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COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO FUN CÁLCULO TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS JOÃO CARLOS MOREIRA COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO CÁLCULO TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO CÁLCULO TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO JOÃO CARLOS MOREIRA Professor do Instituto de Ciências Exatas e Naturais - ICENP Universidade Federal de Uberlândia EDITORA LIVRARIA ESCOLA DE MATEMÁTICA COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO Copyright © 2020 by João Carlos Moreira CAPA: João Carlos Moreira EDITOR: João Carlos Moreira DIAGRAMAÇÃO: João Carlos Moreira DISTRIBUIÇÃO: Editora Livraria Escola de Matemática COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios empregados sem a permissão expressa da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1988. Impresso no Brasil / Printed in Brazil COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO Para todos os meus alunos, com carinho. João Carlos Moreira COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO Prefácio Este livro é fruto de um projeto intitulado Escola de Cálculo, criado em 2013, com o intuito de colaborar na melhoria do ensino e do aprendizado de Cálculo e suas aplicações. A metodologia de ensino é baseada na teoria de sistemas matemáticos e no desenvolvimento de algoritmos. Esse material é inédito e propõe uma nova abordagem no ensino de matemática no Brasil. Agradeço a Deus pela missão educacional confiada a mim. Ituiutaba, inverno de 2020. João Carlos Moreira COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO Símbolos Símbolo Lê-se Exemplo Lê-se ∈ pertence 2 ∈ A O número dois pertence ao conjunto A. ∀ para todo (∀a)(a ∈ ℕ) Para todo a, a pertencente a ℕ. ∃ existe (∃x)(x ∈ A) Existe x, x pertencente ao conjunto A. ∃! existe um único (∃! x∗)(x∗ ∈ ℕ) Existe um único sucessor de x pertencente ao conjunto dos números naturais. ∧ e x ∧ y x e y ∨ ou (inclusivo) x ∨ y x ou y ∨ ou (exclusivo) x ∨ y x ou y ¬ não ¬(2 ∈ A) 2 não pertence ao conjunto A → implica 𝑃 → 𝑄 P implica Q ↔ se, e somente se 𝑃 ↔ 𝑄 P se, e somente se, Q COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO CÁLCULO TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS ORGANIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM Sumário 1 Abordagem Histórica 01 2 Abordagem Algébrica 00 2.1 Sistema matemático das funções algébricas 00 2.1.1 Representação das funções algébricas 00 2.1.2 As operações 00 2.1.3 As relações 00 2.1.4 Os axiomas 00 2.2 Teoria do cálculo infinitesimal 00 2.3 Teoria do cálculo diferencial 00 2.4 Teoria do Cálculo integral 00 3 Abordagem Geométrica 00 3.1 Representação das funções algébricas 00 3.2 Cálculo de perímetro 00 3.3 Cálculo de área 00 3.4 Cálculo de volume 00 4 Abordagem Computacional 00 COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 4.1 Representação das funções algébricas 00 4.2 Algoritmos 00 5 Abordagem Avançada 00 5.1 Teoremas 00 5.2 Conjecturas 00 5.3 Paradoxos 00 6 Resolução de Problemas 00 6.1 Abordagem histórica 00 6.2 Abordagem algébrica 00 6.2.1 Conceitos primitivos e derivados 00 6.2.2 Prática intuitiva 00 6.2.3 Prática formal 00 6.3 Abordagem geométrica 00 6.3.1 Conceitos primitivos e derivados 00 6.3.2 Prática intuitiva 00 6.3.3 Prática formal 00 6.4 Abordagem Computacional 00 6.4.1 Conceitos primitivos e derivados 00 6.4.2 Prática intuitiva 00 6.4.3 Prática formal 00 7 Referências Bibliográficas 00 COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 1 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA Fig 1. Isaac Newton ABORDAGEM HISTÓRICA TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS | ESCOLA DE CÁLCULO 1 Isaac Newton (1643 – 1727) foi o maior matemático inglês de sua geração. Dentre suas contribuições, destacamos o cálculo diferencial e integral, seus trabalhos em óptica e gravitação. 1 A palavra cálculo deriva do latim, e significa pequena pedra, como a usada em um ábaco. 2 As origens do cálculo e das funções algébricas, remontam as civilizações babilônica e egípcia, notadamente em problemas envolvendo cálculos de áreas e de volumes, mas sem destacar um método efetivo. 3 Cálculos de áreas e volumes envolvendo solução de equações algébricas, apareceram pela primeira vez na Mesopotâmia. Sabemos que esses povos já tinham o conhecimento do teorema de Pitágoras, conforme observado em tabletes de argila. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 2 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 4 As civilizações egípcia e grega também contribuíram com o desenvolvimento de métodos de solução para as equações algébricas, notadamente as polinomiais. 6 O próximo passo, foi desenvolver um algoritmo para a solução geral das equações polinomiais de terceiro e quarto grau. No entanto, essa tarefa não foi nada fácil. Os babilônicos, egípcios, gregos e árabes conseguiram resolver algumas equações polinomiais de terceiro grau, muito particulares. Vários matemáticos como Wang Xiatong (580-640), Omar Khayyam (1048-1131), Leonardo de Pisa (1170-1240), Luca Pacioli (1415-1492), contribuíram para resolver as equações polinomiais de terceiro e quarto grau. 7 Scipione Del Ferro (1465-1526), Nicolo Tartaglia (1500-1557), Girolamo Cardano (1501-1576) e Ludovico Ferrari (1522-1565), Fig.2. Yale Collection #7289 5 Na Grécia antiga, Eudoxus (c. 408-355 a.C) desenvolve o método da exaustão, que foi descoberto mais tarde (século III) na China por Liu Hui (c. 220-280), o mesmo aproximava uma determinada área por uma sequência de áreas de regiões poligonais e prefigura os conceitos de limite e integral da era moderna. Os gregos foram os primeiros a introduzir a ideia de prova, embora ainda vinculada a geometria. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 3 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 8 Rafael Bombelli (1526-1572), François Viète (1540-1603), Albert Girard (1595-1632) e René Descartes (1596-1650) contribuíram para a descoberta da solução geral, incluindo as complexas, das equações polinomiais. 9 Em paralelo, Isaac Newton (1643 – 1727) e Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716) criam a teoria do cálculodiferencial e integral. 10 Leonhard Euler (1707-1783) em 1742 enunciou que uma expressão polinomial com coeficientes reais pode ser fatorada como um produto de fatores lineares e fatores quadráticos, mas não conseguiu uma prova completa deste fato. Euler provou que toda função polinomial de grau 𝑛 ≤ 6, possui exatamente 𝑛 raízes complexas. 11 Em 1746, Jean d’Alembert (1717-1783) pesquisando um método para integrar uma função racional com coeficientes reais (o hoje denominado Método das Frações Parciais), encontra uma demonstração difícil do TFA e que continha um erro que só em 1851 seria corrigido, por V. Puiseux (1820-1883). Devido a tal demonstração, na literatura francesa, o Teorema Fundamental da Álgebra (TFA) é chamado Teorema de d’Alembert. 12 O Teorema Fundamental da Álgebra (TFA), é considerado por muitos o início da álgebra moderna. deram contribuições efetivas para se obter a solução geral das equações polinomiais de terceiro e quarto grau. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 4 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 13 Car Friedrich Gauss (1777-1855), em sua tese de doutorado de 1799, apresenta uma prova do TFA que é considerada por muitos realmente a primeira. O argumento principal usado, que difere das demais provas, era o fato de que era sempre suposta a existência das raízes e em seguida deduzia-se algumas de suas propriedades. Outras demonstrações surgiram mais tarde, inclusive do próprio Gauss. 14 Paolo Ruffini (1765-1822), Niels Abel (1802-1829) e Évariste Galois (1811-1832), foram grandes colaboradores para estabelecer em 1824 uma prova que não há uma solução geral, através de radicais, para as equações de grau cinco e superiores e em 1830 um critério geral para solução de equações algébricas por radicais. Em alguns casos, foi necessário recorrermos a métodos numéricos para encontrarmos soluções aproximadas. 15 Podemos olhar o surgimento das funções racionais como uma extensão natural das funções polinomiais; isto é, como um corpo de frações do domínio de integridade das funções polinomiais ou como uma subclasse das funções algébricas. 16 O desenvolvimento da teoria das equações algébricas com várias variáveis impulsionou o estudo de sistemas lineares que resultou na introdução dos conceitos de matriz e determinantes. Mais tarde o estudo de matriz se tornou independente, a álgebra matricial. 17 O desenvolvimento da teoria das funções algébricas pode ser compreendido a partir de três diferentes pontos de vista. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 5 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 18 Do ponto de vista teórico funcional das funções algébricas, destacamos N.H. Abel (1802-1829), K. Weierstrass (1815-1897) e B. Riemann (1826-1866). Por outro lado, do ponto de visto aritmético-algébrico, destacamos R. Dedekind (1831-1916), H.Weber (1843-1912) e K. Hensel (1861-1941). Por fim, do ponto de visto algébrico-geométrico destacamos A. Clebsch (1833-1872), M. Noether (1844-1921) e outros. 19 O conceito de funções algébricas é de fundamental importância na teoria das variedades algébricas. 20 A primeira direção da teoria das funções algébricas de uma única variável está conectada com o estudo de funções algébricas sobre o corpo dos números complexos, no qual elas são consideradas funções meromórficas em superfícies de Riemann e variedades complexas. Os métodos mais importantes aplicados são os métodos geométricos e topológicos da teoria das funções analíticas. 21 A abordagem aritmética-algébrica envolve o estudo de funções algébricas sobre campos arbitrários. Os métodos empregados são puramente algébricos e a teoria de campos é muito importante para a sua compreensão. 22 Na abordagem algébrica-geométrica as funções algébricas são estudadas por métodos da geometria algébrica, que é uma geometria que deriva da álgebra, em particular, de anéis. Na geometria algébrica clássica, utilizamos o anel de polinomiais. O conjunto de zeros das polinomiais são chamados de variedade algébrica. Para a equação polinomial 𝑥2 𝑎2 + 𝑦2 𝑏2 = 1, temos que suas raízes dá origem a uma variedade algébrica. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 6 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 23 No século XX, foi descoberto que as ideias da geometria algébrica clássica poderiam ser aplicadas a qualquer anel comutativo com unidade. Isso possibilitou que essa teoria pudesse ser aplicada em outras áreas da matemática, em particular na teoria dos números algébricos. No final do mesmo século foram desenvolvidos vários estudos levando em consideração anéis não comutativos e o desenvolvimento da geometria associadas a eles, chamada de geometria não comutativa. 24 Na prova do último teorema de Fermat, apresentada pelo matemático Andrew John Wiles em seu artigo Curvas elípticas modulares e o último teorema de Fermat, publicado nos Anais da matemática em 1995, ele usou resultados importantes da geometria algébrica. COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO 7 UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA [3] DOMINGUES, H. H. Fundamentos de aritmética. São Paulo: Atual, 1991. [4] LANG, S. Algebra. 3rd ed. USA: Springer, 2002. [5] VIANNA, J. J. Elementos de Arithmetica. 15 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1914. [6] WOODBURRY, G. Elementary Algebra. USA: Addison Wesley, 2009. [2] DESKINS, W. E. Abstract Algebra. New York: Dover Publicaitions, 1995. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS | ESCOLA DE CÁLCULO 2 [1] CHEVALLEY, C. Introduction to the theory of algebraic functions of one variable. New York: American Mathematic Society, p. 25, 1951. UMA NOVA ABORDAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA COLEÇÃO ESCOLA DE ÁLGEBRA 5 FUN CÁLCULO TEORIA DAS FUNÇÕES ALGÉBRICAS Natural de Garça, estado de São Paulo, bacharel em matemática pela Unesp - SP, especialista em matemática pelo IMPA-RJ, mestre em matemática aplicada pela UFRJ-RJ e doutor em matemática pela UFSCar-SP. Atualmente é professor associado na UFU-MG, campus de Ituiutaba. Sua área de pesquisa é Análise Aplicada. Fundou em 2013 a primeira Escola de Cálculo do país com sede na Universidade Federal de Uberlândia. JOÃO CARLOS MOREIRA COLEÇÃO ESCOLA DE CÁLCULO