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Educação nutricional para diabéticos: da profilaxia ao tratamento 
 
 
Nutritional education for diabetic: from prophylaxis to treatment 
 
 
Educação nutricional para diabéticos 
 
 
Atividades Práticas Supervisionadas 
 
Juliana Cristina Muniz Lopes Humberto1, Juliana Pereira Dos Santos Medeiros¹, 
Natália Carnavale¹, Sandra Regina Bicudo Da Silva¹ 
 
1 Curso de Nutrição da Universidade Paulista, Sorocaba-SP, Brasil. 
 
 
Autora correspondente: 
Profa. Ms Sandra Regina Bicudo da Silva Universidade Paulista – UNIP, campus 
Sorocaba, SP. Avenida Independência, 210. Éden, Sorocaba, SP. Cep: 18087-101. 
Fone (15) 98134-4808. E-mail: sandra.silva1@docente.unip.br 
 
Este estudo não apresenta conflitos de interesses. 
 
Área específica: Nutrição Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
 
 
Comentado [S1]: Capa revisada, não alterar 
Comentado [S2]: Essa linha não consegui retirar 
2 
 
Resumo 
Diabetes Mellitus é uma doença crônica que se caracteriza pela elevação dos níveis 
de glicose no sangue, cuja origem é a deficiência e/ou restrição na produção do 
hormônio insulina. Objetivo – Realizar uma revisão sistemática da literatura atual que 
promova educação nutricional para a população diabética. Metodologia - A presente 
pesquisa dar-se-á pela revisão de literatura, que constitui pesquisa nos principais 
bancos de dados eletrônicos científicos, Scielo, Lilacs, Google Acadêmico, utilizando 
artigos científicos datados dos últimos dez anos. Discussão: O DM é um grave 
problema de saúde pública no país. Está, junto com a Hipertensão Arterial Sistêmica 
na primeira posição como causas de mortalidade e de hospitalizações no SUS. 
Conclusões: O nutricionista inserido na atenção primária de saúde, juntamente com 
uma equipe multidisciplinar, poderá promover estratégias de educação nutricional 
para diabético que minimizarão os impactos da prevalência desta patologia. 
Palavras-chave: Educação Nutricional. Estratégias Nutricionais. Promoção de 
Educação Nutricional para Diabéticos. 
 
Abstract 
Diabetes Mellitus is a chronic disease characterized by elevated blood glucose levels, 
whose origin is a deficiency and/or restriction in the production of the hormone insulin. 
Objective – To carry out a systematic review of the current literature that promotes 
nutritional education for the diabetic population. Methodology - This research will be 
done through the literature review, which constitutes research in the main scientific 
electronic databases, Scielo, Lilacs, Academic Google, using scientific articles dated 
from the last ten years. Discussion: DM is a serious public health problem in the 
country. It is, together with Systemic Arterial Hypertension, in the first position as 
causes of mortality and hospitalizations in the SUS. Conclusions: The nutritionist 
inserted in primary health care, together with a multidisciplinary team, will be able to 
promote nutritional education strategies for diabetics that will minimize the impacts of 
the prevalence of this pathology. 
Keywords: Nutritional Education. Nutritional Strategies. Promotion of Nutrition 
Education for Diabetics. 
 
3 
 
1 Introdução 
 
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que se caracteriza pela 
elevação dos níveis de glicose no sangue, que se origina a partir da deficiência e/ou 
restrição na produção do hormônio insulina. Para um tratamento efetivo se faz 
necessário que o indivíduo tenha consciência da sua atual condição de saúde e a 
partir disso possa refletir afim de modificar hábitos considerados inadequados para 
manutenção da glicemia, aderindo às práticas preventivas e protetoras da saúde 1. 
O tratamento do DM tipo 2 (DM2) inclui mudanças no estilo de vida, com a 
prática de exercícios físicos regularmente e o estabelecimento de uma dieta 
adequada. Para isso, a intervenção educativa deverá ser pautada em técnicas 
esclarecedoras, interativas e dinâmicas que busquem a interação com o público alvo 
e permita que estes ressignifiquem o seu estilo de vida. Essa modalidade de educação 
é de suma importância no controle dos níveis glicêmicos e autonomia do indivíduo, 
especialmente quando estruturada em uma perspectiva e crítica4. 
Para tanto, a educação em saúde exige o rompimento das concepções e 
abordagens pedagógicas tradicionais que dominam o processo educacional. A 
abordagem mais almejada pelas políticas públicas que visa a educação em saúde é 
a sociocultural, em que o ser humano é compreendido em seu contexto, é sujeito de 
sua própria formação e se desenvolve por meio de um processo saudável de ação-
reflexão-ação. Essa educação deve ser pautada no diálogo claro, numa relação 
horizontal, como peça fundamental para a transformação em um processo que 
estimula a prática da ação-reflexão6. 
Para desenvolver a autonomia dos indivíduos portadores de doenças crônicas 
nas decisões do tratamento nutricional, novas abordagens se fazem necessárias. 
Promover educação nutricional é uma estratégia para disseminar informações e 
alcançar o máximo possível de indivíduos, visando a melhora do estilo de vida, 
reduzindo significativamente índices de mortalidade e intervenções à nível de atenção 
secundária e terciária, que gera, além de tudo, redução de custos na rede de saúde 
pública. Justifica-se então que as estratégias de intervenção visam minimizar os 
impactos desta patologia na vida dos indivíduos9. 
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da 
literatura atual que promova educação nutricional para a população diabética. Desta 
maneira, procura promover reflexões acerca do tema, que contribuam para a 
4 
 
promoção de educação nutricional para indivíduos diabéticos; pretende também 
destacar a importância da alimentação adequada para prevenção de complicações 
clínicas relacionadas à diabetes; por fim, enfatizar o quanto a intervenção nutricional 
precoce pode contribuir para manutenção/recuperação do estado nutricional e bom 
prognóstico do diabético. 
 
2 Métodos 
 
Para o presente trabalho tem sido realizada uma extensa pesquisa bibliográfica 
nos tradicionais bancos de dados eletrônicos, como Scielo, Lilacs, Pubmed, Google 
Acadêmico e banco de dados online da UNIP, por meio dos descritores: educação 
nutricional; estratégias nutricionais, promoção de educação nutricional para 
diabéticos. 
Em sequência, foram selecionados artigos correlacionados ao tema, cuja a 
seleção levou em consideração os critérios: nome da revista de publicação do artigo, 
data de publicação, sendo selecionados os iguais ou superiores ao ano de 2011 e 
relevância do assunto tratado. 
A busca foi realizada através dos títulos ou dos resumos dos artigos e a seleção 
dos artigos em conformidade com o assunto proposto ocorreu nos meses de março a 
novembro de 2021. 
 
5 
 
3 Revisão da literatura 
 
 Conceitos e Definições 
Diabetes mellitus é o nome dado a um grupo de distúrbios metabólicos que 
resultam em níveis elevados de glicose no sangue. Conhecido popularmente com 
açúcar alto no sangue, existem vários tipos e várias causas de diabetes. Todos os 
tipos, porém, costumam apresentar complicações semelhantes, como maior risco de 
lesão dos rins, dos olhos e dos vasos sanguíneos9. 
O diabetes é uma das doenças mais comuns no mundo e sua incidência tem 
aumentado ao longo dos anos, devido principalmente à má alimentação e à 
obesidade. A Diabetes Mellitus (DM) é considerada importante problema de saúde 
pública, podendo associar-se, quando mal controlada, a complicações que 
comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos, com 
consequente elevação nas taxas de mortalidade. Consiste em um distúrbio metabólico 
caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de 
insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos, ocasionando complicações 
em longo prazo11. 
Pode se apresentar de diversas formas e tipos. NoDiabetes Mellitus tipo 1 
ocorre a destruição das células β do pâncreas, que pode se envolver com processos 
autoimunes. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo 
dos carboidratos, lipídios e proteínas. O diabetes tipo 2 é mais comum, 
correspondendo a cerca de 90% dos casos de diabetes12. 
Apresenta ainda sua etiologia complexa e multifatorial, envolvendo 
componentes genéticos e ambientais. Caracteriza-se por distúrbios da ação e 
secreção da insulina13. 
O DM é uma condição crônica de saúde, ou seja, não existe cura. Portanto, são 
necessários cuidados para que haja uma boa qualidade de vida. O tratamento tem 
como base as medidas preventivas e paliativas, que visam à diminuição e retardo dos 
agravos, por meio de tratamento farmacológico (comprimidos ou insulina) e 
modificações no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos, controle da 
glicemia, mantendo o nível de glicose normal, realização de testes sanguíneos 
regularmente, como o dextro, e a promoção alimentação saudável14. 
Comentado [S3]: Não numerar subtítulos, manter como foi 
corrigido 
6 
 
A adoção de uma alimentação saudável é um dos principais pilares do 
tratamento e gerenciamento do DM. As recomendações para o consumo de alimentos 
naturais, inclusão de fibras, dando preferência para alimentos naturais, incluindo frutas 
e verduras regularmente na dieta, contribuem para a manutenção do controle 
metabólico e a prevenção das complicações decorrentes da doença15. 
O diagnóstico do diabetes baseia-se, fundamentalmente, nos valores da 
glicemia plasmática de jejum (8 horas) ou após uma ingestão acentuada de glicose 
por via oral, ou ainda pelo nível de hemoglobina glicada, este ainda muito eficaz e 
solicitado pelos médicos no acompanhamento dos pacientes já diagnosticados com a 
doença16. 
 
Glicose 
 
A glicose é uma molécula simples de carboidrato, um monossacarídeo, cuja 
principal função é fornecer energia para as células funcionarem, portanto, 
fundamentais para nossa sobrevivência. Praticamente todo alimento da classe dos 
carboidratos possui glicose na sua composição. A glicose é a única molécula de 
carboidrato que pode nos fornecer energia17. 
Após uma refeição, os carboidratos que foram ingeridos passarão pelo 
processo da digestão e após digerida serão absorvidas, chegando à circulação 
sanguínea. Neste momento uma grande quantidade de glicose, frutose e galactose 
chegam à corrente sanguínea, aumentando a glicemia, que é a concentração de 
glicose no sangue. Sempre que há uma elevação na glicemia, o pâncreas libera um 
hormônio chamado insulina, que faz com que a glicose circulante no sangue entre nas 
células do nosso corpo. A insulina também estimula o armazenamento de glicose no 
fígado, para que, em períodos de necessidade, o corpo tenha uma fonte de glicose 
que não dependa da alimentação, a chamada glicose hepática. Estas duas ações da 
insulina promovem uma rápida queda na glicemia, fazendo com que os níveis de 
glicose se normalizem rapidamente17. 
Nos pacientes com DM2, a Resistência à Insulina (RI) associa-se à disfunção 
das células β pancreáticas que não apresentam essa resposta adaptativa. Portanto, 
as anormalidades adaptativas das células β à RI são críticas para o desenvolvimento 
do DM2. As alterações das células β pancreáticas no DM2 são funcionais e 
quantitativas. A manutenção da massa de células β na vida adulta de um organismo 
7 
 
saudável é resultado de um estado dinâmico de equilíbrio entre proliferação e 
apoptose (morte celular programada). Este processo fisiológico tem como objetivo 
garantir a homeostase da glicose. Estima-se que a taxa de renovação diária da massa 
de células β em animais é de 3%18. 
 
Tipos de Diabetes 
 
Três tipos de diabetes respondem pela imensa maioria dos casos, são eles: 
diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. 
O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença autoimune, isto é, ocorre devido a 
produção equivocada de anticorpos contra as nossas próprias células, neste caso 
específico, contra as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de 
insulina. Entre os possíveis culpados podem estar infecções virais, contato com 
substâncias tóxicas, carência de vitamina D e até exposição ao leite de vaca ou glúten 
nos primeiros meses de vida. O fato é que em alguns indivíduos, o sistema 
imunológico de uma hora para outra começa a atacar o pâncreas, destruindo-o 
progressivamente19. 
Conforme as células beta do pâncreas vão sendo destruídas, a capacidade de 
produção de insulina vai se reduzindo progressivamente. Quando mais de 80% destas 
células encontram-se destruídas, a quantidade de insulina presente já não é mais 
capaz de controlar a glicemia, surgindo, assim, o diabetes mellitus tipo 1, que é 
responsável por apenas 10% dos casos de diabetes e ocorre geralmente na 
juventude, entre os 4 e 15 anos, mas pode acometer até pessoas de 30 a 40 anos. O 
seu tratamento consiste basicamente na administração regular de insulina para 
controlar a glicemia19. 
O DM2 é uma doença que também apresenta algum grau de diminuição na 
produção de insulina, mas o principal problema é uma resistência do organismo à 
insulina produzida, fazendo com que as células não consigam captar a glicose 
circulante no sangue. A associação entre obesidade e diabetes tipo 2 é tão forte, que 
muitos pacientes podem até deixar de ser diabéticos se conseguirem emagrecer. 
Inicialmente, o DM2 pode ser tratado com medicações por via oral. Geralmente 
são drogas que estimulam a produção de insulina pelo pâncreas ou aumentam a 
sensibilidade das células à insulina presente. Com o tempo, a própria hiperglicemia 
causa lesão das células beta do pâncreas, fazendo com que haja uma redução 
8 
 
progressiva da produção de insulina. Por este motivo, é comum que pacientes com 
diabetes tipo 2, depois de muito anos de doença, passem a precisar de insulina para 
controlar sua glicemia20. 
O diabetes gestacional é um tipo de diabetes que surge durante a gravidez e 
habitualmente desaparece após o parto. Este tipo de diabetes ocorre por uma 
momentânea resistência à ação da insulina. Durante a gravidez a placenta produz 
uma série de hormônios que inibem a ação da insulina circulante, fazendo com que a 
glicemia da mãe se eleve. Imagina-se que parte deste efeito seja para assegurar uma 
boa quantidade de glicose para o feto em desenvolvimento. Se não existisse essa 
ação anti-insulina, haveria mais riscos de hipoglicemia durante períodos de jejum, 
como, por exemplo, durante o sono noturno. O diabetes gestacional está associado a 
diversos problemas para o feto, incluindo parto prematuro, problemas respiratórios, 
hipoglicemia após o parto, bebês de tamanho acima do normal e maior risco de 
diabetes tipo 2 para a mãe e para o filho21. 
 
Complicações clínicas em casos de diabetes descompensada 
 
No DM2, o principal fenômeno fisiopatológico é a resistência à ação da insulina, 
diminuindo a captação de glicose em tecidos insulina dependentes. No início da 
doença, em resposta a esta resistência, ocorre hiperinsulinemia compensatória, 
continuando por meses ou anos. Com o avanço do DM2, por causa da disfunção e 
redução das células β pancreáticas, a síntese e a secreção de insulina poderão ficar 
comprometidas e, em alguns casos, a insulinoterapia será essencial26. 
O DM gestacional (DMG) é determinado pela diminuição da tolerância à 
glicose. O início ou o reconhecimento acontece pela primeira vez durante a gestação, 
podendo ou não persistir após o parto. No período pós-gestacional há redução da 
concentração plasmática de hormônios contrainsulínicos, diminuindo as necessidades 
maternas de insulina e a glicemia voltando à normalidade. No entanto, as gestantes 
que apresentam DMG possuem alto risco de desenvolverem DM2 posteriormente26. 
A hiperglicemia crônica é o fator primário desencadeador das complicações do 
DM. É comumo desenvolvimento das microangiopatias, que comprometem as 
artérias coronarianas, dos membros inferiores e as cerebrais. Outras complicações 
também são conhecidas no DM e englobam as microangiopatias, afetando, 
9 
 
especificamente, a retina, o glomérulo renal e os nervos periféricos. Uma complicação 
metabólica aguda do DM, caracterizada por hiperglicemia, cetose e acidose, é a 
cetoacidose diabética (CAD)26. 
O não-reconhecimento desta condição causa progressiva deterioração 
metabólica, podendo originar graves sequelas. A CAD ocorre quando há defeitos na 
secreção de insulina, total ou parcial, estimulando a liberação de hormônios 
contrainsulínicos como glucagon, cortisol, catecolaminas e hormônio do 
crescimento26. 
O quadro hiperglicêmico provoca o aumento dos AGEs circulantes e 
consequente dificuldade de degradação e eliminação. Há comprometimento dos 
grandes vasos sanguíneos como as artérias coronarianas, dos membros inferiores e 
as cerebrais, resultando na doença arterial coronariana (DAC), DVP e no AVE26. 
Na síndrome coronariana aguda (SCA) ocorre a oclusão do vaso sanguíneo, 
determinando um quadro clínico que se apresenta entre a angina instável, o infarto 
agudo do miocárdio (IAM) e a morte súbita. Acontece um enfraquecimento focal da 
placa de ateroma, que sofre ruptura e subsequente trombose. As placas instáveis, tipo 
mais frequente em indivíduos diabéticos, sofrem ruptura devido à menor espessura 
da capa fibrosa e maior quantidade de lipídeos26. 
A CAD, na condição de deficiência na secreção de insulina, total ou parcial, 
estimula a secreção de hormônios contrainsulínicos como glucagon, cortisol, 
catecolaminas e hormônio do crescimento. Esta resposta hormonal faz os tecidos 
dependentes de insulina metabolizarem os lipídeos ao invés dos carboidratos. Iniciam-
se alguns processos catabólicos (lipólise, proteólise), e outros substratos (glicerol, 
alanina, lactato) são utilizados na síntese hepática de glicose (gliconeogênese), o que 
promove aumento do glicogênio hepático com posterior utilização (glicogenólise), 
logo, ocorre secreção de glicose pela célula hepática, agravando o quadro 
hiperglicêmico28. 
 
10 
 
Educação Nutricional para Diabéticos 
 
Estratégias para Promoção de Educação Nutricional 
 
O atendimento em saúde deve incluir atividades de cunho educativo e também 
de suporte para apoiar a população no enfrentamento dos desafios inerentes ao 
tratamento do DM. Assim, habilidades avançadas de comunicação, técnicas de 
mudança de comportamento, educação do paciente e habilidades de aconselhamento 
são necessárias para auxiliar os pacientes com problemas crônicos29. 
O trabalho nos grupos operativos pode ser enriquecido com o uso de jogos 
educativos. São instrumentos de comunicação, expressão e aprendizado, que 
favorecem o conhecimento e, com isso, intensificam as diversas trocas de saberes e 
constituem a base do aprendizado29. 
O processo de educação na construção de conhecimento em saúde é definido 
por diferentes conceitos, tanto na área da educação, quanto da saúde, os quais, um 
deles aborda sobre as práticas que contribuem para autonomia dos indivíduos ao 
autocuidado, que se dá por meio de debates com os profissionais e os gestores a fim 
de alcançar uma atenção em saúde de acordo com suas necessidades. Desse modo, 
o intuito principal da educação em saúde é contribuir para que as pessoas descubram 
os princípios e padrões que melhor se adaptam a elas, visando a qualidade de vida30. 
Para ilustrar a importância das práticas educativas, destaca-se uma tríade 
importante no controle do Diabetes Mellitus: a família, rede de apoio e comunidade 
são indispensáveis. A intervenção ocorrida num estudo no Ambulatório Borges da 
Costa- MG, onde foi realizado um Programa Educativo através de Jogos com pessoas 
diabéticas, mostra como um jogo incentivava a presença de um acompanhante, seja 
da família ou alguém da vizinhança. Percebe-se que, com o passar dos anos, as 
intervenções multiprofissionais no controle das doenças crônicas foram sofrendo 
alterações31. 
Inicialmente eram realizadas por médicos e enfermeiros e depois foi 
aprimorada, com um novo sistema de referência entre profissionais e usuários dos 
serviços de saúde, dentre eles o nutricionista, o fisioterapeuta e o assistente social, 
com a formação de equipes básicas direcionadas à objetivos específicos, observadas 
nas práticas recentes. É importante aproximar o usuário do sistema, mas acima do 
trabalho em grupo, deve existir a especificidade de cada profissional, o que se trata 
11 
 
de uma visão moderna. O saber técnico-científico desses profissionais são 
fundamentais para que os mesmos possam intervir no processo saúde-doença. O 
indivíduo diabético pode ter várias complicações, e cada profissional contribui para 
evitá-las31. 
 
4 Discussão 
O Diabetes Mellitus destaca-se como importante causa de morbidade e 
mortalidade. Estimativas globais indicam que 382 milhões de pessoas vivem com DM 
(8,3%), e esse número poderá chegar a 592 milhões em 203522. 
Em 14 de Novembro de 2019, dia Mundial do Diabetes, a International Diabetes 
Federation divulgou novos números que destacam o crescimento alarmante na 
prevalência de diabetes. Os dados da 9ª edição do Atlas de Diabetes da IDF mostram 
que existem 463 milhões de adultos com diabetes em todo o mundo. A prevalência 
global de diabetes atingiu 9,3%, com mais da metade (50,1%) dos adultos não 
diagnosticados com o diabetes tipo 2, sendo responsável por cerca de 90% de todas 
as pessoas com diabetes. As evidências sugerem que o diabetes tipo 2, muitas vezes, 
pode ser prevenido, enquanto o diagnóstico precoce e o acesso a cuidados 
adequados para todos os tipos de diabetes podem evitar ou retardar complicações em 
pessoas que vivem com a doença23. 
Outras descobertas importantes do Atlas de Diabetes da IDF 9ª Edição, 
incluem: 
 A previsão é que o número total de pessoas com diabetes aumente para 578 
milhões em 2030 e para 700 milhões em 2045. 
 374 milhões de adultos têm intolerância à glicose, colocando-os em alto risco de 
desenvolver diabetes tipo 2. 
 O diabetes foi responsável por cerca de US $ 760 bilhões em gastos com saúde 
em 2019. 
 O diabetes está entre as 10 principais causas de morte, com quase metade 
ocorrendo em pessoas com menos de 60 anos. 
 Um em cada seis nascidos vivos é afetado por hiperglicemia na gravidez. 
De acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2019-2020), 
em 2017, a Federação Internacional de Diabetes estimou que 8,8% da população 
mundial com 20 a 79 anos de idade apresentou diagnóstico de diabetes. O DM é um 
grave problema de saúde pública no país. Está, junto com a Hipertensão Arterial 
12 
 
Sistêmica na primeira posição como causas de mortalidade e de hospitalizações no 
SUS24. 
Entre 2006 e 2016 o número de brasileiros com diabetes aumentou 1,6%. A 
doença atualmente atinge 8,1% da população brasileira, sendo mais importante entre 
mulheres atingindo 9,9% da população feminina e 7,1% dos homens. Os dados são 
da pesquisa de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas 
realizadas por inquérito telefônico do Ministério da Saúde do Brasil. Esta tendência é 
mundial, seu aumento é influenciado por fatores como o envelhecimento da 
população, mudanças de hábitos alimentares e sedentarismo. Estima-se que, no 
Brasil, poderão existir cerca de 11 milhões de portadores de DM em 202525. 
Considerando-se que a orientação nutricional é importante para auxiliar o 
indivíduo a melhorar seus hábitos alimentares e obter um controle metabólico da 
doença, essa deve ser realizada logo ao se fazer o diagnóstico de DM. Tendo isso em 
vista, Moraes et al29 destaca que é importante que a orientação dietética seja feita por 
profissional tecnicamente habilitado para desenvolver programas e ações de 
educação nutricional no seu último estudo. Em relação aoestado nutricional, a maioria 
dos participantes (75,8%) apresentou excesso de peso. 
A alta frequência de sobrepeso e obesidade é um importante fator de risco para 
o diabetes. Estudo transversal realizado em Ribeirão Preto (SP) também encontrou 
alta prevalência (91%) de sobrepeso e obesidade entre os usuários com DM2. Estima-
se que 80% dos pacientes diabéticos apresentem obesidade ou excesso de peso. Não 
houve associação significativa entre o conhecimento sobre alimentação e o estado 
nutricional dos indivíduos avaliados. 
 
5. Conclusões 
 
Diversas são as vertentes em que o DM está inserido, bem como as suas 
complicações. O aumento da incidência das doenças crônicas representa grave 
problema de saúde pública, constituindo-se uma das principais causas de mortalidade 
na população adulta 
Promover educação nutricional ao diabético é uma estratégia de promoção de 
saúde, que visa os cuidados primários da prevenção, incluindo a adoção de um estilo 
de vida saudável, com a prática regular de atividades físicas e o consumo de uma 
13 
 
alimentação saudável. Como resultado desta prática temos redução da incidência dos 
casos e consequentemente, dos custos. 
O nutricionista inserido na atenção primária da saúde, juntamente com a atuação 
de uma equipe multidisciplinar, é o profissional capaz de promover ações de educação 
nutricional para este público, como uma estratégia de melhora no estilo de vida da 
população e nos resultados que esta melhora trará consequentemente. 
 
14 
 
Referências 
 
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educativas voltadas a indivíduos com diabetes mellitus. Revene. San Pedro de Montes 
de Oca, San José, n.38, Jan./Jun. 2020. Disponível em: 
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treatment adherence and control of diabetes mellitus. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 
25:e2863, 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1518-
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RJ. V.22, n.1, p.1-6, 2018. 
 
6 Freire P. Pedagogia do oprimido. 50ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2011. 
 
7 Morin E. Introdução ao pensamento complexo. 4ª ed. Porto Alegre: Sulinas; 2011. 
 
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profissional de saúde: uma revisão sistemática. J Bras Nefrol. Brasília- DF, n.39, v.2, 
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diabetes tipo 2. R. Assoc. bras. Nutr. Rio de Janeiro. V.11, n.1, p.19-34. 2020. 
 
Comentado [S4]: Estrutura das referências revisada. Verificar se 
todas estão contempladas, ou seja, citadas no corpo do TCC 
15 
 
10 Carvalho, FS, et al. Importância da orientação nutricional e do teor de fibras da 
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11 Júnior, AJAF; Heleno, MGV; Lopes, AP. Qualidade de vida e controle glicêmico do 
paciente portador de Diabetes mellitus tipo 2. Rev. Psicol. Saúde. Campo Grande- 
MS, v.5, n.2, p.102-108, 2013. 
 
12 SBD - Sociedade Brasileira DE Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de 
Diabetes. São Paulo: 2011. 
 
13 Skyler, J.S. Differentiation of diabetes by pathophysiology, natural history, and 
prognosis. Diabetes. v.66, n.2., p. 241-55. 2017. 
 
14 Leite, M.T. et al. Gestão da atenção à saúde de usuários com doenças crônicas e 
degenerativas. Saúde. 2016 
 
15 SBD - Sociedade Brasileira DE Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de 
Diabetes. São Paulo: 2011. 
 
16 Sá, RC; Navas, EAFA; Alves, SR. Diabetes Mellitus: avaliação e controle através 
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18 
 
Anexos. Relatório copyspider

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