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Tutela Individual e Coletiva do Consumidor


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A tutela individual e coletiva no direito do consumidor 
 
Pedro Ivo de Oliveira Campos1. 
 
Sumario: 1. Introdução, 2.tutela individual; 3. Tutela Coletiva, 4 
Conclusão; 5. Bibliografia 
 
1. Introdução 
 
 Busca o presente artigo fazer uma análise do Código de Defesa do Consumidor 
abordando-o em sua temática processual. Segue-se primeiramente um estudo acerca do que 
prescreve a lei sobre o tema, destacando-se ações individuais, e as ações coletivas (tema de 
maior relevância dentro do dispositivo legal). Numa sociedade cada vez mais voltada para 
a questão do consumo, onde a relação entre aquele que vende e aquele que compra 
ultrapassou a tradicional forma de comércio indo a direção das compras via Internet, a 
necessidade de um diploma específico que se atenda a essa nova ótica da relação de 
consumo, foi prontamente atendido pela última carta magna. 
 
 2. Tutela individual 
 
 A tutela individual nada mais é do que o próprio direito do indivíduo que se sentiu 
lesado levar a juízo sua reclamação conforme o próprio dispositivo constitucional assim 
proclama (art. 5º, XXXV CF/88). É a atuação regulada conforme o CPC, a legitimação 
ordinária para se propor à ação, tornando o CDC um instrumento de acesso à justiça. 
 
1
 Bacharelando em Direito pela Universidade Federal Fluminense. Monitor da disciplina de Novas 
Tendências de Processo Civil. 
 2
“Tutela individual é aquela pedida em juízo pelo próprio titular do direito, que nesse caso, é 
bem definido, ou seja, tem nome e endereço”. 2 
 
 Considerando a fato de que a defesa do consumidor ser algo recente no Brasil 
consagrado apenas com a promulgação da Constituição da República de 1988, conseguimos 
entender o porquê dessa ampla regulação do CPC sobre a tutela do consumidor. Entretanto, 
apesar de estarmos nos referidos a um diploma infraconstitucional recente, a lesão aos 
direito do consumidor sempre existiu assim como a necessidade de se levar a juízo essa 
questão. Tratando-se de uma época anterior à nova ordem constitucional onde tínhamos 
uma visão jurídica onde defesa dos direito individuais prevalecia sobre o coletivo, podemos 
dizer que a defesa do consumidor satisfazia o verdadeiro sentimento de justiça, devido à 
ausência de um diploma específico que se leva em conta à diferença de forças que havia 
entre as demandantes judiciais, sendo o consumidor o pólo mais fraco da demanda. 
Questões com a inversão do ônus da prova foram fundamentais para que alcançássemos 
uma relação jurídica mais justa. 
“Art. 5º, XXXII – o estado promoverá na forma da lei a defesa do 
consumidor”. 
“Art. 5º, XXXV - a lei não excluíra da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
“Art. 3º, CPC - para propor ou contestar a ação é necessário ter 
interesse e legitimidade”. 
3. Tutela Coletiva 
 
2
 De Almeida, João Batista, Manual de Direito do Consumidor, págs. 188 3ª Edição, 2009, Editora Saraiva, 
São Paulo 
 3
 
 De certo que são as ações coletivas o tema de maior importância no direito 
brasileiro pós -88, o código de defesa do consumidor não ficou atrás e abordou de forma 
mais abrangente o tema. 
 
 Quando mencionamos o tema das ações coletivas logo no vem à mente os 
seguintes instrumentos: ação popular, mandado de segurança coletivo, ação civil pública e 
ação civil coletiva. 
 
 De acordo com o Código de defesa do Consumidor em seu artigo 83, os 
legitimados para propor a ação em com intuito em propiciar a defesa coletiva do 
consumidor, são: o Ministério Público; a União, os Estados, os Municípios e o Distrito 
Federal; as entidades e órgão da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem 
personalidade jurídica, as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano. 
 
 No que concerne ao Ministério Público podemos perceber que sua atuação 
Não se restringe apenas aos direitos difusos e coletivos mas também ao direito individuais 
homogêneos conforme nos relata o acórdão abaixo: 
 
AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
VIOLAÇÃO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM DO ART. 535 DO CPC. 
INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS N. 282 E 356 DO STF POR 
ANALOGIA. CONEXÃO DE AÇÕES. SÚMULA N. 235 DO STJ. 
PASSE ESTUDANTIL. CURSO TÉCNICO OU 
PROFISSIONALIZANTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE 
ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DECISÃO MONOCRÁTICA 
FUNDAMENTADA EM SÚMULA E JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 
1. .... 
 4
2. ... 
3. ... 
4. O “Ministério Público está legitimado a promover ação civil”. 
pública ou coletiva, não apenas em defesa de direitos difusos 
ou coletivos de consumidores, mas também de seus direitos 
individuais homogêneos, nomeadamente de serviços públicos, 
quando a lesão deles, visualizada em sua dimensão coletiva, 
pode comprometer interesses sociais relevantes. Aplicação dos 
arts. 127 e 129, III, da Constituição Federal, e 81 e 82, I, do 
Código de Defesa do Consumidor" (excerto da ementa do REsp 
417.804/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 
16.5.2005, p. 230). 
5. ...... 
6. ...... 
 
 
 Falando nos direitos coletivos e difuso cabe ressaltar que ambos são 
protegidos pela ação civil pública, conhecida como “ fator da mobilização Nacional” e 
“ instrumento de ação da cidadania”. Nas palavras de João Batista de Almeida, “e a via 
processual adequada para impedir ou reprimir danos ao consumidor e aos bem 
tutelados”.3 
 
 Os direitos difusos são aquele se dirigem a pessoas indeterminadas ao passo 
que o conceito de direitos coletivos, nos leva a pessoas de determinado grupo, como um 
sindicato, ou grupo de pessoas de mesmo interesso. Em ambos os casos, a defesa dos 
direitos coletivos será um caso de legitimação extraordinária, pois o Ministério Púbico 
estará atuando em nome próprio na defesa de interesses alheios. 
“Art. 6º, CPC - para propor ou contestar a ação é necessário ter 
interesse e legitimidade”. 
 
 
3
 De Almeida, João Batista, Manual de Direito do Consumidor, págs. 194 3ª Edição, 2009, Editora Saraiva, 
São Paulo 
 
 5
 No defesa de direitos individuais homogêneos, torna-se necessário o uso 
da ação civil coletiva. Como características dessa ação, podemos citar sua 
homogeneidade, ou seja, o “fato de serem iguais ou idênticos para todos os interessados, e 
decorrerem de origem comum” (mesmo réu).4 
 
4. Conclusão 
 
 O trabalho não objetivou fazer um estudo completo acerca do tema, mas tão 
somente mostrar pequenos aspectos, que realçam não apenas a importância do diploma 
consumerista, mas sim a nova tendência do direito atual que relata uma mudança de uma 
visão individualista do direito, ou seja, da simples provocação do judiciário, para um 
direito preocupado com a defesa dos interesses coletivos. 
 
 Essa correlação não fica restrita apenas ao CDC, mas abrange todo o direito, 
visto que instrumentos como a ação popular e o mandado de segurança coletivo forma com 
consagrados dentro dos direitos e garantias fundamentais da CF/88. Do direito do 
consumidor, a defesa coletiva ocupa a maior parte dos artigos o que reforça essas 
tendências do direito moderno de coletivização das demandas. 
 
 No âmbito dessa proteção a defesa do direito coletivo a abordagem procurou 
enfatizar dentre os legitimados, a atuação do Ministério Público, poiseste, por ser o fiscal 
da lei, e o principal legitimado na defesa do referidos interesses, visto sua importância 
 
4
 De Almeida, João Batista, Manual de Direito do Consumidor, págs. 194 3ª Edição, 2009, Editora Saraiva, 
São Paulo 
 
 6
frente aos demais. Em relação às ações a serem propostas mereceu destaque a ação civil 
pública e a ação civil coletiva, pelo ato de essas mencionarem a questão dos direitos 
difusos e coletivos, e dos direitos transindividuais, temas que conforme mostrado tem sido 
discutido pelos tribunais superiores. 
 
5. Bibliografia 
De Almeida, João Batista, Manual de Direito do Consumidor, 3ª Edição, 2009, Editora 
Saraiva, São Paulo