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<p>1</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>Duração do Trabalho – Parte II</p><p>2</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>DIREITO DO TRABALHO .......................................................................................................................... 4</p><p>DURAÇÃO DO TRABALHO – PARTE II .................................................................................................. 4</p><p>RESUMO DA DOUTRINA ................................................................................................................................. 5</p><p>1. REGIME DE TEMPO PARCIAL ...................................................................................................................... 5</p><p>1.1. Salário proporcional ............................................................................................................................ 6</p><p>1.2. Adesão dos empregados atuais ao regime de tempo parcial ............................................................ 7</p><p>1.3. Adicional de horas extras .................................................................................................................... 8</p><p>1.4. Compensação de jornada .................................................................................................................... 8</p><p>1.5. Férias dos empregados em regime de tempo parcial ........................................................................ 8</p><p>2. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO ......................................................................................... 10</p><p>2.1. Fixação de jornada em turnos ininterruptos mediante negociação coletiva .................................. 12</p><p>3. TRABALHO NOTURNO .............................................................................................................................. 14</p><p>4. TRABALHO EXTRAORDINÁRIO .................................................................................................................. 17</p><p>4.1. Limite de tolerância (Reforma Trabalhista) ...................................................................................... 18</p><p>4.2. Acordo de prorrogação de jornada ................................................................................................... 20</p><p>4.3. Compensação de jornada (Reforma Trabalhista) ............................................................................. 20</p><p>4.4. Banco de horas (Reforma Trabalhista) ............................................................................................. 22</p><p>4.5. Prorrogação de jornada em atividade insalubre (Reforma Trabalhista) ......................................... 23</p><p>5. JORNADA 12 X 36 (REFORMA TRABALHISTA) .......................................................................................... 25</p><p>5.1. Intervalo intrajornada em jornada 12 x 36 ....................................................................................... 26</p><p>5.2. Trabalho no DSR e feriados ............................................................................................................... 27</p><p>5.3. Trabalho noturno em jornada 12 x 36 .............................................................................................. 28</p><p>5.4. Jornada 12x36 na legislação do doméstico ....................................................................................... 28</p><p>5.5. Jornada 12x12 dos profissionais da saúde durante a pandemia de coronavírus (MPs nº 927/2020</p><p>e 1.046/2021) ............................................................................................................................................ 29</p><p>6. PRORROGAÇÃO POR NECESSIDADE IMPERIOSA (REFORMA TRABALHISTA) ......................................... 30</p><p>6.1. Força maior ........................................................................................................................................ 30</p><p>6.2. Conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos ............................ 32</p><p>6.3. Recuperação de horas ....................................................................................................................... 33</p><p>QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................ 34</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>4</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>DURAÇÃO DO TRABALHO – PARTE II</p><p>TEMAS DO DIA</p><p>[DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO]</p><p>Duração do Trabalho. Parte II. Regime de tempo parcial. Turnos ininterruptos de revezamento. Trabalho</p><p>noturno. Trabalho extraordinário. Compensação de jornada. Banco de horas. Jornada 12x36. Prorrogação</p><p>por necessidade por imperiosa.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>5</p><p>RESUMO DA DOUTRINA</p><p>1. REGIME DE TEMPO PARCIAL</p><p>Regime de tempo parcial: foi inserido na CLT pela Medida Provisória nº 2.164-41/2001, como forma de</p><p>incentivar o aumento dos postos de trabalho. De acordo com a antiga redação do artigo em análise, admitia-</p><p>se a contratação por regime em tempo parcial, com duração máxima de 25 horas semanais, contanto que o</p><p>empregador não exigisse que o empregado prestasse horas extraordinárias. As horas suplementares iriam</p><p>contra o espírito da lei, pois seu objetivo era aumentar o número de contratações em razão da necessidade</p><p>de dois turnos de trabalho (CORREIA, 2021).</p><p>Reforma Trabalhista: A Reforma Trabalhista alterou profundamente a disciplina do assunto com a</p><p>modificação do art. 58-A da CLT:</p><p>Art. 58-A, CLT (acrescentado pela Lei nº 13.467/2017).</p><p>Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda</p><p>a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou,</p><p>ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a</p><p>possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais.</p><p>§ 1º. O salário a ser pago aos empregados sob o regime</p><p>de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que</p><p>cumprem, nas mesmas funções, tempo integral.</p><p>§ 2º. Para os atuais empregados, a adoção do regime de</p><p>tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma</p><p>prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva.</p><p>§ 3º. As horas suplementares à duração do trabalho</p><p>semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o</p><p>salário-hora normal.</p><p>§ 4º. Na hipótese de o contrato de trabalho em regime</p><p>de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais,</p><p>as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para fins</p><p>do pagamento estipulado no § 3º, estando também limitadas a seis horas</p><p>suplementares semanais.</p><p>§ 5º. As horas suplementares da jornada de trabalho</p><p>normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>6</p><p>posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento</p><p>do mês subsequente, caso não sejam compensadas.</p><p>§ 6º. É facultado ao empregado contratado sob regime</p><p>de tempo parcial converter um terço do período de férias a que tiver direito em</p><p>abono pecuniário.</p><p>§ 7º. As férias do regime de tempo parcial são regidas</p><p>pelo disposto no art. 130 desta Consolidação.</p><p>Modalidades de contratação: Com a nova redação dada ao “caput” do artigo, foram previstas duas</p><p>modalidades distintas de regime de tempo parcial:</p><p>a) Jornada de trabalho superior a 26 horas e limitada a 30 horas semanais: Nessa hipótese, não é</p><p>permitida a exigência de horas extras dos empregados. Note-se que houve ampliação da jornada de trabalho</p><p>para a configuração do regime de tempo parcial, passando de 25 horas semanais para o limite de até 30 horas.</p><p>Se houver trabalho, acima das 30 horas semanais permitidas, o empregador está obrigado ao pagamento do</p><p>valor da hora normal</p><p>de matéria prima,</p><p>é rurícola e não industriário, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria.</p><p>E) Segundo a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, aos ferroviários que trabalham</p><p>em estação do interior, assim classificadas por autoridade competente, não são devidas horas extras.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>A- OJ 60 SDI-I.</p><p>I - A hora noturna no regime de trabalho no porto, compreendida entre dezenove horas e sete horas do</p><p>dia seguinte, é de sessenta minutos.</p><p>II - Para o cálculo das horas extras prestadas pelos trabalhadores portuários, observar-se-á somente o</p><p>salário básico percebido, excluídos os adicionais de risco e produtividade. (ex-OJ nº 61 da SDI-1 - inserida</p><p>em 14.03.1994).</p><p>B- Precedente normativo nº 31 do TST.</p><p>Os tempos vagos (janelas) em que o professor ficar à disposição do curso serão remunerados como aula,</p><p>no limite de 1 (uma) hora diária por unidade.</p><p>C- PETROLEIROS. LEI Nº 5.811/72. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORAS EXTRAS E</p><p>ALTERAÇÃO DA JORNADA PARA HORÁRIO FIXO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 240 e 333</p><p>da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005</p><p>I - A Lei nº 5.811/1972 foi recepcionada pela CF/1988 no que se refere à duração da jornada de trabalho</p><p>em regime de revezamento dos petroleiros. (ex-OJ nº 240 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)</p><p>II - A previsão contida no art. 10 da Lei nº 5.811/1972, possibilitando a mudança do regime de revezamento</p><p>para horário fixo, constitui alteração lícita, não violando os arts. 468 da CLT e 7º, VI, da CF/1988. (ex-OJ nº</p><p>333 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003)</p><p>D- OJ 38 SDI-I.</p><p>O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao</p><p>manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não industriário, nos termos do Decreto n.º 73.626, de</p><p>12.02.1974, art. 2º, § 4º, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria. Assim,</p><p>aplica-se a prescrição própria dos rurícolas aos direitos desses empregados.</p><p>E- Súmula 61 do TST.</p><p>Aos ferroviários que trabalham em estação do interior, assim classificada por autoridade competente, não</p><p>são devidas horas extras (art. 243 da CLT).</p><p>GABARITO C</p><p>03 - TRT 14R - 2013 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Juiz do Trabalho</p><p>Observe as asserções abaixo e marque a única correta:</p><p>I. Existindo efetivo controle de horário, o empregado exercente de cargo de confiança não poderá ser excluído</p><p>das regras pertinentes às horas extras, sendo relevante perquirir, para tanto, acerca da existência de exercício</p><p>de comando ou direção.</p><p>II. Em razão do exercício do cargo de confiança, não é devido o adicional de transferência (25%) porque se</p><p>presume, em tal posição, a existência da possibilidade da transferência, especialmente em caso de empresas</p><p>com diversas filiais.</p><p>III. Nos termos da atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o gerente geral de agência bancária</p><p>tem direito ao pagamento de horas extras, desde que se trate das excedentes da 8ª diária.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>36</p><p>IV. Não excedendo de 6h (seis horas) o trabalho, será obrigatório um intervalo de 1h00 (uma hora) quando a</p><p>duração ultrapassar 4h (quatro horas).</p><p>A) Apenas o item I é verdadeiro.</p><p>B) Apenas o item II é verdadeiro.</p><p>C) Apenas o item III é verdadeiro.</p><p>D) Apenas o item IV é verdadeiro.</p><p>E) Todos os itens são falsos.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>Item I. ERRADO. Conforme art. 62, II da CLT, poderá ser excluído.</p><p>Item II. ERRADO. No caso de gerentes que, efetivamente, exercem a função de gestores, diretores e chefes,</p><p>que se a empresa não realiza controle de horário, tendo em vista que exercem cargo de gestão e de</p><p>confiança na empresa, igualmente não há obrigação de pagamento de horas extras.</p><p>Item III. ERRADO. SUM-287 JORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO (nova redação) - Res. 121/2003,</p><p>DJ 19, 20 e 21.11.2003</p><p>A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT.</p><p>Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-</p><p>se-lhe o art. 62 da CLT.</p><p>Item IV. ERRADO. Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é</p><p>obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma)</p><p>hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.</p><p>§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze)</p><p>minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.</p><p>GABARITO E</p><p>04. FCC - 2023 - TRT - 18ª Região (GO) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal</p><p>Mévio e a sua empregadora Restaurante Peixe na Telha pactuaram em acordo individual sistema de</p><p>compensação de horas extras em banco de horas. Para a licitude deste acordo, conforme o que normatiza a</p><p>Consolidação das Leis do Trabalho, o mesmo deve ter previsão de compensação de horas em até</p><p>A) doze meses, sendo que em caso de rescisão sem a total compensação, Mévio fará jus às horas extras não</p><p>compensadas calculadas com base no valor da remuneração na data da rescisão.</p><p>B) seis meses, sendo que em caso de rescisão sem a total compensação, Mévio fará jus às horas extras não</p><p>compensadas calculadas com base no valor da remuneração na data da prestação das horas extras.</p><p>C) seis meses, sendo que em caso de rescisão sem a total compensação, Mévio fará jus às horas extras não</p><p>compensadas calculadas com base no valor da remuneração na data da rescisão.</p><p>D) seis meses, sendo que em caso de rescisão sem a total compensação, Mévio não fará jus às horas extras</p><p>não compensadas.</p><p>E) doze meses, sendo que em caso de rescisão sem a total compensação, Mévio fará jus às horas extras não</p><p>compensadas calculadas com base no valor da remuneração na data da prestação das horas extras, sem direito</p><p>ao adicional.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de</p><p>duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>37</p><p>§ 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da</p><p>jornada extraordinária, na forma dos §§ 2 e 5 deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das</p><p>horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.</p><p>§ 5º O banco de horas de que trata o § 2deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito,</p><p>desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses.</p><p>GABARITO C</p><p>acrescida do respectivo adicional de, no mínimo, 50%, pois os empregados não podem</p><p>sofrer o prejuízo. Ademais, a empresa deverá ser multada pela fiscalização do trabalho por descumprimento</p><p>da legislação trabalhista.</p><p>b) Jornada de trabalho até 26 horas semanais: Se previstas jornadas de até 26 horas semanais, é</p><p>possível a prestação de até 6 horas extras semanais. Exemplo: Empregado é contratado para prestar 24 horas</p><p>extras semanais e, poderá em uma mesma semana, prestar 6 horas extras. Perceba que as horas extras</p><p>poderão ser prestadas inclusive se a jornada for inferior a 26 horas.</p><p>1.1. Salário proporcional</p><p>Salário proporcional: A remuneração dos empregados submetidos a regime de tempo parcial será</p><p>proporcional à remuneração recebida pelos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral.</p><p>O § 1º do art. 58-A da CLT não sofreu alterações pela Reforma Trabalhista. A utilização do trabalho em regime</p><p>de tempo parcial pode ser uma medida efetiva no combate ao desemprego, por proporcionar o aumento na</p><p>contratação diante da redução da jornada de trabalho.</p><p>Jornadas inferiores a 44 horas semanais: destaca-se que, mesmo antes das alterações promovidas pela</p><p>Reforma Trabalhista, já era permitida a contratação de trabalhadores em jornadas inferiores às 44 horas</p><p>semanais previstas na Constituição Federal que não se caracterizam como regime de tempo parcial. Nesse</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>7</p><p>caso, é possível, por exemplo, a contratação de um empregado com jornada de trabalho de 20 horas semanais</p><p>fora do regime de tempo parcial. Esse empregado pode prestar até 2 horas extras diárias, assim como os</p><p>demais empregados. Com o entendimento pacífico do TST, é possível o pagamento de seu salário proporcional</p><p>à jornada reduzida, ainda que inferior ao salário-mínimo:</p><p>OJ nº 358 da SDI-I do TST. Salário mínimo e piso salarial</p><p>proporcional à jornada reduzida. Empregado. Servidor público.</p><p>I – Havendo contratação para cumprimento de jornada</p><p>reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e</p><p>quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo</p><p>proporcional ao tempo trabalhado.</p><p>II – Na Administração Pública direta, autárquica e</p><p>fundacional não é válida remuneração de empregado público inferior ao salário</p><p>mínimo, ainda que cumpra jornada de trabalho reduzida. Precedentes do Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>Ocorre, entretanto, uma exceção referente aos empregados públicos da administração direta,</p><p>autárquica e fundacional, pois, ainda que cumpram jornada reduzida, tem direito ao recebimento de</p><p>remuneração nunca inferior ao salário-mínimo (OJ nº 358, II, da SDI-I do TST).</p><p>1.2. Adesão dos empregados atuais ao regime de tempo parcial</p><p>Adesão dos empregados atuais: O § 2º do art. 58-A da CLT traz interessante previsão que permite que</p><p>os atuais empregados da empresa possam aderir ao regime de tempo parcial desde que sejam atendidos dois</p><p>requisitos:</p><p>a) Consentimento do empregado: A adesão ao regime de tempo parcial deve ser precedida de</p><p>manifestação do trabalhador optando pela alteração de seu regime de trabalho. A legislação não exige</p><p>nenhuma formalidade para essa opção. Entretanto, para se evitar fraudes ou a alegação de vícios de</p><p>consentimento, entendemos que é recomendável registrar a solicitação do trabalhador de forma escrita;</p><p>b) Precedida de negociação coletiva: De acordo com o princípio da irredutibilidade salarial previsto no</p><p>art. 7º, IV, CF/88, é vedada a redução (diminuição) dos salários dos trabalhadores, exceto por convenção ou</p><p>acordo coletivo. Tendo em vista que a adesão ao regime de tempo parcial deve ocasionar o recebimento</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>8</p><p>proporcional do salário com a redução de jornada, é indispensável a participação do sindicato dos</p><p>trabalhadores em negociação coletiva autorizando a alteração de regime.</p><p>1.3. Adicional de horas extras</p><p>Adicional de horas extras: De acordo com o novo § 3º inserido no art. 58-A da CLT, as horas extras</p><p>prestadas em regime de tempo parcial devem ser remuneradas com adicional de 50% sobre o salário-hora</p><p>normal. É importante destacar que essa previsão inexistia antes da Reforma Trabalhista, pois o empregador</p><p>não poderia exigir de seus trabalhadores a prestação de horas extras.</p><p>De acordo com a redação do § 4º do dispositivo, as horas que excedam à jornada estipulada em número</p><p>inferior a 26 horas semanais serão limitadas a 6 horas semanais com o adicional de 50% sobre o valor do</p><p>salário-hora normal. Portanto, se o empregado é contratado para jornada de 20 horas semanais, poderá</p><p>prestar, no máximo, 6 horas extras, que deverão ser remuneradas com adicional de 50%.</p><p>1.4. Compensação de jornada</p><p>Compensação de jornada: De acordo com o § 5º do art. 58-A da CLT, as horas extras realizadas em</p><p>regime de tempo parcial poderão ser compensadas até a semana imediatamente posterior à sua execução.</p><p>Portanto, se o empregado prestar horas extras em uma terça-feira, terá até a terça-feira seguinte para</p><p>compensar essas horas suplementares. O limite para a compensação também deve ser limitado a 6 horas</p><p>extras semanais.</p><p>Lembre-se de que apenas será válido o regime de compensação de jornada para os empregados com</p><p>jornada de até 26 horas semanais. Empregados submetidos a jornadas superiores a esse período e limitadas</p><p>a 30 horas semanais, repita-se, não podem prestar horas extras e, portanto, não podem se valer da</p><p>compensação de jornada.</p><p>1.5. Férias dos empregados em regime de tempo parcial</p><p>Férias: Antes da Reforma Trabalhista, na modalidade de regime por tempo parcial, o tempo de descanso</p><p>das férias estava ligado à duração da jornada de trabalho, conforme previsto no revogado art. 130-A da CLT.</p><p>De acordo com o antigo dispositivo, os empregados tinham direito às férias na seguinte proporção:</p><p>Art. 130-A da CLT (REVOGADO PELA LEI Nº</p><p>13.467/2017). Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>9</p><p>doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias,</p><p>na seguinte proporção:</p><p>I - dezoito dias, para a duração do trabalho semanal</p><p>superior a vinte e duas horas, até vinte e cinco horas;</p><p>II - dezesseis dias, para a duração do trabalho semanal</p><p>superior a vinte horas, até vinte e duas horas;</p><p>III - quatorze dias, para a duração do trabalho semanal</p><p>superior a quinze horas, até vinte horas;</p><p>IV - doze dias, para a duração do trabalho semanal</p><p>superior a dez horas, até quinze horas;</p><p>V - dez dias, para a duração do trabalho semanal</p><p>superior a cinco horas, até dez horas;</p><p>VI - oito dias, para a duração do trabalho semanal igual</p><p>ou inferior a cinco horas.</p><p>Parágrafo único. O empregado contratado sob o</p><p>regime de tempo parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas ao longo do</p><p>período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade.</p><p>Reforma Trabalhista: a Reforma Trabalhista revogou o art. 130-A da CLT e estabeleceu que as férias do</p><p>empregado em regime de tempo parcial sujeitam-se à mesma duração dos demais empregados. A duração</p><p>das férias estará intimamente ligada às faltas injustificadas cometidas pelo empregado ao longo do período</p><p>aquisitivo. A proporção de faltas e do período de descanso está prevista no art. 130 da CLT, conforme</p><p>demonstrado a seguir:</p><p>Art. 130 da CLT - Após cada período de 12 (doze) meses</p><p>de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte</p><p>proporção:</p><p>I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado</p><p>ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;</p><p>II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido</p><p>de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;</p><p>III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15</p><p>(quinze) a 23 (vinte e três) faltas;</p><p>IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24</p><p>(vinte e quatro) a 32 (trinta</p><p>e duas) faltas.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>10</p><p>§ 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas</p><p>do empregado ao serviço.</p><p>§ 2º - O período das férias será computado, para todos</p><p>os efeitos, como tempo de serviço.</p><p>Abono pecuniário de férias: A Reforma Trabalhista passou a admitir que o empregado em regime de</p><p>tempo parcial converta o terço do período de férias em abono pecuniário:</p><p>Art. 58-A, § 6º, da CLT – É facultado ao empregado</p><p>contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias a</p><p>que tiver direito em abono pecuniário.</p><p>Direito do empregado: Ressalta-se que a conversão das férias em abono pecuniário é direito do</p><p>empregado e não pode ser imposto pelo empregador. A imposição tem como consequência o pagamento em</p><p>dobro do período não usufruído como medida de coibir a prática do ato lesivo ao trabalhador.</p><p>Pagamento do abono: O empregador não poderá se opor ao pagamento do abono pecuniário, desde</p><p>que solicitado dentro do prazo de até 15 dias antes do término do período aquisitivo. O pagamento das férias,</p><p>bem como do abono pecuniário, deverá ocorrer em até 2 dias antes do início das férias. Para os empregados</p><p>domésticos, a LC nº 150/2015 também previu a possibilidade de conversão de 1/3 das férias. No entanto, o</p><p>pedido de conversão deve ser realizado até 30 dias antes do término do período aquisitivo.</p><p>2. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO</p><p>Turnos ininterruptos de revezamento: Os empregados submetidos ao turno ininterrupto de</p><p>revezamento têm desgaste biológico maior. Ademais, o convívio social e familiar fica diretamente prejudicado</p><p>em razão dessa alternância no horário. Diante disso, para esses trabalhadores há jornada reduzida de 6 horas</p><p>(CORREIA, 2021). Ressalta-se que a Reforma Trabalhista não alterou a disciplina dos turnos ininterruptos de</p><p>revezamento, inclusive porque a jornada de trabalho tem previsão constitucional, no art. 7º, XIV:</p><p>Art. 7º, XIV, CF/88: São direitos dos trabalhadores</p><p>urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…)</p><p>jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de</p><p>revezamento, salvo negociação coletiva.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>11</p><p>Alternância de horários: para a configuração dos turnos ininterruptos de revezamento, exige-se a</p><p>alternância de horários dos empregados. Exemplo: trabalhador presta serviços no horário diurno durante os</p><p>primeiros quinze dias do mês de abril. Nos outros quinze dias é transferido para o período noturno. Veja que</p><p>não há obrigatoriedade de esse empregado laborar em todos os períodos disponíveis na empresa; a mera</p><p>alternância – noturno e diurno – já caracteriza o turno ininterrupto (CORREIA, 2021).</p><p>Orientação Jurisprudencial nº 360 da SDI-I do TST. “Faz</p><p>jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce</p><p>suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de</p><p>trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno,</p><p>pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a</p><p>atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta.”</p><p>Súmula nº 55 do TRT da 2ª Região. Turnos</p><p>ininterruptos de revezamento. Caracterização. Validade da jornada de oito horas</p><p>prorrogada por acordo coletivo. Pagamento de horas extras.</p><p>I) O turno ininterrupto de revezamento caracteriza-se</p><p>pela alternância das turmas, perfazendo 24 horas de trabalho, sem interrupção da</p><p>atividade produtiva, não importando a periodicidade da alternância, podendo ser</p><p>semanal, quinzenal ou mensal.</p><p>II) No trabalho em turnos ininterruptos de revezamento</p><p>em jornada de oito horas são devidas não apenas o adicional, mas a 7ª e a 8ª horas</p><p>acrescidas do adicional de horas extras.</p><p>Concessão de intervalo intrajornada: ininterrupta é a atividade da empresa, e não o trabalho do</p><p>empregado. Dessa forma, a concessão de intervalo para descanso e refeição não descaracteriza essa jornada</p><p>especial. Caso não seja concedido o intervalo, a empresa será autuada pela fiscalização do trabalho e deverá</p><p>pagar todo o período de intervalo como hora extraordinária.</p><p>Súmula nº 360 do TST. “A interrupção do trabalho</p><p>destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para</p><p>repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6</p><p>(seis) horas previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988.”</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>12</p><p>Súmula nº do 675 STF: Os intervalos fixados para</p><p>descanso e alimentação durante a jornada de seis horas não descaracterizam o</p><p>sistema de turnos ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XVI, da</p><p>Constituição.</p><p>Direito à hora noturna reduzida: se o empregado trabalhar em turnos ininterruptos de revezamento,</p><p>no período noturno, terá direito à jornada reduzida de 6 horas e à hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos:</p><p>Orientação Jurisprudencial nº 395 da SDI-I do TST. “O</p><p>trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à</p><p>hora noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas</p><p>nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal.”</p><p>2.1. Fixação de jornada em turnos ininterruptos mediante negociação coletiva</p><p>Ampliação da jornada reduzida por negociação coletiva: Como visto, a jornada em turnos ininterruptos</p><p>de revezamento é de 6 horas diárias. Se houver trabalho após a sexta hora, será considerada hora extra.</p><p>Excepcionalmente, a própria Constituição Federal autoriza que, via negociação coletiva (acordo ou</p><p>convenção), essa jornada seja aumentada.</p><p>Ausência de horas extras se houver ampliação da jornada por negociação coletiva: De acordo com o</p><p>TST, se houver negociação coletiva, há possibilidade da jornada de 8 horas para os empregados que trabalhem</p><p>em turnos ininterruptos de revezamento, que não terão direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras.</p><p>O valor será pago como hora normal de trabalho:</p><p>Súmula nº 423 do TST. “Estabelecida jornada superior</p><p>a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os</p><p>empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao</p><p>pagamento da 7ª e 8ª horas como extras.”</p><p>Empregado horista: independentemente da forma de remuneração do empregado, seja pagamento</p><p>diário, quinzenal, mensal ou mesmo horista, se laborar em turnos ininterruptos de revezamento terá direito</p><p>à jornada reduzida de 6 horas, exceto se houver negociação coletiva ampliando para 8 horas:</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>13</p><p>Orientação Jurisprudencial nº 275 da SDI – I do TST.</p><p>Turno ininterrupto de revezamento. Horista. Horas extras e adicional. Devidos.</p><p>Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada</p><p>diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus</p><p>ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao</p><p>respectivo adicional.</p><p>Cabe fixação de regime 12x36 em turnos ininterruptos de revezamento? Não, de acordo com</p><p>Informativo nº 90 do TST, não cabe a fixação, via norma coletiva, do regime de 12 x 36 para turnos</p><p>ininterruptos de revezamento. Caso fixado o sistema 12 x 36, a empresa será condenada a pagar horas extras</p><p>e reflexos a partir da 9ª hora trabalhada. Importante frisar que a prorrogação da jornada em turnos</p><p>ininterruptos de revezamento somente é possível até o limite de 8 horas diárias.</p><p>Quitação retroativa: o acordo ou convenção coletiva não tem o poder de dar quitação retroativa ao</p><p>empregador que não pagou corretamente horas extras decorrentes da jornada reduzida (6h) do turno</p><p>ininterrupto de revezamento. Nesse sentido prevê a jurisprudência do TST:</p><p>Orientação Jurisprudencial nº 420 da SDI-I do TST. É</p><p>inválido o instrumento normativo que, regularizando situações pretéritas,</p><p>estabelece jornada de oito horas</p><p>para o trabalho em turnos ininterruptos de</p><p>revezamento.</p><p>Decisão da SDC contrária à OJ 420: No dia 14/05/2018, a Seção de Dissídios Coletivos (SDC) do TST</p><p>proferiu decisão contrária à OJ nº 420 da SDI-I do TST. O Tribunal considerou válida as cláusulas de termo</p><p>aditivo em acordo coletivo de trabalho que formalizou a jornada de 8 horas para turnos ininterruptos de</p><p>revezamento. Além disso, estabeleceu transação extrajudicial para a quitação das 7ª e 8ª horas como extras</p><p>relativas ao período pretérito. O TST alegou que a norma coletiva assegurou benefícios importantes para a</p><p>categoria, havendo efetiva transação coletiva sindical que redundou na concretização de uma das principais</p><p>funções do Direito Coletivo do Trabalho, qual seja, a pacificação de conflitos de natureza sociocoletiva:</p><p>Ação anulatória. Acordo coletivo de trabalho.</p><p>Regularização da jornada em turnos ininterruptos de revezamento. Quitação</p><p>extrajudicial de horas extras pretéritas. Transação coletiva sindical. Validade.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>14</p><p>A SDC, por unanimidade, conheceu de recurso ordinário</p><p>e, no mérito, negou-lhe provimento para manter a decisão do Tribunal Regional que</p><p>considerou válida as cláusulas de termo aditivo em acordo coletivo de trabalho por</p><p>meio das quais se formalizou expressamente a jornada de 8 horas em regime de</p><p>trabalho em turnos ininterruptos de revezamento e, concomitantemente, se</p><p>estabeleceu transação extrajudicial para a quitação das 7ª e 8ª horas como extras</p><p>relativas ao período pretérito, no qual o regime de turnos ininterruptos era adotado</p><p>pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp sem</p><p>respaldo em norma coletiva. Na espécie, registrou-se que embora os empregados</p><p>tenham consentido com a satisfação apenas parcial do direito ao pagamento de</p><p>eventuais horas extras trabalhadas, por outro lado, a norma coletiva assegurou</p><p>benefícios importantes para a categoria, a revelar a ocorrência de despojamento</p><p>bilateral e reciprocidade entre os sujeitos coletivos. Houve, portanto, efetiva</p><p>transação coletiva sindical que redundou na concretização de uma das principais</p><p>funções do Direito Coletivo do Trabalho, qual seja, a pacificação de conflitos de</p><p>natureza sociocoletiva, na medida em que o instrumento firmado impediu a</p><p>exacerbação da litigiosidade e trouxe segurança jurídica em relação à escala de</p><p>4x2x4 historicamente desempenhada pela categoria profissional. TST-RO-1000351-</p><p>52.2015.5.02.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, 14.5.2018.</p><p>(Informativo nº 178)</p><p>3. TRABALHO NOTURNO</p><p>Trabalho noturno e prejuízos à saúde humana: O ser humano não possui hábitos noturnos. Assim, o</p><p>trabalho realizado nesse período requer do trabalhador mais esforço físico e mental para ser executado.</p><p>Lembre-se de que o empregado menor de idade, mesmo que emancipado, não poderá trabalhar nesse horário</p><p>(CORREIA, 2021). Há previsão de adicional noturno como forma de compensar o trabalho desenvolvido nesse</p><p>período, de acordo com o art. 7º, IX, da CF:</p><p>Art. 7º, IX, CF/88: São direitos dos trabalhadores</p><p>urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…)</p><p>remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.</p><p>Art. 73 da CLT. Salvo nos casos de revezamento</p><p>semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e,</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>15</p><p>para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo</p><p>menos, sobre a hora diurna.</p><p>§ 1º A hora do trabalho noturno será computada como</p><p>de 52 minutos e 30 segundos.</p><p>§ 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo,</p><p>o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.</p><p>§ 3º O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em</p><p>se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades,</p><p>trabalho noturno habitual, será feito, tendo em vista os quantitativos pagos por</p><p>trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho</p><p>noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o</p><p>salário-mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse</p><p>limite, já acrescido da percentagem.</p><p>§ 4º Nos horários mistos, assim entendidos os que</p><p>abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o</p><p>disposto neste artigo e seus parágrafos.</p><p>§ 5º Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o</p><p>disposto neste capítulo.</p><p>Vedação à supressão do adicional noturno: De acordo com a Reforma Trabalhista, a supressão ou</p><p>redução da remuneração do trabalho noturno superior à do diurno constitui objeto ilícito da negociação</p><p>coletiva ou acordo coletivo:</p><p>Art. 611-B, CLT (acrescentado pela Lei nº 13.467/2017).</p><p>Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,</p><p>exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: (…) VI –</p><p>remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;</p><p>Horário noturno: Considera-se noturno o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas</p><p>do dia seguinte. Vale ressaltar que a hora noturna do regime de trabalho no portal, é compreendida entre 19</p><p>horas e 07 horas do dia seguinte nos termos da OJ 60 da SDI-I do TST.</p><p>Adicional noturno: o empregado receberá adicional de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna. Esse</p><p>adicional possui natureza salarial, portanto reflete nas demais verbas trabalhistas. Por exemplo, o adicional</p><p>noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período noturno.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>16</p><p>Orientação Jurisprudencial nº 97 da SDI-I do TST: “O</p><p>adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período</p><p>noturno.”</p><p>Hora noturna reduzida: A hora noturna para o trabalhador urbano é reduzida, ou seja, uma hora</p><p>noturna será computada como de 52 minutos e 30 segundos. A hora noturna reduzida também é devida ao</p><p>vigia noturno (Súmula nº 65 do TST).</p><p>Petroleiros: não têm direito à hora reduzida.</p><p>Súmula nº 112 do TST: “O trabalho noturno dos</p><p>empregados nas atividades de exploração, perfuração, produção e refinação do</p><p>petróleo, industrialização do xisto, indústria petroquímica e transporte de petróleo</p><p>e seus derivados, por meio de dutos, é regulado pela Lei nº 5.811/72, não se lhe</p><p>aplicando a hora reduzida de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos</p><p>do art. 73, § 2º, da CLT”.</p><p>Empregado rural: a jornada noturna inicia-se às 20 h e termina às 4 h na pecuária. Na lavoura, será das</p><p>21 h até as 5 h. Adicional noturno é de, no mínimo, 25% superior à hora diurna e a hora noturna tem duração</p><p>de 60 minutos.</p><p>Jornada noturna do advogado empregado: será entre 20 h e 5 h. O adicional noturno desse empregado</p><p>é, no mínimo, 25% superior ao valor da hora diurna, conforme o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.906/94.</p><p>É possível alterar a duração da hora noturna para 1 hora por negociação coletiva? Sim, desde que haja</p><p>a elevação do adicional noturno de 20% para 37,14% (Informativo nº 48 do TST)</p><p>Horários mistos: Ocorrerá o horário misto quando o empregado prestar serviços no período diurno e</p><p>noturno. Exemplo: inicia o trabalho às 20 horas e vai até às 4 horas. Veja que nesse caso, o período entre 20</p><p>h e 22 h será pago como hora diurna. Ao ultrapassar as 22 h, incide o adicional noturno e a redução da hora</p><p>para 52 minutos e 30 segundos.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>17</p><p>Prorrogação do horário noturno: ocorre quando houver a continuidade da prestação de serviços além</p><p>do limite previsto em lei, ou seja, 5 horas da manhã. Nesse caso, o empregado continuará recebendo o</p><p>adicional noturno e terá direito à hora reduzida.</p><p>Súmula nº 60, item II, do TST. “Cumprida integralmente</p><p>a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional</p><p>quanto às horas prorrogadas.”</p><p>Ausência</p><p>de direito à prorrogação do empregado em jornada 12x36: não terá direito à prorrogação do</p><p>horário noturno, que já será considerada compensada na remuneração:</p><p>Art. 59-A da CLT (com redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista) Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às</p><p>partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de</p><p>trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis</p><p>horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para</p><p>repouso e alimentação.</p><p>Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo</p><p>horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo</p><p>descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados</p><p>compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver,</p><p>de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação. (grifo nosso)</p><p>Jornada preponderantemente noturna: Aliás, mesmo que a jornada tenha se iniciado um pouco após</p><p>as 22 horas, mas preponderantemente trabalhada à noite (das 23:10 às 07:10), é devido o adicional noturno</p><p>quanto às horas que se seguem no período diurno (Informativo 24 do TST).</p><p>4. TRABALHO EXTRAORDINÁRIO</p><p>Trabalho extraordinário: o trabalho que ultrapassar a jornada normal será remunerado com adicional</p><p>de, no mínimo, 50% sobre a hora normal. Está previsto no art. 7º, XVI, da Constituição Federal:</p><p>Art. 7º, XVI da CF/88: São direitos dos trabalhadores</p><p>urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>18</p><p>remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por</p><p>cento à do normal.</p><p>Art. 59 da CLT (com redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista): A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em</p><p>número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo</p><p>coletivo de trabalho.</p><p>§ 1º. A remuneração da hora extra será, pelo menos,</p><p>50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.</p><p>4.1. Limite de tolerância (Reforma Trabalhista)</p><p>Limite de tolerância: as variações no registro de ponto não excedentes a 5 minutos, observado o limite</p><p>máximo de 10 minutos, não serão descontadas nem consideradas jornada extraordinária (art. 58, § 1º, da</p><p>CLT).</p><p>Súmula nº 449 do TST. A partir da vigência da Lei nº</p><p>10.243, de 27.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT, não mais prevalece</p><p>cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5</p><p>minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das</p><p>horas extras.</p><p>Pagamento de horas extras: De acordo com o posicionamento sumulado do TST, independentemente</p><p>das atividades a serem desenvolvidas pelo empregado, se ultrapassado o limite de 10 minutos diários será</p><p>devido o pagamento de horas extras:</p><p>Súmula nº 366 do TST. Não serão descontadas nem</p><p>computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de</p><p>ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos</p><p>diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do</p><p>tempo que exceder a jornada normal, pois configurado tempo à disposição do</p><p>empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao</p><p>longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc.). (grifo</p><p>nosso)</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>19</p><p>Reforma Trabalhista: Ocorre que esse entendimento deve ser alterado em breve em decorrência da</p><p>inserção do § 2º do art. 4º da CLT pela Reforma Trabalhista, tendo em vista a parte final do dispositivo:</p><p>Art. 4º, § 2º, CLT (acrescentado pela Lei nº</p><p>13.467/2017): Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será</p><p>computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que</p><p>ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação,</p><p>quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de</p><p>insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou</p><p>permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares,</p><p>entre outras:</p><p>I – práticas religiosas;</p><p>II – descanso;</p><p>III – lazer;</p><p>IV – estudo;</p><p>V – alimentação;</p><p>VI – atividades de relacionamento social;</p><p>VII – higiene pessoal;</p><p>VIII – troca de roupa ou uniforme, quando não houver</p><p>obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.</p><p>O tópico foi trabalho na rodada anterior dentro de tempo à disposição do empregador:</p><p>Limite de tolerância no intervalo intrajornada: No julgamento do incidente de Recurso de Revista</p><p>Repetitivo (Processo nº 0001384-61.2012.5.04.0512 – Data de julgamento: 25/03/2019), precedente judicial</p><p>obrigatório, o TST firmou a tese de que a redução eventual e ínfima do intervalo intrajornada é admitida desde</p><p>que limitada até 5 minutos no total, somados os início e término do intervalo, não importa no pagamento do</p><p>período suprimido com adicional de 50%. Segue a tese firmada no incidente:</p><p>A redução eventual e ínfima do intervalo intrajornada,</p><p>assim considerada aquela de até 5 (cinco) minutos no total, somados os do início e</p><p>término do intervalo, decorrentes de pequenas variações de sua marcação nos</p><p>controles de ponto, não atrai a incidência do artigo 71, § 4º, da CLT. A extrapolação</p><p>desse limite acarreta as consequências jurídicas previstas na lei e na jurisprudência</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>20</p><p>4.2. Acordo de prorrogação de jornada</p><p>Nesse caso, para que a prestação de horas extraordinárias seja lícita, há necessidade de dois requisitos</p><p>(art. 59, § 1º, da CLT) (CORREIA, 2021):</p><p>a) Acordo de prorrogação. A antiga redação do “caput” do art. 59 da CLT estabelecia que o acordo de</p><p>prorrogação de jornada seria permitido desde que realizado por acordo escrito ou por contrato coletivo de</p><p>trabalho. No tocante ao acordo escrito entre empregado e empregador, a Reforma Trabalhista alterou a</p><p>redação do “caput” do artigo em comento para prever a necessidade de acordo individual.</p><p>POSIÇÃO DA DOUTRINA: “Entendemos que o acordo de prorrogação de jornada não pode ser firmado</p><p>de forma tácita. A celebração de acordo tácito gera insegurança às partes, dificulta a prova e, muitas vezes,</p><p>lesa o trabalhador.” (CORREIA, 2021)</p><p>b) Prorrogação máxima de duas horas diárias. Essa previsão não sofreu alterações com a Reforma</p><p>Trabalhista. O empregado pode prestar horas extras desde que não ultrapasse o valor de 2 horas diárias.</p><p>4.3. Compensação de jornada (Reforma Trabalhista)</p><p>Compensação de jornada: o empregado trabalhará além da jornada normal em alguns dias, para</p><p>descansar em outros (art. 59, § 2º, da CLT). Note-se que, na compensação, há verdadeira redistribuição de</p><p>horas, não sendo devido o adicional de 50%, pois o trabalho prestado além do horário normal será</p><p>compensado com descanso.</p><p>Requisitos para a compensação lícita (CORREIA, 2021):</p><p>a) Acordo individual tácito ou escrito. De acordo com o art. 59, § 6º, da CLT, acrescentado pela Reforma</p><p>Trabalhista, é possível o regime de compensação ser estabelecido por acordo individual tácito ou escrito entre</p><p>empregado e empregador. Note-se, portanto, que, ainda que as partes não tenham formalizado documento</p><p>permitindo a compensação de jornada, é possível o reconhecimento da validade da compensação de jornada</p><p>caso o acordo tenha ocorrido de forma tácita. Trata-se de hipótese de flexibilização das normas atinentes à</p><p>duração do trabalho.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>21</p><p>b) Observância do limite máximo de 10 horas diárias. Permanece a vedação às jornadas superiores a</p><p>10 horas diárias na hipótese de compensação de jornada. Ainda que o empregado descanse o período</p><p>trabalhado, os valores que ultrapassarem as 10 horas diárias serão devidos como horas extras.</p><p>c) Compensação das horas trabalhadas</p><p>no período de, no máximo, um mês. Nos termos do art. 59, §</p><p>6º da CLT, é possível a compensação individual dentro do período máximo de um mês. Dessa forma, a</p><p>redistribuição de horas deverá respeitar o limite de 220 horas mensais.</p><p>Prestação de horas extras habituais: A prestação de trabalho extraordinário acima do limite permitido</p><p>não desconfigura o sistema de compensação de acordo com o novo posicionamento do art. 59-B, parágrafo</p><p>único da CLT:</p><p>Art. 59-B, parágrafo único, CLT: A prestação de horas</p><p>extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco</p><p>de horas.</p><p>Não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada: Se ausente alguma das</p><p>solenidades exigidas, como a inexistência de acordo entre as partes ou que a compensação ultrapasse o</p><p>período de um mês, haverá consequências ao empregador. A primeira delas é que será autuado pela</p><p>fiscalização do trabalho, por descumprir norma expressa prevista em lei. A segunda consequência está prevista</p><p>no artigo 59-B da CLT, que tem o mesmo conteúdo previsto na Súmula nº 85, III, do TST:</p><p>Art. 59-B da CLT (com redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista): O não atendimento das exigências legais para compensação de</p><p>jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a</p><p>repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não</p><p>ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo</p><p>adicional.</p><p>Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais</p><p>não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.</p><p>Súmula nº 85, III, do TST: O mero não atendimento das</p><p>exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada</p><p>mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes</p><p>à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido</p><p>apenas o respectivo adicional..</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>22</p><p>4.4. Banco de horas (Reforma Trabalhista)</p><p>Banco de horas: Antes da Reforma Trabalhista, o banco de horas (também chamado de compensação</p><p>anual) compreendia o sistema de compensação cuja folga compensatória seria concedida até um ano a contar</p><p>da prestação de serviços. Aliás, por se tratar de situação mais gravosa ao trabalhador, haveria a necessidade,</p><p>no banco de horas, de formalização via negociação coletiva, portanto com a participação obrigatória do</p><p>sindicato dos trabalhadores (CORREIA, 2021).</p><p>Reforma Trabalhista: trouxe tratamento diversos entre a compensação de jornada e o banco de horas:</p><p>Art. 59, CLT (redação dada pela Lei nº 13.467/2017). (…)</p><p>§ 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se,</p><p>por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um</p><p>dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que</p><p>não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de</p><p>trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.</p><p>§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho</p><p>sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma</p><p>dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras</p><p>não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.</p><p>(…)</p><p>§ 5º. O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo</p><p>poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra</p><p>no período máximo de seis meses.</p><p>Compensação de jornada: a compensação pode ser realizada entre empregado e empregador em</p><p>acordo de compensação tácito ou escrito, devendo ser realizada dentro do período de um mês. Portanto, a</p><p>compensação de jornada é mensal.</p><p>Banco de horas: Por sua vez, os §§ 2º, 3º e 5º do art. 59 da CLT estabelecem a disciplina jurídica</p><p>direcionada especificamente ao banco de horas, que foi dividido em duas modalidades: banco de horas anual</p><p>e semestral (CORREIA, 2021):</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>23</p><p>a) Banco de horas anual: Para o estabelecimento dessa modalidade de banco de horas, o § 2º do artigo</p><p>em apreço prevê a necessidade de previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho, desde que o</p><p>excesso de horas em um dia seja compensado em outro, de modo que a soma das jornadas semanais de</p><p>trabalho seja respeitada no período máximo de 1 ano. Além disso, é necessário o respeito ao limite de 10</p><p>horas diárias de trabalho. Por ser mais gravosa, exigia-se (e ainda exige-se) a formalização por instrumento</p><p>coletivo de trabalho.</p><p>b) Banco de horas semestral: A novidade trazida pela Reforma Trabalhista consistiu na possibilidade de</p><p>se estabelecer banco de horas por meio de acordo individual escrito entre empregado e empregador. Nesse</p><p>caso, o prazo máximo para a compensação é de 6 meses. Portanto, além de permitir a compensação individual</p><p>tácita mensal, a legislação passou a admitir a previsão de banco de horas individual desde que conste em</p><p>acordo escrito e realizado no prazo máximo de 6 meses.</p><p>OBSERVAÇÃO!</p><p>Banco de horas antecipado durante a pandemia da COVID-19: As MP nº 927/2020 e 1.046/2021</p><p>versaram sobre medidas excepcionais trabalhistas de combate a pandemia da COVID-19. Apesar de não terem</p><p>sido convertidas em lei, os efeitos das normas continuaram a reger as situações constituídas sob sua vigência</p><p>(art. 62, § 11 da CF/88).</p><p>Essas medidas provisórias criaram modalidade especial de banco de horas em favor do empregador,</p><p>estabelecido por meio de acordo coletivo ou individual formal, para a compensação no prazo de até 18 meses,</p><p>contado da data de encerramento do estado de calamidade pública. Note-se que o empregado poderia</p><p>trabalhar 2 horas a mais todos os dias para repor esse período que nao trabalhou por conta da interrupção</p><p>das atividades, desde que não excedesse 10 horas diárias.</p><p>Com o fim da vigência das MPs, entendemos que o banco de horas antecipado de 18 meses somente</p><p>poderá ser implementado se houver disposição em norma coletiva diante do princípio da valorização do</p><p>negociado do art. 611-A da CLT.</p><p>4.5. Prorrogação de jornada em atividade insalubre (Reforma Trabalhista)</p><p>Prorrogação de jornada em atividades insalubres: De acordo com o art. 60 da CLT, deve-se obter a prévia</p><p>autorização da autoridade competente em matéria de segurança e higiene do trabalho, no caso, o Ministério</p><p>do Trabalho e Previdência para a prestação de horas extras em atividades insalubres:</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>24</p><p>Art. 60, CLT. Nas atividades insalubres, assim</p><p>consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo “Da Segurança e</p><p>da Medicina do Trabalho”, ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro</p><p>do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser</p><p>acordadas mediante licença prévia das autoridades competentes em matéria de</p><p>higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários exames</p><p>locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer</p><p>por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem</p><p>entrarão em entendimento para tal fim.</p><p>Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença</p><p>prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de</p><p>descanso.</p><p>Previsão do TST antes da Reforma Trabalhista: não se admitida instrumento coletivo que dispensasse</p><p>a inspeção prévia da autoridade competente para a compensação de jornada em atividade insalubre:</p><p>Súmula nº 85, VI, do TST: Não é válido acordo de</p><p>compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma</p><p>coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente,</p><p>na forma do art. 60 da CLT.</p><p>Reforma Trabalhista: Com a Reforma, a prorrogação da jornada e o regime de compensação passam a</p><p>ser admitidos em atividades insalubres independentemente da autorização</p><p>dos órgãos fiscalizatórios</p><p>competentes se existir instrumento coletivo. Tal entendimento choca-se com o conteúdo da Súmula nº 85, VI</p><p>do TST:</p><p>Art. 611-A da CLT. A convenção coletiva e o acordo</p><p>coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem</p><p>sobre:</p><p>(…)</p><p>XIII – prorrogação de jornada em ambientes insalubres,</p><p>sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho;</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>25</p><p>Caso especial da jornada 12x36: O empregado que trabalha em jornada de 12 horas de trabalho por 36</p><p>horas de descanso está dispensado de obter a licença prévia para essa compensação de jornada em atividades</p><p>insalubres. A regra geral do art. 60, “caput”, da CLT determina a obrigação de inspeção prévia pela autoridade</p><p>competente para a prorrogação de jornada em atividades insalubres. Contudo, a legislação excepciona dessa</p><p>regra os empregados submetidos a jornada 12 x 36, talvez porque considere que não há horas extras no final</p><p>da jornada semanal no novo parágrafo único do dispositivo, acrescentado pela Lei nº 13.467/2017 (CORREIA,</p><p>2021).</p><p>5. JORNADA 12 X 36 (REFORMA TRABALHISTA)</p><p>Jornada 12x36: A jornada 12 x 36 é uma modalidade de compensação de jornada. Nesse sistema, o</p><p>empregado trabalha além das 8 horas permitidas, ficando 12 horas prestando serviços. Por outro lado, goza</p><p>de um descanso bastante prolongado de 36 horas consecutivas (CORREIA, 2021).</p><p>Regulamentação do TST antes da Reforma Trabalhista: O regime 12 x 36 era admitido apenas</p><p>excepcionalmente, por exemplo, nas atividades de vigilância e na área hospitalar. Aliás, para que fosse válido</p><p>era necessária a previsão em lei ou em instrumento coletivo (convenção ou acordo coletivo). Nesse sentido,</p><p>prevê a jurisprudência sumulada do TST:</p><p>Súmula nº 444 do TST. Jornada de trabalho. Escala 12 x</p><p>36. Validade</p><p>É valida, em caráter excepcional, a jornada de 12 horas</p><p>de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente</p><p>mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho,</p><p>assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não</p><p>tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima</p><p>primeira e décima segunda horas.</p><p>Reforma Trabalhista: deu-se a regulamentação legal da jornada 12 x 36:</p><p>Art. 59-A, CLT (acrescentado pela Lei nº 13.467/2017).</p><p>Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes,</p><p>mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de</p><p>trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis</p><p>horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para</p><p>repouso e alimentação.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>26</p><p>Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo</p><p>horário previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo</p><p>descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados</p><p>compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de</p><p>que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação.</p><p>Hipóteses de contratação: Diferentemente do estabelecido pelo TST, esse sistema pode ser</p><p>estabelecido por:</p><p>a) acordo individual escrito; e</p><p>b) instrumentos coletivos de trabalho (convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho).</p><p>Novidades trazidas pela reforma Trabalhista:</p><p>1) Acordo individual escrito: Portanto, a Reforma Trabalhista ampliou significativamente a</p><p>possibilidade de ajuste individual entre empregado e empregador, podendo-se negociar</p><p>livremente diversos pontos, entre eles essa jornada especial de 12 horas.</p><p>2) Ausência do requisito de excepcionalidade: Tendo em vista que o art. 59-A da CLT tão somente</p><p>exige o acordo entre as partes para a fixação da jornada, o critério de excepcionalidade deixa</p><p>de ser aplicado, podendo ser ajustada a jornada 12 x 36 para todos os empregados.</p><p>Previsão em profissões regulamentadas: Ademais, existe previsão da jornada de 12 horas de trabalho</p><p>por 36 horas de descanso também para o motorista profissional (Lei nº 13.103/2015) e o bombeiro civil (Lei</p><p>nº 11.901/2009):</p><p>Art. 5º da Lei nº 11.901/2009: A jornada do Bombeiro</p><p>Civil é de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso, num</p><p>total de 36 (trinta e seis) horas semanais.</p><p>Art. 235-F, CLT. Convenção e acordo coletivo poderão</p><p>prever jornada especial de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de</p><p>descanso para o trabalho do motorista profissional empregado em regime de</p><p>compensação.</p><p>5.1. Intervalo intrajornada em jornada 12 x 36</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>27</p><p>Importância do intervalo intrajornada: O ser humano não é máquina, sendo necessária a concessão de</p><p>intervalo para descanso e refeição durante a prestação de 12 horas de trabalho. A ausência de intervalo</p><p>intrajornada traz diversos malefícios à saúde e aumenta a possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho</p><p>(CORREIA, 2021).</p><p>Regulamentação anterior: De acordo com a regulamentação anterior da jornada 12 x 36 prevista pelo</p><p>TST, o intervalo intrajornada de, no mínimo, 1 hora deveria ser obrigatoriamente concedido.</p><p>Reforma Trabalhista: O art. 59-A da CLT, acrescido pela Lei nº 13.467/2017, passou a prever que o</p><p>intervalo intrajornada pode ser concedido ou indenizado pelo empregador. Dessa forma, o empregado</p><p>poderia prestar 12 horas de trabalho continuamente sem nenhuma pausa para descanso, recebendo</p><p>posteriormente uma verba de natureza indenizatória pelo intervalo não concedido.</p><p>POSIÇÃO DA DOUTRINA: “A medida demonstra uma contradição do legislador. Para os demais</p><p>empregados, a CLT impõe como regra a concessão do intervalo para almoço e descanso de, no mínimo, 1 hora</p><p>nas jornadas superiores a 6 horas diárias. Logo, a não concessão ou redução do intervalo a esses empregados</p><p>submetidos ao sistema 12 x 36 causa efeitos desastrosos no organismo. Na prática, principalmente entre os</p><p>vigilantes, é muito comum que eles permaneçam prestando serviços de forma ininterrupta. As empresas</p><p>alegam que a presença de um outro empregado, chamado de “almocista” apenas para substituir 1 hora de</p><p>almoço ou 1 hora de jantar, dificulta muito a logística do empreendimento.” (CORREIA, 2021)</p><p>5.2. Trabalho no DSR e feriados</p><p>Descanso semanal remunerado: é um dos direitos básicos de todos os empregados urbanos e rurais,</p><p>inclusive empregados domésticos (art. 7º, parágrafo único, CF/88 e art. 19, “caput”, LC nº 150/2015). Esse</p><p>descanso não pode ser concedido após 7 dias de trabalho, sob pena de ser pago em dobro (CORREIA, 2021).</p><p>DSR em jornada 12x36: No caso do sistema 12 x 36, como o descanso é prolongado de 36 horas, o DSR</p><p>já está incluído nessas 36 horas. Esse entendimento já era previsto na Súmula nº 444 do TST e foi reproduzido</p><p>no parágrafo único do presente artigo. Portanto, se o trabalho coincidir com o domingo, não há pagamento</p><p>em dobro.</p><p>Feriados: Com relação aos feriados, houve alteração de tratamento jurídico com a Reforma Trabalhista.</p><p>A Súmula nº 444 do TST estabelecia a necessidade de respeitar os feriados. Se coincidisse o trabalho com o</p><p>feriado, o empregador deveria conceder folga compensatória em outro dia ou pagá-lo em dobro.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>28</p><p>Reforma Trabalhista: passou a prever a desnecessidade de se conceder o descanso ao empregado caso</p><p>o dia de sua escala de trabalho coincidisse com dia de feriado. Conforme redação do novo dispositivo, os</p><p>feriados, assim como o DSR, já são considerados compensados e, portanto, não implicam a concessão de</p><p>descanso ao empregado.</p><p>Em suma, se o trabalhador em regime de jornada 12 x 36 trabalhar no DSR e, agora também, no feriado</p><p>não terá direito à folga compensatória, pois os dias já são considerados compensados e a remuneração</p><p>recebida já engloba</p><p>o trabalho nesses dias. Mais uma alteração prejudicial aos empregados, promovida pela</p><p>Reforma Trabalhista.</p><p>5.3. Trabalho noturno em jornada 12 x 36</p><p>Trabalho noturno em jornada 12x36: De acordo com o posicionamento do TST anterior à Reforma</p><p>Trabalhista, persistia o pagamento do adicional noturno ao empregado que trabalhasse no sistema 12 x 36 no</p><p>período noturno e continuasse prestando serviços após as 5 horas da manhã. Nesse sentido, é o que prevê a</p><p>jurisprudência do TST, que parece superada:</p><p>Orientação jurisprudencial nº 388 da SDI – I do TST.</p><p>Jornada 12 x 36. Jornada mista que compreenda a totalidade do período noturno.</p><p>Adicional noturno. Devido.</p><p>O empregado submetido à jornada de 12 horas de</p><p>trabalho por 36 de descanso, que compreenda a totalidade do período noturno, tem</p><p>direito ao adicional noturno, relativo às horas trabalhadas após as 5 horas da manhã.</p><p>Reforma Trabalhista: Com a alteração promovida pela Reforma Trabalhista, as prorrogações de horário</p><p>noturno já são consideradas compensadas. Portanto, o empregado não terá direito ao adicional noturno e à</p><p>hora reduzida caso preste serviços durante o período noturno e continue prestando após as 5 horas da manhã.</p><p>5.4. Jornada 12x36 na legislação do doméstico</p><p>Jornada 12 x 36: É válido destacar que a Nova Lei dos Domésticos estabeleceu hipótese de jornada 12</p><p>horas de trabalho por 36 horas de descanso. Nesse sentido, é necessário apenas o estabelecimento de acordo</p><p>escrito entre as partes e a necessidade de respeitar ou de indenizar os intervalos para repouso e alimentação.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>29</p><p>No caso de trabalho em feriados ou de prorrogação de jornada noturna, eles serão considerados compensados</p><p>e, portanto, não será necessário o pagamento:</p><p>Art. 10. É facultado às partes, mediante acordo escrito</p><p>entre essas, estabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36</p><p>(trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os</p><p>intervalos para repouso e alimentação.</p><p>§ 1º. A remuneração mensal pactuada pelo horário</p><p>previsto no caput deste artigo abrange os pagamentos devidos pelo descanso</p><p>semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados</p><p>compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de</p><p>que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o art. 9º da Lei nº 605,</p><p>de 5 de janeiro de 1949.</p><p>5.5. Jornada 12x12 dos profissionais da saúde durante a pandemia de coronavírus (MPs nº 927/2020 e</p><p>1.046/2021)</p><p>Jornada 12x36 durante a pandemia da COVID-19: Durante os anos de 2020 e 2021, foram publicadas</p><p>diversas medidas provisórias para regulamentar as relações de trabalho durante a pandemia da COVID-19.</p><p>Sobre nosso tema, ganhou destaque especialmente as MP nº 927/2020 e 1.046/2021, que, de forma muito</p><p>semelhante, previram medidas trabalhistas para enfrentamento da pandemia do coronavírus. Apesar de não</p><p>terem sido convertidas em lei, os efeitos das normas continuam a reger as situações constituídas sob sua</p><p>vigência (art. 62, § 11 da CF/88)</p><p>Horas extras: De acordo com a regulamentação dessas normas, os estabelecimentos de saúde puderam</p><p>durante a vigência das MPs, por acordo individual escrito, autorizar horas extras por necessidade imperiosa</p><p>em jornadas 12 por 36 e também em atividades insalubres.</p><p>Além disso, os dispositivos permitiram que o empregado trabalhasse as 12 horas e descansasse 12</p><p>horas. Entre a 13ª e 24ª hora do descanso era admitido o trabalho novamente como horas extras, sem que</p><p>houvesse penalidade administrativa.</p><p>Profissional da saúde: Em adição, para se utilizar da nova modalidade de jornada prevista na MP</p><p>1.046/2021, o profissional da saúde não podia acumular outro vínculo empregatício em outro hospital, uma</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>30</p><p>vez que, caso em um de seus vínculos fosse instituída jornada 12x12, o excesso de horas impossibilitaria a</p><p>manutenção de ambos os empregos concomitantemente.</p><p>Compensação de jornada: Essas horas extras prestadas poderiam ser pagas, com respectivo adicional,</p><p>ou compensadas no prazo de 18 meses, contado do fim dos 120 dias de aplicação das novas medidas da MP</p><p>1.046/2021.</p><p>A jornada 12x36 já era impactante ao organismo do empregado, agora a 12x12 apenas agrava o quadro</p><p>de riscos à saúde, tanto físico quanto mental, ao qual os empregados são submetidos.</p><p>6. PRORROGAÇÃO POR NECESSIDADE IMPERIOSA (REFORMA TRABALHISTA)</p><p>Prorrogação por necessidade imperiosa: A CLT prevê ainda hipótese de prorrogação da jornada de</p><p>trabalho por necessidade imperiosa. De acordo com a doutrina, necessidade imperiosa é considerada gênero,</p><p>do qual são espécies prorrogação por motivo de força maior e prorrogação para conclusão de serviços</p><p>inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos ao empregador (CORREIA, 2021):</p><p>Art. 61, CLT: Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá</p><p>a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face</p><p>a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços</p><p>inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.</p><p>6.1. Força maior</p><p>Força maior: Uma das espécies do gênero necessidade imperiosa é a força maior. Entende-se por força</p><p>maior todo acontecimento inevitável, imprevisível em relação à vontade do empregador, e para cuja</p><p>realização este não concorreu, seja direta ou indiretamente. Nesse sentido, prevê a CLT:</p><p>Art. 501, CLT: Entende-se como força maior todo</p><p>acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a realização</p><p>do qual este não concorreu, direta ou indiretamente.</p><p>Horas extras: Na hipótese de ocorrência de força maior que tenha trazido prejuízos à empresa sem a</p><p>paralisação de sua atividade, o empregado prestará horas extras, independentemente de acordo ou</p><p>convenção coletiva, porque não há como prever a necessidade do trabalho além do limite normal. Essas horas</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>31</p><p>trabalhadas, além da duração normal, serão remuneradas como extras, com adicional em valor nunca inferior</p><p>a 50%. Ademais, não há limitação de jornada para fins de força maior.</p><p>Comunicação ao Ministério do Trabalho antes da Reforma Trabalhista: O § 1º do artigo 61 da CLT foi</p><p>alterado pela Reforma Trabalhista. De acordo com a antiga redação do dispositivo, as horas extras prestadas</p><p>por necessidade imperiosa poderiam ser exigidas independentemente de acordo ou convenção coletiva de</p><p>trabalho desde que houvesse comunicação ao Ministério do Trabalho no prazo de 10 dias ou, antes desse</p><p>prazo, quando a justificativa fosse necessária no momento da fiscalização:</p><p>Art. 61, § 1º, CLT (REDAÇÃO ANTIGA): O excesso, nos</p><p>casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo ou contrato</p><p>coletivo e deverá ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à autoridade competente</p><p>em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no momento da</p><p>fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.</p><p>Reforma Trabalhista: Com a alteração da Reforma Trabalhista, removeu-se a exigência de comunicação</p><p>prévia à autoridade em matéria de trabalho. Além disso, permanece a desnecessidade de acordo ou</p><p>convenção coletiva de trabalho para a prestação de horas extras nas hipóteses elencadas no art. 61 da CLT.</p><p>Em resumo, o empregador poderá exigir a prestação de horas extras na hipótese de força maior e para</p><p>a conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos sem que seja necessária a</p><p>comunicação ao Ministério do Trabalho e Previdência. Nesse sentido, a nova redação do art. 61, § 1º da CLT:</p><p>Art. 61, CLT (com redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista): Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho</p><p>exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer</p><p>face a motivo de força</p><p>maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja</p><p>inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.</p><p>§ 1º. O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido</p><p>independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>Horas extras por força maior do adolescente: Cabe ressaltar que o adolescente poderá prestar horas</p><p>extras na hipótese de ocorrência de força maior, acrescidas de adicional de, no mínimo, 50% sobre a hora</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>32</p><p>normal, limitadas à totalidade de 12 horas (8 horas da jornada normal, acrescidas de 4 horas extras). Para que</p><p>a prorrogação seja viabilizada, o trabalho do menor deve ser imprescindível ao funcionamento da empresa:</p><p>Art. 413, II, CLT: É vedado prorrogar a duração normal</p><p>diária do trabalho do menor, salvo: excepcionalmente, por motivo de fôrça maior,</p><p>até o máximo de 12 (doze) horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 25% (vinte</p><p>e cinco por cento) sôbre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja</p><p>imprescindível ao funcionamento do estabelecimento.</p><p>6.2. Conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos</p><p>Prorrogação para conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos: A</p><p>outra hipótese de necessidade imperiosa é a prorrogação decorrente da inexecução dos serviços que</p><p>acarretará grave prejuízo ao empregador. A jornada, nesse caso, é limitada a 12 horas diárias (8 horas normais</p><p>acrescidas de 4 horas extras), independentemente de prévio acordo ou convenção coletiva:</p><p>Art. 61, § 2º, CLT: Nos casos de excesso de horário por</p><p>motivo de força maior, a remuneração da hora excedente não será inferior à da hora</p><p>normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a remuneração será,</p><p>pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho</p><p>não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente</p><p>outro limite (grifos acrescidos).</p><p>Lembre-se de que, após a CF/88, as horas extras devem ser remuneradas com adicional de, no mínimo,</p><p>50% sobre a hora normal. Assim, o adicional de 25% previsto na CLT não foi recepcionado pela Constituição</p><p>Federal.</p><p>Desnecessidade de comunicação ao Ministério do Trabalho: Igualmente, a Reforma Trabalhista</p><p>removeu a obrigação de comunicação ao Ministério do Trabalho da prestação de horas extras para conclusão</p><p>de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízos:</p><p>Art. 61, § 1º, CLT (redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista): O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido</p><p>independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>33</p><p>Por fim, destaca-se que a CLT não permite a prorrogação do trabalho do adolescente na hipótese de</p><p>conclusão de serviços inadiáveis ou que causem prejuízos à empresa. Nesse sentido, somente é possível a sua</p><p>prorrogação de jornada na hipótese de compensação ou força maior.</p><p>6.3. Recuperação de horas</p><p>Recuperação de horas: Ocorrerá a prestação de serviços além do horário normal, para recuperação de</p><p>horas, em razão da paralisação da empresa resultante de causas acidentais ou de força maior (CORREIA, 2021).</p><p>Duração: Nesse caso específico, a prestação de horas extras será de, no máximo, 2 horas diárias,</p><p>durante os dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido. Esse período não poderá ser superior a 45</p><p>dias por ano. Não há necessidade de prévio acordo ou convenção coletiva. De acordo com o art. 61, § 3º, da</p><p>CLT, há necessidade de prévia autorização (e não simplesmente comunicação) do Ministério do Trabalho:</p><p>Art. 61, § 3º, CLT: Sempre que ocorrer interrupção do</p><p>trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a</p><p>impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo</p><p>tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias</p><p>indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez)</p><p>horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita</p><p>essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente.</p><p>Em resumo, verifica-se a necessidade de acordo individual ou coletivo para as duas primeiras hipóteses</p><p>de prestação de serviços suplementares (acordo de prorrogação e compensação). Nos demais casos (força</p><p>maior e serviços inadiáveis, não há obrigatoriedade do acordo, nem há necessidade de comunicação ao</p><p>Ministério do Trabalho e Emprego. No caso de recuperação de horas há necessidade de prévia autorização do</p><p>Ministério do Trabalho. Por fim, exceto na compensação, deverá ocorrer o pagamento de horas extras (hora</p><p>normal acrescida de adicional de, no mínimo, 50%) (CORREIA, 2021).</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>CORREIA, Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021</p><p>CORREIA, Henrique; MIESSA, Élisson. Súmulas, OJs do TST e Recursos Repetitivos. 9. ed. Salvador: Juspodivm,</p><p>2021.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>34</p><p>QUESTÕES PROPOSTAS</p><p>01 - MPT - 2020 - MPT - Procurador do Trabalho</p><p>Pedro foi contratado por uma universidade para lecionar (16) dezesseis horas por semana, às segundas e</p><p>quintas-feiras, das 19h às 23h. Às terças e sextas-feiras, por sua vez, trabalhava das 07h às 11h. Não houve</p><p>pactuação, nem coletiva nem individual, para estipular regra distinta acerca das horas fictas ou de qualquer</p><p>um dos intervalos. Diante dessa narrativa, analise as seguintes assertivas:</p><p>I – A Universidade poderá ser autuada pela fiscalização do trabalho por descumprimento de normas atinentes</p><p>à duração do trabalho.</p><p>II – Em reclamação individual, o empregado poderá cobrar apenas 15 minutos de horas extras por semana.</p><p>III – Em reclamação individual, o empregado poderá cobrar 7 minutos e 30 segundos de horas extras por dia</p><p>de trabalho.</p><p>IV – Em reclamação individual, o empregado poderá cobrar 6 horas extras e 15 minutos por semana.</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>A) Apenas a assertiva I está correta.</p><p>B) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.</p><p>C) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.</p><p>D) Todas as assertivas estão corretas.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>Entre as jornadas havia 8 horas de descanso, portanto 3 horas extras x 2 (duas vezes por semana isso</p><p>ocorria) -> 6 horas extras.</p><p>Fazia 1 hora noturna (período das 22h às 23h) -> considerando a hora ficta, temos 7 min e 30 seg de horas</p><p>extras x 2 (duas vezes por semana isso ocorria) -> 15 minutos.</p><p>=Total: 6 horas e 15 minutos.</p><p>Art. 66 da CLT: Entre 2 jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 horas consecutivas para</p><p>descanso.</p><p>Art. 73, §1º, CLT, § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.</p><p>GABARITO B</p><p>02 - TRT 14R - 2013 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Juiz do Trabalho</p><p>Assinale a alternativa INCORRETA:</p><p>A) Segundo a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, para o cálculo das horas extras</p><p>prestadas pelos trabalhadores portuários, observar-se-á somente o salário básico percebido, excluídos os</p><p>adicionais de risco e produtividade.</p><p>B) Segundo a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, os tempos vagos (janelas) em</p><p>que o professor ficar à disposição do curso serão remunerados como aula, no limite de 1 (uma) hora diária por</p><p>unidade.</p><p>C) Segundo a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, a previsão contida no art. 10</p><p>da Lei nº 5.811/1972, que trata dos petroleiros e possibilita a mudança do regime de revezamento para horário</p><p>fixo, constitui alteração ilícita do contrato de trabalho, violando os artigos 468 da CLT e 7º, VI, da CF/1988.</p><p>RETA FINAL AFT</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>35</p><p>D) Segundo a jurisprudência dominante do Tribunal Superior do Trabalho, o empregado que trabalha em</p><p>empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e</p>