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INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO 
ESPECIAL E INCLUSIVA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Gisele Ziliotto 
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CONVERSA INICIAL 
Ao se atuar na área educacional, sobretudo na educação especial de 
acordo com a perspectiva inclusiva, há necessidade cada vez maior de 
atualização de conhecimentos de forma interdisciplinar, favorecendo a atuação 
de licenciados no contexto inclusivo junto aos estudantes que apresentam 
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas 
habilidades/superdotação. 
A atuação na educação também exige o desenvolvimento de habilidades 
e competências gerais e específicas que constituem o perfil profissional do 
egresso em Educação Especial, comprometido com uma práxis pedagógica em 
prol da valorização das diferenças e superação de adversidades e barreiras que 
impeçam os estudantes de aprender e participar da vida social e educacional. 
TEMA 1 – PERFIL DO EGRESSO 
 Sob a perspectiva de uma sociedade inclusiva, as posturas atitudinais 
precisam acolher a diversidade humana, respeitando as diferenças individuais a 
fim de que, num plano coletivo, cada vez mais se ampliem as condições de 
acessibilidade – arquitetônica, urbanística, comunicacional, pedagógica –, e 
promovendo oportunidades de inserção social, laboral e educacional de todas 
as pessoas, em especial a do público-alvo da educação especial. Assim, a 
construção de um contexto social e escolar inclusivo 
[...] é de extrema relevância para assegurar os direitos de 
aprendizagem de todos, incluindo os direitos das pessoas com 
deficiência. Entendemos a educação inclusiva como um direito 
humano, um processo que possibilita combater e erradicar os 
estereótipos sociais que separam os ditos “normais” dos “anormais”. É 
o processo no qual as diferenças favorecem o crescimento do grupo, 
do coletivo. Para que seja efetivado, é necessário romper com os 
padrões convencionais de ensino e de aprendizagem, e criar condições 
para efetivar um processo em que todos contribuam para a 
concretização, de fato, do direito de aprender. (Pereira; Guimarães, 
2019, p. 572-573) 
Nesse sentido, o estudante egresso da licenciatura em educação especial 
terá competências e habilidades voltadas para a compreensão da diversidade, 
entre as quais destacamos: 
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a) Planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados 
contextos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprias da 
Educação Especial; 
b) Utilizar métodos, técnicas e instrumentos com a finalidade de identificar e 
intervir; 
c) Participar na formulação e na implantação de políticas públicas e privadas 
em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão social; 
d) Articular a ação da Educação Especial com profissionais de áreas afins, 
para atuar em diferentes ambientes de aprendizagem; 
e) Realizar consultoria e assessoria na Educação Especial; 
f) Atuar na coordenação e gestão de serviços de Educação Especial em 
estabelecimentos públicos e privados. 
Assim, o licenciado em educação especial precisa ter um olhar amplo e 
voltado à diversidade, tecendo o elo de apoio e de relações entre os profissionais 
da escola regular, as famílias dos estudantes e as especificidades das crianças 
e adolescentes público-alvo da educação especial. Para Machado (2011, p. 7), 
o profissional com formação em educação especial 
[...] estabelece articulação com o professor da sala de aula comum a 
fim de reconhecer as novas demandas e desafios que o aluno enfrenta 
na escola para a definição e a disponibilização de recursos que 
favoreçam o acesso do aluno ao currículo comum, sua interação no 
grupo, participação em todos os projetos e atividades pedagógicas e 
acesso físico aos espaços da escola. 
TEMA 2 – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES GERAIS 
O curso de Licenciatura em Educação Especial na modalidade a distância 
possibilita que, na formação profissional do egresso, haja determinadas 
competências e habilidades, as quais se revelem na sua prática e no campo de 
atuação profissional. 
Pereira e Guimarães (2019, p. 582) salientam a necessidade da 
compreensão da diversidade por meio da realização de planejamento 
educacional em consonância com as necessidades educacionais especiais de 
seus estudantes, “[...] com atividades inovadoras e em detrimento de uma 
atuação padronizada e excludente, são pontos imprescindíveis para que se 
contemplem efetivamente os direitos de aprendizagem”. 
Entre tais competências e habilidades gerais, destacamos a produção de 
conhecimento com o objetivo de estudo do processo de ensino-aprendizagem, 
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que abrange a compreensão e intervenção nos problemas de aprendizagem. O 
curso tem caráter interdisciplinar, contando com a contribuição de outras áreas 
do conhecimento. Nesse sentido, compartilha-se a concepção de que 
[...] o processo de formação docente não se restringe a um 
determinado tempo de vida, tampouco ao espaço escolar e 
universitário. Extrapola os muros da escola e perpassa o cotidiano, os 
espaços culturais, de lazer e tantos outros espaços educativos. 
(Pereira; Guimarães, 2019, p. 572) 
TEMA 3 – CAMPO DE ATUAÇÃO 
O egresso licenciado em Educação Especial na modalidade a distância, 
por meio da fundamentação pedagógica, filosófica, legal e psicológica adquirida 
no decorrer do curso, poderá colocar em prática seus conhecimentos inter e 
multidisciplinares. Para aplicá-los no seu campo de atuação profissional, ele 
precisa considerar as discussões acerca de possibilidades e desafios 
[...] da atuação docente perante uma educação escolar que favoreça a 
aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos com deficiência, no 
âmbito da escola comum, precisam dar visibilidade às interações com 
o outro e à construção de significados e sentidos em torno das práticas 
pedagógicas. Para tanto, é importante considerar contextos sociais 
mais amplos e concepções de ensinar e aprender que embasem 
práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores, bem como o 
papel central da escola no desenvolvimento dos educandos. (Pinto; 
Amaral, 2019, p. 4) 
O campo de atuação do profissional com formação em educação especial 
poderá envolver os serviços que veremos na sequência. 
3.1 Serviços de atendimento educacional especializado 
 A Política Nacional da Educação Especial na perspectiva Inclusiva, 
proposta pelo Ministério da Educação em 2008, valoriza que a educação 
especial é 
[...] uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e 
modalidades, que disponibiliza recursos e serviços, realiza o 
atendimento educacional especializado e orienta quanto a sua 
utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns 
do ensino regular. (Brasil, 2008, p. 15) 
 Enquanto transversalidade da educação especial, o gráfico seguir ilustra 
a importância do alcance do suporte da educação especial nos diferentes níveis 
e etapas da educação, ampliando o campo de atuação do profissional formado 
em educação especial, que pode atuar nos diferentes segmentos educacionais, 
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desde a educação infantil, ensino fundamental e médio até a educação de jovens 
e adultos e educação superior. 
Quadro 1 – Transversalidade na educação especial 
 
Crédito: elaborado por Ziliotto, 2021, com base em Brasil, 2008. 
3.1.1 Sala de Recurso Multifuncional 
Uma das frentes de atuação do atendimento educacional especializado 
consiste na Sala de Recurso Multifuncional (SRM), estabelecida por meio da 
Resolução n. 04/2009, que institui as DiretrizesOperacionais para o Atendimento 
Educacional Especializado na Educação Básica (Brasil, 2009). 
As salas de recursos multifuncionais se caracterizam como espaços 
educacionais presentes em escolas regulares que ofertam atendimento 
especializado realizado por professores com formação em educação especial no 
contraturno do período escolar do estudante com deficiência, transtornos globais 
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. 
É importante lembrar que as atividades desenvolvidas pelos professores 
especializados visam complementar ou suplementar o desenvolvimento escolar 
dos estudantes por meio de atividades planejadas de forma individualizada de 
acordo com as necessidades educacionais especiais de cada estudante, os 
quais podem ser atendidos em grupo, em pares ou individualmente. 
O profissional é responsável por estabelecer parceria com as famílias e 
os docentes do ensino comum, articulando os saberes em prol do 
desenvolvimento escolar de cada estudante incluso. 
 
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3.1.2 Centro de atendimento educacional especializado 
De acordo com a mesma Resolução, o atendimento educacional 
especializado pode ser expandido em centros de Atendimento Educacional 
Especializado, conforme verificamos a seguir: 
Art 5º – O Atendimento Educacional Especializado é realizado, 
prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola 
ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da 
escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser 
realizado, também, em Centro de Atendimento Educacional 
Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, 
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a 
Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios. (Brasil, 2009, p. 2) 
Em relação aos centros de atendimento educacional especializado, a 
Nota Técnica n. 55/2013 estabelece que o licenciado em educação especial 
pode atuar na “[...] articulação com os professores do ensino comum, visando à 
disponibilização de recursos de apoio necessários à participação e 
aprendizagem dos estudantes” (Brasil, 2013, p. 6). 
Nesse sentido, o profissional com formação em educação especial 
corrobora com a equipe pedagógica das escolas para minimizar as barreiras que 
possam estar comprometendo o processo de escolarização dos estudantes 
público-alvo da educação especial. 
Cabe lembrar que os centros de AEE podem ser compostos por equipe 
interdisciplinar (psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, pedagogos, 
professores) e ofertar serviços especializados em diferentes áreas, como na 
área da estimulação precoce, iniciação ao trabalho, atividades específicas na 
área da deficiência visual, intelectual, motora, entre outras. 
Outra vertente de serviço de atendimento educacional especializado na 
qual o profissional formado em educação especial pode contribuir é a dos 
chamados Núcleos de Acessibilidade Pedagógica (NAP), presentes nas 
Instituições de Ensino Superior, dado o aumento de estudantes público-alvo da 
educação especial matriculados em cursos de graduação e pós-graduação nas 
universidades brasileiras. 
O Programa Incluir, proposto em 2005 pelo governo federal, tem se 
consolidado propondo o serviço especializado nas Instituições Federais de 
Ensino Superior (IFES), garantindo as adaptações necessárias às necessidades 
educacionais especiais, por meio da oferta de espaço físico 
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[...] com profissional responsável pela organização das ações, 
articulação entre os diferentes órgãos e departamentos da 
universidade para a implementação da política de acessibilidade e 
efetivação das relações de ensino, pesquisa e extensão na área. Os 
Núcleos deverão atuar na implementação da acessibilidade às 
pessoas com deficiência em todos os espaços, ambientes, materiais, 
ações e processos desenvolvidos na instituição. (Brasil, 2008b, p. 39) 
3.1.3 Pedagogia hospitalar e domiciliar 
O licenciado em educação especial também é necessário para realizar o 
atendimento educacional especializado em ambiente hospitalar ou domiciliar, 
objetivando a continuidade dos conteúdos acadêmicos do ano escolar para os 
estudantes que apresentam quadros de saúde que os afastam do convívio 
educacional. 
Assim, ao regressar à escola, os estudantes que recebem este 
atendimento de cunho pedagógico podem ter melhores condições de 
acompanhar o currículo junto aos demais colegas da classe, evitando 
reprovações escolares. 
Para Xavier et al. (2013, p. 612), o funcionamento de classes hospitalares 
caracteriza-se 
[...] pelo atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambiente 
de tratamento de saúde por ocasião de internação, no atendimento em 
hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à 
saúde mental. É uma modalidade da Educação Especial, pois atende 
crianças e/ou adolescentes considerados com necessidades 
educativas especiais em decorrência de apresentarem dificuldades no 
acompanhamento das atividades curriculares por condições de 
limitações específicas de saúde. 
3.2 Instituições de ensino 
Em âmbito educacional, o profissional com formação em educação 
especial pode atuar nas instituições de ensino comum compondo as equipes – 
tanto de ensino comum e/ou especializado – no que se refere às secretarias, 
diretorias de ensino e equipe interdisciplinar, por exemplo. 
As equipes pedagógicas das instituições educacionais podem se 
beneficiar dos conhecimentos do profissional habilitado em educação especial, 
envolvendo desde a gestão escolar, questões pedagógicas e instituições 
especializadas até a prestação de serviços de consultoria colaborativa que 
abarquem o desenvolvimento de práticas necessárias à acessibilidade, 
aprendizagem e participação dos envolvidos no processo escolar. 
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Cabe mencionar que legislações brasileiras preconizam a necessidade de 
se oportunizar o ensino profissionalizante aos estudantes público-alvo da 
educação especial, abrindo mais um leque de atuação ao profissional habilitado 
na área. 
De acordo com a Lei n. 12.513, de 26 de outubro de 2011 (Brasil, 2011), 
é necessária a inclusão desse público nas ações de educação profissional e 
tecnológica desenvolvidas pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino 
Técnico e Emprego (Pronatec), observando as reais condições de acessibilidade 
e participação. Redig e Glat (2017, p. 337) sinalizam que embora a proposta 
inclusiva 
[...] seja, hoje em dia, amplamente disseminada, inclusive pela mídia, 
é importante lembrar que as políticas de inclusão social de pessoas 
com deficiência não se restringem ao espaço escolar. 
Independentemente das condições de escolarização, alunos com 
deficiência, assim como os demais, precisam se preparar para sua 
futura inserção no mundo do trabalho. 
Além disso, a Lei n. 13.146 (Brasil, 2015), que versa sobre a colocação 
profissional competitiva da pessoa com deficiência, observa que a inclusão no 
mundo do trabalho precisa ocorrer com apoio “[...] que atenda às necessidades 
específicas da pessoa com deficiência, inclusive com a disponibilização de 
recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente de 
trabalho”. Assim, respeitadas as adaptações, a proposta pode representar 
[...] uma excelente oportunidade para aprendizagem, pois, quanto mais 
o jovem for exposto a diferentes experiências no mundo do trabalho, 
melhor ele poderá fazer sua opção profissional, bem como identificar 
os suportes que precisará. Durante as visitas, o professor pode 
aproveitar para se informar sobre as características que aempresa 
valoriza nos seus funcionários. Posteriormente, ele discutiria esses 
aspectos com seus estudantes, explorando que tipo de atividades 
laborais eles gostariam de desempenhar se fossem contratados por 
aquela empresa, e que atributos precisariam desenvolver para 
conseguir essa colocação. (Redig; Glat, 2017, p. 338) 
 Como verificamos, o campo de atuação o profissional com formação em 
educação especial é amplo não somente no contexto educacional, mas também 
nos diferentes órgãos relacionados à assistência social, emprego, empresas, 
hospitais, entre outros. 
TEMA 4 – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA PERSPECTIVA INCLUSIVA 
As práticas pedagógicas no contexto da educação inclusiva devem 
considerar a diversidade presente na escola regular e os estudantes que 
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apresentam deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação. 
Para tanto, é fundamental que o licenciado em Educação Especial 
reconheça as necessidades educacionais especiais do alunado e disponibilize 
serviços e recursos de acessibilidade para que todos usufruam do 
conhecimento. 
As atitudes dos professores com relação à inclusão escolar são 
essenciais na determinação do sucesso ou do fracasso da educação inclusiva, 
pois o processo de ensino e aprendizagem envolve a relação entre professor e 
aluno. 
[...] A qualidade da relação interpessoal entre professor e aluno 
apresenta-se como um dos fatores essenciais para o favorecimento do 
aprendizado. Em tal processo, variáveis pessoais do professor 
precisam ser consideradas, visto que podem influenciar práticas 
pedagógicas direcionadas aos alunos com diferentes características, 
incluindo aqueles que apresentam diferenças ou dificuldades 
especiais. (Marinho; Omote, 2017, p. 630) 
Nesta seara, destacamos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 
que estabelece a importância de atitudes que favoreçam o respeito à 
diversidade: 
[...] a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento 
humano global, o que implica compreender a complexidade e a não 
linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões 
reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou 
a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular 
e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – 
considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma 
educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e 
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. Além 
disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia 
inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, 
não preconceito e respeito às diferenças e diversidades. (Brasil, 2017, 
p. 14) 
Uma das premissas da educação inclusiva se concentra no 
reconhecimento das necessidades educacionais especiais de seus estudantes 
e nas devidas adaptações do currículo escolar como forma de possibilitar o 
acesso e participação dos estudantes público-alvo da educação especial no 
ensino comum. O currículo inclusivo 
[...] se destaca pelo caráter criativo e dinâmico, acolhendo a 
heterogeneidade em sala de aula, buscando atingir a todos os 
estudantes independente das características e fragilidades orgânicas 
que apresentem, diversificando o ensino e propondo mudanças para 
adequar seu cotidiano escolar a trabalhar de forma diferente, 
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sobretudo, possibilitando respostas educativas que atendam às 
singularidades dos alunos público-alvo da Educação Especial. (Ziliotto, 
2020, p. 158) 
 Nesse sentido, o profissional com formação em educação especial pode 
contribuir com a equipe pedagógica da instituição escolar no sentido de refletir 
junto aos docentes e pedagogos envolvidos no processo educacional sobre a 
necessidade de flexibilizar a prática educativa para estudantes com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. 
Assim, as adequações curriculares 
[...] constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às 
dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize 
a adequação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo 
apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. 
Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível 
de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. 
(Brasil, 2006, p. 61) 
É importante que as adequações curriculares sejam discutidas junto aos 
profissionais envolvidos – docentes, pedagogos, gestores –, objetivando “[...] 
equacionar as dificuldades dos estudantes, verificando a melhor adaptação a ser 
realizada a fim de que consiga atender às suas necessidades educacionais 
especiais” (Ziliotto, 2020, p. 147), além de possibilitar condições para que os 
estudantes acompanhem os componentes curriculares de forma significativa e 
acessível. 
TEMA 5 – COMPROMISSO POLÍTICO DO LICENCIADO EM EDUCAÇÃO 
ESPECIAL 
O compromisso político dos profissionais envolvidos na educação 
perpassa a responsabilidade ética (Freire, 2001, p. 2): “[...] a responsabilidade 
ética, política e profissional lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar 
[...], essa atividade exige sua preparação, [para que] sua formação se torne [um] 
processo permanente”. Nesse sentido, a educação para Freire (2001) envolve o 
ato político que afeta a realidade dos sujeitos da história. O compromisso de 
promover a autonomia dos estudantes coaduna com a ação educativa que exige 
do profissional da educação uma formação continuada. 
[...] o postulado de inclusão social e educacional consiste em tornar 
toda a sociedade em um lugar para a convivência com a diversidade 
humana na efetivação de seus direitos, necessidades e 
potencialidades. Pontos de fragilidade humana passam a ser 
reconhecidos e valorizados, exigindo da sociedade uma adequação de 
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seus espaços socioculturais e econômicos para atender uma 
diversidade de habilidades, potencialidades e aptidões postas em 
interação. (Conforto et al., 2011, p. 22) 
De acordo com a legislação nacional acerca da formação de professores, 
devem ser abordados conteúdos pedagógicos referentes à Educação Especial, 
tais como: 
I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e 
valorizar a educação inclusiva; 
II – flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de 
conhecimento de modo adequado às necessidades especiais de 
aprendizagem; 
III – avaliar continuamente a eficácia do processo educativo para o 
atendimento de necessidades educacionais especiais; 
IV – atuar em equipe, inclusive com professores especializados em 
educação especial. (Brasil, 2001) 
A prática pedagógica inclusiva preza pela inovação da ação pedagógica, 
exigindo a permanente qualificação dos professores e envolvendo 
[...] procedimentos educacionais que tenham como base um diálogo 
constante, a preocupação de identificar como o aluno está se 
desenvolvendo, bem como a disponibilidade para modificar ou 
rearranjar situações de aprendizagem. (Vitaliano, 2007, p. 403) 
À medida que os profissionais da educação exercem o processo 
educacional de forma reflexiva, consciente e comprometida eticamente com a 
diversidade, afastam situações excludentes como outrora foram praticadas na 
história. A educação inclusiva, 
[...] impõe a necessidade de as escolas de todos os níveis de ensino 
rever[em] sua organização, seus critérios de aprovação e reprovação, 
seus programas e, especialmente, a formação dos profissionais que 
a[s] conduzem. Mas é, sobretudo, um processo que está em 
construção e se faz a cada momento que consegue diminuir práticas 
rotineiras desegregação e discriminação, oferecendo oportunidades 
adequadas de aprendizagem e participação para aqueles indivíduos 
que durante o processo histórico da humanidade foram excluídos. 
(Vitaliano, 2007, p. 403) 
Os egressos do curso de educação especial envolvidos eticamente com 
a educação inclusiva se caracterizam pela busca de qualificação e formação 
profissional constante, ajustando sua prática educacional em consonância com 
as reais necessidades educacionais especiais de seus estudantes, além de 
serem “[...] conduzidos para que realizem reflexões e indagações constantes a 
respeito de suas concepções, seus valores, suas atitudes e os efeitos destas 
sobre seus alunos” (Marinho; Omote, 2017, p. 632). 
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Cada vez mais o processo de inclusão escolar exige posturas de 
responsabilidade e de respeito à diversidade, pautadas em ações que valorizem 
condições de acessibilidade e mediação significativa de acesso ao saber 
sistematizado, promovendo o processo de aprendizagem dos estudantes com 
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação. Ao se comprometer eticamente, o profissional 
buscará romper com atitudes discriminatórias e buscará soluções para minimizar 
[...] barreiras para a sua efetivação com qualidade. Em teoria, quando 
o professor acredita ser capaz e está motivado para realizar seu 
trabalho, tende a permanecer empenhado por mais tempo, podendo se 
deparar com maiores chances de sucesso de aprendizagem, 
envolvimento, união e respeito de seus alunos. (Fernandes; Costa; 
Iaochite, 2019, p. 219) 
NA PRÁTICA 
Assista ao filme O milagre de Anne Sullivan, que apresenta o perfil de um 
sujeito engajado em uma educação que busca reconhecer as melhores 
possibilidades, as quais são valorizadas apesar das adversidades e dos 
problemas instalados socialmente com relação às pessoas com necessidades 
educacionais especiais. 
O filme conta a trajetória marcante da professora Anne Sullivan com Helen 
Keller, uma criança surda-cega. Anne buscou diferentes formas para o 
aprendizado, promovendo a comunicação e a interação social. Vale a pena 
conferir! 
FINALIZANDO 
Acompanhe a entrevista com a professora Sabrina Fernandes de Castro, 
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), convidada pela 
ESE/Licenciatura em Educação Especial-EaD para participar do "Aulão 
Interdisciplinar – ao vivo" com o objetivo de apresentar e discutir o tema "Campos 
de Atuação do Licenciado em Educação Especial". 
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Perfil do 
egresso
Competências 
e habilidades 
gerais
Campo de 
atuação 
profissional
Práticas 
pedagógicas
Compromisso 
político
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REFERÊNCIAS 
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Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 
DF, 11 set. 2001. Disponível em: . Acesso em: 4 set. 2021. 
______. Base Nacional Comum Curricular. A educação é a base. Ministério 
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