Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Centro de Ciências Agrárias Departamento de Tecnologia de Alimentos Tecnologia do Pescado 1 Relatório: Composição Química do Pescado Aluna: Walesca Alves Siqueira Matrícula: 353415 Curso: Engenharia de Alimentos 1.INTRODUÇÃO A porcentagem da composição centesimal de um determinado alimento é a proporção em que cada componente deste alimento aparece a cada 100g do mesmo (GOULDING, M.; CARVALHO. M., 1982). Esses componentes, por convenção, são: umidade, proteína total (bruta), carboidratos, lipídeos e cinzas (sais minerais: Na, K, Ca, Cl, P, S, I, Fe, Cu e Co). As cinzas são componentes inorgânicos e que copõem o músculo do pescado em torno de 1 a 2%, já o teor de umidade do músculo do pescado varia entre 60 e 85% (OGAWA, 1999). Proteínas variam de 15,0 % a 25 % e lipídeos totais de 0,2 % a 22%. De acordo com o RIISPOA/MAPA, o óleo do pescado é um subproduto obtido através do tratamento térmico da gordura. A gordura do peixe é fonte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), além disso, o pescado possui ácidos graxos importantes para nosso organismo, como os da família ômega 3 e ômega 6, os ácido linolênico, linoleico, EPA e DHA. Por possuir uma grande quantidade de ácidos graxos, o músculo do peixe sofre oxidação lipídica em uma velocidade superior a de outras carnes. As proteínas do peixe são de alto valor biológico (AVB), por conter aminoácidos essenciais (aqueles que nosso organismo não pode sintetizar) ao nosso corpo, ou seja, contém todos os aminoácidos essenciais na quantidade e proporções necessárias a nutrição humana (REEDS, P.J., 2000). 2.OBJETIVOS Determinar os componentes químicos (teores de umidade, cinzas, proteínas e lipídeos) de algumas espécies de peixe e compará-los com os dados descritos na literatura. 3.MATERIAIS Amostras: Tilápia (Oreochromis niloticus) Ariacó (Lutjanus synagris) Determinação do teor de umidade: Estufa Balança analítica Espátulas Dissecador Cápsulas de porcelana Determinação de cinzas: Forno Mufla Balança analítica Pinças metálicas Cadinhos de porcelana Dissecador Espátulas Determinação de proteínas: Unidades de digestão de proteína Frascos para digestão e destilação Indicador fenoftaleína NaOH 0,1M e NaOH 40% Indicador Vermelho de metila Unidades de destilação de proteínas H2SO4 concentrado Papel isento de nitrogênio para pesagem de amostras Balança analítica Espátulas Determinação de lipídeos totais: Extrator de gordura Balança analítica Chapa aquecedora Dissecador Balões de fundo chato Hexano Espátula Pinças metálicas Papel filtro Whatman 4.MÉTODOS Determinação do teor de umidade As cápsulas de porcelana foram previamente secadas em estufa, para perderam a umidade e para que esta não influencie na pesagem. Elas foram pesadas em balança analítica e tiveram os pesos anotados. Nelas foram adicionados aproximadamente 5g das amostras, procedimento feito em triplicata, e foram anotados os pesos destas. Em seguidas, elas foram colocadas na estufa a 105°C por 24h. Após este período, as cápsulas foram colocadas em um dissecador para evitar contato com umidade do ambiente enquanto esfriam, em seguida foram pesadas novamente para conhecer o peso da água desprendida. Os resultados foram anotados, foi calculada a porcentagem de umidade nas amostras de acordo com a seguinte fórmula: Determinação de cinzas Primeiramente os cadinhos de porcelanas foram secos, e depois pesados em balança analítica. Em cada cadinho foi colocado aproximadamente 5g das amostras, procedimento feito em triplicata. Os pesos foram anotados e, em seguida, os cadinhos foram colocados no forno mufla com o auxílio de pinças metálicas, a temperatura foi elevada de 200°C (inicial) a cada 15min até 550°C (final). Ao se obter as cinzas brancas, o forno foi desligado e deixado pra esfriar, depois os cadinhos com as amostras foram transferidos para um dissecador para esfriarem. Por fim eles foram pesados e tiveram os valores anotados para o cálculo da porcentagem de cinzas. Determinação de proteínas Digestão: Com o papel isento de nitrogênio, foi pesado aproximadamente 1g da amostra. O papel foi enrolado e colocado no frasco de digestão. Foi adicionado aproximadamente 10g de mistura catalítica (9g de Na2SO4 e 1g de CuSO4) e 15ml de H2SO4 concentrado. O frasco foi colocado no bloco aquecedor, fechado hermeticamente e conectado ao sistema. A temperatura foi aumentada em 50°C a cada 15min para evitar formação de espuma. No final do processo as amostras apresentaram coloração esverdeada translúcida, sem resíduos escuros. Destilação: O frasco de digestão foi deixado para esfriar, foi adicionado água destilada (50ml) para evitar petrificação da solução. Para destilar o nitrogênio, foi instalado um recipiente de 250ml na boca da unidade do destilador, contendo 50ml de H2SO4 0,1M e adicionado 3 gotas de vermelho de metila, e o frasco foi instalado. Deixou-se entrar 50ml de NaOH 45% para iniciar a destilação. No final, foi retirado do condensador. Titulação: A solução receptora contida no erlenmeyer foi titulada com a solução de NaOH 0,1M até p ponto de viragem do indicador. O volume foi anotado e porcentagem de proteína na amostra foi calculada. O fator de conversão é 6,25 (100/16), pois o pescado tem 16% de N e multiplicado pela massa atômica do N (14). Segue a fórmula abaixo. Proteína%= Determinação de lipídeos totais Os balões foram secos previamente, e colocados em um dissecador. Os cartuchos com as amostras já secas da análise de umidade, utilizando o papel de filtro Whatman (15cm X 15cm), foram preparados e colocados nos balões já pesados. Os balões foram colocados dentro do extrator e foi adicionado 100ml de solvente hexano (para dissolver os lipídeos). Os cartuchos foram mergulhados no solvente hexano e deixados no sistema em refluxo por 6h. Após todo o hexano ser recupera, os balões foram colocados em estufa a 105°C/2h. No final os balões foram retirados e levados para o dissecador para esfriarem. Os balões foram pesados novamente para medir a quantidade de gordura. Os valores foram anotados e calculados de acordo com o seguinte cálculo: 5.RESULTADOS Os dados obtidos e os resultados foram resumidos nas tabelas abaixo. Tabela 1: Determinação de umidade Determinação de UMIDADE Amostra Nº da cápsula Peso da cápsula (g) Peso da amostra (g) Peso da Cápsula + amostra seca (g) Água Desprendida (g) Umidade % Média (g) Desvio Padrão Tilápia 70 34,5396 5,0089 35,6971 3,8514 76,891 76,519 1,782 5 36,6098 5,0150 37,7477 3,8771 77,310 1 45,5802 5,0025 46,8130 3,7697 75,356 Ariacó 6 35,7001 4,9842 36, 7236 3,9607 79,465 79,365 0,151 102 42,3137 4,9867 43,3456 3,9548 79,307 00 39,4587 4,9858 40,4896 3,9549 79,323 Tabela 2: Determinação de cinzas Determinação de CINZAS Amostra Nº do cadinho Peso do cadinho (g) Peso da amostra (g) Peso do cadinho + cinzas (g) Cinzas % Média (g) Desvio Padrão Tilápia 30 40,2383 5,0028 40,2967 1,1673 1,1541 0,0763 601 33,3600 4,9537 33,4147 1,1042 23 31,1777 5,0635 31,2380 1,1909 Ariacó 60 38,3228 5,0165 38,3740 1,0206 1,0283 0,0412 18 40,4090 5,0043 40,4595 1,0091 09 39,0143 4,9570 39,0666 1,0551 Tabela 3: Determinação de proteína Determinação de PROTEINA Amostra Nº do Tubo Peso da amostra (g) Volume de H2SO4 (mL) Volume de NaOH (mL) M (H2SO4) M (NaOH) Proteína % Média (g) Desvio padrão Tilápia 04 1,0203 50,0 28,0 0,0983 0,0978 18,67 18,48% 0,29 002 1,0151 50,0 28,5 0,0983 0,0978 18,34 08 1,0331 50,0 28,0 0,0983 0,0978 18,44 Ariacó 2 1,0101 50,0 27,1 0,0983 0,0978 19,62 19,71% 0,19 33 1,0047 50,0 27,0 0,09830,0978 19,81 Tabela 4: Determinação de gorduras Determinação de LIPIDEOS Amostra Nº da amostra Nº do Tubo Peso do tubo vazio (g) Peso tubo + gordura (g) Peso da Amostra Úmida (g) Gordura % Média (g) Desvio padrão Tilápia 3 81 131,1449 131,3072 5,0466 3,2160 3,2826 0,1540 70 26 134,1277 134,2980 5,0331 3,3836 151 01 135,6292 135,7921 5,0149 3,2483 Ariacó 00 12 135,3839 135,4790 5,0257 1,7986 0,1875 150 10 132,8252 132,9109 5,0271 1,7048 Determinação do teor de umidade Utilizando os dados obtidos, temos que: Segue abaixo o cálculo da amostra 6 do Ariacó (valores obtidos na tabela 1), estes mesmos cálculos foram realizados para cada pesagem da amostra, e, ao final, foi calculado a média da porcentagem das pesagens (olhar tabela 1): Determinação de cinzas A quantidade de cinzas (material inorgânico) é obtida pela fórmula descrita na metodologia. Vale ressaltar que: Segue abaixo o cálculo da amostra 60 do Ariacó (valores obtidos na tabela 2), estes mesmos cálculos foram realizados para cada pesagem da amostra, e, ao final, foi calculado a média da porcentagem das pesagens (olhar tabela 2): Determinação de proteínas Seguindo os cálculos, %PROTEINA = [ (V H2SO4 x M H2SO4) – ( V NaOH x M NaOH ) ] x 6,25 x 14 x 100 Peso da amostra úmida X1000 Onde: V = volume; M = molaridade; MH2SO4=0, 0983; MNaOH=0,0978 Utiliza-se o fator 6,25 para converter o teor de nitrogênio total em teor de proteínas. Sabe-se que em produtos de origem animal, 100g de proteína equivalem a 16g de nitrogênio, então: Segue abaixo o cálculo da amostra 04 da Tilápia (valores obtidos na tabela 3), estes mesmos cálculos foram realizados para cada pesagem da amostra, e, ao final, foi calculado a média da porcentagem das pesagens (olhar tabela 3): Determinação de lipídeos totais A amostra foi pesada antes e após o processo, e teve sua porcentagem de gordura calculada de acordo com o cálculo mostrado na metodologia. Onde: Segue abaixo o cálculo da amostra 00 do Ariacó (valores obtidos na tabela 4), estes mesmos cálculos foram realizados para cada pesagem da amostra, e, ao final, foi calculado a média da porcentagem das pesagens (olhar tabela 4): 6.DISCUSSÃO Determinação do teor de umidade Para determinar umidade nas amostras, estas foram pesadas antes e depois de terem a água removida. A porcentagem de água das amostras é calculada pela forma descrita na metodologia. A diferença de peso, ou perda de peso, corresponde a quantidade de umidade que foi desprendida, e é obtida pela diferença entre o peso da amostra e o peso da amostra já seca. De acordo com Masayoshi, autor do manual de pesca, o conteúdo de umidade do músculo do pescado varia entre 60 à 85%, o que indica que as amostras analisadas estão dentro de um padrão estabelecido. Segundo Juan A. Ordónez há uma relação inversa entre conteúdo de água e de lipídeos do peixe, portanto essa menor quantidade de água verificada na tilápia pode ser devido ao seu maior conteúdo lipídico comparando-se com a amostra do Ariacó. Este percentual pode variar com a idade, sexo e nutrição do peixe. Determinação de cinzas Para determinar cinzas as amostras foram pesadas após a retirada total de água, e da carbonização e incineração das mesmas para obter as cinzas. As cinzas representam o material inorgânico na amostra, e é o material que continua presente mesmo após a incineração, e a quantidade de matérias perdida durante a queima representa o material orgânico. Segundo Masayoshi Ogawa, a concentração de cinzas deve estar entre 1 e 2%, portanto, as amostras analisadas estão dentre desse padrão. Determinação de proteínas No cálculo de proteínas, foi empregado o método de KJELDAHL, que quantifica o teor de nitrogênio total (nitrogênio proteico e nitrogênio não proteico) na amostra, ou seja, todo o nitrogênio presente nesta. Entretanto, o teor de nitrogênio não proteico é pouco na amostra, podendo ser desprezado. O NNP se encontra em quantidades superiores em peixes cartilaginosos, devido a grande quantidade de ureia produzida por esses peixes. A amostra foi pesada em papel isento de nitrogênio, para que este não interfira na análise. A proteína da amostra é digerida pela mistura catalítica e H2SO4 com a aplicação de temperaturas altas no bloco digestor e reduzida a sulfato de amônio. Depois de digerida, a amostra apresentou coloração verde translúcida. O uso de água adicionada foi para impedir a formação de cristais do sal. Antes da destilação, foi adicionado NaOH (40%). Então, destila-se a amônia, que é arrastada pelo vapor de água até p erlenmayer, contendo ácido sulfúrico e quatro gotas do indicador de pH vermelho de metila. O excesso do ácido sulfúrico é titulado com solução padrão de NaOH, a partir daí é calculada a quantidade de nitrogênio total na amostra. Observa-se que o peixe Ariacó apresentou uma porcentagem de proteínas maior em relação à Tilápia. De acordo com Masayoshi Ogawa, normalmente o músculo do peixe contém aproximadamente 20% de proteína, portanto, as amostras analisadas estão bastante próximas desse teor apresentando de 18 a 20% de proteína. Determinação de lipídeos totais Para a determinação de gordura foram utilizadas as mesmas amostras da determinação de umidade. Em um extrator de gordura, os lipídeos presentes nas amostras foram arrastados mediante a ação do solvente de gorduras (hexano). De acordo com Juan A. Ordónez, no geral, o conteúdo de lipídeos varia consideravelmente de acordo com o sexo e a dieta do peixe, com a temperatura e a salinidade da água. Informações estas que não eram conhecidas. Comparando com os resultados obtidos na análise com os valores da literatura, observa-se uma aproximação dos resultados. Tabela 5: Médias da composição centesimal das amostras analisadas Amostras Teor de umidade % Teor de cinzas % Teor de proteínas % Teor de Gordura % Tilápia 76,519 1,1541 18,48 3,2826 Ariacó 79,365 1,0283 19,71 1,7986 Para a composição centesimal da tilápia, os autores Candida M. Vieira Maia VILA NOVA, Helena Teixeira GODOY , Mauro Luiz ALDRIGUE encontraram os seguintes valores: teor de umidade 77,55%; teor de cinzas 0,97%; proteínas 18,34 % e lipídeos 0,99%. Para a composição centesimal do Ariacó, os autores Zenira Cardoso Vilasboas Viana, Edevaldo da Silva, Gilenio Borges Fernandes e Vera Lúcia Cancio Souza Santos, encontraram os seguintes valores para a composição centesimal dele: umidade de 73,0% a 79,9%; cinzas 1,0% a 2,0%; proteínas 17,0 % a 23,2 % e lipídeos totais de 0,4 % e 2,9%. 7.CONCLUSÃO Os valores obtidos na análise feita na tilápia divergiram um pouco, principalmente no teor de lipídeos, porém, os teores de umidade e proteínas foram muito próximos, entretanto, estão dentro dos limites aceitáveis. Os valores obtidos na análise feita no ariacó estão dentro dos intervalos mostrados pelos pesquisadores já citados acima. 8.BIBLIOGRAFIA GOULDING, M.; CARVALHO. M. Life history and management of the tambaqui (Colossoma macropomum, Characidae): an important amazonian food fish. Revista Brasileira de Zoologia, v.1, n.2, p.107-133, 1982. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/MercadoInterno/Requisitos/RegulamentoInspecaoIndustrial.pdf - Acessado em 12/01/2016 http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/viewFile/6955/6639 - Acessado em 07/01/2016 http://www.scielo.br/pdf/cta/v21n2/7459.pdf - Acessado em 12/01/2016 http://www.scielo.br/pdf/cta/v25n3/27007 - Acessado em 12/01/2016 OGAWA, Masayoshi. Manual de pesca. In: LIVRARIA VARELA. São Paulo, 1999. ORDONEZ, Juan. Tecnologia de alimentos. Volume 2. Alimentos de origem animal – 1a. Ed., Ed. Artmed – SP, 2005. REEDS, P.J. Dispensable and Indispensable Amino Acids for Humans. J.Nutr. 130: 1835 – 1840, 2000.
Compartilhar