Prévia do material em texto
<p>FACULDADE UNINASSAU PETROLINA</p><p>NUTRIÇÃO</p><p>VITÓRIA RÉGIA PEREIRA OLIVEIRA</p><p>TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO</p><p>A PUBLICIDADE EM ALIMENTOS INFANTIS E A RELAÇÃO COM A OBESIDADE E DISTÚRBIOS METABÓLICOS</p><p>PETROLINA-PE</p><p>2023</p><p>VITÓRIA RÉGIA PEREIRA OLIVEIRA</p><p>A PUBLICIDADE EM ALIMENTOS INFANTIS E A RELAÇÃO COM A OBESIDADE E DISTÚRBIOS METABÓLICOS</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para a conclusão do curso de Nutrição da Faculdade Uninassau Petrolina. Comment by VITORIA REGIA PEREIRA OLIVEIRA:</p><p>ORIENTADOR: Profª. Dra. Caline Alves de Oliveira.</p><p>PETROLINA-PE</p><p>2023</p><p>Foi cercada de muita confiança e carinho que executei esse projeto, por isso dedico este trabalho a todos que trilharam este percurso comigo, assim como àqueles que possam encontrar auxílio nesta pesquisa.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>A Deus, pelo dom da vida e sabedoria, e por ter me sustentado até aqui permitido a realização deste trabalho. Aos meus familiares, que sempre me encorajaram na jornada acadêmica, em especial, expresso minha gratidão à minha tia, Luzi Claudia Pereira Caetano da Silva. Ela que fez o possível e o impossível para concretizar este sonho, colocando minhas vontades muitas vezes à frente das dela. Aos meus pais, Luci Cleia e Antônio Vital, por sonharem meus sonhos comigo e me acompanharem em todas as fases. Ao meu namorado, Giovanny Rafhael Barbosa Silva, que esteve comigo durante todo o processo, nunca permitindo que eu me abatesse. Aos amigos que sempre torceram por minha vitória e êxito acadêmico.</p><p>À professora Caline Alves de Oliveira, minha orientadora, agradeço pela paciência, carinho, empenho e dedicação. Ao professor Marcelo do Nascimento Araújo, pelos ensinamentos, correções e compreensão ao longo do processo.</p><p>Expresso minha gratidão a todos que contribuíram para a realização deste projeto, por cada torcida, oração e incentivo nos momentos de provações. Por fim, dedico esta vitória à memória dos meus avós e padrinhos, que não estão mais aqui: Maria Gilza Ferreira Pereira, Antônio Pereira e José Teodoro de Oliveira. Ao meu avô, analfabeto, pai de 9 filhos, o homem mais integro que conheci, digo: "Essa conquista é minha, mas tudo que fiz, foi para honrar o senhor. Te amarei eterna mente, Antônio! Você sempre estará vivo em mim”.</p><p>Atenciosamente,</p><p>Vitória Régia Pereira Oliveira</p><p>“Que a tua vida não seja uma vida estéril. - Sê útil. - Deixa rasto.”</p><p>(São Josemaria Escrivá)</p><p>RESUMO</p><p>As campanhas publicitárias desempenham um papel fundamental na sociedade, adaptando-se aos avanços tecnológicos e adotando novas abordagens ao longo da história. Nesse contexto, é essencial destacar a influência significativa do marketing publicitário nos comportamentos sociais. A publicidade direcionada ao público infantil exige uma abordagem cautelosa, uma vez que as crianças ainda estão em processo de desenvolvimento e têm capacidade limitada de discernimento. É particularmente preocupante observar que a maioria dos produtos anunciados para crianças são alimentos industrializados e ultraprocessados. Esses alimentos não apenas representam riscos à saúde a longo prazo, mas também contribuem para o surgimento de doenças crônicas, como a obesidade e distúrbios metabólicos, com impactos negativos significativos na saúde infantil. É imprescindível respaldar essa problemática com dados e estatísticas sólidos, destacando os efeitos adversos desses alimentos na saúde e bem-estar das crianças. A conscientização sobre os efeitos prejudiciais da publicidade infantil em alimentos pode impulsionar mudanças substanciais na regulamentação e nas práticas da indústria, visando promover uma alimentação mais saudável e reduzir os riscos associados para as crianças.</p><p>Palavras-chaves: Publicidade. Marketing. Público infantil. Alimentos.</p><p>ABSTRACT</p><p>Advertising campaigns play a fundamental role in society, adapting to technological advances and adopting new approaches throughout history. In this context, it is important to highlight the significant influence of advertising marketing on social behavior. Advertising to children requires a cautious approach, as children are still developing and have limited judgment. It is particularly worrying that the majority of products advertised to children are industrialized and ultra-processed foods. These foods not only pose long-term health risks but also contribute to the development of chronic diseases such as obesity and metabolic disorders, which have a significant negative impact on children's health. It is essential to support this issue with solid data and statistics that highlight the negative impact of these foods on children's health and well-being. Raising awareness of the harmful effects of food advertising on children can lead to significant changes in industry regulations and practices to promote healthier diets and reduce the associated risks to children.</p><p>Keywords: Advertising. Marketing. Child audience. Food.</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO 10</p><p>2 PROBLEMA 11</p><p>3 HIPÓTESES 12</p><p>4 JUSTIFICATIVA 13</p><p>5 OBJETIVOS 14</p><p>5.1 GERAL 14</p><p>5.2 ESPECÍFICOS 14</p><p>6 METODOLOGIA 15</p><p>7 REFERENCIAL TEÓRICO 17</p><p>7.1 1917</p><p>7.2 2017</p><p>7.3 20 18</p><p>7.4 Distúrbios Metabólicos e a relação com a obesidade 18</p><p>7.5 Publicidade Infantil e a sua influência 18</p><p>7.6 Estratégia publicitária do mercado alimentício 19</p><p>7.7 Sistema de persuasão cognitiva da criança 20</p><p>7.8 O crescimento das mídias sociais e o impacto na formação 20</p><p>8 RESULTADOS E DISCUSSÃO 22</p><p>8.1 A Influência da Publicidade em Alimentos no Público Infantil 35</p><p>8.2 Estratégia de Persuasão do Público Infantil 36</p><p>8.3 Obesidade e Distúrbios Metabólicos no Público Infantil 37</p><p>8.4 Regulamentação da Publicidade de Alimentos para Crianças 37</p><p>9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39</p><p>10 REFERÊNCIAS 41</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A conduta alimentar é crucial para a vida humana, desde os primórdios como fonte de sobrevivência. No entanto, com a evolução ao longo dos séculos, os alimentos assumiram um papel simbólico de ostentação e prazer excessivo. É amplamente reconhecido que a alimentação desempenha um papel essencial em todas as fases da vida, especialmente na infância, exigindo atenção e cuidado em relação aos hábitos alimentares (ABREU, 2020).</p><p>A influência do marketing de alimentos, impulsionado pelo avanço tecnológico e publicidade, contribuiu para a simbologia ostentativa dos alimentos. Essa prática não é exclusiva da geração atual, mas sim um fenômeno contínuo ao longo dos anos. No entanto, o marketing excessivo e irresponsável pode ser prejudicial à saúde, especialmente quando direcionado ao público infantil, que ainda não possui discernimento próprio (ASBRAM, 2012).</p><p>Nos últimos 10 anos, as crianças no Brasil passaram por uma transição nutricional, saindo do cenário</p><p>da desnutrição para uma vertente preocupante: obesidade e distúrbios metabólicos. Essas condições são causadas não apenas por fatores genéticos, mas também por fatores externos. A obesidade é uma doença resultante do acúmulo excessivo de gordura no corpo, sendo suas causas relacionadas à má alimentação e ao sedentarismo. Já os distúrbios metabólicos são agravados pelo estilo de vida inadequado, incluindo alimentação inadequada, baixa prática de atividade física e principalmente a obesidade (ABESO, 2022).</p><p>Diante desse contexto, constata-se que o marketing em alimentos direcionados ao público infantil encontra-se em ascendência, utilizando de linguagens apelativas, meios de comunicação de fácil acesso, páginas de jogos e streamings de vídeos, a fim de persuadir o público alvo ao consumo do produto ofertado. Nota-se também um alarmante aumento da obesidade e dos distúrbios metabólicos entre as crianças, em consonância com o avanço tecnológico e a disseminação das redes sociais entre todos os públicos, afirmando a preocupante relação entre essas condições clínicas e o fácil acesso às redes sociais e sua publicidade de alimentos (MONTANARI, 2008).</p><p>2 PROBLEMA</p><p>É válido afirmar que ao tratar da Publicidade Infantil em Alimentos e a relação com a Obesidade e os Distúrbios Metabólicos o tema depara-se com um problema atual e de fácil acesso: as redes sociais.</p><p>Nos últimos anos, a ascensão da internet tem sido notável entre o público jovem, atraindo frequentemente crianças e adolescentes para seu domínio, tornando-se uma ferramenta essencial em suas vidas. Entretanto, é crucial reconhecer a vulnerabilidade do público infantil, conforme definido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estipulando que crianças são aquelas com até 12 anos incompletos. Diante desse cenário, torna-se evidente que essas crianças são mais suscetíveis às influências externas, sendo facilmente manipuladas pelas telas.</p><p>A Publicidade em alimentos infantis emerge como um fator diretamente conectado aos aspectos psíquicos e emocionais das crianças, instigando-as a consumir os produtos anunciados. Assim, o marketing voltado para alimentos industrializados e ultraprocessados destinados ao público infantil emerge como um problema persistente, exercendo uma influência direta sobre os elevados índices de obesidade e distúrbios metabólicos nessa faixa etária. Essa interação sutil entre a publicidade e a saúde infantil representa um desafio significativo, exigindo uma análise aprofundada das estratégias de marketing e suas repercussões na saúde das crianças.</p><p>A Obesidade e os Distúrbios Metabólicos são males em escala crescente quando se diz respeito às crianças. Segundo o Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), até Setembro de 2022, no Brasil, cerca de 340 mil crianças entre 5 e 10 anos foram diagnosticadas com obesidade e consequentemente com distúrbios metabólicos graves. Em 10 anos, o número de crianças obesas cresceu aproximadamente 60% em vista do relatório de 2012, assim como a expansão da internet e das redes sociais. Dessa forma, o questionamento que surge diante do exposto é: Como a mídia influencia no alto índice de obesidade e distúrbios metabólicos do público infantil?</p><p>3 HIPÓTESES</p><p>O controle dos pais sobre o acesso das crianças a mídia é uma das formas de prevenir que as mesmas sejam induzidas ao marketing de alimentos industrializados e ultraprocessados.</p><p>Além do controle em casa, uma medida deve ser tomada a respeito da publicidade em alimentos infantis, como por exemplo: a conscientização a respeito do tema dentro das escolas, e, medidas limitantes acerca do que pode ser veiculado para esse público em questão, para que deste modo, o quadro de alto consumo de alimentos ultraprocessados possa ser revertido.</p><p>Sabendo disso, essa disseminação em massa de alimentos industrializados, leva a criança a recusar os alimentos em sua forma natural, preferindo os ultraprocessados que são altamente danosos à saúde.</p><p>Assim, além de prejudicar o desenvolvimento físico, a má alimentação proveniente do consumo desenfreado de alimentos propagados pela indústria publicitária, aumenta não apenas a taxa de obesidade em crianças, mas também tende a provocar distúrbios metabólicos como: diabetes, dislipidemias e hipertensão.</p><p>4 JUSTIFICATIVA</p><p>As mudanças sociais e demográficas influenciam diretamente no padrão alimentar dos indivíduos, de tal modo que, nos últimos anos, em virtude da alta migração da zona rural para a urbana, os padrões alimentares da população brasileira foram altamente modificados, ocasionando a transição nutricional, ou seja, o alto número de desnutrição deu espaço para a obesidade (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003).</p><p>Com isso, sabe-se que essa migração histórica foi originada pela necessidade de trabalhar dos indivíduos e pela busca por uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, os padrões sociais foram sofrendo alterações, e a indústria publicitária se moldando de acordo com as necessidades desta neo-população, para que assim pudesse satisfazer os desejos do público em questão. Ou seja, com a carga horária intensa de trabalho para homens e mulheres, a busca pela praticidade foi se tornando algo prioritário, e isso ocorreu também em relação a alimentação, assim, registrando uma força maior para as refeições industrializadas (ALVES, 2016).</p><p>É necessário destacar que essa mudança histórica trouxe consequências nutricionais para todas as faixas etárias, principalmente para as crianças, proporcionando um maior número de pessoas obesas e com distúrbios metabólicos sérios. A temática a respeito da Obesidade Infantil e dos Distúrbios Metabólicos é extremamente importante quando se diz respeito a saúde, deste modo, precisa ser vista com seriedade, pois de acordo com os números apresentados pelo Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional (SISVAN), essa doença vem crescendo de modo alarmante entre o público infantil.</p><p>Insta Salientar, que atualmente, os alimentos ultraprocessados, não fazem parte apenas da vida urbana. Hoje, grande parte das fábricas responsáveis pelos alimentos industrializados migraram suas sedes para a Zona Rural, disseminando em grande escala os produtos ofertados.</p><p>Todavia, faz-se necessário identificar e compreender como a mídia influencia diretamente na alta taxa de obesidade em crianças e gera como consequência distúrbios metabólicos sérios que prejudicam a vivência da infância, podendo gerar futuramente adolescentes e adultos enfermos. Dessa forma, sabe-se que se não houver a identificação de como a publicidade influi e age nesse público, dificilmente a problemática será prevenida ou solucionada.</p><p>5 OBJETIVOS</p><p>5.1 Geral</p><p>Verificar a influência da Publicidade infantil em alimentos e sua relação com a Obesidade e Distúrbios Metabólicos.</p><p>5.2 Específicos</p><p>- Identificar os fatores que estão relacionados à obesidade infantil e aos distúrbios metabólicos;</p><p>- Verificar quais são os veículos mais utilizados para disseminação da publicidade infantil;</p><p>- Analisar quais são os impactos que a Publicidade Infantil causa na infância;</p><p>- Apurar quais são as medidas governamentais vigentes em relação a essas publicidades;</p><p>6 METODOLOGIA</p><p>A metodologia proposta segue uma abordagem distinta e pautada para a construção desta revisão integrativa de literatura sobre a publicidade infantil em alimentos e a relação com a obesidade e os distúrbios metabólicos. A primeira resume-se a pesquisas em bancos de dados eletrônicos como Scielo, Google acadêmico e MEDLINE com o intuito de analisar referências bibliográficas relacionadas ao tema em questão.</p><p>Em seguida, a base de dados nutricional: Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), foi consultada, a fim de identificar o percentual de crianças obesas e com distúrbios metabólicos e a sua crescente entre os anos de 2013 e 2023. Durante o processo de pesquisa, critérios de elegibilidade foram determinados, de modo que os de inclusão são: artigos publicados nos últimos 10 anos (2013-2023), no idioma em português e inglês, que possuem</p><p>como tema distúrbios metabólicos e obesidade na infância, em crianças entre 5 e 10 anos, com nacionalidade brasileira.</p><p>Após a análise das referências bibliográficas e dos dados provenientes de fontes nutricionais e governamentais, foi realizada uma cuidadosa seleção entre os arquivos coletados, visando incluir apenas os artigos que atendem integralmente aos critérios estabelecidos para a condução deste projeto. As palavras-chave utilizadas em português neste estudo foram: Publicidade infantil, alimentação, obesidade, distúrbios metabólicos; em inglês, foram utilizadas as seguintes palavras-chave: children's advertising, infancy, food, obesity, metabolic disorders. Já os critérios de exclusão utilizados como filtragem para esse determinado estudo foram: artigos que não possuíam relação direta com o tema abordado e que se encontravam fora do ano de vigência dos últimos 10 anos. Deste modo, mediante as pesquisas realizadas, foram encontrados 845 artigos nas bases de dados mencionadas, após a verificação do ano de publicação, foram excluídos 471 artigos, resultando em 374 para leitura do resumo. Em seguida, 292 artigos foram deletados da pesquisas, pois não correspondiam aos critérios do presente estudo, restando 82 para a leitura integrativa, e finalizando na seleção de 14 artigos para a elaboração desta Revisão Bibliográfica.</p><p>Por fim, está sendo apresentado os dados obtidos e as revisões feitas a partir da pesquisa em questão, com o intuito de identificar a relação da publicidade em alimentos infantis com a obesidade e os distúrbios metabólicos dentro desse público analisado.</p><p>Figura 1. Diagrama demonstrativo da metodologia</p><p>Na condução desta pesquisa, a revisão literária foi inicialmente empreendida para situar o problema objeto de estudo. Após a análise dos artigos identificados e cuidadosamente selecionados, estabeleceu-se um banco de dados que viabilizou a delimitação do escopo temático. As informações assim reunidas foram instrumentalizadas para a construção da literatura almejada, proporcionando uma base sólida de conhecimento para investigações futuras. Dessa forma, contribuiu-se significativamente para a ampliação do entendimento acerca do tema proposto.</p><p>7 REFERENCIAL TEÓRICO</p><p>7.1 A importância e a origem cultural dos Alimentos</p><p>Os alimentos surgiram antes mesmo do ser humano habitar a terra. Acredita-se que o ato de comer nasce após o homem observar os animais se alimentando dos frutos e passar a repetir os mesmos modos. Com isso, sabe-se que com a evolução da espécie humana, os alimentos também evoluíram e passaram a ser não apenas uma fonte de sobrevivência, mas também motivo de prazer (MONTANARI, 2008).</p><p>Deste modo, atualmente, existem bilhões de alimentos diferentes no mundo. A comida já não é semelhante ao que era consumido nos primórdios, e seu acesso e consumo estão cada vez mais fáceis. Hoje é possível encontrar alimentos prontos para o consumo em diversos estabelecimentos, no entanto, é válido afirmar que essa praticidade trouxe consigo alguns pontos negativos que requer atenção. (CHAGAS, 2013).</p><p>Com a modernização social, os alimentos também sofreram mudanças significativas, mas nem sempre positivas. O dinamismo contemporâneo fez com que os indivíduos buscassem alimentos de fácil manuseio, de ingestão rápida e que estivessem prontos, dando origem aos alimentos industrializados (BRITTO, 2010).</p><p>Os alimentos industrializados e ultraprocessados ganharam um grande espaço no mercado, devido a sua praticidade e muitas vezes aos seus sabores questionáveis. Entretanto, por trás dos belos rótulos e da propaganda que promete saúde e vitalidade, o número de doenças crônicas como a obesidade, e, como por exemplo: hipertensão e diabetes, aumentaram. Esse fator ocorre devido ao alto teor de sódio, açúcar e conservantes existentes nesses produtos (COSTA, 2010).</p><p>7.2 Hábitos Alimentares na infância</p><p>O paladar infantil é moldado de acordo com as experiências de degustação, dessa forma, quanto mais cedo for o contato com alimentos industrializados, mais difícil será o controle da alimentação da criança. Estudos mostram que esse público tem preferências por alimentos ultraprocessados (OLIVEIRA, 2003).</p><p>Além do fator citado, há fatores genéticos que influenciam diretamente no paladar do indivíduo, despertando preferências e aversões a determinados alimentos. Essa influência gerada pela genética vai sendo alterada conforme as experiências alimentares vão acontecendo. Por isso é fundamental que as crianças tenham uma alimentação saudável desde o processo de introdução alimentar, para que os bons hábitos perdurem e tragam benefícios para a saúde destes mesmos (VITOLO, 2008).</p><p>7.3 Obesidade infantil</p><p>A Obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo exagerado de gordura no corpo (OMS, 2013). Deste modo, sabe-se diante dos estudos a respeito do tema, a obesidade é uma doença que ocasiona outros danos à saúde (CUPPARI, 2009).</p><p>Além disso, a prevalência da obesidade na infância é um cenário em ascensão que interfere na saúde da criança e causa danos na vida adulta devido às comorbidades relacionadas a essa doença (FAGUNDES et al., 2008).</p><p>7.4 Distúrbios Metabólicos e a relação com a obesidade</p><p>Distúrbios Metabólicos são reações químicas que foram modificadas por alguma alteração inadequada sofrida pelo organismo do indivíduo. Esses distúrbios podem ser ocasionados por fatores isolados ou associados, como no caso da obesidade, que é uma condição propícia para o desenvolvimento de tal enfermidade. É sabido, então, que essas alterações químicas severamente modificadas causam males à saúde do ser humano, acarretando em diabetes, dislipidemias, hipertensão e etc. E que essas enfermidades são provenientes do estilo de vida do sujeito, mas principalmente, que são resultantes da doença crônica denominada: obesidade (THEIL, 2022).</p><p>7.5 Publicidade Infantil e a sua influência</p><p>A publicidade é uma ferramenta de persuasão que existe desde o princípio da humanidade, visto que, publicidade é o ato de influenciar o outro, como uma fala ou com alguma ferramenta de persuasão. No entanto, com a evolução da sociedade, o caráter publicitário mudou e ganhou ainda mais força com o desenvolvimento da internet.</p><p>A publicidade direcionada ao público infantil, é uma das maiores do mercado, visto que as crianças são mais fáceis de serem manipuladas, devido a ausência de senso crítico e por sua formação ainda em processo. Com isso, o marketing voltado para esse público, usa meios para captar a atenção destes. Em relação à publicidade alimentos infantis, é verídica a afirmativa de que os recursos usados servem não apenas para fazer com que as crianças voltem os olhos para o produto, mas para esconder o real valor nutricional do alimento, tornando-o mais desejado, pois os males não são calculados e exibidos nas campanhas publicitárias. Um exemplo prático, é que a alimentação infantil encontrada nos mercados está acompanhada por uma embalagem ilustrativa com muitas cores, personagens de desenhos, ou fantasias que fazem parte do imaginário do público (BRITTO, 2010).</p><p>O mercado alimentício visualiza as crianças como agentes consumistas que se permitem comprar demasiadamente tendo controle sobre as emoções dos seus pais e responsáveis. Assim, o trabalho voltado para esse grupo se torna cada vez mais intenso e manipulador (SOUZA, 2012).</p><p>7.6 Estratégia publicitária do mercado alimentício</p><p>Como já falado, a indústria alimentícia é responsável por promover ações inapropriadas de marketing direcionadas às crianças. Além disso, a maior parte da alimentação ofertada por esse mecanismo publicitário são produtos industrializados que estão prontos para o consumo imediato (KASSAHARA; SARTI, 2018).</p><p>As empresas utilizam símbolos característicos da infância e se modificam de acordo com o que está em alta no meio desse grupo. Ou seja, de acordo com a evolução desse público, as estratégias vão se modificando para que o consumidor seja sempre atraído para o produto (ARMSTRONG, 2015).</p><p>Com o decorrer dos anos, a mídia</p><p>ganhou novas formas, o que era apenas divulgado por meio de jornais, revistas e redes televisivas, se tornou mais acessível com a chegada da internet. Deste modo, a disseminação de informações ficou a um clique de distância. Os comerciais foram divididos e atualmente fazem parte de todos os meios de comunicação, principalmente, dos meios virtuais. As plataformas digitais são alimentadas diariamente com anúncios voltados para o público infantil. Os jogos, as plataformas de filmes e séries, o YouTube, as redes sociais, todos esses meios são veículos manipuladores do imaginário, ainda vulnerável, das crianças (WATSON, 2019).</p><p>Insta salientar, que as plataformas citadas são atualmente as recordistas em acesso diário, tanto por crianças, como por adultos, tendo em média 98 milhões de acessos por mês em seus streamings, como é o caso do YouTube (CETIC, 2017).</p><p>7.7 Sistema de persuasão cognitiva da criança</p><p>É necessário a compreensão de que existem duas rotas cognitivas que são ativadas durante o processo de persuasão da criança e de qualquer ser humano, sendo elas: rota periférica e rota central. Cada uma recebe uma mensagem específica que tem como objetivo persuadir o receptor ao conteúdo enviado pelo emissor. Deste modo, respectivamente, a rota central é responsável pelo controle e explicitação do objeto de persuasão, ou seja, tende a ser mais cauteloso. Entretanto, a rota periférica tem um maior automatismo em relação às mensagens persuasivas recebidas, assim, a codificação de essencialidade é menor (PETTY; BRIÑOL, 2012).</p><p>Sabendo deste fato, o mercado publicitário investe em elementos que sejam uma mensagem imediata ao sistema cognitivo periférico, visto que, as crianças estão em processo de desenvolvimento e ainda não possuem uma rota central formada capaz de discernir pela funcionalidade e essencialidade.</p><p>7.8 O crescimento das mídias sociais e o impacto na formação das crianças</p><p>Com o avanço tecnológico e com a visibilidade que as redes sociais ganharam durante a pandemia originada pelo vírus da Covid-19 nos anos de 2020-2022, as informações estão cada vez mais perto e bem mais rápidas de serem acessadas. O que antes dependia dos horários das redes televisivas, hoje não possuem mais hora marcada, ou tempo de duração.</p><p>O ambiente online é atualmente o maior influenciador das novas gerações, com o YouTube, Instagram, TikTok e a vida de inúmeros influenciadores a um clique, as mensagens chegam com maior velocidade manipulando com mais força o público que está a mercê dessas informações publicitárias. Assim, é válido informar que no Brasil 77% das crianças têm acesso as redes sociais diariamente (CETIC, 2018).</p><p>O conhecimento de que as crianças estão cada dia mais inseridas na internet, faz com que as campanhas publicitárias direcionadas as mesmas, estejam em ascendência nesse meio (HUERTAS, 2012).</p><p>8 Resultados e Discussão</p><p>A partir das pesquisas realizadas, foram selecionados 14 artigos na íntegra com base nos critérios relevantes para este estudo. Esses artigos foram fundamentais para elaborar esta revisão, como indicado na tabela abaixo:</p><p>QUADRO 1: Resumo dos artigos selecionados</p><p>Autor/Ano</p><p>Título</p><p>Objetivo</p><p>Resultado</p><p>BARROS, 2015</p><p>A influência da publicidade de alimentos na obesidade infantil</p><p>O objetivo principal deste trabalho é compreender a influência da publicidade de alimentos voltada para crianças nas crescentes taxas de obesidade infantil.</p><p>Através de pesquisa documental e dados estatísticos, é perceptível o aumento no consumo de produtos processados, e sua interferência nos hábitos alimentares da sociedade. Por consequência, a publicidade de alimentos direciona-se com mais frequência para esta categoria, ofertando, cada vez mais, produtos industrializados de baixo valor nutritivo e alto teor calórico.</p><p>CARMO, 2021</p><p>Estratégias de persuasão de redes de fast-food no Brasil: proposta para análise dos componentes de propagandas direcionadas a crianças nos canais YouTube.</p><p>O presente estudo teve como objetivo analisar as estratégias de persuasão utilizadas em propagandas direcionadas às crianças na faixa etária de 5 à 12 anos de idade referentes a alimentos comercializados por redes de fast-food nacionais ou multinacionais.</p><p>A maioria dos produtos anunciados nas propagandas</p><p>avaliadas supera recomendações nutricionais para uma refeição destinada a</p><p>crianças entre quatro e doze anos de idade, particularmente em calorias,</p><p>gorduras totais, gorduras saturadas e sódio.</p><p>Da mesma forma, a comunicação veiculada pelas empresas apresenta</p><p>inconsistências no que tange à proposta institucional e ao cumprimento de</p><p>quesitos éticos defendidos pela maioria das organizações de monitoramento de</p><p>propagandas de alimentos no Brasil e no mundo.</p><p>COSTA, et al, 2018</p><p>A influência da publicidade de alimentos infantis nos hábitos alimentares: uma revisão sistemática</p><p>Verificar através de uma revisão sistemática da literatura, a influência da publicidade de alimentos voltados ao público infantil.</p><p>A publicidade de alimentos industrializados voltados para o público infantil é fortemente difundida sem levar em consideração informações precisas sobre o valor nutricional dos alimentos e suas consequências à saúde da criança a curto e a longo prazo.</p><p>UEDA, et al, 2014</p><p>Publicidade de Alimentos e Escolhas Alimentares de Crianças</p><p>Analisar o efeito de vídeos de desenhos com publicidade de alimentos saudáveis e não saudáveis versus vídeos neutros sobre as escolhas alimentares foi avaliado em 24 crianças de escola pública.</p><p>Um total de 71% das crianças assistia à televisão durante as refeições. Analisando de acordo com o estado nutricional, 100% das crianças classificadas como obesas, 75% das classificadas com sobrepeso e 64% das classificadas como eutróficas assistiam à televisão durante as refeições. Ao considerar a participação das crianças em compras, de acordo com as respostas dos pais, esta tem sido realizada por 62,5% das crianças, sendo os biscoitos, iogurte, sucos de caixa, refresco, bolo, salgadinho, sorvete, chocolate, mas também frutas, os alimentos escolhidos por elas.</p><p>CECCATTO, et al, 2018</p><p>A Influência da Mídia no Consumo Alimentar Infantil: Uma Revisão da Literatura</p><p>Discutir sobre a influência da mídia no consumo alimentar infantil.</p><p>Os estudos mostraram que as crianças são atraídas pelos artifícios utilizados pela publicidade e sentem vontade de adquirir os alimentos anunciados, principalmente os que utilizam- -se de brindes e personagens infantis. Além disso, vários autores associam a publicidade de alimentos altamente calóricos com a crescente prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças.</p><p>MYLES, et al, 2018</p><p>Propaganda e Marketing na TV: A Influência na Formação de Hábitos Alimentares em Crianças</p><p>Esclarecer sobre a prática alimentar de crianças e a relação da influência do marketing televisivo.</p><p>Outro estudo realizado com 26 crianças norte-americanas, com idade de 8 a 14 anos, constatou que os comerciais exibidos na TV podem influenciar nas escolhas alimentares delas. O estudo foi realizado através de ressonância magnética para avaliar a atividade cerebral das crianças na hora de fazerem suas escolhas alimentares através de figuras de alimentos “saudáveis” e “não saudáveis”. Os resultados apresentados foram que as crianças tomaram decisões mais rápidas ao escolherem os alimentos, após assistirem comerciais de alimentos não saudáveis em comparação com comerciais não alimentares.</p><p>CRUZ, et al , 2020</p><p>Reflexos da mídia na formação de hábitos alimentares de crianças e adolescentes a</p><p>nível global: uma revisão bibliográfica</p><p>Descrever o poder de influência que meios de comunic</p><p>ação exerce</p><p>sobre as escolhas alimentares de crianças.</p><p>De acordo com os dados do ano escolar, foi possível observar que a população maior do estudo foi de alunos do</p><p>segundo ano. Relacionado ao diagnóstico do estado nutricional</p><p>obteve os seguintes resultados, (26) 2,4% dos escolares</p><p>apresentavam déficit em sua estatura, 21,5% (232) estavam com excesso</p><p>de peso, (133) 12,3% com sobrepeso</p><p>e (99) 9,2%</p><p>obesos. Foi possível observar que um número maior de escolares aparentava excesso de peso.</p><p>PRODANOV, et al, 2016</p><p>A influência da Publicidade nos Hábitos Alimentares de Crianças em Idade Escolar</p><p>Identificar como a TV influencia na alimentação infantil; identificar o tempo que a criança assiste à TV; observar que tipo de alimentos as crianças consomem; entender como os pais e a professora veem a alimentação dos seus filhos e de seus alunos.</p><p>Os resultados mostram</p><p>que a maioria das crianças gasta seu tempo livre em frente à televisão, em média, 3h/dia, que as</p><p>crianças pedem aos seus pais produtos anunciados na televisão e que, no lanche da escola, consomem</p><p>produtos industrializados levados de casa.</p><p>DRUMOND, et al , 2023</p><p>A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil: Uma Revisão Integrativa</p><p>Observar que as propagandas estão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros e que há um investimento significativo na divulgação de produtos alimentícios, principalmente direcionados ao público infantil.</p><p>Através do trabalho realizado, foi possível concluir que a maioria dos alimentos direcionados diretamente ao público infantil, fabricados pela indústria, são produtos ultraprocessados, como biscoitos, salgadinhos, refrigerantes e doces, que são ricos em aditivos, sódio, açúcar, sal, gordura e com baixo valor nutricional. Ficou claro que a publicidade possui total influência no consumo desses alimentos no meio infantil, pois é um grupo muito imaturo e que ainda não possui discernimento para entender quais são os seus reais desejos na hora de realizar uma compra e por conta disso, ainda é um público muito explorado pela indústria alimentícia para vender mais e ganhar dinheiro.</p><p>OLIVEIRA, et al, 2016</p><p>A Influência da Publicidade na Alimentação de Escolares e sua Relação com o Excesso de Peso</p><p>Analisar o perfil alimentar</p><p>e nutricional</p><p>de escolares e relacionar a influência da propaganda e dos produtos alimentícios vinculados a</p><p>personagens às escolhas alimentares de escolares à obesidade.</p><p>Observou-se que entre os escolares pesquisados existe influência dos personagens que ilustram as embalagens dos alimentos na sua compra, mesmo que não estatisticamente e significativamente</p><p>(p=0,513). Das 69 crianças pesquisadas cujos pais ou responsáveis responderam a questão que</p><p>vincula a compra de alimentos pelo brinde ou brinquedo 97,1% (n=67) crianças solicitam a compra</p><p>do alimento pelo personagem. E 23,19% tem vontade de comer determinado produto alimentício</p><p>após vê-lo nas telas.</p><p>SCHERER, 2016</p><p>A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil e suas Consequências</p><p>Analisar o presente contexto social, econômico e legal no que diz respeito à publicidade de alimentos direcionada à crianças.</p><p>A pesquisa comprovou que a sociedade é influenciada pela publicidade. E que as práticas publicitárias têm o intuito, exclusivamente, de influenciar o público alvo a consumir determinados produtos. O problema está na hipótese desta publicidade se destinar ao público infantil.</p><p>DANTAS, 2015</p><p>Publicidade de alimentos para crianças em televisão por assinatura no Brasil</p><p>Analisar o papel do marketing como um dos determinantes da obesidade infantil, buscando apontar, no campo jurídico, estratégias para a sua regulamentação no Brasil.</p><p>O crescente índice de obesidade no Brasil está demonstrado através de pesquisa nacional. A presença de alimentos no mercado com excesso de sal, gordura e açúcar precisa ser controlada. As teorias de comunicação explicam a influência do marketing na decisão emocional do consumidor.</p><p>Os direitos à saúde e à alimentação adequada e saudável estão previstos na Constituição Federal.</p><p>MENEZES, et al, 2021</p><p>A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil</p><p>Elaborar uma revisão de literatura, a fim de identificar os subsídios da influência do marketing aplicado a alimentos nas escolhas alimentares infantis.</p><p>Constatou em seu estudo que 44,11% das crianças em idade escolar pesquisadas enfatizaram possuir vontade de experimentar determinado produto alimentício depois de assistir uma propaganda ou programa na TV. Além disso, é notável um panorama descontrole midiático não apenas na televisão como também na internet, nos outdoors e nos supermercados, o que contribui ainda mais para o consumo de alimentos pouco saudáveis. Dessa forma, associa-se a influência disso na prevalência das altas taxas de obesidade infantil em escala mundial.</p><p>SILVA, et al, 2022</p><p>Impacto e consequências do consumo de alimentos ultraprocessados na saúde infantil</p><p>Analisar se o consumo de alimentos ultraprocessados na infância podem causar</p><p>consequências negativas na saúde desses indivíduos</p><p>A mídia tem um importante papel no aumento do consumo de alimentos ultraprocessados na infância, pois as indústrias de alimentos investem muito em propagandas divulgando esses tipos de alimentos através de televisão, internet, jornais e revistas estimulando o consumo dos</p><p>mesmos e contribuindo para um ambiente “obesogênico”, tornando deste modo escolhas saudáveis muito difíceis, especialmente para o público</p><p>infantil que é o mais vulnerável.</p><p>8.1 A Influência da Publicidade em Alimentos no Público Infantil</p><p>A publicidade é uma experiência comum a todos, mas a receptividade de cada pessoa varia conforme sua idade e formação psicológica. Nesse sentido, as crianças são particularmente suscetíveis a essas mensagens publicitárias, uma vez que ainda estão desenvolvendo seu intelecto (BARROS, 2015). A ciência comprova através de estudos, que o público infantil não consegue discernir entre os benefícios e malefícios do que lhe são propostos, com isso, são mais vulneráveis à promoção de vínculo ofertada pelo marketing publicitário (CARMO, et al, 2020).</p><p>Conforme (Barros, 2015), a publicidade de alimentos merece atenção, pois sua intenção é influenciar as pessoas a adquirirem os produtos anunciados, sem considerar as possíveis consequências para a vida dos consumidores. Enquanto isso, (Dantas, 2016) corrobora essa discussão ao afirmar que as campanhas publicitárias de alimentos corriqueiramente desrespeitam as normas estabelecidas na Constituição Federal de 1988, negligenciando a qualidade de vida dos consumidores.</p><p>Deste modo, a análise enfatiza como a mídia é agressiva na disseminação de propagandas referentes a alimentos ultraprocessados, contribuindo para um ambiente "obesogênico", ou seja, dificultando a escolha de alimentos saudáveis. A oferta é rica em gorduras saturadas, açúcares refinados, colesterol, entre outros, principalmente para o público infantil (Silva, et al, 2022).</p><p>8.2 Estratégia de Persuasão do Público Infantil</p><p>Salienta-se que, o marketing em alimentos infantis utiliza estratégias próprias para essa faixa etária com o intuito de despertar o desejo desse público para consumir os produtos ofertados (CARMO, et al, 2021). É visto que, a publicidade voltada para esse público, faz uso de ferramentas que brincam com o imaginário infantil, usando de cores, formas, imagens, personagens que são comuns a esse público e brindes (Ueda, et al, 2014). Além disso, os anúncios publicitários possuem uma dialética direcionada ao destinatário, enfatizando frases como “você pode” “você consegue” “seja como”, a fim de gerar anseio por uma qualidade de vida ilustrativa.</p><p>Após determinar a linguagem utilizada na publicidade em questão, identificam-se os meios de disseminação, que atualmente são o principal foco de preocupação, uma vez que as informações estão cada vez mais acessíveis. Dessa forma, é sabido que os veículos de informação mais utilizados para anúncios infantis são a televisão, YouTube, redes sociais (Instagram e Facebook) e os jogos online (CRUZ, et al, 2020), ainda que, atualmente a rede televisa não possua mais a posição de influenciadora direta em relação ao público em questão, pois, as plataformas digitais são protagonista em veiculação de propaganda por serem mais rápidas, palpáveis e acessíveis (CECCATO,</p><p>et al, 2018).</p><p>8.3 Obesidade e Distúrbios Metabólicos no Público Infantil</p><p>A obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial, especialmente em crianças de 5 a 10 anos. A má alimentação, caracterizada pelo consumo excessivo de produtos industrializados e ultraprocessados, contribui diretamente para a alarmante taxa de crianças obesas, acarretando distúrbios metabólicos. (MENEZES,et al, 2021). Com essa afirmação, é válido a ressalva de que indivíduos obesos na infância possuem uma maior probabilidade de enfrentar doenças crônicas não transmissíveis na fase adulta, principalmente se não houver uma mudança de hábitos alimentares. Por tanto, a alimentação saudável precisa ser uma regra desde a primeira infância e não uma exceção (SCHERER, 2016).</p><p>A publicidade em alimentos infantis produz uma influência nefasta sobre a qualidade da alimentação consumida pelas crianças, viabilizando o consumo exagerado e inapropriado de alimentos ultraprocessados (DRUMOND, et al, 2023). A constante exposição a propagandas que promovem alimentos com alto teor de açúcares refinados, sódio e gorduras saturadas tem impacto direto com a taxa alarmante de indivíduos com obesidade na infância (SILVA, et al, 2022).</p><p>Por conseguinte, os distúrbios metabólicos também estão em um cenário crescente, visto que, na maior parte dos casos, é uma consequência da obesidade (SCHERER, 2016). Os distúrbios mais comuns associados ao excesso de peso na infância, são: resistência à insulina, diabetes tipo II, hipertensão arterial e dislipidemia. Essas comorbidades representam sérios riscos para a vida do indivíduo tanto na infância, por causar impactos imediatos, quanto a longo prazo (CARMO, 2021).</p><p>8.4 Regulamentação da Publicidade de Alimentos para Crianças</p><p>A regulamentação da publicidade de alimentos para crianças é uma ação necessária considerando que esse tipo de anúncio publicitário potencializa os impactos negativos na saúde infantil. (BARROS, 2018). O regulamento tem como objetivo definir diretrizes a respeito do que pode ou não ser utilizado nessas campanhas publicitárias, utilizando-se da ética como principal pilar de limite, com o intuito de resguardar o direito de qualidade de vida e saúde prevista na Constituição Federal, resultando assim, em uma menor taxa de obesidade e distúrbios metabólicos em crianças (PRODANOV, et al, 2016)</p><p>Sob a Resolução nº 408/2008 do Conselho Nacional de Saúde, encontram-se diretrizes que priorizam a alimentação saudável desde a primeira infância, a fim de proteger esse grupo demográfico, evitando práticas que possam promover e influenciar negativamente a alimentação desses indivíduos (OLIVEIRA, et al, 2016). Contudo, é válido salientar a importância do controle e intervenção dos pais e responsáveis mediante a alimentação das crianças. Sabendo que esse público não possui capacidade de discernimento, faz-se necessário que o responsável oriente a criança a respeito do que é benéfico ou prejudicial para a sua saúde, ainda como , é viável e recomendado o controle das mídias sociais ao qual as crianças estão expostas (CRUZ, 2020).</p><p>9 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O presente artigo de revisão de literatura abordou a interação entre a publicidade de alimentos direcionada às crianças e a relação com o alto índice de obesidade e distúrbios metabólicos neste grupo demográfico. Ao decorrer da análise, os estudos comprovaram que a publicidade em alimentos infantis influencia diretamente nas comorbidades em questão.</p><p>Neste estudo, destaca-se a origem cultural dos alimentos e a sua evolução ao decorrer dos anos, sendo inicialmente fonte de sobrevivência, e transformando-se também fonte de prazer. Contudo, a modernização social e a busca por praticidade resultaram em uma demanda maior de alimentos industrializados e ultraprocessados, visto que, aliado ao dinamismo social, a busca por uma pseudo “praticidade” ganhou mais espaço.</p><p>Com isso, à medida que os alimentos preparados em ambiente doméstico foram perdendo força, o número de crianças obesas e com distúrbios metabólicos entram em linha de crescimento, resultando em uma estatística 60% maior que há 10 anos. A publicidade direcionada às crianças emerge com uma peça-chave nesse cenário. Estratégias persuasivas são utilizadas, a fim de explorar a falta de senso crítico e formação ainda em desenvolvimento desse público. A linguagem infantil e motivadora, a estética colorida, os personagens, as imagens utilizadas e a promessa de uma diversão sem fim, ocultam o verdadeiro valor nutricional desses produtos.</p><p>Diante desse panorama, é necessário repensar estratégias regulatórias para a publicidade de alimentos direcionada às crianças, considerando as novas dinâmicas das mídias sociais e os impactos profundos na formação de hábitos alimentares. A conscientização da sociedade em geral é essencial para enfrentar os desafios apresentados, buscando promover uma alimentação saudável e prevenir os problemas associados à obesidade e aos distúrbios metabólicos desde a infância. A escola desempenha um papel crucial na formação integral das crianças, indo além do ensino acadêmico. Ela pode contribuir significativamente para a conscientização dos alunos e de suas famílias sobre a importância de uma alimentação equilibrada. Programas educacionais que promovam a educação nutricional, juntamente com a oferta de refeições saudáveis nas escolas, são estratégias eficazes para influenciar positivamente os hábitos alimentares desde cedo.</p><p>Além disso, é necessário ressaltar, que as mídias sociais podem ser usadas como ferramentas benéficas diante desse cenário, pois podem ser aliadas valiosas na disseminação de informações sobre alimentação saudável. Campanhas digitais, conteúdo educativo e dicas práticas podem alcançar pais, educadores e crianças, promovendo a conscientização e incentivando escolhas alimentares mais nutritivas. É fundamental aproveitar as plataformas digitais para desmitificar conceitos, compartilhar receitas saudáveis e criar uma comunidade engajada em prol da nutrição infantil.</p><p>Em síntese, a conscientização dos pais sobre a alimentação das crianças é um pilar fundamental na promoção da saúde e bem-estar infantil. A atuação conjunta entre escolas e o uso estratégico das redes sociais podem potencializar essa conscientização, proporcionando às crianças um ambiente propício para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis que as acompanharão ao longo de suas vidas.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/alimentacao-saudavel-dos-frutos-aos-nuggets/>. Acesso em: 20 mai 2023.</p><p>BARROS, Milla. A influência da publicidade de alimentos na obesidade infantil. Repositório UNICEUB. Brasília, 2015.</p><p>CARMO, Renata. Estratégias de persuasão de redes de fast food no Brasil: proposta para análise dos componentes de propagandas direcionadas a crianças nos canais YouTube. Biblioteca Digital USP. São Paulo, 2020.</p><p>CECCATTO, Daiane; SPINELLI, Roseana; ZANARDO, Vivian; RIBEIRO, Leonice. A influência da mídia no consumo alimentar infantil: uma revisão de literatura. PERSPECTIVA. Uruguai, 2020.</p><p>COSTA, Karolina. A mídia eletrônica e sua influência na obesidade infantil: uma revisão bibliográfica. UNB. Brasília, 2016.</p><p>COSTA, Ketleen; ANDRADE, Victor; PADILHA, Fabricia. A influência da publicidade de alimentos infantis nos hábitos alimentares: uma revisão sistemática. RASBRAM: Revista da Associação Brasileira de Nutrição. São Paulo, 2018.</p><p>CRUZ, Regina; SOUSA, Josanea; SCKRIVAN, Alessandra.Reflexos da mídia na formação de hábitos alimentares de crianças e adolescentes a nível global – uma revisão bibliográfica. Research, Society and Development. Carajás, 2021.</p><p>DANTAS, Newton. Publicidade de alimentos para crianças em televisão por assinatura no Brasil. Scielo Brasil. São Paulo, 2015.</p><p>DRUMOND, Débora; ERMIRO, Evelyn; CORRÊA, Lídia; SILVA, Paloma. A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil: Uma Revisão Integrativa. MEDLINE. Rio de Janeiro, 2023.</p><p>INGLESIAS, Fábio; CALDAS, Lucas; LEMOS; Stela. Publicidade infantil: uma análise</p><p>de táticas persuasivas na TV aberta. Scielo Brasil. Brasília, 2013.</p><p>MENEZES, Tatiara; SILVA, Vanessa. A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil. Google Acadêmico. Guanambi, 2021.</p><p>MYLES, Tatiana; MAYNARD, Dayanne. Propaganda e Marketing na TV: A Influência na Formação de Hábitos Alimentares em Crianças. Scielo Brasil. Brasília, 2018.</p><p>OLIVEIRA, Taciane; POLL, Fabiana. A Influência da Publicidade na Alimentação de Escolares e sua Relação com o Excesso de Peso. REVISTA CIPPUS – UNILASALLE. Canoas, 2016.</p><p>RODRIGUES, Vânia. A origem cultural e a importância biológica dos alimentos. Repositório UFMG. Belo Horizonte, 2012</p><p>SAMPAIO, Inês. Infância e consumo: estudos no campo da comunicação. ANDI. Instituto Alana. Brasília, 2019.</p><p>SILVA, Amanda; SILVA, José; ROCHA, Leticia; SANTOS, Ana Cristina. Impacto e consequências do consumo de alimentos ultraprocessados na saúde infantil. Research, Society and Development. Goiás, 2022.</p><p>SULZBACH, Ellen; MORELO, Simone. Obesidade infantil - uma revisão bibliográfica. Revista Destaques Acadêmicos. Pernambuco, 2012.</p><p>SCHERER, Débora. A Influência da Publicidade na Alimentação Infantil e suas Consequências. MEDLINE. Porto Alegre, 2016.</p><p>SISVAN, Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Disponível em: <https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/relatoriopublico/index> Acesso em: 15 abr 2023.</p><p>UEDA, Marcia; PORTO, Rafael; VASCONCELOS, Laercia. Publicidade de Alimentos e Escolhas Alimentares de Crianças. PSICOLOGIA: TEORIA E PESQUISA. Brasília, 2014.</p><p>VITOLO. M. Obesidade infantil. Nutrição: da Gestação ao envelhecimento. RUBIO. Rio de Janeiro, 2008.</p><p>image2.jpg</p><p>image3.png</p><p>image1.png</p>