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Aula 17 - Agravo de Petição

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Agravo de Petição 
 
Fundamento Jurídico: 
O recurso de agravo de petição tem previsão legal no art. 897, a da CLT, 
disciplinando em seus parágrafos, sendo-lhe aplicável a teoria geral dos recursos. 
 
Cabimento: 
O agravo de petição é o recurso cabível das decisões do juiz na execução (art. 
897, a da CLT). Contudo, como regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis 
(art. 893, parágrafo 1º, da CLT; Súmula 214, do TST). 
 
Assim, devemos ter uma interpretação sistemática dos dispositivos legais, de 
modo a concluir qual é a decisão na execução atacável pelo recurso de agravo de 
petição. 
 
Os despachos de mero expediente e as decisões interlocutórias, mesmo na 
execução são irrecorríveis no processo do trabalho. Nem mesmo a decisão 
interlocutória que tenha cunho decisório pode ser impugnada pelo agravo de 
petição. Logo, a decisão que não admite a produção de determinada prova na 
execução ou que recusa a nomeação de bens não pode ser atacada de imediato. 
Restando, por consequência lógica, a decisão que resolve a execução com ou 
sem mérito (decisões definitivas ou terminativas). 
 
Nem todas as sentenças na execução são recorríveis. Por exemplo: as sentenças 
de liquidação, as quais são impugnadas na oportunidade dos embargos à 
execução ou na impugnação à sentença de liquidação (art. 884). Assim, como 
regra, o agravo de petição é oponível na execução propriamente dita, a qual tem 
início com o despacho do juiz que determina a citação do devedor (art. 880). 
 
Objeto do agravo de petição 
 
 
 
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Podem ser arguidas em sede de agravo de petição as matérias próprias aos 
embargos à execução, ou seja, cumprimento da sentença exequenda; 
cumprimento do acordo; quitação e prescrição (art. 884, CLT), sendo que o CPC 
ainda prevê: 
a) Falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento se a ação lhe 
correu a revelia; 
b) Inexigibilidade do título; 
c) Ilegitimidade das partes; 
d) Cumulação indevida de execuções; 
e) Excesso de execução, ou nulidade desta até a penhora; 
f) Qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como 
pagamento, novação, compensação com a execução aparelhada, 
transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença; 
g) Incompetência do juízo da execução, bem como a suspeição ou 
impedimento do juiz. 
 
Também pode ser reiterado em sede de agravo de petição à impugnação feita a 
sentença de liquidação (valor do crédito). 
 
O cabimento do agravo de petição exige que a parte tenha questionado as 
matérias nos embargos à execução ou na impugnação à sentença de liquidação 
Tal exigência não abarca as matérias de ordem pública. 
 
Além dos requisitos objetivos e subjetivos exigidos pelos recursos em geral, o 
agravo de petição exige a delimitação das matérias e valores impugnados (o 
remanescente é denominado de valor incontroverso). Essa exigência é um 
pressuposto objetivo de admissibilidade do recurso. Assim, não é mais possível a 
oposição do agravo de petição de forma genérica e ampla (art. 897, parágrafo 1º, 
CLT). 
 
 
 
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Tanto é assim que não fere o direito líquido e certo o prosseguimento da execução 
quanto aos tópicos e valores não especificados no agravo de petição (Súmula 416, 
TST). 
 
A obrigatoriedade de delimitação dos valores é para o recurso do devedor (ou 
executado), normalmente, a empresa. A delimitação do valor não é um requisito 
imposto ao credor (ou exequente). 
 
Não havendo controvérsia sobre valores, não é o caso de delimitação. 
 
Com a obrigação de a parte indicar as matérias e valores impugnados, o recurso 
de agravo de petição não poderá ser de mera petição, ainda que no exercício do 
ius postulandi. 
 
Não atendida essa exigência, não cabe prazo suplementar, nem determinação 
judicial para que se adite o recurso, por falta de previsão legal e porque os 
requisitos de admissibilidade do recurso devem ser comprovados quando da 
interposição. 
 
O Enunciado 51 da Jornada Nacional sobre Execução na Justiça no Trabalho, 
assim dispõe: “Há exigência de nova delimitação de cálculos, em agravo de 
petição, quando acolhidos em parte os embargos à execução ou impugnação à 
sentença de liquidação, que implica alteração de cálculos anteriormente 
elaborados; e o executado deixa de recorrer de algum dos pontos em que foi 
sucumbente”. 
 
Prazo Recursal 
 
O prazo para a interposição do recurso é de oito dias. 
 
 
 
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A União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias, fundações de direito 
público e o Ministério Público têm prazo em dobro. O INSS também terá prazo em 
dobro. 
 
O TST considera a ampliação dos prazos quando existir litisconsorte passivo, com 
procuradores distintos (art. 191, CLT), incompatível ao processo do trabalho (OJ 
310, SDI-I). 
 
Preparo recursal 
 
No recurso de agravo de petição, tem-se a exigência de preparo recursal (depósito 
recursal), quando houver necessidade de garantia da execução. 
 
As custas (valor fixo de R$ 44,26) devem ser pagas pelo executado ao final da 
execução. 
 
Custas processuais 
 
No processo de execução são devidas custas, sempre de responsabilidade do 
executado e pagas ao final (art. 789-A, caput, CLT), de conformidade com o tipo 
de ato processual (tabela prevista nos incisos I a IX do art. 789-A). 
 
Independentemente de quem seja a agravante, as custas serão pagas ao final, 
sendo a responsabilidade do executado. 
 
Depósito recursal 
 
Dada a natureza jurídica dos embargos à execução, não será exigido depósito 
para sua oposição se estiver suficientemente garantida a execução por depósito 
recursal já existente nos autos, efetivado no processo de conhecimento, que 
 
 
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permaneceu vinculado à execução, e ou pela nomeação ou apreensão de bens do 
devedor, observada a ordem preferencial estabelecida em lei. 
 
Outra hipótese, se garantida integralmente a execução nos embargos, só haverá a 
exigência de depósito em qualquer recurso subsequente do devedor se tiver 
havido elevação do valor do débito, hipótese que o depósito recursal 
corresponderá ao valor do acréscimo, sem qualquer limite. 
 
O depósito será efetivado pelo executado recorrente, mediante guia de depósito 
judicial, expedida pela Secretaria Judiciária, à disposição do juízo da execução 
(item IV, IN 3, TST). 
 
De acordo com o item II da Súmula 128 do TST, garantido o juízo, na fase 
executória, a exigência de depósito para recorrer de qualquer decisão viola os 
incisos II e LV do art. 5º da CF. Contudo, se houver a elevação do valor do débito, 
exige-se a complementação da garantia do juízo. 
 
O depósito recursal não tem natureza de taxa de recurso e sim de garantia do 
juízo recursal (art. 899, CLT; art. 40, Lei 8.177 de 1991). 
 
Efeitos 
 
Como os demais recursos trabalhistas, o agravo de petição só tem o efeito 
devolutivo (art. 899, CLT). 
 
Procedimento 
 
O agravo será interposto perante o juízo da vara do trabalho, com as suas razões 
endereçadas para o TRT. 
 
 
 
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Os autos serão processados em autos apartados, quando a parte deverá juntar 
todas as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, ou nos 
próprios autos, se tiver sido determinada a extração de carta de sentença (art. 897, 
parágrafo 3º). 
 
O julgamento ocorrerá nas turmas dos TRTs, exceto se não houver essa divisão, 
hipótese em que a análise caberá ao pleno do tribunal. O processamento é mais 
rápido em relação aos demais recursos, pois o processo encontra-se em 
execução. 
 
Admite-se o recurso adesivo ao agravo de petição (Súmula 283, TST). 
 
Denegado seguimento ao agravo de petição, em primeira instância, o remédio 
oponível é o agravo de instrumento. 
 
Indeferido o processamento do agravo de petição pelo TRT, o recurso de revista é 
incabível, exceto se for o caso de ofensa à CF (art. 896, parágrafo 2º, CLT). Da 
mesma forma, se o TRT rejeitar no mérito o agravo de petição. 
 
EstruturaComo os demais recursos que são interpostos em uma instância e remetidos para 
outra instância ou órgão julgador, o agravo de petição contém duas partes: 
 
a) Petição de interposição. Dirigida ao juízo a quo, contém requerimentos de 
admissibilidade e regular processamento do recurso, a intimação da parte 
contrária e remessa dos autos ao tribunal competente, indicar o valor 
incontroverso. No caso de apresentação de guias do preparo recursal, é 
importante informar que se encontram anexas; 
 
 
 
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b) Razões recursais. Dirigida ao juízo ad quem, leva ao tribunal as questões 
processuais e materiais para, via de regra, nova apreciação. Assim, 
sugerimos o seguinte desenvolvimento: identificação do processo; 
saudação ao tribunal e julgadores; breve resumo do processo; questões 
processuais (matéria de protestos realizados no curso do processo; 
preliminares processuais: condição da ação, pressuposto de validade e 
desenvolvimento do processo etc); prejudiciais de mérito (decadência e 
prescrição); questões de mérito; pedido de requerimentos finais 
(admissibilidade, processamento e acolhimento); informar o recolhimento 
do preparo recursal. De acordo com o art. 897, parágrafo 1º da CLT, 
quando da formulação das razões recursais, a parte agravante deve 
delimitar justificadamente, as matérias e valores impugnados, inclusive, 
indicando o valor incontroverso da execução 
 
 
Contraminuta ao agravo de petição. 
 
Após a admissibilidade do recurso, a parte contrária será intimada para apresentar 
suas contrarrazões no prazo de oito dias (art. 900, CLT). 
 
As contraminutas efetivam o princípio do contraditório, de modo que nessa 
oportunidade caberá à parte interessada se por às alegações do recurso. Como 
regra, são descabidas alegações de insatisfação da parte em contrarrazões, o que 
deve ser feito em recurso próprio. Contudo, também devem ser alegadas as 
questões envolvendo a admissibilidade do recurso.

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