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Anti-inflamatórios Esteroides Conhecidos como corticoides, os anti- inflamatórios esteroidais são estruturalmente relacionados ao cortisol. Hormônios Esteroides e Atividades Atividades: anti-inflamatória (células dendríticas, epiteliais, edoteliais, eosinófilos e células musculares lisas - diminuem edema, febre, migração celular etc.) e imunossupressora (células imunes inatas - inibem migração celular, fagocitose de células apoptóticas e aumentam a apoptose de neutrófilos, além da ativação/degranulação de mastócitos - e adaptativas - inibição da proliferação/ativação de linfócitos T). Figura 1 – Atividade Imunossupressora dos AIEs. Figura 2 – Atividade Anti-inflamatória dos AIEs. Glândulas adrenais ou suprarrenais produzem hormônios, como o cortisol, a aldosterona (mineralocorticoide, exerce maior atividade que o cortisol em relação à mineralocorticoide, apesar de ambos terem sido produzidos pelo córtex adrenal. A aldosterona tem a função de reter sódio e água, além de aumentar a eliminação de potássio, pela urina), testosterona (atividades anabólica e androgênica) e estradiol (atividade estrogênica). Cortisol: hormônio esteroide hiperglicemiante, produzido pelo córtex adrenal. Apresenta atividade proteolítica, catabólica e anti- inflamatória. Ao se referir ao fármaco, utiliza-se a nomeação de hidrocortisona. Controle da Síntese de Cortisol Hipotálamo secreta CRH (hormônio liberador de corticotrofina), que é lançado no sistema hipofisário, estimulando a hipófise a produzir ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). Uma vez lançado na circulação, este hormônio chega em adrenais e interage com receptores próprios da adrenal, promovendo a liberação de cortisol. O cortisol vai circular e interagir com inúmeros receptores de vários tecidos, gerando efeitos metabólicos diversos. O cortisol pode liberar ou inibir a sua própria síntese. O estresse pode agir no receptor próprio, do hipotálamo. Os AIEs vão atuar como o cortisol, inibindo a produção de ACTH (inclusive, o anti-inflamatório reduz a concentração de cortisol). Eles induzem efeitos muito semelhantes aos efeitos causados pelo cortisol. Produção Diária de Cortisol • Como variam as concentrações de cortisol, ao longo do dia? (em condições normais) • Durante a noite, a concentração é mínima. • A concentração se eleva durante a madrugada. • Pela manhã, a concentração é máxima (fenômeno do alvorecer). Ex.: 1) Um indivíduo que faz uso de insulina, terá maior demanda no período da manhã, uma vez que o cortisol possui atividade hiperglicemiante. 2) Um indivíduo que utiliza AIEs, por via sistêmica, possui maior demanda de uso deste medicamento no período da manhã. Adrenais: Hormônios do Córtex e da Medula • Adrenalina/epinefrina; • Aldosterona • Cortisol Anti-inflamatórios Esteroides (hormonais, corticoides, glicocorticoides, corticosteroides): • Cortisol; • Corticosterona; • Dexametasona; • Betametasona; • Prednisolona. Os três últimos são estruturalmente relacionados ao cortisol. Obs.: 1- Ao utilizar o termo glicocorticoide, é feita uma referência a um efeito indesejável do cortisol, a hiperglicemia. Por isso este nome é inadequado. 2- Todos os AIEs possuem semelhança estrutural. Potências Relativas e Doses Equivalentes dos Anti-inflamatórios Esteroides *Comparação com Cortisol Figura 3 A Fludrocortisona não pode ser usada em manejo de condições inflamatórias, mas sim pra manejar doenças caracterizadas pela baixa retenção de sódio, como a hipoaldosteronemia (baixos níveis de aldosterona no sangue), além da hipovolemia, hipotensão, alteração da estabilidade cardíaca, etc. Alguns Medicamentos Contendo Anti- inflamatórios Esteroides • Beclometasona - Alerfin, Beclosol, Clenil, Miflazona • Betametasona; • Flumetasona; • Fluocortolona; • Fluticasona; • Clobetasol; • Dexametasona; • Prednisolona (atividade intermediária); • Prednisona (pró-fármaco, que ao sofrer redução no TGI se transforma em prednisolona, fármaco ativo). Obs.: AIE que contém flúor (geralmente são nomeados com o prefixo -flu) possuem maior atividade anti-inflamatória superior, mas devem ser reservados para situações mais "graves". Obs.: Não se visa efeito imediato de anti- inflamatórios esteroides. Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Anti-inflamatórios esteroides com perfil farmacocinético diferente dos demais: • Beclometasona; • Budesonida: manejo de rinite alérgica; • Ciclesonida: manejo da asma; • Fluticasona. Esses medicamentos visam efeito local, por isso, quanto menos absorvido e lentamente distribuído pelo organismo, melhor. World Health Organization - Model List of Essential Medicines Documento que contém a relação de fármacos com suas respectivas formas farmacêuticas. É atualizado a cada ano. ➢ Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides considerados essenciais para a OMS: ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e paracetamol (nessa ordem). Obs.: dipirona não está na lista. ➢ Medicamentos anti-inflamatórios esteroides considerados essenciais: betametasona (valerato), budesonida, budesonida (+ formoterol, um agonista adrenérgico beta2 de ação prolongada), dexametasona, hidrocortisona (succinato sódico e acetato, não se visa reduzir a inflamação, mas sim a reposição dos níveis de cortisol, como na Doença de Addison, por exemplo. Um creme contendo hidrocortisona sim, reduz uma inflamação local, como uma picada de inseto, que causa eritema, edema e prurido), metilprednisolona e prednisolona. Figura 9 Mecanismos de Ação de Anti-inflamatórios Esteroides - Ações Genômica e não Genômica Ação Genômica: aumento ou redução da transcrição. Os fármacos vão interferir na transcrição gênica. Inicialmente, o alvo primário é um receptor intracelular, que possui um ligante endógeno que vai permitir essa ligação, o cortisol. Isso forma um complexo esteroide, que migra para o núcleo que vai participar da transcrição de inúmeros genes. O anti-inflamatório pode aumentar ou reduzir a transcrição, produção de RNAm e, consequentemente, de várias proteínas (isso depende do gene), como a Anexina I, que quando aumentada, auxilia na redução da inflamação, por ter atividade anti-inflamatória. A redução de outras transcrições e proteínas também podem inibir certas citocinas e reduzir a inflamação. Figura 10 Figura 11 PRODUÇÃO E FUNÇÕES DOS EICOSANOIDES Figura 12 Como os AIEs afetam a produção de eicosanoides? Os efeitos dos AIEs são reduzidos sobre a produção fisiológica de eicosanoides. No entanto, eles exercem efeitos marcantes sobre a produção inflamatória de eicosanoides, inibindo a fosfolipase A2 e a COX 2. Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 USOS TERAPÊUTICOS DOS ANTI- INFLAMATÓRIOS ESTEROIDES Condições Endócrinas 1. Terapia de reposição; 2. Insuficiência adrenal primária/secundária, aguda/crônica; 3. Hiperplasia adrenal congênita. Condições não Endócrinas: 1. Alérgicas: anafilaxia, angioedema, rinite alérgica, alergias diversas 2. Respiratórias: asma, síndrome do desconforto respiratório do neonato (gestantes utilizam para aumentar a maturidade da função pulmonar do feto), COVID-19; 3. Reumáticas/Osteoarticulares: artrite reumatoide, vasculites, tendinites, bursites, espondilite, miastenia; 4. Dermatológicas e Afecções da Mucosa: eczema, pênfigo, lúpus, psoríase, dermatite seborreica, dermatite/prurido de causas diversas, estomatite aftosa; 5. Renais: síndrome nefrótica. 6. Oculares: conjuntivite, retinopatias, uveítes, toxoplasmose, degeneração macular; 7. Gastrointestinais: colite ulcerativa, doença de Crohn; 8. Infecciosas: pneumonia, meningite bacteriana; 9. Diversas: prevenção de edema pós- cirúrgico e rejeição de órgão transplantado, trombocitopenia e anemia hemolítica autoimune, sarcoidose. PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BETAMETASONA1 a 8 mg/dia PREDNISOLONA 5 a 50 mg/dia DEXAMETASONA 1 a 8 mg/dia PREDNISONA 5 a 50 mg/dia Doses Individualizadas: • Dose inicial Elevada: atenuação dos sinais e sintomas; • Dose Elevada por curto período: riscos reduzidos; • Preferência por Esteroides de Ação Intermediária; • Uso conjunto com outros fármacos; • Terapia não curativa ou específica; • Interrupção súbita após uso prolongado: risco de insuficiência adrenal. Perguntas: Por que um dentista recomenda a um paciente o uso de comprimidos contendo prednisolona ou dexametasona antes e após a cirurgia para remoção de terceiro molar incluso (siso)? Por que o uso de metilprednisolona por um paciente com lúpus eritematoso sistêmico é feito de forma intermitente? Por que os pacientes que usam prednisolona por via oral por longos períodos podem desenvolver elevação da pressão arterial e da glicemia? Por que os pacientes, principalmente mulheres, que usam prednisona por longos períodos são orientados a ingerir produtos lácteos e se expor ao sol regularmente? Por que um paciente asmático é orientado a fazer um gargarejo com água após usar um dispositivo de inalação que libera beclometasona? Por que o uso frequente de uma pomada ou creme contendo betametasona pode causar estrias, hematomas e hipopigmentação? Por que um paciente pode apresentar poliúria, hipotensão e hipoglicemia acentuadas alguns dias após a interrupção do uso oral prolongado de deflazacorte? Porque medicamentos como o Diprospan e Celestone Soluspan contêm um éster e um sal de betametasona? Por que a administração parenteral de dexametasona ou betametasona é recomendada para gestantes com risco de parto prematuro? Por que a OMS e várias agências regulatórias recomendam o uso de dexametasona durante o manejo de pacientes com formas graves de COVID-19?
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