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Transformações Lineares Aplicações Multilineares 6 - Transformações Lineares e Multilineares Transformações Lineares Aplicações Multilineares Espaços Métricos 6 - Transformações Lineares e Multilineares Profª. Kamila Andrade Professora Adjunta Instituto de Matemática e Estatística Universidade Federal de Goiás kamila.andrade@ufg.br kamila.andrade@ufg.br Transformações Lineares Aplicações Multilineares Tópicos 1 Transformações Lineares 2 Aplicações Multilineares Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Definições Definição. Sejam E, F espaços vetoriais. Uma aplicação f : E → F chama-se uma transformação linear quando, para quaisquer x, y ∈ E e λ ∈ R, têm-se f (x + y) = f (x) + f (y) e f (λ · x) = λ · f (x). Se for F = R, diremos que f : E → R é um funcional linear. OBS.: Note que para uma transformação linear f tem-se f (λ1 · v1 + · · ·+ λn · vn) = λ1 · f (v1) + · · ·+ λn · f (vn). O interesse aqui é na continuidade das transformações lineares. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Lema 1. Toda transformação linear f : Rm → F, definida em Rm e tomando valores num espaço vetorial normado F qualquer, é contínua. Prova: Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Não é verdade que toda transformação linear f : E → F, definida num espaço vetorial normado qualquer E, seja contínua. Exemplo 1. Seja E o conjunto dos polinômios reais com uma variável. E é um espaço vetorial, no qual definiremos a norma ∥p∥ = sup 0≤x≤1 |p(x)|. Seja agora f : E → R definida por f (p) = p(2). Mostre que f é um funcional linear e é descontínuo no ponto 0 ∈ E (polinômio identicamente nulo). Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Proposição 1. Sejam E, F espaços vetoriais normados. As seguintes afirmações a respeito de uma transformação linear f : E → F são equivalentes: 1 f é contínua; 2 f é contínua no ponto 0 ∈ E; 3 Existe c > 0 tal que |f (x)| ≤ c · |x| para todo x ∈ E; 4 Existe c > 0 tal que |f (x)− f (y)| ≤ c · |x − y| para quaisquer x, y ∈ E. Demonstração: Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Transformações Lineares Aplicações Multilineares Transformações Lineares Resultados Corolário. Seja f : E → F uma bijeção linear. Para que f seja um homeomorfismo, é necessário e suficiente que existam α > 0 e β > 0 tais que α · |x| ≤ |f (x)| ≤ β · |x| para todo x ∈ E. Prova: Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 2. Bijeção linear contínua que não é um homeomorfismo. Seja R∞ o espaço vetorial formado pelas sequências infinitas x = (x1, x2, . . . , xn, . . . ) de números reais, em cada uma das quais apenas um número finito de coordenadas xn é ̸= 0. Consideramos em R∞ a norma |x| = √ x2 1 + · · ·+ x2 n + · · · (soma finita). Definamos a transformação linear f : R∞ → R∞ pondo f (x1, x2, . . . , xn, . . . ) = (x1, x2/2, . . . , xn/n, . . . ). Então f é contínua porque |f (x)| ≤ |x| para todo x ∈ R∞. A inversa de f é dada por f−1(y1, y2, . . . , yn, . . . ) = (y1, 2y2, . . . , nyn, . . . ). Para cada n, o vetor en = (0, . . . , 0, 1, 0, . . . ), cuja n-ésima coordenada é 1 e as outras são zero, cumpre |en| = 1 e |f−1(en)| = n. Logo |f−1(en)| ≥ n · |en| e, como n pode ser arbitrariamente grande, concluímos que f−1 é descontínua. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Observações Da Proposição 1, segue que as transformações lineares contínuas f : E → F (E e F espaços vetoriais normados) são precisamente aquelas que são limitadas na esfera unitária S = {x ∈ E; ∥x∥ = 1} do espaço E. Indica-se com L(E;F) o conjunto das transformações lineares contínuas de E em F. Evidentemente, L(E;F) é um espaço vetorial em relação às operações (f + g)(x) = f (x) + g(x) e (αf )(x) = α · f (x), pois se f , g : E → F são contínuas então f + g e α · f também são. L(E;F) possui uma norma natural, definida por ∥f∥ = sup{|f (x)| | x ∈ E; ∥x∥ = 1} = sup x∈S |f (x)|. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Resultados Sejam ∥ · ∥1 e ∥ · ∥2 normas no mesmo espaço vetorial E. Escrevamos E1 = (E, ∥ · ∥1), E2 = (E, ∥ · ∥2) e indiquemos com i12 : E1 → E2 a aplicação identidade. Definição. Diremos que a norma ∥ · ∥1 é mais fina do que a norma ∥ · ∥2 quando i12 for contínua, isto é, quando a métrica d1, proveniente de ∥ · ∥1, for mais fina do que a métrica d2, proveniente de ∥ · ∥2. Diremos que ∥ · ∥1 e ∥ · ∥2 são normas equivalentes quando i12 for um homeomorfismo. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Resultados Proposição 2. Duas normas ∥ · ∥1 e ∥ · ∥2 num espaço vetorial E são equivalentes se, e somente se, existem constantes α > 0 e β > 0 tais que α · ∥x∥1 ≤ ∥x∥2 ≤ β · ∥x∥1 para todo x ∈ E. Demonstração: OBS.: Esta condição, que era apenas suficiente para a equivalência de métricas em geral, é também necessária quando tais métricas provêm de normas. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Aplicações Multilineares Definição Definição Sejam E1,E2, . . . ,En, F espaços vetoriais. Uma aplicação f : E1 × · · · × En → F chama-se n-linear quando é linear separadamente em cada uma das suas n variáveis. Isto significa que, para i = 1, 2, . . . , n, têm-se f (x1, . . . , xi + yi, . . . , xn) = f (x1, . . . , xi, . . . , xn) + f (x1, . . . , yi, . . . , xn), f (x1, . . . , αxi, . . . , xn) = αf (x1, . . . , xi, . . . , xn), sejam quais forem x1 ∈ E1, . . . , xi, yi ∈ Ei, . . . , xn ∈ En e α ∈ R. OBS.: Se algum xi = 0 então, pela segunda condição (com α = 0), tem-se f (x1, ..., xn) = 0. Para n = 2, dizemos que f é bilinear. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 3. A multiplicação por um escalar, m : R× E → E, onde m(λ, x) = λ · x é bilinear. Todo produto interno p : E × E → R, p(x, y) = ⟨x, y⟩ é bilinear. Se E e F são espaços vetoriais normados, a aplicação α : L(E;F)× E → F, definida por α(T, x) = T(x), é bilinear. A função determinante det : Rm × · · · × Rm → R (m fatores) é m-linear. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Resultados Proposição 3. Sejam E, F, G espaços vetoriais normados e f : E × F → G uma aplicação bilinear. As seguintes afirmações são equivalentes: 1 f é contínua; 2 f é contínua no ponto (0, 0) ∈ E × F; 3 existe c > 0 tal que ∥f (x, y)∥ ≤ c · ∥x∥ · ∥y∥ para quaisquer x ∈ E, y ∈ F; 4 f é lipschitziana em cada parte limitada de E × F. Demonstração: Transformações Lineares Aplicações Multilineares Resultados Transformações Lineares Aplicações Multilineares Resultados Corolário Seja F um espaço vetorial normado. Toda aplicação bilinear f : Rm × Rn → F, definida num par de espaços euclidianos, é contínua. Prova: Transformações Lineares Aplicações Multilineares Observação OBS.: É vantajoso imaginar uma aplicação bilinear f : E × F → G como uma multiplicação, na qual o produto de um elemento de E por um de F pertence a G. De fato, usando a notação f (x, y) = x · y, as condições de bilinearidade se exprimem como: (x + x′) · y = x · y + x′ · y, x · (y + y′) = x · y + x · y′, (αx) · y = x · (αy) = α · (x · y). Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 4. A Proposição 10 contém a demonstração de que: a multiplicação de números reais m : R× R → R é contínua; a multiplicação m : R× E → E, de um número por um vetor num espaço vetorial normado E, é contínua; qualquer produto interno ⟨·, ·⟩ : E × E → R num espaço vetorial E é contínuo em relação à norma por ele induzida em virtude da desigualdade de Cauchy-Schwarz |⟨x, y⟩| ≤ ∥x∥ · ∥y∥; a composição de transformações lineares contínuas µ : L(F;G)× L(E;F) → L(E;G) é uma aplicação bilinear contínua relativamente à norma natural acima definida para espaços do tipo L(E;F). a função determinante, det : Rm2 = Rm × · · · × Rm → R é contínua, em virtude do corolárioacima. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 4. A Proposição 10 contém a demonstração de que: a multiplicação de números reais m : R× R → R é contínua; a multiplicação m : R× E → E, de um número por um vetor num espaço vetorial normado E, é contínua; qualquer produto interno ⟨·, ·⟩ : E × E → R num espaço vetorial E é contínuo em relação à norma por ele induzida em virtude da desigualdade de Cauchy-Schwarz |⟨x, y⟩| ≤ ∥x∥ · ∥y∥; a composição de transformações lineares contínuas µ : L(F;G)× L(E;F) → L(E;G) é uma aplicação bilinear contínua relativamente à norma natural acima definida para espaços do tipo L(E;F). a função determinante, det : Rm2 = Rm × · · · × Rm → R é contínua, em virtude do corolário acima. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 4. A Proposição 10 contém a demonstração de que: a multiplicação de números reais m : R× R → R é contínua; a multiplicação m : R× E → E, de um número por um vetor num espaço vetorial normado E, é contínua; qualquer produto interno ⟨·, ·⟩ : E × E → R num espaço vetorial E é contínuo em relação à norma por ele induzida em virtude da desigualdade de Cauchy-Schwarz |⟨x, y⟩| ≤ ∥x∥ · ∥y∥; a composição de transformações lineares contínuas µ : L(F;G)× L(E;F) → L(E;G) é uma aplicação bilinear contínua relativamente à norma natural acima definida para espaços do tipo L(E;F). a função determinante, det : Rm2 = Rm × · · · × Rm → R é contínua, em virtude do corolário acima. Transformações Lineares Aplicações Multilineares Exemplos Exemplo 4. A Proposição 10 contém a demonstração de que: a multiplicação de números reais m : R× R → R é contínua; a multiplicação m : R× E → E, de um número por um vetor num espaço vetorial normado E, é contínua; qualquer produto interno ⟨·, ·⟩ : E × E → R num espaço vetorial E é contínuo em relação à norma por ele induzida em virtude da desigualdade de Cauchy-Schwarz |⟨x, y⟩| ≤ ∥x∥ · ∥y∥; a composição de transformações lineares contínuas µ : L(F;G)× L(E;F) → L(E;G) é uma aplicação bilinear contínua relativamente à norma natural acima definida para espaços do tipo L(E;F). a função determinante, det : Rm2 = Rm × · · · × Rm → R é contínua, em virtude do corolário acima.