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de Maria, sim, é justo seja celebrado com festas e louvores universais. Pois a Virgem viu a luz do mundo, criança na idade, porém grande em merecimentos e virtudes. Todavia para compreendermos o grau de santidade com que nasceu, precisamos considerar primeiramente a grandeza da graça com que Deus a enriqueceu; em segundo lugar, quanto foi grande a fidelidade de Maria em corresponder a essa graça. PONTO PRIMEIRO A primeira graça em Maria excede em grandeza à graça de todos os anjos e santos 1. Testemunho dos teólogos Inegavelmente foi a alma de Maria a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo foi esta a obra mais formosa e mais digna de si, feita pelo Onipotente neste mundo. Uma maravilha enfim que só é excedida pelo próprio Criador, como diz Nicolau, monge. Por isso não desceu a graça em Maria gota a gota, como nos outros santos. Desceu, ao contrário, tal como “a chuva sobre o velo” (Sl 71,6). Semelhante à lã do velo, sorveu a Virgem com alegria toda a grande chuva de graça, sem perder uma só gota. Era-lhe, pois, lícito exclamar: Na plenitude dos santos está minha morada (Eclo 24,16). Isto significa, conforme a explicação de S. Boaventura: Possuo em sua plenitude o que só em parte possuem os outros santos. E S. Vicente Ferrer, referindo-se particularmente à santidade de Maria, antes de seu nascimento, diz que excedeu a de todos os anjos e santos. A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos, como prova o doutíssimo Padre Francisco Pepe, jesuíta, em sua bela obra das Grandezas de Jesus e de Maria. Nela afirma que essa tão gloriosa opinião para nossa Rainha é hoje em dia comum e certa entre os teólogos modernos, como Cartagena, Suárez, Spinelli, Recupito, Guerra e outros. Todos examinaram a questão ex-professo, coisa que não haviam feito os doutores antigos. Conta Pepe que a Mãe de Deus agradeceu a Suárez, por meio do Padre Gutiérrez, o haver defendido com tanto valor essa probabilíssima sentença. Em seu Devoto de Maria atesta Ségneri que essa proposição é sustentada pela comum opinião da escola de Salamanca. Ora, se esta é comum e certa, muito provável é também esta outra sentença: Maria,