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NUTRIÇÃO BÁSICA PROTEÍNAS: DIGESTÃO Prof. Diego Righi Benedicto Mestrando em Ciência e Tecnologia dos Alimentos – UFES Pós-graduado em Nutrição Clínica e Esportiva Pós-graduando em Fisiologia do Exercício DIGESTÃO DE PROTEÍNAS CONCEITOS • Ligação covalente: é uma ligação química caracterizada pelo compartilhamento de um ou mais pares de elétrons entre átomos. O nome ligação covalente surgiu em 1939; • Ligação não covalente: também conhecida como Ligação de halogênio, é um tipo de interação não covalente que não envolve a formação nem quebra de ligações reais, mas sim é semelhante à interação dipolo-dipolo conhecida como ligação de hidrogênio; • Força de Wan de Whals: uma força de Van der Waals (ou interação de Van der Waals), nome dado em homenagem ao cientista holandês Johannes Diderik van der Waals, é a soma de todas forças atrativas ou repulsivas, que não sejam forças devidas a ligações covalentes entre moléculas (ou entre partes da mesma molécula) ou forças devido à interação eletrostática de íons: Existem 3 tipos desta ligação • força entre dois dipolos permanentes (Força de Keesom) • força entre um dipolo permanente e um polo induzido (Força de Debye) • força entre dois dipolos instantaneamente induzidos (Força de dispersão London) DIGESTÃO DE PTN • O consumo diário é quase completamento digerido e absorvido pelo organismo; • Por consequência, é um processo muito eficiente, assegurando o fornecimento contínuo de aa’s para aa’s para todo o corpo; • Cerca de 10% de ptn total da ingestão que passa pelo TGI é excretada nas fezes; • Dietas contendo 70 – 100g de PTN = 1-2g de nitrogênio; • A PTN fecal pode incluir PTN de difíceis digestão ou mastigação (tecido conjuntivo duro e fibroso de carnes). (FUKAGAWA; YU, 2009). DIGESTÃO DE PTN • O objetivo principal é a liberação de AA’s contido nas PTN ingeridas; • Apenas AA’s pequenos e peptídeos passarão pelo lúmen intestinal para a corrente sanguínea; • Serão hidrolisadas por meio de uma série de enzimas com ligações-alvo específicas; • As enzimas de PTN são chamadas de peptidases; • Elas se dividem em duas classes: • As que atacam s ligações do peptídeo terminal e libertam os AA’s únicos da estrutura proteica: Exopeptidases. EXOPEPTIDASES • São subdivididas de acordo com o ataque; • Se for na extremidade carboxílica da cadeira de AA’s: são chamadas de carboxipeptidases; • Se for na extremidade amino da cadeia: são chamadas de aminopeptidases; • O ataque primário a uma PTN intacta é catalisado por endopeptidases, e a ação digestiva é catalisada pelas exopepitidases. (GROPPER; SMITH; GROFF, 2009). DIGESTÃO DE PTN’S • A digestão de proteínas não é iniciada até que ela chegue ao estômago; • O alimento precisa ser acidificado com o ácido clorídrico – HCL; • HCL têm várias funções no organismo – matar microrganismos, desnaturar as ptns alimentares, tornando-as mais vulneráveis a hidrólise. • A pepsina será secretada pelas células que revestem o estômago e liberada para a cavidade gástrica na sua forma inativa – pepsinogênio. (FUKAGAWA; YU, 2009; WARDLAW; SMITH, 2013). PEPSINA • Após sua ativação, a liberação de colecistocinina no duodeno; • Estimulando o pâncreas e intestino para liberar suas enzimas digestivas; • Intestino – enteropeptidase, ou enterocinase, que ativa a tripsina, liberado como tripsinogênio pelo pâncreas; • A tripsina também atua sobre outras pré-proteases (enzimas de ptn). Liberadas pelo pâncreas, provocando suas ativações; • A tripsina por consequência atua como ativadora de quimotripsina, elastase e procarboxipeptidase. (GROPPER; SMITH; GROFF, 2009) AÇÃO ENZIMÁTICA • Por meio da ação das enzimas citadas anteriormente, vários oligopeptídeos serão produzidos; • Posteriormente atacados pelos aminos e caboxipeptidases do suco pancreático e por aquelas que são encontrados na borda de escova das células epiteliais do TGI; • Vagarosamente, os AA’s são libertados de suas cadeias e são absorvidos pelo organismo; • A borda de escova intestinal não apenas absorve o AA’s únicos, mas também os di e tripeptídeos. TRANSPORTE • Existem transportes específicos para cada grupo de AA’s funcional; • A maioria será transportada por um sistema de transporte ativo contra um gradiente de concentração: bomba de sódio e potássio; • Uma vez no sangue, os aa’s são transportados para o fígado; • O fígado é o órgão que controla a distribuição dos aa’s e de qualquer degradação deles; • Mais de 90% da ptn ingerida não se decompõe no organismo, visto que são utilizadas peara a construção do corpo. METABOLISMO • O conjunto de aa’s e suas concentrações corporais são controlados e mantidos por meio do fornecimento, eliminação e das perdas durante a digestão; • O organismo humano é capaz de se adaptar a diferentes tipos de dietas no que diz respeito ao conteúdo proteico da mesma; • A ingestão inadequada de ptn induz a perda de massa muscular (massa magra é tudo aquilo que não é gordura no corpo humano, não confundam); • A ingestão adequada é um pré-requisito para a síntese de ptn corporais e para manutenção dos músculos, ossos e diversos outros tecidos do corpo humano. (KOHLMEIER, 2015) BALANÇO NITROGENADO • Representa o resultado líquido do anabolismo proteico continuo e do catabolismo do corpo; • É influenciado não só pela ingestão de ptn, mas também pela qualidade da ptn ingerida e pelo equilíbrio energético; • Os principais sistemas metabólicos responsáveis para essa manutenção do equilíbrio, ingestão:excreção, são: • Síntese de ptn; • Decomposição ou degradação proteica; • interconversões de aminoácidos, transformação e eventualmente oxidação, com eliminação de dióxido de carbono e produção de ureia; • síntese de aminoácidos, no caso de aminoácido não essencial ou condicionalmente essencial. DINÂMICA DO “POOL” DE AA CIRCULANTES • BALANÇO NITROGENADO NEUTRO: INGESTA = EXCREÇÃO • BN + (positivo) : INGESTA > EXCREÇÃO • Fase de crescimento • Fase de recuperação de doenças debilitantes • BN – (negativo) : INGESTA < EXCREÇÃO • Senelidade • Enfermidades debilitantes (câncer, AIDS, desnutrição) POOL DE AMINOÁCIDOS • Conjunto de aminoácidos livre na circulação geral de todo o organismo, oriundos da dieta, da quebra de proteínas tissulares ou da síntese de aa não essenciais do organismo. Não existe reserva considerável de aa livres no organismo Qualquer quantidade de aa’s acima das necessidades para a síntese proteica e de compostos não proteicos que contém nitrogênio será metabolizada ou seja excretada Síntese de proteínas corporais 300 - 400 g/dia Síntese de aminoácidos não-essenciais Proteínas Corporais Síntese de compostos nitrogenados 30 g/dia Ureia CO2 + H2O Corpos Cetônicos Ácidos Graxos Glicose Glicogênio POOL DE AMINOÁCIDOS Grupo Amino Cadeia Carbonada INGESTÃO PROTEICA EM EXCESSO: Os Aa que excedem as necessidades de síntese de proteínas são usados como fonte de ATP no metabolismo (não podem ser armazenados); Portanto: a partir de Aa podem ser formados: “Ácidos graxos” “Corpos cetônicos” “Glicose” INGESTÃO PROTEICA DEFICIENTE: déficit de fornecimento de energia O CATABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS excede sua incorporação nas proteínas teciduais. Catabolismo principal → fígado CICLO DA URÉIA • Conjunto de reações bioquímicas que produz ureia a partir da amônia, afim de eliminar a amônia tóxica do organismo; • Em um adulto, cerca de 10 a 20g de substância tóxica é removida diariamente (BEBA ÁGUA); • Antes do ciclo da uréia, a amônia (produto produzido a partir do excesso da ingestão de ptn); • Um grupo de aminas, ou íons de amônia do aa’s, é trocado com um grupo keto em outra molécula, esse evento cria uma molécula necessária para o ciclo de Krebs e um íon de amônia que entra no ciclo da ureia para ser eliminado. (KOHLMEIER, 2015; WARDLAW; SMITH, 2013). Síntese da ureia • A amônia formada no fígado após desaminação → tóxica → transformada em ureia (detoxificação); • A ureia é eliminada pelos rins(30-40g dia); • Inicia-se no interior das mitocôndrias dos hepatócitos (5 enzimas). AMÔNIA: 2 NH3 URÉIA: H2N — C — NH2 || CO2 O REGULAÇÃO DO CICLO DA URÉIA • Fígado tem alta capacidade de converter Nitrogênio dos aas em ureia → é a forma de excreção da amônia (prevenção efeitos tóxicos da amônia) A indução do ciclo da ureia ocorre em resposta a condições que requerem um aumento do metabolismo das proteínas Dieta hiperproteica (BN +) Jejum prolongado (BN -) Citrulina Arginossuccinato Arginina Ornitina AA eexxccrreeççããoo ddee nniittrrooggêênniioo ssee ddáá nnaa ffoorrmmaa ddee uurrééiiaa.. GGlluuttaammaattoo DDeessiiddrrooggeennaassee UUrreeaassee BBaacctteerriiaannaa CCiicclloo ddaa UUrrééiiaa Glutamato Glutamina Purinas e Pirimidinas Compostos Nitrogenados Aminoácidos NH3 URÉIA URINA URINA TTrraannssaammiinnaaççããoo DDeessaammiinnaaççããoo URINA Citrulina ArginossuccinatoArginina Ornitina 1ª 2ª 4ª 3ª MATRIZ MITOCONDRIAL E CITOSOL Biossíntese de aminoácidos não-essenciais Alanina Aspartato Asparagina Glutamato Os aminoácidos não-essenciais são sintetizados a partir de moléculas precurssoras que fazem parte do ciclo de Krebs e do grupamento amino proveniente da degradação de aminoácidos REGULAÇÃO HORMONAL DA SÍNTESE PROTEICA - GH Exercício Físico Estimula a secreção ptuitária de GH Níveis plasmáticos sobem, com pico em aprox. 30 min. e aumento proporcional conforme intensidade Após 10 min. Exercício Físico de Força Produção de opiáceos endógenos Inibem a produção de somatostatina (fígado) Aumento da liberação de GH Opióides endogénos: classe de peptídeos que regulam as sensações de dor atuando nos sistemas analgésicos (endorfinas) FENILCETONÚRIA • Encontrada em todas as etnias, com maior incidência em recém-nascidos; • Caracteriza como um erro inato no metabolismo das proteínas e por consequência não tem atividade suficiente da enzina fenilalanina hidroxilase e por consequência não degradam a fenilalanina em tirosina de forma eficiente. • Neste ínterim, os níveis de fenilalanina são maiores e tóxicos para o corpo, resultando em danos para o sistema nervoso central e cérebro; • Seus sintomas incluem atraso no desenvolvimento neurológico, hiperatividade, atraso mental, convulsões, erupções cutâneas, tremores e movimentos descontrolados dos braços e pernas. FENILCETONÚRIA • Bebês expostos ao excessos de fenilalanina no útero podem apresentar problemas cardíacos, retardo físico ou mental e microcefalia; • A restrição do composto se configura a base do tratamento durante mais de 6 décadas e apresenta bons resultados; • Após o diagnóstico, devem ser restringida a ingestão de ptn animal, bem como o leite materno; • Vale ressaltar que ela é encontrada em altas concentrações em edulcorantes artificiais, incluindo o aspartame; • Alguns tratamentos farmacológicos estão disponíveis, como a tetrahidrobiopterina, e a fenilalanina amônia-liase – requer injeções subcutâneas e podem causar respostas do sistema imune adversas. (SANTOS; HAACK, 2012 ; SPRONSEN et al., 2021 ; SANTOS et al., 2015) CISTINÚRIA • Condição genética hereditária que aumenta a excreção de cistina e outros aa’s dibásicos (lisina, argigina e ornitina) na urina; • Ocasionada pelo transporte deficiente dos túbulos renais proximais; • Leva a formação de cálculos renais; • Classificada como condição rara; • A dietoterapia para a doença consiste na abordagem dupla, envolvendo dois objetivos: • Redução da excreção urinária global de cistina; • Aumento da solubilidade da cistina (evitar a formação de cálculos renais). • Recomenda-se a restrição da ingestão de ptn de origem animal e aumento das ptn de origem vegetal, evitar o excesso de sódio também atua como ação protetora. (CARVALHO-SALEMI; MORENO; MICHAEL, 2017). DEFICIÊNCIA DE PIRUVATO DESIDROGENASE • Doença genética, caracterizada pela deficiência da enzina desidrogenase, enzima que converte o piruvato em acetil CoA; • Resulta em uma diminuição da quantidade total de energia produzida pelas células do corpo humano; • Acarreta também em uma doença neurodegenerativa, causando espasmos musculares; • Como tratamento, destina-se ao estimulo do complexo de piruvato desidrogenase ou fornecer uma forte de energia alternativa para o cérebro; • Recomenda-se suplementação de tiamina, carnitina e ácido lipólico, uma dieta cetogênia (maior presença de ptn e gorduras), pode ajudar em alguns casos; • O uso do dicloroacetato também pode ser configurado como uma alternativa para o caso. (PAVLU- PEREIRA et al., 2020). TIROSINEMIA • Nesta condição, o organismos não apresenta a enzima fumarilacetoacetato hidrolase, que metaboliza a tirosina; • Levando ao acúmulo dela no corpo, causando danos progressivos ao fígado e rins; • Enfermidade Hereditária, causada pela mutação no gene da tirosenemia de cada genitor; • Pode ser classificada em três tipos: • Tipo I – deficiência da enzima fumaril-acetoacetato-hidrolase (FAA); • Tipo II ou tirosenemia óculo-cutânea: deficiência da tirosina-aminotrasnferase; • Tipo III – deficiência da 4-hidroxi-fenilpiruvato-dioxigenase; • Tratamento consiste na combinação da dieta pobre em ptns e medicamentos nitisinona, produtos de origem animal devem ser evitados, bem como oleaginosas e leguminosas; • O transplante de fígado é a única forma de corrigir o metabolismo presente nesta enfermidade (CHINSKY et al., 2017). OBRIGADO
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