Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BVS Atenção Primária em Saúde Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde Home / SEGUNDA OPINIÃO FORMATIVA – SOF Apoio ao Tratamento No tratamento da hipertensão, como realizar a escolha inicial e a progressão dos medicamentos anti-hipertensivos? Núcleo de Telessaúde HC UFMG | 20 junho 2016 | ID: sofs-23918 Solicitante: Médico CIAP2: K86 Hipertensão sem complicações DeCS/MeSH: Anti-Hipertensivos, Hipertensão Graus da Evidência: 1A – Estudos de revisão sistemática / ou estudos ensaios clínicos randomizados (ECR) A escolha inicial do medicamento a ser usado no controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS) é constantemente submetida a numerosos estudos comparativos, nem sempre livres de vieses ou conflitos de interesses. Em meio a tantas informações, as diretrizes mais recentes mantêm a seguinte orientação: O que realmente importa é o montante da redução alcançada com a medicação, e não com qual ou quais medicamentos se obtém tal redução. Dizendo de outro modo, para um mesmo nível obtido de pressão arterial (PA), utilizando-se diferentes drogas, a redução do risco de eventos cardiovasculares será a mesma. Desse conceito deriva a seguinte recomendação geral: Diuréticos (tiazídicos, clortalidona ou indapamida), betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA) são TODOS ADEQUADOS para o início do tratamento da HAS. (nível de evidência A-I). Tal recomendação de caráter geral não exclui a importância de se considerar as características específicas de cada paciente, como idade e comorbidades, que influenciam a escolha da medicação com a qual iniciar o tratamento. Os principais exemplos das classes de droga preferíveis para o início do tratamento conforme situações clínicas específicas são: IDOSOS: tiazídicos ou antagonistas dos canais de cálcio, por maior eficácia com menos efeitos colaterais nesse grupo. DIABÉTICOS: IECA ou BRA, pelo efeito nefroprotetor já demonstrado nesse grupo. SÍNDROME METABÓLICA: IECA ou BRA, antagonistas dos canais de cálcio. DOENÇA RENAL CRÔNICA E/OU MICROALBUMINÚRIA: IECA ou BRA. INFARTO PRÉVIO: betabloqueadores, IECA ou BRA. ANGINA: Betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: IECA ou BRA, betabloqueadores (esse último deve ser introduzido apenas após a compensação do quadro). FIBRILAÇÃO ATRIAL: Betabloqueadores ANEURISMA DE AORTA: Betabloqueadores GESTAÇÃO: Metildopa, nifedipina de ação prolongada, metoprolol. AMAMENTAÇÃO: Propranolol, metoprolol, antagonistas dos canais de cálcio, IECA, tiazídicos. A questão do tratamento dos pacientes da raça negra é controversa num país de grande miscigenação como o Brasil, onde o fenótipo da raça não guarda relação com seu respectivo genótipo, e portanto não teria relevância clínica. A literatura estrangeira sugere que os pacientes da raça negra sejam inicialmente tratados com um tiazídico ou antagonista do cálcio. Em relação à escolha de um IECA versus BRA, estamos de acordo com os autores que sugerem o início de um IECA e a troca por um BRA naqueles pacientes que apresentem tosse ou angioedema. Complementação Associação de drogas Uma minoria dos pacientes hipertensos (30-40%) vai responder ao tratamento com uma única droga, geralmente aqueles com HAS leve, grau I (PAS de 140-159 e/ou PAD de 90-99 mmHg). Se não houve nenhuma resposta, a sugestão é que se escolha um outro medicamento a ser iniciado como monoterapia. Se houve alguma redução da PA, mas ainda insuficiente, a primeira droga pode ser ajustada até a metade da dose máxima e, se isso não for suficiente, uma segunda medicação deve ser introduzida. A ideia de se utilizar o menor número de medicamentos e sempre em dose máxima vem sendo questionada pelos que defendem um início mais precoce da terapia combinada, com o argumento de que doses máximas raramente acrescentam efeito terapêutico, e trazem maior possibilidade de efeitos colaterais. A segunda droga a ser introduzida pode ser qualquer outra do grupo de primeira escolha (tiazídicos, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, IECA ou BRA). As associações mais recomendadas são: tiazídicos + IECA ou BRA; tiazídicos + antagonistas dos canais de cálcio; IECA ou BRA + antagonistas dos canais de cálcio. Em pacientes com HAS grau II (PAS ≥ 160 e PAD ≥ 100 mmHg) é razoável iniciar o tratamento com duas drogas (indicação classe IIb, nível de evidência C). As pílulas combinadas ao invés das drogas em separado não trazem outra vantagem que não uma possível melhor adesão ao tratamento, mas são menos acessíveis. Desse modo, sua indicação é controversa (classe IIB, nível de evidência C). Medicações como os agonistas centrais (metildopa, clonidina), vasodilatadores diretos (hidralazina) e os alfa bloquadores (prazosin) são anti-hipertensivos eficazes, mas pelo perfil de efeitos colaterais que apresentam estão reservados para os pacientes que requerem múltiplas drogas. Por último, seja com a monoterapia ou com a terapia combinada, o clínico deve se lembrar de acessar os efeitos colaterais a cada consulta, para que possa fazer as alterações necessárias e evitar o abandono do tratamento, problema recorrente numa doença assintomática e que requer tratamento medicamentoso por toda a vida. BVS APS Atenção Primária à Saúde Uma iniciativa do Ministério da Saúde e BIREME/OPAS/OMS em parceria com as instituições do Programa Telessaúde Brasil Redes Rua Vergueiro, 1759 • 04101-000 • São Paulo/SP • Brasil Tel: (55 11) 5576-9800 • Fax: (55 11) 5575-8868 Bibliografia Selecionada: 1. MANCIA, Guiseppe et al. 2013 Practice guidelines for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and the European Society of Cardiology (ESC): ESH/ESC Task Force for the Management of Arterial Hypertension. Journal of Hypertension. 2013; 31: p. 1925–1938. Disponível em: <http://www.hypertenzia.org/media/files/dokumenty/2013_practice_guidelines_for_the _management_of.2.pdf>. Acesso em: 14 jun 2016. 2. JAMES, Paul A. et all . 2014 Evidence-based guideline for the management of high blood pressure in adults: report from the Panel Members Appointed to the Eighth Joint National Committee (JNC 8). JAMA. 2014; 311(5): p. 507-520. Disponível em: <http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1791497>. Acesso em: 14 jun 2016. 01/03/2024, 09:00 Página 1 de 1 BVS Atenção Primária em Saúde Traduzindo o conhecimento científico para a prática do cuidado à saúde Home / SEGUNDA OPINIÃO FORMATIVA – SOF Apoio ao Tratamento Qual o tratamento de primeira linha para hipertensão? Núcleo de Telessaúde Santa Catarina | 7 abril 2022 | ID: sofs-44915 Solicitante: Médico CIAP2: K85 Pressão arterial elevada DeCS/MeSH: Atenção Primária à Saúde, Hipertensão O tratamento está relacionado com o estágio da hipertensão arterial (HA) e os fatores de risco cardiovascular presentes no momento do diagnóstico, de acordo com mecanismos de ação e sinergia e com nível de evidência comprovada para diminuição do risco cardiovascular (RCV). São as seguintes classes farmacológicas: Diuréticos Tiazídicos, Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), Bloqueadores dos Canais de Cálcio e Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina (BRA). A Diretriz Brasileira de HA de 2020 estabelece que para o tratamento do paciente hipertenso é necessário obter o controle pressórico alcançando a meta de pressão arterial (PA) previamente estabelecida. Tal meta deve ser definida individualmente, sempre considerando a idade e a presença de doença cardiovascular (DCV) ou de seus fatores de risco. De forma geral, deve-se reduzir a PA visando a alcançar valores menores que 140/90 mmHg e não inferiores a 120/70 mmHg. Nos indivíduos mais jovens e sem fatores de risco, podem-se alcançar metas mais baixas com https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-de-primeira-…rmacológicas,Receptores%20da%20Angiotensina%20(BRA). 01/03/2024, 08:54 Página 1 de 5 valores inferiores a 130/80 mmHg1. Estágio de pré-hipertensão com RCV alto ou HA estágio 1 com RCV baixo ou moderado: iniciar tratamento com medicamento de uma das classes farmacológicas, em monoterapia, com dose baixa e aumentar até a dose máxima recomendada. Havendo intolerância ou não atingindo a meta, associar outro medicamento da mesma classe ou tentar outra classe farmacológica. 2. HA estágio 1, mas com RCV alto e os estágios 2 ou 3: iniciar tratamento com associação entre duas classes farmacológicas, em doses baixas. Se necessário aumentar as doses, ou incluir uma terceira classe de medicamento. Em caso de insucesso trocar a combinação ou incluir medicamento de outras classes farmacológicas. O tratamento não medicamentoso da HA sempre deve ser utilizado e envolve controle ponderal, medidas nutricionais, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo e controle de estresse. É recomendado fazer, no mínimo, 30 minutos/dia de atividade física moderada, de forma contínua (1 x 30 minutos) ou acumulada (2 x 15 minutos ou 3 x 10 minutos) em 5 a 7 dias da semana. Alimentação com aumento de fibras, como frutas, legumes e verduras, diminuição das gorduras, principalmente as saturadas e diminuição da ingesta de sódio. A classificação da PA varia de ótima até Hipertensão Estágio 3, conforme segue abaixo, em mm de Hg: Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-de-primeira-…rmacológicas,Receptores%20da%20Angiotensina%20(BRA). 01/03/2024, 08:54 Página 2 de 5 para classificação da HA. Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, devendo estar classificada em estágios 1, 2 ou 3, segundo níveis pressóricos acima. Os fatores de risco para doença cardiovascular (DCV), são levados em conta para definir o tratamento inicial e as mudanças, quando necessárias. São considerados fatores de risco: diabetes, história de acidente vascular encefálico; doença arterial coronariana; insuficiência cardíaca; doença arterial periférica; presença de placa ou espessamento da parede carotídea; doença renal crônica; relação albumina/creatinina urinária > 30 mg/gr ; lesão de órgão-alvo (como retinopatia hipertensiva, etc); hipertrofia ventricular esquerda; velocidade da onda de pulso > que 10 m/s; sexo masculino, idade > 55 anos (homem) ou > 65 anos (mulher), tabagismo, dislipidemia , obesidade e resistência à insulina. Quadro 1 – Estratificação de Risco Cardiovascular – RCV, no paciente hipertenso de acordo com fatores de risco adicionais, presença de lesão em órgão alvo e de doença cardiovascular ou renal Todos os medicamentos anti-hipertensivos disponíveis podem ser utilizados desde que sejam observadas as indicações e contraindicações específicas. A preferência https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-de-primeira-…rmacológicas,Receptores%20da%20Angiotensina%20(BRA). 01/03/2024, 08:54 Página 3 de 5 inicial será sempre por aqueles em que haja comprovação de diminuição de eventos cardiovasculares, ficando os demais reservados a casos especiais em que haja a necessidade da associação de múltiplos medicamentos para que sejam atingidas as metas da PA. BVS APS Atenção Primária à Saúde Bibliografia Selecionada: 1. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. [Acesso em 31/03/2022]. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516-658. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf 2. Malachias MVB, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. [Acesso em 22/02/2022]. Arq. Bras. Cardiol. 2016;107(3)Supl3:83p. Disponível em: https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/sites/3/2016/10/7-Diretriz- Brasileira-de-Hipertensao-Arterial.pdf 3. Mansia G, De Backer G, Dominiczak A, Cifkova R, Fagard R, Germano G, Grassi G, Heagerty AM, Kjeldsen SE, Laurent S, Narkiewicz K, Ruilope L, Rynkiewicz A, Schmieder RE, Struijker Boudier HA, Zanchetti A; European Society of Hypertension; European Society of Cardiology. 2007 ESH-ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). [Acesso em 01/03/2022]. Blood Press. 2007;16(3):135-232. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/08037050701461084? needAccess=true https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-de-primeira-…rmacológicas,Receptores%20da%20Angiotensina%20(BRA). 01/03/2024, 08:54 Página 4 de 5 Uma iniciativa do Ministério da Saúde e BIREME/OPAS/OMS em parceria com as instituições do Programa Telessaúde Brasil Redes Rua Vergueiro, 1759 • 04101-000 • São Paulo/SP • Brasil Tel: (55 11) 5576-9800 • Fax: (55 11) 5575-8868 https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-tratamento-de-primeira-…rmacológicas,Receptores%20da%20Angiotensina%20(BRA). 01/03/2024, 08:54 Página 5 de 5
Compartilhar