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Comportamento Alimentar

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Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 1 
 
COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 
 Estudar o comportamento alimentar significa abordar todas as práticas alimentares – partindo dos hábitos até 
o que se refere a seleção, aquisição, conservação, preparo e consumo efetivo de alimentos. 
 O comportamento alimentar de um indivíduo, é um dos fatores condicionantes mais próximos do seu estado 
nutricional, corresponde não só aos hábitos alimentares, mas a todas as práticas relativas à alimentação. 
 O comportamento alimentar é um conjunto de ações relacionadas ao alimento, que envolve desde a escolha 
até a ingestão, bem como tudo a que ele se relaciona. Já o hábito alimentar é a resposta do indivíduo frente ao 
alimento ficando caracterizado pela repetição desse ato (VAZ e BENNEMANN, 2014). 
 
DEFINIÇÃO 
Procedimentos relacionados as práticas alimentares de grupos humanos (o que se come, quanto, como, quando, 
onde e com quem se come; a seleção de alimentos e os aspectos referentes ao preparo da comida) associados a 
atributos socioculturais, ou seja, os aspectos subjetivos individuais e coletivos relacionados ao comer e a comida 
(alimentos e preparações apropriadas para situações diversas, escolhas alimentares, combinação de alimentos, 
comida desejada e apreciada, valores atribuídos a alimentos e preparações e aquilo que pensamos que comemos 
ou que gostaríamos de ter comido) (Garcia apud Alves e Boog, 2007). 
 
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 O comportamento alimentar, normalmente, tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela família e 
sustentadas pela tradição, crenças, valores e tabus, que passam através das gerações. 
 Para a família partilhar o alimento na refeição não é somente o substrato comida, é se apropriar de identidades 
e também retribuir ao outro com conteúdo de sua própria individualidade. Junção entre satisfação fisiológica 
(saciar a fome) e satisfação emocional (partilhar momentos com pessoas especiais). 
 As práticas alimentares adquiridas na primeira infância, por imitação e condicionamento simples (hábito 
familiar) ou condicionamento instrumental (recompensa), ficam profundamente arraigadas no indivíduo e 
trazem em si uma forte carga emocional, difícil de modificar. 
 Comportamento alimentar também é reflexo da difusão da ciência, principalmente nos meios de comunicação 
em massa. Há perfil alimentar a ser seguido. Para alguns ficam apenas no conhecimento, pois o fator 
econômico é limitador. Essas mudanças ocorrem como parte do modo de vida, sendo facilmente incorporadas. 
 Entre as influências que determinam o estabelecimento dos HÁBITOS ALIMENTARES destacam-se: 
 Fatores Culturais (cultura transmitida pela família, escola e igreja) 
 Fatores Econômicos (custo e disponibilidade de alimento) 
 Fatores Sociais (aceitação ou rejeição dos padrões alimentares de acordo com os valores da 
sociedade) 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 2 
 Fatores Psicológicos (a motivação pode levar o indivíduo a mudar o comportamento e o conhecimento 
é importante na seleção dos alimentos) 
 Fatores difusão da ciência e meios de comunicação (mídias) 
 
 Os hábitos alimentares formam-se pela frequência do consumo de certos alimentos, iniciado desde o primeiro 
ano de vida, criando a exigência do paladar, envolvendo forte contingente de sentimentos regionalistas e 
recordações afetivas ligadas à família e ao meio social. 
 Daí a dificuldade em modificá-los, pois constituem parte da cultura, implicando solidariedade ao grupo social a 
que pertence. 
 O comportamento alimentar pode alterar-se por: 
 Mudanças do ambiente: disponibilidade do alimento, aumento ou diminuição do poder aquisitivo, 
modificação na importância social do alimento, exposição do alimento aos meios de comunicação de 
massa, mudanças no nível de escolaridade do indivíduo; 
 Vinculados à propaganda (marketing) através dos interesses comerciais; 
 Significado do alimento (status, auto-estima, segurança) que geralmente possui para o indivíduo um 
valor superior ao valor nutricional e custo. 
 As alterações do comportamento alimentar podem ser benéficas (introdução de alimentos nutritivos) ou 
desfavoráveis (introdução de alimentos de baixo valor nutritivo e valor social elevado). 
 
COMPONENTES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR (proposta por Motta e Boog, 1984) 
O COMPONENTE COGNITIVO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 Corresponde àquilo que o indivíduo sabe sobre alimentos e nutrição e, que influencia, em maior ou menor 
grau, seu comportamento alimentar. 
 Há 2 tipos básicos de conhecimentos sobre Nutrição: 
1. Conhecimento Científico (resultado de pesquisas e estudos da Ciência da Nutrição, transmitido por 
profissionais capacitados); 
2. Conhecimento Popular ou não científico (fruto do senso comum, transmitido culturalmente de geração 
a geração) 
 O Conhecimento Popular sobre alimentação consiste na soma das técnicas, de receitas, na combinação de 
alimentos, horários de refeições, simbolismos alimentares, etc. Pertencem também ao saber popular os mitos, 
crenças e tabus alimentares. Fazem restrições alimentares. 
Tabus alimentares => característicos de uma época o de determinados estados patológicos. Proibição 
categórica ou restrição absoluta ao uso de certos alimentos, permanente ou temporária, de natureza religiosa 
(carne de porco aos judeus) ou manifestada em determinados períodos fisiológicos ou estados patológicos (“leite 
com manga faz mal” ou “gestante não deve comer fruta cítrica porque corta o sangue”) onde pode trazer 
consequências negativas à saúde. 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 3 
Crença => relacionada a suposta ação nociva ou benéfica atribuída a alimentos ou misturas. Algumas 
crenças são inócuas ou até positivas (“cenoura faz bem para a visão”), objetivamente correta; outras, entretanto 
podem ser prejudiciais (dietas de emagrecimento inadequadas ou “fortificantes” na alimentação infantil como 
“gemada com vinho do Porto”). 
Mito => Forma de pensamento oposta à do pensamento lógico e científico. É uma codificação da religião 
primitiva e da sabedoria prática. Ex: O mel é um MITO na alimentação, pois muitas pessoas lhe atribuem um valor 
superior (alimento puro e natural) ao que realmente apresenta (baixo valor nutritivo). Muitas pessoas não aceitam 
esta idéia porque o valorizam segundo suas origens e não segundo seus princípios nutritivos. 
Preconceitos=> preconceitos de natureza cultural a características organolépticas de alimentos ou 
preparações como: repugnância a alimentos ou preparações desconhecidas, sujeição ao consumo de alimentos 
por questão de etiqueta social como “leite é alimento para criança”, “carne de frango é para doente”, “fubá é 
alimento de pobre”, etc. 
 
 Para o sucesso das políticas de educação alimentar e nutricional não basta somente transmitir o conhecimento 
que cremos faltar a algum grupo. Os sujeitos adquirem esse conhecimento mais fazem o que querem com ele, 
por isso o fator MOTIVACIONAL para atingir as metas e objetivos é importante. Educação Alimentar e 
Nutricional não é transferência de informações sobre alimentação, mas deve criar o desejo de mudar o hábito 
de se alimentar. 
 O comportamento alimentar de um indivíduo faz parte do seu “EU”, é um componente de sua personalidade, e 
visa a satisfazer não apenas às necessidades nutricionais desse indivíduo, como as necessidades 
psicológicas, sociais e culturais. 
 É preciso que o Nutricionista respeite a cultura, os valores, os costumes sociais e religiosos, preferências, 
tabus e métodos de preparação dos alimentos, antes de aplicar a Educação alimentar e Nutricional. 
 “Um hábito não pode ser jogado pela janela, ele deve ser conduzido, cuidadosamente, escada abaixo, degrau 
por degrau”. 
 
O COMPONENTE AFETIVO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 Corresponde àquilo que sentimos sobre os alimentos e as práticas alimentares. São as nossas ATITUDES relativas aos alimentos e à alimentação  valores sociais, culturais, religiosos, 
significados diversos que atribuímos aos alimentos e que nos predispõem a determinado comportamento 
alimentar, desejos, prazer. 
 A primeira experiência de vida de afetividade entre mãe e filho é o momento da amamentação – sensação de 
gratificação do bebê por ter sua fome saciada. Como alimentamos o bebê é crucial para o desenvolvimento 
emocional e social. 
 Comida é substituto do que falta como afeto, atenção, aprovação, entre outras carências. Um sujeito pode 
alimentar-se até a saciedade, mais nunca pode ter todo amor e aprovação do que deseja. 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 4 
 Para o ser humano o alimento é muito mais que nutrição. O alimento não é mero veículo de nutrição orgânica. 
O componente afetivo do comportamento alimentar diz respeito às outras necessidades, além das fisiológicas, 
que são satisfeitas pela alimentação: 
 Necessidades fisiológicas: manifestam-se como impulsos – alimento, água, sono e repouso, atividade, 
abrigo, temperatura adequada, sexo. 
 Necessidades psicológicas: manifesta-se pelo desejo. Podemos citar: 
 Segurança (necessidade de sentir que nossas necessidades fisiológicas e emocionais podem ser 
satisfeitas); 
 Afeto (todo ser humano deseja viver numa relação de afeição recíproca com uma ou mais pessoas); 
 Auto-estima (desejo de sentir que o que somos e fazemos está de acordo com nossos padrões e 
autoconceito); 
 Aprovação social (desejo de pertencer a um grupo, de sentir que o que somos e fazemos é aceito 
pelos outros); 
 Auto-realização (desejo de ser bem-sucedido, de atingir o êxito, de desenvolver nossa potencialidade). 
 
 As necessidades fisiológicas, quando satisfeitas, têm pequena importância na determinação do 
comportamento humano. Já as psicológicas nunca são inteiramente satisfeitas, sendo por isso, importantes 
determinantes do comportamento. 
 Programas de educação alimentar e nutricional que propõem mudanças de comportamento precisam conter 
elementos afetivos em sua análise, para a partir daí é possível pensar nos incentivos adequados para que a 
mudança ocorra. 
 Um indivíduo fisiologicamente saciado pode apresentar desejo de comer ou apetite, por relacionar um alimento 
conhecido a uma sensação de prazer (auto-estima). 
 Ao nutricionista, que tem sob sua responsabilidade mudar o comportamento alimentar inadequado, cabe 
analisar (com o auxílio de outros profissionais, se necessário) o componente afetivo desse comportamento, 
identificando as necessidades sentidas pelo indivíduo e os incentivos mais indicados para favorecer a 
mudança. 
 
INCENTIVO 
 
VALOR 
 
MOTIVO 
 
AÇÃO 
Uma jovem recebe uma 
mensagem sobre os 
benefícios da alimentação 
natural para a aparência física, 
condicionada a prestígio 
social. 
Ela valoriza a beleza 
física 
Necessidade de aprovação 
social 
Adere ao naturalismo 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 5 
Um diabético recebe uma 
mensagem sobre a 
importância de certas 
restrições alimentares p/ o 
controle de sua doença 
 
Ele atribui alto valor aos 
“prazeres da mesa” 
Seu autoconceito de 
“gourmet” é mais forte que 
sua insegurança frente à 
doença 
Não segue a dieta 
Uma dona de casa recebe 
uma mensagem do 
nutricionista sobre a 
importância do consumo de 
vísceras para a saúde. 
Ela considera o alimento 
de baixo valor social 
Sua auto-estima a impede 
de consumir alimentos que 
considera “inferiores” 
Não adota a prática 
sugerida 
Uma dona de casa recebe 
uma mensagem do 
nutricionista sobre a 
importância do consumo de 
vísceras para a saúde. 
Valoriza a mensagem do 
profissional 
Ela considera que a família 
ter saúde é o mais 
importante. 
Adere a essa prática 
Fonte: MOTTA & BOOG (1987) 
 
O COMPONENTE SITUACIONAL DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR 
 Não só o conhecimento e a motivação determinam o resultado positivo, isto é, a mudança da prática alimentar. 
Os fatores econômicos limitam a adesão a uma prática alimentar correta. Interação 
 Fatores sociais, culturais, econômicos e estruturais 
 Nas classes de renda mais baixa (1 a 1,5 SM) a educação alimentar e nutricional por si só apresenta baixa 
perspectivas de sucesso. Reorganizar orçamentos é uma boa saída, deixar de comprar supérfluos e realocar 
recursos para alimentação mais saudável. 
 Quando a situação socioeconômica inviabiliza a educação alimentar e nutricional, o nutricionista deve recorrer 
a outros serviços ou instituições que possam contribuir para uma solução coerente com a natureza do 
problema. 
 Componente situacional pode facilitar ou limitar determinados comportamento alimentares: relação entre 
tempo e espaço (desvalorização do passado), multiplicidade das informações, disseminação alta e 
contraditória de informações. 
o Mídia => influência dos meios de comunicação para sociedade capitalista. 
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE CENÁRIO ATUAL DA SOCIEDADE E POSSÍVEIS MUDANÇAS NO 
COMPORTAMENTO ALIMENTAR (Burlandy, 2004; Garcia, 1997; Melegário et al, 2007) 
 Conflitos: valores e objetivos sociais, alta produtividade e competitividade, concentração econômica, 
equidade, saúde e modelos de beleza (magreza); 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 6 
 Curto tempo para se alimentar (tanto no preparo como no consumo), soluções dadas pela indústria de 
alimentos (congelados, enlatados, fast foods); 
 Individualismo; 
 Excesso de produtos ricos em sal, açúcar, gordura saturada e poucas fibras. 
 
 
Educação Alimentar e Nutricional 
Prof Juliana Ripoli 
 7 
EXERCÍCIOS 
1. Em que medida seus conhecimentos científicos de Nutrição influem sobre seu comportamento alimentar? 
2. A transmissão do conhecimento científico é de fato a maneira mais útil de influenciar as pessoas em 
termos de programa de educação nutricional? Justifique. 
3. Relacione alguns tabus e crenças sobre os alimentos das tradições da sua família. Algum deles foi 
aprendido e perpetuado por você como herança nas suas práticas alimentares atuais? 
4. Cite e explique um caso em que os veículos de mídia (tv e internet) se utilizam do poderoso componente 
afetivo do comportamento alimentar para “impor” ao consumidor novos produtos e talvez novos hábitos e, 
talvez, hábitos alimentares aos indivíduos. 
5. Tente localizar em sua própria cultura alimentar algo que funcione como incentivo para que se inicie um 
novo comportamento alimentar. Lembre-se de que e preciso associar o incentivo a algo que tenha valor 
psicológico para você. 
6. Que incentivos o nutricionista pode utilizar para motivar: 
a) um paciente diabético para o seguimento correto da dieta? 
b) um funcionário do serviço de alimentação, para utilização de técnicas de trabalho mais adequadas? 
c) uma professora de ensino fundamental para participar de um programa de estímulo ao consumo de 
merenda escolar?

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