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JURISPRUDENCIA TRT CONTRATO PRAZO INDETERMINADO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO
TRABALHO DA 1ª REGIÃO
PROCESSO nº 0100671-76.2018.5.01.0283 (ROPS) 
RECORRENTE: JORGE LUIZ BARBOSA DE SOUSA
RECORRIDOS: ECS MANUTENÇÃO E REFORMAS EIRELI - ME,
MAKRO ATACADISTA SOCIEDADE ANÔNIMA
RELATORA: MÔNICA BATISTA VIEIRA PUGLIA
EMENTA
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. TRANSMUDAÇÃO EM
CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO. Reconhecido o efetivo
labor em período anterior àquele previsto no contrato de experiência
e ultrapassado o prazo máximo previsto pelas partes no referido
contrato (90 dias), este transmuda-se em contrato por prazo
indeterminado, sendo devidos os consectários legais aplicáveis a tal
modalidade de contrato de trabalho.
RELATÓRIO
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do RECURSO
ORDINÁRIO, em que são partes JORGE LUIZ BARBOSA DE SOUZA, como recorrente, e ECS
MANUTENÇÃO E REFORMAS EIRELI -ME e MAKRO ATACADISTA SOCIEDADE ANÔNIMA,
como recorridos.
Trata-se de recurso ordinário interposto pelo reclamante (fls.217/237)
em face da respeitável sentença da MM. 3ª Vara do Trabalho de Campos dos Goytacazes, de
lavra do eminente Juiz Carlos Medeiros da Fonseca, que julgou procedentes em parte os pedidos
(fls.158/160). Sentença proferida em 10/09/2018 e publicada em 12/09/2018, conforme consta na
Aba Expedientes do Pje.
Embargos de declaração opostos pelo reclamante, às fls.164/165, e
pela segunda reclamada, às fls. 177/180, sendo os mesmos rejeitados às fls. 213/214.
Insurge-se o reclamante contra a improcedência dos pedidos, aviso
prévio, diferenças de verbas rescisórias e multas dos artigos 467 e 477, da CLT.
Contrarrazões da primeira reclamada, às fls.244/247, sem
preliminares.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho por
não se configurar hipótese de sua intervenção.
Éo relatório.
V O T O
ADMISSIBILIDADE
Conheço do recurso, por preenchidos os pressupostos legais de
admissibilidade.
FUNDAMENTAÇÃO
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. TRANSMUDAÇÃO PARA O CONTRATO POR
TEMPO INDETERMINADO
Rebela-se o reclamante contra a improcedência dos pedidos de
diferenças de salário e verbas rescisórias, inclusive aviso prévio, sustentando que as
testemunhas, em seus depoimentos, afirmaram que foram contratadas e demitidas na mesma
época que o recorrente; que a contratação se deu em 17/01/2018, estendendo o contrato de
trabalho até 20/04/2018, totalizando 93 dias. Requer a reforma da r. sentença com a procedência
dos pedidos.
Com parcial razão.
A inicial noticiou que o reclamante foi admitido pela primeira
reclamada em 17/01/2018, para trabalhar como pedreiro, tendo sua CTPS anotada somente em
01/02/2018; que foi dispensado em 20/04/2018, mas não recebeu o aviso prévio e a diferença
pelos quinze dias trabalhados e não anotados na CTPS. Pleiteou o pagamento de aviso prévio,
13º salário (2/12), férias proporcionais, acrescidas de 1/3 (2/12), diferenças de FGTS, multa de
40% e multas dos artigos 467 e 477 da CLT.
A primeira reclamada, em sua peça de defesa, sustentou que o autor
foi contrato em 01/02/2018, através de contrato de experiência, cuja contratação se deu por 45
dias, prorrogáveis por mais 45 dias; que diante da rescisão antecipada do aludido contrato de
experiência, pagou ao reclamante, a título de indenização, a metade que o obreiro faria jus até o
término do mandato, bem como o 13º salário e férias proporcionais.
Na hipótese dos autos, a r. sentença reconheceu o vínculo de
emprego entre as partes em período anterior ao anotado e determinou a retificação da CTPS do
reclamante, para que passasse a constar como data inicial do contrato o dia 17/01/2018.
Assim, reconhecido o efetivo labor em período anterior àquele
previsto no contrato de experiência e ultrapassado o prazo máximo previsto pelas partes no
referido contrato (90 dias), este transmuda-se em contrato por prazo indeterminado, sendo
devidos os consectários legais aplicáveis a tal modalidade de contrato de trabalho.
Dessa forma, e por incontroversa a dispensa imotivada, faz jus o
reclamante ao pagamento as seguintes verbas: aviso prévio de 30 dias, diferenças de férias
proporcionais, acrescidas de 1/3 (1/12); diferenças 13ª salário proporcional (1/12), depósitos de
FGTS, referentes ao mês de janeiro/2018 e sobre o aviso prévio indenizado, bem como a multa
de 40% sobre o FGTS.
Autorizo a dedução do valor pago a título de "multa do artigo 479 da
CLT", constante no TRCT, ante a transmudação do contrato a termo em indeterminado.
Não há que falar em pagamento da multa do artigo 467 da CLT, ante
a existência de controvérsia.
No tocante à multa do artigo 477 da CLT, da análise do documento
de fl.128, verifica-se que as verbas rescisórias foram pagas no prazo legal previsto no § 6o, do
art. 477 da CLT. Registre-se, ainda, que a multa do art. 477, § 8o, da CLT, somente é devida
quando o pagamento da rescisão se der fora do prazo ali estipulado e não sobre verbas devidas
após apuração em reclamação trabalhista.
Neste sentido a Súmula nº 54, editada por este E. Regional, in verbis:
 
Multa do artigo 477, § 8º, da CLT. Diferenças rescisórias reconhecidas em juízo.
Não incidência. O reconhecimento, em juízo, de diferenças de verbas rescisórias
não dá ensejo, por si só, à aplicação da penalidade prevista no parágrafo 8º do
artigo 477 da CLT.
 
Dou parcial provimento ao recurso.
DETERMINAÇÕES FINAIS
Juros de mora a contar do ajuizamento da ação e correção
monetária, considerando como época própria a data de vencimento da obrigação, nos termos da
lei 8.177/91, observando o entendimento constante na Súmula nº 381 do C.T.S.T apenas quanto
aos salários e parcelas pagas juntamente com estes, contribuições previdenciárias e imposto de
renda nos termos do entendimento consubstanciado pela Súmula 368 do C. TST, além do art. 12-
A da Lei 7.713/1998, e adoção da Taxa Referencial Diária (TRD) antes de 25/03/2015 e o Índice
de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-e), a partir de então.
Conclusão do recurso
PELO EXPOSTO, conheço do recurso e, no mérito, dou-lhe parcial
provimento para condenar a primeira reclamada ao pagamento de aviso prévio de 30 dias,
diferenças de férias proporcionais, acrescidas de 1/3 (1/12); diferenças 13ª salário proporcional
(1/12), depósitos de FGTS, referentes ao mês de janeiro/2018 e sobre o aviso prévio indenizado,
bem como a multa de 40% sobre o FGTS, conforme fundamentação supra. Diante do aumento da
condenação, ajusto o seu valor para R$ 3.000,00 (três mil reais) e custas de R$ 60,00 (sessenta
reais), nos termos das Instruções Normativas nº 3/93 e 09/96 do C. TST.
ACORDAM os Desembargadores que compõem a Terceira Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região, na sessão de julgamento do dia 08 de abril de
2019, sob a Presidência do Exmo. Desembargador do Trabalho Jorge Fernando Gonçalves da
Fonte, com a presença do Ministério Público do Trabalho, na pessoa do Ilustre Procurador André
Luiz Riedlinger Teixeira, dos Exmos. Desembargadores do Trabalho Mônica Batista Vieira Puglia,
Relatora, e Antonio Cesar Coutinho Daiha, em proferir a seguinte decisão: por unanimidade,
conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe parcial provimento para condenar a primeira reclamada
ao pagamento de aviso prévio de 30 dias, diferenças de férias proporcionais, acrescidas de 1/3
(1/12); diferenças 13ª salário proporcional (1/12), depósitos de FGTS, referentes ao mês de
janeiro/2018 e sobre o aviso prévio indenizado, bem como a multa de 40% sobre o FGTS, nos
termos do voto da Desembargadora Relatora. Diante do aumento da condenação, ajustar o seu
valor para R$ 3.000,00 (três mil reais) e custas de R$ 60,00 (sessenta reais), nos termos das
Instruções Normativas nº 3/93 e 09/96 do C. TST.
 
DESEMBARGADORA MÔNICA BATISTA VIEIRA PUGLIA
Relatora
 
AB