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Unidade de Educação a Distância ADMINISTRAÇÃO GERAL Autora: Maria Eugênia Monteiro Castanheira BELO HORIZONTE / 2012 Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 2 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA REITOR LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA PRÓ-REITOR ACADÊMICO SUDÁRIO PAPA FILHO COORDENAÇÃO GERAL AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO HELBERT JOSÉ DE GOES COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS LAILA MARIA HAMDAN ALVIM COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA INSTRUCIONAL DESIGNER DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL KELLY DE SOUZA RESENDE PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA EQUIPE DE WEB DESIGNER CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR GABRIELA SANTOS DA PENHA LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO AUXILIAR PEDAGÓGICO ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES MONITORIA ELZA MARIA GOMES AUXILIAR ADMINISTRATIVO THAYMON VASCONCELOS SOARES MARIANA TAVARES DIAS RIOGA AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIA NERES PEREIRA RENATA DA COSTA CARDOSO Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 3 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Legenda Nosso Tema SÍntese Referências Bibliográficas Saiba mais Reflexão Material complementar Atividade Dica Importante Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 4 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Sumário Unidade 1: Introdução à Administração ............................................................................. 7 Unidade 2: A Administração em Ambiente Mutável ........................................................ 24 Unidade 3: Comportamento Ético na Administração ...................................................... 34 Unidade 4: Elementos de Soluções Administrativas ...................................................... 42 Unidade 5: O Processo Administrativo ............................................................................ 57 Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 5 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Nosso Tema Como estudante de administração, você provavelmente exerce ou almeja exercer a profissão de administrador. Mas, mesmo para quem não tem essa intenção, o estudo da administração é importante uma vez que qualquer atividade organizada e qualquer organização necessitam ser administradas. A partir dos fundamentos da administração, você poderá compreender com mais clareza o que é administrar, o que faz um administrador e quais os sentidos do termo organização. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 6 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Reflexão [...] Custos baixos e elevada produtividade. Qualidade e competitividade. A solução de muitos dos complexos problemas que afligem o mundo moderno reside hoje na administração, na capacidade para gerir, aglutinar e utilizar recursos escassos de forma cada vez melhor do que os concorrentes. E isso é feito através de organizações que devem ser administradas de maneira a extrair resultados satisfatórios dos recursos aplicados. O que está ocorrendo com o fenômeno da globalização é que não são mais as grandes organizações que dominam e engolem as pequenas. Não é mais o peixe grande que engole o pequeno. O tamanho organizacional está se tornando uma condição secundária. Agora, são as organizações mais ágeis e ligeiras, qualquer seja o seu tamanho, que atropelam as organizações mais lentas, independentemente de suas proporções. Tamanho não é mais documento. Por essa razão, muitas das grandes organizações estão se desdobrando em uma multiplicidade de pequenas unidades estratégicas de negócios para obter a flexibilidade e a agilidade necessárias para se manter competitivas em um ambiente altamente mutável e dinâmico. E, ao mesmo tempo, incentivam nas pessoas o espírito inovador e empreendedor típico das pequenas organizações. [...] A administração precisa não só acompanhar essas novas tendências mas, sobretudo, preparar o caminho das organizações para que isso possa realmente ocorrer no mais rápido lapso de tempo. E tempo também é um recurso indispensável. Fonte: Trecho extraído do prefácio de CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. XXV. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 7 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Unidade 1: Introdução à Administração 1. Conteúdo Didático Embora possamos aplicar a administração em todos os aspectos de nossas vidas, o estudo da administração está voltado, principalmente, para as organizações, que são imprescindíveis para suprir as necessidades de produtos e serviços de uma sociedade. As organizações são essenciais porque, além de fornecer produtos fundamentais à sobrevivência, também são o meio de subsistência de muitas pessoas. O desempenho de uma organização é muito importante para a comunidade, e é essencial que elas sejam bem administradas, a fim de atingir seus objetivos. 1.1 A administração e as organizações Organizações são grupos de pessoas que trabalham em conjunto, de forma estruturada e integrada, dividindo tarefas e a responsabilidade entre seus membros com a finalidade de alcançarem objetivos que não seriam possíveis de forma individual e isolada (figura 1). De maneira geral, os objetivos são produtos e/ou serviços que atendam às necessidades ou desejos dos clientes. Todas as organizações são sistemas, em que as partes que as compõem e a maneira como interagem e funcionam para realizar o objetivo são o elemento chave de seu funcionamento. As organizações estão presentes nos mais diferentes setores da sociedade e são os locais onde as técnicas administrativas são postas em prática. Como exemplo de organizações, podemos citar supermercados, escolas, restaurantes, equipes esportivas, lojas, organizações governamentais e não governamentais e instituições religiosas, podendo ser formais ou não. Cada organização apresenta suas particularidades, que vão variar quanto aos produtos ou serviços oferecidos, o tamanho, os objetivos, o público alvo, entre outros. FIGURA 1 – Organizações. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 8 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva A administração de uma organização, de forma que os objetivos traçados possam ser alcançados, requer o uso de programas e técnicas, além da aquisição e destinação corretasdos recursos necessários para tal. E como as organizações são compostas por pessoas, eles devem ter líderes que tenham a responsabilidade de guiá-las neste processo. Veja a figura 2. 1.1.1 Papel e atividades nas organizações Segundo Maximiano (2007), as organizações podem se enquadrar em três tipos: a) organizações governamentais: que têm finalidade de prestar serviços à população, e são administradas pelo governo; b) organizações empresariais: que têm finalidade lucrativa e são criadas com recursos próprios e de terceiros; c) organizações do terceiro setor: com finalidade filantrópica, de utilidade pública. As organizações são todas diferentes entre si e podem estar estruturadas de maneira formal, são regidas por regulamentos, ou informal, em que predominam as relações sociais. Mas independentemente das diferenças, todas as organizações apresentam alguns elementos em FIGURA 2 – Administração das organizações. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 9 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva comum, como objetivos, recursos, divisão de tarefas e os processos de transformação, como mostra a figura 3. . O primeiro elemento é o objetivo da organização, que em última análise constitui a razão de uma organização existir, e pode ser um produto ou um serviço. Os recursos devem ser adquiridos e destinados de maneira a atingir o objetivo proposto. O principal recurso de uma organização são as pessoas, mas também o tempo, o dinheiro, equipamentos, instalações e conhecimento. Esses recursos devem ser adquiridos e destinados para a realização dos objetivos, cabendo aos líderes das organizações administrá-los de maneira eficaz. Em uma organização o trabalho é coletivo, mas a divisão das tarefas deve estar bem definida, de modo que cada pessoa tenha um papel específico na realização do objetivo. A divisão de trabalho permite que contribuições individuais se unam, permitindo a realização do todo. Os processos de transformação são a sequência de atividades necessárias para se transformar os recursos em produtos e/ou serviços. Sendo assim, é possível definir as organizações como sistemas sociais que, por meio da divisão de trabalho e de processos, transformam recursos em produtos e serviços, como ilustrado na figura 4. Objetivo Recursos Divisão das tarefas Processos FIGURA 3 – Elementos das organizações. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 10 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Independente da finalidade de uma organização, para que os objetivos propostos sejam cumpridos, tarefas e funções devem ser realizadas e coordenadas pelos líderes. Maximiano (2003) aponta as principais funções organizacionais: a) Produção, que é a transformação de recursos em produtos ou serviços, de forma a suprir as necessidades dos clientes; b) Marketing, que estabelece relações entre a organização e seus clientes; c) Pesquisa e desenvolvimento, que tem como objetivo transformar as informações de marketing e os avanços tecnológicos e da ciência em produtos e serviços; d) Finanças, que organiza e protege os recursos financeiros da organização; e) Recursos humanos, ou gestão de pessoas, que lida com a entrada de pessoas na organização, sua permanência e até a sua saída. Vamos ver agora, como funciona uma organização. 1.1.2 A eficiência e a eficácia organizacional Todas as organizações são sistemas de recursos que perseguem objetivos. As pessoas que administram as organizações são responsáveis pela realização dos objetivos e pela forma como os recursos são utilizados. Eficiência e Eficácia são os principais critérios para medir e avaliar o desempenho das organizações e, também, de seus administradores, como mostra a figura 5. FIGURA 4 – Organizações como sistemas. Fonte: Maximiano, 2000, p. 92. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 11 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Mas o que é eficiência? Eficiência significa realizar um trabalho de boa qualidade, otimizando a utilização de recursos. E o que é eficácia? Eficácia significa realizar um trabalho que atinja o resultado esperado. Em uma organização, a eficiência é desejável, e a eficácia é essencial. Considera-se que a eficiência favorece a eficácia: se os recursos disponíveis são utilizados corretamente, é maior a probabilidade de atingir os objetivos. A eficácia de uma organização é a relação entre os resultados alcançados e os objetivos propostos. Significa que a organização é capaz de fornecer o produto ou serviço, é capaz de resolver um problema. Como se refere a resultados, a eficácia depende de uma escolha acertada dos objetivos, que está sujeita à compreensão do ambiente e de suas transformações. A eficiência, por sua vez, diz respeito à utilização inteligente dos recursos. Quanto mais resultados são produzidos, com a menor quantidade de recursos, mais eficiente é o processo. Segundo Maximiano (2000), quanto menor é o esforço necessário para produzir um resultado, mais eficiente é o processo. Para avaliar a eficiência, utilizam-se, normalmente, os critérios de produtividade e qualidade. A produtividade é medida pela relação entre os recursos consumidos e os resultados obtidos, ou seja, quantas unidades foram produzidas a partir de cada unidade de recurso. Um sistema produtivo é aquele que produz maior quantidade de resultados com uma determinada quantidade de recursos. PRODUTIVIDADE = PRODUÇÃO RECURSOS FIGURA 5 – Desempenho das organizações. Fonte: Autora. Ser eficaz significa cumprir um objetivo. Ser eficiente é cumprir um objetivo da melhor maneira possível. Uma organização ideal deve ser, ao mesmo tempo, eficaz e eficiente. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 12 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva A qualidade pode ser medida comparando-se o desempenho planejado com o resultado obtido. Considera-se que um produto ou serviço é de qualidade quando atende às especificações, ou seja, não apresenta deficiências. Quanto maior a quantidade de itens aceitos, em relação ao total de itens produzidos, maior é a qualidade e, consequentemente, a produtividade. A ausência de qualidade acarreta em prejuízo, uma vez que traz como consequências a perda de clientes, custos na reposição e descarte de produtos defeituosos. Considera-se, portanto, que a alta produtividade e a alta qualidade são essenciais para se manter a eficiência e favorecer a eficácia. Vamos conhecer um pouco sobre as organizações. 1.1.3 Organizações como grupos de pessoas As organizações são formadas pelas normas e regimentos que orientam seu funcionamento, mas também pelas pessoas que atuam nessas organizações e a maneira como se comportam e como convivem entre si. A cultura organizacional, portanto, reflete a maneira de pensar e agir, ou seja, a mentalidade predominante dos membros dessa organização. Representa a parte informal de uma organização, que orienta o comportamento das pessoas e a maneira como lidam com seu ambiente, afetando seus desempenhos individuais e o desempenho geral da organização. Cada organização possui uma cultura própria, que engloba os hábitos, valores, rituais e atitudes compartilhadas por seus membros. São regras informais, particulares a cada organização, que seus membros devem assimilare adotar como diretrizes. Em conjunto com as regras formais da organização, determinam o comportamento das pessoas que nela trabalham. A cultura organizacional, também, permite distinguir uma organização de outra e dá a seus membros uma identidade, o senso de pertencer a algo maior, o senso de trabalhar de forma coletiva. Por outro lado, a cultura organizacional pode atuar como uma barreira a mudanças e à diversidade. Segundo Maximiano (2000), os costumes de uma organização interferem em diversos aspectos de sua rotina, como a quantidade e a qualidade da produção, a disposição para colaborar com a administração, o comportamento ético e o vestuário correto, por exemplo. As características da Ser eficaz significa cumprir um objetivo. Ser eficiente é: Um sistema é mais produtivo que o outro quando produz maior quantidade de unidades com a mesma quantidade de recursos, ou quando produz a mesma quantidade de unidades com menor quantidade de recursos. QUALIDADE DE ACEITAÇÃO = QUANTIDADE DE ITENS QUE ATENDEM ÀS ESPECIFICAÇÕES QUANTIDADE TOTAL DE ITENS (produtos ou serviços) Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 13 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva cultura de uma organização podem orientar para diferentes aspectos: como os resultados, as pessoas, a equipe, a agressividade e a estabilidade. Os fundadores de uma instituição influenciam fortemente a formação da cultura, uma vez que são os primeiros a estabelecer as diretrizes e a filosofia da nova organização, indicando, em um primeiro momento, como os procedimentos devem acontecer. No entanto, as organizações estão inseridas no ambiente e na sociedade, que são aspectos dinâmicos, portanto a cultura organizacional está sujeita a alterações e transformações ao longo do tempo. Veja mais informações no material complementar. Agora vamos conhecer as características das organizações modernas. 1.1.4 Organizações modernas As organizações operam em ambientes dinâmicos, em constante transformação. Organizações bem sucedidas são aquelas capazes de acompanhar e se adequar a essas mudanças. No mundo globalizado, prevalecem as organizações mais ágeis e eficazes, e aquelas incapazes de acompanhar as inovações tendem a desaparecer. Na sociedade em que vivemos, as transformações e inovações acontecem a uma velocidade espantosa, e a tecnologia resultante traz situações inteiramente novas, capazes de desestruturar instituições. As novas tecnologias são capazes de solucionar diversos problemas, mas, ao mesmo tempo, trazem novos questionamentos e novas possibilidades, que se traduzem em novos problemas. O mundo moderno tem duas tendências principais: a instantaneidade e a virtualidade. A instantaneidade é representada por uma tendência a maior agilidade e menor tempo de execução das tarefas, e tem como exemplos a possibilidade de compartilhar informações em tempo real. A virtualidade vem trazer uma redução do espaço, tornando as organizações mais compactas, e até mesmo portáteis, com a possibilidade de utilizar os chamados escritórios virtuais. Ambas as tendências têm o propósito de tornar as organizações mais adaptáveis para aumentar sua competitividade. A competitividade indica a capacidade de uma organização em cumprir seus objetivos com mais êxito que seus concorrentes, O vídeo Cultura Organizacional, disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=2WkazAAuKnk>, explica de forma divertida seu efeito sobre as pessoas e organizações. Fonte: Disponível em https://lh5.googleusercontent.com/- A1B5FHYEX84/TYyTnfw3C2I/AAAA AAAAABw/Ulv26as0bAQ/competitivi dade.jpg. Acesso em 01/11/2011. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 14 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva mantendo ou ampliando sua posição no mercado. É um conceito que sofre alterações ao longo do tempo. Antes era considerada regionalmente, relativa apenas aos concorrentes mais próximos. Hoje, o âmbito competitivo se expandiu e está mais complexo, já que, com a globalização, as organizações enfrentam concorrentes de todas as partes do mundo. A globalização encurtou as distâncias entre países, de maneira que a comercialização de produtos e serviços passou a ser feita de maneira incrivelmente dinâmica, e no mundo todo. O administrador ficou mais próximo dos clientes, e também dos concorrentes, graças às novas tecnologias de telecomunicações, reduzindo o tempo necessário para realizar negócios. Com essa redução no tempo e nas distâncias, muitas organizações levaram suas operações para diferentes países, como por exemplo, uma montadora de automóveis francesa que passou a ter fábricas instaladas em outros países, em outros continentes. Diante dessas transformações, a globalização trouxe uma nova visão em relação às práticas de administração, requerendo do administrador informações e conhecimentos além das fronteiras regionais e nacionais. Hoje, para aumentar a eficácia, o administrador precisa acompanhar as mudanças de cenário, as quais podem envolver partes ou o todo organizacional. Sendo assim, ele precisa estar aberto a mudanças, principalmente no que se refere a tendências econômicas, sociais e culturais. Você vai conhecer agora o perfil do administrador moderno. Vamos lá! 1.2 A administração e os administradores Na concepção de Chiavenato (2003, p. 5), “o administrador é o responsável pelo desempenho de uma ou mais pessoas de uma organização”. É quem estabelece o rumo de um empreendimento, lidera as pessoas e decide como os recursos devem ser utilizados para atingir os objetivos organizacionais. A maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais – humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia – para alcançar o desempenho esperado, constitui o que chamamos de administração. De acordo com Maximiano (2000), administração é ação, um grupo de pessoas, uma arte que exige habilidades e uma disciplina. Administração é ação porque administrar significa tomar decisões, realizar ações que envolvem o seguinte processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle, conforme mostra a figura 6. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 15 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Veja no quadro 1 a descrição de cada uma das funções que compõem o processo administrativo. FUNÇÃO DESCRIÇÃO Planejamento Define objetivos, atividades e recursos. Organização Define o trabalho a ser realizado, as responsabilidades e a distribuição dos recursos segundo algum critério. Execução (direção) Realiza atividades e utiliza recursos para atingir os objetivos. Controle Assegura a realização dos objetivos e identifica a necessidade de modificá-los. QUADRO 1 – Funções do processo administrativo. Fonte: Maximiano, 2000, p. 27. O processo administrativo é realizado pelos administradores, que são pessoas dirigindo outras pessoas. Sendo assim, a administração envolve um grupo de pessoas, porque os administradores assumem responsabilidades, tomam decisões, acionam e distribuem o trabalho entre os funcionários. A administração, também, é arte, pois requer das pessoas habilidades e competências gerenciais. Essas habilidades e competências podem ser adquiridas e aprimoradas, mas algumas pessoas mostram um talento excepcional para administrar. Embora seja arte, a administração, também, é disciplina, pois apresenta uma história, e um conjunto de conhecimentos e princípios, organizados na forma de teorias. FIGURA 6 – Processo administrativo.Fonte: Autora Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 16 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Vamos, a partir de agora, ver quais as características da administração. 1.2.1 Níveis e tipos de administração Em qualquer organização, a administração é exercida por meio de um aparato administrativo constituído por três níveis, como mostra a figura 7: 1. Nível Institucional ou Estratégico 2. Nível Intermediário ou Gerencial 3. Nível Operacional ou Supervisão O Nível Institucional é composto pela alta administração, constituída pelos executivos (diretor, superintendente, presidente), que tomam as principais decisões da organização. As grandes organizações, também, envolvem o Conselho Administrativo, que está acima dos executivos. Conforme Chiavenato (2003, p.11), “[...] é o nível mais periférico da organização, pois está em contato direto com o ambiente externo, com o mundo que rodeia a organização, e recebe o impacto das mudanças e pressões ambientais”. É chamado de nível estratégico porque define o futuro do empreendimento como um todo, determinando sua missão e seus objetivos fundamentais. O Nível Intermediário, denominado Nível Gerencial ou Tático, é responsável por articular internamente o Nível Institucional com o Nível Operacional da organização. Composto pelos gerentes, transforma as decisões tomadas no Nível Institucional em programas de ação para o Nível Operacional executar. Os gerentes, de maneira geral, são responsáveis por setores especializados e FIGURA 7 – Níveis da administração. Fonte: Chiavenato, 2003, p. 12. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 17 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva pelo cumprimento de metas. Suas funções estão relacionadas à administração dos objetivos, mobilização de recursos e controle das atividades. O Nível Operacional constitui a base da estrutura organizacional, sendo responsável pela administração das atividades cotidianas. Designado como supervisão, está em contato direto com a execução das tarefas ou trabalhos rotineiros, realizados pelos funcionários não administrativos. O papel dos supervisores é auxiliá-los nos desenvolvimentos das atividades operacionais da organização. Assim, a administração é exercida por meio da coordenação desses três níveis, cada um com sua função específica.Veja correlação das funções na figura 8. Nível Atuação Abrangência Amplitude Institucional Estratégico Global, envolvendo toda a organização. Longo prazo Intermediário Tático Parcial, envolvendo uma unidade da organização. Médio prazo Operacional Operacional Específico, envolvendo determinada operação ou tarefa. Curto prazo FIGURA 8 – Características dos níveis administrativos. Fonte: Chiavenato, 2003, p.12. Em qualquer desses três níveis, o administrador é responsável pelo desempenho organizacional. Vamos estudar as habilidade e competências do administrador. 1.2.2 As habilidades e competências do administrador Os administradores são os profissionais que direcionam as atividades de outras pessoas nas organizações e que desempenham papéis administrativos. Esses profissionais devem apresentar algumas qualificações, ou competências, para melhor desempenhar suas funções. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 18 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Segundo Maximiano (2000), as principais competências gerenciais são classificadas em: Conhecimentos; Habilidades; Atitudes. Conhecimentos são técnicas e informações que o gestor domina para o desempenho de seu cargo. São pontos de referência para a compreensão da realidade e base para o desenvolvimento de habilidades. Quanto mais ampla a gama de conhecimentos de que uma pessoa dispõe, mais ampla a realidade que ela consegue interpretar. Quanto menos especializado é o administrador, maior deve ser sua gama de conhecimentos para a realização do seu trabalho. As habilidades estão relacionadas à capacidade de pôr em prática o conhecimento que se possui e de agir sobre a realidade. As habilidades gerenciais podem ser classificadas em três categorias: Habilidade Conceitual: é a compreensão e a capacidade de lidar com a complexidade da organização, de formular estratégias, analisar problemas e tomar decisões. Habilidade Humana: é a compreensão das pessoas, das suas necessidades, interesses e atitudes. Habilidade Técnica: são os conhecimentos específicos, os métodos e equipamentos necessários para a realização das tarefas. Na figura 9, é possível observar que cada tipo de habilidade tende a ser mais exigida conforme a posição ocupada pelo administrador na estrutura organizacional. FIGURA 9 – Habilidades do administrador. Fonte: Maximiano, 2000, p. 43, adaptado. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 19 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva As atitudes correspondem à maneira de agir do administrador sobre a realidade. Diz respeito ao seu comportamento diante das diversas situações com as quais se depara em seu dia a dia. As atitudes em relação às pessoas normalmente são as que exercem maior impacto sobre o trabalho dos administradores. McGregor, citado por Maximiano (2000), avalia esse tipo de atitude, bem como o efeito sobre o estilo de gestão, com base na ideia de que há duas maneiras opostas de interpretar as pessoas: a Teoria X diz que as pessoas são avessas ao trabalho e à responsabilidade e não merecem confiança; a Teoria Y considera que a maioria das pessoas gosta de trabalhar e de assumir responsabilidades, por isso merecem confiança. Obviamente, o administrador que julga as pessoas pela Teoria X agirá de forma completamente diferente daquele que crê na Teoria Y. Veja as características do perfil do administrador moderno. 1.2.3 Perfil do administrador moderno O contexto da nova economia exige do administrador uma nova postura. Se antes prevalecia a busca da eficácia e da eficiência, e a solução de problemas, hoje há um estímulo à inovação e à constante aprendizagem. Mais do que o “saber como”, é importante “saber o porquê”. A globalização e a evolução tecnológica são fatores determinantes na definição do novo papel do administrador. Têm maiores chances de sucesso os administradores que possuem uma visão globalizada, que sejam ativos e participativos na organização, que saibam lidar com tecnologias e sejam criativos ao utilizá-las. Os avanços tecnológicos, principalmente a internet, disponibilizam uma quantidade impressionante de informações e uma facilidade extraordinária de comunicação. Saber utilizar essa ferramenta, para selecionar, interpretar e sintetizar informações é fundamental para o administrador do século XXI. Valorizam-se, também, as relações interpessoais. O administrador trabalha com pessoas de diferentes culturas, credos e temperamentos. É importante saber se relacionar, mostrar empatia e controle emocional. FIGURA 10 – O uso da tecnologia. Fonte: Bernardo Porto Empreendedorismo, Startups e Marketing, 2009. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 20 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Está cada vez mais notório que os administradores não são mais predominantemente técnicos e especializados em determinado assunto. Hoje, os gestores de sucesso têm uma visão globalizada e estãovoltados para os processos de interpretação, elaboração e transformação do mercado. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 21 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 2. Teoria na Prática O OUTRO LADO DA MESA O vendedor Humberto começou a trabalhar há 14 anos na Afrodite, uma grande empresa do ramo têxtil e de confecções. Sua equipe tinha outros quatro vendedores. Três deles atendiam pequenos varejistas, representando 20% das vendas. Outro vendedor era especialista em atacadistas, respondendo por outros 20% do faturamento. Humberto, o mais experiente, vendia para grandes varejistas, como cadeias de lojas e supermercados. Sozinho, Humberto produzia 60% das vendas. Humberto e seus colegas tinham relações muito cordiais. Eram, como diziam, “bons amigos que trabalhavam juntos”. Sérgio, o gerente de Humberto, era considerado um dos melhores da Afrodite. Em intervalos regulares, chamava cada um de seus vendedores para perguntar sobre seu desempenho e dar instruções. A maior parte das perguntas e instruções de Sérgio dizia respeito aos índices de desempenho da equipe – o número de visitas feitas por dia, a taxa de vendas efetuadas em relação ao total de visitas, e assim por diante. Quase sempre, ele dizia que iria conversar novamente com o vendedor dali a uma semana, para cobrar resultados. Infalivelmente, uma semana depois, o vendedor era chamado. Ele usava uma lista de assuntos pendentes, que atualizava continuamente, para fazer cobranças e dar ordens. Um dia, Sérgio foi promovido e escolheram Humberto para ficar em seu lugar. Um de seus colegas o substituiu e trouxeram um vendedor de fora para completar a equipe. Humberto foi apanhado de surpresa: Estou como o homem que foi jogado na água para aprender a nadar. E agora, o que faço? Não recebi quase nenhuma orientação. Confuso, Humberto decidiu imitar alguns dos comportamentos de Sérgio. Ele logo descobriu que, do outro lado da mesa, as coisas não eram tão fáceis. Sérgio definia metas e cobrava seu cumprimento. Humberto dava as ordens, mas, quando chegava o momento da cobrança, ou tinha esquecido o que havia pedido, ou tinha perdido as anotações. Frequentemente, ele simplesmente se esquecia de chamar os vendedores para prestar contas. O simples fato de definir metas e pedir relatórios começou a criar problemas, como passaram a dizer seus colegas: Quem ele pensa que é? Aonde ele quer chegar? Quando era vendedor, nunca se preocupava com essa burocracia. Como é que agora ele vive pedindo isso para nós? Para manter sua autoridade, Humberto decidiu cortar o relacionamento social com seus colegas, Quando alguém lhe disse que se havia tornado seco e, até mesmo rude, ele respondeu: Você sabe, agora eu sou gerente. Gerentes não podem confraternizar com funcionários. Faz parte do papel. Eu não sou assim. É o meu cargo que exige. Depois de pouco tempo, as vendas começaram a cair. A situação só não ficou desastrosa porque a administração superior entrou em cena, negociando Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 22 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva diretamente com os grandes clientes. Isso permitiu manter o volume de vendas nos níveis anteriores. Os diretores logo estabeleceram uma relação de causa e efeito entre Humberto e os problemas naquela equipe de vendas. No entanto, os antigos colegas de Humberto achavam que a promoção fora merecida. Ele era ótimo vendedor e tinha sensibilidade para o mundo dos negócios. Ele conhecia muito bem sua empresa, assim como seus clientes e os produtos que vendia. Agora, a Afrodite está tentando resolver o problema. Recentemente, o diretor de vendas disse a Sérgio, o antigo gerente de Humberto: Eu me recuso a acreditar nessa história de que perdemos um bom vendedor e ganhamos um mau gerente. Sou pago para resolver problemas assim, mas não sou obrigado a ter respostas para todas as perguntas. Espero que você me ajude a encontrar uma solução para o caso de Humberto. Fonte: MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 46-47 Reflita sobre esse caso: Coloque-se no lugar de Sérgio. Como você teria agido quando Humberto foi promovido para ocupar seu lugar? Coloque-se no lugar de Humberto. Como você teria agido ao assumir o posto de seu antigo chefe? Coloque-se no lugar do diretor de vendas. O que você faria para resolver essa situação? Não há resposta correta para essas questões. O objetivo aqui é fazer com que o você reflita sobre o conteúdo trabalhado e se posicione diante de uma situação que pode ser tratada de diversas maneiras. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 23 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 3. Síntese Vamos recordar o que vimos de mais importante nesta unidade: Organizações são grupos de pessoas que trabalham em conjunto de forma estruturada e integrada, com a finalidade de alcançar objetivos que não seriam possíveis de forma individual. Todas as organizações apresentam alguns elementos em comum, como objetivos, recursos, divisão de tarefas e os processos de transformação. Eficiência e Eficácia são os principais critérios para medir e avaliar o desempenho das organizações e de seus administradores. Eficiência significa realizar um trabalho de boa qualidade, otimizando a utilização de recursos. Eficácia significa realizar um trabalho que atinja o resultado esperado. As organizações são formadas pelas normas e regimentos que orientam seu funcionamento, mas também pelas pessoas que atuam nessas organizações. Cada organização possui uma cultura própria, que engloba os hábitos, valores, rituais e atitudes compartilhadas por seus membros. As organizações operam em ambientes dinâmicos, em constante transformação. Organizações bem sucedidas são aquelas capazes de acompanhar e se adequar a essas mudanças. A competitividade indica a capacidade de uma organização em cumprir seus objetivos com mais êxito que seus concorrentes, mantendo ou ampliando sua posição no mercado. O administrador é o responsável pelo rumo de um empreendimento, é quem lidera as pessoas e decide como os recursos devem ser utilizados para atingir os objetivos organizacionais. Administração é a maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais – humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnologia – para alcançar o desempenho esperado. O processo administrativo envolve planejamento, organização, direção e controle. Em qualquer organização a administração é exercida por meio de um aparato administrativo constituído pelos níveis institucional, intermediário e operacional. As principais competências gerenciais são classificadas em conhecimentos, habilidades e atitudes. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 24 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Unidade 2: A Administração em Ambiente Mutável 1. Conteúdo Didático As organizações existem e funcionam em um ambiente com o qual interagem obtendo seus insumos e recursos (entradas ou inputs) e para o qual destinam seus produtos e serviços (saídas ou outputs). Isso significaque as organizações funcionam como sistemas abertos, ou seja, conjuntos integrados de atividades que satisfazem necessidades variadas do meio em que se inserem. As organizações são sistemas abertos porque interagem dinamicamente com seu ambiente, afetando-o e sendo afetadas por ele. Quanto mais vasto o ambiente, maior a sua capacidade de influenciar as organizações e menor a possibilidade de ser influenciado por elas (CHIAVENATO, 2003). “O ambiente organizacional é composto de fatores ou elementos externos e internos que lhe influenciam o funcionamento” (MEGGINSON, MOSLEY e PIETRI Jr., 1998, p. 67). Em função de sua complexidade e para melhor compreendê-lo pode-se, desdobrá-lo em dois grandes segmentos: o ambiente geral ou macroambiente e o ambiente específico ou microambiente, cujas características veremos nos próximos tópicos. FIGURA 1 – A organização como sistema aberto. Fonte: Chiavenato, 2003, p. 77. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 25 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 1.1 Ambiente Geral ou Macroambiente O ambiente geral ou macroambiente constitui um contexto abrangente que afeta seus componentes de forma ampla e generalizada. Chiavenato (2003, p. 78) explica que o ambiente geral é composto pelos seguintes fatores: Define como as pessoas e organizações de uma comunidade ou nação produzem, distribuem e utilizam os vários bens e serviços, envolvendo fenômenos como inflação, desenvolvimento/retração, níveis de renda, produto interno bruto, emprego/desemprego, entre outros indicadores. Diz respeito às novas abordagens para a produção de bens e serviços, abrangendo procedimentos, equipamentos, pesquisas e avanços científicos. Representa as características da sociedade em que a organização opera, incluindo valores, tendências, padrões de comportamento e instituições. Envolve os códigos legais vigentes, as leis e regulamentos definidos pela sociedade, bem como a forma de governo predominante. Contém os elementos relacionados com assuntos governamentais, envolvendo os objetivos políticos dominantes, partidos políticos, representações da sociedade, entre outros. Constitui as características estatísticas de uma população, incluindo mudanças no número de pessoas e a distribuição de renda entre os vários segmentos da população, o que influencia a receptividade de bens e serviços do ambiente. Diz respeito aos acontecimentos no cenário internacional que impactam nas organizações das mais diversas áreas geográficas. Representa o estado geral da natureza, as condições do ambiente físico e natural e as ações da sociedade sobre o meio ambiente. Econômico Tecnológico Ecológico Internacional Demográfico Político Legal Social Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 26 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Todas essas variáveis formam, de acordo com Chiavenato (2003, p. 80), “um dinâmico e intenso campo de forças [...] que muda a cada instante a sua configuração”. A combinação desses fatores produz resultados contingenciais e, muitas vezes, imprevisíveis. 1.2 Ambiente Específico ou Microambiente “O ambiente específico ou microambiente se refere ao ambiente mais próximo e imediato de cada organização” (CHIAVENATO, 2003, p. 82). Esse ambiente divide-se em ambiente de tarefa e ambiente interno. O ambiente de tarefa constitui o nicho onde a organização desenvolve suas operações, de onde obtém seus insumos e para o qual dispõe seus produtos e serviços. Sendo assim, o ambiente de tarefa envolve os seguintes elementos: Fornecedores: agentes que proporcionam os recursos para a organização, tais como insumos, energia, serviços, informações, equipamentos, etc., a fim de que ela produza bens e serviços. Clientes: agentes para os quais são destinados os bens e serviços produzidos pela organização. FIGURA 2 – Macroambiente. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 27 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Concorrentes: agentes que disputam os mesmos recursos e clientes da organização e, por isso, estabelecem estratégias com o intuito de ganhar espaço no mercado. Agências reguladoras: agentes que normatizam e fiscalizam as ações da organização, tais como órgãos do governo, sindicatos e demais entidades de cunho regulador. Grupos de interesse: agentes que monitoram e avaliam a organização com o intuito de atender necessidades e expectativas da sociedade, sendo esses os movimentos sociais, organizações não governamentais, associações, entre outros. Além do ambiente de tarefa, o ambiente interno também compõe o microambiente ou ambiente específico da organização e é constituído por fatores que sofrem um controle mais direto da organização. Esses fatores são: Estrutura organizacional Recursos humanos Tecnologia empregada Diretrizes e cultura organizacional Estilo de liderança FIGURA 3 – Ambiente de tarefa. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 28 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva A conjugação do ambiente geral, ambiente de tarefa e ambiente interno compõem o que convém chamar de ambiente organizacional (figura 5). Vamos, agora, entender melhor como funciona esse ambiente? FIGURA 5 – Ambiente organizacional. Fonte: Autora. FIGURA 4 – Ambiente interno. Fonte: Autora. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 29 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 1.3 Dinamismo do Ambiente Segundo Chiaventato (2003, p. 87), “o ambiente funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências diretas e indiretas sobre as organizações”. Às organizações cabe aproveitar as oportunidades que surgem por meio das influências positivas e amortecer as influências negativas. A variedade de fatores que afetam uma organização é bastante extensa e, de acordo com Megginson, Mosley e Pietri Jr. (1998), há, basicamente, três tipos de comportamento que se pode adotar em relação ao ambiente: Tentar prever o impacto potencial para reagir com mais eficácia; Tentar influenciar o ambiente através de elos entre a empresa e outros agentes; Reagir ao ambiente de acordo com as circunstâncias do momento. O resultado da resposta às diversas forças ambientais realimenta o processo e ensina a organização a comportar-se diante da multiplicidade de fatores, a fim de aproveitar as forças favoráveis e contornar o impacto das forças desfavoráveis. Se por um lado o ambiente oferece recursos, clientes e oportunidades, poru outro, oferece concorrentes, agências reguladoras, grupos de interesse e problemas. Diante disso, é cada vez maior a necessidade do chamado mapeamento ambiental. A Matriz Ambiental consiste em uma técnica de análise que permite visualizar a relação da organização com seu ambiente a partir da relação entre os fatores que mais afetam o ambiente organizacional, denominados fatores-chave, a frequência com que ocorre a mudança ambiental e a extensão dessas mudanças sobre o negócio da organização (figura 6). Fonte: Disponível em http://www.idealispesquisa.com.br/images/s-oganization.jpg. Acesso em 14-02-2012. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 30 | P á g i n aUnidade de Educação a Distância | Newton Paiva A Matriz Ambiental mapeia o ambiente organizacional conforme a quantidade de fatores-chave que exercem influência sobre a organização, a frequência e intensidade das mudanças que insidem sobre ela. Um ambiente é considerado simples quando a organização lida com poucos fatores-chave, o que costuma ocorrer em condições de homogeneidade, ou seja, quando os elementos ambientais apresentam as mesmas características. O ambiente complexo, por sua vez, exige que a organização conviva com muitos fatores-chave, o que é típico de um ambiente heterogêneo, cujos elementos ambientais apresentam diferentes características. Quando os fatores ambientais que envolvem uma organização são previsíveis e pouco mutáveis, considera-se que esta organização opera em um ambiente estável. Todavia, quando os fatores ambientais são instáveis e imprevisíveis, considera-se que esta organização opera em um ambiente dinâmico. Nas circunstâncias atuais são cada vez mais raros os ambientes simples e estáveis e cada vez mais os administradores precisam trabalhar com a incerteza e a complexidade ambiental. Por essa razão, é tão importante mapear e compreender cada um dos segmentos ambientais que afetam a organização. “A organização que se retrai e ignora o seu entorno está fatalmente fadada ao desaparecimento” (CHIAVENATO, 2003, p. 94). FIGURA 6 – Matriz Ambiental. Fonte: Adaptado de Megginson, Mosley e Pietri Jr., 1998, p. 68. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 31 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 2. Teoria na Prática PENSAR GLOBALMENTE E AGIR LOCALMENTE Teobaldo Navarro é o gerente-geral da Fazenda Citrus, uma empresa totalmente dedicada à produção de laranja, industrialização do suco e sua posterior exportação para o mercado internacional. Ele é o responsável pelas áreas de plantio e colheita, transporte da matéria-prima para as instalações industriais onde se faz o suco de laranja, seu acondicionamento a granel e o transporte do produto final até os portos de exportação. Na verdade, Teobaldo cuida de todo o ciclo operacional que vai desde o plantio inicial da matéria-prima até a entrega do produto final nos portos de exportação. Os concorrentes da Citrus não estão apenas no estado de São Paulo. Na verdade, eles estão muito mais distantes. Os mais fortes e bem preparados estão concentrados no estado americano da Flórida. Teobaldo sabe que não deve apenas igualar-se ou sobrepujar os concorrentes locais. O seu desafio é mais amplo, ou seja, enfrentar uma acirrada concorrência mundial. Teobaldo lembra-se muito das ideias de Soichiro Honda, o fundador da Honda Motors, fabricante de motos e automóveis de classe mundial. Honda dizia que, para ser um cidadão de seu país, ele precisava antes ser um cidadão do mundo, um verdadeiro cosmopolita. Precisava pensar globalmente e agir localmente para conhecer e aprender o que de melhor se faz no mundo todo e para trazer esse aporte como contribuição efetiva ao seu país. Somente assim ele poderia considerar- se um cidadão de sua pátria. Teobaldo procura seguir as linhas do velho mestre japonês. Para desenvolver uma visão panorâmica do ambiente de negócios de sua empresa, Teobaldo sabe que precisa conhecer o macroambiente e ter uma noção de como as condições econômicas, tecnológicas, sociais, legais, políticas, demográficas, internacionais e ecológicas influenciam os negócios da Citrus. Neste sentido, desenvolveu uma espécie de mapa de quadro, de duas colunas, para alinhar, na coluna esquerda, todas as forças e variáveis ambientais que representam oportunidades de negócios que a Citrus pode aproveitar estrategicamente e, na coluna direita, todas as forças e variáveis ambientais que representam ameaças, dificuldades, desafios, coações e restrições que a Citrus deve neutralizar ou evitar com razoável jogo de cintura. Além disso, Teobaldo procurou, também, obter uma visão mais clara do ambiente de tarefas da empresa. Para tanto, mapeou todas as entradas e saídas que interligam sua organização ao meio ambiente em que opera: fornecedores, clientes, concorrentes, agências reguladoras e grupos de interesse. Sua intenção é conhecer profundamente não só os componentes reais e atuais como também os componentes potenciais e virtuais que podem ser mais bem explorados pela Citrus. Trata- se, segundo Teobaldo, de reduzir a dissonância e miopia em relação ao contexto ambiental para tornar a organização mais adequada à totalidade dos componentes externos. Com base nesse mapeamento, Teobaldo constatou que o ambiente da Fazenda Citrus é simples e dinâmico. Simples porque tanto os fornecedores e os clientes, quanto os concorrentes, apresentam características similares. Dinâmico porque é Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 32 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva instável e imprevisível por vários motivos. O primeiro deles é a acirrada concorrência mundial pelo preço dos produtos agrícolas. O segundo são as medidas reguladoras dos diversos governos para proteger suas agriculturas locais. O terceiro motivo são as condições climáticas, que nem sempre ajudam o fazendeiro. Para fazer face a esses desafios externos, Teobaldo está inclinado a organizar seu negócio através de estruturas flexíveis, privilegiando equipes de funcionários, em vez de pensar em estruturas rígidas de cargos e departamentos. Adaptado de CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 74- 91 Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 33 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 3. Síntese Vamos recordar o que vimos de mais importante nesta unidade: As organizações funcionam em um ambiente com o qual interagem obtendo seus insumos e recursos e para o qual destinam seus produtos e serviços. O ambiente organizacional é composto de fatores ou elementos externos e internos que lhe influenciam o funcionamento. O ambiente geral ou macroambiente constitui um contexto abrangente que afeta seus componentes de forma ampla e generalizada. O ambiente específico ou microambiente é o ambiente mais próximo de cada organização e divide-se em ambiente de tarefa e ambiente interno. O ambiente de tarefa constitui o nicho onde a organização desenvolve suas operações, de onde obtém seus insumos e para o qual dispõe seus produtos e serviços. O ambiente interno é constituído por fatores que sofrem um controle mais direto da organização. O ambiente organizacional funciona como um campo dinâmico de forças que interagem entre si provocando mudanças e influências diretas e indiretas sobre as organizações. Um ambiente é considerado simples quando os elementos ambientais apresentam as mesmas características. O ambiente complexo é aquele cujos elementos ambientais apresentam diferentes características. Quando os fatores ambientais que envolvem uma organização são previsíveis e pouco mutáveis, considera-se que esta organização opera em um ambiente estável. Quando os fatores ambientais são instáveis e imprevisíveis, considera-se que esta organização opera em um ambiente dinâmico. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia MonteiroCastanheira 34 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Unidade 3: Comportamento Ético na Administração 1. Conteúdo Didático Entre as principais tendências que têm pautado a teoria e a prática da administração no século XXI podemos ressaltar a responsabilidade social das organizações e o comportamento ético dos administradores. A discussão a respeito da ética e da responsabilidade social não é recente, mas vem se intensificando progressivamente, em função de problemas como poluição, desemprego, desigualdade social, exploração de mão de obra, dentre outros que envolvem as organizações, públicas ou privadas. De acordo com John Akers, citado por Chiavenato (2003, p. 198), “ética e competitividade são inseparáveis”. Para o ex-presidente da IBM, nenhuma sociedade é capaz de ser bem sucedida com pessoas procurando enganar umas às outras; um sistema de mercado precisa basear-se na confiança e na transparência dos negócios. A postura ética das organizações está relacionada com os aspectos morais das atividades que realizam e com o comportamento das pessoas na condução dos negócios. Nas sociedades contemporâneas, espera-se que as instituições e empreendimentos conduzam suas atividades com base em padrões morais e condutas socialmente responsáveis. 1.1 Desenvolvendo Padrões Éticos “Ética é o código de moral [...] que estabelece os padrões de conduta considerados corretos ou adequados pela sociedade” (CHIAVENATO, 2003, p. 197). A finalidade da ética é determinar preceitos capazes de orientar as pessoas em suas escolhas e ações, sendo o comportamento ético aquele aceito como correto e adequado. FIGURA 1 – Ética. Fonte: Martins, 2011. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 35 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Nas organizações, a ética determina os princípios usados para julgar o que é certo ou errado no comportamento dos administradores em relação aos outros (funcionários, fornecedores, clientes, concorrentes, etc.). Os padrões éticos de uma organização estão profundamente relacionados com a sua cultura. Se os colaboradores percebem que a alta administração age sem ética, há uma grande possibilidade de que passem a agir da mesma forma. Também pode-se encorajar comportamentos não éticos, recompensar funcionários somente em relação aos objetivos organizacionais, ignorando os meios para alcançá-los. Assim, entende-se que a alta administração é referência ética para toda a empresa, devendo estabelecer os padrões éticos que orientam a organização. Instituir e avaliar o comportamento ético no espaço empresarial exige instrumentos e habilidades capazes de conciliá-lo às necessidades de eficiência e eficácia organizacional. Nesse sentido, a adoção de um código de ética pode ser o primeiro passo para conduzir gestores e colaboradores em situações que envolvam questões éticas. Segundo Megginson, Mosley e Pietri Jr (1998, p. 116), esses códigos podem ser longos e formais ou curtos e extremamente simples como a máxima “faça aos outros o que você quer que os outros lhe façam”. Conhecido como “Teste de Quatro Caminhos”, o código de ética do Rotary Internacional exige resposta a quatro questões: Para Chiavenato (2003, p. 201), o administrador pode considerar como éticas suas ações se forem consistentes com os seguintes padrões: FIGURA 2 – Ética na administração. Fonte: Araújo, 2010. é a verdade? é justo para todos os interessados? vai acarretar boa vontade e mais amizade? trará benefícios para todos os interessados? Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 36 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 1. A regra dourada. Aja da mesma maneira que espera que os outros ajam com você. Faça aos outros aquilo que você desejaria que eles fizessem para você. 2. O princípio utilitarista. Aja de maneira que resulte no maior número de pessoas beneficiadas pela sua ação. 3. O imperativo categórico de Kant. Aja de maneira que o seu comportamento dentro das circunstâncias possa ser tomado como uma lei ou regra ou comportamento universal e válido para todas as circunstâncias. 4. A ética profissional. Pratique ações que possam ser vistas e avaliadas como próprias e adequadas por um grupo desinteressado de colegas profissionais. 5. O teste de TV. O administrador deve perguntar-se se ficará confortável explicando a uma audiência nacional de TV porque praticou determinadas ações. 6. O teste legal. A ação ou decisão proposta é legal? As leis são geralmente consideradas como os padrões mínimos de ética. 7. O teste das quatro maneiras. Corresponde ao “Teste de Quatro Caminhos” que define o código de ética do Rotary Internacional. Para incentivar o comportamento ético de seus membros, as organizações utilizam duas práticas principais: recompensas pelo bom desempenho ético a fim de reforçá-lo, e punições contra o mau desempenho ético com intuito de corrigi-lo e eliminá-lo. Nesse sentido, o treinamento, a elaboração e a disseminação do código de ética da organização são passos importantes para promover a conscientização e o comportamento ético das pessoas. FIGURA 3 – Princípios éticos. Fonte: Grávia Indústria de Perfilados. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 37 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Além do código de ética, muitas organizações mantêm, também, os chamados assessores éticos. São pessoas mais experientes, que têm um bom conhecimento sobre a empresa e a quem as pessoas podem se dirigir para aconselhamento quando enfrentam dilemas éticos. Todo esse empenho em relação à ética envolve uma preocupação pelo bem estar dos outros e pelo ambiente, o que inevitavelmente incorpora às organizações o conceito de responsabilidade social. 1.2 A Responsabilidade Social O termo responsabilidade social, em essência, representa a obrigação que as organizações têm de estabelecer diretrizes, tomar decisões e agir de forma a preservar os interesses da sociedade. Chiavenato (2003, p. 121) define responsabilidade social como “o grau de obrigações que uma organização assume através de ações que protejam e melhorem o bem estar da sociedade à medida que procura atingir seus próprios interesses”. De acordo com esse autor, uma organização socialmente responsável é aquela que desempenha as seguintes obrigações: Incorpora objetivos sociais em seu processo de planejamento. Aplica normas comparativas de outras organizações em seus programas sociais. Apresenta relatórios aos membros organizacionais e aos parceiros sobre os progressos na sua responsabilidade social. Experimenta diferentes abordagens para medir o seu desempenho social. Procura medir os custos e o retorno do investimento em programas sociais. A prática da responsabilidade social nas organizações frequentemente ocorre por meio de programas de ação específicos. Embora não se limitem a eles, esses programas geralmente incluem atividades nas seguintes áreas: Refere-se ao desempenho da organização em atividades como produção de bens e serviços necessários às pessoas, criação de empregos para a sociedade, pagamento de bons salários e garantia de segurança no trabalho. Esta medida de responsabilidade social proporciona uma indicação da contribuição econômica da organização à sociedade. Refere-se à contribuição da organização para a melhoria da qualidade geral de vida na sociedade ou redução da degradação ambiental. Produção de bens de alta qualidade, relações com empregados e clientes e esforçopara preservar o ambiente natural são indicações do que a organização faz para melhorar a qualidade geral de vida na sociedade. Á re a f u n c io n a l e c o n ô m ic a Á re a d e q u a li d a d e d e v id a Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 38 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Refere-se ao grau em que a organização investe recursos financeiros e humanos para resolver problemas sociais da comunidade. A organização pode envolver-se na assistência a instrituições da comunidade que tratem de educação, esporte, artes, caridade, etc. Refere-se ao grau em que a organização lida com problemas sociais. Algumas atividades como participação no planejamento a longo prazo da comunidade e na condução de estudos para localizar problemas sociais podem ser considerados como medidas de responsabilidade social. Em termos do comprometimento com a responsabilidade social, Chiavenato (2003, p. 122) estabelece que as organizações podem adotar quatro alternativas de estratégia, conforme mostra a figura 4. Em um complexo conjunto de interesses constituído pela organização e pelos elementos de seu ambiente, forma-se uma intensa rede de relacionamentos com outras organizações e instituições. Nesse contexto, a responsabilidade social é a disposição de servir a interesses próprios e, ao mesmo tempo, aos interesses dos diferentes públicos envolvidos na atividade da organização. Á re a d e in v e s ti m e n to s s o c ia is Á re a d e s o lu ç ã o d e p ro b le m a s FIGURA 4 – As quatro estratégias de responsabilidade social. Fonte: Carrol apud Chiavenato, 2003, p. 123. Responsabilidades econômicas: Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 39 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Alguns estudiosos do assunto argumentam que as empresas devem desempenhar atividades ligadas à responsabilidade social porque lucratividade e crescimento decorrem do tratamento responsável de agentes como empregados, clientes, fornecedores, acionistas, governo, comunidade, entre outros. Esse argumento significa que ser responsável é um meio de conquistar credibilidade organizacional e, consequentemente, lucro. Isso porque qualquer atividade produtiva só é viável se houver a participação conjunta de parceiros, cada qual com a sua contribuição. Esses parceiros empregam seus esforços ou recursos na expectativa de obter um retorno sobre seu empenho, em um processo de reciprocidade (figura 5). FIGURA 5 – Parceiros da organização. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2003, p. 125. Quando os investimentos realizados por cada parceiro dão o retorno considerado justo e adequado, a tendência é que mantenham a parceria com a organização. Por outro lado, se o retorno é considerado aquém do esperado, a tendência é a redução ou até mesmo a suspensão dos investimentos na organização. Diante disso, o sucesso de uma organização depende do tratamento dado aos seus parceiros, o que torna cada vez mais evidente a importância da responsabilidade social para a manutenção e sobrevivência dos negócios. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 40 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 2. Teoria na Prática INCENTIVO À ESCOLARIZAÇÃO A Volpe Comércio Indústria e Serviços, empresa da cadeia de valor do setor de siderurgia, diagnosticou que umas das suas fragilidades era a baixa escolarização do público-interno. A valorização dos funcionários esbarrava neste ponto e em questões como plano de carreira, oferecimento de cursos, entre outras ações. "A empresa acredita que o fortalecimento do público-interno é também uma forma de engrandecer não apenas o indivíduo e sua 'empregabilidade', mas a própria comunidade e sociedade, sobretudo em uma cidade de pequeno porte como a que a Volpe atua".- comenta César Volpe, diretor geral da empresa. Inicialmente, foi feita uma pesquisa para averiguar o nível de ensino do quadro funcional da empresa e o interesse em voltar aos estudos. Concomitantemente, a Volpe procurou motivar os funcionários, e estabeleceu critérios de apoio financeiro de acordo com o nível de ensino em curso – Fundamental, Médio e Técnico. Após o início do projeto, a Volpe verificou uma melhora na produtividade, no relacionamento e ambiente de trabalho. Para viabilizar essa iniciativa, a empresa proporcionou uma sala de aula, professora, materiais e lanche para os funcionários que antes de voltar às aulas precisavam de um nivelamento educacional. Agora, o desafio é ampliar a prática para o ensino superior. Mas a empresa já tem recomendações para quem busca replicar o projeto: estabelecer parcerias com órgãos públicos ou privados para certificação formal e estabelecer critérios de apoio financeiro para o quadro de funcionários. Fonte: INSTITUTO ETHOS. Práticas de Responsabilidade Social nas Empresas. 2007. Apresenta as práticas de responsabilidade social em empresas associadas ao Instituto Ethos. Disponível em: <http://www.ethos.org.br/docs/conceitos_praticas/banco_prati cas/popup.asp?cod_pratica=4587&area=casos&cor=CC0000 >. Acesso em: 10 dez. 2011. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 41 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 3. Síntese Vamos recordar o que vimos de mais importante nesta unidade: A postura ética das organizações está relacionada com os aspectos morais das atividades que realizam e com o comportamento das pessoas na condução dos negócios. A finalidade da ética é determinar preceitos capazes de orientar as pessoas em suas escolhas e ações, sendo o comportamento ético aquele aceito como correto e adequado. Os padrões éticos de uma organização estão profundamente relacionados com a sua cultura. O treinamento, a elaboração e a disseminação do código de ética da organização são passos importantes para promover a conscientização e o comportamento ético das pessoas. Responsabilidade social é a obrigação que as organizações têm de estabelecer diretrizes, tomar decisões e agir de forma a preservar os interesses da sociedade. A prática da responsabilidade social nas organizações geralmente inclui atividades nas seguintes áreas: funcional econômica, qualidade de vida, investimentos sociais e solução de problemas. Em termos do comprometimento com a responsabilidade social, as organizações podem adotar quatro alternativas de estratégia: estratégia proativa, estratégia acomodativa, estratégia defensiva e estratégia obstrutiva. Ser socialmente responsável é um meio de conquistar credibilidade organizacional e, consequentemente, lucro. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 42 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Unidade 4: Elementos de Soluções Administrativas 1. Conteúdo Didático A todo momento, em nossas vidas, somos impelidos a tomar decisões. Em nosso cotidiano, muitas delas são tomadas desapercebidamente. Decidimos a roupa que iremos vestir, o prato que iremos comer, o caminho que iremos percorrer, num processo inevitável e interminável. Segundo Chiavenato (2003), sempre que nos deparamos com alternativasde comportamento, sempre que podemos agir de duas ou mais formas diferentes, ocorre a decisão. Nas organizações, os administradores dos diversos níveis organizacionais tomam decisões relacionadas às tarefas que realizam e aos objetivos que precisam alcançar. Diante disso, esta unidade se propõe a discutir o processo de tomada de decisão nas organizações e como este processo pode ser estruturado a fim de contribuir para a definição de soluções para os problemas organizacionais. Antes de mais nada, vamos entender o que é a tomada de decisão. 1.1 Tomada de Decisão Decisão está relacionada com a escolha de uma linha de ação dentre várias alternativas possíveis, a fim de solucionar problemas, ou aproveitar oportunidades, e faz parte do dia a dia do administrador. A decisão se faz necessária sempre que for possível realizar algo de duas ou mais formas diferentes. Gerenciar envolve a tomada de decisões em diversos tipos de situações que envolvam problemas ou oportunidades. Problemas são questões, situações que se encontram fora dos padrões e requerem uma solução. Segundo Maximiano (2000 p. 139), a palavra problema pode apresentar diversas definições, todas exprimindo a mesma ideia: “um problema é uma situação que provoca frustração, irritação, interesse ou desafio”. Na mesma linha, oportunidade seria “uma situação que cria interesse e sensação de desafio por causa da expectativa da recompensa”. Fonte: Disponível em http://cftconsultoria.com/Images/ExpertiseMapping.jpg. Acesso em 14-02-2012. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 43 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva Maximiano (2000, p. 140) lista algumas situações que apresentam problemas e oportunidades: A empresa tem desempenho fraco diante da concorrência. Sua administração pretende ter uma vantagem competitiva em alguma de suas formas de relacionamento com o mercado. Há conflitos entre as áreas de produção e marketing. As duas áreas deveriam trabalhar em regime de cooperação. A empresa pretende expandir as operações e tem capital suficiente. A empresa desenvolveu um novo produto e pode explorar novos mercados. Tais exemplos mostram situações que exigem decisões para eliminar ou reduzir dificuldades, remover obstáculos e enfrentar desafios. 1.1.1 O processo decisorial O processo decisório pode ser desenvolvido ao longo de etapas, que seriam: 1. Identificação do problema/oportunidade: procura determinar qual é a natureza do problema ou da oportunidade em todos os seus aspectos. FIGURA 1 – Tomada de decisão. Fonte: Maximiano, 2000, p.140. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 44 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva 2. Diagnóstico: levantamento de dados, busca por informações acerca do problema/oportunidade, a fim de reduzir a incerteza na tomada de decisões. 3. Alternativas: identificar as alternativas para a solução do problema, com criatividade e inovação. 4. Decisão: avaliar as alternativas criadas, e escolher a que for mais adequada à situação e provoque menos impactos negativos para a organização. O processo decisorial também implica em transformar a solução em ação, ao implementar a alternativa escolhida, na avaliação dos resultados obtidos e nas consequências da decisão tomada. 1.1.2 Tipos de decisões Como os problemas podem ser de vários tipos diferentes, as decisões referentes a eles também podem ser classificadas em grupos distintos, de acordo com a situação. Segundo Maximiano (2000), os principais tipos de decisão são: programadas, não programadas, estratégicas, administrativas, operacionais, individuais, coletivas, satisfatórias, maximizadas e otimizadas. O autor classifica essas decisões em quatro grupos, apresentados a seguir. Nesta classificação, as decisões podem ser de dois tipos: programadas e não programadas. As decisões programadas estão relacionadas com problemas ou situações que são recorrentes, e com as quais a organização tem alguma familiaridade. A experiência permite que se possa escolher soluções que, anteriormente, foram consideradas corretas ou adequadas, permitindo o estabelecimento de regras e a padronização dos procedimentos. Classificação de acordo com o grau de familiaridade da organização com as situações FIGURA 2 – Processo decisorial. Fonte: Maximiano, 2000, p.141. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 45 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva As decisões não programadas estão relacionadas a problemas não rotineiros, com os quais a organização não está familiarizada. Como não existem respostas padronizadas a eles, requerem soluções inéditas, especialmente desenvolvidas para resolvê-los. Esse tipo de decisão é, frequentemente, tomado pelos níveis mais altos na hierarquia. Nesta classificação, enquadram-se as decisões estratégicas, administrativas e operacionais. Decisões estratégicas estão relacionadas com os objetivos organizacionais, sendo geralmente tomadas pela mais alta hierarquia da organização. Estão relacionadas com problemas que afetam toda a organização, como escolha de mercados, de produtos ou serviços. O grau de incerteza é alto, e essas decisões são, de maneira geral, não programadas. As decisões administrativas, ou decisões táticas, podem ser tomadas por níveis hierárquicos inferiores, e referem-se aos meios e recursos de colocar as decisões estratégicas em prática. Decisões operacionais estão relacionadas aos meios e recursos necessários para executar as atividades rotineiras da organização, como elaboração de relatórios, distribuição de tarefas e definição de trabalho e prazos. Aqui, as decisões podem ser individuais ou coletivas. As decisões do tipo individual podem ser unilaterais, quando o tomador de decisões não consulta outras pessoas, ou quando estão envolvidas situações de conflito ou emergenciais. As decisões individuais também podem ser consultivas, Classificação de acordo com a natureza, o nível hierárquico e seu impacto sobre a organização. Classificação de acordo com o grau de participação das pessoas FIGURA 3 – Decisões e níveis hierárquicos. Fonte: Maximiano, 2000, p.145. Disciplina: Fundamentos da Administração Autor: Maria Eugênia Monteiro Castanheira 46 | P á g i n a Unidade de Educação a Distância | Newton Paiva quando a decisão deve ser tomada individualmente, mas caso haja algum grau de incerteza, outras pessoas ou grupos podem ser consultados. Decisões coletivas, ou participativas, podem ser tomadas pelo gerente juntamente com o grupo de funcionários, ou podem ser tomadas apenas pelo grupo, sem envolvimento do gerente. Geralmente são decisões que afetam os membros do grupo, e por isso requerem a participação de seus membros para serem tomadas. O processo decisório envolve diversas variáveis, e decisões coletivas podem gerar conflitos dentro do grupo. Analise a situação exposta no vídeo, e reflita: Qual seria a sua decisão? Sugiro que você e seus colgas organizem um debate! Dependendo do tipo de resultado esperado, seja o melhor resultado possível, seja apenas um resultado satisfatório, pode-se classificar as decisões em otimizadas, maximizadas e satisfatórias. Uma decisão é considerada satisfatória quando a solução para o problema é escolhida sem considerar outras possibilidades. Quando se busca o melhor resultado possível, é necessário avaliar todas as alternativas disponíveis, e a decisão, neste caso, é considerada maximizada. Quando a opção é
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