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Resistência dos Materiais Aplicada à Arquitetura Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Ricardo Alferes Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Equilíbrio Estático e Reações de Apoio • Introdução; • Momentro, Braço de Alavanca e Tendência de Giro; • Reações de Apoio; • Classificação das Estruturas; • Equilíbrio Estático com Forças Inclinadas; • Forças Distribuídas em uma Estrutura; • Centro de Aplicação de uma Força Distribuída; • Cálculo de ema Estrutura com Carga Distribuída. • Apresentar as equações de equilíbrio estático utilizadas no cálculo das reações de apoio de estruturas bidimensionais; • Aplicar essas equações em casos de cargas concentradas ortogonais e inclinadas e cargas distribuídas. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Introdução Imagine que há uma pessoa de 70 kg sentada em um banco de praça. Sua missão é descobrir quanto do peso dela vai para cada lado do banco. Se ela esti- ver exatamente no meio, é fácil saber que cada lado vai ter um peso equivalente a 35kg. Mas e se a pessoa for um pouco para o lado? E se depois disso sentar mais uma pessoa? Como saberemos se um dos dois lados está sobrecarregado? Esse é o foco desta unidade. 70Kg (ou 700N) ?Kg ?Kg Figura 1 Fonte: Adaptado de Getty Images Quanto observamos o banco e a pessoa dentro de um esquema representativo, podemos imaginar um peso concentrado em uma parte do banco (aqui já podemos considerar que os 70kg equivalem a aproximadamente 700N), mas não sabemos exatamente quanto peso cada pé do banco está recebendo. Na unidade passada, já começamos a falar em equações de equilíbrio. Conside- rando um plano bidimensional (imagine o mundo em uma folha de papel, sem a questão da profundidade), sabemos que as equações são as condições necessárias para definir que um corpo está em equilíbrio estático. 0 0 0 x y F F M å = å = å = E retomando a convenção de adotar o plano horizontal como eixo x, quando 0xFå = , o banco não está andando para o lado (esquerda e direita); quando 0yFå = , o banco não está afundando na terra nem subindo (para cima e para baixo); e quando 0Må = , o banco não está girando no lugar. 8 9 Uma vez discutido o conceito de força peso, é fácil entender como podemos dizer que a soma das forças verticais é nula ( )0xFå = , assim como em relação às forças horizontais, basta imaginar uma pessoa tentando empurrar uma parede que vemos uma situação onde as forças horizontais se anulam ( )0yFå = . Agora, para entender a última equação de equilíbrio (S M = 0), precisamos definir o conceito do que é “momento”. Momentro, Braço de Alavanca e Tendência de Giro Toda vez que precisamos torcer alguma coisa, seja o parafuso de um pneu que precisa ser trocado, seja uma tampa rosqueada a um pote de vidro, aplicamos um momento a algum objeto no objetivo de gerar a torção desejada. Figura 2 Fonte: Getty Images Figura 3 Fonte: Getty Images Diferente do caso da tampa, quando lidamos com parafusos semelhantes aos da Figura 3, rapidamente notamos que quanto mais distante estiver a mão do parafu- so, menos força precisaremos aplicar, e que a posição ideal para direcionar a força é sempre a 90 graus da haste da chave. 1 2 3 F F F Figura 4 Observe que na Figura 4, dentre as três opções, o caso 1 é mais eficiente do que o 2, pois o ponto de aplicação da força está mais distante do ponto de giro 9 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio (o parafuso), e também é mais eficiente do que o caso 3, pois a força está sendo aplicada em uma posição de 90 graus em relação à barra. Mas como faremos então para calcular esse tipo de força, o momento? Chamaremos de “M” o momento de giro, que é a força do torque aplicada em um ponto específico. O cálculo de M será feito através da seguinte fórmula: ( )M F d sen a= × × F A α d Figura 5 Onde: M – Momento em relação ao ponto A; F – Força aplicada para gerar o momento; d – Distância entre o ponto de giro e o ponto onde é aplicada a força; α – Ângulo de aplicação de força em relação à linha que conecta a força F e o ponto A. Analisando essa fórmula, podemos confirmar o que percebemos empiricamente ao lidar com situações desse tipo, pois o momento é diretamente relacionado à dis- tância aplicada. Se encurtamos a distância, precisamos compensar na força aplica- da para obter um mesmo momento. E em relação aos ângulos, podemos observar numericamente na Tabela 1, de senos e cossenos. Tabela 1 Ângulo Seno Cosseno 0 0,0 1,0 15 0,259 0,966 30 0,5 0,866 45 0,707 0,707 60 0,866 0,5 75 0,966 0,259 90 1,0 0,0 Quando temos um ângulo de 90°, conseguimos o maior valor para o seno, da mesma forma que se o ângulo fosse 0°, nenhum giro seria aplicado no ponto de 10 11 torção (parafuso). Se estivermos lidando com situações onde o ângulo seja sempre 90°, como, por exemplo, uma ponte cujas forças aplicadas sejam os pesos dos veículos (lembrando que o peso é uma força vertical de cima para baixo), podemos simplificar a equação do momento para o formato a seguir: M F d= × Uma outra forma intuitiva de se fazer essa análise é observada em uma gangorra. Quando duas pessoas com peso diferente tentam brincar na gangorra, se elas sen- tarem à mesma distância do meio, a gangorra sempre ficará inclinada para o lado da pessoa mais pesada. O ponto central da gangorra é o ponto onde está sendo aplicado o torque. Logo, para que a gangorra possa entrar em equilíbrio, a pessoa mais pesada precisa ficar mais próxima do centro do que a pessoa mais leve. Ou seja, como a força (peso) da pessoa é maior, compensamos encurtando a distância. Torque – Brasil escola: https://youtu.be/M7THxlimQ_I. Ex pl or Reações de Apoio Quando pensamos em um contexto voltado às construções, as reações de apoio são as forças responsáveis por manter as estruturas de pé. Se você olha para um prédio e ele não está afundando, é porque o solo onde ele foi construído o está em- purrando para cima (reação de apoio). No cálculo de qualquer estrutura, é essencial saber quais são as reações de apoio existentes e os valores delas. Bom, agora vamos voltarà situação do início desta unidade, onde tínhamos um banco de praça com dois apoios e um peso aplicado. Vamos simplificar a estrutura do exemplo do banco de praça, nomear um dos pés do banco de “A” e o outro de “B”. 70Kg (ou 700N) 700N ?Kg ?Kg D d1 d2 R4 RB A B Figura 6 11 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Sabemos que para que a força do peso da pessoa sentada (700N) seja anulada, é necessário que apareça uma ou mais força no sentido oposto. Ou seja, quando o peso da pessoa empurra o banco para baixo, o banco se apoia nos pés para em- purrar para cima de volta. A essa reação que aparece nas estruturas para manter o equilíbrio damos o nome de reação de apoio (RA e RB). Considere também que os pés do banco estão afastados entre si com uma dis- tância “D” e que o ponto onde está o peso da pessoa sentada está a uma distância “d1” de um dos lados e “d2” do outro apoio, ou seja, o peso não está sendo apli- cado no meio do banco. Definiremos valores para as distâncias d1 e d2. Suponha que o peso está sendo aplicado a meio metro do apoio esquerdo e um metro e meio do apoio direito: d1=0,50m e d2=1,50m. Logo, o banco terá dois metros de distância entre os apoios (D=2m). 700N RA 2,00m RB 0,50m 1,50m A B Figura 7 Para chegar aos valores de reação em cada pé do banco, utilizaremos as já ci- tadas equações de equilíbrio. Desta vez, colocando todos os valores presentes na estrutura que queremos estudar – neste caso, o banco. Equação 1 Observe a equação de equilíbrio nas forças verticais: 0yFå = todas as forças verticais se anulam, se separarmos as forças verticais – aqui incluiremos todas as forças, ações e reações –, teremos a situação da Figura 8. 700N RA RB Figura 8 12 13 De um lado, as forças verticais empurrando de cima para baixo – o peso da pes- soa; do outro, lado, as forças verticais empurrando de baixo para cima – as reações dos pés do banco. Se as forças se anulam: 700A BR R N+ = Equação 2 A segunda equação de equilíbrio ( )0xFå = se refere às forças horizontais. Nes- te caso, não está sendo aplicada nenhuma força horizontal, ninguém está empur- rando o banco para o lado e, portanto, o banco não apresenta nenhuma reação de apoio horizontal. (0 = 0) (Podemos dispensar esta equação neste caso) Equação 3 A terceira equação é a equação de momento. Conforme apresentado anterior- mente, o momento é a tendência de giro que uma força faz em relação a um ponto específico. E quando temos uma situação onde a força é aplicada perpendicular- mente à linha que une o ponto de aplicação da força e o ponto de giro, a fórmula do momento é descrita como M = F∙d. Como o sistema está em equilíbrio, nenhum dos pontos está girando. Basta então que escolhamos um ponto de referência para aplicarmos a equação de equilíbrio para momentos: S M = 0. Escolheremos o ponto A, por exemplo. Observe apenas as forças que estão sendo aplicadas na Figura 9. 700N A B 2,00m 0,50m 1,50m RA RB Figura 9 Agora imagine cada uma dessas forças fazendo um giro em relação ao ponto A, indo da esquerda para a direita, você pode notar que a reação de apoio RA não faz nenhum tipo de giro no ponto A, pois a força está sendo aplicada diretamente no ponto (a distância é zero). A força de 700N, por outro lado, está um pouco dis- tante (0,50 m) e, se você observa que tipo de giro ela faria, nota que é um giro no 13 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio sentido horário ao redor do ponto A. Por fim, a reação de apoio RB está ainda mais distante do ponto A (2,0 m) e faz um giro contrário ao do que faz a força de 700N, resultando num giro anti-horário (Figura 10). 700N A 0,50m 2,00m B RB A Figura 10 Quando fizemos o equilíbrio vertical, separamos as forças que empurravam para baixo em um lado e as que empurravam para cima do outro. No caso das equações de momento, separaremos os momentos no sentido horário de um lado e os do sentido anti-horário do outro. Para o cálculo dos momentos, segundo a equação, teremos o produto da força pela distância (M = F∙d), colocando a fórmula para as forças: 700 üüüüü 700 0,50 350 (horário) (anti-horário) 2,0 2 RA A N RB B B M R m M N m N m M R m R = × ® = × ® × = × ® Colocando em lados opostos da equação os momentos horário e anti-horário, teremos: 350 N∙M = 2RB Resolvendo essa equação, obtemos o valor de RB = 175N Agora, podemos voltar para aquela soma anterior, que dizia que RA + RB = 700N, e substituir o valor de RB pelo valor obtido: 175 700 525A AR N N R N+ = ® = Veremos como fica a estrutura do ban- co com os novos valores que acabamos de calcular (Figura 11). Veja que faz sentido: o pé do banco que está mais perto do peso naturalmente fica mais sobrecarregado do que o apoio mais distante. Com esse método, conseguimos descobrir as reações de apoio de quaisquer estruturas, desde que elas não apresentem mais reações de apoio do que consegui- mos lidar. 700N 525N 175N 2,00m 0,50m 1,50m A B Figura 11 14 15 Classificação das Estruturas Existe uma classificação das estruturas em relação aos vínculos que define três tipos de estruturas: as hipostáticas, as isostáticas e as hiperestáticas. Estruturas hipostáticas Imagine que você precisa atravessar um vão utilizando uma ponte que consiste em uma tábua apoiada sobre toras redondas de madeira, como na Figura 12. Figura 12 Fonte: Adaptado de Getty Images Todo o peso que você exercer de cima para baixo será resistido pelas toras, mas ainda assim a ponte parece insegura, pois você sabe que se alguma força externa aparecer te empurrando para frente ou para trás, a ponte se deslocará e possivel- mente cairá. Ela não está fixa o suficiente. Quando uma estrutura não tem vínculos suficientes para resistir aos possíveis esforços, essa é uma estrutura hipostática. Uma outra forma de definir estruturas hipostáticas é dizer que há menos incógnitas do que equações de equilíbrio. Estruturas isostáticas Agora imagine que você pretende tornar a travessia mais segura, para isso, coloca um sistema de fixação em uma das toras, para que ela não saia do lugar, como na Figura 13. Figura 13 15 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Essa fixação já é o suficiente para tornar a travessia segura, bem como garantir a estabilidade da ponte, pois, mesmo tendo um dos lados ainda solto, qualquer mo- vimento horizontal será impedido pela fixação em um dos lados. Esse tipo de estrutura é chamado estrutura isostática, quando o número de in- cógnitas é igual ao número de equações. Estruturas hiperstáticas Prosseguindo com o mesmo exemplo, considere que você quer ter absoluta cer- teza de que a ponte não cairá, e instala o mesmo sistema de fixação do outro lado, mesmo sabendo que apenas um dos sistemas era suficiente para garantir a estabi- lidade da ponte. Figura 14 Esse tipo de estrutura é chamado hiperestática, é uma estrutura conhecida por ter mais vínculos do que o mínimo necessário para a estabilidade. Ou seja, temos mais incógnitas do que equações suficientes para resolver. Neste momento, como estamos focando em estruturas em equilíbrio estático, não estudaremos as estruturas hipostáticas pela sua instabilidade diante dos possí- veis esforços. Tampouco serão focadas estruturas hiperestáticas, pois seu cálculo é mais complexo e exige uma outra forma de análise. Portanto, a proposta será de sempre apresentar as estruturas em um contexto isostático nos exemplos desta disciplina. O banco de praça utilizado como exemplo anteriormente, traduzido em uma configuração isostática, será apresentado como na Figura 15. A B Figura 15 16 17 Equilíbrio Estático com Forças Inclinadas Eventualmente você poderá se deparar com situações em que a força aplicada em uma estrutura não seja tão simples quanto o peso de uma pessoa sentada. Há diversos tipos de projetos e apoios, além de cargas externas que surgirão sobre as estruturas. Algumas dessas cargas poderão aparecer como forças inclinadas, ou seja, uma força atuando emdois eixos diferentes. Veja que, por causa desse tipo de situação, uma única força exigirá reações de apoio verticais e horizontais. Como lidar com isso? Usemos como exemplo a estru- tura da Figura 16. 282,85N 45 A B 1,0m 3,0m 4,0m 2,0m Figura 16 Agora já sabemos que, sendo uma estrutura isostática, não haverá nenhum vín- culo além do necessário. Como a força exercida é inclinada, ao mesmo tempo em que ela age de cima para baixo, também age da esquerda para a direita. Logo, teremos reações de apoio de baixo para cima e da direita para a esquerda, a fim de anular o efeito desta força. Veja a Figura 17. 282,85N 45 A B Figura 17 17 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Note que há duas reações verticais e apenas uma horizontal, pois, como a estrutura é isostática, basta que o apoio A ofereça resistência ao movimento ho- rizontal; o apoio B é livre para se deslocar horizontalmente, mas é contido pela rigidez da estrutura. Nesse momento, ainda não conseguimos utilizar as equações de equilíbrio, pois a força aplicada, estando inclinada, não está nem alinhada ao eixo x nem ao eixo y. Para poder avançar nessa resolução, será necessário decompor as componentes dessa força, conforme feito na unidade anterior. Depois da decomposição, teremos separado a força inclinada de 282,85N em uma força horizontal e uma vertical. 282,85N y Fx Fy x 45º Figura 18 Seguindo os cálculos segundo o que já foi apresentado sobre decomposição de forças. Lembrando que, nesse caso, para o ângulo de 45°, o valor de seno e cos- seno é o mesmo: cos 282,85 0,707 200 sen 282,85 0,707 200 x x x y y y F F F F N F F F F N q q = × = × = = × = × = Com a decomposição feita, podemos reescrever a estrutura agora com as forças alinhadas aos eixos, como na Figura 19. Mais uma vez separamos os tipos de força de acordo com as equações de equilí- brio, para o somatório das forças verticais, 0yFå = Separa-se a componente vertical da força, que tem valor de 200N de um lado, e as reações verticais RVA e RVB do outro, como na Figura 20. 200N 200N A RVA RHB B RVB Figura 19 18 19 RVA + RVB = 200N 200N RVA RVB Figura 20 Seguindo com a próxima equação, 0xFå = , temos como forças atuando, da esquerda para a direita, a componente horizontal da força inclinada, com valor de 200N, e no sentido oposto temos a reação horizontal no ponto A, RHA. RHA = 200N RHA200N Figura 21 Por fim, temos a equação para somatório de momento. Para isso, tomamos um ponto de referência na estrutura e resolvemos a equação depois de considerar a direção do giro causada por cada força. Verificaremos o ponto A, por exemplo, Figuras 22, 23 e 24. 200N 2,0m A Figura 22 – Força horizontal de 200N (horário) 200N A 1,0m Figura 23 – Força vertical de 200N (horário) 19 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio A 4,0m RVB Figura 24 – Reação vertical no ponto B, RVB (anti-horário) Calculando os momentos, teremos: ( ) ( ) 200 200 200 2,00 400 200 1 ,00 200 4,00 4 N horizontal N vertical RVB VB VB M N m N m M N m N m M R m R N m = × ® × = × ® × = × ® × × Separando na equação S M = 0 os momentos no sentido horário de um lado, e no sentido anti-horário do outro: 400 200 4 400 200 4 150 VB VB VB R R R N + = + = = Voltando à equação de soma de forças verticais: 200 150 200 50 VA VB VA VA R R N R N N R N + = + = = Note que, embora o ponto de aplicação seja próximo do apoio A, como no exemplo anterior, o fato de a força estar inclinada acarretou uma diferença que fez com que a reação vertical em B fosse maior do que a reação em A. Recalcule essas mesmas reações de apoio utilizando o ponto B como ponto de referência para cálculo dos momentos e compare os valores finais. Note que os sentidos de giro serão alterados.Ex pl or Eventualmente, você poderá se deparar com exemplos onde a reação verti- cal resulte em um valor negativo. Num exemplo como esse, onde imaginamos os apoios empurrando a estrutura para cima, um resultado negativo significaria que, 20 21 na verdade, a estrutura está sendo puxada do apoio, e o apoio está puxando de volta para evitar que a estrutura seja arrancada. Forças Distribuídas em uma Estrutura Desde o início desta disciplina, são apresentados exemplos onde os pesos do dia a dia são colocados nas nossas estruturas como cargas sendo aplicadas em um pon- to. Mas e se, em vez de estar concentrado em um ponto, a fonte do peso estivesse espalhada sobre uma superfície. Como representar um peso distribuído? Imagine a diferença, você precisa representar o peso de uma tora de madeira recém-cortada, esse peso será aplicado sobre uma pequena ponte que servirá de transporte, a carga concentrada seria imaginar a tora em pé em algum ponto es- pecífico da ponte. Por outro lado, se o tronco estiver deitado, o peso é o mesmo, porém estará espalhado em um comprimento, em vez de estar num único ponto. Carga concentrada Carga distribuída F(N) F(N/m) Figura 25 Note que as unidades de medida são diferentes. Como havíamos visto antes, a unidade de força é o newton (N). Porém, quando essa força está distribuída em um certo comprimento, utilizamos o newton por metro (N/m), o que significa que, den- tro daquele trecho, temos uma carga distribuída segundo a proporção apresentada. Por exemplo, se consideramos a tora de madeira citada, tendo 400kg de massa e um comprimento de 4 metros, quando ela estiver em pé, o peso de 4000N (pro- veniente dos 400kg) estará concentrado em um ponto. Quando estivermos lidando com a tora deitada, os 4000N estarão divididos entre os 4 metros: 4000 : 1000 / 4 NCarga distribuída N m m = Desta forma, a representação gráfica desta situação seria o que está na Figura 26. Carga concentrada Carga distribuída 4000N 1000 N/m Figura 26 21 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio E como resolver o cálculo desse tipo de situação? Com as forças de forma distri- buída não é possível partir diretamente para as equações de equilíbrio. Centro de Aplicação de uma Força Distribuída Para seguir à resolução de uma estrutura com carga distribuída, o primeiro passo que deve ser dado é encontrar o centro de aplicação daquela força, que é o centro de gravidade. Em outras palavras, imagine um cabo de vassoura na hori- zontal, se você quiser equilibrar esse cabo apoiando-o em apenas um ponto, onde vai ser esse apoio? No meio do cabo, não? O cabo era uma carga distribuída, mas existe um ponto onde aquela força pode ser equilibrada por uma reação de apoio concentrada, como na Figura 27. Figura 27 Fonte: Getty Images Logo, nota-se que toda carga distribuída tem, em algum lugar, um ponto es- pecífico onde ela pode ser equilibrada por uma reação concentrada. Esse ponto dependerá da forma de como essa carga é distribuída. Temos valores fixos para formatos regulares de carga, que são os mais usuais: retangular, triangular e se- micircular ou elipsoidal. 22 23 Retangular Triangular Circular/Elipsoidal 1/2 1/2 1/3 2/3 1/2 1/2 1 1 1 Figura 28 Para as cargas simétricas, que são o caso da retangular ou das variações de um semicírculo, o ponto onde se concentra a carga (centro de gravidade) fica na meta- de do comprimento da forma. Já para uma carga triangular, o centro de gravidade fica a um terço do comprimento, medido a partir da base do triângulo. Depois de definido o ponto onde consideramos que essa carga está sendo concentrada, basta calcular qual será o valor da força concentrada. Cálculo de ema Estrutura com Carga Distribuída Para chegar ao valor que uma carga distribuída exerce sobre uma estrutura, basta apenas calcular o valor da área de distribuição daquela carga. Uma das di- mensões é dada pelo comprimento de distribuição da carga. A outra pelo valor da carga, expresso em N/m. Por exemplo, vamos calcular a reação de apoio da estrutura da Figura 29. 700 N/m A B 3,0m Figura 29 23 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio O primeiro passo é determinarquanto vale essa carga distribuída. Depois de- terminar em que ponto ela estaria concentrada, e então partir para o cálculo das reações de apoio. Para determinar o valor total da carga distribuída, calcularemos a área da forma de distribuição. Nesse caso, é um triângulo, um dos lados do cálculo (base) tem 3m, o outro lado (altura) tem um valor de 700 N/m, seguindo a fórmula para área do triângulo (AD): 2 3 700 / 2 1050 base alturaA m N mA A N D D D × = × = = O valor de 1050N é a força total gerada por essa carga distribuída, o ponto de aplicação da carga será observado conforme descrito como centro de gravidade para áreas triangulares, ou seja, a um terço da base do triângulo. Uma vez que o triângulo tem 3 metros de base, o ponto de aplicação da carga será 1/3 deste valor (1m) a partir da base, ficando como na Figura 30. 1050 N A B 1,0m 2,0m 3,0m Figura 30 Importante! O desenvolvimento desse método não significa que a carga deixa de ser distribuída e se transforma em uma carga concentrada, significa que essa é a forma como a enxergamos para facilitar o cálculo das reações de apoio. Importante! Seguindo com o cálculo das equações de equilíbrio: Não havendo forças horizontais, não serão observadas reações de apoio quando S Fx = 0. Para as reações verticais (RVA e RVB): 0 1050 y VA VB F R R N å = + = 24 25 E seguindo com a equação de momento, tomando como referência o ponto B: 1050 0 3,00 3 (horário) 1050 2,00 2100 (anti-horário) 2100 3 700 RVA VA VA N VA VA M M R m R N m M m N m N M R R N å = = ® = ® × × = × × =× Voltando à equação de equilíbrio vertical: 1050 700 1050 350 VA VB VB VB R R N R N R N + = + = = Independente do formato da carga, o procedimento geral consiste em calcular o valor total da carga distribuída, observar o ponto de concentração de cargas e então prosseguir com o cálculo de forma semelhante ao de uma carga concentrada. 25 UNIDADE Equilíbrio Estático e Reações de Apoio Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Resistência dos materiais – Para entender e gostar BOTELHO, M. H. C. Resistência dos materiais – Para entender e gostar. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2017. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática BEER, F. P. et. al. Mecânica Vetorial para Engenheiros: estática. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. Estruturas Isostáticas ALMEIDA, M. C. F. Estruturas Isostáticas. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. Vídeos Reações de Apoio Exercícios Resolvidos (Simples e Cargas Distribuídas) https://youtu.be/Ht7SoFR_rkM Momento Fletor https://youtu.be/So7bmKCRvwg 26 27 Referências BOTELHO, M. H. C. Resistência dos materiais – Para entender e gostar. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2017. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 27
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