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Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 1 PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E GOVERNANÇA PÚBLICA DISCIPLINA Gestão de Pessoas na Administração Pública Prof.ª Denize Cavichioli Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 2 A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem permissão por escrito do autor e do editor. 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Coliseo - Centro Cascavel - PR, 85801-050 Tel: (45) 3040-1010 www.faculdadefocus.com.br Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. http://www.faculdadefocus.com.br/ mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br. http://www.faculdadefocus.com.br/ Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 3 Palavra do Diretor Prezado Acadêmico da Faculdade Focus! Aprender requer organização e disciplina. O estudo a distância pode ser ainda mais proveitoso que o presencial, desde que você se dedique, crie o hábito de estudo e mantenha uma rotina diária, com horário específico, em local silencioso e que garanta boa concentração. A liberdade de poder estudar onde e como quiser é, de fato, um diferencial para sair na frente e alcançar as suas metas. 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Ruy Wagner Astrath Diretor Geral da Faculdade Focus Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 4 Coordenador do Curso Olá, acadêmicos da Faculdade Focus! Os cursos de pós-graduação da Faculdade Focus são resultado da união entre a solidez acadêmica de uma das melhores Faculdades privadas do Brasil e a experiência de profissionais do mercado que são referência nas suas áreas de atuação. Os cursos de especialização foram desenvolvidos a partir das principais tendências e temáticas da atualidade e do futuro, sendo que nosso modelo oferece alto padrão de ensino, corpo docente de grande relevância, plataforma intuitiva e materiais de apoio atrativos e diferenciados, aliados a um excelente custo-benefício. 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Prof. Helton Kramer Lustoza Coordenador do Curso Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 5 Sumário Palavra do Diretor ----------------------------------------------------------------------------------------------- 3 Coordenador do Curso ------------------------------------------------------------------------------------------ 4 Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 1 Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público----------------------------------------- 6 2 Regimes Jurídico e Previdenciário--------------------------------------------------------------------- 7 3 Avaliação de Desempenho ----------------------------------------------------------------------------- 11 4 Gestão de Desempenho Profissional ---------------------------------------------------------------- 12 5 Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores ------------------------------------------------------ 16 6 Carreiras ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 23 7 Capacitação ------------------------------------------------------------------------------------------------ 32 8 Rotatividade de Pessoal -------------------------------------------------------------------------------- 33 9 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 34 Gestão de Pessoas na Administração Pública | Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público www.faculdadefocus.com.br | 6 1 Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público Ao tratar-se do contexto de gestão de pessoas no setor público, destaca-se segundo Camões, Pantoja e Bergue (2010), que está ocorrendo um aumento no nível de exigência dos usuários do serviço público no que se refere à satisfação de demandas e nota-se o fato de que a qualidade e a adequação dos serviços às necessidades dos usuários correspondem à aspectos críticos para o bom desempenho de qualquer órgão ou entidade da administração pública. A gestão de pessoas, conforme assevera Bergue (2020), é um tema que não permite abordagens especializadas, fundadas no paradigma cartesiano de análise e intervenção a respeito dos fenômenos da organização e tal tema tem sido tratado nas organizações públicas convencionalmente assumindo um formato departamental, ou seja, setor de pessoal, departamento de recursos humanos, coordenação de gestão de pessoas. O autor ressalta que essa visão funcional sobre gestão de pessoas não está de acordo com as necessidades emergentes do campoda gestão no contexto das organizações públicas contemporâneas que se veem com demandas gradativas em complexidade, quantidade e qualidade. Oliveira e Medeiros (2016) destacam que a Gestão de Pessoas nas organizações, caracterizada como uma atividade, não deve ser desempenhada somente pela unidade da estrutura responsável por sua execução, e sim, por todos os que administram e até pelos demais integrantes da organização, devido ao fato de que todas as pessoas estão distribuídas em toda a organização. Bergue (2020) afirma que a gestão de pessoas não se restringe aos gestores, e sim, a cada membro de equipe, pois a compreensão da gestão não pode ser reduzida ao modelo mecanicista, de inspiração taylorista, com base na divisão do trabalho e na especialização de conhecimentos e tarefas no desempenho da autoridade pautada na hierarquia. O planejamento estratégico de pessoas relaciona-se, prioritariamente com instrumentos de gestão tradicionais, tais como o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, com o intuito de integrar a Gestão de Pessoas aos objetivos globais e setoriais determinados pelo órgão e as respectivas metas de gestão. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Regimes Jurídico e Previdenciário www.faculdadefocus.com.br | 7 Bergue (2020) afirma que a gestão de pessoas em sua expressão estratégica assume relevância também ao passo em que contribui para mostrar, promover ajustes, e em consequência, legitimar o gasto com pessoal no setor público. Os autores asseveram que adotar boas práticas de gestão de pessoas, tanto na formulação, quanto na implementação de políticas e posterior ou simultânea avaliação, opera a interface de transparência da administração pública e tem reflexos em todos os demais quesitos que alertam a sociedade nas ações de exercício da cidadania e no controle social. A organização pública contemporânea, segundo Bergue (2020), representada por estruturas, processos e relação, é em grande parte, reflexo do pensamento gerencial de inspiração clássica. De acordo com o autor, a gestão de pessoas, que é uma dimensão fundamental da organização, que reflete os seguintes valores: mecanicismo, hierarquia, divisão do trabalho, especialização, formalização, padronização, em especial a diminuição da dimensão humana (as pessoas) a uma expressão funcional, com menor alcance. 2 Regimes Jurídico e Previdenciário Os agentes públicos estão sujeitos a determinados regimes jurídico e previdenciários. Sobre estes, Bergue (2020) destaca que tais regimes são elementos diferentes, tanto do ponto de vista conceitual, quanto em relação às suas implicações a respeito da vida funcional. O autor afirma que na mesma linha de importância, carece de destaque a distinção entre previdência social e seguridade social. Bergue (2020) afirma que a seguridade social é composta por três elementos, que são os seguintes: previdência social, assistência social e assistência à saúde. De acordo com o autor, a previdência social presume contribuição específica e é caracterizada por ser um sistema que gera a percepção de parcelas pecuniárias em virtude da aposentadoria ou a concessão de pensão, ao passo que os outros dois eixos da seguridade social, também estruturados na forma de sistemas, prestam serviços de saúde e assistência social. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Regimes Jurídico e Previdenciário www.faculdadefocus.com.br | 8 O regime jurídico, que segundo Bergue (2020) é matéria de tratamento inicial reservada ao Poder Executivo, corresponde ao conjunto de normas que regulam, fundamentalmente, as relações, os direitos e as obrigações do indivíduo no que se refere à administração pública. O autor assevera que existem dois regimes jurídicos fundamentais que são os seguintes: a) Estatutário: incide quando a normatização da relação da pessoa com o Estado se processa de acordo com um estatuto específico instituído por intermédio de lei, geralmente de status complementar; b) Celetista: decorrente da adoção dos padrões relacionais determinados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Bergue (2020) destaca que entre os aspectos que diferenciam os regimes entre si, cabe mencionar basicamente, além do conjunto de direitos e obrigações do agente e da administração, a caracterização dos cargos e empregos públicos. Conforme Bergue (2020), no que concerne à conformação jurídica dos cargos, em sentido amplo na administração pública, a definição do regime jurídico é de central importância para a gestão de recursos humanos, pois vai determinar os atributos legais específicos, que envolvem a posição ocupada pelo indivíduo na organização, ou seja, o cargo. Segundo o autor, o cargo pode ser definido, lato sensu, como o conjunto de atribuições que podem ser dadas a uma pessoa, que no âmbito da administração pública, passa a chamar-se de agente público. O autor ressalta ainda que o cargo é convencionalmente reconhecido como uma construção jurídica, que sob a perspectiva gerencial, possui finalidade essencial estrutural no âmbito da administração pública, mesmo por perto, não se limitando a isso, e nota-se assim que o cargo é uma esfera de competências, e no interior desta, o indivíduo pode movimentar-se ocupando os espaços funcionais disponíveis. Bergue (2020) assevera que como estruturas essenciais do tecido organizacional, tais unidades podem ser chamadas cargos ou empregos públicos, de acordo com a natureza do vínculo jurídico que liga seu ocupante à administração, sendo o institucional (estatutário) ou o celetista, respectivamente. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Regimes Jurídico e Previdenciário www.faculdadefocus.com.br | 9 Sobre os regimes estatutário e celetista, Bergue (2020) cita que com a Emenda Constitucional nº 19/98, excluiu-se do texto constitucional qualquer referência a respeito do regime jurídico a que deve ser submetido o servidor público, sendo possível então a adoção dos dois regimes, inclusive em convivência harmônica, desde que feitos os devidos ajustes na estrutura normativa do ente, tais como a supressão de qualquer referência que possa existir na legislação local, como a Lei Orgânica por exemplo, que limite a adoção de regimes jurídicos diferenciados. No que se refere ao regime estatutário, Bergue (2020) afirma que sob a égide do regime institucional, os servidores públicos têm direito subjetivo aos cargos que titulam, sendo seu desligamento involuntário que decorre do seguinte: a) imposição de penalidade de demissão segundo os termos estatutários, condicionada à execução de prévio processo administrativo cercado das garantias constitucionais da ampla defesa; b) de constatação de insuficiência de desempenho imposta pela Emenda Constitucional nº 19/98, a ser devidamente medida e conduzida por meio de procedimento administrativo específico nos termos da Constituição da República. Já no que concerne aos regimes previdenciários, segundo Bergue (2020), estes definem as condições de aposentadoria e pensão afetas ao servidor público ou a seus dependentes, de acordo com o caso, disciplinando, portanto, as relações entre o agente que passa à condição de inativo ou seu pensionista e o Poder Público. O autor assevera que são tipos de regimes previdenciários os seguintes: a) Regime Geral de Previdência Social (RGPS): previsto nos artigos 201 e 202 da Constituição e é administrado pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) agrupa os trabalhadores vinculados às empresas, contribuintes autônomos, e os servidores públicos não vinculados a regimes próprios de previdência, além de contribuintes autônomos; b) Regime Próprio de Previdência Social (RPPS): instituídos no âmbito de cada ente federado, por meio da criação de um órgão ou entidade gestora, na forma de fundo destinado à administraçãode recursos recolhidos especialmente para esse fim, ou autarquias instituídas para esse fim. Tal Gestão de Pessoas na Administração Pública | Regimes Jurídico e Previdenciário www.faculdadefocus.com.br | 10 regime admite subdivisão que contemple regimes orientados aos servidores civis e servidores militares. Ainda cabe citar as propostas dos regimes previdenciários. De acordo com Bergue (2020) existem as seguintes propostas: a) repartição simples: o montante gerado pelas contribuições feitas pelos participantes (ativos) do sistema e designado à cobertura dos atuais segurados (inativos), havendo um comum evocado pacto entre gerações, no qual os servidores atuais sustentam as aposentadorias e pensões de seus antecessores no serviço público, ao passo que esperam igualmente ser contemplados com tal garantia no futuro; b) capitalização: cada segurado possui uma conta de depósito das contribuições, que está sujeita à capitalização dos valores, de modo a integralizar, ao longo do período de atividade laboral do servidor, um montante a ser repartido no período de inativação; c) misto: combinação dos dois anteriores, no qual vigora em parte o modelo de repartição simples, que é limitado a um teto remuneratório, de forma a completar por parcela fixada, de acordo com um sistema de capitalização. Destaca-se, segundo Bergue (2020) que os agentes contratados por prazo determinado, para fins previdenciários, são vinculados ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS). São exemplos de cargos contratados por prazo determinado os agentes políticos. Sobre o regime próprio, a Constituição Federal dispõe o seguinte: Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Sobre a estabilidade de servidor, a Constituição Federal dispõe o seguinte: Gestão de Pessoas na Administração Pública | Avaliação de Desempenho www.faculdadefocus.com.br | 11 Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. 3 Avaliação de Desempenho Assim, a partir do art. 41 da Constituição Federal, sendo um critério para aquisição de estabilidade, surgiu a avaliação de desempenho no setor público. De acordo com Bergue (2020), existem duas modalidades de avaliação de desempenho dos servidores, na seguinte forma: a) avaliação especial de desempenho (art. 41, o (art. 41, §4º): utilizada para fins de aquisição da estabilidade, alterando prática anterior que possibilitava a aquisição de estabilidade tão somente pelo decurso do prazo de estágio probatório; b) avaliação permanente de desempenho (art. 41, §1º, inciso III): institui mecanismo de aferição permanente de desempenho do servidor, especialmente para fins de desligamento. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Gestão de Desempenho Profissional www.faculdadefocus.com.br | 12 O artigo 247 da Constituição Federal também menciona a avaliação de desempenho: Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas de Estado. Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do cargo somente ocorrerá mediante processo administrativo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa. Bergue (2020) ainda destaca que sobre avaliação de desempenho nas relações de trabalho, no serviço público especialmente, é necessário tecer algumas considerações de fundo: a) Por que a avaliação de desempenho não é efetiva? Essencialmente, isso deve- se ao fato de que as chefias não querem se incomodar; temem implicações pessoais e repercussões políticas. A aversão ao conflito potencial impede a prática do feedback, que tende a ser de antemão assumido como uma ofensa. Elementos de ética são transversais ao tratamento desse tema. Uma vez superado esse elemento de fundo cultural, é possível que assumam proeminência os importantes aspectos de base instrumental, especialmente a competência de comunicação; b) A introdução da avaliação de desempenho, geralmente, não decorre de uma percepção de imperativo social, de uma exigência da sociedade por serviços públicos de melhor qualidade. Advém, sim, de um impulso pessoal que resolve implementar tal solução para um problema que, algumas vezes, nem existe. Relacionado com a avaliação de desempenho, na seção a seguir é tratada a gestão de desempenho. 4 Gestão de Desempenho Profissional De acordo com Odelius (2010), a gestão de desempenho de profissionais é essencial em organizações, sejam elas públicas ou privadas, em um contexto que percebe-se a escassez de recursos e mudanças decorrentes de inovações em tecnologia e gestão. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Gestão de Desempenho Profissional www.faculdadefocus.com.br | 13 De acordo com a autora, tal contexto requer que os profissionais, sistematicamente e de modo contínuo, precisem desenvolver e aprimorar competências por meio dos processos de aprendizagem, de modo a acompanhar as demandas colocadas no cotidiano e exibir níveis de desempenho efetivo para atender as exigências dos clientes, sendo que no setor privado o intuito é de manter a competividade, ao passo que no setor público o foco é o atendimento das demandas do cidadão e da sociedade. Silva (2020) afirma que a motivação dos servidores públicos é diferente de um colaborador da iniciativa privada, e cita o caso específico dos servidores do Judiciário, que chegam ao seu cargo em busca de segurança, almejando a garantia da estabilidade e em consequência disso, correm o risco de serem tomados pela acomodação, sendo um desafio para o gestor motivar a equipe, tornar a rotina desafiadora, alcançando maior produtividade e ao mesmo tempo mantendo um bom clima organizacional. Odelius (2010) assevera que a gestão de desempenho em uma entidade é uma tarefa complexa e árdua, considerando que existe uma diversidade de aspectos que influenciam uma política de tal natureza e pelo fato de serem inúmeros aspectos que afetam o desempenho, tanto organizacional como individual. No que se refere a influenciadores do desempenho organizacional, Odelius (2010) cita fatores internos e externos à organização: globalização, políticas e condições socioeconômicas, legislação (que pode ser tributária, fiscal e trabalhista), concorrência, ramo de atividade, tecnologia usada, disponibilidade de recursos, competência organizacional, desempenho individual, etc. Bergue (2020) assevera quecaso haja a pretensão de apropriar efetivamente a noção de desempenho nas relações de trabalho em organização públicas, entende-se como essencial pensar o processo de apropriação e assimilação dessa tecnologia de acordo com estágios. Segundo o autor, nesse percurso, os reflexos na remuneração aparecem como o último nível de desenvolvimento e dessa forma, a remuneração diferenciada é tida como uma consequência da introdução da gestão do desempenho. O autor Gestão de Pessoas na Administração Pública | Gestão de Desempenho Profissional www.faculdadefocus.com.br | 14 destaca como estágios evolutivos, não estanques (mas recursivos e, por vezes, paralelos), da introdução da gestão do desempenho os seguintes: 1. Compreender o propósito efetivo da gestão do desempenho. Que não é punir, é valorizar. Não é processo de correção, é processo de aprendizagem. Não é remunerar, é desenvolver. Não é unilateral, é uma relação. Não é linear, é cíclico e virtuoso. Não é simples, é complexo. Não é objetivo, é subjetivo; 2. Desenvolvimento de uma relação interpessoal entre chefias e servidores. Nesse estágio inicial, a ênfase do esforço de apropriação da gestão do desempenho deve recair sobre a qualificação e o desenvolvimento das relações interpessoais, alcançando as competências técnicas e comportamentais necessárias à aceitação da gestão do desempenho como uma relação de mútuo desenvolvimento. Gestão de desempenho é eminentemente uma relação de conversação; 3. Reflexão sobre as competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) exigidas para a gestão cíclica e virtuosa do desempenho, notadamente a avaliação. Nessa fase, uma vez entendida a gestão de desempenho como uma relação, impõe-se a reflexão sobre as competências gerenciais necessárias ao desenvolvimento constante das pessoas: gestores e servidores. Isso porque essas competências são dinâmicas; 4. Suprimento das lacunas de capacitação. A gestão do desempenho só faz sentido se indicar lacunas (necessidades) de capacitação em termos de competências e essas deficiências percebidas e devidamente registradas constituírem insumos de análise por ocasião do desenvolvimento dos planos de capacitação da organização; 5. Compensação diferenciada em razão da performance. Esse é o estágio final de implementação da gestão de desempenho, caracterizando-se como uma consequência e não como propósito em si; 6. Ampliação do alcance das relações de avaliação. A gestão do desempenho, em particular a avaliação, pode ser alargada e alcançar outros atores da órbita de envolvimento do servidor em matéria de comportamento e desempenho: superiores, pares e subordinados. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Gestão de Desempenho Profissional www.faculdadefocus.com.br | 15 Os indicadores de desempenho, segundo Bergue (2020), têm a função de informar ao gestor sobre a performance dos processos ou das atividades que fazem parte dos processos, performance essa que pode ser medida em termos de eficiência ou de eficácia. Sobre um indicador de desempenho, Bergue (2020) afirma que em função dos propósitos para os quais é concebido, precisa, ao passo em que seja possível, atender aos seguintes atributos: a) Relevância: Por relevância pretende-se dizer que um indicador de desempenho deve fornecer informação relevante, ou seja, que gere dados capazes de conduzir à produção de informações efetivamente necessárias. Não são raras as vezes em que, em atendimento a programas específicos de melhoria de desempenho ou de certificação, são concebidos indicadores tão somente para atender à exigência de cria-lo, sem que de fato haja sido precedido de um estudo mais amplo e profundo envolvendo processo como um todo ou atividade que esteja destinada a medir; b) Simplicidade: A simplicidade constitui importante dimensão de um indicador de desempenho, que tem sido por vezes esquecida. De fato, um indicador deve ser concebido a partir de uma estrutura de relações entre variáveis (indicador relativo) mais simples possível, observados os demais atributos. Não são desejados indicadores que encerrem relações complexas, exigindo operações de difícil compreensão e explicação, ou mesmo dados que sejam oriundos de muitas áreas diferentes e de difícil coleta. Pode-se verificar, por vezes, uma tendência à criação de relações demasiadamente complexas, inclusive com propósitos exibicionistas, envolvendo claro esforço de demonstração de conhecimento, o que escapa aos propósitos reais de um indicador. Nesse mesmo viés, a tentativa de introduzir indicadores que forneçam informação relevante conduz à elaboração de uma complexa rede de coleta de dados, envolvendo setores e pessoas em demasia, o que amplia a probabilidade de ocorrência de erros ou desvios. Por fim, um reflexo negativo da ausência de simplicidade em um indicador de desempenho é a dificuldade de apresentá-lo e fazê-lo ser compreendido – condição fundamental para sua implementação. c) Confiabilidade: Um bom indicador de desempenho deve inspirar confiança no gestor. Para tanto, deve assentar-se em dados corretos, em um fluxo de produção estável e em uma periodicidade regular. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 16 d) Perenidade: Segundo esse atributo desejado, o indicador deve apresentar uma arquitetura constitutiva que sofra transformações mínimas, preferencialmente inexistentes, por longos períodos de tempo. O fundamento dessa restrição reside na necessária utilização de indicadores para análise de séries temporais, algo que resulta inviabilizado nos casos de alterações procedidas com frequência na sua estrutura e componentes. Diante disso, com mais ênfase se impõe a análise profunda dos processos de trabalho como fase precedente à concepção dos indicadores. e) Consistência: A consistência denota a necessidade de o indicador contemplar relações verdadeiras entre suas variáveis componentes, evitando-se incidir em uma estrutura que relacione variáveis que integrem dimensões dissociadas do fenômeno cujo resultado constitua objeto de análise. Deve ser evitada, ainda, por motivos óbvios, a incorporação de variáveis que se afetam mutuamente e) Objetividade-subjetividade: Em se tratando de gestão de pessoas, notadamente no que diz com o esforço de emissão de juízo acerca do desempenho dos indivíduos e ambiente de trabalho, não há como desviar da discussão objetividade-subjetividade. É comum ouvir dos gestores, notadamente nas fases iniciais de exposição aos processos de avaliação de desempenho, o pleito por um instrumento mais objetivo ou que contenha critérios objetivos para a avaliação. 5 Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores No que se refere ao conceito de cargo, Mello (2005) define cargos públicos como sendo as mais simples e indivisíveis unidades de competências manifestada por um agente, tendo previsão em número certo, denominação própria e correspondido por pessoas jurídicas de direito público e criadas por lei. De acordo com Oliveira e Medeiros (2016), os ocupantes de cargos executam tarefas, e ainda função corresponde a um conjunto de atribuições ou tarefas que são exercidas por estes. O autor ressalta que um mesmo cargo pode ter ocupantes diferentes, conforme o sistema de remuneração que a organização adota, aos quais são atribuídos grupos de tarefas diferentes. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 17 Oliveira e Medeiros (2016) afirmam que a sequência pode ser estabelecida do mais amplo para o mais restrito, conforme pode ser observado na Figura 01. Figura 01 – Cargo, Função e Tarefa Fonte: Oliveira e Medeiros (2016, p. 46) Oliveira e Medeiros (2016) asseveram que a distribuição de funções e tarefas pode ser mais ou menos flexívelsegundo o modelo de desenho de cargos que prevalece na organização, sendo que quando se trata de setor público, tal flexibilização é menor e isso pode ser piorado em parte por conta da grande especialização que qualifica os cargos, pois quanto mais segmentado e especializado, maior a facilidade de ser descrito em lei e de apresentar subjetividade. No que se refere ao desenho de cargos, Oliveira e Medeiros (2016) afirmam que este corresponde ao processo de evidenciação de particularidades do conteúdo do cargo, dos seus métodos de trabalho e das suas relações com os demais cargos, e isso precisa buscar satisfazer a requisitos organizacionais, sociais e do ocupante, envolvendo a descrição e especificações do cargo. Nesse sentido, Bergue (2020, p. 257-258) define cargo público como “a estrutura formal básica do arranjo organizacional, a unidade fundamental que dá forma e limites à dinâmica do aparelho administrativo”. O autor destaca que sob uma ótica gerencial, no entanto, o cargo corresponde à “composição de todas as atividades que podem ser desempenhadas por uma pessoa reunidas em uma posição formar na estrutura organizacional”. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 18 De acordo com os parâmetros constitucionais e legais, segundo Bergue (2020), os cargos públicos são criados em número certo de vagas, denominação e remuneração fixadas em lei, e podem ser desdobrados em cargos e empregos públicos, segundo a natureza do vínculo jurídico que liga o ocupante à administração pública, sendo respectivamente o institucional e o celetista. Bergue (2020) afirma que em decorrência disfuncional do princípio da divisão do trabalho, que em contextos históricos e operativos distintos responderam por relevantes incrementos nos níveis de produtividade individual e organizacional, a excessiva especialização de cargos públicos tem comprometido demasiadamente o bom funcionamento de estruturas administrativas nos momentos recentes, e com mais intensidade naquelas localidades de menor porte. De acordo com o autor, desenhar um cargo significa: a) definir sua esfera de competências, fundamentalmente pela descrição das atribuições que o compõem e passíveis de serem cometidas a seu ocupante; b) estipular nível mínimo de escolaridade ou habilitação específica. Especialmente, definir ou remeter para outra categoria de ato as competências requeridas para o desempenho das atividades inerentes ao exercício do cargo; c) fixar sua forma de remuneração; d) denominá-lo em consonância com sua natureza e particularidades. A definição da denominação de cargos, segundo Bergue (2020), encerra algumas particularidades, que caso não observadas, podem ocasionar problemas. O autor cita que precisa ser simples e inteligível, evitar gênero feminino, evitar denominação com complementos, tais como “II” ou “Auxiliar”. O autor ainda afirma que mesmo sendo singelo, vale destacar que a denominação do cargo, além de seus aspectos técnicos e operacionais, encerra um conteúdo subjetivo que possuem reflexo no status e estima das pessoas, sendo assim relevante assinalar algumas questões de ordem técnica que merecem registro, que são: a) A denominação do cargo ou emprego, precisa, na medida do possível sumarizar sua essência, em termos de atribuições; b) Evitar composições que comtemplem mais de dois termos; Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 19 c) Usar termos que valorizem o cargo. Bergue (2020) assevera que de fato, são poucos os casos em que é possível denominar um cargo com o uso de uma só palavra, como motorista por exemplo, o que não afasta, entretanto, a ocorrência de situações em que, mesmo havendo a possibilidade de simplificação, não raras vezes, os gestores públicos optam por fazer o oposto, como por exemplo: motorista de veículos leves, motorista de ambulância, motorista de caminhão, operador de equipamentos rodoviários, etc. Na mesma linha, segundo o autor, é possível observar também com relativa frequência, o emprego indiscriminado de termos como “auxiliar”, de modo que são criados cargos com denominação de auxiliares sem que existam os principais, como por exemplo o cargo de agente administrativo auxiliar, sem que exista o de agente administrativo. Portanto, segundo o autor, tais denominações, de forma a envolver composições e especializações, devem ser usadas tão somente quando forem efetivamente necessárias. O cargo, conforme Bergue (2020), corresponde a um atributo de status na organização, e portanto, pode, sem excessos, chegar a um grau de valorização das posições na estrutura de cargos, evitando denominações marcadas negativamente pelo senso comum, como por exemplo serviços gerais, operário, servente, auxiliar de administração, etc. Tais denominações, segundo o autor, em que pese a tradição até mesmo a facilidade em termos de identidade do cargo com suas atribuições, podem causar nas pessoas uma ideia de reduzido prestígio ou posição subordinada quando se trata de status organizacional. De acordo com Bergue (2020), “Uma vez identificada a composição básica de cargos necessários ao funcionamento da organização pública, estruturada segundo suas efetivas necessidades, segue-se o desenho particularizado dos cargos”. O autor ainda afirma que tal tarefa provoca, primeiramente, a definição da sua esfera de competências, fundamentada na descrição do cargo. Ao ser considerada a realidade da maioria das organizações públicas, que são os pequenos municípios, segundo Bergue (2020), é evidente que a administração não possui uma estrutura de cargos muito especializada, e além disso, a análise pormenorizada dos processos administrativos e operacionais internos ao Poder Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 20 Executivo aponta para a necessidade de uma estrutura formada por cargos ou empregos, tanto mais amplos, quanto possível. Bergue (2020) ressalta que é comum na formulação de planos de cargos e carreiras na administração pública, especialmente quando se refere à esfera municipal, a reprodução de modelos usados em outras entidades ou órgãos, sobre os quais são realizados ajustes adaptativos, e assim, a relevância da noção de singularidade organizacional, é minimizada. De acordo com o autor, essa tendência à adotar uma postura reprodutivista das experiências exógenas possui causas bastante conhecidas, que entre outras, são as seguintes: a) a ausência de capacitação técnica para a produção de soluções próprias; b) a comodidade de receber uma ideia acabada; c) a crença na capacidade técnica de produções exteriores à organização (exacerbada valorização do estrangeiro); d) o imediatismo. Ainda, no que se refere à formulação de estrutura de cargos e carreiras, Bergue (2020) afirma que impõe-se a reflexão sobre determinados paradigmas que têm qualificado a gestão de pessoas no setor público até este início do século XXI e comprometido demasiadamente, o desenvolvimento da gestão de pessoas nas organizações públicas, e destes, dois pressupostos merecem destaque: a) Especialização: ainda que não seja o mais importante, possui adequada explicação se considerado o período e as condicionantes históricas que estabeleceram sua origem e ascensão. Dispensa maior esforço de argumentação o convencimento sobre o acentuado nível de especialização formal, que marca parcela representativa das estruturas de cargos e empregos na administração pública. Esse caráter segmentado das ações, e, sobretudo, da atuação das pessoas, reflete-se não apenas na qualidade dos produtos do Poder Público, mas também nos custos associados à sua produção. Tal pressuposto faz acreditar que uma estruturade cargos deve contemplar um grande número de cargos diferentes; e quanto mais especializados – restritos – forem os cargos, tanto melhor. Ainda de acordo com esse pressuposto, quando Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 21 uma nova atribuição é incorporada à organização, um novo cargo precisa ser gerado para o enfrentamento da demanda emergente; b) Exclusividade das atribuições possui relação com o anterior e reforça a crença de que as atribuições que estão previstas para um cargo são exclusivas daquele cargo e não podem estar formalmente previstas em outro. O pressuposto de fundo, nesse caso, corresponde ao da divisão do trabalho, promovendo sentido de que a atribuição que pertence a um cargo não pode pertencer também a outro. Segundo Bergue (2020) os cargos comissionados correspondem a estruturas funcionais autônomas, passíveis de serem preenchidas por indivíduo que não possuem vínculo laboral anterior e permanente com o ente ou órgão, ao passo que as funções de confiança são um agregado de atribuições, adicionadas à pessoa designada, já investida em cargo de provimento efetivo. Segundo Oliveira e Medeiros (2016) a descrição e as especificações de cargo possuem diversos usos nos processos de Gestão de Pessoas, sendo eles: a) Recrutamento e seleção; b) Planejamento de carreira; c) Treinamento e desenvolvimento; d) Avaliação de desempenho; e) Remuneração; f) Higiene e segurança no trabalho. Considerando tais usos, conforme assevera Oliveira e Medeiros (2016) é possível ver o desenho de cargos como um provedor de informações ao planejamento de outros processos que precisam estar ordenados com o planejamento estratégico organizacional. Segundo Oliveira e Medeiros (2016) o desenho do cargo precisa ser formalizado em manuais administrativos designado ao servidor e ao gestor público. De acordo com Gestão de Pessoas na Administração Pública | Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores www.faculdadefocus.com.br | 22 os autores, na medida do possível, os textos legais levam uma normatização hierarquicamente menor do que a lei que disciplina o cargo. Bergue (2020) qualifica as pessoas no serviço público como agentes públicos, e além destes, reconhecem uma perspectiva mais ampla que incorpora especificidades, e apresenta os seguintes: a) Consultores: profissionais especializados contratados por meio de editais de seleção pública, por intermédio de organismos internacionais como o PNUD. Tais organismos, recebem, mediante transferência, recursos do governo federal pagam o prestador de serviço especializado; b) Estagiários: estudantes contratados nos termos da Lei Federal nº 11.788/2008 e legislação ou normativas complementares, inclusive regulamentadoras dos processos de admissão, por meio de seleção pública, mediante provas, que é a mais desejável, ou por análise de currículos, critérios estes que são garantidores da moralidade e da isonomia de acesso à oportunidade de estagiar nos órgãos e entidades da administração pública. Tais pessoas, por conta da precariedade do vínculo e da natureza da sua relação com a administração pública, não raramente executam papel relevante nos arranjos de trabalho das organizações públicas; c) Agentes prestadores de serviços terceirizados: são aqueles que trabalham na administração pública contratados de uma empresa licitada na forma da lei para a execução de atividades-meio cujo dimensionamento e sazonalidade desaconselham a admissão de servidor em caráter efetivo. Exemplos de casos são os serviços de segurança, recepção, copeiragem, manutenção, motoristas, contínuos, etc.; d) Servidores voluntários: correspondem a uma categoria emergente de atenção para a gestão de pessoas no setor público. Com o surgimento do programa de voluntariado destinado a receber o retorno de servidores aposentados, especialmente para atividades de assessoramento ou como educadores em cursos de capacitação, a dinâmica de pessoas nas organizações públicas passou a valer-se de um novo ingrediente dotado de especificidades que o particulariza. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 23 Assim, segundo Bergue (2020), quando se fala de pessoas, trata-se de um arranjo heterogêneo de laços institucionais, de padrões remuneratórios, de graus de engajamento, de níveis de estabilidade, e acima de tudo, de interesses pessoais, mas que compõe a essência do processo de produção de valor público. De acordo com o autor, independente da natureza do vínculo estabelecido entre tais atores e a organização, o que se sabe é que são nucleares na organização. 6 Carreiras No que se refere à carreiras, de acordo com Bergue (2020), o critério de antiguidade, não pode ou não deve ser afastado, haja visto que é reconhecido como necessário, considerando o fato que valorizar o tempo de serviço público incorre, por via paralela, reconhecer o valor da experiência. De acordo com o autor (p. 261), “Em face disso, pode-se pensar em introduzir intensidades diferentes para as ascensões por merecimento (maior) e por antiguidade (menor). A estruturação de carreiras, conforme Bergue (2020), corresponde a um dos esforços mais complexos quando se trata de gestão de pessoas no setor público, sendo tal fato explicado porque sabidamente as possibilidades para a definição de mecanismos de ascensão nessa esfera são sensivelmente diferentes das inerentes ao setor privado. O autor afirma que o principal fator que limita a construção de carreiras no setor público é o impositivo constitucional contido no inciso II do art. 37 da Constituição Federal, de que o concurso público é um requisito prévio à investidura em cargo ou emprego público. Ainda, segundo o autor (p. 262), “A despeito de ser fator restritivo à formulação de carreiras nos moldes por vezes existentes em organizações do setor privado, o referido instituto não é um obstáculo que inviabilize o conceito de carreira no setor público”. Bergue (2020) ressalta que uma carreira não deve ser entendida como uma sucessão de cargos isolados, que de fato os cargos estruturados em carreiras apresentam caraterísticas peculiares, que fazem com que toda a carreira (conjunto de cargos especificados por classes), para fins de análise de compatibilidade com o ordenamento constitucional, tenha a possibilidade de ser comparado com um cargo isolado. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 24 Bergue (2020, p. 262) conceitua as classes, que são “os elementos que diferenciam as unidades fundamentais componentes das carreiras”. Portanto, segundo o autor, um cargo escalonado em carreira, possui seus estágios evolutivos, que são degraus da carreira, definidos por classes. Assim, o autor afirma que uma carreira pode ser definida como um conjunto de cargos afins, dispostos em posições ordenadas de acordo com uma trajetória evolutiva crescente de variação das exigências solicitadas para ascensão. Sob a perspectiva das atividades ligadas aos cargos em carreira, de acordo com Bergue (2020), pode-se afirmar ainda que, em consequência dos parâmetros crescentes de exigência quando se trata de competências necessárias ao seu exercício, os estágios de ascensão podem apresentar um respectivo incremento quantitativo e qualitativo de atribuições. Assim, o autor (p. 262) assevera que: é possível conceber um conceito ampliado de carreira, capaz de contemplar efetivo incremento de atribuições e responsabilidades em perfeita consonância com a tradicional curva ascendente dos níveis de remuneração associados às suas unidades básicas constitutivas – os cargos. Geralmente, conforme Bergue (2020), assiste-se a situações em que a formatação de carreiras comportam apenas padrões remuneratórios diferentesentre as classes, restando, portanto, carentes do real propósito de existirem, qual seja, o de sinalizar um percurso capaz de incentivar o desenvolvimento pessoal e profissional dos agentes públicos. No centro da noção de carreira, segundo Bergue (2020), e definindo o horizonte e os limites de sua concepção, encontra-se o conceito de cargo. De acordo com o autor, nessa perspectiva ampliada de carreira, considerando seu diferencial quantitativo e qualitativo quando trata-se de conteúdo, se faz necessário determinar formalmente, a exemplo dos cargos, as esferas de competência e requisitos para ascensão, além da remuneração. Para fins de previsão normativa, Bergue (2020) cita que os cargos e empregos públicos são esferas de competência funcional incorporadas por um conjunto de atribuições e Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 25 responsabilidades passíveis de serem atribuídas aos servidores neles investidos, dotados de denominação própria, número certo de vagas e retribuições pecuniárias estabelecidas de acordo com os estágios a correspondente carreira, ao passo que a carreira, geralmente é tida como a ordenação sequencial de cargos especificada por níveis e classes. Outro conceito relevante, segundo Bergue (2020), que decorre diretamente da noção de carreira é o de promoção. Para o autor (2020, p. 263), “A promoção pode ser entendida como a evolução do servidor nos níveis e classes da carreira, processada por antiguidade ou merecimento, observando-se, nesse caso, os critérios de qualificação e eficiência funcional”. Outro conceito que se destaca são os níveis, que segundo Bergue (2020), correspondem a gradientes remuneratórios ligados a um cargo, cuja progressão é, em geral, associada à obtenção de diferenciais no grau de escolaridade e habilitação por parte do servidor. Por outro lado, o autor ressalta que as classes são gradientes remuneratórios vinculados a um cargo, cujo avanço é definido pelo desempenho do servidor de acordo com critérios de eficiência funcional. Para Bergue (2020), a eficiência funcional deve ser medida observando os seguintes parâmetros: a) alcance de metas de produtividade; b) assiduidade, pontualidade e outros aspectos relacionados. O critério de qualificação funcional, conforme ressalta Bergue (2020) trata-se da obtenção de titulação, habilidades ou competências específicas determinadas como requisitos essenciais de promoção nos níveis da carreira e fixadas nos desenhos de cargo. O autor destaca que a qualificação funcional pode ser demonstrada segundo três categorias distintas, que são: a) a titulação (envolvendo a formação acadêmica ou técnica específica); Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 26 b) a escolaridade (que define o estágio de desenvolvimento na trajetória de escolarização formal); c) a habilitação (que comprova o atendimento de requisitos específicos, tais como categoria de CNH, registro em órgãos de classes, etc.). A eficiência funcional, por sua vez, conforme Bergue (2020) trata-se, de critério relacionado ao desempenho do agente público no exercício do cargo em que esteja investido, a ser devidamente demonstrado por meio de processo de avaliação formal procedido na forma de regulamento próprio. Segundo o autor, sob a ótica da formalização das carreiras, exige-se referir a possibilidade de sua fixação na descrição dos cargos, detalhando-se as condições de investidura em cada classe ou nível, tal como, pode- se visualizar, exemplificativamente, na Figura 2. Figura 2 – Exemplo de carreira I - Denominação Agente Administrativo II - Provimento Efetivo III - Atribuições • atuar no apoio administrativo dos órgãos que integram a administração pública • desenvolver estudos técnicos relativos às áreas meio e fim de atuação do ente ou órgão • emitir informações e pareceres técnicos em conformidade com as exigências de sua área de atuação • efetuar análises técnicas de atividades relativas às áreas meio e fim de atuação do órgão • realizar atividades de controle dos processos e das rotinas de trabalho no âmbito de sua competência • estabelecer e manter contatos e fluxos de informações visando às ações de melhoria nos processos e nas rotinas de trabalho no âmbito de sua competência •desenvolver outras atividades correlatas IV – Requisitos para Investidura • Ensino fundamental • Quitação militar e eleitoral; • sanidade física e mental; • Idade mínima de 18 anos Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 27 V - C a rr e ir a s, c o e fi c ie n te s d e r e m u n e ra ç ã o e r e q u is it o s p a ra p ro m o ç ã o Níveis Classes A B C D I Ensino fundamental Coeficiente 1,00 Coeficiente 1,05 Coeficiente 1,10 Coeficiente 1,15 II Ensino médio Coeficiente 1,07 Coeficiente 1,12 Coeficiente 1,17 Coeficiente 1,22 III Ensino superior: Administração; Ciências Contábeis; Economia; Gestão Pública; Direito Coeficiente 1,14 Coeficiente 1,19 Coeficiente 1,24 Coeficiente 1,29 IV Pós-graduação: Administração; Gestão Pública; Ciências Contábeis; Economia; Direito Coeficiente 1,20 Coeficiente 1,25 Coeficiente 1,30 Coeficiente 1,35 Fonte: Bergue (2020, p. 265) Cargos de Comissão e Funções de Confiança Os cargos em comissão e as funções de confiança, segundo Bergue (2020), precisam ser utilizados exclusivamente para atividades de direção em geral, nas quais são incluídas, por conceito, chefia, e assessoramento. No que concerne a cargos em comissão e funções de confiança, a Constituição Federal diz o seguinte em seu artigo 37, inciso V: Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 28 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; De acordo com Bergue (2020), além do que é citado no parâmetro normativo, que limita a designação de agentes para o exercício dessas atividades, pode-se afirmar que no contexto preconizado pelo paradigma de administração pública em ascensão, que é o gerencial, resta reduzido espaço para designações procedidas fundamentalmente a partir de uma mentalidade patrimonialista. O autor menciona que nesse cenário, passa a ser exigido das administrações públicas uma postura mais profissional, que impõe ao gestor público com mais intensidade a busca da confluência entre a confiança pessoal e os critérios técnicos. Segundo Bergue (2020), da mesma forma que os cargos de provimento efetivo e empregos públicos, os cargos em comissão e as funções de confiança comportam uma respectiva “descrição” e “especificação” dadas as particularidades do seu exercício. De acordo com o autor, mesmo não sendo muito usuais, as descrições de CCs e Funções de Confiança podem representar, sob a ótica técnica, uma evolução relevante, principalmente no que concerne ao desempenho dos cargos diretivos de assessoramento. Ainda, o autor destaca que no que refere-se à sua denominação, cargos e funções de confiança precisam mostrar o exercício de posição de chefia ou assessoramento, nada havendo em objeção a especificações que evidenciem o exercício de atividades técnicas, como por exemplo:assessor de planejamento, chefe de departamento e dirigente de setor. No que se refere às descrições de atribuições e requisitos para investidura, conforme afirma Bergue (2020), mesmo com a existência de tensões contrárias à sua formalização, compreende-se serem necessárias e convergentes com o paradigma emergente de gestão pública, que favorece a profissionalização e qualificação do aparelho administrativo estatal. De fato, segundo o autor, a determinação de Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 29 condições para a investidura em cargos comissionados e funções de confiança que ultrapassem os limites de confiança, requer da autoridade competente um significativo grau de desapego em relação às condicionantes políticas e relacionais, mas além disso, um forte compromisso junto à dimensão objetiva dos resultados das ações do governo. Bergue (2020) destaca como um fato o de que a natureza dos cargos de chefia e assessoramento requer intensa coincidência de interesses e compromissos que permeiam a esfera das relações pessoais, a confiança, entretanto, a essa deve ser adicionada a necessidade crescente de competências gerenciais (e técnicas, principalmente nas atividades de assessoramento), com a finalidade de que sejam atendidas outras dimensões do desempenho das pessoas nas organizações, que são traduzidas em indicadores de eficiência e eficácia. De forma resumida, segundo Bergue (2020), a escolha do designado para o exercício de tais atividades precisa combinar confiança e competência em medidas que sejam proporcionais, e jamais em prejuízo dessa última (competência). Para o autor, de forma geral, agir em prol do desenho de cargos ou funções de confiança, significa, em virtude da sua natureza peculiar, fundamentalmente: a) Determinar o conjunto de tarefas que o ocupante deverá desempenhar (conteúdo do cargo ou da função); b) Estabelecer as relações de responsabilidade e autoridade que envolvem o ocupante do cargo ou da função. Na Figura 03 é possível observar um exemplo de Cargo de Confiança ou Cargo Comissionado. Figura 03 – Exemplo de Cargo de Confiança ou Cargo Comissionado Coordenador Denominação: Coordenador Provimento: Função de confiança ou cargo comissionado Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 30 Padrão remuneratório: A Descrição sumária: Gerenciar unidades técnicas nas áreas meio e finalísticas da organização (ministério, secretaria, etc.) Descrição detalhada: - planejar as ações do órgão técnico, definindo metas e métodos de trabalho; - organizar os recursos humanos e materiais necessários ao desempenho das atividades de sua competência; - implementar as ações de gestão com vistas à consecução das metas de trabalho propostas; - promover ações de controle dos processos e rotinas de trabalho; - revisar instruções técnicas e informações em geral; - manter fluxo de informações destinadas à melhoria dos processos; - promover ações de melhoria e aperfeiçoamento dos processos e rotinas de trabalho; - desenvolver outras atividades correlatas à coordenação; Competências exigidas - domínio pleno do conteúdo técnico da área correspondente; - habilidades técnicas e humanas em grau elevado. Fonte: Bergue (2020, p. 296-297) Quando se trata de esfera local de governo, segundo Bergue (2020), o principal cargo comissionado de caráter diretivo corresponde ao de secretário municipal. De acordo com o autor, os secretários formam, em conjunto com a chefia do Executivo, o nível estratégico da administração, que é responsável pela elaboração e condução das políticas públicas locais. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Carreiras www.faculdadefocus.com.br | 31 No que concerne ao desenho do cargo em comissão de secretário de governo, de acordo com Bergue (2020), são válidas as considerações gerais formuladas para as demais células funcionais de tal natureza, circundando denominação e atribuições gerais fixadas no plano legal. Segundo o autor, por outro lado, a configuração das atribuições ligadas ao cargo de secretário, precisa compreender aspectos específicos de ordem administrativa, com normatização contemplada em manual instituído por decreto executivo. Na Figura 04 apresenta-se um modelo de desenho do cargo de secretário de governo e a definição de sua esfera de atuação. Figura 04 – Modelo de Desenho de Cargo de Secretário de Governo Dimensões do desenho do cargo comissionado de secretário de governo Instrumento de formalização Dimensão Legal 1. Denominação: secretário de governo 2. Atribuições gerais: • elaborar as diretrizes setoriais em conformidade com o plano geral de governo (Plano estratégico, PPA e LOA); • estruturar e instrumentalizar a correspondente área em razão dos objetivos de governo definidos; • dirigir o órgão setorial de forma articulada com as demais áreas de governo; • acompanhar as ações e programas setoriais de governo; • avaliar as ações de governo e propor medidas de melhoria e correção de desvios; • desenvolver, mediante delegação da chefia do Executivo, outras atividades específicas Lei Dimensão Administrativa 1. Denominação: secretário de governo 2. Área: Educação 3. Atribuições específicas: Manuais Gestão de Pessoas na Administração Pública | Capacitação www.faculdadefocus.com.br | 32 • realizar o planejamento geral das ações de governo na área da educação; • articular as ações de governo com os demais municípios da região; • elaborar estudos de racionalização dos recursos públicos aplicados em educação; • desenvolver projetos na área de educação e captação de recursos; • integrar as ações de educação com as demais áreas da administração pública, especialmente quanto ao planejamento e controle dos programas de governo; • outras. administrativos instituídos mediante decreto executivo (com amparo legal) Fonte: Bergue (2020, p. 298) 7 Capacitação De acordo com Bergue (2020), as organizações públicas, no processo de produção de valor público, são intensivas em pessoas, e tais pessoas, em boa parte, usam como principal recursos de produção o conhecimento, sendo que esse conhecimento decorre do processo científico, e em sentido amplo, é disseminado e obtido nos processos de aprendizagem. A obtenção das competências, segundo Bergue (2020), que compõe-se de conhecimentos, habilidades e atitudes suficientes à elevação da efetividade do trabalho pode se processar a partir de três categorias de ações de capacitação, que são treinamento, desenvolvimento e educação: a) Treinamento: São consideradas as que possuem orientação predominantemente operacional disposta na transmissão de competências que habilitam a desempenhar atividades ou modificar a forma de realizá-las, sendo um processo que dispõe seus fundamentos numa lógica mecanicista de produção de valor influenciada pelos pressupostos da administração científica, cujas bases são lançadas no final do século XIX; Gestão de Pessoas na Administração Pública | Rotatividade de Pessoal www.faculdadefocus.com.br | 33 b) Desenvolvimento: São as voltadas à aquisição de competências de natureza técnica ou gerencial de maior densidade conceitual e na qual há forte exigência de exercícios de reflexão que conseguem promover o repensar de práticas e mudanças de atitudes, por meio de dissolução de crenças e valores inseridos na organização. São exemplos dessa modalidade os cursos de aperfeiçoamento, de extensão e de desenvolvimento de lideranças; c) Educação: Caracterizam-se por processos de mais longo prazo de execução, de maturação e por consequência, de percepção de resultados. As atividades dessa categoria requerem capacidade de aprender a aprender, que fomentam o senso de aprendizagemcontínua e são atividades que envolvem algum tipo de pesquisa ou de produção intelectual, que exigem maior grau de autonomia e de envolvimento por conta do educando. São exemplos cursos de graduação e pós-graduação em seus mais diversos níveis, o que exige da organização normatização que consolide uma política de gestão de pessoas que contemple claramente objetivos, condições, critérios de seleção, de participação e de financiamento, expectativas institucionais, resultados e mecanismos e disseminação e apropriação do conhecimento produzido. 8 Rotatividade de Pessoal O fato de assumir parâmetros temporais mais elásticos, segundo Bergue (2020), no intuito de pensar a dinâmica das pessoas nas organizações exige também que se atente para aspectos que incidem sobre a trajetória de vida laboral, como é o caso da rotatividade de pessoas. Bergue (2020) assevera que a rotatividade tem assumido lugar de destaque no que se refere à pauta de preocupações dos gestores públicos, especialmente nas áreas de gestão de pessoas, com a emergência de fenômenos como a “indústria dos concursos” (cursos, materiais, professores) e dos “concurseiros” (candidatos). De acordo com o autor, essa é, porém, uma das expressões de um movimento que deve ser compreendido sob uma perspectiva mais ampla, que envolvem, além desses, outros aspectos e atores relevantes, entre eles: a) o contexto sociopolítico e econômico do país e no cenário mundial; b) o movimento de recomposição da força de trabalho no setor público; Gestão de Pessoas na Administração Pública | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 34 c) a exacerbação das expressões da sociedade de consumo, que privilegia a renda; d) o impulso pessoal e legítimo das pessoas em busca de status e realização que carreiras melhores oferecem; e) os aspectos positivos que a rotatividade enseja. De fato, segundo Bergue (2020), o país tem vivenciado nas últimas décadas, um movimento de fortalecimento econômico, formado por estabilização, crescimento e desenvolvimento, com forte repercussão na dinâmica social e no reposicionamento das instituições e, nesse aspecto, as instituições políticas e instâncias administrativas do estado, passam, em diferentes níveis de intensidade, por crises de legitimidade e redefinições de suas estruturas perante à sociedade. O autor afirma que também como recurso de sobrevivência, com vistas a legitimidade, as estruturas estatais devolvem para a sociedade uma parcela de poder e instrumentos para ação, e esta por sua vez, passa a interagir, e requer mais tanto quantitativamente, quanto qualitativamente. Bergue (2020) assevera que tal rearranjo das ofertas do poder público proporciona, entre outros pontos, que seja repensada a capacidade do Estado de fazer frente às demandas e operar políticas públicas. De acordo com o autor: Essa retomada de capacidade de gestão do ciclo de políticas públicas tem como um de seus esteios a força de trabalho – com feições sensivelmente distintas daquelas que conformavam o serviço público no passado, e que respondiam às especificidades daqueles momentos históricos. Vêm emergindo nesse contexto as carreiras estratégicas, a recomposição de quadros e de pessoal, as remodelações das estruturas de remuneração, as exigências de competências e as capacitações, entre outros aspectos. 9 Referências Bibliográficas BERGUE, Sandro Trescastro. Gestão Estratégica de Pessoas no Setor Público. Belo Horizonte: Forum, 2020. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 35 CAMÕES, Marizaura Reis de Souza Organizadora; PANTOJA, Maria Júlia Organizadora; BERGUE, Sandro Trescastro Organizador. Gestão de pessoas: bases teóricas e experiências no setor público. 2010. ODELIUS, Cecilia. Gestão de Desempenho Profissional: Conhecimento Acumulado, Características Desejadas ao Sistema e Desafios a Superar. Capítulo do Livro: CAMÕES, Marizaura Reis de Souza Organizadora; PANTOJA, Maria Júlia Organizadora; BERGUE, Sandro Trescastro Organizador. Gestão de pessoas: bases teóricas e experiências no setor público. 2010. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2005. OLIVEIRA, José Arimatés. MEDEIROS, Maria da Penha Machado. Gestão de Pessoas no Setor Público. 2ª edição. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2016. SILVA, Ana Cristina Monteiro de Andrade. Gestão de Pessoas no Setor Público: Uma experiência do Poder Judiciário. Alteridade Editora, 2020. Gestão de Pessoas na Administração Pública | Referências Bibliográficas www.faculdadefocus.com.br | 36 Palavra do Diretor Coordenador do Curso Sumário 1 Contexto Atual da Gestão de Pessoas no Setor Público 2 Regimes Jurídico e Previdenciário 3 Avaliação de Desempenho 4 Gestão de Desempenho Profissional 5 Cargos, Carreiras e Admissão de Servidores 6 Carreiras 7 Capacitação 8 Rotatividade de Pessoal 9 Referências Bibliográficas