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W BA 02 13 _V 1. 0 DEFICIÊNCIA FÍSICA E AEE 2 Nancy Capretz Batista da Silva São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 DEFICIÊNCIA FÍSICA E AEE 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Nayara Christine Souza Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________________ Silva, Nancy Capretz Batista da S586d Deficiência física e AEE / Nancy Capretz Batista da Silva, São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 38 p. ISBN 978-65-89965-30-5 1. Deficiência. 2. Educação inclusiva. 3. Estratégias educacionais. I. Título. CDD 371.9 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB 010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. 4 SUMÁRIO Deficiência física e necessidades educacionais _______________ 05 Organização de recursos pedagógicos _______________________ 20 Uso da Tecnologia Assistiva e adaptações escolares _________ 34 Acessibilidade: mobilidade, comunicação e participação _____ 48 DEFICIÊNCIA FÍSICA E AEE 5 Deficiência física e necessidades educacionais Autoria: Nancy Capretz Batista da Silva Leitura crítica: Nayara Christine Souza Objetivos • Caracterizar a deficiência física (DF) em suas diversas formas. • Conhecer prioridades de avaliação do aluno com deficiência física para elaborar estratégias de intervenção. • Enumerar habilidades distintas e dificuldades dos estudantes com DF. • Reconhecer necessidades específicas de aprendizagem relacionadas à DF. • Compreender o Atendimento Educacional Especializado (AEE). • Caracterizar a sala de AEE para os estudantes com DF. • Reconhecer as necessidades específicas do aluno com deficiência física no AEE. 6 1. A pessoa com deficiência física e suas necessidades educacionais especiais Você já acompanhou o desenvolvimento e o aprendizado de algum estudante com deficiência física? Vamos falar sobre isso nesta Leitura Digital, conhecendo mais um pouco a respeito das características relacionadas a estes indivíduos e a organização do seu ensino. A deficiência física ocorre devido a diversos fatores, genéticos e ambientais, e existem muitas pessoas que apresentam diferentes formas desta deficiência. Em idade escolar, as pessoas com deficiência física precisam ser avaliadas quanto às suas habilidades e dificuldades que impactam diretamente sua aprendizagem, a fim de elaborar estratégias de intervenção que atendam às suas necessidades educacionais. Elas podem precisar de atendimento educacional especializado e, por isso, o funcionamento deste deve ser conhecido. Caso o atendimento ocorra em sala de recursos ou outro espaço especializado, deve ser organizado de acordo com as necessidades específicas desse aluno, as quais precisam ser levantadas. A pessoa com deficiência física (DF) é público-alvo da educação especial e apresenta direitos garantidos por lei, incluindo-se o direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE). O modelo biopsicossocial de deficiência é mais atual e considera que a participação do indivíduo em igualdade de condições com os demais na sociedade depende da interação entre seus impedimentos e possíveis barreiras. A deficiência física (art. 4º) é definida como: [...] alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando- se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, 7 nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. (BRASIL, 2004) Os termos “paresia” e “plegia” se referem ao tipo de comprometimento. No caso de “paresia”, podemos entender como a diminuição ou dificuldade de movimento e/ou sensibilidade. “Plegia” diz respeito à ausência de movimento e/ou sensibilidade. Entre as deficiências físicas, a mais conhecida é a paralisia cerebral. Para Hardman, Drew e Egan (2005), podemos compreendê-la como uma desordem neuromuscular causada por danos em uma ou mais áreas específicas do cérebro que ocorre usualmente durante o desenvolvimento fetal, no nascimento, ou na infância. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, a paralisia cerebral compreende a “lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo como consequência alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental” (BRASIL, 2007, p. 24). A deficiência física pode interferir na habilidade de a pessoa se movimentar, usar os braços e as pernas efetivamente, engolir a comida e/ou respirar independentemente. Ainda, pode afetar outras funções primárias (visão, cognição, fala, linguagem, audição e controle intestinal) e trazer implicações para a saúde, tais como tuberculose, asma, anemia, epilepsia, diabetes e outros, interferindo até no desenvolvimento educacional (HARDMAN; DREW. EGAN, 2005). O comprometimento da função física deverá acontecer quando existe a falta de um membro (amputação), sua má-formação ou deformação (alterações que acometem o sistema muscular e esquelético). Ainda encontraremos alterações funcionais motoras decorrentes de lesão do Sistema Nervoso e, nesses casos, observaremos principalmente a alteração do tônus muscular (hipertonia, hipotonia, atividades tônicas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados), (BRASIL, 2007, p. 22) 8 Independentemente do grau de comprometimento, é certo que a pessoa com deficiência física apresenta potencial e aprende. Para isso, é necessário que os obstáculos sejam eliminados, pois são eles que impõem barreiras ao aprendizado. Por isso, uma avaliação das características do aluno com DF deve ser realizada para verificar a necessidade de adaptações no espaço físico e no material escolar. 1.1 Avaliação de habilidades, dificuldades e necessidades da pessoa com deficiência física Para que a inclusão de alunos com deficiência física seja bem-sucedida, é importante reconhecer e avaliar suas habilidades, dificuldades e necessidades para elaborar estratégias de intervenção adequadas e específicas para a promoção de participação e aprendizado. Assim, recursos pedagógicos e de acessibilidade relacionados às características físicas dos ambientes escolares são identificados (BRASIL, 2009). Neste sentido, é preciso compreender o processo evolutivo do aluno com deficiência física para estabelecer um paralelo com o desenvolvimento típico e buscar situações, vivências, experiências que promovam a construção do aluno enquanto sujeito, oferecendo-lhe oportunidades para que desenvolva toda sua potencialidadecontrole motor, postura sentada), e motora fina (funções da mão, preensão, controle motor das extremidades superiores), nível de percepção e cognição (reconhecer, nomear e classificar objetos, memória, conceitos, discriminar, leitura e escrita), desenvolvimento socioemocional (interagir com objetos, brincar, comunicar-se), possibilidades, dificuldades e necessidade de recursos adaptados para acesso a dispositivos do computador (teclado, mouse, acionadores e monitor) (SAMPAIO; REIS, 2005 apud LOURENÇO, 2012). 44 Bersch (2009) exemplifica a identificação pelo professor de uma Tecnologia Assistiva apropriada para que o aluno participe das atividades propostas com autoria e o máximo de independência (p. 229): Quadro 1 – Identificação de TA para atividade escolar Objetivo educacional 1. Estimular e incentivar as crianças à pesquisa e ao conhecimento de novas palavras. Atividade proposta 1.1. Pesquisar com as famílias figuras em diferentes revistas e recortá-las. 1.2. Escrever o nome nas figuras escolhidas em cartões. 1.3. Organizar o material colando-o em diferentes páginas, para a confecção de um livro de palavras. Barreira que impede ou limita a participação do aluno 1.1.1. Manusear o livro e indicar a figura escolhida. 1.1.2. Recortar as figuras. 1.2.1. Realização da escrita manual. 1.2.2. Preparar os cartões. 1.3.1. Manusear o tubo de cola. 1.3.2. Escolher o local na folha e colar. 45 Tecnologia Assistiva apropriada 1.1.1. Plano inclinado para posicionar o livro diante do aluno, sobre a mesa da cadeira de rodas. Familiar auxilia virando a página. A cada página o familiar realiza uma “varredura manual” passando seu dedo sobre cada uma das figuras que ali se encontram e espera a sinalização do aluno por meio de um som afirmativo da escolha. 1.1.2. Utilizar tesoura especial em suporte fixo: familiar segura e direciona a folha da revista e aluno faz o recorte, batendo na alça da tesoura. 1.2.1. Aluno faz a escrita das palavras por meio do computador, com teclado virtual com varredura e acionador. 1.2.2. Utilizar tesoura especial com suporte fixo para recortar as folhas digitadas pelo aluno e preparar os cartões. 1.3.1. Familiar pinga a cola no verso da figura e aluno auxilia espalhando-o com seu movimento de mão. 1.3.2. Familiar faz a varredura manual em diversos pontos da folha branca e aluno determina, sinalizando com um som, o local onde deseja colar. A figura é colocada no local e o aluno auxilia o processo de colagem batendo sua mão sobre a gravura e cartão de palavra. Fonte: adaptado de Bersch (2009, p. 229). 46 Na sala de aula, o aluno fica a maior parte do período escolar envolvido em atividades produtivas e de comunicação, o que justifica o uso de ajudas técnicas, ou Tecnologia Assistiva para promover sua acessibilidade. Tais recursos contribuem com o processo de escolarização da criança com deficiência física, mas sua implementação deve ser realizada de maneira sistematizada. Como é possível prever, em situações que o aluno com deficiência física precisa realizar atividades de explorar e manipular materiais em sala de aula, como recortar, colar, escrever, entre outras, seu comprometimento motor evidencia-se. Devido aos prejuízos na movimentação corporal e coordenação motora fina, o desempenho do aluno com deficiência física é diferente do esperado, o que requer adaptações para que possa usufruir das oportunidades de participação e execução. Para o grafismo, por exemplo, deve-se atentar ao tipo de movimentação dos membros superiores apresentados pela criança, avaliando-se se há defasagem ou mesmo condições de escrita. Quando há tais condições, segundo Brasil (2003), o traçado impreciso pode ser melhorado com o passar do tempo, mas dificilmente treino repetitivo em cadernos de caligrafia irão ajudar. Quando as condições para a escrita existem, os materiais podem precisar de adaptação de acordo com as movimentações dos braços, por exemplo, no tamanho e limitação da folha. Nos desenhos, o comprometimento motor pode levar a traços disformes, garatujas e dificuldade de representação adequada (fiel) ao modelo (seja um objeto, um outro desenho, uma palavra ou mesmo algo que imagina). O aluno deve se sentir produtivo e participante, tendo seu esforço e dedicação reconhecidos. Nesta Leitura Digital você viu como a Tecnologia Assistiva pode ser entendida e como pode colaborar com o processo de ensino- aprendizagem de alunos com deficiência física. A necessidade de avaliar as necessidades do aluno e as possibilidades de adaptação de material pedagógico também foram apresentadas, com foco na 47 inclusão de alunos com deficiência física e seu atendimento educacional especializado. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: deficiência física. 2. ed. rev. Brasília: MEC, SEESP, 2003. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf. Acesso em 13 jul. 2021. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. Disponível em: http://www.galvaofilho.net/livro-tecnologia-assistiva_CAT.pdf. Acesso em: 10 set. 2020. BERSCH, R. de C. R. Design de um serviço de Tecnologia Assistiva em escolas públicas. 2009. 231 f. Tese (Doutorado em Design)–Programa de Pós-Graduação em Design, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/18299/000728187. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 jul. 2021. GIL, M. (Org). Educação Inclusiva: O que o professor tem a ver com isso? São Paulo: USP, 2005. GONÇALVES, A. G.; BRACCIALLI, L. M. 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Participaçãoescolar e social dos estudantes com deficiência física A inclusão do aluno com deficiência física no ensino regular pressupõe a oferta de um atendimento educacional especializado que dê conta da minimização ou eliminação dos obstáculos existentes para sua aprendizagem. Assim, trabalhar pela plena participação escolar e social dos estudantes com deficiência física requer identificar possibilidades de acessibilidade em todas as suas esferas, desde a mobilidade até a comunicação. Receber um aluno com deficiência faz com que professores revejam suas práticas e busquem formas distintas de ensinar. A interação e a troca entre os alunos podem ser promovidas criando-se um clima de cooperação em sala de aula entre os alunos. Para isso, existem algumas possibilidades, conforme apresentadas a seguir. Na aprendizagem cooperativa, os alunos trabalham em grupo para alcançar objetivos estabelecidos com aqueles com mais dificuldades e os mais habilidosos. Na aprendizagem criança a criança, segundo Gil (2005), as diferenças entre as pessoas são compreendidas quanto a vestimentas, crenças, raça, língua, deficiência, capacidade. No ensino por colegas, a partir das matérias e atividades, os alunos ensinam de forma alternada seus colegas. No apoio entre amigos, os colegas se envolvem em assuntos extraescolares para ajudar o aluno com deficiência física, como para sentar-se ou para companhia após a aula. Outra alternativa é o círculo de amigos, em que os alunos se preparam para receber, conhecer e ajudar um novo colega com deficiência. Um grupo de alunos conversam para saber das experiências do aluno no novo ambiente e esse grupo pode mudar com o tempo com a inserção do restante da turma. Como aponta Gil (2005), o professor deve facilitar, 50 apoiar, orientar e aconselhar a criação dos laços de amizade e o apoio real entre os alunos. A participação também deve ser favorecida pelos ajustes no mobiliário da sala de aula. Quando a criança está sentada, seu corpo deve ficar reto; os braços apoiados, alinhados e afastados dos lados do corpo; as mãos a frente dos olhos, e o peso distribuído igualmente sobre os dois lados do corpo, braços, quadris, joelhos e pés. O ideal, conforme Brasil (2003), é sempre existir conforto e possibilidade de viver plenamente. De acordo com Brasil (2006), entre os possíveis ajustes que atendam às necessidades de alunos com deficiência física, a escola pode providenciar assentos giratórios nas carteiras para facilitar o movimento de levantar-se e de sentar-se. Em relação a arranjos na sala de aula na escola, as crianças com movimentação involuntária devem ser posicionadas no meio da classe, em frente à lousa, aumentando a simetria. Aquelas com paralisia cerebral hemiparesia devem ter o lado comprometido estimulado com transferência do peso, com um amigo e seus materiais neste lado. O uso de ambas as mãos deve ser estimulado, neste caso. Quando há dificuldade de manter atenção, a criança deve sentar-se mais próxima à lousa. Conforme Brasil (2003), possíveis estímulos que interferem na atenção do aluno devem ser verificados. A iluminação, possíveis reflexos de luz, a cor do quadro e do giz ou caneta usados devem ser verificados para o aluno visualizar os materiais, textos e atividades melhor. Além disso, o professor deve favorecer o contato se posicionando frente ao aluno. Oferecendo as condições básicas para a adequação da postura, conforto e segurança, o aluno com deficiência física pode aproveitar seu potencial motor para a aprendizagem, sendo observados apoio para adequar o tônus muscular; diminuir a atividade tônica e reflexa; aumentar o 51 controle dos movimentos e as possibilidades de explorar objetos e participar de atividades; melhorar o campo e o seguimento visual e a coordenação viso-motora e; atenção e concentração nas atividades (GIACOMINI; SARTORETTO; BERSCH, 2010). Algumas ações simples descritas em Brasil (2006) podem ajudar a garantir uma maior adequação da postura, conforto e segurança ao aluno com deficiência física, como colocar canaletas de madeira ou de P.V.C. cortado ao meio, em toda a volta da carteira, para evitar que os lápis caiam ao chão e providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para crianças que têm pouco equilíbrio para permanecer sentadas. Na educação infantil, conforme Brasil (2003), deve-se enfatizar atividades de vida diária, saúde e independência. Adaptações podem ser bem- vindas nos utensílios usados para higiene e alimentação. Algumas adaptações básicas de material de uso diário são importantes. Para crianças com dificuldade na coordenação viso-motora e motora fina, é possível fixar bandejas ou tábuas e pratos com ventosas; recortes em bandejas ou tábuas para copos e pratos; pratos com bordas altas; copos com bases pesadas, duas alças e bordas recortadas (evitando extensão da cabeça e aspiração); alterações em tamanho, tipo e angulação de talheres, pentes e escovas de dentes com revestimento de materiais para engrossamento dos cabos. Quando o aluno apresenta algum tipo de dificuldade na coordenação motora que limita ou impede a execução ou o traçado da escrita, algumas adaptações podem ser realizadas, por exemplo, para adequar a preensão do lápis, controlar movimentos involuntários, escrever ou digitar com haste e/ou ponteira na cabeça, usar alfabeto móvel, usar computador com periféricos adaptados, como teclado com colmeia (placa de acrílico com furo sobre cada caractere para direcionamento dos dedos e pressão de uma tecla por vez), além das órteses. 52 Olhar para cada aluno como único e diferente exige adotar uma pedagogia das diferenças, voltada à emancipação, autonomia, e condições para ser e expressar em um processo único de construção de conhecimentos. O professor no atendimento educacional especializado, não ensina conteúdo escolar, responsabilidade do professor regular, mas busca junto a outras pessoas superar barreiras à aprendizagem do aluno com deficiência (GIACOMINI; SARTORETTO; BERSCH, 2010). 1.1 Acessibilidade: arquitetura, mobilidade, funcionalidade, locomoção e participação De acordo com Gil (2005), para receber um aluno com deficiência, a escola pode se preparar realizando adaptações arquitetônicas, além de reorganizar a biblioteca escolar ou a sala de leitura, tornar os parques infantis acessíveis a todas as crianças e equipar com mobiliário escolar para todos nos seus diferentes ambientes. Modificações no mobiliário para promover maior conforto a crianças que usam tipoia, órteses e próteses, como cantos arredondados, são adequações simples a serem pensadas, conforme Brasil (2006). Os fisioterapeutas são importantes aliados da equipe psicopedagógica e da família quando pensamos nas atividades funcionais relacionadas com o deslocamento, a autonomia pessoal, o trabalho, o jogo, o desporte e a participação comunitária dos alunos com deficiência motora. Segundo Basil (2004), as adaptações do espaço e do imobiliário, dos suportes técnicos para o controle postural, para o deslocamento e para a manipulação necessários à participação ativa nos diversos ambientes devem ser pensados por toda a equipe interdisciplinar. A acessibilidade é um aspecto essencial para a escolarização do aluno com deficiência física e sua participação no Atendimento Educacional Especializado, sendo a mobilidade física importante para promover sua 53 locomoção e a consideração de sua participação escolar e social – parte de seu acesso pleno à sociedade. O atendimento educacional especializado pressupõe a adequação arquitetônica de prédios escolares, aquisição de mobiliários e bebedouros acessíveis, cadeiras de rodas, recursos de alta Tecnologia Assistiva, além dos disponíveis nas salas de recursos multifuncionais, para acessibilidade. Promover a locomoção de todos os alunos, facilitando a mobilidade física dos alunos com deficiência física, envolve considerar o acesso ao entorno da escola, entrada nela, circulação pelosespaços escolares, tanto dentro da sala de aula, como nos corredores, banheiros, laboratórios, refeitório, pátio, quadras, e demais locais onde possa interagir com colegas, professores, funcionários e a própria família quando esta estiver na escola, além de poder usar o mobiliário (cadeiras, mesas, balcões, bebedouros, quadros de avisos, equipamentos etc.). E, ainda, como uma boa estratégia para promover locomoção, como nos diz Brasil (2006), é remover carteiras possibilitando a passagem de cadeira de rodas, ou facilitando a locomoção de alunos com muletas. Brinquedos acessíveis podem ser mais difíceis de serem encontrados, mas se o acesso aos brinquedos existentes for facilitado (rampas ao invés de degraus, areia fofa em apenas uma parte do solo, nivelação de um brinquedo para outro etc.) e as pessoas forem capacitadas para ajudar no uso seguro pelas crianças, esse problema pode ser controlado, como nos fala Gil (2005). Para os alunos em cadeira de rodas, deve-se pensar em mesas mais altas e reserva das prateleiras mais baixas, além de que o apoio para os pés e altura e posicionamento na cadeira devam ser analisados. Apesar das dificuldades para garantir essa realidade, os benefícios deste tipo de ambiente se estendem a todos, pois promove locomoção com menos esforço e mais conforto. 54 Além da supressão das barreiras arquitetônicas, é preciso levar em conta o transporte, o controle postural e a mobilidade. Um controle postural adequado pode garantir o bom estado físico do aluno com deficiência física e facilitar seu acesso às tarefas propostas. Ele precisa mudar de postura e permanecer em diversas posições, em cadeiras e mesas adaptadas, bipedestadores para posição vertical, e até deitado de bruços para descanso e manipulação de objetos, segundo recomenda Basil (2004). Em relação ao deslocamento, suportes técnicos podem ser disponibilizados, como patinetes ou berços com rodas para rastejar; andadores, carrinhos, bicicletas ou cadeiras de rodas manuais ou com motor, acionáveis por diferentes tipos de comandos. Adaptações de materiais, utensílios para as atividades da vida diária e dos brinquedos também devem ser feitas. Existem adaptações simples, como cabos especiais para os lápis e os talheres e superfícies antideslizantes para papéis, jogos e pratos etc. Além dessas, existem mais complexas, para acesso ao computador e para o controle do ambiente com aparelhos eletrônicos (como passadores de páginas). 1.2 Aspectos teóricos e práticos da comunicação suplementar e/ou alternativa A comunicação também é um aspecto importante para a participação do aluno com deficiência física e pode requerer oferta de acessibilidade. A comunicação abrange a linguagem oral, escrita, línguas, LIBRAS, Braille, sinalização e comunicação tátil, ampliação de caracteres, multimídia, audição e voz digitalizados, comunicação alternativa e ampliada e tecnologias da informação e da comunicação (TIC). Quando existe potencial para desenvolvimento da linguagem oral funcional, esta deve ser trabalhada. Contudo, em alguns casos da deficiência física, especialmente na paralisia cerebral, uma 55 heterogeneidade de problemas de linguagem se apresenta, exigindo formas distintas de comunicação. Como descreve Brasil (2006), formas alternativas de comunicação incluem: uso de quadros de conversação (cadernos de signos, livros de comunicação, os quais são cadernos ou livros que contêm figuras correspondentes a substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente utilizados na linguagem coloquial do cotidiano); uso de caixas de palavras com figuras, de máquinas de escrever, de computador, smartphones, entre outros. A comunicação inclui gestos, expressões faciais, posturas e movimentos corporais, figuras e diagramas, além da linguagem, a qual “se constitui, com efeito, em uma forma altamente privilegiada pela extrema flexibilidade e capacidade geradora de comportamentos complexos” (NUNES apud NUNES, 2003, p. 9-10). A maior parte das pessoas com paralisia cerebral apresenta dificuldades de comunicação oral. Assim, sistemas alternativos baseados em sinais/símbolos pictográficos (semelhantes aos objetos representados), ideográficos (sugerem o conceito representado) e arbitrários (convencionados) se tornam uma forma viável de comunicação. Os sistemas aumentativos e alternativos de comunicação são recursos “que envolvem mecanismos de expressão distintos da palavra articulada” (BASIL, 2004, p. 226). Podem ser naturais ou desenvolvidos com fins educacionais e terapêuticos, e na maioria das vezes inclui gestos ou sinais manuais, ou, ainda, gráficos que permitem a exposição do pensamento, vontade, opinião e necessidade de participação do indivíduo nas diversas situações (BRASIL, 2003). A comunicação alternativa e aumentativa (CAA) é eficaz para a inclusão educacional e social, mas não deve ser vista como substituição à fala, pois seu objetivo é permitir a comunicação. Além de estimular expressão 56 e interações, em casos em que a fala é possível, a CAA estimula sua produção. Algumas pessoas que precisam das formas alternativas de comunicação, possuem boa compreensão da linguagem oral, mas severas dificuldades em se expressar por meio da fala, como pessoas com paralisia cerebral, fazendo parte do grupo da linguagem expressiva. Outras pessoas, como aquelas com paralisia cerebral com disartria moderada e leve, fazem parte do grupo de apoio, para quem os sistemas alternativos de comunicação são recomendados como medida temporária de tratamento ou como suplementação à fala. Já outras pessoas pertencem ao grupo de linguagem alternativa, pois não usam ou raramente usam a fala, usando a comunicação alternativa para se expressar e compreender a linguagem oral (NUNES apud NUNES, 2003). A comunicação suplementar e/ou alternativa (ou comunicação aumentativa e alternativa ou alternativa e ampliada – CAA) é uma das áreas da tecnologia assistiva. Equipa pessoas sem fala ou escrita funcionais para suas necessidades de expressão e interação com recursos para serem compreendidas, como pranchas com símbolos gráficos, vocalizadores, aplicativos, entre outros. No caso do atendimento educacional especializado dos alunos com deficiência física, tais recursos serão oferecidos junto com os serviços envolvidos, sendo os alunos ensinados a usar os recursos e acompanhados no desenvolvimento da sua comunicação. A variedade de sistemas de sinais para a comunicação aumentativa e alternativa pode ser resumida em cinco grandes grupos (BASIL, 2004): 1. Sistemas baseados em elementos muito representativos: miniaturas, fotografias ou desenhos fotográficos. 2. Sistemas baseados em desenhos lineares (pictogramas): fáceis de reproduzir e de utilizar com suportes técnicos. 57 3. Sistemas que combinam sinais pictográficos, ideográficos e arbitrários: sinais com bases lógico-conceituais ou fonéticas. Possibilitam desenvolvimento morfossintático mais complexo e maior criatividade expressiva. O sistema Bliss é o exemplo mais representativo. 4. Sistemas baseados na ortografia tradicional: letras, sílabas, palavras e frases. 5. Linguagens codificadas: entrada a partir de códigos como o Braille ou o Morse, e saídas diversas, como texto em escrita tradicional e/ ou Braille, voz sintetizada etc. Existem vários conjuntos e/ou sistemas de símbolos na comunicação alternativa. Símbolos são entidades (objetos reais, desenhos, figuras, palavras etc.) empregadas para representar outras, como objetos, ações, relações e conceitos. Na comunicação, o símbolo representa o pensamento. Os sistemas mais conhecidos, conforme Nunes (2003 apud NUNES, 2003), são: • Sistema de Símbolos Bliss: composto de símbolos usados isoladamente ou combinados do tipo pictográfico (semelhança física com objeto representado), ideográfico (sugere o conceito representado) e arbitrário (convencionado internacionalmente). • Sistema Rebus: composto por pictogramas, representando uma palavraou sua parte, e alguns ideogramas. Letras, números, notas musicais etc. podem ser combinados com pictogramas. • Pictogram Ideogram Communication System (Sistema de Comunicação por Pictograma e Ideograma) – PIC: composto por desenhos estilizados de silhuetas brancas sobre fundo preto, com a palavra escrita acima do desenho. • Picture Communication Symbols (Símbolos de Comunicação por Figura) – PCS: provavelmente o mais utilizado, é composto por figuras icônicas estilizadas e o vocábulo escrito. Artigos 58 e preposições não são representados em desenho, mas na ortografia tradicional. O PCS e o PIC são apropriados para pessoas cujas habilidades intelectuais restringem o uso de um sistema mais abstrato e complexo, como o Bliss. 1.3 Acessibilidade comunicativa para o aluno com deficiência física Alunos sem comunicação e/ou com dificuldades na fala estão limitados na interação com seus pares tornando-se passivos e dependentes. Outras vezes, ao compreenderem o que se passa, mas com dificuldade de expressar sentimentos e opiniões a respeito, manifestam agressividade ou rejeição do conhecimento (SARTORETTO, BERSCH, 2010). É necessário considerar que a acessibilidade comunicativa, como visto em Basil (2004), pode ser proporcionada ao estudante com deficiência física avaliando-se a resposta motora requerida para o manejo do suporte técnico, além das opções de saída que este permite para a comunicação, o jogo, o estudo, o controle do ambiente ou a formação e a ocupação profissional e; a resistência e portabilidade do suporte técnico. “Os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de forma totalmente personalizada e levam em consideração várias características que atendem às necessidades deste usuário” (SARTORETTO, BERSCH, 2010, p. 22). Ainda segundo Sartoretto e Bersch (2010), o professor do atendimento educacional especializado (AEE) deve investigar as formas de comunicação já utilizadas, os temas de interesse, os parceiros de comunicação, as ocasiões em que se comunica ou não, as habilidades sensoriais visuais e auditivas, as habilidades motoras para acesso aos 59 recursos, a condição cognitiva e o envolvimento com o aprendizado e se há desejo de comunicação. Assim, os suportes técnicos podem ser mais simples, como tabuleiros de comunicação ou sinalizadores mecânicos, ou mais complexos, como aqueles que incluem tecnologia microeletrônica. Os Sistemas Bliss, Rebus, PIC e PCS têm sido tradicionalmente utilizados por portadores de deficiência sob a forma de pranchas de madeira, contendo de 50 a 300 símbolos, acopladas às cadeiras de rodas. Para se comunicar, o sujeito tipicamente aponta ou olha em direção aos símbolos dispostos na prancha, um de cada vez. Seu interlocutor, então, vocaliza seqüencialmente [SIC] as palavras referentes aos símbolos na ordem em que são indicados pelo sujeito, mantendo para isso constante atenção à prancha para garantir a integração das partes da mensagem e apreensão do significado. (NUNES, 2003 apud NUNES 2003, p. 17) O formato dos recursos pode ser adaptado. Entre as possibilidades existentes, temos: pastas, fichários; pranchas; álbuns; cartões; símbolos gráficos; figuras; fotos; gestos; e expressões faciais. Há possibilidades de baixa e de alta Tecnologia Assistiva. Considerando limitações no uso tradicional das pranchas de comunicação e a crescente potencialidade da informática, os sistemas gráficos computadorizados de Comunicação Alternativa e Ampliada têm sido cada vez mais usados (NUNES, 2003 apud NUNES, 2003), dentro das possibilidades de alta Tecnologia Assistiva. Alguns aplicativos para smartphones têm sido criados facilitando o uso dos sistemas alternativos de comunicação devido à facilidade de portabilidade e multifuncionalidade dos aparelhos de celular. Muitos são gratuitos e podem ser modificados pelo usuário, de acordo com sua necessidade e realidade. Os avanços e a crescente popularização de recursos tecnológicos têm permitido cada vez mais o uso de tablets e smartphones para interações 60 comunicativas. Os educadores e terapeutas devem acompanhar esses avanços para oferecer o que for mais eficaz para cada aluno. No AEE, a comunicação alternativa visa desenvolver competência operacional e funcional. Competência operacional do aluno é seu entendimento e apropriação de seu recurso de comunicação, interagindo, influenciando ações e comportamentos de interesse. A competência funcional do recurso é o efeito deste no contexto escolar e em outros (SARTORETTO, BERSCH, 2010). Você viu nesta Leitura Digital alguns critérios para a promoção de acessibilidade dos alunos com deficiência física a fim de que participem do contexto educacional e social de maneira mais satisfatória e adequada às suas necessidades. Foram apresentadas formas de manejo da sala de aula e da turma de alunos, assim como arranjo dos aspectos ambientais e materiais e da comunicação alternativa e aumentativa. Referências BASIL, C. Os alunos com paralisia cerebral e outras alterações motoras. In: COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação – transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 215-233. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: deficiência física. 2. ed. rev. Brasília: MEC, SEESP, 2003. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf. Acesso em 13 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com deficiência física/neuro-motora. 2. ed. rev. Brasília: MEC/SEESP, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/alunosdeficienciafisica.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021. GIACOMINI, L. A.; SARTORETTO, M. L.; BERSCH, R. de C. R. Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: orientação e mobilidade, adequação postural e acessibilidade espacial. Brasília: MEC/SEE; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunosdeficienciafisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunosdeficienciafisica.pdf 61 GIL, M. Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Ashoka Brasil, 2005. NUNES, L. R. O. P. Linguagem e comunicação alternativa: uma introdução. In: NUNES, L.R.O.P. (Org.) Favorecendo o desenvolvimento da comunicação em crianças e jovens com necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro: Dunya, 2003. p. 1-13. SARTORETTO, M. L.; BERSCH, R. C. R. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: recursos pedagógicos acessíveis e comunicação aumentativa e alternativa. Brasília: MEC/SEE; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. 62 BONS ESTUDOS! Sumário Deficiência física e necessidades educacionais Objetivos 1. A pessoa com deficiência física e suas necessidades educacionais especiais Referências Organização de recursos pedagógicos Objetivos 1. Começando por possíveis adaptações arquitetônicas Referências Uso da Tecnologia Assistiva e adaptações escolares Objetivos Referências Acessibilidade: mobilidade, comunicação e participação 1. Participação escolar e social dos estudantes com deficiência física Referências(BRASIL, 2003). A avaliação do aluno com deficiência física e a intervenção visando seu desenvolvimento deve ser constante. Sobre isso, Gil (2005) nos alerta sobre a confusão que se faz ao relacionar-se deficiência física com déficits cognitivos. Esta diferença deve ser feita para não ignorar- se o potencial do aluno, pois, com adaptações ele deve conseguir acompanhar os colegas. O preparo e competência profissional dos educadores são esperados para atender às necessidades educacionais especiais, para organizar adequações curriculares, adquirir recursos didáticos específicos, 9 promover adaptações dos equipamentos escolares e fornecer apoio psicopedagógico ao aluno, assim como orientação a seus familiares (BRASIL, 2006). Para isso, é necessário envolvimento, olhar para as características individuais dos alunos e suas potencialidades, a fim de estabelecer uma comunicação clara e aberta entre todos os envolvidos, incluindo os colegas de trabalho, os quais podem dar ideias e/ou compartilhar experiências próprias que sejam favoráveis ao trabalho docente. A avaliação para identificar necessidades educacionais especiais não deve ser centrada no aluno. Em uma concepção interativa e contextualizada do seu desenvolvimento e sua aprendizagem, os diversos âmbitos e dimensões presentes no seu processo educacional, principalmente escolar, devem ser incluídos em suas inter-relações (BRASIL, 2006). Um modelo avaliativo foi criado considerando-se algumas variáveis relacionadas aos âmbitos: contexto educacional, aluno e família. Na dimensão escolar são analisados aspectos filosóficos (crenças e valores), estruturais e funcionais. Na dimensão ação pedagógica são analisados aspectos do professor, da sala de aula, dos recursos de ensino e de aprendizagem, das estratégias metodológicas de ensino dos conteúdos curriculares e avaliativas. Quanto ao desenvolvimento do aluno são analisadas as características funcionais e as competências curriculares. No que diz respeito às condições pessoais dos alunos deve ser analisada a natureza das necessidades que apresenta na educação. Os aspectos analisados no ambiente familiar são as condições físicas da moradia, a cultura, os valores em que acredita e as atitudes frente à vida e as expectativas de futuro. No convívio familiar, a análise considera as pessoas que convivem com o aluno, as relações afetivas, a qualidade das comunicações e as oportunidades de desenvolvimento e de conquista da autonomia (BRASIL, 2006). 10 Temos que considerar que o ritmo e qualidade dos padrões e sequências de desenvolvimento podem variar tanto pelos aspectos hereditários quanto ambientais. Assim, as divergências que aparecem na criança com deficiência estão na cronologia das fases de desenvolvimento (BRASIL, 2003, p. 30). “Elas poderão iniciar mais tarde, além de serem mais demoradas porque o ritmo de interação social e de execução das suas ações apresentarão formas diferentes de manipulação e experimentação com o meio”. Infelizmente, alguns fatores interferem desfavoravelmente na reabilitação das crianças: meio socioeconômico-cultural muito carente; distância do local de tratamento; falta de transporte diário; dificuldade de locomoção do indivíduo; gravidade do quadro motor; falta de rede de apoio para os cuidados dos filhos e concorrência entre necessidades financeiras da família e disponibilidade para tratamento de reabilitação da criança. Nesta realidade, a escola é um ambiente muito importante, possibilitando maior estimulação, nutrição, afetividade e socialização que serão base da aprendizagem. As especificidades de um aluno com paralisia cerebral, por exemplo, se referem à realização das atividades e na expressão de pensamento e não no conteúdo. Ele tem necessidades e desejos e se interessa por histórias, músicas, desenhar e brincar como as demais crianças (BRASIL, 2003). Para trabalhar com alunos com deficiência física, é necessário reconhecer alguns sinais e atuar em parceria com outros profissionais e a família. Algumas dificuldades que podemos observar no aluno com deficiência física estão na Figura 1. 11 Figura 1 – Dificuldades em alunos com deficiência física Fonte: Gil (2005, p. 109-110). As múltiplas funções do cérebro estão inter-relacionadas, por isso, com lesões neurológicas, uma ou mais funções podem ser afetadas. Pode ser que as perturbações motoras sejam acompanhadas de alterações em outras áreas: linguagem, audição, visão, desenvolvimento intelectual e/ ou outros transtornos perceptivos. Desta forma, no desenvolvimento global da criança com deficiência física, devemos considerar possíveis alterações na motricidade grossa e/ou fina, linguagem e comunicação e interação social. Podemos pensar no impacto deste dado, a partir dos postulados de Piaget, o qual considerava o desenvolvimento como 12 sensório-motor, ou seja, no movimento, nas experiências do corpo, podemos aprender sobre o mundo (BRASIL, 2003). Quando a alteração é neurológica, treinos e repetição não podem restaurá-la e a dificuldade de manipular e controlar o ambiente pode limitar ou alterar significativamente as experiências da criança. Assim, a deficiência física prejudica o desenvolvimento global, dificultando mais a interação com o meio e as aquisições mentais. As consequências serão vistas no processo de aprendizagem informal e escolar (BRASIL, 2003, p. 39), tais como a escrita, a qual “requer usualmente condições motoras preservadas de ombro, braço, antebraço, punho, mão, de preensão dos dedos e coordenação motora fina para sua execução, seja em letra cursiva ou de forma”. Uma vez que outras partes do cérebro também podem ser afetadas, muitas crianças com paralisia cerebral, costumam apresentar distúrbios no desenvolvimento da fala e da linguagem, devido a perturbações dos órgãos fonológicos (músculos que controlam os movimentos da boca, das articulações e da respiração). Mesmo quando não pode falar, a criança pode compreender o significado das palavras, formar seu discurso interior e deve ter um interlocutor disposto a compreender as formas que usa como linguagem para poder responder às suas necessidades. Em alguns casos, distúrbios específicos da linguagem na área cerebral podem afetar também a compreensão da fala, comprometendo, assim, a compreensão do mundo. Não deve haver generalizações, sendo necessário sempre analisar cada caso. Na interação social, a linguagem ganha significado e as demais formas de expressão e manifestação são compartilhadas. Se a criança apresenta limitações motoras para interagir com o mundo, sua autoestima pode estar abalada, assim como sua atividade espontânea. Por isso, deve-se reconhecer sua vontade, características individuais e suas possibilidades 13 de expressão e interação, buscando-se promover sua aprendizagem sem uma comparação negativa com crianças sem o mesmo problema (BRASIL, 2003). 1.2 O Atendimento Educacional Especializado (AEE) O ensino para as pessoas com deficiência deve ocorrer preferencialmente nos espaços comuns a todos, ou seja, no ensino regular. Seguindo uma orientação inclusiva, para a diversidade, a escola deve dar conta do desafio de ensinar para todos, mas para isso, tem o respaldo dos serviços especializados, relacionados à educação especial. A Educação Especial é definida como: [...] modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. (BRASIL, 2008) Ela deve estar articulada com o ensino regular para responder adequadamente às necessidades educacionais dos alunos com deficiência. De acordo com o Decreto nº 7.611 (BRASIL, 2011, [s.p.]), “a educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência”.Com a inclusão educacional, os serviços das escolas especiais e dos centros especializados foram orientados para apoiar as escolas quanto à organização das salas de recursos multifuncionais e à formação continuada dos professores de atendimento educacional especializado (AEE). Se não houver sala de recursos multifuncionais para o AEE na própria escola, o projeto político pedagógico deve prever a ocorrência do atendimento em uma escola próxima ou em um centro de AEE, em contraturno, sendo “preciso planejar, organizar, executar e acompanhar 14 os objetivos, metas e ações traçadas, em articulação com as demais propostas da escola comum” (ROPOLI et al., 2010, p. 28). Isso não descarta a necessidade de articulação e parceria entre professores do ensino regular e especialistas de ambas as escolas. Percebe-se que nesta perspectiva, o professor especialista não se restringe a uma área específica, mas desenvolve suas atividades nas escolas comuns, preferencialmente acompanhando a trajetória acadêmica dos alunos com necessidades educacionais especiais (ROPOLI et al., 2010). O atendimento educacional especializado (AEE) diz respeito ao “conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente” (BRASIL, 2011, [s.p.]), prestado na forma complementar à formação dos estudantes com deficiência, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência às salas de recursos multifuncionais. Estas constituem ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do AEE, o qual deve ser integrado à proposta pedagógica escolar, envolver a participação da família e articular-se com outras políticas públicas. Além disso, o AEE possibilita o desenvolvimento de habilidades extracurriculares no ensino regular inclusivo. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), é função do atendimento educacional especializado: [...] identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam- se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos estudantes com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008) 15 A distribuição dos recursos admite a dupla matrícula dos estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado, ou seja, tanto na educação regular da rede pública, quanto no AEE. Este poderá ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial (BRASIL, 2011). Para a oferta do AEE também está previsto a organização de cronograma de atendimento aos alunos, o plano do AEE e outros profissionais da educação, como tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e apoio às atividades de alimentação, higiene, locomoção e no uso de aparelhos ou equipamentos médicos (BRASIL, 2007; 2011). O plano do AEE identifica as necessidades educacionais específicas dos alunos, define os recursos necessários e as atividades a serem desenvolvidas (BRASIL, 2009). O professor especializado que atua no AEE, principalmente nas salas de recursos multifuncionais, deve identificar e elaborar serviços e recursos para atender o aluno com necessidades educacionais especiais, implementar os recursos de acessibilidade e tecnologia assistiva e ser parceiro do professor regente de sala comum (BRASIL, 2009). Nas salas de recursos multifuncionais, os alunos podem ser atendidos individualmente ou em pequenos grupos, e o número de alunos por professor no AEE deve ser definido pelo tipo de necessidade educacional que os alunos apresentam (ALVES; GOTTI, 2006). O professor que atua no AEE, deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a Educação Especial. Suas atribuições são: I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; 16 II – elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; III – organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. (BRASIL, 2009, [s.p.]) Para conhecer as necessidades educacionais especiais dos alunos, deve ser realizada uma avaliação de ingresso no contexto escolar pelo professor especialista da sala de recursos multifuncional e/ou pedagogo da escola. As pessoas com deficiência física apresentam uma diversidade de tipos e graus de comprometimento, nos quais será baseada a seleção de recursos e técnicas pelo AEE para o desempenho das atividades escolares. O objetivo é proporcionar locomoção, comunicação, conforto e segurança e melhorar a sua comunicação e a sua mobilidade (BRASIL, 2007). Compete ao professor de AEE que atende alunos com deficiência física: 17 Orientar o manejo de materiais adaptados de comunicação alternativa (quando for o caso); vivência de mobilidade e acesso a todos os espaços da escola; atividades de vida diária que envolvam a rotina escolar; adaptação ao uso de próteses de membros superiores ou inferiores; promover o aprendizado da informática acessível, identificando o melhor recurso de tecnologia assistiva; orientar o professor quanto ao uso de metodologia da educação física adaptada. (ALVES; GOTTI, 2006, p. 271) Para aqueles alunos com dificuldades de comunicação expressiva, o professor de AEE deve criar estratégias educacionais como providenciar pranchas, cartões, vocalizadores e outros materiais de comunicação alternativa e ampliada (CAA); adaptar jogos, livros de história e outros materiais pedagógicos com simbologia gráfica e construir as pranchas para as atividades; ensinar o uso dos softwares de CAA aos alunos para se expressarem com computadores [e smartphones] e; “realizar atividades para desenvolver os processos mentais: atenção, percepção, memória, raciocínio, imaginação, criatividade, linguagem, entre outros” (ALVES; GOTTI, 2006, p. 271). Para contribuir com as ações da educação inclusiva foram criadas as salas de recursos multifuncionais, que se dividem em tipo 1 e tipo 2, quando há aluno com deficiência visual. Para os alunos com deficiência física, o tipo 1 atende às suas necessidades e possui equipamentos, como: computadores; laptop; estabilizador; scanner; impressora laser; teclado com colmeia; acionador de pressão; mouse com entrada para acionador; e lupa eletrônica. Entre os mobiliários, possui: mesa redonda; cadeiras; mesa para impressora; armário; quadro branco; mesas para computador; e cadeiras. Os materiais didático/pedagógicos que possui são: material dourado; esquema corporal; bandinharítmica; memória de numerais l; tapete alfabético encaixado; software de comunicação alternativa, sacolão criativo “monta tudo”; quebra-cabeças (sequência lógica); dominó de associação de ideias; dominó de frases; dominó de animais em LIBRAS; dominó de frutas em LIBRAS; dominó tátil; alfabeto Braile; kit de lupas manuais; plano inclinado (suporte para leitura e 18 memória tátil) (BRASIL, 2010). Apesar da montagem da sala de recursos incluir materiais padronizados, a confecção de recursos acessíveis é importante para adequar o pleno acesso às atividades pedagógicas pelo aluno que apresenta suas próprias necessidades. Você viu nesta Leitura Digital como podemos definir a deficiência física e que precisamos atentar a algumas consequências desta deficiência para a relação do estudante com o ambiente, impactando no seu desenvolvimento e aprendizado. Para minimizar os obstáculos advindos desta relação, você viu que podemos realizar uma avaliação das habilidades e das dificuldades da pessoa, com objetivo de levantar suas necessidades específicas de aprendizagem e organizar um atendimento educacional especializado que as atendam e estejam em consonância com o ensino regular. Referências ALVES, D. de O.; GOTTI, M. de O. Atendimento Educacional Especializado–concepção, princípios e aspectos organizacionais. In: BRASIL. Ministério da Educação. Ensaios pedagógicos. Brasília: MEC/SEE, 2006, p. 267-272. Disponível em: http://portal.mec. gov.br/seesp/arquivos/pdf/ensaiospedagogicos2006.pdf. Acesso em: 2 out. 2016. BRASIL. Atendimento Educacional Especializado: deficiência física. Brasília: MEC/ SEE, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf. Acesso em: 21 maio 2015. BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: D.O.U., 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm. Acesso em: 7 out. 2016. BRASIL. Presidência da República. Decreto-lei n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nº 10.048 de 8 de novembro de 2000 e nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Brasília: D.O.U., 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/L10098.htm. Acesso em: 7 out. 2016. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Manual de orientação: Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais. 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ensaiospedagogicos2006.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ensaiospedagogicos2006.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9936-manual-orientacao-prog 19 docman&view=download&alias=9936-manual-orientacao-programa-implantacao- salas-recursos-multifuncionais&Itemid=30192. Acesso em: 12 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 2008. 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Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9936-manual-orientacao-prog http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9936-manual-orientacao-prog http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. 20 Organização de recursos pedagógicos Autoria: Nancy Capretz Batista da Silva Leitura crítica: Nayara Christine Souza Objetivos • Identificar as possíveis adaptações arquitetônicas frente aos estudantes com DF. • Relacionar adaptações instrucionais e curriculares frente aos estudantes com DF. • Identificar recursos pedagógicos a favor do ensino do aluno com deficiência física. • Refletir sobre a implementação de recursos pedagógicos. • Pensar formas de superação das barreiras de acesso e aprendizagem dos alunos com DF. 21 1. Começando por possíveis adaptações arquitetônicas Ao conhecer as características referentes à deficiência física e aquelas específicas ao aluno, fica claro que devemos organizar os recursos pedagógicos para desenvolver um processo de ensino-aprendizagem que satisfaça as necessidades educacionais observadas. Primeiramente, para receber esse aluno na escola regular, o acesso que permita o contato com o contexto educacional deve ser garantido. É por isso que começamos com possíveis adaptações arquitetônicas! Faz sentido cuidar deste aspecto para que as adaptações instrucionais e curriculares possam ser apresentadas. A tarefa da escola é encontrar na sua realidade formas de superar barreiras de acesso e aprendizagem que possam impedir o pleno desenvolvimento do aluno, em um contexto inclusivo que esteja a favor da identificação e implementação de recursos pedagógicos no ensino do aluno com deficiência física. As adaptações arquitetônicas devem seguir as regras de acessibilidade dispostas em legislação e em normas técnicas. A identificação e eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao acesso são necessárias, assim como a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico de destinação pública ou coletiva. Existe legislação específica sobre normas de construção de ruas e locais públicos e de edificações e para fabricação de veículos de transporte coletivo para garantir acesso adequado às pessoas com deficiência. A acessibilidade na escola é compreendida em seus diversos ambientes: a rua em frente à escola; do portão à porta de entrada da escola: recepção e salas de atendimento; corredores; escadas e rampas; salas de aula; laboratórios e salas de artes; sala de recursos multifuncional; espaço da educação infantil; biblioteca; auditório; sanitários; trocador em sanitário acessível; refeitório; quadra de esportes; pátios e parque 22 infantil. Ainda é preciso planejar acessibilidade espacial quanto à escolha de terrenos para construção de novas escolas, transporte público, pisos táteis de alerta e direcionais em calçadas, além da distribuição dos ambientes e fluxos, conforto térmico, lumínico e acústico, opções para instalação de rampas, elevadores, banheiros acessíveis e trocadores, barras de apoio ao longo dos corredores, e leis de prevenção contra incêndios. As característicasdos espaços escolares e do mobiliário podem aumentar as dificuldades para a realização de atividades, o que leva a situações de exclusão. Um simples degrau, por exemplo, impede o acesso à sala de aula para um aluno que utiliza cadeira de rodas. A colocação de uma rampa, com inclinação apropriada, elimina essa barreira física e permite o deslocamento desse aluno. (BRASIL, 2009, p. 15) Mesmo construções mais antigas podem ser adaptadas com um bom projeto de reforma ou ampliação. O foco deve estar na adequação de diferentes espaços, desde a área de estacionamento até os ambientes como salas, pátios e corredores. A acessibilidade espacial na escola permite chegar ou entrar em um lugar, situar-se, orientar-se no espaço e compreender o que acontece, encontrar lugares e ambientes com suas diferentes atividades, sendo possível deslocar-se e movimentar-se com facilidade e sem impedimentos, além de participação nas atividades existentes e utilização dos espaços e equipamentos com igualdade e independência na medida das possibilidades de cada um. Para permitir a acessibilidade espacial, devem ser considerados quatro aspectos: orientação espacial; deslocamento; uso; e comunicação, conforme descritos a seguir (BRASIL, 2009). Quanto à orientação espacial, depende das características do ambiente que possibilitam o reconhecimento da identidade e funções dos espaços e a definição de estratégias para os indivíduos se deslocarem neles e usarem-nos. Os aspectos que apoiam a compreensão dos lugares 23 são: forma; iluminação; cores; disposição deles e dos equipamentos; e as informações escritas ou desenhadas, como os letreiros, mapas e imagens (BRASIL, 2009). No que se refere ao deslocamento, deve ser livre de barreiras físicas. Qualquer pessoa deve conseguir se movimentar nos percursos horizontais e verticais, como corredores, escadas, rampas e elevadores, e nos ambientes internos e externos, tais como salas, sanitários, saguões, caminhos, pátios, jardins etc. independente, segura e confortavelmente. “São importantes o tipo e a qualidade dos pisos, a possibilidade de subir desníveis através de rampas ou elevadores, e a existência de espaço livre que seja suficiente para o movimento” (BRASIL, 2009, p. 23-24). Em relação ao uso, todas as pessoas devem conseguir realizar atividades nos espaços e com os equipamentos. As características físicas dos equipamentos e dos mobiliários são observadas, como a forma, as dimensões, o relevo, a textura, as cores e sua posição nos ambientes para que todos possam alcançar e usar. Um aluno sem força nas mãos, por exemplo, precisa que as maçanetas sejam grandes e de alavanca, e não redondas. Já para um aluno em cadeira de rodas, é necessário um espaço livre abaixo do balcão para aproximação da torneira para lavar as mãos. (BRASIL, 2009, p. 23-24) O aspecto da comunicação a ser considerado para a acessibilidade refere-se a ser possível trocar e adquirir informações, com ou sem auxílio de recursos de comunicação alternativa e por meio de suportes informativos. A acústica dos ambientes é importante porque o excesso de ruído torna mais difícil a comunicação. A complementação de informações escritas com sinais e pictogramas e recursos de tecnologia assistiva também são importantes. Os softwares para computadores e aplicativos em celulares para promover maior acessibilidade de pessoas com deficiências sensoriais são alguns exemplos. 24 O importante é que as leis e normas específicas existentes sejam sempre verificadas, como exemplo, a ABNT NBR 9.050/2021 (Norma Brasileira de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos); a ABNT NBR 16.071/2012 (segurança de brinquedos de playground); e o Decreto nº 5.296/2004 (acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida) (BRASIL, 2004). 1.1 Recursos pedagógicos – identificação e implementação Garantida a acessibilidade espacial na escola, devemos pensar em outros ajustes necessários para promover a inclusão de todos os alunos. O currículo tende a ser o primeiro aspecto escolar identificado como importante entre todos os recursos pedagógicos, dada a função da educação de compartilhar o conhecimento humano acumulado. O currículo indicado nas diretrizes curriculares nacionais para as diferentes etapas e modalidades da educação básica deve pautar o trabalho educacional. Sua adaptação deve ser de acordo com as necessidades dos alunos: com diferentes interesses, potencialidades e capacidades (BRASIL, 2003a). Entendemos por currículo um projeto global e integral de cultura e educação, no qual elementos como matérias e conteúdos escolares constituem parte integrante e não totalitária do mesmo. Cada vez mais se desvela a necessidade de repensar as propostas curriculares e os projetos educativos para mudar as práticas existentes, implicando em um envolvimento de professores nas questões de um aprendizado significativo e interessante, que atenda a grande diversidade que há nas escolas. (BRASIL, 2003a, p. 24). As adaptações curriculares realizam-se em três níveis: no nível do projeto pedagógico, relativas ao currículo da classe e individualizadas. 25 As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. (BRASIL, 2003b, p. 34) As adaptações do projeto pedagógico, ou do currículo escolar, nem sempre precisam resultar em adaptações individualizadas, pois visam flexibilizar o currículo para que a organização escolar e os serviços de apoio atendam às necessidades especiais de alguns alunos. Por exemplo: flexibilizar critérios e procedimentos pedagógicos; medidas diferenciadas metodológicas e de avaliação e promoção; diversificação de técnicas, procedimentos e estratégias de ensino; entre outros (BRASIL, 2003b). É importante salientar que: As decisões curriculares devem envolver a equipe da escola para realizar a avaliação, a identificação das necessidades especiais e providenciar o apoio correspondente para o professor e o aluno. Devem reduzir ao mínimo, transferir as responsabilidades de atendimento para profissionais fora do âmbito escolar ou exigir recursos externos à escola. (BRASIL, 2003b, p. 41) Em relação ao currículo da classe, ou na sala de aula, o professor deve programar atividades da sala de aula focando na organização e nos procedimentos didáticos-pedagógicos, o como fazer, organização temporal dos componentes e dos conteúdos curriculares. Por exemplo: considerar a comunicação e a necessidade de sistemas alternativos; agrupamento de alunos para favorecer as relações sociais e o processo ensino-aprendizagem; o papel de cada profissional envolvido deve ser definido e realizado de forma colaborativa; o nível de compreensão e motivação dos alunos deve ser considerado na organização e realização de metodologias, atividades e procedimentos de ensino; as atividades devem apresentar diferentes níveis de dificuldades e de realização, entre outros (BRASIL, 2003b). 26 Individualmente, deve-se definir o nível de competência curricular do educando e os fatores que interferem no seu processo de ensino- aprendizagem para avaliá-lo e atendê-lo. O currículo regular deve ser usado como referência, e as alterações devem ser constantes e graduais. As adequações ainda podem se distinguir entre realizadas nos elementos curriculares e de acesso ao currículo. As medidas adaptativas de acesso ao currículo “correspondem ao conjunto de modificações nos elementos físicos e materiais do ensino, bem como aos recursos pessoais do professor quanto ao seu preparo para trabalhar com os alunos” (BRASIL, 2003b, p. 43). Para isso, podemosutilizar uma situação na forma a mais diversa, como diferentes gêneros textuais. Para o aluno com deficiência física, são sugeridos (BRASIL, 2003b): comunicação alternativa e ampliada para aqueles alunos que não falam, como sistemas de símbolos (linguagem codificada, com elementos representativos, desenhos lineares, combinando símbolos pictográficos, ideográficos e arbitrários, com base na ortografia tradicional); ajudas físicas ou técnicas (tabuleiros e pranchas de comunicação ou sinalizadores mecânicos, tecnologia eletrônica), comunicação total, entre outros; adaptação de materiais, como no edifício escolar (rampa, elevador, banheiro, pátio, barras de apoio, portas largas etc.), mobília (mesas, cadeiras e carteiras), materiais de apoio (andadores, coletes, abdutores de pernas, faixas restringidoras etc.) e de apoio pedagógico (tesoura, ponteiras, computadores por contato ou por pressão etc.); remoção de barreiras arquitetônicas para deslocamento com cadeira de rodas ou outros equipamentos; pranchas ou presilhas para o papel não deslizar, “suporte para lápis, presilha de braço, cobertura de teclado etc. e; textos escritos complementados com elementos de outras linguagens e sistemas de comunicação” (BRASIL, 2003b, p. 46). Quanto aos elementos curriculares, “são definidas como alterações realizadas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos” (BRASIL, 2003b, p. 47). 27 A organização escolar, portanto, requer conhecer a deficiência, conhecer as barreiras e realizar adaptações para atender aos alunos com deficiência física. O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes (BRASIL, 2011): I–garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades; II–aprendizado ao longo de toda a vida; III–não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV–garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais; V–oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; VI–adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena; VII–oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; VIII–apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial. (BRASIL, 2011) Por isso, é nosso compromisso concretizar ações educacionais direcionadas aos alunos com deficiência física, as quais possam “minimizar limitações funcionais, motoras e sensoriais do aluno com deficiência física, no que se refere a recursos pedagógicos adaptados a situações educacionais” (BRASIL, 2002, p. 3). Além de ser necessário que 28 aluno e professor decidam juntos sobre os recursos mais apropriados e para objetivos específicos, deve-se decidir sobre a ajuda técnica necessária a partir da consideração de que dois alunos com a mesma deficiência são diferentes, podendo recair em focos diversos o uso de um mesmo recurso, por exemplo (BRASIL, 2002). Devemos enfatizar que grande parte dos alunos com deficiência física, não apresenta deficiência intelectual e pode aprender por meio dos mesmos métodos empregados com crianças não deficientes, ajustando- se o acesso físico e motor. Métodos diferenciados para aprender são mais necessários quando há dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões neurológicas. Fica evidente que são esperadas algumas competências do professor. Entre elas, destaca-se Brasil (2002, p. 5): “perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos; flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento; avaliar, continuamente, a eficácia do processo educativo e; atuar em equipe”, o que inclui os professores especializados em educação especial. A rotina escolar envolve muitas atividades, e o professor deve analisar o nível de participação do aluno e conversar com o professor especialista sobre as necessidades de apoio para uma interação mais favorável ao acesso ao conhecimento. Ao desenvolver recursos para a aprendizagem dos alunos com deficiência, os docentes tornam as aulas mais atraentes, com materiais ricos, diversificados e estimulantes, facilitando o processo ensino-aprendizagem de todos os alunos. Na interação com o aluno com deficiência física, o ambiente escolar vai se tornando mais favorável, gradativamente. A escola e seus professores, ao incluir o aluno com necessidades educacionais especiais, realizam as adequações necessárias para alunos reais ali presentes. 29 1.2 Superação das barreiras de acesso e aprendizagem dos alunos com deficiência física Existem muitas formas de superar as possíveis barreiras de acesso e aprendizagem dos alunos com deficiência física. O ensino cooperativo, por exemplo, é “uma estratégia em que o professor da classe comum e o professor do ensino especial trabalham em conjunto, dentro da sala de aula comum” (GIL, 2005, p. 43). Isso exige horário para planejarem em conjunto e “compatibilidade entre os estilos de trabalho e personalidades” (GIL, 2005, p. 44). Eles podem se organizar de três formas diferentes: • Atividades complementares: enquanto o professor do ensino regular assume, por exemplo, as atividades e os conteúdos da área acadêmica, o professor do ensino especial ensina alguns alunos a identificar as ideias principais de um texto, a fazer resumos – enfim, a dominar técnicas de estudo; • Atividades de apoio à aprendizagem: os dois professores ensinam os conteúdos acadêmicos, mas, enquanto o professor do ensino regular é responsável pelo núcleo central do conteúdo, pela matéria essencial, o professor do ensino especial encarrega-se de dar apoio suplementar a qualquer aluno que dele necessite, individualmente ou em pequenos grupos; • Ensino em equipe: o professor da classe regular e o professor do ensino especial planejam e ensinam em conjunto todos os conteúdos a todos os alunos, responsabilizando-se cada um deles por uma determinada parte do currículo ou por diferentes aspectos das matérias de ensino. (GIL, 2005, p. 43-44) Um dos objetivos do trabalho dos professores deve ser possibilitar a expressão e registro de acordo com as possibilidades motoras da criança. Estratégias de adaptação dos instrumentos, como disponibilizar tamanho adequado e bem-posicionado do papel, permitem que o aluno 30 execute movimentos de forma autônoma, mostrando e desenvolvendo sua capacidade, pensamento, linguagem e aprendizado. Ressalta-se que a necessidade de ressignificação das instituições de ensino alinhadas às políticas educacionais inclusivas, refere-se à elaboração e utilização do Plano Educacional Individualizado (PEI). O PEI é um instrumento elaborado para os alunos com necessidades educacionais especiais que pode nortear o trabalho desenvolvido pelo professor em conjunto com o professor do AEE, relacionando o currículo às práticas pedagógicas. O PEI organiza as propostas pedagógicas de acordo com as demandas dos alunos e dos objetivos desenvolvidos para a turma nas propostas curriculares, norteando ações de ensino e atividades escolares. Deve ser feito no ingresso à escola e ser continuamente atualizado em função do desenvolvimento e da aprendizagem do aluno. O PEI recebe diferentes denominações, referindo-se a um registro desenvolvido em equipe almejando “as respostas educativas mais adequadas para as necessidades específicas apresentadas em processos de escolarização de estudantes que exigem caminhos alternativos para sua aprendizagem” (GLAT; VIANNA; REDIG, 2012, p. 84). O PEI “considera o aluno em seu nível atual de habilidades, conhecimentose desenvolvimento, idade cronológica, nível de escolarização já alcançado e objetivos educacionais desejados a curto, médio e longo prazos” (GLAT; VIANNA; REDIG, 2012, p. 84). As expectativas familiares e as do próprio aluno também são consideradas. O PEI pode ter diferentes formas e estruturas, mas sempre apresenta nome e idade do aluno, há quanto tempo ele está na escola, as aprendizagens consolidadas, as dificuldades ocorridas, quais os objetivos, metas e prazos para o aluno, que recursos e adaptações curriculares foram utilizados e quais foram planejados e quem foram os 31 profissionais envolvidos na elaboração do plano (GLAT; VIANNA; REDIG, 2012). Em Salas de Recursos Multifuncionais, esses planos podem ser chamados de Plano de Desenvolvimento Individual (PDI). Ele orienta o trabalho pedagógico realizado pelo professor de atendimento educacional especializado, e é um roteiro de avaliação e intervenção pedagógica para os alunos que frequentam as salas de recursos. O PDI apresenta duas partes: Informações e Avaliação do Aluno (parte I) e Plano Pedagógico Especializado (parte II) (POKER et al., 2013). Em relação à avaliação, gestores e professores identificam, por meio deste instrumento, como a escola, a sala de aula e os alunos estão quanto “às condições favorecedoras e às barreiras de aprendizagem existentes para atender às necessidades educacionais de cada aluno” (POKER et al., 2013, p. 22). É a escola, enquanto lugar de aprendizagem, que precisa se adequar para o atendimento dos interesses e condições dos estudantes. Os dados avaliativos permitem identificar não apenas comprometimentos, dificuldades, mas também competências do aluno a serem exploradas e aprimoradas. Na avaliação da função motora, considera-se “postura corporal e locomoção, manipulação de objetos e combinação de movimentos, lateralidade, equilíbrio, orientação espaço temporal e coordenação motora” (POKER et al., 2013, p. 25). A parte interventiva visa promover a aprendizagem por meio de atividades, uso de recursos e conteúdos favorecedores. O Plano Pedagógico Especializado consiste em: desenvolvimento de competências e aptidões relacionadas à aprendizagem; confecção e utilização de recursos, materiais e equipamentos especiais, assim como estratégias e metodologias diferenciadas; ensino de comunicação alternativa e exercícios para ampliar as condições de acesso ao currículo e desenvolvimento; orientações sobre as adequações nas avaliações 32 e no acompanhamento da aprendizagem; colaboração na elaboração de relatórios e do documento de terminalidade específica quando necessário; apoio e orientação para funcionários, professores e alunos de forma geral, gestores e familiares; e acompanhamento e orientação sobre vida familiar e social do aluno, em determinados casos (POKER et al., 2013). Você viu nesta Leitura Digital que algumas adequações na escola podem ser pensadas a partir da necessidade educacionais especiais dos estudantes avaliadas pela equipe junto à família. A primeira providência é permitir o acesso físico, arquitetônico. Em seguida, ajustes pedagógicos para superar barreiras de acesso à aprendizagem podem ser necessários. Existem diversas formas e recursos para adequações, como o ensino cooperativo e o PEI. O olhar para o aluno, que vá além da sua deficiência, é o melhor caminho para a sua inclusão. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Manual de acessibilidade espacial para escolas: o direito à escola acessível. DISCHINGER, Marta; ELY, Vera H. M. B.; BORGES, Monna M. F. da C. Brasília: MEC/SEE, 2009. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/41/docs/manual_escolas_-_ deficientes.pdf.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: deficiência física. 2. ed. rev. Brasília: MEC, SEESP, 2003a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf. Acesso em 13 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Coordenação geral: SEESP/MEC; organização: ARANHA, Maria S. F. (org.). Brasília: MEC/SEE, 2003b. BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: D.O.U., 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm. Acesso em: 13 jul. 2021. http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/41/docs/manual_escolas_-_deficientes.pdf.pdf http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/41/docs/manual_escolas_-_deficientes.pdf.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciafisica.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm 33 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência física: recursos pedagógicos adaptados. Brasília: MEC: SEESP, 2002. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf. Acesso em:13 jul. 2021. GIL, M. Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Ashoka Brasil, 2005. GLAT, R.; VIANNA, M. M.; REDIG, A. G. Plano Educacional Individualizado: uma estratégia a ser construída no processo de formação docente. Ciências Humanas e Sociais em Revista, Rio de Janeiro, EDUR/RJ, v. 34, n. 12, p. 79-100, 2012. Disponível em: https:// eduinclusivapesq-uerj.pro.br/plano-educacional-individualizado-uma-estrategia-a-ser- construida-no-processo-de-formacao-docente/. Acesso em: 13 jul. 2021. POKER, R. B. et al. Plano de Desenvolvimento Individual para o Atendimento Educacional Especializado. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina universitária, 2013. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf https://eduinclusivapesq-uerj.pro.br/plano-educacional-individualizado-uma-estrategia-a-ser-construida-no-processo-de-formacao-docente/ https://eduinclusivapesq-uerj.pro.br/plano-educacional-individualizado-uma-estrategia-a-ser-construida-no-processo-de-formacao-docente/ https://eduinclusivapesq-uerj.pro.br/plano-educacional-individualizado-uma-estrategia-a-ser-construida-no-processo-de-formacao-docente/ 34 Uso da Tecnologia Assistiva e adaptações escolares Autoria: Nancy Capretz Batista da Silva Leitura crítica: Nayara Christine Souza Objetivos • Definir Tecnologia Assistiva. • Possibilitar a avaliação da Tecnologia Assistiva direcionada aos estudantes com DF. • Caracterizar a implementação da Tecnologia Assistiva para os estudantes com DF. • Refletir sobre o material escolar e pedagógico adaptado. 35 1. Tecnologia Assistiva (TA) O atendimento educacional especializado do aluno com deficiência física faz parte do sistema de ensino inclusivo, e permite a organização de estratégias para a superação de barreiras de acesso e aprendizagem na escola. No plano de desenvolvimento ou educacional individual, estão previstas a organização de recursos pedagógicos e das adaptações necessárias para a plena participação do aluno, baseado em suas habilidades, dificuldades e necessidades. Para isso, é relevante o uso da Tecnologia Assistiva na promoção de funcionalidade para a participação do aluno com deficiência física com maior independência. Ele tem direito à Tecnologia Assistiva para que sua autonomia, mobilidade e qualidade de vida sejam maximizadas. Para auxiliar alunos com deficiência em sala de aula, tecnologias e recursos podem serpensados a partir das dificuldades e possibilidades percebidas nos alunos. Os alunos com deficiências geralmente usam os mesmos recursos materiais que os demais alunos. Existem, no entanto, adaptações que podem ser necessárias para facilitar a realização de atividades para quem possui alguma limitação motora, sensorial ou cognitiva. Esses recursos são chamados de “ajudas técnicas” ou “tecnologias assistivas”. Infelizmente esses recursos são caros para a maioria das pessoas com deficiência. É aí que entra a criatividade da professora que engrossa o lápis com fita adesiva para que o aluno possa segurá-lo melhor e, sem saber, também está fazendo tecnologia assistiva, por exemplo. (GIL, 2005, p. 53) Nesse sentido, a Tecnologia Assistiva é um conjunto de práticas, recursos, materiais, metodologias, serviços, produtos e estratégias com a finalidade de aumentar a participação, inclusão, autonomia, bem como a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Para atender as necessidades educacionais dos alunos, o uso da Tecnologia Assistiva 36 para determinadas áreas é necessário. O termo Tecnologia Assistiva pode ser encontrado de maneira alternativa como “ajudas técnicas, tecnologia de apoio, tecnologia adaptativa, tecnologias de assistência e adaptações” (LOURENÇO, 2012, p. 25). Segundo o Comitê de Ajudas Técnicas (BRASIL, 2009), elas vão além da ciência, tecnologia, saúde, indústria e educação, sendo um conceito muito mais amplo, relacionado à promoção de Direitos Humanos. Por meio dessas ajudas, as pessoas com deficiência podem obter autonomia e independência nos diversos aspectos da vida. Recursos como da Tecnologia Assistiva podem promover Direitos Humanos, no que se refere a valorizar, integrar e incluir essas pessoas. De forma geral, a Tecnologia Assistiva é uma área em que diferentes profissionais atuam com conhecimento, desde a pesquisa e a fabricação até o uso de equipamentos, recursos e estratégias, para desenvolver funcionalidade de pessoas com deficiência nas diversas esferas do desempenho humano, como as tarefas de autocuidado e as atividades profissionais (BRASIL, 2009). O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) conceituou Tecnologia Assistiva (ou ajuda técnica) da seguinte forma: Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2009, p. 13) Os seguintes itens fazem parte dos componentes técnicos em Tecnologia Assistiva (BRASIL, 2009, p. 18-21): comunicação; mobilidade: manipulação; e orientação. Em relação à comunicação, existem componentes de comunicação interpessoal, tais como: os sistemas de comunicação; os dispositivos 37 de baixa tecnologia, como as pranchas de comunicação com palavras e imagens plastificadas com velcro; os dispositivos de alta tecnologia, como as pranchas de comunicação dinâmicas em tablets; os dispositivos de saída de voz gravada e sintetizada; as técnicas de seleção direta, de varredura e codificada; as técnicas para aumentar a velocidade de comunicação e de predição; as técnicas para ler e escrever; as próteses auditivas; os amplificadores de voz; e os auxiliares ópticos. Também existem componentes para acessar o computador, como acionadores para controle, teclados alternativos, emuladores de teclados e de mouses, telas sensíveis ao toque e ponteiras de cabeça e boca. Há ainda componentes de telecomunicações, como telefones portáteis e mensagens pela internet, e de leitura e escrita, tais como os livros adaptados com símbolos gráficos e em audiolivro, softwares e recursos de leitura de tela e de fala sintetizada, dispositivos com saída em Braille e de amplificação óptica e impressoras Braille. Quanto à mobilidade, existe a manual (como cadeiras de rodas convencionais, bengalas, andadores, bicicletas, triciclos, cadeiras de transporte, elevadores manuais e) e a elétrica (as cadeiras de rodas motorizadas e suas interfaces de controle e os equipamentos elétricos de apoio para transferências). Ainda há a acessibilidade no interior e exterior de ambientes; controles para conduzir e assentos especiais em transportes privados; rampas e plataformas em transportes; adaptação e elevadores de veículos públicos; próteses e órteses; e apoios para posicionamento, como controle de postura e almofadas antiescaras. Já em relação à manipulação, considera-se os de controles ambientais (muitos automatizados), de atividades de vida diária (cuidados pessoais, trabalhos domésticos e segurança), robótica, próteses e órteses e para recreação e desporto. Por fim, orientação é referente a bengalas, guias sonoros e adaptações ambientais para navegação e orientação, além de apoios para compensar memória e para noções de tempo e espaço. 38 Entre os serviços de Tecnologia Assistiva estão: avaliar as necessidades do indivíduo; adquirir recursos; selecionar materiais, elaborar o projeto; testar o uso, as customizações e as adaptações, as aplicações do uso, a manutenção do recurso e as devidas reparações e substituições quando necessário; coordenar e aplicar terapias; treinar e assistir tecnicamente o indivíduo, sua família ou cuidador, profissionais, empregadores e outros indivíduos prestadores de serviços (PUBLIC LAW 101-476, 1990 apud LOURENÇO, 2012). 1.1 Ajuda técnica para adaptação de material escolar e pedagógico A Tecnologia Assistiva deve ser providenciada conforme as necessidades do aluno. A acessibilidade tem um impacto significativo na vida do escolar que um dia se tornará um adulto apto para o convívio pleno em sociedade. Existem muitos tipos de adaptações para pessoas com deficiência, que vão desde itens arquitetônicos, acessibilidade de transporte, rampas e elevadores, complementos para acessibilidade de ambientes. Adaptações no ambiente, desde arquitetônicas até de recursos pedagógicos, são uma forma importante de garantir acessibilidade e promover inclusão escolar. O foco no campo educacional é o favorecimento da aquisição de conhecimentos. É esperado que o professor conheça as propriedades físicas dos objetos e como suas alterações podem ter influência no desempenho motor dos alunos (GONÇALVES; BRACCIALLI; CARVALHO, 2013). Os equipamentos de Tecnologia Assistiva podem ser divididos e categorizados de acordo com seu objetivo final (adaptações pedagógicas, mobilidade, controles ambientais etc.) e seu nível de complexidade e custo. Em relação a esse último, divide-se em baixa e alta tecnologia. Quanto aos recursos de baixa tecnologia: “são os mais 39 simples, que não fazem uso de energia, e, portanto, apresentam uma função limitada, tendo como vantagem uma maior disponibilidade, baixo custo e menor treinamento para o seu uso” (LOURENÇO, 2012, p. 27-28). Já em relação aos recursos de alta Tecnologia Assistiva: [...] são mais complexos, multifuncionais, geralmente envolvendo sistemas computadorizados, operados através de programas especiais de softwares, podendo ser usados por alunos com deficiências de fala, alunos com dificuldades de aprendizagem, que requerem instrução individualizada, ou alunos com deficiências motoras que de outro modo não teriam acesso ao currículo, pela falta de movimentação para manipular os materiais básicos de escrita (lápis, caderno, borracha etc.). (LOURENÇO, 2012, p. 28) De acordo com Bersch (2009), no contexto escolar é possível propor por meio da Tecnologia Assistiva (TA): adequações no ambiente físico e nas atividades; avaliação, experimentação e tomada de decisão para identificar o recurso a ser usado; formar o aluno e toda a comunidade escolar para uso funcional da TA; acompanhar e avaliar os resultados da implementação da TA; realizar ajustes, se necessário, no ambiente, nas atividadese/ou nas ferramentas; descrever a trajetória do aluno e sua participação no desenvolvimento de conhecimentos a partir dos objetivos educacionais para avaliação final da implementação da TA e; investigar outras demandas e projetos em TA. Para Gil (2005), algumas adaptações possíveis nos materiais escolares de crianças com deficiência motora, que têm dificuldade para segurar o lápis e coordenar os movimentos, são: engrossar lápis e/ou caneta com fita crepe, argila, espuma, massa epóxi ou outro material; preferir folhas soltas à cadernos para fixação na mesa; fixação de papel na mesa (com fita crepe, por exemplo) para suportar os movimentos de traçado do aluno; maior tamanho e traçado grosso para o aluno visualizar, perceber e compreender melhor as atividades; usar papel branco com traçados na cor preta; utilizar prancha elevatória para aluno visualizar e 40 manipular melhor folha, caderno, livro, entre outros materiais; utilizar espaçamento entre linhas compatíveis com o tamanho da letra do aluno durante sua aprendizagem da escrita com gradativa diminuição; e uso de tira de cartolina com buraco retangular para deslizar sobre o papel para dar destaque a letras e números no caso de dificuldade de percepção espacial. Além disso, para usar computadores, é possível ajustar o uso de mouses e teclados, como uma haste presa na cabeça ou na boca. Alguns programas de computador gratuitos que facilitam o uso do aluno com deficiência, lendo em voz alta o que está escrito na tela, ou facilitando o uso do teclado e do mouse, estão disponíveis na internet. Alguns recursos e equipamentos de Tecnologia Assistiva, conforme Brasil (2009), para auxílio dos alunos com deficiência física na realização de suas atividades educacionais disponíveis e conhecidos pelos educadores são: software para a criação de pranchas de comunicação, cadeira de rodas, andador convencional, figuras e miniaturas para comunicação alternativa, colmeia para teclado comum de computador, recursos pedagógicos adaptados para ler e escrever e recursos com velcro. A dificuldade motora e os domínios corporais presentes nas crianças com deficiência física, devem ser previstos na programação de atividades pedagógicas. Assim, a adaptação de materiais para facilitar seu manuseio e contato com objetos visa maior independência nas atividades e interações mais satisfatórias, promovendo apoio pedagógico. Neste sentido, deve-se escolher recursos lúdicos e formas de utilização, com modificações nas propriedades físicas nos recursos pedagógicos quanto à forma, textura e peso para minimizar as dificuldades motoras presentes nos alunos com deficiência física. Para a adaptação de um recurso, o professor considera a opinião do aluno e busca conhecer as propriedades físicas dos objetos e como alterar tais 41 propriedades influencia o desempenho motor do aluno (GONÇALVES; BRACCIALLI; CARVALHO, 2013). Para analisar e adaptar uma atividade, Lourenço (2012) recomenda considerar o objetivo da atividade, as atividades anteriores e posteriores, se a realização é em grupo ou individual, os materiais utilizados, a sequência e o tempo de duração de tarefas, o tempo de duração total, os tipos de instruções disponíveis, identificação da tarefa com dificuldade e relação com capacidades do aluno, além das características da atividade ou dos recursos para acesso às tarefas e possibilidades de modificação na tarefa e de uso do recurso. Pesquisas com pessoas com paralisia cerebral demonstraram que Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Tecnologia Assistiva (TA) favoreceram expressar ideias, corrigir ortografia e quebrar resistências à escrita. Também melhoraram cognição espacial (direção, posição e lateralidade), motivação, atenção, persistência, segurança, satisfação, colaboração, autonomia, iniciativa, autoestima e autoconfiança. Observou-se independência e autonomia nas interações nos ambientes virtuais de aprendizagem com o uso de recursos de TA, os quais foram mais bem aceitos quando possuíam menor contato corporal (SANTAROSA; VIEIRA, 2012). 1.2 Avaliando e implementando Tecnologia Assistiva para o aluno com deficiência física A criança com deficiência física desenvolve-se com compensações das experiências motoras que podem faltar ou em que pode haver dificuldades. O ambiente físico e social faz toda a diferença na promoção de meios mais favoráveis para esse processo ao diminuir os obstáculos e promover acessibilidade a partir das necessidades avaliadas. Alunos com deficiência física e múltipla podem alcançar objetivos e melhorar o desempenho em tarefas cotidianas por meio das adaptações 42 em computadores e equipamentos e no seu uso. Segundo Lourenço (2012), o aumento de recursos e softwares pode beneficiar o processo educacional de estudantes com diversas demandas. Contudo, a implementação eficiente do recurso de Tecnologia Assistiva depende do planejamento que considere as necessidades do aluno usuário, as características do recurso (facilidade para usar, barulho etc.) e a tarefa que o aluno irá desempenhar. O nível das funções motoras, sensoriais, cognitivas, educacionais e sociais do aluno são avaliadas, assim como as necessidades do ambiente e quais tipos de recursos estão disponíveis. Os professores de educação especial devem dominar a avaliação das necessidades do uso dos recursos pelos alunos, a seleção dos recursos e a utilização dos recursos como ferramentas para o processo educacional dos alunos (LOURENÇO, 2012). É importante salientar alguns aspectos que dizem respeito à avaliação e implementação de Tecnologia Assistiva para o aluno com deficiência física: • As adaptações devem auxiliar o aluno e o professor; • A necessidade de cada aluno com deficiência é única; portanto, a família e ele mesmo devem participar da criação e da escolha dos recursos que podem ajudá-lo; • O recurso deve sempre ser reavaliado pelo aluno e pelo professor, para ter certeza de que está realmente sendo útil e como pode ser aprimorado ou substituído; • As adaptações também podem servir para facilitar o uso do banheiro, da cozinha ou do refeitório, do pátio, das quadras, dos parques, dos auditórios, das salas de aula e de informática, ou seja, todos os ambientes escolares frequentados pelos alunos podem necessitar de adaptações. (GIL, 2005, p. 53) 43 Para saber qual recurso o aluno precisa, é importante observá-lo em diferentes momentos no espaço escolar quanto às dificuldades e soluções adotadas para lidar com suas limitações. O aluno pode indicar quais atividades podem ser facilitadas, juntamente com sua família e colegas de sala podem indicar soluções. Conforme segue Gil (2005), parcerias podem ser valiosas para disponibilizar o que o aluno precisa para ter sua aprendizagem facilitada, seja com faculdades, ou escolas SENAI, marcenarias, oficinas de costura, metalúrgicas etc. Sempre deve ser verificado se o objeto cumpriu sua finalidade, se mudanças são necessárias e se com o tempo permanece útil. Uma “fita crepe colocada nos cantos do papel para que a folha não escorregue com os movimentos involuntários de um aluno com deficiência motora” (GIL, 2005, p. 57) pode ser uma solução simples para facilitar a aprendizagem. De acordo com Lourenço (2012), na implementação do recurso, deve ser observado se o aluno acompanha o material, a mão ou a pessoa; se reage ao ser chamado ou assusta com som alto (buzina, assobio); suas reações de sensibilidade a estímulos sensoriais (irritabilidade a luz, som, toque); movimentos realizados e sua precisão de forma consciente/ com controle (apontar, mexer braços e pés, virar a cabeça, abrir a boca, mexer os olhos, assoprar etc.); sua postura sentado, deitado, de frente ou de lado à frente do computador; algum tipo de reflexo ou padrão de postura apresentado e; se usa órteses ou outros recursos). No uso de computadores com alunos com paralisia cerebral, deve-se considerar sua condição motora (mobilidade, tônus muscular,