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Relações Humanas e Dinâmica de Grupos Graduação em Psicologia Prof.ª: Ma. Marília Oliveira 8ª Aula 01.11.22 A teoria dos grupos operativos foi elaborada por Pichon-Rivière ( ) a partir das referências teóricas da psicanálise e da dinâmica de grupos. Enrique Pichon-Rivière (1907 – 1977), foi um psiquiatra e psicanalista argentino de origem suíça, que contribuiu muito com o questionamento que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos, cria a técnica dos grupos operativos Os grupos operativos se definem como grupos centrados na tarefa... Há técnicas grupais centradas no indivíduo (grupos chamados de psicanalítico ou de terapia, nos quais a tarefa está centrada sobre aquele a quem chamamos de porta-voz); e técnicas centradas no grupo, em que o grupo é considerado como uma totalidade, inspirado nas ideias de Kurt Lewin. A tarefa é essencial ao processo grupal, por isto é chamado de grupos centrados na tarefa. Grupos Centrados na Tarefa Para Pichon-Rivière o que caracteriza os grupos operativos é a relação que seus integrantes mantém com a tarefa, e essa tarefa poderá ser a obtenção da “cura”, se for um grupo terapêutico, ou aquisição de conhecimentos, se for um grupo de aprendizagem. Como para ele o essencial da tarefa grupal é a resolução de situações estereotipadas e a obtenção de mudança, a distinção entre grupos terapêuticos proporciona aprendizagem de novas pautas relacionais como todo o grupo de aprendizagem enseja a criação de um clima propício à resolução de conflitos interpessoais e, portanto, é terapêutico. Pichon-Rivière: Grupos Operativos A denominação de Grupo Operativo foi concebida a partir das circunstâncias que estes grupos nasceram: em ambiente de tarefa concreta. Os pacientes “operaram” funções de enfermeiros pela falta dos mesmos na instituição que Pichon trabalhava. A aprendizagem das tarefas de enfermagem ofereceram aos pacientes benefícios terapêuticos. Pichon conclui que não há distinção clara entre grupos terapêuticos e de aprendizagem. Pichon observa que, quando se está apreendendo, embora não conscientemente, estamos abandonando formas estereotipadas de ver o mundo ou a realidade, tal qual ocorre em um processo terapêutico, assim como podemos entender a dificuldade ou a resistência a curar-se como perturbações da aprendizagem. Pichon-Rivière: Grupos Operativos O fulcro da tarefa grupal na concepção operativa é superar e resolver situações fixas e estereotipadas, as quais Pichon denominou dilemáticas, possibilitando sua transformação em situações flexíveis, que permitem questionamentos, ou seja, dialéticas. O objetivo transcendente do que chamamos ideologia dos grupos operativos é, pois, passar da imobilidade e resistência à mudança par o movimento e propensão aos câmbios. Pichon-Rivière: Grupos Operativos Existem dois medos básicos em toda a patologia e frente a tarefa a iniciar. Resistência à Mudança MEDO AO ATAQUE MEDO À PERDA ANSIEDADE DEPRESSIVA ANSIEDADE PARANÓIDE Resistência à Mudança Medo à Perda: A perda do conhecimento advinda do “ofício” de doentes, seria a inércia que se opõe à cura e freia a mudança. Medo ao Ataque: Consiste em se encontrar vulnerável diante de uma nova situação pela falta de condições para lidar com ela. Um dos conceitos fundamentais é o de ECRO – Esquema Conceitual Referencial e Operativo; Pichon afirma que cada um de nós possui um ECRO individual Ele é constituído pelos nossos valores, crenças, medos e fantasias. Dialogamos com os outros, ou melhor, com os ECROs dos outros, e levamos também nosso ECRO Como nem sempre explicitamos os nossos ECROs o nosso diálogo pode ser dificultado Esquema Conceitual Referencial Operativo Quando se está trabalhando em grupos, a realização da tarefa estabelecida pode ser dificuldade pelas diferenças de ECROs que estão em jogo O autor fala na construção de um ECRO grupal Este ECRO seria um esquema comum para as pessoas que participam de um determinado grupo – sabendo o que pensam em conjunto – poderem partir para agir coletivamente com o aclaramento das posições individuais e da construção coletiva que favorece a tarefa grupal. Esquema Conceitual Referencial Operativo Além da visão intrapsíquica da psicanálise esta visão situa o homem no contexto de suas relações interpessoais. O vínculo, seria uma estrutura dinâmica que engloba tanto o indivíduo como aqueles com quem interage e se constitui em uma Gestalt em constante processo de evolução. Nesta perspectiva, está presente a noção de movimento e contingência da mudança como indissociáveis do existir tanto individual como grupal. Teoria do Vínculo INTRAPSÍQUICO INTERRELACIONAL TEORIA DOS VÍNCULOS Ampliação do conceito de relação de objeto Conceito de Vínculo X Objeto Superação da noção de instinto primário (Processos de socialização) Superação da formação cristalizada da personalidade (Posição na rede vincular) Causa-efeito de cunho mecanicista VÍNCULO – Estrutura psíquica complexa que inclui um sujeito, um objeto e sua mútua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem Base de necessidades fundamentais Implica emissor-receptor-processo de codificação e decodificação da mensagem Esquema de espiral dialética (Mudar o mundo e a si mesmo ao mesmo tempo) Teoria do Vínculo Vínculo-proto aprendizagem, como veículo das primeiras experiências sociais, constitutivas do sujeito como tal Se dá através de um circuito em aberto, numa interação sistêmica permanente, no qual interatuam relações e objetos, em uma mútua retroalimentação Conceito de Vínculo Critérios de Saúde e Doença Tem um caráter social Figuras internalizadas bilateralizadas e triaadicas Presença corporal do outro (dois) Personagem que interfere sempre (terceiro) Representação Mental e interna do Outro Forma de interpretar a realidade própria de cada um Teoria do Vínculo Saúde-adaptação ativa à realidade, segundo a operatividade do ego Sujeito sadio-aprende o objeto e o transforma, modifica a si mesmo Aprendizagem da realidade através do confronto, manejo e solução integradora dos conflitos Rede de comunicação é constantemente reajustado Saúde na Teoria do Vínculo Enfermidade-expressão simbólica de uma tentativa falida de adaptação ao meio Como um processo (in)compreensível e (i) mutável Ligada aos processos de segregação familiar e social Impossibilidade de comunicação Resistência à mudança Doença na Teoria do Vínculo Porta-voz: É aquele membro de grupo que, em determinado momento, diz ou anuncia algo que até então permaneceu latente ou implícito, não tendo consciência de que esteja expressando algo de significação grupal, pois o vive como próprio. GRUPO TERAPÊUTICO: Denuncia a enfermidade grupal GRUPO DE APRENDIZAGEM: Revela os elementos bloqueadores da tarefa grupal. O material revelado pelo porta-voz chama-se emergente grupal e é função do Coordenador decodificá-lo para o grupo. Conceitos Importantes: A verticalidade designa a história, as experiências, as circunstâncias pessoais de um membro do grupo. A horizontalidade constitui o denominador comum da situação grupal, ou seja, aquilo que é compartilhado por todos os membros consciente ou inconscientemente. A verticalidade se articula com a horizontalidade, pondo em evidência o emergente grupal. O vertical representa os antecedentes pessoais que se veem atualizados em um dado momento do processo grupal e o horizontal é a expressão desse presente grupal que permitiu compartilhamento pelos demais membros do grupo dos afetos suscitados por um deles (o porta-voz). Horizontalidade x Verticalidade VERTICALIDADE EMERGENTE GRUPAL HORIZONTALIDADE Depositário (Paciente) Depositante (Demais membros da família) Depositado (Conteúdo patológico) O paciente (Indivíduo doente) denuncia a enfermidade familiar, assumindo os aspectos patológicos da situação, que compromete tanto o sujeito depositário como os depositantes. O estereótipo se configura quando a projeçãodos aspectos patológicos é maciça. O indivíduo fica paralisado, fracassando em seu intento de elaboração de uma ansiedade tão intensa e adoece... Com a posterior segregação do depositário, pelo perigo representado pelos conteúdos depositados. Então, o paciente passa da condição de agente protetor da enfermidade para a de bode expiatório. Modelo de Terapia dos Grupos Familiares Considera que todo observador é sempre participante e modifica seu campo de observação, observando que o analista sempre participa e modifica o campo de observação da sessão analítica. Todo o grupo que funciona operativamente deve estar comprometido com a mudança das estruturas estereotipadas, o que implica movimento psíquico e processo evolutivo. Outros Aspectos Importantes... Um grupo se torna operativo quando preenche as condições preconizadas nos 3Ms: MOTIVAÇÃO para a tarefa; MOBILIDADE nos papéis a serem desempenhados; Disponibilidade para MUDANÇAS que se evidenciam necessárias. Como Tornar Um Grupo Operativo? REFLEXÕES
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