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AULA 5 NEUROLIDERANÇA E NEUROCOACHING Prof. Fábio Eduardo da Silva 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo à nossa disciplina, em que qual vamos conhecer a possibilidade de treinar (coaching) regiões e processos cerebrais. Para iniciar, vamos revisar brevemente as principais estruturas cerebrais e suas funções. TEMA 1 – REVISANDO REGIÕES CEREBRAIS E SUAS FUNÇÕES 1.1 O cérebro “pensante” O sucesso de qualquer líder (de qualquer ser humano em geral) depende da exploração que faz do ambiente, seguida da avalia;ção de riscos e benefícios, que orienta a tomada de decisão que, por fim, leva a ação. O cérebro “pensante” está diretamente ligado a essas funções e, para desempenhá-las, os lobos frontais são determinantes. Das muitas áreas desses lobos, consideremos três estruturas principais, conforme Pillay (2011), as quais podem ser vistas na Figura 1. O córtex pré-frontal dorsolateral (ou CPFDL) fica do lado de fora e é responsável pela memória de curto prazo, com a manutenção e manipulação de memória recente para a tomada de decisões. Também está envolvido no autocontrole. O córtex pré-frontal ventromedial (ou CPFvm) está no interior e é considerado o contador no cérebro. Recebe informações de várias regiões cerebrais, incluindo outros locais dos lobos frontais e do sistema emocional, ou límbico. Com base nesses dados, analisamos o risco-benefício para a tomada de decisão. Sua sensibilidade ao risco e benefícios é variável, por isso precisa-se da comunicação e do check-in com outras estruturas. Sob efeito do estresse ou exigência, o CPFvm pode se tornar disfuncional. Seu funcionamento ideal considera risco, atraso, ambiguidade, e avaliações de valor das escolhas. Para isso, o CPFvm é estrategicamente localizado para receber e gerenciar informações de muitos outros locais do cérebro. São necessárias essas informações para que funcione de forma ótima. O córtex cingulado anterior (ACC) também é interno, fiscaliza o conflito no cérebro e é importante do sistema de atenção (mudança do foco da atenção), para mudar de ideia e perceber opções, flexibilidade (mental) de adaptação às mudanças do meio, enfrentamento de problemas/conflitos, previsão de eventos 3 negativos (insegurança) e atividades cooperativas (empatia social). É parte do cérebro pensante; ele tem uma parte dorsal que se conecta com o córtex pré- frontal e uma parte ventral que se conecta com a amígdala, ínsula e centros de recompensa do cérebro, ou seja, é um eixo central das conexões do pensamento e da emoção. Vejamos as estruturas dos lobos frontais, de acordo com a Figura 1: • Córtex pré-frontal ventromedial • Córtex pré-frontal dorsolateral • Córtex cingulado anterior • Insula - o traço pontilhado mostra sua localização interna, no cérebro • Amígdala • Hipocampo Figura 1 – Estruturas dos lobos frontais Crédito: Udaix/Shutterstock. 1.2 O cérebro do sentimento/emoção Suas estruturas estão localizadas nas profundezas do cérebro. Consideremos duas de maior importância, amígdala e hipocampo (Pillay, 2011): 1 1 4 • Amígdala – com base na memória emocional, atribui valor e processa as emoções por ordem de importância. O medo, por exemplo, tem prioridade de processamento, por ser uma emoção forte e muito importante para a adaptação. São as emoções que definem os tipos de conexão interpessoal que podem/devem ou não ser feitas. Sendo assim, elas podem tanto colaborar como distorcer as conexões dos líderes, por exemplo reduzindo ou aumentando demais esses vínculos relacionais. Também tem papel de reconhecer emoções nas expressões do rosto. • Hipocampo – tem função crucial na memória de longo prazo. Sua importância para os sentimentos é que as memórias têm seus registros emocionais. 1.3 O sistema de recompensa do cérebro Registra a recompensa (prazer) ou perda quando fazemos decisões. Com base nesse registro é que agimos. Relaciona-se com a motivação e aprendizagem com feedback positivo. Está localizado em sua maior parte no estriado ventral, que inclui o nucleus accumbens (NA), relacionado ao neurotransmissor dopamina. Produz recompensas primárias, ligadas diretamente as necessidades de sobrevivência (como comida, bebida, sexo e abrigo) e secundárias, ligadas às necessidades de sobrevivência de forma indireta (como status social, reconhecimento, valor social, gratidão, confiança, informação, contato físico e altruísmo) (Ghadiri; Habermacher; Peters, 2012; Pillay, 2011). 1.4 O sistema de ação do cérebro Atrás no lobo frontal fica o córtex motor, relacionado ao movimento e à ação. Ele será bem-sucedido se os processos anteriores foram corretos; é a fase final, crucial para a conquista das metas. “O córtex frontal esquerdo está envolvido no controle do movimento relacionado com a linguagem. Os treinadores devem estar cientes de como acessar essa região do cérebro se forem para trazer um líder para a ação” (Pillay, 2011, p. 189). 1.5 A ínsula Monitora, mapeia e processa informações visoperceptivas, como as sensações intestinais, respiratórias e cardiovasculares, enviando para o córtex, 5 interpretando-as e tornando-as conscientes. Ou seja, é uma espécie de intérprete cerebral, ao traduzir sons, cheiros ou sabores em emoções e sentimentos como nojo, desejo, orgulho, arrependimento, culpa ou empatia. Experiências sensoriais são transformadas em emoções e sentimentos. É ativada toda vez que alguém ri de uma piada, ouve música, reconhece expressões de tristeza no rosto de outra pessoa, quer se vingar ou decide não fazer uma compra (Pillay, 2011). TEMA 2 – TREINANDO REGIÕES CEREBRAIS I: CÉREBRO PENSANTE Após revisar as principais estruturas cerebrais, nos próximos dois temas vamos considerar uma falsa dicotomia, cérebro pensante versus cérebro das emoções. Do ponto de vista anatomofisiológico, há evidentes distinções entre elas, o que justifica tal polaridade; mas é importante enfatizar que são estruturas complementares. Aquelas mais afetivas influem decisivamente nas ditas cognitivas e vice-versa. 2.1 O cérebro “pensante” 2.1.1 Memória de curto prazo (Córtex pré-frontal dorsolateral ou CPFDL) A memória de curto prazo é fundamental no ambiente de negócios pela simples razão de que é necessário lembrar o que fazer. Muitas vezes, os gerentes vão encontrar-se na posição de ter que se repetir indefinidamente sem sucesso. Compreendendo como melhorar a memória de curto prazo e as funções do DLPFC, os gerentes podem melhorar o desempenho das pessoas que estão gerenciando (Pillay, 2011, p. 193). A memória de curto prazo nos traz a referência do foco no presente. Em geral, concentrar-se no presente traz muitas vantagens, como mostram as práticas de mindfulness, nas quais a atenção é treinada para manter-se no presente. Assim, o treino da memória de curto prazo pode auxiliar esse foco no aqui e agora. Entre os benefícios está o alívio da ansiedade em relação a objetivos de longo prazo, ou o futuro desejado, sempre presentes na vida de líderes organizacionais. Em outras situações, é o passado que pode prejudicar, quando líderes ficam excessivamente presos a ele. “No meu tempo” ou “na época que fazíamos isso de forma diferente” são exemplos de expressões relacionadas ao passado como um dificultador do presente. Naturalmente, precisamos do passado para perceber e avaliar o presente e planejar o futuro; um foco excessivo no que 6 passou pode dificultar ou mesmo impedir a mudança, adaptação, a flexibilidade para o presente e futuro (Pillay, 2011). Ainda, em situações de crise: Quando as coisas parecem fora de controle, os gerentes e líderes podem precisar exercer mais controle contra as forças que causam estragos. Intervenções de memória de curto prazo os ajudam a se concentrar em eventos recentes, e esse foco ajuda a estabilizar o caos em suas mentes (Pillay, 2011, p. 194). É preciso pensar a redução do ruído,em locais onde o ambiente de trabalho é barulhento, pois é necessário que as reuniões ocorram em ambiente isolado para auxiliar que os colaboradores se lembrem do que é dito. Como grande parte da atenção humana é automática, guiada por estímulos externos, reduzir estímulos distraidores auxilia que a atenção seja focada no presente (Pillay, 2011). Vejamos agora o treinamento da memória de curto prazo. Uma forma de treinar esta memória é desenvolver perguntas que se concentrem em eventos recentes, buscando auxiliar a lembrança de detalhes de tais eventos. Igualmente, inserir intervalos de tempo nas questões auxilia que o ouvinte traga seu foco ao presente (Pillay, 2011). Em vez de perguntar: "O que seus clientes querem?", os gerentes podem perguntar: "Nos últimos seis meses, o que você percebeu são as coisas que seus clientes querem?" Ou "Se você pensar em suas interações hoje, o que fez os clientes quererem?” (Pillay, 2011, p. 194). O foco na memória de curto prazo desvia a atenção de perspectivas de longo prazo, o que pode ser útil em várias circunstâncias. Por exemplo, um cliente que não quer faz uma compra, porque teve uma experiência passada ruim com determinado produto, pode ser trazido ao presente por meio de informações sobre inovações neste produto (Pillay, 2011). As práticas de mindfulness são igualmente recomendadas. Uma delas propõe que concentremos nossa atenção na respiração, e a intervalos temos uma sequência numérica, que pode seguir até um número desejado, retrocedendo a contagem a partir deste ponto. Pode-se começar com números pequenos, como 5 ou 10. Após um pouco de prática, amplia-se a contagem para números maiores, como 20, 50, 100. A ideia essencial é manter o foco na atividade presente e, toda vez que pensamentos ou estímulos externos capturarem a atenção, trazemo-la de volta à contagem numérica e à consciência da respiração. Como o cérebro é 7 plástico, estas e outras práticas o modificam, permitindo o desenvolvimento de habilidades (Pillay, 2011). 2.1.2 Contador (Córtex pré-frontal ventromedial ou CPFvm) Estrutura de extrema importância por ser o “tomador de decisões” do cérebro, mas não faz isso de forma isolada. Como um general que toma decisões de alto escalão porque recebe informações de escalões intermediários, e mesmo inferiores, o contador do cérebro coleta informações de outras tantas regiões, e faz um balanço delas, informando ao centro de ação. Essencialmente, essas informações são classificadas entre riscos e recompensas. Essas duas categorias precisam estar totalmente registradas para que uma decisão seja equilibrada, o que nem sempre acontece. Por vezes, os riscos são mais registrados e as recompensas muito pouco ou nada; outras vezes o contrário acontece: as pessoas às vezes ficam muito tempo em uma situação de trabalho que é fundamentalmente insustentável porque se concentram na necessidade de ter um emprego e não na realidade de que isso está criando muito estresse e afetando sua saúde física e mental. Aqui, os riscos não estão sendo registrados. Quando as pessoas estão muito ansiosas, elas também se concentram muito em risco e não em recompensa. Isso pode ser um problema porque o risco é “verdadeiro”, mas “excessivamente considerado” (Pillay, 2011, p.195). Outro aspecto bastante interessante é que pessoas solitárias tendem a registrar menos recompensas que aquelas com mais engajamentos afetivos e/ou sociais. Quando alguém está se sentindo isolado, pode ser incapaz de perceber e consequentemente reagir a uma recompensa óbvia, como por exemplo um aumento de salário. Isso pode ser especialmente válido para líderes, visto que vários são muito solitários. Assim, quando conquistam raramente, sentem que conseguiram ou, se conseguem sentir a conquista, este sentimento dura pouco. Outro fator importante é que pessoas que avaliam riscos continuamente se tornam menos responsivas a eles, ou seja, se habituam com aquele padrão de riscos. Com base nesses poucos dados, percebemos o que é a tomada de decisão, que contrasta riscos e benefícios, podendo ser enviesada por padrões cerebrais. Para auxiliar o funcionamento dessa região (CPFvm), algumas intervenções podem ser realizadas (Pillay, 2011): • Modificar o período de tempo – Uma pesquisa sugere que, quando uma pessoa está diante de uma ameaça eminente, a ativação cerebral do contador (CPFvm) transborda para uma região relacionada aos sintomas 8 agudos de ansiedade, o Periaquetal cinza, PAG (Periaqueductal Gray). Assim, no contexto agudo de uma crise, por exemplo, modificar o cronograma e desacelerar a expectativa de tempo pode ser útil para reduzir a ansiedade. Nesse caso, acrescentar uma perspectiva de longo prazo pode ser útil para “esfriar a temperatura” das pessoas em relação a uma situação. Por exemplo, um gerente ou líder pode reconhecer que os funcionários restantes estão muito ansiosos por causa das várias rodadas de demissões que eles sobreviveram. Isso pode afetar sua produtividade porque o PAG, será hiperativado, mesmo quando eles foram notificados de que não haverá mais demissões. Os gerentes podem ajudar a mudar o foco do presente para o futuro (o oposto das intervenções do DLPFC). Ou seja, eles podem, talvez, criar uma declaração de visão para o próximo ano e ajudar as pessoas que estão gerenciando a se sentir mais focadas no futuro. Assim que você tira a atenção da ameaça iminente, o PAG deixa de exercer sua influência de estrangulamento (Pillay, 2011, p. 196-197). • Seja deliberado sobre avaliação de potenciais perdas – Em condições de crise, o computador do cérebro pode não funcionar de forma ideal, comprometendo a avaliação de risco-recompensa. Nesse sentido, é interessante para líderes obter auxílio de seus colegas sobre os riscos de determinadas ações, bem como sobre as recompensas possíveis. Tomadas de decisões robustas têm sido associadas à sensibilidade neuronal de recompensas. Quando as pessoas estão acostumadas ou engajadas numa determinada ação, podem se tornar dependentes dela e perder a capacidade de perceber perdas óbvias que estão relacionadas. Por exemplo, uma empresa acostumada a ter certo número de aparições na mídia, mesmo que essas atividades não produzam uma ampliação de seu mercado, pode continuar fazendo tal investimento, porque o aparecimento na mídia produz recompensa, mas o retorno do investimento, ou o risco, não está sendo considerado de forma adequada. • Colete opiniões sobre a tomada de risco – Como o contador do cérebro pode subestimar a avaliação de risco, é importante que líderes desenvolvam pesquisas sobre questões cruciais para obter retorno quanto aos riscos, para que não sejam subestimados. 9 2.1.3 Detector de conflitos (Córtex cingulado anterior - ACC) Onde há negócios, há conflitos, e o detector de conflitos (ACC) do cérebro está ativo, já que existe para ajustar as coisas. Quando ele funciona bem, informa o resto do cérebro como deve agir para resolver a situação. É possível que ACC seja uma ponte entre o cérebro consciente e o inconsciente, captando sinais não percebidos e fazendo com que se tornem conscientes. Essa estrutura escanceia o ambiente interno e externo, fazendo uma ponte com o sistema de atenção do cérebro, ou seja, permitindo que alguns sinais recebam atenção (Pillay, 2011). Uma pessoa, por exemplo, pode entrar em conflito interno se precisar terminar uma tarefa urgente e estiver em seu final de expediente. A pessoa pode pensar: “devo ficar e finalizo essa tarefa fazendo algumas horas extras, visto que devo entregá-la hoje, ou vou para minha casa descansar a concluo amanhã cedo?”. Nesse caso, o CCA vai ser ativado e assim ela ficará até que o conflito interno seja resolvido. Se o funcionário decidir ficar para finalizar a tarefa, mas sua vontade mais forte fosse voltar para casa, seu CCA vai dificultar a realizaçãoda tarefa, visto que o conflito não está resolvido. Assim, uma intervenção nessa estrutura poderia ser muito útil, pois a resolução do conflito permitiria que se concentrasse para realizar o que é necessário (Pillay, 2011). Conflitos externos são inevitáveis no ambiente corporativo, seja em um pedido de aumento de salário, numa negociação, ou trabalhando com alguém com quem se tem dificuldade interpessoal. Nesses e em todos os conflitos, o CCA estará ativo até que sejam resolvidos. Interessante notar que, se estamos numa negociação, devemos tentar manter o CCA da outra pessoa o menos ativo possível. Por exemplo, se você quer pedir um aumento, você não quer dizer: "Eu estava pensando que já era hora de receber um aumento!" Isso ativará imediatamente o CCA do ouvinte por várias razões: (1) Pode parecer rude e um ataque, (2) Soa como uma demanda imediata, (3) Pode parecer uma demanda impossível em um ambiente onde o negócio está perdendo dinheiro. Se, em vez disso, você disser: "Gostaria de iniciar discussões para descobrir quando pode ser razoável conseguir um aumento, porque estou colocando meu coração e minha alma no trabalho, e acho que um aumento seria motivador para mim em uma miríades de maneiras”, você tira um pouco do calor da demanda. O CCA do ouvinte ainda será ativado, mas menos, porque você não está criando uma demanda de tempo e está explicando seu modo de pensar sobre a situação (Pillay, 2011, p. 198-199). Outro aspecto importante é que o CCA é conectado à amígdala, que ativa o medo inconsciente. Se a amígdala está ativada, o CCA vai detectar isso e 10 permanecer em modo de conflito até que a amígdala volte a funcionar de forma mais branda, ou seja, até que a ansiedade seja reduzida. Por exemplo, se você está para ser auditado, pode ficar ansioso muito antes do fato acontecer. Assim, sua ansiedade, produzida pela amígdala, vai ativar o CCA e, ao menos que você faça algo para desativar seu CCA, você permanecerá em modo de conflito durante todo esse período. A dificuldade é perceber nossos processos não conscientes para então acalmar as amígdalas. Mas o acesso ao CCA é possível e as intervenções indicadas podem ser muito úteis (Pillay, 2011). O CCA poderá ser modulado através das seguintes ações: Resolver, Reavaliar, Refocar, Reengajar ou Reformular. SAFE-F é a sigla em inglês para Solve, Assess, Focus, Engage, Frame. Em português: Resolver, Avaliar, Focar, Engajar, Enquadrar (Pillay, 2011, p. 200). Resolver é reduzir as prioridades conflitantes. O CCA é acionado por prioridades conflitantes, incluindo preferências e crenças. Assim, o foco na resolução desses conflitos internos e externos pode acalmar essa estrutura. Por exemplo, se considerarmos que as queixas de colaboradores (seus conflitos internos e externos) podem prejudicar sua produtividade, seria oportuno discutir entre si e com a liderança no sentido de encontrar soluções. Outro aspecto importante, frequentemente ignorado pelas organizações, é que as crenças e preferências podem conflitar com as ações (Pillay, 2011, p. 200): Quando trabalhei recentemente com um gerente de banco que gerenciava os consultores clientes em relação ao risco, o gerente começou a perguntar aos seus consultores clientes sobre suas crenças. Ele descobriu que eles não acreditavam no que estavam dizendo a seus clientes porque sabiam que estavam em um mercado volátil e não se sentiam no controle. No entanto, quando o gerente apontou que algumas pessoas se saem bem em tempos voláteis através do planejamento, enquanto outras não, seus conselheiros perceberam que isso era verdade e começaram a pensar sobre o sucesso determinado. Isso levou a uma resolução do conflito entre crenças e ações nos consultores, e a produtividade aumentou com a confiança do cliente. Outro fator que pode contribuir para reduzir o conflito e ativação do CCA é o foco. O treino da atenção seletiva, ou foco, naquilo que é relevante, prioritário, pode ser crucial em momentos de crise, quando grandes questões geram conflitos. O foco nas atividades que precisam ser realizadas no curto prazo, em vez de outras tantas dificuldades que estão em jogo, reduz o conflito e melhora o funcionamento do CCA (Pillay, 2011). Naturalmente, tal foco não precisa ser apenas utilizado em momentos de crise, pois também é útil em momentos de tranquilidade. O treino pleno da atenção (mindfulness) é muito útil e influencia 11 positivamente a eficiência e eficácia na realização de tarefas. Tanto que Google, Samsung, Instagram, Facebook, eBay, Bosch, Beiersdorf, Nuffield Health estão na lista das grandes empresas que aderiram ao mindfulness. No Brasil, essa prática está em franco desenvolvimento nas organizações. Um exemplo é uma pesquisa/programa desenvolvido por Elisa Harumi Kozasa e por colaboradores na Confederação Nacional das Indústria (CNI), um treinamento mindfulness para combater o estresse para colaboradores da Confederação, Senai e Sesi (Orttiz; Soares, 2018; Tan, 2014; Aguiari, 2018; Di Domenico, 2018; Loughton, Morden, 2015). A Google oferece aulas e recursos on-line para toda a equipe. Há sessões diárias de prática em mais de 35 escritórios em todo o mundo e retiros de meditação de um dia inteiro em cinco locais. Ela incorporou a atenção plena nas reuniões: fornecendo roteiros e gravações para meditações de um ou dois minutos para o início das reuniões. A Google incorporou um elemento de pesquisa interna em seu programa com um estudo de longo prazo dos participantes. Além disso, tem procurado iniciativas para incentivar equipes e escritórios a praticar juntos. As descobertas iniciais mostram que manter as pessoas envolvidas na prática da atenção plena é um desafio, mas as pessoas que persistem demonstram maior bem-estar, foco e menor estresse (Loughton; Morden, 2015, p. 23). Lola Lopez (2017, p. 49), psicóloga especialista em psicologia empresarial e mestre em recursos humanos, comenta que os milhares de estudos realizados sobre os diferentes aspectos da atenção plena permitem afirmar que o treinamento da atenção: 1. Melhora o foco e a concentração nas tarefas. Portanto, nos faz viver plenamente cada experiência, nos torna mais eficazes e mais conscientes do nosso momento presente. 2. Aumenta a autoconsciência e a conscientização dos outros. Somos capazes de nos perceber com objetividade e equanimidade, estendendo esse fato para as pessoas ao nosso redor. 3. Aumenta os níveis de resiliência. Isso nos torna mais fortes e mais habilidosos para administrar tempos difíceis e sair de problemas. 4. Desenvolve Inteligência Emocional. Aumenta nossa capacidade de sermos socialmente mais capacitado e empático com as pessoas com quem lidamos. 12 5. Aumenta a eficácia cognitiva. Somos capazes de pensar, memorizar, lembrar e resolver com maior precisão e critérios. Refocalize é concentrar-se no positivo. Pesquisas sobre a intensidade da dor sentida sugerem que a quantidade de dor experimentada não se relaciona apenas à dor em si, mas também o quanto a pessoa se concentra nela. Experiências dolorosas anteriores (por exemplo uma demissão) podem ser projetadas no momento presente mesmo que ameaça não exista. Por isso, o foco nas coisas positivas pode retirar o CCA do estresse, seja ele real ou imaginário. Assim, líderes precisam orientar pessoas sobre isso para que seus cérebros não gerem mais dor. Outro aspecto importante é que a avaliação do quão difícil é uma determinada atividade ou situação pode ser influenciada pelo foco na dor, ou naquilo que é negativo. Tal foco produz um CCA hiperativo, dificultando a concentração nas tarefas. O treino dá atenção para os benefícios do que deve e precisa ser feito, bem como a forma com a qual deve ser feito pode auxiliar no desempenho profissional (Pillay, 2011, p. 201-202): Quando os vendedores são convidados a fazer mais chamadas de vendasou visitas de vendas, eles geralmente vão direto para a dor da rejeição. Embora seja verdade que a maioria das vendas será rejeitada, os vendedores ficarão em uma posição muito melhor se voltarem a se concentrar no processo. Eles ajudam duas partes do cérebro se fizerem isso: eles ajudam o centro de ansiedade (a amígdala) a diminuir sua ativação quando confiam no processo, liberando assim seu efeito no cérebro pensante (um pouco de ansiedade pode ser motivador, mas obstrui demais pensando). Além disso, eles ajudam o ACC a ativar menos em resposta à “dor”, diminuindo assim o grau de conflito cerebral que existe. Reengajamento é incluir na discussão pessoas em todos os níveis da empresa. A exclusão social pode aumentar a ativação do CCA, e assim ambientes inclusivos reduzem o stress do CCA e a “dor social”. Também práticas voltadas a transparência nas organizações podem contribuir para a redução da atividade do CCA, porque tendo acesso às informações, as pessoas não precisarão antecipar a ansiedade e o conflito, em especial em momentos de crise (Pillay, 2011). Vejamos um exemplo de quão perniciosa pode ser a exclusão social. Uma CEO se sentia muito isolada e tinha muita dificuldade de se concentrar. Ela não conseguia saber qual o motivo de sua dificuldade de concentração, mas quando assumiu tarefas nas quais interagiu bastante com outras pessoas da empresa, sua concentração melhorou significativamente (Pillay, 2011). O envolvimento social pode ser sentido de diferentes formas por diferentes pessoas, principalmente com base em seu perfil, se mais introvertido ou 13 extrovertido, o que certamente é um fator a ser considerado com muita atenção por líderes. Reavaliar e diminuir a catastrofização implica considerar uma situação como catástrofe, ou alguma designação semelhante, que pode piorar a dor relacionada a ela. Por isso, líderes precisam reformular tais percepções ou designações, para evitar que aumente a sensação de dor e de caos. É preciso entender que as crises frequentemente são inevitáveis e podem trazer crescimento às organizações e pessoas; são sinais de que as mudanças precisam ser efetivadas, podendo contribuir para a superação das dificuldades. Se considerarmos uma barreira como impenetrável, estaremos bloqueando nosso sistema para ela e limitando nossos recursos para superá-la (Pillay, 2011). Por último, temos a prática de reformular estudos sugerem que atribuímos significado às experiências que passamos com base em associação com experiências anteriores. Uma pesquisa mostrou rostos pareados com filmes emocionalmente significativos. Os participantes tendem a atribuir as características associadas com o filme aos rostos que foram vistos. Na prática, por exemplo, se associarmos uma experiência atual com outra anterior, negativa, teremos a propensão de distorcer aquela realidade atual. Por isso, é importante aos líderes ouvir seus colaboradores, conhecê-los, para que possam compreender se estão atribuindo experiências negativas anteriores à situação atual. Ao perceber tal atribuição, fica mais fácil reformular as experiências presentes. Não se trata de ignorar o risco de uma situação, de emergência por exemplo, mas de focar nas medidas de segurança que precisam ser tomadas. A reformulação pode ser muito útil para que as soluções sejam encontradas e implementadas (Pillay, 2011, p. 204): Um banco que foi atingido pela crise das hipotecas [...] Ficou paralisado por vários meses [...]. A superativação da amígdala e o detector de conflitos do CCA estavam fora de controle. No entanto, uma vez que os banqueiros perceberam que teriam que reorganizar a empresa de maneira muito diferente para cortar custos, e só então trabalhar para avançar, eles foram capazes de agir de maneira desimpedida. A situação não havia mudado - apenas a formulação. Quando o cérebro está sobrecarregado com a inação, mude o enquadramento. 14 TEMA 3 – TREINANDO REGIÕES CEREBRAIS II: CÉREBRO DAS EMOÇÕES 3.1 O cérebro do sentimento/emoção 3.1.1 Amígdala É nossa principal estrutura de registro e avaliação emocional, principalmente relacionadas às emoções negativas, como o medo a raiva (conscientes ou não). Quando ativa, pode perturbar sobremaneira a concentração, mesmo que a pessoa não perceba que esteja sendo “sequestrada por sua amígdala”. Em ambientes corporativos ou em quaisquer situações de negócios em que há bloqueios para a realização de uma estratégia, ou quando as estratégias se mostram ineficientes, é previsível que haja ansiedade inconsciente (ativação da amígdala). Quando uma pessoa está explicitamente ansiosa, sua amígdala estará superativada. Nesses casos, teremos um prejuízo significante do pensamento e da ação, sob condições de stress excessivo e ansiedade a uma perturbação no pensamento, na capacidade de avaliar as situações e planejar soluções para problemas. Também pode acontecer de os pensamentos se tornarem mais habituais, ou seja, a manutenção de hábitos de perceber e agir é mais frequente com a ativação da amígdala, que nos deixa mais criativos, ou repetitivos, impedindo nossa criatividade (Pillay, 2011, p. 205). Um empresário que estava animado em deixar sua posição de gerência sênior para perseguir seus próprios sonhos, foi incapaz de começar devido a sentir-se sobrecarregado com suas opções e também confuso sobre o que ele realmente queria fazer. Tudo o que ele sabia era que queria começar um negócio de consultoria, mas como ele nunca tinha começado um negócio antes e realmente não queria ir para a escola de negócios, sua amígdala paralisou qualquer movimento para frente. Quando perguntei a ele como seus serviços o diferenciariam, ele imediatamente começou a pensar de maneira diferente e, em seguida, decidiu documentar suas ideias e propriedade intelectual. Esta ação diminuiu significativamente sua ansiedade e ativação da amígdala. Intervenções para lidar com as amígdalas: • Planejar a crise – é importante ter um plano de crise elaborado com antecedência, que permite às pessoas se sentirem mais calmas durante as situações previstas. Um líder de negócios com quem trabalhei conseguiu que sua equipe concordasse em examinar o progresso do negócio durante a recessão, e quando os lucros de um determinado mês caíssem abaixo de uma 15 determinada marca, eles fariam ajustes em seu pagamento. Isso aliviou a preocupação de que o primeiro passo seria demitir alguém (Pillay, 2011, p. 206). • Compartilhar o plano de ação através da empresa – as emoções tendem a ser contagiosas, e pode haver o que se chama de ondulação da amígdala, ou seja, medo e ansiedade que se espalham de forma coletiva por toda a empresa, prejudicando avaliação e ação. Quando um plano de ação é compartilhado, ele auxilia a reduzir os efeitos de tal ondulação, e o plano representa uma ação que pode gerar uma solução; por conta disso, ele espalha sentimento de calma. • Aborde a situação com otimismo – o otimismo autêntico pode literalmente substituir o medo processado pela amígdala, influenciando também o CCA. Não se trata de negar a situação difícil, mas de uma tentativa voluntária e consciente de focar na solução e não nos problemas. Esse foco tem o poder de acalmar as pessoas e substituir o medo paralisante processado nas amígdalas. • Mudar a perspectiva – experiências negativas recebem prioridade da atenção, ou seja, a crise captura a atenção das pessoas em geral, colaboradores e líderes. Estes precisam mudar rapidamente a perspectiva, para acalmarem a si próprios e aqueles que lideram. Para facilitar essa mudança, importante notar que a simpatia é melhor do que a empatia nesses momentos. A empatia (sentir aquilo que os outros estão sentindo) pode superativar a amígdala em momentos de crise. Assim, simpatizar pode ser mais eficaz em tais momentos. 3.1.2 Hipocampo O hipocampo está relacionado à memóriade longo prazo. Localizar nessa estrutura significa compreender uma situação em seu contexto, em especial incluindo a história dessa situação, que pode permitir uma perspectiva mais ampla sobre ela. Um CEO muito bem-sucedido assumiu uma empresa e, ao chegar, fez algumas mudanças muito drásticas sem muita consulta a seus colegas. Em pouco tempo, muitas pessoas estabelecidas começaram a sair. O CEO, achando que seu impressionante estilo "orientado para a ação" seria um alívio para a empresa há muito tempo, descobriu da maneira mais difícil que a empresa prosperou na motivação, sendo conduzida por um entendimento empático com seu líder. O ex-líder foi empático, mas ineficaz. A parte empática foi eficaz, mas ele não tinha as habilidades para executar estratégias muito eficazes que já estavam em vigor. O novo CEO fez suposições porque ele não examinou o hipocampo da 16 empresa. Se ele tivesse, ele poderia ter identificado o que precisava mudar (Pillay, 2011, p. 207-208). Sugestões para intervir com o hipocampo: • Revise a história – a situação atual precisa ser colocada no contexto da história da empresa. • Revise as técnicas anteriores – o que era feito antes? o que funcionou e o que não funcionou em momentos anteriores na empresa? • Identifique a participação emocional – considerando as emoções ou afetos, o que está em jogo para a pessoa ou pessoas envolvidas na situação? Como as emoções também são cruciais no processo da memória, incluindo a de longo prazo, é importante compreender esse fator até para perceber que alguns fatos podem não ter sido lembrados por razões emocionais. A memória emocional tem forte influência no presente: Uma pessoa pode ter uma memória negativa de mudança, portanto, investigar a história da experiência dessa pessoa com a mudança pode ser útil para reformular a situação atual. Um líder de negócios muito talentoso, inconscientemente, identificou-se como um auto iniciador, mas não como um finalizador. Como resultado, ele sempre encontrou desastres no meio de um empreendimento. Ele não percebeu que suas lembranças emocionais criaram uma expectativa em seu cérebro de que, sempre que chegasse a um ponto intermediário, ele teria que agir de uma maneira que fosse um desastre. Por exemplo, ele consistentemente aplicou-se menos aos seus esforços de marketing e, como resultado, as vendas de suas oficinas diminuíram após o sucesso inicial. Sua memória emocional esboçara planos para o fracasso. Foi somente quando ele entendeu o contexto (como sua experiência moldou suas expectativas) que ele foi capaz de se concentrar em seu novo trabalho com vigor renovado (Pillay, 2011, p. 208). TEMA 4 – TREINANDO REGIÕES CEREBRAIS III: RECOMPENSA, AÇÃO, SENSAÇÃO 4.1 O sistema de recompensa do cérebro “A recompensa é a razão pela qual as pessoas permanecem em seus empregos e a razão pela qual as empresas podem crescer” (Pillay, 2011, p. 209). Esse sistema oferta e registra recompensas no cérebro; se conseguimos estimulá- lo, teremos um melhor desempenho profissional. Ao contrário, se as pessoas não estão motivadas para trabalhar, esta pode ser uma das causas – não estão 17 recebendo recompensas, ou não estão conseguindo desfrutá-las. Ansiedade e solidão, por exemplo, limitam ou impedem o registro de recompensas no cérebro. Recompensa também pode aumentar a velocidade de execução de estratégias. Se o cérebro de recompensa é estimulado, o trabalho pode se tornar mais eficiente. Sempre que você quiser que um comportamento mude, estimule o cérebro de recompensa quando esse comportamento ocorrer. Por exemplo, se você quer que as pessoas assumam riscos, você pode recompensar os riscos ou erros. Se você quer que as pessoas sejam mais inovadoras ou se você quer que elas sejam auto iniciadoras, você pode recompensar esses comportamentos também (Pillay, 2011, p. 209). Possíveis intervenções para lidar com o sistema de recompensa do cérebro: • Recompensas monetárias – organize recompensas monetárias explícitas que correlacionam diretamente com o trabalho, incluindo o trabalho extra. • Recompensas sociais – prêmios que reconhecem a excelência de profissionais em seu meio social podem ser de grande valia, bem como a interação e reconhecimento social e familiar. A recompensa por atitudes colaborativas, de proatividade social, também pode ser muito importante. Por exemplo, num programa de treinamento de vendas, havia premiação para os melhores vendedores (mestre solar), mas também para aqueles que se destacaram no quesito colaboração, apoio, ajuda aos colegas e proatividade social (mestre social). • Divida as metas em estágios menores – dessa forma, a premiação pela realização de cada estágio aumenta o estímulo de recompensa no cérebro, motivando para o próximo estágio e para a realização final da meta. Jogos digitais, que oferecem retroalimentação imediata das conquistas realizadas em cada etapa, costumam ser viciantes, porque os jogadores desejam receber mais e mais recompensas, ou seja, mais prazer (dopamina). 4.2 O sistema de ação do cérebro Ter uma boa estratégia para a condução dos negócios é muito importante, assim como a execução apropriada. Sem ação, não há solução, e muitas empresas falham justamente porque não conseguem agir conforme suas ideias. Por exemplo, o gerente de uma loja local reconheceu a necessidade de vender produtos locais, mas não agiu com base na tarefa imaginada de encontrar o agricultor certo. No entanto, quando ele começou a tarefa, sua capacidade de vender produtos frescos aumentou significativamente 18 e ele competiu efetivamente com uma cadeia maior porque as pessoas não queriam esperar nessas longas filas (Pillay, 2011, p. 210). Em complemento, a ação pode desencadear mudanças de caráter cognitivo e emocional. Quando as pessoas estão emocionalmente presas, a ação pode ajudar a desalojar emoções. Em vez de esperar pelo estado emocional perfeito para atuar em uma estratégia de negócios, a ação para a realização de um objetivo às vezes cria esse melhor estado de sentimento. As pessoas assumem que elas sempre têm que se sentir bem antes de agir em uma estratégia, mas a própria ação pode criar esse sentimento de “sentir-se bem” (Pillay, 2011, p. 210). Possíveis intervenções para lidar com o sistema de ação do cérebro: • Aja com hipóteses – Elabore suas metas e as formas de alcançá-las, e teste os resultados. Por vezes, as pessoas solicitam explicações sobre por que agir de determinada forma, o que não está incorreto. Por outro lado, a própria ação produz conhecimento, ou seja, a prática pode ser observada para gerar e aprimorar a compreensão dos fatos. • Haja em pequenos passos – cada pequena ação pode aumentar o comprometimento em relação a meta maior; além disso, concentrar-se numa pequena tarefa facilita o trabalho do cérebro, em comparação a ter todos os estágios ou a meta final em mente ao agir. Tarefas muito grandes podem paralisar o sistema de ação do cérebro. • Revise as motivações do contador cerebral – o processo de ação é a última etapa de um processo complexo finalizado pelo contador do cérebro. Se o sistema de ação não está funcionando, é importante realizar as demais estruturas para localizar a causa. O centro de ação pode estar recebendo uma instrução de "não se mexa" do contador, que é alimentado por outras regiões do cérebro. Para fazer com que o contador se mova, um gerente, líder ou técnico pode se beneficiar da reexaminação de todos os insumos para o centro de ação, incluindo a amígdala (emoção, incluindo medo), o ACC (muito conflito) e o cérebro de recompensa (que não registrou recompensas) (Pillay, 2011, p. 211). 4.3 A ínsula Transmite nossos instintos (sensações internas) para o cérebro consciente (narrativas mentais que fazem sentido), e aumenta nossa possibilidade de ação e compreensão. Por vezes, decisões conscientes não conseguem resolver19 situações nos negócios, e assim o estímulo da insulina ínsula é importante para traçar uma nova perspectiva e conduzir a ação: Você pode ter um pressentimento de que uma determinada estratégia de negócios funcionará, mas talvez não seja possível justificá-la. Entender sua própria intuição, em vez de descartá-la, pode ser crítico para o sucesso do seu negócio. Um empresário com quem eu estava trabalhando foi convidado para um evento de CEO. Ele não tinha interesse no evento em si ou nas pessoas que ele imaginava estar lá. No entanto, ele tinha um pressentimento de que algo importante iria acontecer lá. Ao reconhecer que precisava prestar atenção à sua intuição, decidiu ir ao evento. Naquele evento, ele conheceu alguns dos contatos mais importantes que já fez e seu negócio cresceu exponencialmente como resultado disso (Pillay, 2011, p. 212). Considerar essas sensações inconscientes pode ser muito útil, pois nosso inconsciente processa muito mais informações do que o nível consciente. Apenas no nível sensorial, podemos indicar a proporção 1 para 200.000 (Pillay, 2011; Callegaro, 2011). Pillay (2011) propõe uma técnica para criar mapas insulares, ou o mapeamento da ínsula. Isso significa tentar descrever de forma racional e retrospectiva as sensações sentidas no nível corporal. De fato, trata-se de reconhecer que fatores corporais não conscientes influenciam nossa forma de perceber, julgar e agir com a realidade. Por exemplo, a maior parte do nosso pensamento é influenciada por nossas emoções, mas não nos damos conta disto. A partir desses mapas insulares, é possível refletir sobre o modo como podem influenciar as decisões, e como podem ser testadas. As informações instintivas se tornam conscientes através da ínsula, a técnica indicada a seguir serve como um acelerador desse processo. “Líderes intuitivos sabem antes de saber”. Sabendo que o córtex insular está relacionado à sensação de batimentos cardíacos, distensão gástrica e outras sensações corpóreas, é possível que o treino da percepção corporal possa auxiliar nesse processo. Vejamos a técnica proposta por Pillay (2011, p. 213-4): Por exemplo, suponha que como líder em sua empresa, você tem um palpite de que demitir pessoas não será produtivo a longo prazo, mesmo que os dados mostrem o contrário. Aqui estão os passos que você deve seguir: 1) Reconheça o instinto como uma hipótese. 2) Identifique "razões racionais retrospectivas" (RRR). Aqui estão algumas possíveis razões do nosso cenário de amostra: a. “Isso criará ansiedade em outros trabalhadores e diminuirá sua produtividade.” b. “Isso criará ressentimento na comunidade e diminuirá as vendas.” c. “As despesas aumentarão devido ao absenteísmo de outros que se sintam mais estressado.” Avalie as probabilidades. 20 3) Aqui estão algumas probabilidades de amostra pelas razões listadas na etapa anterior: d. “Isso criará ansiedade em outros trabalhadores e diminuirá sua produtividade: 75%.” e. “Isso criará ressentimento na comunidade e diminuirá as vendas: 35%”. f. “As despesas aumentarão devido ao absenteísmo de outras pessoas que se sentem mais estressadas: 55%.” 4) Teste as hipóteses. Aqui estão alguns pontos a serem lembrados ao testar suas hipóteses: g. Teste primeiro a hipótese mais provável; considere usar pesquisas por escrito. h. Sair para falar aos trabalhadores sobre a “solução”; Peça alternativas. i. Revise porque as alternativas funcionam ou não. j. Discuta o seu “neurônio espelho” sobre os grupos com quem você falou. 5) Crie um mapa insular. Recalcule as probabilidades, levando em conta novas informações em números reais. Quantas pessoas estarão ansiosas? Quais são os elementos inevitáveis de produtividade? Como você pode evitar isso? Quanto dinheiro você vai perder devido a isso? Como isso se compara ao dinheiro que você perderia ao demitir as pessoas? TEMA 5 – TREINANDO PROCESSOS CEREBRAIS Após considerar as intervenções em regiões específicas do cérebro, vamos agora refletir sobre o treinamento de processos cerebrais, que envolvem conjuntos de estruturas cerebrais. Tais intervenções estão baseadas em metodologias convencionais de coaching, porém reformuladas pela perspectiva neurocientífica. 5.1 Intervenção sobre os neurônios espelho Neurônios espelho percebem as intenções, ações de nossos semelhantes. Fazem isso de forma automática, não consciente. Quando pensamos que nosso cérebro reflete as emoções de um outro cérebro, chegamos ao fato de que esse espelhamento também acontece com a outra pessoa, e por conta disso ocorre um espelhamento infinito. A ideia de que nossos cérebros refletem as emoções um do outro leva à possibilidade de um espelhamento infinito, onde o espelho mais poderoso “ganha.” Mas essa conquista nem sempre é “vencedora”, às vezes, é uma distração ter um cérebro muito empático, porque absorver as emoções de todos pode distraí-lo do seu próprio trabalho (Pillay, 2011, p. 218). Uma das dificuldades que pode ser estimulada pelos neurónios espelho é o espelhamento da moral baixa, que pode ser especialmente encontrado em momentos de recessão, ou crise. Quando nosso cérebro espelha outra pessoa, 21 ele cria caminhos neuronais paralelos sobre a intenção ou emoção daquela pessoa, ou seja, no mesmo momento em que eu tenho um sentimento, estarei processando os sentimentos de outra pessoa. Isso pode confundir os meus próprios sentimentos. Não é difícil se lembrar de situações nas quais ansiedade, nervosismo e depressão se espalham como fogo e produzem resultados muito ruins. Talvez o exemplo mais característico seja o Mercado de Ações, ambiente clássico no qual o mecanismo dos neurônios espelho pode criar o caos. Possíveis intervenções para lidar com o sistema dos neurônios-espelho: • Observando os grupos e o espaço geográfico – Em organizações, líderes precisam prestar atenção às pessoas quando estão trabalhando em equipes, e observar se os neurônios-espelho não estão fora de controle, Ou seja, se a equipe tomou uma decisão por que foi influenciada pela emoção do grupo em vez de considerar aquilo que seria melhor para a empresa. Por outro lado, se um líder deseja que seu grupo espelhe determinadas intenções e emoções que são oportunas para o desenvolvimento de tarefas, ele pode reunir todos em ambiente único, por conta disso contagiante. Se as pessoas estiverem sentadas de forma que consigam enxergar umas às outras, esse efeito será maior. O líder ou a líder precisa considerar quais são seus objetivos, e que emoções deseja transferir ao seu grupo: “Que emoção eu quero parar em massa? O que eu quero espalhar em massa? Quais mecanismos (e-mail, reuniões individuais, boletins informativos) eu quero usar? Como posso manter essa emoção? Se esta emoção é interrompida, como posso recriar a nova emoção para poder continuar a espalhá-la? (Pillay, 2011, p. 219). • Trabalhando com 360 formulários de feedback – Em um feedback de 360 graus, todas as pessoas interagem com cada funcionário, de forma que o mecanismo dos neurônios-espelho certamente estará em funcionamento. A forma de proceder a retroalimentação é bastante crucial. Mesmo que informações objetivas do desempenho ou comportamento de uma pessoa sejam apresentadas, a resposta é efetivada por mecanismos emocionais. Se a emoção por detrás dos argumentos lógicos for a raiva ou a alegria, por exemplo, a emoção será espelhada em quem estiver recebendo o feedback. Dito de outra forma, os processos de feedback 360 graus podem 22 ser disseminadores de emoções, e consequentemente influenciam positiva ou negativamente o clima organizacional. • Treinamento do contra-espelhamento – a plasticidade é uma capacidade fantástica do cérebro, que lhe permite moldar-se e se comportar de diferentes maneiras. Isso é válido para o treinamento do contra- espelhamento. Uma pesquisa evidenciou que o treinodesta habilidade pode modificar o espelhamento automático no cérebro dos participantes. Em outras palavras é possível treinar a capacidade de não espalhar o que acontece fora de nós mesmos. (Pillay, 2011; Catmur et al., 2008). Pillay (2011, p. 221, grifos do original) apresenta um guia para usar o contra-espelhamento: 1. Identifique o que você está sentindo. Se você está se sentindo ansioso, com medo, triste ou zangado, pergunte a si mesmo: “Existe mais alguém com quem eu interajo em minha vida diária que pareça se sentir da mesma maneira?” Se houver, prossiga para a etapa 2 2. Entreter a seguinte hipótese: “O motivo pelo qual me sinto assim pode ser exacerbado por outra pessoa em minha casa ou no ambiente de trabalho. Por serem ansiosos, medrosos, tristes ou zangados, posso sentir o mesmo. Meu cérebro pode estar espelhando o que eles estão sentindo.” 3. Pare todos os ataques e reclamações temporariamente. Reconheça que qualquer coisa que você diga não será totalmente o que você está sentindo. Também está refletindo a soma total das emoções de outras pessoas em seu cérebro. 4. Ao se comunicar enquanto espelhamento, dê um passo para trás e faça a seguinte pergunta: “O que seria um sentimento ou ação complementar?” (É cada vez mais descoberto que o sistema de neurônios-espelho é desenvolvido para imitar e complementar outras ações e talvez emoções.) Quadro 1 – Como o contra-espelhamento faz diferença Sem contra-espelhamento: dando o poder ao cérebro automático Com contra-espelhamento: dividindo o poder com o cérebro automático Você se sente ansioso e irritado Você observa que você se sente ansioso e irritado Você se defende a si mesmo, Você pensa que o “atacante” está sentindo e identifica semelhanças em seus estados de sentimento e as razões para isso. Você ataca de volta e cri mais raiva no atacante Você não ataca; você dá um passo atrás Você está envolvido em uma troca de raiva automática Você fica calmo para buscar uma solução inovadora e abordar suas preocupações e as preocupações do atacante. Fonte: Pillay, 2011, p. 222. O treinamento do contra-espelhamento permite a uma pessoa responder de forma calma a experiências externas caóticas. Ou, dito de outra forma, permite transformar a imitação automática (inconsciente) em uma resposta 23 consciente. Acredita-se que o sistema de espelho seja um produto do aprendizado das interações sociais em vez de algo intrínseco e imutável (Catmur; Walsh; Heyes, 2007; Pillay, 2011). 5.2 Tomada de Perspectiva Cognitiva Empatia Emocional (EE) é um processo de sentir o que a outra pessoa sente, mediado pelo sistema de neurônios-espelhos. Tomada de Perspectiva Cognitiva (TPC), envolve pensar sobre o que a outra pessoa sente. Na EE, o giro frontal inferior é ativado através dos neurónios espelho. Na TPC, o contador do cérebro é ativado (córtex pré-frontal ventromedial). Isto é, essa é a estrutura que nos faz refletir sobre o sentimento das outras pessoas. Se desejamos desenvolver esta habilidade, as intervenções devem focar nessa estrutura cerebral. Pesquisas têm mostrado que a TPC apresenta vantagens em relação à empatia no que diz respeito às negociações. Em termos de possíveis intervenções com a perspectiva cognitiva, Pillay (2011, p. 224-226) apresenta um guia (check- list) para ser usado principalmente quando ocorre uma conversa difícil (veja o Quadro 2). Essa ferramenta exploratória oferece uma referência do que possivelmente está ocorrendo com o cérebro da outra pessoa; consequentemente, orienta o planejamento de intervenções. É usada de forma frequente, pode levar a improvisação semiautomática de ações. Por exemplo: “eu preciso ser sensível para manter CCA e ativação da amígdala baixa, não sobrecarreguar a memória de curto prazo e continuar a tentar entender o que a outra pessoa está sentindo, em vez de apenas sentir automaticamente o que ela está sentindo” (Pillay, 2011, p. 223-224). Quadro 2 – Check-list para melhorar a tomada de perspectiva cognitiva PROCESSO / REGIÃO CEREBRAL AUTO-COACHING CHECK-LIST INTERPRETAÇÃO Centro de conflito □ Concentra-se em pontos de interesse compartilhado (0 - 3) Escore baixo: precisa reduzir suposições (4 - 5) Escore alto: atencioso(a) □ Reconhece pontos de ruptura potencial □ Expressa disposição e interesse em ter um parceiro de conversação como parte da solução para o problema □ Evita ideias contraditórias □ Menciona conflitos potenciais e porque eles são necessários Contador cerebral □ Reconhece tanto riscos como benefícios □ É explícito a respeito de valores 24 □ Explica o “perde-ganha” sobre custos de curto prazo versus ganhos de longo prazo (0 - 3) Escore baixo: precisa aumentar a objetividade (4 - 5) Escore alto: boa compreensão de fatos objetivos □ Faz sugestões sobre como os riscos sugeridos, por exemplo, um tempo perdido, serão gerenciados □ Apresenta tantos dados relevantes quanto possível para apoiar o argumento Memória de curto prazo □ Não sobrecarrega a memória de curto prazo com dados. (0 - 3) Escore baixo: precisa aprofundar o conhecimento dos fatos principais (4 - 5) Escore alto: boa compreensão dos fatos principais □ Mostra as coisas visualmente □ Resume e fornece uma perspectiva sistemática e mostra o sistema afetado. □ Usa emoção para consolidar novos fatos (ex. humor) □ Repete os fatos principais Alarme □ Mostra objetivo imaginado (previsto) (0 - 3) Escore baixo: precisa ser menos provocativo (4 - 5) Escore alto: calmante □ Antecipa obstáculos que o parceiro de conversação enfrentará e fornece Soluções □ Reconhece se a solução para um problema não é conhecida, garantindo que o problema será considerado □ Fornece informações antecipadamente para que o parceiro de conversa tenha tempo para pensar antecipadamente. □ Afasta a atenção dos problemas e desloca para as soluções Memória de longo prazo □ Reconhece o que funcionou com as abordagens anteriores (0 - 3) Escore baixo: Precisa ser sensível ao tempo e aos hábitos (4 - 5) Escore alto: É sensível ao tempo e aos hábitos □ Reconhece o que não funcionou com as abordagens anteriores □ Mostra as metas futuras e como as abordagens do passado falharam em relação as metas almejadas □ Enfatiza inovação e novidade □ Mostra como a estrutura de trabalho atual pode não acomodar as metas e explora o que é necessário para fazer isso funcionar Recompensa □ Descreve explicitamente as recompensas ao parceiro de conversação (0 - 3) Escore baixo: precisa mais de autoconvencimento sobre a meta (4 - 5) Escore alto: Muito interessado(a) na meta □ Descreve explicitamente recompensas de propósitos mais altos □ reformula o que não é recompensas em termos de benefícios a longo prazo □ experimenta e acredita em recompensas □ descreve recompensas em diferentes categorias: financeira, emocional e social etc. Ação □ usa comparação de parâmetros (benchmarks) e pontos de check-in (0 - 3) Escore baixo: precisa se esquivar menos de conflitos (4 - 5) Escore alto: Confortável com conflitos na função de líder □ A primeira comparação de parâmetros (benchmark) é articulada. □ Usa outros exemplos de ação □ mostra ao parceiro de conversa como a ação seria (quais são as etapas) □ Reexamina todos os "alimentadores*" para serem centros de ação * estruturas cerebrais que precedem a ação: centro de conflito, contador, memória de curto e longo prazo, centro de alarme (amígdalas). Fonte: Pillay, 2011, p. 224-6. Pillay (2011, p. 224-226) relata que utilizou esse quadro com gerentes seniores, que desejavam engajar seus colaboradores externos com a adoção de 25 novas tecnologias, para as quais eram resistentes. O objetivo era relacionar cada região do cérebro com a meta desejada: um parceiro de conversa mais receptivo a novas ideias e menos conflituoso.Considerando negociações ou conversas difíceis, esse pesquisador utiliza a seguinte estratégia (Pillay, 2011, p. 226): • Impedir que o detector de conflitos do(a) parceiro de conversação (PC) seja disparado: comece estabelecendo prioridades compartilhadas. • Impedir a superativação da amígdala do(a)CP para evitar que ele(a) entre no modo de sobrevivência: Após articular a nova proposta, você pode precisar reformular, reengajar, resolver, reavaliar e refocar (intervenções de ACC) de forma ativa e dinâmica até você aliviar as ansiedades obstrutivas. • Envolva o contador do(a) CP, enquadrando os trade-offs (ato de escolher uma alternativa) na adoção de novos métodos versus métodos antigos, como riscos e benefícios. • Não sobrecarregue a memória de curto prazo com dados. • Respeite as memórias de longo prazo do(a) PC sobre os modos antigos. • Enfatize as recompensas. • Ação desejada Benchmark e cronogramas juntos. 5.3 Abordagem para aumentar a inovação Inovação é uma expressão bastante abrangente, atual e crucial ao desenvolvimento (ou mesmo sobrevivência) das organizações. É produto de pessoas, e quanto mais elas se sentiram motivadas e seguras, mais facilmente terão novas ideias e as testarão. Para isso é necessário um ambiente intraempreendedor, no qual haja condições favoráveis, tal como reconhecimento e valorização, comunicação aberta e fluídica, apoio individual e estrutural, e ainda um ambiente físico adequado. Ela inclui a criação de um novo produto/serviço ou uma nova linha de produtos/serviços, a melhoria ou criação de novos dos modelos de negócios e de gestão, a abertura de novos mercados, a utilização de novas tecnologias, entre outras (Souza, Franco, 2014; Pillay, 2011). A inovação requer ir além de formas lineares e racionais de solução de problemas para formas mais inovadoras de lidar com as necessidades de negócios. [...] A inovação envolve o uso criativo de faculdades racionais e emocionais, e quando gerentes, líderes ou coaches estão tentando estimular processos de pensamento inovadores, pensar nas regiões do cérebro envolvidas na criatividade pode ajudar a desenvolver estratégias. [...] as quatro principais regiões cerebrais a seguir estão envolvidas no pensamento criativo e inovador: • O giro lingual - Implicado no sonho • Córtex orbital lateral esquerdo - Implicado na desinibição • O córtex parietal posterior - Implicado na desorientação no tempo e no espaço • O giro angular - Implicado nas compreensões da metáfora e abstração intermodal (Pillay, 2011, p. 227). 26 Pillay (2011) propõe uma forma de treinar a inovação: Primeiramente, pela declaração introdutória. Para que a inovação ocorra, é necessário ter tolerância ao risco, o que implica em redução da ansiedade. É preciso autocontrole para que a mentalidade inovadora possa se desenvolver. Depois, temos as funções que precisam ser desenvolvidas: a capacidade de sonhar, de assumir riscos controlando a ansiedade, de pensar fora do tempo e espaço (da caixa), e ainda a capacidade de aprimorar metáforas e abstrações intermodais. Vejamos algumas questões sobre cada uma dessas funções (Pillay, 2011, p. 228-9): • Sonhar o Se a realidade não fosse obstrução, como você gostaria que isso acontecesse? o Se a realidade não fosse obstrução, que medidas seriam necessárias? o Da mesma forma que os irmãos Wright inventaram o avião, o que você gostaria de inventar para resolver esse problema? • Assumir riscos e controlar a ansiedade o Qual é o risco mais assustador que você poderia ter nessa situação? o Você consegue imaginar fazer isso? (Primeiro da perspectiva de terceira pessoa, depois da perspectiva de primeira pessoa.) o O que faria você parar? o Você questiona sua capacidade de recuperação se você já começou a percorrer este caminho. O que você acha que pode acontecer? o Você sabia que você poderia treinar os centros de atenção do seu cérebro para que, quando você chegar lá “no fluxo”, você sempre possa voltar? • Pensar fora do tempo e do espaço o Se o tempo não fosse problema, como e o que você faria? 27 o E se não importasse onde você estava? o E se você tivesse espaço ilimitado para fazer o que quisesse fazer? • Aprimorar metáforas e abstrações intermodais: o Como seria esse movimento para você? O que você pode comparar? o Se este movimento causou um terremoto, qual seria a sua estratégia de pensamento? o Faça o teste “kikki” / “bouba”. Explique o que é isso. o Se você tivesse que descrever esse movimento como um cheiro ou um gosto, o que seria isso? 28 REFERÊNCIAS AGUIARI, V. Por que o Vale do Silício abraçou o Mindfulness? Disponível em: <https://startupi.com.br/2018/04/por-que- ovaledosilicioabracouomindfulness/?fbclid=IwAR21H794nt6SGJA2xXzhIduUyDGj ctyejTLZcj-71xstETcaV1gxU2IcQ6o>. Acesso em: 9 jul. 2019. 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