivos de gerenciamento. Isso significa que não há uma estratégia de gerenciamento que possa levar à satisfação e felicidade para todas as pessoas o tempo todo. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 11) Nessa perspectiva, o ser humano está sempre em processo de mudança, adaptando-se ao ambiente e às situações. Um aspecto importante dessa abordagem é que as motivações de curto prazo podem ser modificadas de acordo com as circunstâncias externas, porém elas não são eliciadas por um único motivo principal (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). 21 4.5 Ser humano dirigido pelo cérebro A perspectiva de ser humano complexo, apresentada anteriormente de forma breve, traz grandes desafios para as corporações, que tendem a criar processos e estruturas simples para diminuir justamente essa complexidade, para encontrar soluções, aumentar a produtividade e reduzir custos. Essa abordagem (do ser humano complexo) auxiliou a constituir a perspectiva das organizações que aprendem e que estão em constante mudanças. Nesse contexto, chegamos às neurociências, que vêm contribuindo efetivamente para compreensão da complexidade do comportamento humano, e como essa compreensão pode ser utilizada para auxiliar as organizações (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012). O comportamento humano decorre do cérebro. Podemos identificar várias regiões do cérebro que influenciam certos tipos de comportamento. O comportamento não se baseia na racionalidade, mas sim em vários motivos que decorrem da interação de várias regiões do cérebro que têm significado para o ser humano. Além disso, vários padrões subjacentes e gatilhos são profundamente programados, que foram mergulhados em várias experiências desde o nascimento. Isso dá origem a uma estrutura individual e complexa de motivações e motivações, das quais podemos, entretanto, obter uma visão clara [...]. Emoções são condutores afetivos para o comportamento e essas emoções repousam sobre a maioria dos processos cognitivos em maior ou menor extensão. Os processos racionais podem influenciar um sentimento emocional, mas tendem a ter um impacto secundário [...]. O cumprimento das necessidades básicas neurocientíficas é essencial para a satisfação dos funcionários. Vários fatores afetarão a relevância e a importância dessas necessidades a qualquer momento. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 13) A pesquisa sobre o cérebro vem nos confirmando que a perspectiva de um ser humano complexo é real, ainda que a racionalidade tenha um papel secundário na motivação e nos comportamentos humanos. Além disso, a forma como é feita a gestão organizacional e de pessoas influencia diretamente a maneira como o ser humano funciona e reage no meio ambiente corporativo (Ghadiri,; Habermacher; Peters, 2012). • Comportamentos criam e solidificamcircuitos cerebrais - o ambiente forma o cérebro. Nos processos de mudança, precisamos entender os processos neurais, pois estaremos lutando contra as vias neuronicamente conectadas. • As necessidades básicas humanas estão no centro da interação pessoal com o meio ambiente e os comportamentos pessoais. Ambientes que não estão em harmonia com as necessidades básicas humanas do indivíduo causarão um comportamento deficiente. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 13) 22 A integração e/ou transposição de diferentes perspectivas sobre o ser humano precisa ser considerada para que possamos almejar um ambiente corporativo mais eficiente e eficaz. A neuroliderança surge como uma abordagem integrativa e, ao mesmo tempo, inovadora, resultado da síntese de muitas pesquisas, sendo ainda muito jovem e muito tendo para se desenvolver, mas, como estamos vendo, tem também muito a oferecer. Para adicionar mais complexidade ao contexto, adicionamos a seguir outra perspectiva, que vem sendo estudada exaustivamente por séculos: o ser humano tem experiências anômalas e/ou espirituais que o influenciam sobremaneira, seja em nível pessoal, seja em nível organizacional. 4.6 Ser humano intuitivo e anômalo Essa temática, a de um ser humano intuitivo e anômalo, se estrutura na área da psicologia anomalística (PA), que estuda as experiências anômalas (EAs). Segundo a APA (Associação Psicológica Americana), as EAs são incomuns e irregulares, como a sinestesia (modalidades sensoriais cruzadas), ou relatadas por um grande número de pessoas, como as EAs relacionadas à psi (tais como a telepatia e a precognição). Acredita-se que elas se desviem das explicações aceitas sobre a realidade. A ideia de anômalo não indica, necessariamente, disfunção ou patologia. EAs podem ocorrer sem psicopatologia e mesmo ser indicadoras de saúde psicológica acima da média (Cardenã; Lynn; Krippner, 2013; 2014). Dentre as EAs destacam-se as experiências fora do corpo, de quase morte, alucinatórias, sinestésicas, de sonhos lúcidos, relacionadas à psi (de percepção extrassensorial e extramotoras), de abdução por alienígenas, de curas anômalas, místicas ou espirituais. Elas parecem ser evasivas e desafiam a compreensão sobre a realidade humana, representando lacunas no conhecimento científico. Todas essas experiências, no presente contexto, são consideradas como parte da intuição, visto que, cde acordo com o senso comum, podem ser interpretadas dessa forma. Como expressão mais comumente aceita, usada como guarda- chuva paras todas as EAs, a expressão intuição também é utilizada em levantamentos, em particular na área organizacional. Estudos em várias culturas sugerem que cerca de 50% das pessoas relatam ter tido ao menos uma dessas experiências anômalas/intuitivas. No Brasil, esse valor sobe para mais de 80%, e a maior parte dessas pessoas indica ter sido 23 influenciada pelas EAs em termos de suas atitudes, crenças e decisões (Machado, 2010; Batista, 2016). Num levantamento internacional sobre intuição, Parikh, Neubauer e Lank (2003) obtiveram questionários respondidos por 1312 administradores advindos de 9 países (Áustria, França, Holanda, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, Brasil e Índia). Destes, 53,6% indicaram utilizar tanto a intuição quanto a lógica e o raciocínio em seu trabalho; 7,5% assinalaram usar mais a intuição do que a razão, enquanto 38,9% responderam que faziam o contrário. Esses dados indicam o valor dado à intuição no contexto organizacional. As principais áreas que foram consideradas relevantes para a aplicação da intuição foram: a. Estratégia e planejamento empresarial; b. Marketing; c. Desenvolvimento de recursos humanos; d. Pesquisa e desenvolvimento. Em relação à utilidade na empresa, os pesquisadores incluem: a. Inovação; b. Criação de estratégias; c. Tomada de decisões; d. Resolução de problemas; e. Elaboração de uma visão de futuro; f. Valorização dos potenciais humanos; g. Encontro/confirmação de sentido existencial; h. Melhora na autoestima e autoconfiança; i. Melhora no bem-estar subjetivo (felicidade); j. Melhora nos relacionamentos interpessoais; k. Vantagem competitiva. Esses poucos dados sugerem que não apenas a intuição tem forte importância na vida profissional de administradores como é utilizada voluntariamente por 61,5% da amostra investigada. Estudos nacionais também têm corroborado essa perspectiva (Barros, 1998), e pesquisas experimentais têm verificado a validade científica desses fenômenos, bem como sua aplicabilidade nas organizações (Mihalasky, 2010). 24 Esses poucos estudos indicam que EAs (intuição) possivelmente façam parte das decisões profissionais e, ainda mais, talvez estejam ligadas ao sucesso, à vantagem competitiva. Essa perspectiva não será explorada em mais detalhes nesse contexto, mas foi apresentada como indicação de uma área humana importante que não pode ser ignorada na vida organizacional. Para ilustrar essa afirmação, citamos Steve Jobs: “Tenha coragem de seguir o que seu coração e sua intuição dizem. Eles já sabem o que você realmente deseja. Todo resto é secundário” (Jobs, S.d.). TEMA 5 – Sistema de recompensa do cérebro (SRC) Para finalizar esse texto introdutório sobre neuroliderança, abordamos o sistema de recompensa do cérebro, relacionado com vários processos mentais. 5.1 Sistema de recompensa do cérebro O sistema de recompensa do cérebro (SRC) tem relação direta com motivação e aprendizagem. Esse sistema integra várias regiões e tem sido estudado tanto em seres humanos quanto em outros animais. Ele produz sensações e sentimentos bons, como prazer, felicidade, euforia. Está ligado ao neurotransmissor dopamina e modula diretamente a nossa motivação, atenção e tomada de decisão. Esse sistema pode ser dividido em duas partes: uma responsável pelas recompensas primárias, relacionadas às necessidades de sobrevivência, como comida, bebida, sexo e abrigo. Por essa razão, sentimos desejo e mobilizamos nossa atenção para obter comida e bebida. A satisfação que sentimos após uma boa refeição e/ou ingesta de bebida também é consequência do mesmo sistema. Por outro lado, as recompensas secundárias são aquelas indiretamente ligadas às necessidades de sobrevivência, sendo também importantes para ela. O status social, por exemplo, relacionado às recompensas secundárias, reflete um nível primitivo de hierarquia e está indiretamente relacionado à capacidade de sobreviver e encontrar um parceiro adequado. Quanto maior o status social, maiores as chances de suprir essas necessidades. Outras recompensas secundárias incluem: informação, reconhecimento, gratidão, valor social, altruísmo, confiança e contato físico. Esses elementos evidenciam que a motivação humana é multifacetada e complexa. 5.2 Sistema de recompensa do cérebro e organizações 25 Numa organização, é um equívoco pensar que os colaboradores se motivam apenas pelo dinheiro. Segundo Ghadiri, Habermacher e Peters (2012, p. 32, 33), “Recompensa e prazer têm múltiplas conexões e associações complexas”. Ainda segundo os mesmo autores, O sistema de recompensa é, no entanto, mais do que simplesmente recompensa e motivação, se isso não for suficiente por si só. Também é essencial para os processos de aprendizagem, particularmente o aprendizado de hábitos. Reforço positivo é um elemento-chave da aprendizagem e isso é um elemento do sistema de recompensa. O oposto, o condicionamento do medo, é uma forma de aprendizado, mas os impactos são negativos e colocam o corpo em um estado de estresse. (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012, p. 33) Esse sistema envolve áreas importantes do cérebro, todas envolvidas no processo de aprendizado: O sistema é caracterizado por seus componentes centrais (núcleo acumbente, área tegmentar ventral e córtex pré-frontal) e seu envolvimentocom o sistema límbico (associado às emoções) e com os principais centros responsáveis pela memória (amígdala e hipocampo). Para ativar a pequena estrutura de aproximadamente um centímetro de diâmetro (chamada de núcleo acumbente) apenas precisamos realizar algo que nosso cérebro considere bem-sucedido, ou melhor, que tenha causado a sensação de prazer. Assim que o córtex cerebral reconhece que houve bem-estar ele libera para o núcleo acumbente uma dose do neurotransmissor chamado dopamina. Quanto maior for a liberação desse neurotransmissor, maior atividade da estrutura e maior prazer nosso organismo vivencia como um todo. Este padrão de ativação serve de base para que nosso cérebro aprenda e/ou lembre o que é prazeroso, e serve como base de satisfação e da autoestima, por conseguinte. (Rossa, 2012, p. 6) Essa perspectiva se aplica ao ambiente escolar: podemos inferir que um ambiente escolar motivador deva ativar intensamente o SRC através de atividades promotoras de satisfação capazes de gerar o prazer emocional e intelectual. A neurociência consegue explicar através da natureza do funcionamento cerebral por que professores carismáticos, alegres, empáticos, e entusiasmados despertam em seus alunos uma enorme satisfação em aprender: eles conseguem ativar o SRC de seus alunos. Ela também justifica com suporte científico como atividades em grupo realizadas de forma dinâmica e desafiadora ou projetos e saídas de campo, por exemplo, podem gerar uma satisfação ímpar nos seus participantes. A motivação é a base para a obtenção de sucesso em qualquer empreendimento humano. (Rossa, 2012, p. 6) E se é válida para o ambiente escolar, também o é para o contexto organizacional: gestores(as), tal como professores(as), são líderes e precisam estimular o SRC de seus colaboradores(as). Ao conseguir fazer isso para uma dada atividade ou meta, consegue impulsionar um dos mecanismos mais potentes de motivação humana, se não o mais potente. 26 É interessante notar que o SRC é ativado tanto pelos sentidos sensoriais, quando estes experienciam sensações prazerosas (uma atividade física, o sabor de um alimento ou um beijo, por exemplo), quanto pela intenção de fazer algo interessante, novo, surpreendente. Podemos sentir prazer ao fazer algo e também ao imaginar que faremos. Quando antecipamos em nossa mente uma ação ou acontecimento considerados bons, antecipamos também o prazer pelo SRC, que é ativado e nos motiva para a ação (Rossa, 2012). Como indicado anteriormente, nós, humanos, somos intensamente sociais e isso é importante para a nossa sobrevivência. Somos adaptativos e, como tais, marcados por um sistema de recompensa, que torna gratificantes as interações sociais pela liberação da dopamina (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012; Rossa, 2012). Explorar o SRC é essencial para maximizar a motivação e a colaboração, base do sucesso de qualquer atividade organizacional. Em complemento aos elementos primários e secundários de recompensa, que, a princípio, influenciam todas as pessoas, é importante lembrar que uma parcela grande desse sistema é também individualizada, definida pela história biográfica de cada pessoa. Há, também, evidentes e potentes influências coletivas, da cultura e economia, por exemplo. Assim, estudar e compreender os fatores individuais e coletivos, biológicos e sociais que ativam o SRC é o desafio de gestores e gestoras, para que se tornem neurolíderes (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012; Rossa, 2012; Fiuza; Lemos, 2017). 27 REFERÊNCIAS BARROS, A. G. Psi na administração de empresa: pesquisa realizada na cidade de Recife, PE, Brasil. TERCER ENCUENTRO PSICOLOGIA, Anais..., 1998. p. 27-33. BATISTA, B. C. 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