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GESTÃO DE CARGOS, SALÁRIOS E CARREIRAS UNIDADE II A Importância da Gestão por Competência na Gestão de Recursos Humanos Alexsandro Quadros da Silva A Importância da Gestão por Competência na Gestão de Recursos Humanos 3 Introdução Nesta unidade, evidenciaremos a importância da gestão por competência na gestão estratégica de pessoas, ou gestão de recursos humanos. Para tal, fundamentaremos as características individuais, denominadas competências, no contexto organizacional como esteio às ações e processos estratégicos de gestão de pessoas. Apresentaremos seus diferenciais, que atualizam e complementam os efeitos da gestão estratégica de pessoas, bem como seus pontos positivos e pontos de melhoria (negativos) na análise de cargos. Objetivos da Aprendizagem Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de: • Ampliar o conhecimento a respeito da gestão por competência. • Estudar os aspectos críticos da gestão por competência e os cargos relacionados. 4 Gestão por Competência A gestão por competência, ou por competências, no contexto organizacional, faz referência a todas as ações estratégicas de uma empresa ou organização cujo foco seja desenvolver pessoas e processos de forma estratégica fundamentados nas capacidades individuais e/ou coletivas das pessoas que compõem o negócio. Tais capacidades em execução são denominadas competências e direcionadas à identificação, ao desenvolvimento e à retenção dos talentos internos da organização. Competência Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: fotografia de uma mulher sentada atrás de uma mesa de estudos. A mulher segura um lápis sobre um caderno com sua mão direita enquanto folheia um livro com a mão esquerda. Capacidades individuais Referem-se aos hábitos e atitudes que podem ser adquiridos na vida de uma pessoa, seja em casa, na escola/faculdade, ou no trabalho. Capacidades coletivas São as capacidades individuais de cada um, atuando de forma conjunta, geralmente direcionadas para um fim comum. 5 Talentos internos da organização Referem-se aos colaboradores diretos de uma organização. Por que Gerenciar Recursos Humanos por Competência? O gerenciamento do RH de uma organização por competência se justifica na idealização dos objetivos estratégicos do negócio. É perceptível quando a capacidade de um indivíduo vai além da sua qualificação e/ou experiência profissional. Suas características ou comportamentos individuais, atrelados ao ambiente organizacional (cultura), conseguem desenvolver, produzir e perceber resultados satisfatórios. Wood Jr. e Picarelli Filho (2004) evidenciam que a gestão de competências nas organizações surgiu como uma nova forma de gestão em que se definiram as competências dos funcionários de acordo com as atividades a serem desenvolvidas. Na ótica funcional (colaboradores), a gestão de competência nasce direcionada aos fatores comportamentais/motivacionais, tendo como objetivo o desenvolvimento profissional e pessoal continuado. Segundo Chiavenato (2016), as organizações voltadas à gestão de competências modificaram seus processos de gestão de pessoas (recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, compensação e desempenho). Consideram-se, primeiramente, as habilidades e competências que as pessoas possuem e oferecem – e que lhe são relevantes – geram os resultados esperados e desconsideram aspectos técnicos do cargo e/ou do colaborador, como escolaridade e tempo de empresa. A gestão por competências, em síntese, consiste em estabelecer os objetivos e metas a serem alcançados pela organização e, depois, identificar e corrigir a lacuna entre as competências necessárias para a concretização dos resultados e as competências internas disponíveis. Reflita 6 Recursos humanos e competências Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: fotografia de duas mulheres e um homem, todos com traje social, sorrindo e olhando para a tela de um computador. Nesse contexto, a prática da gestão de competências nos processos de RH estratégico deve ocorrer desde a criação dos processos internos (empresa); do cargo e do perfil do futuro ocupante de um cargo dentro da organização (indivíduo). Conceituando a Gestão de Recursos Humanos por Competência De acordo com Chiavenato (2016), a gestão de recursos humanos por competências se refere à composição e ao desenvolvimento de ações e processos delineados para identificar perfis pessoais e profissionais que trazem uma maior produtividade e afinidade aos valores culturais da organização. Nesse processo, mapeia-se, nos postulantes ou nos já ocupantes de um cargo, pontos positivos e de melhoria (ou carência). Nesse contexto, a gestão de RH por competências é fundamentada nas competências básicas do ocupante ou postulante em um cargo na empresa/organização e nas competências organizacionais (da organização/empresa). Juntas, essas competências demonstram, na prática, as premissas idealizadas em sua composição. Tais premissas devem estar próximas aos pontos que o negócio busca, quer e exige e devem ser mensuradas em qualquer fase, desde o recrutamento até a avaliação de desempenho. 7 Diferenças entre competências básicas e competências organizacionais Competências básicas Competências organizacionais Conhecimentos, habilidades, atitudes, interesses e valores. Referem-se às características pessoais do postulante e/ ou ocupante de um cargo dentro da empresa que o diferenciam de outros postulantes/ ocupantes. Cultura, conhecimento de mercado, estilo de gestão, sua estratégia organizacional, missão, visão e valores da organização. Referem-se às competências essenciais da empresa, geralmente delineadas no seu planejamento estratégico, que a diferenciam de seus concorrentes. Também são conhecidas como core competencies. Fonte: adaptado pelo autor (2023). #pratodosverem: quadro mostrando as diferenças entre as competências básicas e organizacionais. A gestão por competências está fundamentada no entendimento de que as características de uma pessoa norteiam os objetivos estratégicos tanto do colaborador quanto da empresa. Contudo, é possível a organização e/ou empresa definir um padrão de cargo, processo e resultado pelas competências individuais do seu ocupante? Reflita Analisando a Gestão de Recursos Humanos por Competência A gestão de recursos humanos tem como finalidade gerir as pessoas que compõem a organização, desde os aspectos funcionais aos estratégicos. Já a definição de competência às organizações se refere à capacidade de um indivíduo, geralmente identificado como cargo, atender às demandas inerentes ao posto que ele ocupa e, consequentemente, às atribuições, funções e responsabilidades relacionadas. Correlacionar ambas é ter claro o papel das políticas de gestão de recursos humanos 8 (organização), bem como das capacidades do público interno (pessoas) que compõe a empresa e gera resultados, que sempre devem atingir seus objetivos estratégicos. As políticas de recursos humanos se referem às práticas desenvolvidas, disseminadas e executadas pela área de recursos humanos de uma empresa, que devem ser de conhecimento e cumprimento por todos os colaboradores, desde os cargos operacionais até o alto escalão. Curiosidade Aspectos Positivos da Gestão por Competência A gestão por competências atrelada à gestão de pessoas, segundo Melo (2003), apresenta, aos envolvidos (empresa e colaborador), os seguintes aspectos positivos: • Definição de perfis profissionais que favorecem a produtividade. • Atuação no desenvolvimento das equipes quanto às competências necessá- rias aos diversos postos de trabalho. • Direcionamento do planejamento estratégico da organização e da cultura or- ganizacional de forma continuada. • Identificação dos pontos de insuficiência, permitindo intervenções de retorno garantido para a organização. • Gerenciamento do desempenho estratégico, baseado em critérios mensurá- veis e passíveis de observação direta,como o aumento da produtividade e a maximização de resultados, por exemplo. • Conscientização de que as equipes de trabalho devem assumir a responsabi- lidade pelo seu autodesenvolvimento, tornando o processo lucrativo tanto à empresa como para si. • Maior capacidade de retenção de talentos, além do estabelecimento e da identificação das competências e dos comportamentos que precisam de ajustes/melhorias. 9 • Comparativos para definições do plano de cargos e salários. • Apresentação, ao colaborador, de uma visão estratégica voltada ao foco (mis- são) do negócio. Área de RH sem e com a gestão por competências relacionada em seus processos RH sem gestão por compe- tências RH com gestão por competências Liderança autocrática Liderança democrática Os processos de RH eram denominados como administração de RH Os processos de RH agora se chamam gestão estratégica de pessoas Cargos ocupados pela escolaridade e experiência/vivência profissional Cargos ocupados conforme características individuais do ocupante, atreladas aos objetivos estratégicos do negócio Turnover (rotatividade de pessoas) elevado Turnover (rotatividade de pessoas) menor Motivação individual menor Motivação individual maior Custos com RH maiores menores custos com a gestão estratégica de pessoas Fonte: adaptado pelo autor #pratodosverem: quadro comparando o RH com e sem gestão por compe- tências. Resumidamente, a gestão de recursos humanos fundamentada nas competências, sejam individuais ou coletivas, torna-se um modelo e diferencial competitivo da organização que a executa perante seus concorrentes. A organização fundamentada nas características individuais e, consequentemente, coletivas, produz mais e melhor, desde que essas características sejam estrategicamente geridas, pois, nesse contexto, elas sempre estarão (ou se espera) em sintonia com a estratégia da organização. 10 Aspectos Negativos da Gestão por Competência De acordo com Zarifian (2003), a gestão de competências no RH, especificamente na relação empresa-colaborador, apresenta os seguintes pontos de melhoria: • Os ambientes de trabalho podem se tornar extremamente competitivos e individualistas. • O colaborador busca, incansavelmente, “ser o melhor”. • As relações de trabalho podem ser conflituosas, como, por exemplo, pode ha- ver aumentos na jornada de trabalho com compensação não conforme, salá- rios abaixo do esperado e instabilidade no emprego com admissões e demis- sões constantes etc. • O estresse e/ou a ansiedade no ambiente de trabalho podem atingir um alto índice. • Pode haver perdas financeiras para ambos (colaborador e empresa). Já em relação às organizações, o comportamento do seu colaborador afeta diretamente a sua produtividade e, consequentemente, os resultados visados/atingidos pela empresa na sua totalidade. Perda financeira: um aspecto negativo da gestão de competências no RH Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: a imagem ilustra uma lata de lixo cheia de dinheiro. Ela está aberta e tem uma mão colocando uma nota de dinheiro nela. 11 Estresse e/ou ansiedade no ambiente de trabalho Comportamento que prejudica o colaborador de uma empresa no exercício das suas funções, tarefas e responsabilidades. Colaborador estressado e ansioso Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: fotografia de um homem de terno e gravata sentado, atrás de mesa cheia de papéis. Ele está com suas mãos apoiando sua cabeça, com a boca aberta e olhar de espanto. Representa o colaborador estressa- do e ansioso. Ambiente de trabalho competitivo Refere-se ao local de trabalho onde os colegas competem entre si para atingir os objetivos profissionais idealizados pela empresa e/ou organização. Competição no ambiente de trabalho Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: a imagem ilustra duas lâmpadas, apontadas uma para outra, cujo bojo é uma luva de boxe. A lâmpada da esquerda é de cor vermelha, enquanto a da direita é azul. 12 Ambiente de trabalho individualista O local de trabalho é composto por colaboradores que trabalham individualmente, sem compartilhar informações, centralizando processos e prejudicando o trabalho em equipe na empresa e/ou organização. Colaborador trabalhando sozinho Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: fotografia de um homem sentado atrás de uma mesa, operando um computador e uma calcula- dora financeira. Ele está segurando uma caneta com a sua mão direita. Análise dos Cargos por Competência De acordo com Wood Jr. e Picarelli Filho (2004), as organizações que fundamentam a análise de seus cargos pelas competências relacionadas deixaram de lado o reconhecimento de seus colaboradores apenas pelo cargo ou função que eles ocupam. Elas passaram a considerar aspectos comportamentais no desempenho das atividades, as chamadas competências individuais. Essa nova forma de análise, fundamentada nas características, pode dificultar o desdobramento das estratégias individuais (colaborador) e dos planos de compensação (empresa), se as competências individuais não forem delineadas com excelência pelo gestor de RH na análise do cargo por competência. Nesse contexto, são considerados como objetivos da análise de cargos em uma organização fundamentada nas competências individuais e coletivas, respectivamente, segundo Wood Jr. e Picarelli Filho (2004): • A remuneração do profissional será estruturada tendo como base as suas ca- racterísticas pessoais (habilidades e competências) aplicadas ao trabalho. • A análise do cargo deve alinhar as capacidades dos empregados ao direciona- mento estratégico e às necessidades da empresa. • As habilidades e competências individuais e coletivas do funcionário, no tra- balho, devem ser consideradas no plano de cargos e salários, desde que elas gerem retorno positivo à organização. • Seu desempenho no cargo deve favorecer o aprendizado contínuo (incluindo autodesenvolvimento) e superar o paradigma da gestão tradicional que foca na hierarquia e funções rígidas. Para saber mais sobre o tema, leia o artigo Gestão por competências: retórica organizacional ou prática da gestão de pessoas? Saiba mais https://pt-static.z-dn.net/files/dd5/febd3661c29e85fbcdf8b434b5a5fbdc.pdf https://pt-static.z-dn.net/files/dd5/febd3661c29e85fbcdf8b434b5a5fbdc.pdf Conclusão A descrição de cargos é a primeira etapa do processo que tem como propósito a definição e/ou manutenção de um plano de cargos e salários para qualquer tipo de negócio. Ela é de extrema importância para o gestor de RH que a executa, pois tem como finalidade a descrição mais completa possível das tarefas, atribuições, responsabilidades e, consequentemente, do perfil do ocupante do cargo, que executa ou poderá executar tais atividades posteriormente. Já a segunda etapa, denominada análise e avaliação de cargos, correspondente às percepções, informações e deduções colhidas na primeira parte, agora tabuladas e pré-estruturadas. Tais aspectos devem ser revisados conforme as particularidades que os envolvem, como a legislação trabalhista. Isto deve ser feito de maneira contraposta aos objetivos estratégicos da firma e de perfis técnicos e comportamentais, alinhados exclusivamente ao ambiente e à cultura do negócio. Tanto a abordagem tradicional como a abordagem moderna mantêm um propósito, que é o de potencializar o ocupante do cargo, neste caso, o colaborador da empresa. O objetivo é que ele atue de forma estratégica, desempenhando suas tarefas com afinco, qualidade, economia e seja difusor de práticas sustentáveis, inovadoras, 15 Referências CHIAVENATO, I. Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos: como incrementar talentos na empresa. 8. ed. Barueri: Manole, 2016. MELO, M. C. O. L. A gerência feminina em setores industrial e bancário: o conservadorismo internalizado versus o moderno em construção. In: PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL CONFERENCE OF THE IBEROAMERICAN ACADEMY OF MANAGEMENT, 3., 2003, São Paulo. Anais […]. São Paulo:Fundação Getúlio Vargas, 2003. VIEIRA, A. M.; FILENGA, D. Gestão por competências: retórica organizacional ou prática da gestão de pessoas? Qualitas Revista Eletrônica, v. 13, n. 1, maio 2012. Disponível em: https://pt-static.z-dn.net/files/dd5/febd3661c29e85fbcdf8b434b5a5fbdc.pdf. Acesso em: 18 set. 2023. WOOD JR.; T.; PICARELLI FILHO, V. Remuneração e carreira por habilidades e por competências: preparando a organização para a era das empresas de conhecimentos intensivo. São Paulo: Atlas, 2004. ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2011 https://pt-static.z-dn.net/files/dd5/febd3661c29e85fbcdf8b434b5a5fbdc.pdf
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