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Educação Alimentar e Nutricional

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UNIP SOROCABA
NUTRIÇÃO
NATÁLIA CARNAVALE RA D77ABI-1
Educação Alimentar e Nutricional
(Referências Bibliográficas)
SOROCABA - SP
2020
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................3
2. DESENVOLVIMENTO..........................................................................................5
3.CONCLUSÃO......................................................................................................10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................11
1.INTRODUÇÃO
Entre as décadas de 1940 e 1960, conforme ressaltado por Lima (2000), a EAN esteve fundamentada no mito da ignorância, que é considerado fator determinante da fome e da desnutrição na população de baixa renda, grupo para o qual estas ações educativas eram destinadas. Uma das bases das políticas de alimentação e nutrição nesta época foi sua vinculação às campanhas de introdução de novos alimentos e às práticas educativas (BOOG, 1997). Desta forma, objetivava-se uma mudança no comportamento alimentar do pobre, através do desenvolvimento de instrumentos que o ensinassem a comer (VALENTE, 1986; LIMA, 2000; LIMA et al., 2003).
Segundo Boog (1997), a partir de meados de 1970, há uma mudança no paradigma dominante, haja vista que o binômio alimentação-renda se sobressai ao binômio alimentação-educação a partir dos redirecionamentos das políticas de alimentação e nutrição traçadas no Brasil, as quais reconhecem a (ausência de) renda como principal obstáculo para a obtenção de uma alimentação saudável. Desta forma, as estratégias de suplementação alimentar passaram a ser o eixo norteador das políticas públicas (SANTOS, 2005).
A educação nutricional crítica emergiu na década de 1980 e contribui de forma importante no que diz respeito às novas perspectivas da EAN, através da identificação da incapacidade da mesma em promover mudanças nas práticas alimentares de forma isolada (SANTOS, 2005).
Após discussão da fome e não apenas da desnutrição, a EAN assume papel de esclarecer a população sobre cidadania, ao invés de contemplar apenas as práticas alimentares (LIMA et al., 2003)
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, pode ser considerada uma das expressões que oficializam a busca de uma nova direção das políticas de alimentação e nutrição, contrapondo o modelo assistencialista predominante desde a década de 1970, restrito aos trabalhadores e grupos de risco (LIMA et al., 2003). Além disso, o combate à obesidade também passa a ser alvo de políticas públicas, juntamente com a fome e a desnutrição (BRASIL, 2003).
A criação de programas como o Fome Zero e o Bolsa Família, corrobora as proposições da promoção de práticas alimentares saudáveis da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (SANTOS, 2005) e garante mesmo que de forma parcial o acesso a um dos direitos básicos do ser humano que é o direito a alimentação e a nutrição.
Para que se possa assegurar o cumprimento deste direito, a segurança alimentar é um elemento básico e indispensável, definida como "a garantia a todos os cidadãos ao acesso contínuo e permanente a alimentos básicos de qualidade e em quantidade suficiente, com base em práticas alimentares saudáveis de modo a contribuir para uma existência digna, em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana" (CONSEA, 2004).
A concepção da alimentação como um direito humano resultou em parte das discussões sobre segurança alimentar que integraram o cenário nacional e internacional na década de 1990, e que têm sido muito mais abrangentes do que as ações de combate à fome e à desnutrição, além de também ter impactado na formulação das políticas públicas em alimentação e nutrição no país (SANTOS, 2005), como descrito anteriormente.
Conforme descrito por Santos (2005): “É nesse contexto que também emerge a concepção da promoção das práticas alimentares saudáveis, na qual a alimentação tem sido colocada como uma das estratégias para a promoção da saúde. Não parece haver dúvidas sobre a importância da educação alimentar e nutricional na promoção de práticas alimentares saudáveis. No entanto, as reflexões sobre suas possibilidades e limites, como também o modo como ela é concebida, ainda são escassas”.
2. DESENVOLVIMENTO
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". 
Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife e mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados. 
Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça).Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP). Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores. A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.
Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.
Paulo Freire autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da esperança (1992).À sombra desta mangueira (1995).
Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. 
A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. 
Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: “Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: 
Saberes necessáriosà prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo.
Maria Cristina Faber Boog possui graduação em Nutrição pela USP (Universidade de São Paulo)em 1971, mestrado em Saúde Pública pela (Universidade de São Paulo )em 1982 e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1996). Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Educação Alimentar e Nutricional, atuando principalmente nos seguintes temas: educação alimentar e nutricional, educação em saúde, promoção da saúde, segurança alimentar e nutricional. Desenvolveu projetos de pesquisa em Educação Nutricional e Ensino de Nutrição dentro da área de concentração trabalho Saúde-Educação junto ao programa de pós-graduação em Enfermagem do departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, no qual orientou oito mestrados entre 1999 e 2007. Em 1995 criou o Grupo de Apoio, Aprimoramento e Atualização em Educação Nutricional - Grupo A3EN, junto ao Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Atualmente este grupo está sediado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana-UNILA. Atuou como pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas (NEPA/UNICAMP). Publicou 42 trabalhos em periódicos especializados. Aposentou-se na UNICAMP em 2007. Em 2013 publicou o livro "Educação em Nutrição - integrando experiências". Presta consultoria na área, participa como convidada de atividades acadêmicas, faz palestras, coordena oficinas educativas e publica trabalhos na área de sua especialidade.
Josué Apolônio de Castro nasceu no dia 5 de setembro de 1908, no Recife, capital do estado de Pernambuco. Seu pai veio de Cabaceiras, na Paraíba, durante a grande seca de 1877. Sua mãe, da região da zona da mata pernambucana. O menino mulato cresceu bem próximo aos mangues da cidade, região de mocambos, habitada por retirantes e caranguejos.
Aos 20 anos formou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, atual UFRJ.
Apesar do interesse inicial pela psiquiatria, resolveu fazer nutrição e abriu sua clínica no Recife. Na mesma época, contratado por uma fábrica para examinar trabalhadores com problemas de saúde indefinidos e acusados de indolência, diagnosticou: “sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença desta gente é fome”. Logo foi demitido da fábrica. Vislumbrou então a dimensão social da doença, ocultada por preconceitos raciais e climáticos.
Efetuou um inquérito pioneiro no Brasil, relacionando a produtividade com a alimentação do trabalhador, uma das bases para a posterior formulação do salário mínimo, e passou a chefiar uma comissão de estudos das condições de vida dos operários brasileiros. Como professor, lecionava Fisiologia e Geografia Humana. 
Casado com sua ex-aluna Glauce, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1935. Após um período de dificuldades, passou a ensinar Antropologia. Recorreu ao método geográfico para apresentar o mapa das regiões alimentares em A alimentação brasileira à luz da Geografia Humana. Entre outros contos, crônicas, ensaios, estudos sociais e biológicos, publicou O ciclo do caranguejo, conto sobre os mangues de sua cidade natal. 
A partir de 1940, participou de todos os projetos governamentais ligados à alimentação, coordenando a implantação dos primeiros restaurantes populares, dirigindo as pesquisas do Instituto de Tecnologia Alimentar e colaborando para a execução de várias políticas públicas, como a educação alimentar. Sob sua direção foi lançado o periódico Arquivos Brasileiros de Nutrologia.
O ano de 1946 foi marcado pela publicação de Geografia da fome. Obra clássica da ciência brasileira, o livro buscou tirar da obscuridade o quadro trágico da fome no país. Enfatizou as origens socioeconômicas da tragédia e denunciou as explicações deterministas que naturalizavam este quadro. 
No mesmo ano, foi o fundador e primeiro diretor do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil. Efetivou-se como professor de Geografia Humana em 1947, na Universidade do Brasil (atual UFRJ). A Conferência da FAO de 1948 registrou o início de sua participação neste órgão internacional. 
Geopolítica da fome, livro publicado em 1951, concebido como uma extensão da Geografia da fome, tornou-se um marco histórico e político nas questões de alimentação e população. Os princípios ecológicos e geográficos foram desta vez utilizados na escala da fome mundial. Posicionou-se contra as interpretações demográficas que entendiam a fome como consequência de excesso populacional e prescreviam um controle de natalidade de massa. Cuidou de “desnaturalizar” a fome mais uma vez e demonstrou os vários fatores biológicos, geográficos, culturais e políticos pelos quais a fome gera a superpopulação. 
Respeitado internacionalmente, foi eleito, por representantes de setenta países, Presidente do Conselho Executivo da FAO, cargo que exerceu entre 1952 e 1956. Enfrentou forte oposição dos países desenvolvidos à execução de projetos voltados para o desenvolvimento do terceiro mundo e não deixou de expressar sua frustração com a “ação tímida e vacilante” da agência das Nações Unidas, apesar da alta qualificação de seus experts e técnicos. 
Exerceu dois mandatos como Deputado federal eleito pelo Estado de Pernambuco. Entre diversos projetos ligados a questões agrárias, educacionais, culturais e econômicas, apresentou o de regulamentação da profissão de nutricionista, que dispõe sobre o ensino superior de Nutrição e o projeto para a reforma agrária, entendida como um processo de revisão das relações jurídicas e econômicas entre os que detêm a propriedade rural e os que nela trabalham. Com seus pronunciamentos, deixou registrados relevantes acontecimentos históricos, assim como a defesa contra abusos da imprensa quando, em várias ocasiões, dá vazão a interesses subservientes. 
Em 1963, tornou-se Embaixador brasileiro junto à sede europeia da Organização das Nações Unidas, em Genebra. Era então uma personalidade de projeção internacional, convidado por reis e chefes de Estado, capaz de atrair uma plateia de 3.500 pessoas na cidade de Rouen, interior da França. 
Com o Golpe de Estado de 1964, foi destituído do cargo de embaixador-chefe em Genebra e seus direitos políticos foram suspensos pela Ditadura militar no Brasil em seu primeiro Ato Institucional.
No exílio, sentiu agudamente a falta do Brasil. Impedido de voltar ao país, aceitou asilar-se na cidade de Paris, onde procurou dar prosseguimento a suas atividades.
Fundou e dirigiu o Centro Internacional para o Desenvolvimento, além de ter presidido a Associação Médica Internacional para o Estudo das Condições de Vida e Saúde. Foi designado professor estrangeiro associado ao Centro Universitário Experimental de Vincennes (Universidade de Paris VIII), onde trabalhou até sua morte.
Faleceu em Paris, em 24 de setembro de 1973. Seu corpo foi enterrado no cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
3.CONCLUSÃO 
No Brasil a questão da Educação Alimentar e Nutricional, passou por várias etapas, levando em conta aspectos de demandas regionais unida a políticas sociais, que organizaram e estruturaram projetos governamentais, onde participaram gestores e intelectuais na formação de um ideal, para a promoção da pesquisa, conceituação e da instrumentação, no decorrer de décadas de trabalho em várias frentes, gerando analise e conhecimento sobre esse tema tão importante para o avanço das relações relativas a educação alimentar e nutrição da sociedade brasileira. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOOG, M.C.O. Educação nutricional: passado, presente e futuro. Rev Nutr, v. 10, n. 1, p. 5-19, 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). 2ª ed. rev. Brasília: 2003.
BRASIL. Lei nº. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional- SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2006.
CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR (CONSEA). Princípios e diretrizes de uma política de segurança alimentar. Brasília: Editora Positiva; 2004.
LIMA, E.S. Mal de fome e não de raça: gênese, constituição e ação política da educação alimentar, 1934-1946. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2000.
LIMA, E.S.; OLIVEIRA, C.S.; GOMES, M.C.R. Educação nutricional: da ignorância alimentar à representação social na pós-graduação do Rio de Janeiro, 1980-1998. Hist Ciênc Saúde Manguinhos, v. 10, n. 2, p. 604-35, 2003.
SANTOS, L.A.S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev Nutr, v. 18, n. 5, 2005.
VALENTE, F. Em busca de uma educação nutricional crítica. In: VALENTE, F. Fome e desnutrição: determinantes sociais. São Paulo: Cortez; 1986.

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