Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Biologia dos Tumores - Revisão - 1° Avaliação → Via de sinalização do tipo tirosina-quinase (oncogenes): uma molécula de fator de crescimento geralmente se liga a duas moléculas do receptor e promove a sua dimerização. Uma vez formado o dímero de receptor, os domínios tirosina-quinases intracelulares do receptor fosforila um ao outro em determinados resíduos de tirosina (autofosforilação). Os resíduos de fosfotirosina formam sítios de ligação específicas para as proteínas transdutoras de sinal. ● Um dos domínios do receptor contendo um resíduo de fosfotirosina forma um sítio de ligação para as proteínas intracelulares com uma estrutura tridimensional específica conhecida como domínios SH2. A proteína adaptadora Grb2, a qual é ligada a um fosfoinositídeo de membrana, é uma das proteínas com um domínio SH2 que se liga a resíduos de fosfotirosina nos receptores de fatores de crescimento. ● A ligação ao receptor causa uma alteração conformacional na Grb2 que ativa outro sítio de ligação chamado de domínio SH3. ● Esses domínios SH3 ativados ligam à proteína SOS. A SOS é um fator de troca de nucleotídeos de guanina para a Ras, uma proteína G monomérica localizada na membrana plasmática. ● A SOS ativa a troca de GTP por GDP na Ras, causando uma alteração conformacional na Ras que promove a ligação da proteína Raf. ● A Raf é uma serina-proteína-quinase que é também chamada deMAPKKK. ● A Raf inicia uma sequência de etapas de fosforilação sucessivas chamada de cascata de fosforilação. ● A cascata da MAP-quinase termina em um fator de transcrição gênica, regulando, assim, a transcrição de certos genes envolvidos na sobrevivência e na proliferação da célula. ● Um sinal de sobrevivência ativa um RTK e Ras, que recruta e ativa uma PI3K. A PI3K produz PI(3,4,5)P3, que serve como sítio de ancoragem para duas serina/treonina-cinases com domínios PH - Akt e a cinase dependendente de fosfoinositídeos (PDK1), e as conduz para as proximidades da membrana plasmática. Uma terceira cinase (mTOR) fosforila Akt, alterando sua conformação, de forma que ela pode ser fosforilada, em uma treonina, pela PDK1, o que a ativa. A Akt ativada se dissocia da membrana plasmática e fosforila várias proteínas-alvo, entre as quais a proteína Bad. No estado não fosforilado, Bad mantém uma ou mais proteínas apoptóticas da família Bcl2 em um estado inativo. No estado fosforilado, Bad libera as proteínas inibidoras que podem, agora, bloquear a apoptose e assim promover a sobrevivência celular. ○ O complexo 1 mTOR estimula o crescimento celular, promovendo a produção dos ribossomos e a síntese proteica, além da inibição da degradação das proteínas. ○ Na presença de fatores de crescimento, Akt ativada fosforila e inibe Tsc2, promovendo assim, a ativação de Rheb. A Rheb ativada (Rheb-GTP) auxilia na ativação de mTOR no complexo 1, o qual, por sua vez, estimula a proliferação celular. ■ A MAPK Erk também pode fosforilar e inibir Tsc2 e, dessa forma, ativar mTOR. Assim, as vias de sinalização da PI3K-Akt e da Ras-MAPK convergem sobre mTOR no complexo 1, na estimulação da proliferação celular. ○ O PI(3,4,5)P3 é formado a partir de PI(4,5)P2 e permanece na membrana plasmática até ser desfosforilado por fosfatases de fosfoinositídeos específicas. Uma dessas é a fosfatase PTEN (proteína antagonista da PIP3), que desfosforila PIP3 (na posição 3 do anel inositol). As mutações na PTEN são encontradas em muitos tipos de cânceres. ○ A PIP3K é ativada tanto por RTKs como por GPCRs. Os GPCRs ativam as PI3K da classe Ib, que possuem uma subunidade reguladora que se liga ao complexo BetaGama de uma proteína G trimérica ativada (Gq) quando os GPCRs são ativados por seu ligante extracelular. A ligação direta de uma Ras ativada também pode ativar a subunidade catalítica comum de classe I. → Mutações: As células normais requerem uma estimulação pelos fatores de crescimento para proliferarem. A maioria dos fatores de crescimento solúveis são produzidos por um tipo celular e agem em uma célula adjacente para estimular a proliferação (ação parácrina). Contudo, muitas células cancerígenas adquirem a habilidade de sintetizar os mesmos fatores de crescimento a que são responsivas, criando uma alça autócrina. Nos tumores em que uma alça autócrina é um elemento patogênico importante, o próprio gene do fator de crescimento normalmente não é alterado nem sofre mutação. O mais comum é que os sinais transduzidos por outras oncoproteínas causem superexpressão e secreção aumentada de fatores de crescimento, desse modo iniciando e amplificando a alça autócrina. ● Glioblastomas: expressam o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e tirosinas quinases receptoras do PDGF (SIS - oncogene - codifica a cadeia BETA do PDGF). ● Sarcomas: superexpressam tanto o fator de transformação ALFA (TGF-ALFA) quanto seu receptor cognato, o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR). Normalmente, a atividade de cinase do receptor é ativada transitoriamente pela ligação de um fator de crescimento específico para o domínio extracelular, um evento que induz uma rápida mudança na conformação do receptor para um estado ativo dimérico. O receptor ativado então autofosforila os resíduos de tirosina na sua própria cauda intracelular, e esses resíduos modificados servem como locais para o recrutamento de uma série de moléculas de sinalização, incluindo a RAS e a PI3K, que já foram descritas como peças fundamentais na sinalização dos receptores tirosina cinase. As versões oncogênicas destes receptores estão associadas com mutações que conduzem à atividade constitutiva de tirosina cinase independente de fator de crescimento. Assim, os receptores mutantes liberam sinais mitogênicos contínuos para a célula, mesmo na ausência do fator de crescimento no ambiente. ● ERBB1: codifica o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), que é acometido por mutações pontuais em determinados cânceres. Várias mutações pontuais diferentes são encontradas. Essas mutações resultam na ativação constitutiva da tirosina quinase do EGFR. ● ERBB2: codifica um membro diferente da família de receptores tirosina quinase, o HER2. Em vez de ser ativado por mutações pontuais, o gene ERBB2 é amplificado em certos carcinomas da mama, levando à superexpressão do receptor HER2 e atividade constitutiva da tirosina quinase. As mutações pontuais dos genes da família da RAS são o tipo mais comum de anomalia isolada envolvendo proto-oncogenes em tumores humanos. As proteínas RAS alternam continuamente entre um estado ativado de transmissão de sinal no qual são ligadas ao GTP e um estado de repouso no qual são ligadas ao GDP. A estimulação dos receptores de tirosina cinases por fatores de crescimento conduz à troca de GDP por GTP e subsequentes alterações conformacionais que geram RAS ativa, que, por sua vez, estimula os braços MAPK e PI3K/AKT da via de sinalização do receptor da tirosina cinase. Essas cinases à jusante fosforilam e ativam inúmeros efetores citoplasmáticos, bem como vários fatores de transcrição que ligam genes que suportam o rápido crescimento celular. A ativação da RAS é transitória, pois a RAS possui uma atividade de GTPase intrínseca que é acelerada por proteínas de ativação de GTPase (BPA), que se ligam à RAS ativa e aumentam sua atividade de GTPase, terminando assim a transdução de sinal. Deste modo, as GAPs evitam a atividade de RAS descontrolada. ● Mutações pontuais de RAS distintas foram identificadas em células cancerígenas que reduzem significativamente a atividade de GTPase da proteína RAS. Como resultado, essas formas com mutação da RAS são presas na forma ligada à GTP ativada e a célula recebe continuamente sinais de pró-crescimento. ● Mutações incapacitantes da neurofibromina 1, uma GAP codificada pelo gene NF1, estão associadas à síndrome neoplásica hereditária familiar da neurofibromatose tipo 1. O NF1 é, portanto, um exemplo de gene supressor de tumor que atua através da regulação negativa da sinalização da RAS. BRAF: membro da família da RAF. A BRAF é umaproteína cinase serina/treonina que se aloja no topo de uma cascata de outras cinases serina/treoninas da família do MAPK. Assim como as mutações ativadoras de RAS, as mutações ativadoras de BRAF estimulam cada uma dessas cinases à jusante e, finalmente, ativam os fatores de transcrição. PI3K: sob circunstâncias normais, o PI3K é recrutado por ativação de receptor tirosina cinase para complexos de proteínas de sinalização associados à membrana plasmática. Ele ativa uma cascata de serina/treonina cinases, incluindo o AKT, que é um nodo de sinalização fundamental. O mTOR, um sensor de nível de nutrientes celular, é ativado pelo AKT, que por sua vez estimula a síntese de proteínas e lipídios. A BAD é uma proteína pro-apoptótica que é inativada pelo AKT, um efeito que aumenta a sobrevida celular. Como a RAS, o PI3K é regulado negativamente por um importante fator de “frenagem” chamado PTEN. ● O PTEN é um gene supressor de tumor cuja função é perdida através de mutação ou silenciamento epigenético em muitos tipos de câncer. As mutações que conferem atividade oncogênica ocorrem em várias tirosina cinases não receptoras que normalmente estão localizadas no citoplasma ou no núcleo. Em vários casos, as mutações se dão na forma de translocações cromossômicas ou rearranjos que criam genes de fusão que codificam tirosina cinases constitutivamente ativas. Tirosina cinase ABL (leucemia mielóide crônica): o gene ABL é translocado de seu sítio normal no cromossomo 9 para o cromossomo 22, onde ele se fusiona com o gene BCR; o gene quimérico resultante codifica uma tirosina cinase BCR-ABL oncogênica, constitutivamente ativa. A contribuição mais importante da porção BCR é que ela promove a autoassociação de BCR- ABL, que parece ser suficiente para desencadear a atividade da tirosina cinase ABL. A autonomia de crescimento pode ocorrer também como consequência de mutações que afetam os fatores de transcrição que regulam a expressão de ciclinas e genes pró-crescimento. Os fatores de transcrição desta classe incluem os produtos dos proto-oncogenesMYC, MYB, JUN, FOS, e FEL. O OncogeneMYC: ● O proto-oncogene MYC está expresso em praticamente todas as células eucarióticas e pertence aos genes de resposta imediata precoce, que são rapidamente induzidos por sinalização RAS/MAPK seguindo a estimulação do fator de crescimento nas células quiescentes. Sob circunstâncias normais, as concentrações da proteína do MYC são estritamente controladas no nível da transcrição, tradução e estabilidade da proteína. ● Variantes genéticas alteram a função de elementos intensificadores que regulam a expressão do MYC, e que o aumento do risco de câncer está associado com variantes que provocam níveis mais elevados de expressão de RNA do MYC em resposta a certos sinais promotores de crescimento. Ciclina e Cinases Dependentes de Ciclinas: a progressão ordenada das células através do ciclo celular é orquestrada por cinases dependentes de ciclina (CDK), que são ativadas através da ligação às ciclinas, assim chamadas em decorrência da natureza cíclica de sua produção e degradação. Os complexos ciclina-CDK fosforila proteínas-alvo cruciais que conduzem a célula adiante através do ciclo celular. Enquanto as ciclinas estimulam as CDK, seus inibidores (CDKI) silenciam as CDK e exercem um controle negativo sobre o ciclo celular. A expressão desses inibidores tem sua regulação diminuída por vias de sinalização mitogênicas, promovendo assim a progressão do ciclo celular. Existem dois pontos principais de checagem do ciclo celular, um na transição G1/S e outro na transição G2/M, cada um dos quais é fortemente regulado por um equilíbrio de fatores de promoção e supressão de crescimento, assim como por meio de sensores de dano no DNA. Se ativado, esses sensores de dano no DNA transmitem sinais que detêm a progressão do ciclo celular e, se o dano celular não puder ser reparado, eles iniciam a apoptose. É compreensível que defeitos no ponto de checagem na G1/S são mais importantes no câncer, à medida em que esses levam ao crescimento desregulado, bem como a um fenótipo mutante que (como mencionado anteriormente) permite o desenvolvimento e progressão do câncer. ● pRB: um regulador negativo fundamental na transição do ciclo celular G1/S, está direta ou indiretamente inativado na maioria dos cânceres humanos. O pRB também controla a diferenciação celular. A proteína RB existe em um estado ativo hipofosforilado nas células quiescentes e em um estado inativo hiperfosforilado em células que passam através da transição entre o ciclo celular G1/S. ○ A pRB hipofosforilada no complexo com os fatores de transcrição E2F se liga ao DNA, recruta fatores de remodelação da cromatina, e inibe a transcrição de genes, cujos produtos são necessários para a fase S do ciclo celular. ○ Quando a pRB é fosforilada por complexos de ciclina D-CDK4, ciclina D-CDK6 e ciclina E-CDK2, ela libera o E2F. Esse último, em seguida, ativa a transcrição de genes na fase S. ○ Praticamente todas as células cancerígenas mostram desregulação do ponto de checagem G1-S como resultado da mutação em um dos quatro genes que regulam a fosforilação da pRB. ○ As vias de sinalização do fator de crescimento em geral regulam positivamente a atividade dos complexos CDK/ciclinas e conduzem as células através da transição o G1/S, enquanto que os inibidores de crescimento fazem pender a balança para o outro lado, regulando positivamente inibidores de CDK. ● TP53: um gene supressor de tumor que regula a progressão do ciclo celular, o reparo de DNA, a senescência celular e a apoptose, é o gene que sofre mutação em cânceres humanos com mais frequência. O TP53 codifica a proteína p53, que é rigidamente regulada em vários níveis. ○ A p53 desempenha seu papel servindo como ponto focal de uma grande rede de sinais que detectam o estresse celular, principalmente danos no DNA, mas também o encurtamento dos telômeros, a hipóxia e o estresse causado pelo excesso de sinalização pró-crescimento, como pode ocorrer em células portadoras de mutações em genes como RAS e MYC. ○ Em células saudáveis não estressadas, a p53 é mantida à distância por meio de sua associação já mencionada com o MDM2, uma enzima que faz a ubiquitinação da p53, levando à sua degradação pelo proteassomo. Como resultado, a p53 é praticamente indetectável em células normais. No entanto, em células estressadas, a p53 é liberada dos efeitos inibidores do MDM2 através de dois mecanismos principais, os quais variam dependente da natureza do estresse. ■ A Ativação da p53 normal, por agentes danificadores do DNA ou por hipóxia, leva à interrupção do ciclo celular em G1 e à indução do reparo do DNA por regulação positiva transcricional do inibidor da cinase dependente de ciclina da CDKN1A(que codifica o inibidor da cinase dependente de ciclina da p21) e os genes da GADD45. O reparo bem-sucedido do DNA permite que as células prossigam com o ciclo celular; se o reparo do DNA falhar, a p53 desencadeia a apoptose ou a senescência. ○ Em células com perda ou mutações do gene da p53, danos no DNA não induzem à interrupção do ciclo celular ou ao reparo de DNA, e as células geneticamente danificadas proliferam, dando origem finalmente a neoplasias malignas. ■ Com a perda de função da p53, o dano no DNA segue sem ser reparado, as mutações condutoras se acumulam em oncogenes e outros genes, e a célula faz um caminho perigoso às cegas que leva à transformação maligna. → Via Beta-catenina: a família caderina de glicoproteínas medeia a adesão célula-célula dependente de cálcio. As caderinas formam complexos intercelulares unindo as células. Elas são ancoradas intracelularmente por cateninas, as quais se ligam a filamentos de actina. As proteínas catenina têm duas funções; além de ancorar as caderinas ao citoesqueleto, elas agem como fatores de transcrição. A catenina BETA também se liga a um complexo contendo a proteína regulatória APC, que a ativa para a degradação. Quando o sinal apropriado ativa APC, o nível de catenina BETA se eleva e passa para onúcleo, onde ativa a transcrição deMYC e CDK1, levando à proliferação celular. APC é um gene supressor de tumor. Se ele está ativado, não pode se ligar à catenina BETA e inibe a proliferação celular. ● As moléculas de E-caderina formam homodímeros intercelulares dependentes de cálcio com as caderinas de outra célula, resultando em adesão célula-célula. A porção citoplasmática da E-caderina forma complexo com uma variedade de cateninas, que ancoram a caderina ao citoesqueleto de actina. ● O complexo APC ativa a catenina BETA para a degradação proteolítica. Se APC é inativado, os níveis de catenina BETA aumentam. Ela age como um fator de transcrição que aumenta a síntese de MYC e outros genes de regulação da progressão do ciclo celular. ● A APC é um componente da via de sinalização WNT, que possui papel principal no controle do destino celular, na adesão e na polaridade celular durante o desenvolvimento embrionário. Uma das principais funções da proteína APC é manter a atividade da β-catenina sob monitoramento. ○ Na ausência da sinalização WNT, a APC provoca a degradação da β-catenina, impedindo o seu acúmulo no citoplasma. A APC realiza o mesmo processo através da formação de um complexo de “destruição” macromolecular que levam à degradação proteossômica da β-catenina. ○ A sinalização através da WNT bloqueia a formação do complexo de destruição, estabilizando a β-catenina e permitindo que ela se transloque do citoplasma para o núcleo, assim que chega ao núcleo, a β-catenina forma um complexo de ativação de transcrição como o fator de ligação ao DNA TCF. No núcleo ela a ativa a transcrição de genes-alvo de pró-crescimento em cooperação com o TCF. ○ Quando o APC está mutado ou ausente, como ocorre frequentemente em pólipos e cânceres colônicos, a destruição da β-catenina não ocorre. Aβcatenina se transloca para o núcleo e coativa os genes que promovem a entrada no ciclo celular, e as células se comportam como se estivessem sob constante estimulação pela via WNT. ● A perda da inibição de contato por mutações no eixo E-caderina/β-catenina, ou por outras alterações, é uma característica-chave dos carcinomas. As mutações de perda de função nas linhagens germinativas do gene da E-caderina, conhecido como CDH1, causam carcinoma gástrico familiar, e uma proporção variável de carcinomas gástricos esporádicos também estão associados com a perda de expressão de E-caderina. → Neoplasias prostáticas (DHT): o principal androgênio na próstata, constituindo 90% dos andrógenos prostáticos totais, é a di-hidrotestosterona (DHT). A DHT é formada na próstata a partir da testosterona, através da ação de uma enzima chamada 5α-redutase tipo 2. Essa enzima está localizada quase inteiramente em células do estroma. Com exceção de algumas células basais, as células epiteliais prostáticas não expressam a 5α-redutase tipo 2. Portanto, as células estromais são responsáveis pelo crescimento prostático dependente de andrógeno. A5α-redutase tipo 1 não é detectada na próstata ou está presente em níveis muito baixos. Contudo essa enzima pode produzir DHT a partir da testosterona no fígado e na pele e a DHT circulante pode agir na próstata por um mecanismo endócrino. A DHT se liga ao receptor de andrógeno (RA) nuclear presente tanto nas células prostáticas estromais quanto nas epiteliais. DHT é mais potente que a testosterona porque possui maior afinidade por RA e forma um complexo mais estável com o receptor. A ligação de DHT com RA estimula a transcrição dos genes dependentes de andrógenos, que inclui vários fatores de crescimento e seus receptores. Os mais importantes entre esses são os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e o fator transformante do crescimento (TGF-BETA). ● FGFs, produzidos por células do estroma, são reguladores parácrinos de crescimento epitelial estimulados por androgênio durante o desenvolvimento prostático embrionário, e algumas dessas vias podem ser ”redespertadas” na idade adulta para produzir o crescimento da próstata na HBP. ● O TGF-β serve como um agente mitogênico para fibroblastos e outras células mesenquimais, mas inibe a proliferação epitelial. O mecanismo de ação dos andrógenos sobre a próstata constitui uma seqüência integrada de eventos. Inicialmente, a TT atravessa a membrana plasmática das células por interação hidrofóbica com os fosfolipídios e é metabolizada no núcleo em diidrotestosterona (DHT) através de uma reação catalisada pela enzima 5a-redutase presente no envoltório nuclear. A DHT, um andrógeno mais potente que a TT e o principal hormônio trófico da próstata, liga-se com grande afinidade a receptores androgênicos (AR). O complexo DHT-receptor modula a expressão de vários genes através de sua ligação com sequências de consenso no genoma chamadas elementos que respondem ao hormônios (HREs). Os andrógenos estão envolvidos na gênese da hiperplasia e do câncer de próstata no homem, haja visto que tanto as células normais quanto neoplásicas apresentam receptores para andrógenos. Evidências sugerem a participação do estrógeno, prolactina, testosterona e diidrotestosterona na iniciação e promoção do câncer de próstata. O estrógeno possui função dupla: em concentrações normais, aumenta o número de receptores para os andrógenos e em concentrações elevadas, inibe a ação da testosterona. Já a prolactina age em sinergismo com o hormônio luteinizante, controlando a secreção de testosterona e com os andrógenos, estimulando o crescimento da próstata. Em homens, com o avanço da idade ocorre declínio dos níveis plasmáticos de androgênios, enquanto os níveis de estrogênio permanecem constantes ou aumentados. Isto leva à diminuição da razão androgênio/estrogênio, sugerindo que os estrogênios podem ter um papel no desenvolvimento do câncer de próstata. Na próstata, foi observado que o compartimento de diferenciação do epitélio prostático (células luminais secretoras) expressa altos níveis de ERβ, enquanto o ERα é restrito ao compartimento de proliferação (células basais). Em altos graus de neoplasia intraepitelial prostática, a expressão do gene ERα se estende às células luminais e isso pode mediar os efeitos carcinogênicos dos estrogênios no epitélio displásico. Independentemente do grau e do estágio, o câncer de próstata mantém altos níveis de ERβ ( 17β-estradiol). ● As funções propostas para o ERβ incluem ação anti-proliferativa, regulação da apoptose celular, controle genético da expressão antioxidante, modulação da resposta imune e do risco de insuficiência cardíaca. ● Em linhagens celulares de próstata, o 17β-estradiol na presença do ERα estimula a proliferação, mas na presença do ERβ inibe a proliferação, causando dois efeitos opostos. O ERβ parece ter um papel protetor contra a proliferação descontrolada de células e é perdido durante a progressão do câncer de próstata, sugerindo o seu envolvimento direto com a proliferação do tumor.
Compartilhar