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6ºAula Torção Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • desenvolver fórmulas para as deformações e tensões em barras circulares submetidas à torção; • analisar o estado de tensão conhecido como cisalhamento puro e obter a relação entre os módulos de elasticidade E e G em tração e cisalhamento, respectivamente; • analisar eixos de rotação e saber determinar a potência que eles transmitem. Olá, caros(as) alunos(as), nesta aula, veremos os efeitos da aplicação de um carregamento de torção a um elemento longo e reta, como um eixo ou tubo. Desta forma, torna-se relevante o estudo desta aula, pois através dela, poderemos determinar a distribuição da tensão no interior do elemento e o ângulo de torção quando o material se comporta de maneira linear elástica. Bons estudos! 38Mecânica dos Sólidos Seções de estudo 1- Torção 2- Momento Torçor ou torque 3- Tensão de Cisalhamento na Torção (�) 4- Energia e deformação na torção 1- Torção 1.1 Introdução Denominamos “Torção” quando há a deformação de um sólido em que os planos vizinhos sofrem, cada um deles, um deslocamento angular relativo aos outros planos, ou seja, é quando um objeto sofre uma deformação ao ser submetido a um movimento de rotação, fazendo-se girar em sentido contrário as suas partes constituintes. Logo, uma peça submete-se a esforço de torção, em consequência da atuação de um torque em uma das suas extremidades e um “contratorque na extremidade oposta”. Denominamos “torque” da ocasião onde um elemento tende a ser torcido em torno do seu eixo longitudinal. Observe a Figura 6.1 que ilustra fi sicamente o que acontece quando um torque é aplicado a um eixo circular considerando que este seja feito de um material com alto grau de deformação, como a borracha por exemplo. Note que quando o torque é aplicado em (a), os círculos e as retas longitudinais da grade, marcados originalmente no eixo, tendem a se distorcer e deformar o material como o padrão mostrado em (b) (HIBBELER, 2010). Um exemplo de barra em torção presente no nosso dia a dia são as brocas de uma furadeira ou o movimento de uma chave de fenda ao apertar um parafuso por “rosqueamento”, este último ocasionado devido ao torque T aplicado no cabo. Figura 6.1 - Deformações de uma barra circular em torção pura. Fonte: Hibbeler, 2010. 2- Momento Torçor ou torque O torque que atua em uma peça é defi nido como o produto entre a intensidade da carga aplicada e a distância entre o ponto de aplicação da carga e o centro da secção transversal. Por essas observações, podemos considerar que, se o ângulo de rotação for pequeno, o comprimento e o raio do eixo permanecerão inalterados (TIMOSHENKO; GERE, 1983). Portanto, podemos expressar matematicamente o momento torçor como: Onde, – Momento de torçor ou torque [Nm]; − Carga aplicada [N]; Distância entre o ponto de aplicação da carga e o polo [m]. Já para fi ns mecânicos, de torques provocados em polias, engrenagens, rodas de atritos, correntes, etc. este torque pode ser defi nido como: Onde, – Torque [Nm]; Força tangencial [N]; raio da peça [m]. Exemplo 1 – Uma árvore de aço possui diâmetro d = 30 mm, gira com uma velocidade angular ω = 20π rad/s, movida por uma força tangencial Determine para o movimento da árvore o torque. Fonte: Melconian, 2007. Solução: Para a árvore de aço usaremos a fórmula de torque: (Resposta). 39 3- Tensão de Cisalhamento na Torção (�) Quando um torque externo é aplicado a um eixo, ele cria um torque interno correspondente no interior do eixo. Podemos defi nir a tensão de cisalhamento atuante na secção transversal da peça do elemento pela expressão: Onde, p = potência [W]. Se p = 0 então a tensão de cisalhamento, no centro da secção transversal, será nula, ou seja, τ = 0. Se p = r. Teremos então, Visto que a tensão aumentará à medida que o ponto estudado se afasta do centro e aproxima-se da periferia. A tensão máxima de cisalhamento na secção ocorrerá na distância máxima entre o centro e a periferia, ou seja, quando o p = r. Para esta fórmula está relacionado ao momento polar de inércia que, juntamente com r (raio da secção transversal), pode ser substituído pelo valor de = módulo de resistência polar da secção transversal. Têm-se assim: Exemplo 2. Suponha que um eixo-árvore, possua diâmetro d = 40mm, e comprimento l=0,9 m, e gira a uma velocidade angular ω = 20 π rad/s, movido por um torque = 200Nm. Desta forma, a tensão máxima atuante será: Fonte: Melconian, 2007. Para estes casos podemos determinar a tensão de cisalhamento máximo, nos tirantes como: = 15,9 (Resposta) 4- Energia e deformação na torção 4.1 Transmissão de Potência Denominamos potência a resultante da realização de um trabalho na unidade de tempo. Frequentemente eixos e tubos de seções transversais circulares são utilizados para transmitir potência desenvolvida por uma máquina. Quando estes são usados para essa fi nalidade, fi cam sujeitos a torques que dependem da potência gerada pela máquina e da velocidade angular do eixo (HIBBELER, 2010). Logo, o trabalho transmitido por um eixo rotativo é igual ao produto entre o torque aplicado e o ângulo de rotação. Portanto, se durante um instante dt um torque for aplicado τ provocará a rotação de no eixo, então a potência instantânea será: Como a velocidade angular do eixo é ω = dt/dθ, também podemos expressar a potência sendo: A unidade de potência no SI é determinada em W (watt), também pode ser utilizadas outras unidades fora do SI como o cv (cavalo vapor): cv 735,5W ou hp (horse power): hp 745,6 W. É importante frisar no estudo de Hibbeler (2010) que, em termos de potência, quando se trata de máquinas rotativas, é relevante informar a frequência de rotação de um eixo, f . A medição desta frequência é dada pelo número de revoluções ou ciclos que o eixo faz por segundo e é expressa em Hertz, tem-se que 1 Hz = 1 ciclo/s. Se 1 ciclo = 2π rad, então ω = 2πf. Portanto, para máquinas rotativas temos: Exemplo 3. Um eixo tubular com diâmetro interno de 30 mm e diâmetro externo de 42 mm será usado para transmitir 90 kW de potência. Determine a frequência de rotação do eixo de modo que a tensão de cisalhamento não ultrapasse 50 MPa. Solução: Utilizando o conceito de torque máximo aplicado no eixo, podemos usar a fórmula de torção, assim temos: Utilizando o valor de T, assim podemos determinar a frequência de rotação como, 40Mecânica dos Sólidos 4.2 Distorção (ϒ) Já aprendemos na seção anterior que o torque que atua na secção transversal de uma peça provoca um deslocamento de um ponto que podemos chamar de (A), da periferia para uma posição A’ por exemplo. Desta maneira, na longitude do eixo, origina-se uma deformação de cisalhamento, denominada de distorção, representada pela letra grega ϒ, que é determinada em radianos, através da resultante da relação da tensão de cisalhamento atuante e o módulo de elasticidade transversal do material, podendo assim ser expressa como: Onde, ϒ – distorção [rad]; Τ – tensão atuante [ ] G – Módulo de elasticidade transversal do material [ ]. Figura 6.2 – Relação de Distorção. Fonte: Pascon, 2017. O deslocamento descrito na distorção gera, na secção transversal da peça, um ângulo de torção (θ), que é defi nido através da expressão. Onde, Θ – ângulo de torção [radianos] - torque l – comprimento da peça - Momento polar de inércia G – módulo de elasticidade transversal do material. Exemplo 4 – Utilizando os dados da situação hipotética do exemplo 2, podemos determinar a distorção (ϒ) e o ângulo de torção (θ) como: O Módulo de elasticidade transversal do material do aço é G= 80GPa Para distorção, Para o ângulo de torção, O momento polar é dado por: Logo, Θ = 8,95x (Resposta) Ao fi nal desta sexta aula, vamos recordar sobre o que aprendemos até aqui. Retomando a aula 1- Torção Na seção 1, vimos que torção se refere ao giro de uma barra retilínea quandocarregada por momentos (ou torques) que tendem a produzir rotação sobre o eixo longitudinal da barra. Deste modo, um elemento se submete a um esforço de tensão quando há um torque atuante em uma das suas extremidades e um contra torque na extremidade oposta. 2- Momento Torçor ou torque Na seção 2, estudamos que são chamados de torques, ou momentos torçores, os momentos que produzem giro na barra, torcendo um elemento em torno de seu eixo longitudinal. 3- Tensão de Cisalhamento na Torção (�) Na seção 3, vimos como se comporta a tensão de cisalhamento em um momento de torção, podendo-se determinar a tensão máxima de cisalhamento atuante na seção transversal. 4- Energia e deformação na torção Na seção 4, aprendemos que os membros cilíndricos submetidos a torques podem transmitir potência através de rotação e são chamados de eixos, podendo ser dimensionados além da potência, de acordo com o movimento circular, a sua velocidade angular, frequência, rotação, velocidade periférica e o seu torque. 41 Ensaio de torção. Disponível em: http://www.dema. ufscar.br/termomec/index.php/simulacao-fisica/ensaio- de-torcao. Acesso em: 10.10.2020. Vale a pena acessar HIBBELER, Russell Charles. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. 659 p. MELCONIAN, Sarkis. Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais. 18. ed. São Paulo: Érica Ltda, 2007. 360 p. TIMOSHENKO, Stephen P.; GERE, James. Mecânica dos Sólidos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científi cos, 1983. 268 p. Vale a pena ler Vale a pena Ensaio de torção. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=0jXdgnoGoVM. Acesso em: 10.10.2020. Vale a pena assistir Minhas anotações