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5 Câncer de esô ti· l y Pontos essenciais: - Diferenciação entre carcinoma epidermóide e adenocar- cinoma; - Fatores de risco de cada tipo histológico; - Tratamento cirúrgico. 1. Incidência o câncer de esôfago é mais freqüente no sexo-masculino, em idosos, e predominante entre a 5ª e a 7ª décadas de vida, Está relacionado ao baixo nível socioeconômico. Os países com índices maiores são China, Irã e África do Sul. No Brasil, a incidência é semelhante às do Japão e Inglaterra, e é maior no Rio Grande do Sul. A incidência tem aumentado notada- mente nos últimos anos. 2. Etiopatogenia Neste item, coexistem 2 aspectos: os fatores de risco e os grupos de risco. Dentre os primeiros, ou seja, fatores agres- sivos e pró-carcinógenos que atuam na mucosa esofágica, destacamos o tabagismo eo etilismo. O Risco Relativo (RR) relatado para o etilismo é 2,4 e, para o tabagismo, 2,3; para os usuários de ambos, o RR sobe para mais de 20. Outros fatores, como a ingestão de compostos nitrosos, sílica e de alimentos contaminados por fungos também são conhecidos. Vale destacar que os tumores de cabeça e de pescoço e as neoplasias do trato respiratório sofrem igual- mente os efeitos do tabagismo, e estão presentes de forma sincrônica em até 18% dos casos de câncer de esôfago. Dentre os grupos de risco, destacamos o megaesôfago, com incidência de 2 a 7% de câncer de esôfago associado, com tempo médio de diagnóstico de 9,8 anos; a estenose cáustica, com tempo médio de diagnóstico de neoplasia após 35 anos de ingestão; o esôfago de Barrett, relacionado prin- cipalmente com o desenvolvimento do adenocarcinoma da cárdia. A participação da DRGE como fator predisponente é discutível. Outras afecções predisponentes são os divertículos eso- fágicos, tilose (hiperceratose palmoplantar - única síndrome genética comprovadamente associada ao câncer de esôfago), a síndrome de Plummer-Vinson, leucoplasia, divertículos eso- fágicos, mucosa gástrica ectópica. Essas patologias são infre- qüentes e, portanto, raramente associadas às neoplasias. Não há relação entre o grau de dilatação esofágica e o surgirnento. de neoplasia, assim como a cardiomiectomia não extingue o risco de surgimento de câncer nos portadores de megaesôfa- go. Na estenose cáustica do esôfago, a exclusão do trânsito alimentar com manutenção desse órgão não parece prevenir o surgimento de câncer. Figura 1 - Carcinoma de esôfago associado a megaesôfago avançado - MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA 3. Anatomia patológica Figura 2 - Carcinoma espinocelular do esôfago médio: peça cirúrgica Figura 3 - Adenocarcinoma da transição esôfago-gástrica: peça ci- rúrgica Até algum tempo atrás, o carcinoma epidermóide, também conhecido como Carcinoma Espinocelular (CEC)era considera- do o tipo mais comum, ocorrendo em 90% dos casos. Entre- tanto, estudos americanos recentes têm apontado uma inci- dência semelhante entre ele e o adenocarcinoma. Este, que geralmente ocorre em associação com o epitélio de Barrett, representa o 2º tipo mais freqüente. Nos EUA, o adenocarcino- ma já é o tipo histológico mais comum de câncer de esôfago. O carcinoma epidermóide pode ser classificado em 4 graus, de acordo com o percentual de células diferenciadas: - Grau 1- mais que 75%; - Grau 2 - entre 50 e 75%; - Grau 3 - entre 25 e 50%; - Grau 4 - menos que 25%. iMedcel Quanto à localização, o principal sítio de ocorrência do CECde esôfago é no terço médio, com mais de 50% dos casos, seguido por esôfago inferior e, por último, esôfago cervical. É importante realçar que as áreas de estreitamento anatômico são especial- mente suscetíveis. É notório o comportamento biológico agressivo desse tu- mor; infiltrando localmente, acometendo gânglios linfáticos ad- jacentes ou metastatizando amplamente via hematogênica. A ausência de serosa favorece a disseminação local do tumor. Por contigüidade, ocorre a invasão da árvore traqueobrônquica da aorta e do pericárdio, que são os principais fatores de ir- ressecabilidade. A disseminação por continuidade é marcante nesse tipo de tumor e pode ocorrer pela submucosa d~ forma não vi- sível macroscopicamente. Assim, nas ressecções esofágicas, não se admitem margens com menos de 10cm na cirurgia com intenção curativa. A disseminação linfática é freqüente, e ocorre mesmo em fases precoces em que a invasão na parede esofágica ultra- passa a camada muscular da mucosa. A extensa drenagem linfática mediastinal com comunicação com as cadeias abdo- minais e cervicais confere ao tumor de esôfago um alto poder de disseminação para esses 3 sítios, independentemente da localização. Pela via hematogênica, a disseminação é mais tardia e ge- ralmente indica fase final da doença. Os órgãos mais acometi- dos são o fígado (30%), os pulmões e os ossos. 4. Diagnóstico A - Quadro clínico O principal sintoma é a disfagia. Porém, em geral, os sin- tomas só se manifestam em fases avançadas da doença. A disfagia aparece quando pelo menos 2/3 da luz esofágica está obliterada pelo tumor. A partir de então, o sintoma evolui ra- pidamente, desde disfagia para sólidos até a completa impos- sibilidade de ingestão alimentar. Outros sintomas bastante comuns são a perda de peso pela desnutrição e pelo próprio quadro tumoral, dor torácica e regurgitação. Além disso, sintomas decorrentes de invasão de estrutu- ras adjacentes podem estar presentes, tais como rouquidão (pelo acometimento tumoral do nervo laríngeo recorrente), fístula traqueobrônquica (tosse com expectoração produtiva) e síndrome de Claude-Bernard-Horner (pela invasão do gân- glio estrelado). Esses eventos descrevem a fase avançada da doença. B - Exame físico O mais comum é a visível desnutrição (fase avançada) e a palpação de linfonodos na região axilar, supraclavicular ou cervical (também em fases avançadas). iMedcel ~ CÂNCER DE ESÔFAGO \!-~--- c - EED D-EDA Tem como finalidades o diagnóstico, a localização e a avaliação da extensão da doença e estudo do estômago e duodeno para o planejamento cirúrgico. Os tumores avan- çados são facilmente detectados, e as anormalidades do exame são representadas por rigidez da parede, úlceras, massas vegetantes (falhas de enchimento abruptas) e esta- se com dilatação a montante. Pode-se comprovar, a partir do EED, a presença de even- tuais fístulas esôfago-brônquicas ou esôfago-mediastinais. O EED com duplo contraste (ar + bário) pode detectar tumores de até lcm de diâmetro. Retrações e alterações de eixo do esôfago, determinadas por fixações em estru- turas vizinhas, também podem ser observadas nesse tipo de exame. Figura 4 - Radiografia contrastada do esôfago demonstrando aspec- to vegetante (A) e serrilhado (B) Figura 5 - Radiografia contrastada do esôfago demonstrando aspec- to espiralado (e) e afunilado (O) Figura 6 - EOAmostrando irregularidade da mucosa esofágica, con- firmada como eEe após biópsia A endoscopia digestiva alta (EDA) tem a finalidade de ob- servar a lesão e nos dá a possibilidade de realizar biópsia. Se o tumor não for obstrutivo, poder-se-à avaliar a extensão da lesão, bem como se há lesões sincrônicas. Outra função da endoscopia é a orientação à passagem de Sonda Nasoenteral (SNE) para a nutrição do paciente. É de extrema importância no diagnóstico, principalmente nas lesões superficiais assintomáticas, o uso de lugol 3% ou de azul de toluidina 2% (cromoscopia), pois aumentam a sen- sibilidade do exame. Além da importância no diagnóstico do tumor de esôfago, a EDA é fundamental no seguimento de pacientes de risco (portadores de megaesôfago, estenose cáustica ou Barrett). 5. Avaliação da disseminação neoplásica A - Raio x simples de tórax Avalia a presença de metástases pulmonares, desvios de traquéia ou massasmediastinais. B - USG de abdome É útil na detecção de metástases hepáticas e linfa- denomegalias celíacas e cervicais. c - Ultra-som endoscópico Permite a avaliação mais precisa da invasão tumoral na parede do esôfago. É especialmente útil na avaliação de le- sões precoces, mas também para a identificação de linfono- dos mediastinais. , MEDCEL- PRINCIPAISTEMASEM GASTROENTEROLOGIA o - Tomografia Computadorizada (Te) de tórax e abdome superior Figura 7 - Te de tórax mostrando grande imagem tumoral no esõ- fago torácico Abrange desde a região cervical até o nível supra-umbilical do abdome. Serve para avaliar o comprometimento de estru- turas vizinhas, a disseminação ganglionar e a presença de me- tástases pulmonares e hepáticas. É um exame bastante útil no diagnóstico, mas sobretudo no estadiamento. Em muitos aspectos, é superior ao ultra-som. E - Ressonância Nuclear Magnética (RNM) Apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes à TC, porém possibilita avaliação em incidências diferenciadas de cortes além dos cortes axiais da Te. F - Broncoscopia É formalmente indicada para estadiamento nos tumores de terço médio e proximal à procura de doença invasiva, sin- crônica e/ou metacrônica. 6. Diagnóstico diferencial É feito com outras afecções que causam disfagia. A - Estenose por refluxo Ocorre disfagia em menos de 10% dos portadores de DRGE. A disfagia, geralmente, é lenta, progressiva e referida junto ao apêndice xifóide. B - Megaesôfago Disfagia com as mesmas características da estenose por refluxo. Os dados epidemiológicos e os achados de EEDe EDA fazem o diagnóstico. - iMedcel c - Divertículo faringoesofágico Pacientes de idade avançada com disfagia alta que se acentua durante a ingestão. Tem, como sintomas conco- mitantes, abaulamento cervical durante a refeição e regur- gitação. O EEDfaz o diagnóstico. 7. Estadiamento O estadiamento dos tumores esofágicos segue os critérios da UICC (classificação TNM). O estadiamento clínico dos tumores do esôfago é feito a fim de diagnosticar a lesão e determinar a extensão da do- ença seguindo o conhecimento das suas vias de dissemina- ção. Nesse sentido, a endoscopia e o EEQsão fundamentais e complementares, assim como a TC do tórax e de abdome superior e o raio x de tórax. O ultra-som cervical pode ser aplicado, assim como o ultra-som abdominal em substituição ao TC de abdome. O ultra-som endoscópico, devido à sua pouca disponibili- dade, é usado em lesões mais precoces, e a broncoscopia é empregada para confirmação de invasão de árvore respirató- ria na suspeita clínico-radiológica. Quadros 1 e 2 - Classificação TNM e estadiamento para tumores do esôfago T Tumor primário Tis Carcinoma in situ Tl Tumor invadindo lâmina própria ou submucosa T2 Tumor invadindo a muscular própria 13 Tumor invadindo a adventícia T4 Tumor invadindo estruturas adjacentes Tqq Qualquer tipo de invasão tumoral N Linfonodos regionais Nl Linfonodos regionais comprometidos Nqq Qualquer tipo de comprometimento linfonodal M Metástases a distância Mo Semmetástases a distância Ml Com metástases a distância ou linfonodos não-regionais Estadio O Tis, NO,MO Estadio I ri. NO,MO Estadio lia T2, NO,MO 13, NO,MO Estadio Ilb ri. Nl, MO T2, Nl, MO Estadio 111 T3, Nl, MO T4, Nqq, MO Estadio IV Tqq, Nqq, Ml 8. Tratamento O câncer de esôfago é uma afecção de tratamento multidis- ciplinar, envolvendo cirurgia, químio e radioterapia. A cirurgia pode se dividir em 2 tipos: radical e paliativa, de acordo com o estadiamento da lesão e as condições gerais do paciente. iMedcel CÂNCER DE ESÔFAGO A - Medidas pré-operatórias Consistem, basicamente, em tentar melhorar o estado ge- ral e nutricional dos portadores desse tumor, considerando- se, também, as afecções respiratórias freqüentemente asso- ciadas. Tais afecções decorrem dos quadros obstrutivos do esôfago e também do tabagismo, presente em grande parte dos enfermos. O aspecto nutricional é de fundamental importância. Levando-se em conta o baixo nível socioeconômico dos do- entes associado à diminuição da ingesta alimentar pela dis- fagia, o etilismo e o tabagismo crônicos, bem como o próprio estado catabólico desencadeado pela neoplasia, concluímos que a desnutrição pode ser considerada regra nos tumores de esôfago. O aporte nutricional adequado por meio de nu- trição parenteral prolongada ou, preferencialmente, por meio de nutrição enteral, ou ainda a associação de ambos, deve ser prioritário no preparo pré-operatório desses doentes. B - Ressecçõesradicais A esofagectomia é considerada uma cirurgia de grande porte, e o paciente deve apresentar condições clínicas para tal. As ressecções esofágicas são realizadas por via mista, ou seja, abdominal e torácica, torácica e cervical, abdominal e cervical sem toracotomia ou esofagectomia em 3 campos. A esofagectomia em 3 campos (com laparotomia, toraco- tomia e cervicotomia) representa opção de ampla dissecação do esôfago e dos linfonodos mediastinais, cervicais e abdo- minais, de tal forma que oferece a maior radicalidade possí- vel. Assim, os pacientes portadores de tumores ressecáveis de 1/3 médio com boas condições nutricionais e respiratórias são os principais candidatos a tal procedimento, lembrando que lesões mais precoces têm melhores resultados. A esofagectomia transmediastinal, ou seja, feita por meio de laparotomia, frenicotomia e cervicotomia (sem a necessi- dade de toracotomia) é uma opção cirúrgica bastante atra- ente, pois permite a ressecção do esôfago com linfadenec- tomia ampla da região abdominal e torácica até o nível da Carina, com a vantagem de poupar o doente da toracotomia e de suas conseqüências. É uma boa opção cirúrgica para as ressecções esofágicas por doenças benignas (megaesôfago, lesões cáusticas etc.) e nas neoplasias ressecáveis de 1/3 in- ferior e superior do esôfago. Além disso, a esofagectomia transmediastinal pode ser empregada nos pacientes com tumores de 1/3 médio, mas que, devido ao estado geral e nutricional, não suportariam uma toracotomia. A principal crítica a essa técnica consiste na ausência de radicalidade, pois não há visualização completa do tumor, o que dificulta a sua retirada em bloco e de estruturas adjacentes possivel- mente acometidas. Vale lembrar que existe uma opção intermediária entre a esofagectomia em 3 campos e a transmediastinal para a res- secção do tumor de 1/3 médio do esôfago: a esofagectomia em 3 campos com toracoscopia. Já a esofagectomia pelas vias abdominal e torácica (lvor- Lewis), que pode ser empregada para tumores de 1/3 distal e médio do esôfago, tem o inconveniente de manter uma anas- tomose esôfago-gástrica intratorácica, cuja fístula associada à mediastinite tem altos índices de mortalidade. É consensual que, nos casos de câncer do esôfago, in- dependentemente da situação, a ressecção total é a me- lhor opção terapêutica e deve, portanto, ser sempre uti- lizada. Nesse sentido, a esofagectomia por laparotomia e toracotomia tem o inconveniente de não se estender até o esôfago cervical, além dos problemas relacionados à anas- tomose intratorácica. O tipo preferencial de anastomose é a esôfago-gástrica cervical, que, apesar de apresentar fís- tula em até 15% dos casos, tem mortalidade quase nula. Em qualquer técnica empregada, a reconstrução do trân- sito deve ser o mais simples e eficaz possível. Assim, os prin- cípios a serem respeitados são anastomose sem tensão (com- primento adequado do órgão interposto), boa vascularização, disposição anatômica e capacidade funcional. Para a anastomose, tanto o cólon quanto o estômago po- dem ser utilizados. A esofagogastroplastia tem sido mais em- pregada pela facilidade do procedimento em relação à colo- plastia, pois necessita de apenas uma anastomose e dispensa o preparo de cólon. É importante saber que o órgão interpostopara a anasto- ' mose cervical pode ser passado pelo próprio leito de esôfago (com resultado funcional melhor), ou pela via retroesternal, que deixa o mediastino livre para a possível ação de radiote- rapia adjuvante, além de prevenir a disfagia numa possível recidiva local. Seja qual for a técnica cirúrgica utilizada, é obrigatória a piloromiotomia ou piloroplastia, a qual evita a obstrução pi- lórica pós-vagotomia. A sobrevida global para os tumores de esôfago em 5 anos é de, no máximo, 25%. Assim, questiona-se o uso de procedi- mentos mais ampliados para o tratamento dessa neoplasia. O estadiamento e o diagnóstico precoce da afecção selam o prognóstico e a evolução em longo prazo. O câncer de esôfa- go, geralmente, é diagnosticado em fases avançadas quando já representa doença sistêmica. Nos estágios mais avançados, a sobrevida chega, no máximo, a 10%. Melhores resultados dependem de diagnóstico precoce, seguimento dos grupos de risco, planejamento terapêutico individualizado e multi- disciplinar (com nutrólogos e radioterapeutas). c -Tratamento paliativo O planejamento terapêutico deve levar em conta o esta- diamento do tumor e as condições clínicas do doente. Considerando que a grande maioria dos tumores de esôfa- go é diagnostica da em fase tardia, muitos doentes não apre- sentam condições para tratamento radical; passa-se, então, ao objetivo da restauração paliativa da capacidade de degluti- ção ou de nutrição. A esofagectomia paliativa, ou seja, com a ---------- 11I MEDCEL - PRINCIPAIS TEMAS EM GASTROENTEROLOGIA permanência de tumor residual (ressecção "Ri" e "R2"), não é mais aceita como uma boa alternativa. Pacientes com lesão metastática têm baixa sobrevida (menos de 6 meses), e mes- mo naqueles com lesão localmente avançada sem metásta- se, existe alta morbimortalidade devido a este procedimento (~60% de complicações e mortalidade chegando a 10%). Uma alternativa para o alívio da disfagia é a químio asso- ciada à radioterapia, com controle e redução de massa tumo- ral. A principal complicação consiste na fístula traqueoesofá- gica; porém, esta pode ser tratada endoscopicamente. A gastroplastia ou coloplastia retroesternal sem a ressec- ção do tumor tem porte menor, mas ainda é de grande porte e com elevada morbimortalidade, devendo ser empregada em casos individualizados. A tunelização com prótese por endoscopia ou via cirúrgica é uma alternativa em casos muito avançados em que a pos- sibilidade de um procedimento cirúrgico maior é de extremo risco. Mesmo sendo um procedimento relativamente sim- ples, os índices de complicações ultrapassam 20% com mais de 10% de mortalidade. Além de não ser inócuo, oferece uma paliação insatisfatória da disfagia (não tem atividade motora) e não pode ser empregada em tumores de 1/3 proximal (até 20cm da arcada dentária superior - AOS), pois causa sensação de corpo estranho. Por outro lado, representa ótima opção para os casos de fístulas esôfago-brônquicas, com oclusão de até 80% dos casos. As "ostomias" são as últimas opções, já que oferecem péssima qualidade de vida ao enfermo. A gastrostomia é pre- ferível e mais fisiológica do que a jejunostomia, que é empre- gada na impossibilidade de se realizar aquela. A esofagosto- mia desvia o trânsito salivar. Por fim, restam os pacientes para quem não se pode ofe- recer nenhum método paliativo, já que até mesmo as "os- tomias" apresentam índices de complicação e mortalidade altos nesse tipo de doente. Figura 8 -Radiografia de tórax em perfil mostrando prótese esofági- ca (tipo de tunelização) - iMedcel o - Radioterapia (RT) É bastante empregada no tratamento das neoplasias de esôfago de várias maneiras, aliviando, inclusive, a disfagia em 80% dos pacientes. a) Pré-operatória (neoadjuvante): tem o intuito de dimi- nuir o estadiamento tumoral. b) Pós-operatória (adjuvante): tem a finalidade de com- plementar a cirurgia com o intuito de controlar a neoplasia ressecada paliativamente. c) Radioterapia exclusiva: como 1ª opção nos tumores de esôfago cervical, e nos pacientes impossibilitados de serem operados. Não se faz radioterapia em portadores ge fístula traqueo- esofágica e de próteses. Existem trabalhos que mostram re- sultados semelhantes se comparado ao uso de cirurgia e ra- dioterapia exclusivas no tratamento do CECde esôfago. E - Quimioterapia Como modalidade única, é a técnica menos eficaz para o tratamento. Como paliação, traz poucas e insignificantes me- lhoras. Sua principal atuação é no pré-operatório em conjun- to com a radioterapia para tratar micrometástases e reduzir o tamanho do tumor para melhorar os índices de ressecção. As drogas mais utilizadas são cisplatina e S-fluorouracil. F - Tratamento do adenocarcinoma da cárdia -Conceito: tumores situados nos Scm proximais ou dis- tais à cárdia anatômica. Tais tumores são estudados separadamente pela sua lo- calização anatômica peculiar e diferentes tratamentos. De- pendendo de sua localização e extensão (limitado a cárdia, extensão ao esôfago ou ao estômago), define-se o tratamen- to cirúrgico, que consiste em esofagectomia total + gastrec- tomia proximal, esofagectomia distal + gastrectomia total ou esofagogastrectomia. A linfadenectomia segue os preceitos da cirurgia oncoló- gica, ou seja, linfadenectomia ampla a 02.
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