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Nível: Graduação Professor Julio Lemos de Macedo QUÍMICA INORGÂNICA BÁSICA Introdução – Parte 2 UnB - Universidade de Brasília Instituto de Química - Laboratório de CatáliseU n i v e r s i d a d e d e B r a s í l i a - I n s t i t u t o d e Q u í m i c a UnB - Universidade de Brasília Instituto de Química - Laboratório de Catálise ESTRUTURA ATÔMICA A Teoria Quântica Moderna Aproximação de Born-Oppenheimer A Equação de Schrödinger Significado dos Números Quânticos Função de Onda Radial e Angular Estrutura Eletrônica dos Átomos Efeitos de Blindagem e Penetração A Teoria Quântica Moderna Como consequência do desenvolvimento da teoria atômica, utilizou-se a teoria deduzida para o movimento ondulatório da luz para descrever o comportamento dos elétrons. Dificuldades para o químico: A teoria requer uma visão filosófica não desenvolvida para a maioria. A matemática necessária não é a álgebra convencional, mas sim o cálculo diferencial. Aproximação de Born-Oppenheimer Permite que a função de onda de uma molécula seja separada em seus componentes eletrônicos (q) e nucleares (Q): Ytotal = F(Q) x YQ(q) Núcleo: movem-se lentamente, massa muito superior a dos elétrons. Elétrons: movem-se rapidamente, muito mais leves que o núcleo. Etotal = Eee + Enn + Een onde, e-e e n-n (repulsão) e e-n (atração). O sucesso desta aproximação decorreu das seguintes considerações: Os cálculos podem ser realizados para uma configuração geométrica fixa, antes de considerarmos os movimentos nucleares. A densidade eletrônica se ajusta instantaneamente às alterações da configuração geométrica do núcleo. O lento movimento nuclear pode ser estudado como resultado da média de suas interações eletrônicas. A Equação de Schrödinger Qualquer movimento ondulatório pode ser descrito por um tipo de equação matemática conhecida como equação de onda. Equação de onda = equação diferencial. Uma equação diferencial admite várias soluções. Cada solução da equação de onda é uma função de onda. Em 1926, Erwin R. J. A. Schrödinger (1887-1961) escreveu uma equação de onda para o átomo de hidrogênio: H Ψ = E Ψ As soluções matemáticas para esta equação são as funções de onda para os orbitais atômicos do hidrogênio. A solução da equação de Schrödinger impõe três restrições que são conhecidas como números quânticos (n, l e ml). Cada solução obtida para um conjunto de valores de n, l e ml é chamada de autofunção e representa um orbital. A equação abaixo representa a energia total do sistema: EY = -(h2/8p2m)(2Y) + VY Energia Cinética Energia Potencial O termo 2 é definido como: 2 = (d2/dx2) + (d2/dy2) + (d2/dz2) A função de onda Y tem propriedades análogas a amplitude de uma onda, a Y2 é proporcional à probabilidade de se encontrar uma partícula nas coordenadas x, y e z. A energia potencial (V) é a energia potencial de Coulomb para a interação n-e: V = - Ze2/4peor onde, eo é a permissividade no vácuo, e a carga do elétron, Z a carga do núcleo e r o raio. Schrödinger calculou que para um átomo hidrogenóide, os níveis de energia permitidos são dados por: E = - hcRZ2/n2 onde, hcR = me4/32p2e0 2h2, m = memN/(me + mN) e n = 1, 2, ... é o número quântico principal. O valor calculado de R mostrou ser numericamente igual à RH experimental. -hcR -hcR/4 -hcR/9 -hcR/16 0 Podemos agora explicar a expressão empírica das linhas espectrais do hidrogênio. Numa transição, temos: DE = hcR/n1 2 - hcR/n2 2 como, DE = hn, obtemos: n = R(1/n1 2 - 1/n2 2) (equação empírica obtida por Rydberg) _ A energia necessária para retirar um elétron de um átomo é chamada energia de ionização. Para o átomo de hidrogênio: DE = hcR/n1 2 - hcR/n 2 como para n => E = 0, temos: DE = hcR = 2,179 x 10-18 J que corresponde a 1312 kJ mol-1 ou 13,59 eV. Significado dos Números Quânticos O número quântico principal (n) especifica o nível de energia do elétron como também o volume da região do espaço onde ele se encontra (n = 1, 2, 3, ... ). O número quântico do momento angular orbital (l) determina a forma da região do espaço onde o elétron será encontrado (l = 0, 1, 2, n-1). O número quântico magnético (ml), determina a região no espaço onde o elétron poderá ser encontrado (ml = -l a +l). Para um dado valor de l, existem 2l +1 valores de ml. É comum referir-se às camadas sucessivas usando-se letras: n = 1 2 3 4... K L M N... Orbitais com o mesmo valor de n, mas diferentes valores de l, pertencem a diferentes subcamadas e também são representadas por letras: l = 0 1 2 3... s p d f... Orbital atômico “s” Orbitais atômicos “p” z Orbitais atômicos “d” Orbitais atômicos “f” Número Quântico Magnético de Spin (ms) Na presença de um campo magnético, detalhes de desdobramento de linhas espectrais revelaram que o elétron deveria apresentar um momento magnético intrínseco (spin). O spin é descrito por dois números quânticos, s e ms, o primeiro está relacionado ao movimento orbital e tem um valor fixo, s = ½. O segundo, ms, pode assumir dois valores: +½ (↿) - ½ (⇂) A equação obtida por Schrödinger indica que a energia do orbital depende apenas de n: E = - hcRZ2/n2 Desse modo, em átomos hidrogenóides, os orbitais com mesmo valor de n, mas diferentes valores de l e ml, possuem a mesma energia, ou seja, são degenerados. Função de Onda Radial e Angular É conveniente expressar a função de onda do átomo de hidrogênio em termos de coordenadas polares e dividir a função em três partes, onde cada uma é uma função de apenas uma coordenada: - variáveis: x, y, z ou (r, θ, f) - função: Ψ Ψ (r, θ, Φ) = R(r) Q(θ) Φ(f) R(r) é a função de onda radial: dependência de Ψ com a distância do núcleo em relação ao elétron. Q(θ) e Φ(f) são funções de onda angulares: dependência de Ψ com os ângulos (θ, f). Expressões matemáticas de algumas funções de onda radiais para o átomo de Hidrogênio Onde Z é a carga nuclear, e é a base de logaritmos naturais e ao é o raio da primeira orbita de Bohr. O valor de ao é 52,9177 pm para o H, Z = 1. No entanto, orbitais similares podem ser construídos para outros elementos (Z > 1). Algumas Características de R(r) A magnitude da função de onda tem seu valor máximo no núcleo para o orbital s e zero para todos os outros orbitais. Para n > 1, a função de onda é zero em certas regiões chamadas nós radiais. O valor da função muda de sinal quando passa pelos nós radiais. Em geral: Orbitais s tem n-1 nós Orbitais p tem n-2 nós Orbitais d tem n-3 nós Representações da Função Radial R(r) – função de onda radial. R2(r) – função densidade radial. 4pr2R2(r) – função de distribuição radial. Uma forma de visualizar o problema é considerar o átomo composto de camadas, como se fosse uma cebola. Probabilidade de se encontrar um elétron numa camada que se estende de r até r + dr, ou seja, num volume dV desta fina camada. Características de 4πr2R2(r): 1. Para r = 0 4πr2R2(r) = 0 2. Para r 4πr2R2(r) = 0 R (r) 0 3. Para 0 < r < 4πr2R2(r) possui um máximo. Gráficos da função de distribuição radial r2R2 em função da distância r do núcleo. 1s 2s 2p 3s 3p 3d Função de Onda Angular 35 A parte angular da função de onda determina a forma da nuvem eletrônica, ou seja, o orbital e sua orientação no espaço, porém é independente da distância (r) em relação aonúcleo. Representação de alguns orbitais (função de onda angular ) s p d f Estrutura Eletrônica dos Átomos Princípio de Exclusão de Pauli: num átomo qualquer dois elétrons não podem ter os quatro números quânticos idênticos. Desse modo: Somente dois e- podem ocupar um único orbital e seus spins devem estar emparelhados. Portanto, a configuração ns3 é proibida e o 3o e- deve ocupar um orbital da camada superior. Regra de Hund: a configuração mais estável, entre as várias possíveis com a mesma energia do orbital, é aquela com maior número de elétrons com spin no mesmo sentido. Máxima multiplicidade de spin. Elétrons devem ficar o mais espalhados possíveis em torno do núcleo. Um elétron ocupará um orbital atômico, de todos aqueles ainda não ocupados, onde o núcleo é mais efetivo para oferecer uma carga positiva para estabilizá-lo. Átomos Polieletrônicos (Aproximação Orbital) A equação de Schrödinger para um átomo polieletrônico é altamente complicada, pois todos os elétrons interagem um com os outros. Como não há expressão matemática para os orbitais temos que fazer aproximações. Neste caso, os orbitais são semelhantes aos hidrogenóides, mas com cargas nucleares modificadas devido aos outros elétrons. Diferentemente dos átomos hidrogenóides, os orbitais de uma mesma camada em átomos polieletrônicos não são degenerados: Um elétron sofre repulsões de todos os outros elétrons, de modo que a carga total do núcleo é reduzida (carga nuclear efetiva, Z*). Esse efeito recebe o nome de blindagem. A Z* experimentada por elétrons s e p são diferentes, pois as funções de onda são diferentes. Um elétron s tem maior penetração através das camadas internas que um elétron p da mesma camada. Devido à maior penetração do elétron no orbital s, este fica menos blindado do que um elétron p da mesma camada, experimentando uma maior Z*. A energia dos elétrons está associada com efeitos de penetração dos orbitais (espalhamento da densidade eletrônica na região do núcleo). Ordenação dos níveis de energia nos átomos polieletrônicos: 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, etc. Preenchimento dos Orbitais Ordem é baseada no menor valor de (n+l). Quando temos valores iguais de (n+l), o orbital de menor energia é o de menor n. 1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s < 4f < 5d < 6p < 7s < 5f < 6d -----x-----x-----x----- Fim da Aula 2 -----x-----x-----x----- Representação da Contribuição de Spin contribuição de spin – os elétrons giram criando corrente elétrica e, portanto, um campo magnético. orbital d elétron girando (spinning) 1s 2s R2(r) – Função Densidade Radial Diagrama de Sombreamento (as regiões mais escuras indicam a maior probabilida de se encontrar o elétron) Orbital atômico “s”
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