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Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 1/12 SELMA LÚCIA DE ARAUJO Avaliação Online (Curso Online - Automático) Atividade finalizada em 01/04/2025 17:53:03 (2981404 / 1) LEGENDA Resposta correta na questão # Resposta correta - Questão Anulada X Resposta selecionada pelo Aluno Disciplina: TEORIA LITERÁRIA [1380992] - Avaliação com 20 questões, com o peso total de 50,00 pontos [capítulos - Todos] Turma: Segunda Graduação: Licenciatura em Letras - Português p/ Licenciados - Grupo: NOVEMBRO/2024 - SGice0A311024 [148644] Aluno(a): 91636972 - SELMA LÚCIA DE ARAUJO - Respondeu 20 questões corretas, obtendo um total de 50,00 pontos como nota [370631_42] Questão 001 (FCC - 2014 – TRT) O caldo cultural do Nordeste, particularmente do sertão, foi primordial na formação do paraibano Ariano Suassuna. A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com temas e formas de expressão artística que mais tarde viriam a influenciar o seu universo ficcional, como a literatura de cordel e o maracatu rural. Não só histórias e casos narrados foram aproveitados para o processo de criação de suas peças e romances, mas também todas as formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por Suassuna. Suas obras se caracterizam justamente por isso, pelo domínio dos ritmos da poética popular nordestina. Com apenas 19 anos, Suassuna ligou-se a um grupo de jovens escritores e artistas. As atividades que o grupo desenvolveu apontavam para três direções: levar o teatro ao povo por meio de apresentações em praças públicas, instaurar entre os componentes do conjunto uma problemática teatral e estimular a criação de uma literatura dramática de raízes fincadas na realidade brasileira, particularmente na nordestina. No final do século XIX, surgiu no Nordeste a chamada literatura de cordel. A primeira publicação de folheto no Nordeste, historicamente comprovada, aconteceu em 1870. O nome cordel originou-se do fato de os folhetos serem expostos em cordões, quando vendidos nas feiras livres. O principal nome do cordel foi Leandro Gomes de Barros, considerado por Ariano Suassuna “o mais genial de todos os poetas do romanceiro popular do Nordeste”. A peça Auto da Compadecida, de Suassuna, é uma releitura do folclore nordestino em linguagem teatral moderna. O enredo da peça é um trabalho de montagem e moldagem baseado em uma tradição muito antiga, que remonta aos autos medievais e mais diretamente a inúmeros autores populares que se dedicaram ao gênero do cordel. As apropriações de Suassuna tanto do folheto nordestino quanto de outras fontes literárias são possíveis porque a palavra imitação, usada por Suassuna, remete-nos ao conceito aristotélico de mimesis, cujo significado não representa apenas uma repetição à semelhança de algo, uma cópia, mas a representação de uma realidade. Suassuna já fez diversos elogios da imitação como ato de criação e costuma dizer que boa parte da obra de Shakespeare vem da recriação de histórias mais antigas. Recontar uma história alheia, para o cordelista e para o dramaturgo popular, é torná-la sua, porque existe na cultura popular a noção de que a história, uma vez contada, torna-se patrimônio universal e transfere-se para o domínio público. Autoral é apenas a forma textual dada à história por cada um que a reescreve. Depreende-se do contexto que o autor lança mão do conceito de “mimesis” para diferenciar o plágio do processo por meio do qual se parte de uma forma artística já existente para parodiá-la, como fez Shakespeare. X explicitar que, em sua obra, Suassuna se apropria da literatura sertaneja, reelaborando-a com um estilo próprio. retratar a obra de Suassuna como pertencente a um modelo literário propenso a ser reproduzido em simulacros do folclore nacional. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 2/12 enaltecer a erudição de autores como Suassuna, capazes de revelar a essência de uma realidade por meio da literatura de cordel. sugerir que Suassuna valoriza autores do romanceiro nacional que, diferentemente de Shakespeare, foram consagrados pelo gosto popular. [370631_3031 33] Questão 002 É o contexto em que há a manifestação de um eu, expressa suas emoções, ideias, mundo interior, são textos subjetivos e a musicalidade das palavras é explorada: Dramático. Sonoro. Narrativo. X Lírico. Épico. [370631_26] Questão 003 (UECE-CEV - 2018 - SECULT-CE - Analista de Cultura - Letras) Concebendo a Literatura como uma forma de apreensão do real, podemos dizer que esta capacidade de apreender o real chama-se literariedade. Assim, a literatura tem esta propriedade devido a dois fatores: a linguagem, enquanto aquilo que nos capacita dizer o que dizemos; e a ideia ou ideologia, entendida como a apreensão do real que há naquilo que dizemos. Assinale a opção que faz digressão ao conceito de Literatura e aos fatores da literariedade. Pode-se assegurar que linguagem e ideologia são duas faces da mesma moeda, pois se a linguagem é aquilo que nos capacita dizer o que dizemos, seu dizer não se dá sobre um vazio semântico, o que ele diz é ideológico, e sua capacidade de dizer manifesta a linguagem. Sendo a Literatura uma forma de apreensão do real, é ideológica, pois a sua mimese passa por um código ideológico. Os dois fundamentos – linguagem e ideologia – caracterizam a escrita do texto de arte literária. Segundo Eco, a Literatura não tem função na sociedade, portanto, não tem serventia pragmática para além da estética. X O termo literariedade nasceu com os críticos conhecidos como formalistas. O destino desse termo se dirigiu à Linguística, ciência da linguagem humana, não como crítica da escrita, mas como crítica literária. A Literatura fala do mundo através de uma imagem do mundo. Segundo Sartre (1973), só apreendemos o real se sairmos do real, pela imaginação. [370631_4] Questão 004 Sobre o conceito de Literatura é correto afirmar: O conceito de Literatura depende exclusivamente do autor consultado. A Literatura é todo texto escrito independente do gênero textual. X O conceito de Literatura é sempre contingencial. O conceito de Literatura é algo fixo, universal e imutável. A Literatura é uma disciplina que se estuda na escola e no curso de Letras. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 3/12 [370631_8] Questão 005 Que a poesia assumiu desde cedo propensão educativa, prova-o o fato de Psístrato, modernizador da sociedade ateniense durante o século VI a.C., ter organizado os concursos de declamação das epopeias: com isso, reconheceu que elas ofereciam ao povo padrões de identificação, imprescindíveis para ele se perceber como uma comunidade, detentora tanto de um passado comum, quanto de uma promessa de futuro, constituindo uma história que integrava os vários grupos étnicos, geográficose linguísticos da Grécia. (Regina Zilberman. Sim, a Literatura educa. In: Literatura e Pedagogia, 1990, p. 12) Com é passível de perceber no trecho acima de Regina Zilberman, a literatura tinha uma “propensão educativa” na Grécia antiga. É justamente por isso que acaba rechaçada por Platão. X Por não corresponder a verdade das formas ideais não podia ser boa fonte de conhecimento e ensino. Por ser não corresponder a verdade das formas ideais mesmo que afastada apenas uma vez dessas. Por ser demasiadamente imagética e não chocar os aprendizes não podia ser boa fonte de conhecimento e ensino. Por ser corresponder ao discurso filosófico e se aproximar das formas ideais não podia ser boa fonte de conhecimento e ensino. Por ser demasiadamente realista e chocar os aprendizes não podia ser boa fonte de conhecimento e ensino. [370631_57] Questão 006 (Enade 2005) O texto abaixo, de Antonio Candido, exemplifica o trabalho do crítico. Em Gonçalves Dias, sentimos que o espírito pesa as palavras, em Castro Alves, que as palavras arrastam o espírito na sua força incontida. Situado não apenas cronologicamente entre ambos, Álvares de Azevedo é um misto dos dois processos. Na melhor parte de sua obra, as palavras se ordenam com medida, indicando que a emoçãologrou realizar-se pelo encontro da expressão justa. Infelizmente, porém, (...) se na sua obra propriamente lírica existe não raro uma serena contenção, a que lhe deu fama e definiu a sua maneira própria se caracteriza pela tendência à digressão e à prodigalidade verbal, que o tornaram, com o passar do tempo, o poeta desacreditado de nossos dias. (Formação da literatura brasileira: momentos decisivos) Considere as afirmações que seguem: I. a crítica implica uma valoração, resultante das relações que o crítico estabelece entre os elementos constitutivos da obra analisada e a série literária. II. em cada situação específica, a crítica incide na análise independente de um dos três aspectos do fenômeno literário: ou o produtor, ou a obra, ou o público. III. é tarefa do crítico prescrever leituras que, ao suprirem certas necessidades do ser humano, atendam às expectativas do público. Confirma-se no texto de Antonio Candido o que se declara corretamente sobre a crítica APENAS em X I. III. II e III. II. I e II. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 4/12 [370631_3031 68] Questão 007 Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego “drao” (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica que se distingue do gênero Narrativo devido a: pelo número reduzido de personagens. trama em torno de um conflito. todas as alternativas anteriores. o conserto da bicicleta não vai demorar, logo estará resolvido. X presença abundante de diálogos. [370631_58] Questão 008 (Enade 2005) O universo (que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no centro, cercados por balaustradas baixíssimas. (...) A Biblioteca existe ad eterno. Dessa verdade, cujo corolário imediato é a eternidade futura do mundo, nenhuma mente razoável pode duvidar. (...) Em alguma estante de algum hexágono (raciocinaram os homens) deve existir um livro que seja a cifra e o compêndio perfeito de todos os demais: algum bibliotecário o consultou e é análogo a um deus. (Jorge Luís Borges, “A biblioteca de Babel”, Ficções) Associe a gravura abaixo ao texto de Borges, transcrito acima. O espaço descrito no texto e o espaço representado na gravura têm em comum X a fantasia intelectual e a composição geométrica. o efeito de claro-escuro e o sentimento da natureza. a rejeição do irreal e o engajamento político. a emotividade e a negação da simetria. a vida idealizada e o sentimento do provisório. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 5/12 [370631_39] Questão 009 Por isto, Wolfgang Iser reconhece a necessidade da literatura neste efeito de perspectiva, vale dizer, na sua propriedade de obrigar o leitor, ao identificar-se com um personagem, ou com o narrador, a olhar-se, e ao mundo por um ângulo novo, por um ângulo inusitado – por uma nova perspectiva. As consequências estéticas, psicológicas e éticas desta perspectivação podem ser radicais, obrigando-nos não só a compreendermos que a realidade, em última instância, nos é inacessível – só temos acesso, no máximo, à sua sombra. A realidade nos é inacessível porque ela engloba tudo o que existe e todas as perspectivas possíveis. (BERNARDO, Gustavo. O conceito de Literatura. In: JOBIM, José Luís (Org.) Introdução aos termos Literários. Rio de Janeiro: Eduerj, 1999). Ao dizer que a realidade nos é inacessível, que apenas acessamos a sua sombra, Gustavo Bernardo refere-se à mimeses aristotélica. à ideia de peripécia e catarse. à teoria da contingência platônica. ao mito grego de Narciso. X à teoria da ideia platônica. [370631_12] Questão 010 (FUNDATEC 2018) Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do seguinte texto. A literatura brasileira constitui-se de peculiaridades distintas, que marcam a sua divisão ou periodização. Nesse viés, os aspectos políticos e econômicos do Brasil estão diretamente relacionados com os diferentes momentos de nossa literatura, a qual se divide, de modo geral, em duas fases. A primeira, ____________, refere-se às manifestações durante o período e vai da descoberta – 1500 – até 1822 – ano da Proclamação da Independência. Nessa fase, mesmo distante das metrópoles europeias, artistas brasileiros receberam influência do que se produzia lá e usaram tal influência para suas produções locais. Exemplo disso é ___________, escola literária marcada com traços do Iluminismo. A segunda fase, também denominada ___________, compreende a fase que vai da independência até os dias de hoje e buscou, no seu início, estabelecer uma identidade nacional, tarefa de que se ocuparam os poetas da primeira geração do ___________. Pré-Colonial – o Quinhentismo – Nacional – Barroco. Informativa – a Literatura de Catequese – Colonial – Real-Naturalismo. X Colonial – o Arcadismo – Nacional – Romantismo. Indianista – o Romantismo – Social – Parnasianismo. Colonial – o Barroco – Contemporânea – Modernismo. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 6/12 [370632_3032 57] Questão 011 Leia o texto e responda à questão: A nova maneira de organização social, praticada pela sociedade líquido-moderna de consumidores, provoca quase nenhuma dissidência, resistência ou revolta, graças ao expediente de apresentar o novo compromisso (o de escolher) como sendo a liberdade de escolha. Seria possível dizer que o mais considerado, criticado e insultado oráculo de Jean-Jacques Rousseau – o de que “as pessoas devem ser forçadas a ser livres” – tornou-se realidade, depois de séculos, embora não na forma em que tanto os ardentes seguidores como os críticos severos de Rousseau esperavam que fosse implementado. Com muita frequência, a “localidade” a que os indivíduos permanecem leais e obedientes não entra mais em suas vidas e se confronta com eles na forma de uma negação de sua autonomia individual, ou de um sacrifício obrigatório. Em vez disso, apresenta-se na forma de festivais de convívio e pertença comunais, divertidos, prazerosos, realizados em ocasiões como a Copa do Mundo de futebol. Submeter-se à “totalidade” não é mais um dever adotado com relutância, incomodidade e muitas vezes oneroso, mas um “patriotenimento”, uma folia procurada com avidez e eminentemente festiva. Carnavais tendem a ser interrupções na rotina diária, breves intervalos animados entre sucessivos episódios de cotidianidade enfadonha, pausas em que a hierarquia mundana de valores é temporariamente invertida, os aspectos mais angustiantes da realidade são suspensos por um breve período e os tipos de conduta proibidos ou considerados vergonhosos na vida “normal” são ostensivamente praticados e exibidos. A função (e o poder sedutor) dos carnavais líquido-modernos está no ressuscitamento momentâneo do convívio que entrou em colapso. Tais carnavais são sessões espíritas para as pessoas se reunirem, darem as mãos e invocarem do outro mundo o fantasma da falecida comunidade. (BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação de pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. Adaptado.) Há características do gênero “ensaio” nesse texto sobretudo porque ele: X tece conjecturas sobre um assunto sociológico sem a pretensão de esgotá-lo. tematiza o problema da alienação coletiva frente aos autoritarismos da cultura. constitui-se de uma fonte de alerta para comportamentos sociais condenáveis. estrutura-se em sequências textuais dos discursos expositivo e argumentativo. apresenta acepções de termos teóricos importantes para as ciências humanas. [370632_3031 42] Questão 012 Sobre o gênero lírico, estão corretas, exceto: Os poemas do gênero lírico podem apresentar forma livre ou estruturas formais. Gênero marcado pela subjetividade dos textos. Presença de um eu-lírico que manifesta e expõe seus sentimentos e suaa partilha. Quero a boneca pra minha neta. Que nada, ela é minha! Sem conversa o chefe saltou sobre o da boneca e dividiu sua cara ao meio com uma giletada. O sangue quente nos dentes...Todos sacaram suas giletes e retocaram uns aos outros. O velho barrigudo segurava a torneira da jugular. A netinha aproveitou para tomar a boneca e correr, os cabelos espetando o vento, um olho aberto e outro fechado, sorriso de brinquedo. Sãs e salvas, as duas moram no sinal. A boneca, olho fechado, olho aberto, mão estendida recebe as moedas. O sujeito do outro lado da rua tem planos para a menina. (PONTES, C.G. O sorriso de brinquedo. In: FERNANDES, R. (org). Contos cruéis: as narrativas mais violentas da literatura brasileira contemporânea. São Paulo: Geração Editorial, 2006 – adaptado) Considerando os textos apresentados, conclui-se que a narrativa do texto 2 evidencia X uma perspectiva contra ideológica, manifestada pela elaboração de um discurso narrativo sensível à violência que atinge sujeitos em situação de marginalidade e vulnerabilidade social. uma perspectiva ideológica e contra ideológica, marcada pela defesa dos sujeitos marginalizados e pelo emprego de uma linguagem neutra na abordagem da violência. uma perspectiva ideológica, identificada pelo interesse do narrador em combater a violência contra crianças por meio da criação literária. uma perspectiva ideológica, assinalada pela construção de um discurso panfletário a favor das camadas populares, que sofrem violência social. uma perspectiva contra ideológica, alicerçada pelo discurso entrecruzado de narrador e personagens que lutam pela boneca. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 10/12 [370633_3031 62] Questão 018 Observe o fragmento abaixo de um conto de Clarice Lispector: “Nas árvores as frutas eram pretas, doces como mel. Havia no chão caroços secos cheios de circunvoluções, como pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos. Com suavidade intensa rumorejavam as águas. No tronco da árvore pregavam-se as luxuosas patas de uma aranha. A crueza do mundo era tranquila. O assassinato era profundo. E a morte não era o que pensávamos. Ao mesmo tempo que imaginário – era um mundo de se comer com os dentes, um mundo de volumosas dálias e tulipas. Os troncos eram percorridos por parasitas folhudos, o abraço era macio, colado. Como a repulsa que precedesse uma entrega – era fascinante, a mulher tinha nojo, e era fascinante. As árvores estavam carregadas, o mundo era tão rico que apodrecia. Quando Ana pensou que havia crianças e homens grandes com fome, a náusea subiu- lhe à garganta, como se ela estivesse grávida e abandonada. A moral do jardim era outra. Agora que o cego a guiara até ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde vitórias-régias boiavam monstruosas. As pequenas flores espalhadas na relva não lhe pareciam amarelas ou rosadas, mas cor de mau ouro e escarlates. A decomposição era profunda, perfumada... Mas todas as pesadas coisas, ela via com a cabeça rodeada por um enxame de insetos, enviados pela vida mais fina do mundo. A brisa se insinuava entre as flores. Ana mais adivinhava que sentia o seu cheio adocicado... O jardim era tão bonito que ela teve medo do Inferno.” (LISPECTOR, C. Amor. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. P. 25) A personagem Ana, uma dona de casa comum, tem um momento privilegiado de revelação quando desce errado do ponto e acaba indo parar quase sem querer no Jardim Botânico. Neste momento, várias imagens vão configurando um universo de sensações inesperadas em contato com uma natureza que sempre esteve no mesmo lugar. Por que agora a percepção desse mundo se torna diferente? Porque a personagem vive um momento psicótico que pode levá-la ao suicídio. Porque a autora conduz a personagem a um conto-de-fadas onde apenas cabe a mentira de suas aspirações pessoais. Porque a autora reforça a condição alienada da personagem. Porque a autora permite que a personagem desloque para o Jardim Botânico as suas aspirações frustradas que apenas empobrecem aquele espaço. X Porque a personagem consegue perceber uma verdade que estava escondida dentro dela mesma. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 11/12 [370633_3031 50] Questão 019 Leia o texto abaixo: Uma mulher chamada guitarra Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d’espri. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos. O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo –, o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; a cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres contra baixo. [...] Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem 3 com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore3, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que 4 se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua. MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o modo como se organiza a própria composição textual, tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, explicar e instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual: descritiva, em que se constrói a imagem de prima Julieta a partir do que os sentidos do enunciador captam. narrativa, em que se contam fatos que, no decorrer do tempo, envolvem prima Julieta. X argumentativa, em que se defende a opinião do enunciador sobre prima Julieta, buscando-se a adesão do leitor a essas ideias. explicativa, em que se expõem informações objetivas referentes à prima Julieta. instrucional, em que se ensina o comportamento feminino, inspirado em prima Julieta. Pincel Atômico - 24/04/2025 15:14:36 12/12 [370633_4] Questão 020 Em texto de 1972, Algirdas-Julien Greimas acentua a relatividade do conceito, ao vincular a interpretação da "literariedade", ou seja, das características que tornam "literário" um texto, "a uma conotação sociocultural e sua consequente variação no tempo e no espaço humanos"5. E, no ano seguinte, Michel Arrivé, reitera o posicionamento, ao afirmar que "a literatura é o conjunto dos textos recebidos como literários numa sincronia sociocultural dada"6. Paralelamente, o caráter ficcional que, durante largo tempo, foi considerado uma das características básicas do texto de literatura, entendida a ficção como fingimento, resultante do ato de fingir, tem sido posto em questão. Para alguns especialistas contemporâneos, o ficcional não se confunde com o falso: nele se abriga alguma coisa captada da realidade. A conceituação da literatura, assim, permanece em aberto, na medida em que acompanha o dinamismo da cultura em que se insere. A questão fundamental, e que continua desafiando os especialistas, é a caracterização da natureza das propriedades estéticas do texto literário e quais as ligações entre ambas. Se é difícil, entretanto, conceituar ou definir, por meio de palavras, certas realidades do mundo, isso não significa que deixemde existir os elementos que as singularizem. (FILHO, Dominício Proença. A Linguagem Literária. São Paulo: Ática, 2007, p. 10). Tomando como referência o texto acima, avalie as afirmações que se seguem: I – O conceito de literatura se subjaz, além da literariedade, aos elementos socioculturais. II – Para definir o que é ou não literatura é preciso apenas observar o uso particular que se faz da linguagem. III – O que é ou não Literatura relaciona-se não apenas com o uso estético da linguagem, mas pela leitura e juízo que determinada época e sociedade fazem da obra literária. IV – Apesar de não podemos desvincular a literatura dos contextos históricos, sociais e culturais, é possível caracterizar alguns de seus elementos estéticos recorrentes. Apenas II e III e IV estão corretas. X Apenas I , III, IV estão corretas. Apenas I e III estão corretas. Apenas II e III estão corretas. Apenas I e II estão corretas.de existir os elementos que as singularizem. (FILHO, Dominício Proença. A Linguagem Literária. São Paulo: Ática, 2007, p. 10). Tomando como referência o texto acima, avalie as afirmações que se seguem: I – O conceito de literatura se subjaz, além da literariedade, aos elementos socioculturais. II – Para definir o que é ou não literatura é preciso apenas observar o uso particular que se faz da linguagem. III – O que é ou não Literatura relaciona-se não apenas com o uso estético da linguagem, mas pela leitura e juízo que determinada época e sociedade fazem da obra literária. IV – Apesar de não podemos desvincular a literatura dos contextos históricos, sociais e culturais, é possível caracterizar alguns de seus elementos estéticos recorrentes. Apenas II e III e IV estão corretas. X Apenas I , III, IV estão corretas. Apenas I e III estão corretas. Apenas II e III estão corretas. Apenas I e II estão corretas.