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1 antas essenciais: -Irrigação arterial; - Drogas com ação sobre o esôfago; - Acessos cirúrgicos x localização. .•..Anatomia - Introdução o esôfago é um tubo muscular oco que mede de 25 a 30cm de comprimento, tem início no nível de C6 (cartilagem cricóide) e termina em Tll. Tem posição mediana; porém, inclina-se levemente para a esquerda já no pescoço; daí a preferência de cervicotomia esquerda na abordagem do esô- fago cervical. A distância referida de alguma lesão ou ponto anatômico é medida em relação à Arcada Dentária Superior (ADS), e não ao início do órgão. O esôfago apresenta 3 constrições anatômicas: 1 - Esfíncter cricofaríngeo: é o ponto mais estreito de todo o tubo digestivo, em torno de 14mm. Dista, aproximadamen- te, 16cm da ADS. 2 - Constrição broncoaórtica (15 a 17mm): localizada na altura de T4, por trás da bifurcação da traquéia, onde o brôn- quio fonte principal esquerdo e o arco aórtico cruzam o esô- fago. Dista de 23 a 25cm da ADS. 3 - Constrição diafragmática (16 a 19 mm): onde o esôfago cruza o diafragma, a 38 cm da ADS. o -,--::-,....-- Dente incisivo -- •••. - Faringe .......,-!!,....-- Epiglote ~-- Recesso piriforme """-"'.'"-fIIIII~-- Cartilagem tireóidea 16 --o Cartilagem cricóidea __ Itr-- Parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da faringe r....-:.-- Traquéia Aorta (arco) '):C;~_ Brônquio principal esquerdo 38 Diafragma I 40 -- Fundo gástrico Figura 1- Estreitamentos anatõmicos, distância da AOS e relação com a aorta A parede esofagiana apresenta 4 camadas: mucosa, sub- mucosa, muscular e adventícia (não apresenta serosa). 1 - Mucosa: é composta de epitélio escamoso estrati- ficado não-queratinizado. Os últimos 2cm do esôfago são MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA iMedcel recobertos por epitélio colunar, e este epitélio na junção esôfago-gástrica é diferente do epitélio gástrico típico, pois não contém células parietais ou principais: este pode ser chamado de epitélio juncional. A linha Z demarca a brusca mudança de cor entre o epi- télio escamoso e o epitélio colunar. A junção mucosa entre esôfago e estômago é demarcada por essa linha; no entanto, a junção esôfago-gástrica externa fica, geralmente, 1cm abai- xo da junção mucosa. Portanto, não há coincidência da jun- ção interna e externa, ainda mais considerando que a mucosa desliza livremente sobre a muscular da mucosa. 2 - Submucosa: contém plexos venosos e nervosos. Re- presenta a porção mais forte e resistente da parede esofági- ca, sendo fundamental sua inclusão nas anastomoses cirúrgi- cas. Nessa camada, localiza-se o plexo nervoso de Meissner, o qual é responsável, principalmente, pelo controle das secre- ções gastrintestinais e do fluxo sangüíneo local. 3 - Camada muscular: é composta de fibras musculares em 2 disposições: longitudinal, mais externa, e circular, inter- na. Apresenta fibras estriadas (voluntárias) no 1/4 superior do esôfago, sendo progressivamente mescladas com fibras de músculo liso no 2º quarto superior. A metade inferior do esôfago só possui musculatura lisa. Entre a camada longitudi- nal e circular, está o plexo nervoso de Auerbach, que coorde- na a atividade motora do esôfago. a) Esfíncter superior do esôfago (ESE): é formado pelo músculo cricofaríngeo (o qual é formado pela porção inferior do músculo constritor faríngeo inferior) e por fibras muscula- res do esôfago cervical. Tem extensão de, aproximadamente, 3cm e relaxa na deglutição. b) Esfíncter inferior do esôfago (ElE): é composto por fi- bras musculares de esôfago distal e não é identificável anato- micamente, sendo considerado um esfíncter fisiológico. Na junção cricofaríngea, há 2 áreas de fraqueza na sua face posterior, uma acima e outra abaixo do músculo cricofa- ríngeo (o esfíncter superior do esôfago). Essas áreas são pro- pensas à formação de divertículos de pulsão: o de Zencker, acima, e o de Laimer, abaixo. Estes são falsos divertículos, por não serem constituídos por todas as paredes do órgão. 4 - Camada adventícia: representa apenas o tecido conec- tivo mediastinal em torno do esôfago; portanto, não é uma camada verdadeira. Devido à ausência de camada serosa (presente em todo o resto do tubo digestivo), as suturas e as anastomoses do esôfago têm menos proteção; portanto, são consideradas anastomoses de risco, com maior incidência de complicações como fístulas e deiscências. B- Relações anatômicas o esôfago cervical mede em torno de 7cm de comprimen- to e fica atrás da laringe e da traquéia. Lateralmente, estão os • vasos júgulo-carotídeos. O nervo laríngeo recorrente direito não tem contato com o esôfago cervical; já o esquerdo situa- se junto ao ângulo formado pela traquéia e pelo esôfago, no sulco traqueoesofágico. O dueto torácico ascende do medias- tino posterior e desemboca na confluência júgulo-subclávia esquerda, passando próximo ao esôfago. O acesso cirúrgico habitual é através de cervicotomia esquerda. O esôfago torácico tem, aproximadamente, 17cm e situa- se mais à esquerda no mediastino superior (entre a traquéia e a coluna vertebral), passa posteriormente e à direita do arco aórtico, descendo pelo mediastino posterior ao lado da face direita da aorta torácica. À medida que desce, dirige-se para a esquerda, cruzando anteriormente a aorta e penetrando no hiato esofágico na altura de no. Suas principais relações anatômicas na direção crânio-caudal são, anteriormente, tra- quéia, artéria pulmonar direita, brônquio principal esquerdo, átrio esquerdo e diafragma; posteriormente, coluna verte- bral, músculos longos do pescoço, artérias intercostais pos- teriores direitas, dueto torácico, veia ázigos, veia hemiázigos e aorta. À direita, relaciona-se com o pulmão direito, arco da veia ázigos (no local que passa sobre o brônquio principal di- reito para terminar na veia cava superior). À esquerda, rela- ciona-se com a parte distal do arco aórtico, a artéria subclávia esquerda, o dueto torácico, o pulmão esquerdo e o nervo la- ríngeo recorrente esquerdo. O hiato esofágico fica acima e à esquerda do hiato aórtico, demarcado pelos pilares musculares à direita e à esquerda do esôfagó, que geralmente são originados do pilar direito do diafragma. A membrana frenoesofágica fixa o anel muscular ao esôfago. c -Vascularização O esôfago cervical recebe sangue da artéria tireóidea su- perior, bem como da artéria tireóidea inferior (ramo do tronco tireocervical, que, por sua vez, é ramo da artéria subclávia). O principal suprimento sangüíneo do esôfago torácico é feito por 4 a 6 artérias esofágicas aórticas, as quais são su- plementadas por colaterais das artérias tireóideas inferiores, intercostais, brônquicas, frênica inferior e gástrica esquerda. O esôfago abdominal recebe irrigação a partir das artérias gástrica esquerda e frênica inferior. A drenagem venosa do esôfago ocorre nos 2/3 superio- res para veias do sistema cava via veias ázigos, hemiázigos e ázigos acessória, e no terço inferior, para o sistema porta. Há uma extensa rede de anastomoses entre as veias esofágicas superiores e inferiores. A submucosa tem importante plexo venoso que se comunica com vasos periesofágicos. Na hipertensão portal, o shunt venoso principal é extra- parietal, enquanto o plexo submucoso forma as varizes de esôfago. A drenagem venosa segue a distribuição das artérias, des- tacando-se as veias tireóideas inferiores, ázigos e hemiázigos ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ESÔFAGO (esôfago torácico), veia gástrica esquerda e veia frênica infe- rior (que desemboca na supra-renal ou na cava inferior). Na drenagem linfática, os vasos correm longitudinalmen- te na submucosa antes de penetrar na muscular para atingir linfonodos regionais. Portanto, é possível ocorrer metástase a distância no próprio esôfago de tumores nele localizados.A rede linfática do esôfago é muito rica e com muitas anas- tomoses conectando a rede linfática desse órgão à faringe e ao estômago. O fluxo de linfáticos dos 2/3 superiores tende a ser no sen- tido superior, enquanto no terço distal tende a ser no sentido inferior. No entanto, todos os linfáticos intercomunicam-se, podendo haver padrões diferentes de disseminação linfática de tumores. Os principais grupos de linfonodos regionais são: do esôfa- go cervical, as cadeias jugular interna, paratraqueais e supra- claviculares; do esôfago torácico, as cadeias paraesofágica, me- diastinal posterior, intercostais, traqueais, subcarinais e hilares; e do esôfago abdominal, as cadeias para-aórticas e celíacas. o - Inervação A inervação intrínseca é formada pelos plexos de Meis- sner e Auerbach, localizados, respectivamente, na submu- cosa e entre as camadas musculares do esôfago. A inervação extrínseca é derivada do IX, X e XI pares de nervos cranianos com atividade simpática e parassimpática. Os nervos vagos direito e esquerdo formam o plexo parae- sofágico abaixo da carina. Esse plexo forma os troncos vagais anterior e posterior ao esôfago, que se dirigem ao hiato eso- fágico. A posição do nervo vago sobre o esôfago resulta de um crescimento desigual da grande curvatura do estômago em relação à pequena curvatura, com conseqüente rotação do nervo vago esquerdo anteriormente e do direito poste- riormente. O plexo vagal conecta-se a ramos cervicais, mediastinais e abdominais superiores de origem simpática. Nervos esplêni- cos suprem a extremidade distal do esôfago. 2. Fisiologia A - Introdução A principal função do esôfago é relacionada à sua motili- dade, tendo em vista que não possui grande função secretora ou absortiva. O esôfago possui 2 esfíncteres que se mantêm contraídos e relaxam em resposta a estímulos específicos, o esfíncter supe- rior do esôfago (ESE)e o esfíncter inferior do esôfago (ElE). O ESE,anatõmico, impede que o ar entre na via digestiva durante a respiração e o refluxo do material esofágico para a orofaringe. Já o ElE, fisiológico, é o principal responsável pela contensão do refluxo gastroesofágico. B - Deglutição O mecanismo de deglutição, presente em fetos a partir da 12~ semana, é dividido didaticamente em 2 fases: a) Fasevoluntária da deglutição: também conhecida como peristalse primária, é de controle voluntário, envolvendo mus- culatura estriada. Inicia-se com a língua forçando o bolo ali- mentar contra o palato duro, o que acaba impulsionando-o posteriormente. O contato do bolo alimentar com a faringe, a base da língua e o palato mole dão origem a estímulos reflexos para o desencadeamento da deglutição. A partir desse mo- mento, o processo de deglutição se torna involuntário. b) Fase faríngea da deglutição (peristalse secundária): gerada por distensão ou irritação, começa após os estímulos nervosos originados com a propulsão do bolo alimentar em di- reção à faringe. O palato mole é empurrado em direção à parte posterior das narinas, o que impede o refluxo alimentar para as cavidades nasais. As pregas palatofaríngeas aproximam-se e impedem a passagem de sólidos com grande volume. Um importante mecanismo protege as vias aéreas de des- vio alimentar: as cordas vocais aproximam-se estreitamente, e a laringe é puxada para cima e anteriormente pelos mús- culos do pescoço; simultaneamente, a epiglote é empurrada para trás. Estes fatores, em conjunto, impedem a progressão' do alimento para a traquéia. O ESErelaxa, a respiração é blo- queada, a musculatura faríngea se contrai e a epiglote vai para baixo, direcionando o bolo alimentar para o esôfago. Quando o bolo alimentar ultrapassa o ESE(que permane- ce aberto por volta de 0,5 segundo) inicia-se a onda peristálti- ca. O ESEmantém pressão de repouso em torno de 100mmHg e é representado basicamente pelo músculo cricofaríngeo. A onda peristáltica começa no ESE, propagando-se pela mus- culatura estriada e posteriormente para a lisa até a transição esôfago-gástrica. Não há interrupção nesse processo. O padrão clássico de atividade motora coordenada é ini- ciado no ato da deglutição (peristalse primária), quando o bolo alimentar chega ao esôfago a partir da contração farín- gea. No esôfago, as contrações coordenadas vão se tornando involuntárias e empurram o bolo alimentar pelo corpo esofá- gico até o ElE, o qual relaxa (processo de calásía), permitindo a passagem do alimento ao estômago. A onda de contração secundária também tem caráter coordenado e progressivo, mas, diferentemente da onda primária (desencadeada pela deglutição), é estimulada por receptores localizados no corpo esofágico que detectam a presença de alimento não "empurrado" para o estômago. Além das ondas de contração primária e secundária que são fisiológicas, existem as terciárias, que não têm caráter peris- táltico, ou seja, são contrações incoordenadas ou simultâne- as do corpo esofágico. O ElE tem pressão de repouso de 20mmHg e só relaxa no momento da passagem alimentar. Na deglutição, a pressão MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA do ElE cai por 2 segundos e permanece baixa por cerca de 8 segundos, até o fim da contração peristáltica do corpo eso- fágico. Quadro 1-Fatores que influenciam a contração do ElE Fator I Relaxa I Diminui Hormônio Gastrina, motilina e subs- Secretina, glucagon, co- tância P lecistoquinina e somatos- tatina Neuro- Alfa-adrenérgico ago- Alfa-adrenérgicos antago- transmis- nistas, nistas, beta-adrenérgicos sores beta-adrenérgicos anta- agonistas e gonistas e colinérgicos antagonistas colinérgicos agonistas Alimentos Protéicos Gordura, álcool Outros Histamina, antiácidos, Fumo, gestação, cafeína, procinéticos e prostaglan- prostaglandina E2 e EI, dinas F2 morfina e bloqueadores de canais de cálcio iMedcel
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