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DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

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DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
1 – INTRODUÇÃO
	Quando, em uma relação jurídica obrigacional, se apresenta mais de um credor ou mais de um devedor, compre indagar se a obrigação se divide ou não em partes. Ordinariamente se estabelece a divisão em tantas obrigações independentes quantas forem as partes.
	Se vários são os credores, cada um deles tem direito a receber uma parte da prestação; se, pelo contrário, vários são os devedores, cada um deve pagar uma fração correspondente do débito; ou seja, procede-se a concursos, segmentando o montante da prestação. É a regra do art. 257 do CC.
	Ocorrendo indivisibilidade ou solidariedade, o credor pode exigir, de cada qual dos devedores, o pagamento integral da prestação; estes, em rigor, não devem o todo, mas apenas parte. Não obstante, em virtude da indivisibilidade ou da solidariedade, são obrigados a pagar a integralidade da prestação. Da mesma forma, sendo vários os credores e um devedor, este, na hipótese de indivisibilidade ou de solidariedade, pode pagar integralmente a prestação a um dos credores e, assim procedendo, libera-se da dívida.
	No caso de indivisibilidade a prestação é exigível por inteiro de um só dos devedores, em virtude da natureza de seu objeto, insuscetível de ser repartido; na hipótese de solidariedade, ao contrário, a possibilidade de a prestação ser prestada ou exigida por inteiro advém da lei, que assim o determina, ou da vontade das partes, que assim ajustaram.
2 – CONCEITO
	A obrigação é indivisível quando indivisível for seu objeto.
	Pode-se chamar indivisível a obrigação quando o fracionamento do objeto devido não só altera sua substância, como também representa sensível diminuição de seu valor.
	Casos há em que a coisa é, por sua natureza, divisível, mas a divisão implica considerável perda de valor. Ex: pedra preciosa.
	A indivisibilidade da prestação que advém ordinariamente da natureza de seu objeto pode, excepcionalmente, decorrer da lei ou da vontade das partes (art. 88 do CC).
	Decorre da lei quando esta assim o determina, como no caso das ações de sociedades anônimas (art. 28 da Lei das Sociedades Anônimas).
	Decorre da vontade das partes quando estas convencionam que uma prestação, por sua natureza divisível, será considerada indivisível para os efeitos do negócio em questão.
	A indivisibilidade da obrigação, seja qual for sua origem, representa sempre vantagem para o credor.
3 – TANTO AS OBRIGAÇÕES DE DAR, COMO AS DE FAZER, PODEM SER INDIVISÍVEIS
	Tem-se sustentado que a obrigação de dar é sempre divisível, pelo menos teoricamente, pois, embora por vezes não se possa dividir a coisa sem perda de valor ou a alteração de sua substância, nada impede que se efetive o pagamento mediante a transferência de uma parte ideal do objeto indivisível.
	Outro problema é o de saber se só as obrigações de dar são abrangidas pela distinção em análise, ou se ela abrange também as de fazer; isto é: Pode-e separar as obrigações de fazer em divisíveis e indivisíveis? A resposta é afirmativa, pois algumas obrigações, envolvendo um fato do devedor, podem ser divididas, enquanto outras não.
	A obrigação de projetar um aparelho é, via de regra, indivisível, no sentido de que o trabalho confiado a um especialista não se cumpre com a execução de meia tarefa. Obrigação negativa de não abrir casa de comércio em determinado bairro, pois não se pode cumpri-la ou descumpri-la por parte.
	Por outro lado, se a obrigação de fazer é infungível e o trabalho foi contratado por tarefa ou por hora, não se lhe pode negar a natureza de divisível; com efeito, se duas pessoas se vincularam a fazer determinadas peças de roupa, cada uma pode ser tida como assumindo pela metade o compromisso. Se vários empreiteiros assumiram o compromisso de plantar oitenta alqueires de pasto, qualquer deles se desincumbe do avençado plantando a parte que lhe corresponder.
4 – EFEITOS DA INDIVISIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
4.1 – CASO DE PLURALIDADE DE DEVEDORES
	Havendo dois ou mais devedores de prestação indivisível, cada um será obrigado pela dívida toda (art. 259 do CC).
	Isso advém da natureza do objeto devido, incapaz de ser prestado por partes. Se dois indivíduos prometeram entregar um reprodutor de raça a um criador de cavalos de corridas, este pode exigir de um ou de outro dos devedores o adimplemento da obrigação.
	Mister observar duas circunstâncias relevantes:
a) cada um dos devedores só deve parte da dívida, regra prevista no parágrafo único do art. 259 do CC, que dispõe caber ao devedor que paga a dívida a prerrogativa de sub-rogar-se no direito do credor, em relação aos outros coobrigados.
	A lei não lhe defere o direito de cobrar dos co-devedores a parte a eles cabente, como ainda o mune das garantias que asseguravam o direito do credor original.
b) em virtude da natureza indivisível da prestação, cada um dos credores pode ser compelido a satisfazê-lo por inteiro.
	Somente em virtude da natureza indivisível da prestação é que um dos coobrigados pode ser compelido a satisfazer a totalidade da dívida; regra que está inserta no art. 263 do CC, que dispõe perder a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
	No momento em que, por força do inadimplemento, a obrigação original se converte em dever de indenizar, seu objeto se transforma e perde, portanto, o caráter de indivisível, pois a reparação pecuniária é sempre suscetível de divisão.
4.2 – CASO DE PLURALIDADE DE CREDORES
	Se, na obrigação indivisível, a pluralidade for de credores, cada um deles poderá exigir a dívida por inteiro. Mas o devedor ou os devedores só se desobrigarão pagando:
a) a todos os credores conjuntamente: porque, caso contrário, se o pagamento puro e simples a um deles implicasse quitação, os demais co-credores poderiam ficar privados da garantia representada pelo devedor solvável.
b) a um, dando este caução de ratificação dos outros: neste caso, garante-se o direito dos demais credores, que encontram na caução um elemento com que satisfazer sua parte no crédito.
	Na hipótese de um só dos credores receber a prestação por inteira, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir daquele, em dinheiro, a parte que lhe caiba no total (art. 261 do CC).
	A derradeira consequência figurada pela lei, em caso de pluralidade de credores, é a da remissão, transação, novação, compensação ou confusão de dívida, em relação a um dos devedores.
	Se são vários os credores e um deles perdoa a dívida, experimenta o devedor um lucro, pois foi para beneficiá-lo que ocorreu a remissão. De fato, se o propósito do remitente fosse beneficiar os co-credores, não teria remitido a dívida, mas acrescido o crédito.
	Ora, se houve liberalidade para o devedor, este tornou-se devedor de menos do que originalmente devia e, por conseguinte, ao efetuar o pagamento, deverá oferecer prestação menos. Todavia, ocorre que a prestação, por sua natureza, é insuscetível de ser partida, não podendo ser apresentada parcialmente. Portanto, os outros credores só poderão exigir a entrega do objeto da obrigação, descontada a quota do credor remitente, pois, caso contrário, haveria um empobrecimento sem causa do devedor e um enriquecimento injustificado por parte dos credores remanescentes.

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