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<p>ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA RESTRIÇÃO</p><p>ALIMENTAR EM ATLETAS DE</p><p>FISICULTURISMO</p><p>Allana Carolina Matias Dos Santos1</p><p>Andiélle Katryn Feuser1</p><p>Bianca Da Silva Barbosa1</p><p>Elisabete Rafacho Ortiz Cassanta2</p><p>RESUMO</p><p>O artigo a seguir aborda a importância do cuidado com a saúde mental de um</p><p>atleta de fisiculturismo durante o período de preparo para competições, relacionado a alta</p><p>restrição alimentar e as consequências que estas restrições causam, afetando os aspectos</p><p>psicológicos na vida do atleta. O objetivo é avaliar os gatilhos de possíveis distúrbios</p><p>psicológicos causados devido ao impacto que essas restrições alimentares causam no</p><p>período de preparo do competidor. A metodologia se baseia em uma revisão bibliográfica</p><p>e um entrevista com uma atleta amadora, relatando os desafios psicológicos referentes a</p><p>dietas extremamente restritivas. Os principais resultados identificados foram inúmeros</p><p>relatos onde aponta-se que a restrição alimentar de dietas severas somado com os</p><p>sentimentos de culpa, comparação, pressão e insatisfação corporal promovem o</p><p>surgimento de variados transtornos alimentares e disfunções corporais, necessitando de</p><p>atenção para esses atletas, a fim de auxiliar na reversão de possíveis distúrbios</p><p>alimentares. Com base nisso, esse estudo mostrou um impacto negativo na saúde dos</p><p>atletas de fisiculturismo, oferecendo maior risco para o desenvolvimento de transtornos</p><p>alimentares e psicológicos, portanto, conclui-se que o cuidado com o psicológico do atleta</p><p>é essencial para promover saúde mental e ajudá-los a enfrentar os desafios e pressões do</p><p>mundo esportivo, especialmente em períodos de preparo que antecedem as competições.</p><p>Palavras-chave</p><p>Saúde, Dieta, Atleta, Fisiculturismo, Aspectos Psicológicos, Comportamento Alimentar,</p><p>Dietas Restritivas</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>O fisiculturismo é uma prática esportiva de alto rendimento onde o seu objetivo</p><p>está voltado para a aparência física, ele permite que os atletas desenvolvam os músculos</p><p>por meio de dietas, suplementos alimentares, exercícios e fármacos.</p><p>Praticantes do mundo todo se preparam por muito tempo para os</p><p>torneios, onde mostram os músculos através de suas performances com o corpo, em</p><p>cima do palco e diante de juízes.</p><p>Vale ressaltar que só é considerado fisiculturista profissional o atleta que</p><p>possui a carteira doIFBB (International Federation of Bodybuilding and Fitness), por</p><p>isso, a maioria dos fisiculturistas brasileiros são considerados atletas amadores</p><p>praticantes de musculação (Mallmann, Alves, 2018).Dependendo da fase de preparação,</p><p>a intensidade do treinopode variar.</p><p>A periodização do treinamento envolve praticamente duas fases, a hipertrófica,</p><p>que acontece fora de temporada, e a de definição muscular, que é a fase pré-</p><p>competitiva. Os fisiculturistas dedicam a maior parte do seu tempo na hipertrofia da</p><p>musculatura, porém a ênfase na definição muscular é o seu foco principal, que acontece</p><p>nos últimos dois ou três meses antes das competições (Cyrino e colaboradores, 2008)</p><p>O tema a ser abordado também se refere as problemáticas do fisiculturismo e os</p><p>diversos desafios que a modalidade proporciona, tanto físico quanto mental, onde os</p><p>atletas sofrem várias modificações corporais decorrente de dietas severas onde, ora</p><p>precisam ganhar muita massa, ora precisam perder volume, buscando uma alta definição</p><p>muscular para subir aos palcos, com isso acabam sofrendo com a rotina de alimentação e</p><p>treino pesado em busca de um corpo altamente definido onde venham se destacar nas</p><p>competições.</p><p>Durante o processo de preparação do atleta pode-se analisar um risco de distúrbio</p><p>alimentar atrelado ao distúrbio de imagem, associado com a alta cobrança estética e de</p><p>definição corporal.</p><p>A transição de uma fase para outra em um curto espaço de tempo pode ocasionar</p><p>o aparecimento de transtornos do comportamento alimentar (TCA) com a rigorosidade</p><p>extrema das estratégias nutricionais no período pré- competição, que reduzem a</p><p>sensibilidade a estímulos internos, como fome e saciedade, além de depressão e</p><p>ansiedade, se tem uma sobrecarga emocional importante, logo, é válido se atentar em</p><p>ações para evitar o surgimento de possíveis transtornos alimentares e psicológicos, que</p><p>possam atrapalhar nesse período de preparo, podendo colocar em risco esse processo de</p><p>lapidação corporal.</p><p>Outro ponto a ser observado, é que levando em consideração que as únicas</p><p>estratégias para o preparo são treino e dieta, para que essas dietas extremamente restritivas</p><p>funcionem, esse planejamento alimentar deve ser feito e acompanhado por um</p><p>nutricionista, pois correlacionando os transtornos e distúrbios alimentares, físicos e</p><p>psicossociais as pressões exigidas aos atletas de alto rendimento, se imprime a</p><p>necessidade de acompanhamento nutricional e psicológico, que muitas vezes, acaba não</p><p>acontecendo.</p><p>A prática de dietas restritivas tornou-se algo comum e rotineiro para aqueles</p><p>que desejam, principalmente, emagrecer ou alcançar um corpo considerado</p><p>esteticamente perfeito (Soihet, Silva, 2019). Esseúltimo ponto é exatamente o caso</p><p>dos atletas de fisiculturismo.</p><p>Com essa pesquisa podemos atingir pontos poucos observados dentro do</p><p>fisiculturismo, que é justamente se atentar ao psicológico do competidor durante o</p><p>preparo fornecendo processos mais saudáveis e com um melhor rendimento, garantindo</p><p>que toda a pressão da competição não o afete diretamente por se tratar de um momento</p><p>delicado. Espera-se dessa forma, que esse estudo possa fornecer subsídios para novas</p><p>pesquisas e discussões sobre o assunto, favorecendo a promoção da saúde mental e do</p><p>bem-estar dos atletas.</p><p>2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA</p><p>Durante o processo de preparo para uma competição, o atleta de fisiculturismo</p><p>executa treinos e atividades em prol da perfeição corporal, e em alguns casos acabam se</p><p>tornando obcecados pelos seus hábitos alimentares, voltam-se exclusivamente para o</p><p>corpo e tal atitude pode até promover um isolamento social.</p><p>A fase de preparação dos fisiculturistas para as competições é dividida em duas</p><p>etapas: Bulking e Cutting, que servem de orientação para o consumo alimentar e para</p><p>estabelecer a rotina dos treinos dos fisiculturistas.</p><p>A fase do Bulking é caracterizada por constantes excessos na rotina do atleta,</p><p>visando aumento de peso e massa muscular. Sabe-se da existência de dois tipos de</p><p>bulking: o limpo e o sujo. Ambos seguem a mesma lógica de aumento de peso e volume,</p><p>no entanto, no bulking limpo a dieta ainda é restrita a determinados alimentos e as</p><p>refeições no dia só aumentam, já no bulking sujo, por sua vez, é a dieta livre, podendo</p><p>consumir alimentos mais calóricos sem restrições. Embora possa parecer mais prazerosa</p><p>incialmente, essa estratégia apresenta desvantagens que podem impactar resultados</p><p>Na mudança da fase de bulking para cutting, que é o momento pré-competição, a</p><p>dinâmica que envolve a manipulação corporal é modificada: os excessos alimentares são</p><p>deixados para trás e uma alimentação restritiva passa a fazer parte da rotina dos</p><p>fisiculturistas.</p><p>Se no bulking a ideia é o ganho de peso e o volume muscular com treinos bem</p><p>intensos e uma alimentação extremamente calórica, no cutting a intenção é diminuir a</p><p>ingestão alimentar e a magnitude dos treinos para tornar o corpo apto à competição</p><p>(Arraes & Melo, 2020).</p><p>A fase do Cutting, por ser uma fase de definição, é considerada a etapa mais difícil,</p><p>pois exige muita disciplina e restrições alimentares muito rígidas.</p><p>De acordo com Grimm (2017), no cutting, realiza-se um contínuo regime</p><p>restritivo que afeta diretamente a alimentação, os treinos e até a ingestão de</p><p>água. A hidratação fica restrita com a intenção de reduzir a retenção líquida do</p><p>corpo para aperfeiçoar a definição muscular.</p><p>A apresentação do atleta pronto, ou seja, em seu máximo potencial físico, se baseia</p><p>na periodização do treinamento em distintas fases, como adaptação anatômica,</p><p>hipertrofia, treino misto, força máxima, definição muscular e transição (BOMPA,</p><p>PASQUELE, e CORNACCHIA, 2015).</p><p>Figura 1 – Fases do treinamento para competições de fisiculturismo</p><p>Fonte: https://dspace.uniceplac.edu.br/handle/123456789/1145</p><p>Nessa perspectiva os atletas começam a consumir quantidades mínimas para</p><p>eliminar o máximo possível de gordura corporal a fim de que a definição muscular</p><p>permaneça bem exposta na competição. Nos últimos dias de preparação, momento que os</p><p>atletas chamam de finalização, eles manejam, ainda, a quantidade de sódio ingerido por</p><p>influenciar na retenção líquida e, por conseguinte, no volume e forma muscular (Giddens,</p><p>2002).</p><p>O preparo psicológico é muito importante na vida do atleta por conta da alta</p><p>pressão que as competições trazem, gerando ansiedade, e isso pode interferir na hora do</p><p>atleta competir, sendo assim, o psicológico tem um papel importante nesse momento.</p><p>Sabe-se que as alterações comportamentais no tocante a alimentação podem</p><p>ocasionar o aparecimento de Trasntornos do Comportamento Alimentar (TCA).</p><p>A incidência do TCA ocorre, principalmente, quando há esportes que</p><p>preconizam o baixo peso corporal e a estética, e que utilizam a estética para</p><p>obter os maiores resultados (LOPES: SOUZA,2013).</p><p>Assim,com base no exposto, a pesquisa partiu-se dass seguinte perguntas</p><p>norteadoras: Como a restrição alimentar afeta os aspectos psicológicos dos atletas de</p><p>fisiculturismo? Qual a maior dificuldade em cada etapa, durante preparo para uma</p><p>competição? Como isso afeta na vida social?</p><p>Para respondês-las, delineou-se o objetivo de “Investigar o comportamento</p><p>alimentar dos atletas de fisiculturismo durante o preparo para a competição, observando</p><p>os aspectos psicológicos, diante de uma alimentação restritiva.”</p><p>3. METODOLOGIA</p><p>Para a metodologia deste artigo, foi realizada uma revisão bibliográfica, que</p><p>consiste em a revisão de pesquisas e discussões de outros autores sobre o tema, além de</p><p>uma entrevista com uma atleta amadora de fisiculturismo, contando um pouco da sua</p><p>experiência referente a restrição alimentar durante um preparo para uma competição, a</p><p>fim de complementar a revisão bibliográfica com a experiência da vivência na prática do</p><p>fisiculturista.</p><p>O artigo foi desenvolvido de acordo com os princípios da pesquisa bibliográfica</p><p>de caráter qualitativo, descritivo. Isto é, fundamentado a partir de material já elaborado</p><p>sobre o tema. Foram levantados artigos científicos em base de dados do Google</p><p>acadêmico e repositórios on line de universidades. Para avaliar a relevância dos artigos</p><p>referenciados, foram realizadas pesquisas em temas específicos como: A atuação da</p><p>Psicologia para a melhoria da saúde mental e rendimento do atleta; Dieta para atletas</p><p>fisiculturistas: Uma revisão; O comportamento alimentar de atletas de fisiculturismo após</p><p>competição: Revisão narrativa.</p><p>A fim de complementar, também foi feita uma entrevista com uma atleta amadora</p><p>da área, relatando sua experiência com o fisiculturismo, podendo assim, se aprofundar</p><p>mais sobre o assunto, comparando teoria e prática sobre o tema abordado.</p><p>Em relação a saúde mental no desempenho do atleta, pode-se pensar em vários</p><p>esportes que se tenha um nível altíssimo de estresse e ansiedade. O estresse é uma parte</p><p>inevitável do esporte de alto rendimento e pode afetar a saúde mental e o desempenho</p><p>dos atletas. Estratégias de gerenciamento do estresse, como a respiração profunda, a</p><p>meditação, a atenção plena e a gestão do tempo, podem ajudar os atletas a lidar com o</p><p>estresse de forma eficaz e melhorar seu bem-estar mental e desempenho atlético</p><p>(OLMEDILLA, 2018).</p><p>Nota-se que os atletas de fisiculturismo convivem diariamente com exercícios</p><p>intensos e com a suplementação especializada em uma dieta rigorosa, assim, para Le</p><p>Breton (2003, p. 41) alimentação para estes atletas seria “pura matéria para fabricar</p><p>músculos, um cálculo científico da soma das proteínas a serem absorvidas”.</p><p>A insatisfação corporal se tornou uma situação complicada, necessitando avaliar</p><p>caso por caso a fim de traçar o desenvolvimento de possíveis distúrbios alimentares. Uma</p><p>situação comumente vista entre os atletas fisiculturistas seria a capacidade de manter e de</p><p>aumentar a massa corporal magra reduzindo apenas o percentual de gordura em nome da</p><p>estética (CHAPMAN; WOODMAN, 2016).</p><p>A fim de analisar de forma mais específica o risco de distúrbio alimentar em</p><p>atletas de fisiculturismo, implanta-se mecanismos de diagnóstico de distúrbios de imagem</p><p>corporal associados às ferramentas de diagnóstico de distúrbios alimentares, como o Teste</p><p>de Atitude Alimentar (EAT) e o Inventário de Distúrbio Alimentar (EDI). Nestes casos,</p><p>os atletas fisiculturistas tendem a ter maior probabilidade no desenvolvimento de</p><p>distúrbios alimentares, pois é grande a insatisfação destes com o corpo (MITCHELL et</p><p>al., 2017).</p><p>Atletas de fisiculturismo tendem a serem mais vulneráveis aos distúrbios</p><p>alimentares, já que facilmente conseguem adaptar seus hábitos alimentares a depender do</p><p>engajamento, assim, desencadeiam distúrbios alimentares principalmente em períodos</p><p>próximos a competições, já que nestes períodos as restrições alimentares ocorrem de</p><p>forma intensificada.</p><p>Assim, pode-se pontuar que os padrões dietéticos mais restritos são vivenciados</p><p>por muitos atletas fisiculturistas e apesar de contarem com uma distribuição igualitária</p><p>dos macronutrientes, acabam ainda por reproduzir deficiências nutricionais. Convém,</p><p>ainda, destacar que a depender do período competitivo a ingestão de macro e</p><p>micronutrientes pode oscilar, porém nestes casos a oscilação, em algumas das vezes está</p><p>associada a utilização de suplementos alimentares. Desta forma, quanto mais próximo de</p><p>campeonatos estiverem, mais carências nutricionais vão ter, logo, mais</p><p>desencadeamentos de distúrbios alimentares (CHAPMAN; WOODMAN, 2016).</p><p>Analisa-se também que o uso de recursos ergogênicos, principalmente esteroides</p><p>anabolizantes, pois estes podem atuar direta ou indiretamente nos fatores de riscos que</p><p>promovem o surgimento dos mais variados distúrbios alimentares, como por exemplo,</p><p>podem atuar na autoestima, na ansiedade, no perfeccionismo, e nos demais distúrbios</p><p>referentes à imagem corporal. O uso do doping também é uma realidade gritante</p><p>presenciada dentro do mundo esportivo, principalmente nas categorias onde os testes</p><p>antidopings não são frequentemente realizados.</p><p>O uso de recursos ergogênicos e de doping além de expor os atletas a diversos</p><p>riscos e possivelmente ser penalizado, expõe os indivíduos a distúrbios</p><p>alimentares. Com o uso destas categorias é possível retomar ao debate trazido</p><p>acima no qual há um culto ao corpo, já que o doping aparece como uma</p><p>influência à automotivação. Há de se pontuar que em casos de indivíduos já</p><p>possuem histórico de alterações na imagem corporal acompanhadas por</p><p>problemas alimentares, podem desenvolver treinamentos mais focados com</p><p>pesos ou musculação para ultrapassar as expectativas pessoais no tocante ao</p><p>peso e a forma corporal (GOLDFIELD et al., 2006).</p><p>Ao se analisar a teoria da restrição dietética sabe-se que esta é responsável por</p><p>traçar uma dieta rigorosa a fim de evitar alimentos proibidos ou aqueles que possuam</p><p>restrições calóricas, preparando os atletas para a competição, contudo, é possível associar</p><p>a tal restrição dietética a predisposição dos fisiculturistas as compulsões alimentares, pois</p><p>se aumenta a privação de alimentos que são desejados na medida em que diminui a</p><p>sensibilidade para a fome e a sede (GOLDFIELD et al., 2006)</p><p>Tais atletas, conforme análise apresentada por Mitchell e seus colaboradores,</p><p>tendem a apresentar um maior risco de sintomatologia de dismorfia muscular</p><p>que se</p><p>relacionam, possivelmente, a características psicológicas, a saber, ansiedade, depressão e</p><p>perfeccionismo. Com a evolução social já poderia observar uma situação alarmante</p><p>proveniente dos atletas fisiculturistas competitivos, pois nestes a insatisfação corporal,</p><p>juntamente com a preocupação com o peso e forma, com a dieta rigorosa, com o uso de</p><p>recursos ergogênicos como esteroides anabolizantes, tendem a aumentar a aparição de</p><p>compulsões alimentares e de bulimia nervosa (GOLDFIELD 18 et al., 2006).</p><p>No entanto, nem sempre esse preparo do atleta do fisiculturista é devidamente</p><p>acompanhado por um profissional, e na ausência de uma orientação profissional, os</p><p>comportamentos alimentares adotados podem ser vulneráveis às deficiências nutricionais</p><p>que comprometem o desempenho, pois são seguidas por influências de treinadores,</p><p>parentes e amigos (WATANABE,2020).</p><p>Assim, sabe-se que nos últimos anos existe uma procura por uma vida mais</p><p>saudável o que inclui uma alimentação equilibrada, porém muitas dessas pessoas estão</p><p>procurando formas de emagrecimento sem acompanhamento profissional. Objetivando o</p><p>emagrecimento, as pessoas que não recorrem ao acompanhamento nutricional, tendem a</p><p>fazer restrições calóricas no intuito de atingir rapidamente seus objetivos, porém esta</p><p>atitude pode gerar consequências negativas, a saber, grande perda de massa muscular,</p><p>redução da taxa metabólica, entre outros. É por se ter consequências negativas que se</p><p>aponta a necessidade de se ter intervenções dietéticas com especialistas, pois nelas há</p><p>uma adequação do valor calórico e dos macronutrientes em conformidade com as</p><p>necessidades de cada um.</p><p>Logo, quando o atleta não consegue se adaptar totalmente as exigências da</p><p>modalidade, há incidência de consequências prejudiciais como queda no desempenho,</p><p>depressão e fadiga acabam se tornando comuns. Compreender as necessidades</p><p>nutricionais desse atleta, irá contribuir na escolha para a melhor estratégia possível diante</p><p>de diferentes etapas que antecedem a competição.</p><p>O acompanhamento nutricional é de extrema valia, pois tem como principal</p><p>objetivo avaliar o impacto das estratégias nutricionais na saúde do atleta. É interessante</p><p>que o profissional conheça a linguagem do esporte para entender o atleta não como um</p><p>paciente de consultório, mas como alguém que vive sob constantes pressões e necessita</p><p>de uma orientação comportamental para que os seus objetivos sejam melhores delineados</p><p>e assim possa ter um diferencial ao subir nos palcos.</p><p>4. RESULTADOS E DISCUSSÕES</p><p>Analisando uma pesquisa que contou com 20 indivíduos praticantes de</p><p>fisiculturismo, idade média de 27 a 80 anos, sendo 40% do sexo feminino e 60% do sexo</p><p>masculino. Todos eles já haviam participado de ao menos um campeonato de</p><p>fisiculturismo no Estado de São Paulo.</p><p>De acordo com o teste EAT-26, 55% dos indivíduos apresentaram resultado</p><p>positivo para um possível desenvolvimento de transtornos alimentares. Escore de</p><p>referência: ≥21 pontos) (Gráfico I).</p><p>Gráfico I: Resultado do EAT-26 em fisiculturistas de ambos os sexos. Franca, 2015</p><p>Fonte: https://core.ac.uk/download/pdf/229104921.pdf</p><p>Já em relação ao questionário MASS, os resultados obtidos foram, 45% satisfeitos</p><p>às vezes sim às vezes não com a aparência muscular (Escore 48 – 66), 50% satisfeitos a</p><p>maioria das vezes com a aparência muscular (Escore 29 – 47), e 5% insatisfeitos a maioria</p><p>das vezes com a aparência muscular (Escore 67 – 85) (Gráfico II).</p><p>Gráfico II: Resultado do MASS em fisiculturistas de ambos os sexos.</p><p>Fonte: https://core.ac.uk/download/pdf/229104921.pdf</p><p>Para a atleta analisada por Botelho (2009), esta fase seria a mais difícil, ou seja,</p><p>“é a fase que sofremos mesmo, ficamos mais fracas, mais debilitadas, de muito mau</p><p>humor já que todo dia comemos sempre a mesma coisa... o treino fica mais intenso e nós</p><p>mais fracas...Nessa fase nosso grande inimigo somos nós mesmos”. Na fala de outra</p><p>entrevistada se tem: Exercícios são feitos para a saúde, as pessoas têm que ser exercitar</p><p>para a saúde. Agora quando o exercício é competitivo ele não é para a saúde e sim estético.</p><p>Quem faz exercício competitivo não faz para a saúde. Claro que a prática do</p><p>fisiculturismo não é saudável, primeiro por ser competitivo segundo os exercícios são</p><p>muito repetitivos, conclusão acaba com seu corpo, várias lesões, terceiro a dieta é muita</p><p>severa salvo por ser por um tempo determinado. Mas as lesões do corpo ficam!</p><p>(BOTELHO, 2009).</p><p>Me sinto muito bonita, gosto de mim e as pessoas me olham com admiração. Bom,</p><p>umas gostam, outras não. Mas recebo mais elogios do que desprezo. Olha, cada um tem</p><p>seu padrão de beleza, pra mim não seria legal se todas as mulheres fossem musculosas,</p><p>cada um é cada um. O importante é se gostar e se curtir (BOTELHO, 2009).</p><p>Diante do exposto acima e seguindo nossa pesquisa e entrevista com uma atleta</p><p>amadora de fisiculturismo segue abaixo o resultado da pesquisa que foi efetuada.</p><p>Como é lidar com a restrição alimentar? R. Foi a parte mais fácil da preparação.</p><p>Quando temos um objetivo, o chamado dia D (dia da competição), sabemos que restrição</p><p>maior e pior será só até este dia, depois tudo se normaliza.</p><p>Qual a maior dificuldade em cada etapa da preparação? R. No Início é a ansiedade</p><p>de querer ver o shape pronto logo, aos poucos percebi que não bem assim e isso foi</p><p>passando, e fui curtindo todas as fases. Mas com certeza a pior fase é a finalização. A</p><p>Última semana é a pior por conta da restrição e principalmente por conta do cansaço.</p><p>No caso o que é mais difícil no cutting e o que é mais difícil no bulking? R. Cutting</p><p>é o cansaço, o corpo fica muito debilitado, como não fiz nenhum uso de esteroide</p><p>anabolizante a restrição era bem pior e o cárdio é bem mais intenso, assim gerava um</p><p>desgaste muito grande ter que além de toda a preparação ainda ter que trabalhar e fazer</p><p>os afazeres de casa. E o Bulking é a quantidade de comida e medo de engordar. É muito</p><p>mais fácil estar em restrição (passar fome) do que ter que empurrar comida de pois que já</p><p>está satisfeita.</p><p>Sabendo dos treinos pesados e desgastantes, pressão e cobrança de alcançar o</p><p>resultado, comparação como fica mente durante esse período? R. Uma bagunça. O pior</p><p>de tudo é lidar com a mente e própria cobrança feita em si mesma. Sofri muito com a</p><p>distorção de imagem, não me via magra, não via a minha evolução (por isso a importância</p><p>de um preparador). Me via sempre gorda e nunca bem o suficiente.</p><p>Como essas restrições afetam a vida social? R. Não tive muitos problemas quanto</p><p>a isso por que a maioria (99%) das pessoas da minha convivência são do meio e entendiam</p><p>a fase em que eu estava. O que muitas vezes me fazia não sair de casa, era o julgamento</p><p>das pessoas que não conhecem o esporte, que é normal; se você está magra, é magra</p><p>demais, se você está mais cheinha é porque está gorda.</p><p>5. CONCLUSÃO</p><p>Conforme os resultados apresentados, podemos concluir que o fisiculturismo tem</p><p>uma grande complexidade por trás de todo o processo de preparação, onde se tem uma</p><p>alta demanda de sua saúde mental onde causam distúrbios alimentares, físicos e</p><p>psicossociais.</p><p>Apesar de entendermos que durante a preparação é passado por diversas</p><p>modificações, é necessária uma atenção maior perante a saúde mental do atleta, onde se</p><p>tem um acompanhamento especializado nesse processo, e que não haja consequências</p><p>maiores para o atleta que para seu corpo tendem a estarem conectados para que tenha um</p><p>aproveitamento no processo.</p><p>Tendo em vista os assuntos abordados concluísse que uma equipe multidisciplinar</p><p>é muito importante para a saúde do atleta, onde terá o suporte que precisa mesmo perante</p><p>os desafios enfrentados, suporte de família e amigos é muito importante nesse processo</p><p>assim, ajudando a manter a motivação para que tenham um bom desempenho.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, Raphael Viana.</p><p>Efeitos colaterais psicológicos em atletas de fisiculturismo.</p><p>Orientador: Rafael dos Reis Vieira Olher. 2021. 36f. Trabalho de Conclusão de Curso</p><p>(Bacharel em Educação Física) - Centro Universitário do Planalto Central Apparecido</p><p>dos Santos, 2021.</p><p>ARRAES, Caio Tavares; MÉLO, Roberta de Sousa. Negociando limites, manejando</p><p>excessos: vivências cotidianas de um grupo de fisiculturistas. Movimento – Revista de</p><p>Educação Física da UFRGS. v. 26, 2020.</p><p>Arraes, C. T., & Mélo, R. D. S. (2020). Negociando limites, manejando excessos:</p><p>vivências cotidianas de um grupo de fisiculturistas. Movimento, 26.</p><p>https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/100285</p><p>BOTELHO, Flávia Mestriner. Corpo, risco e consumo: uma etnografia das atletas de</p><p>fisiculturismo. Revista Habitus – Revista de Ciências Sociais.v. 7, n. 1, 2009.</p><p>BOMPA, Tudor O.; PASQUELE, Mauro Di; CORNACCHIA, Lorenzo J. Treinamento</p><p>de força levado a sério. 3ª ed., Barueri, Manole, 2015.</p><p>BRANDÃO, Natálya Louise de Serpa. 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