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ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 1 1. CONCEITO Doença inflamatória crônica e intermitente das vias aéreas caracterizada por dispnéia, tosse, sibilos, obstrução variável e hiper-responsividade das vias aéreas. É crônica quando requer tratamento de manutenção. A crise asmática aguda é definida como uma exacerbação que requer tratamento de urgência e emergência. 2. MECANISMOS DA DOENÇA a) Fisiopatogenia A inflamação crônica das vias aéreas causa hiper-reatividade da musculatura lisa. A exposição a alérgenos, poeira, agentes químicos, infecções virais e outros fatores pode piorar o processo inflamatório e a contração muscular. Níveis séricos de IgE aumentam nestes pacientes indicando ativação crônica da atividade humoral. Padrão de resposta dos asmáticos: resposta imediata – inicio rápido e resolução em 1- 2h. resposta tardia – ocorre em 50% dos casos que tiveram resposta imediata, 3-12h depois, com desenvolvimento de hiper-responsividade e inflamação das vias aéreas. Eosinófilos: secretam mediadores inflamatórios que diminuem o calibre das vias aéreas, causam hiper-reatividade e hipersecreção de muco. Aumenta em 4-24h de exposição ao alérgeno e sua presença coincide com a resposta tardia. Neutrófilos: potencializam as crises de asma. Pacientes com asma podem sofrer um processo denominado remodelamento das vias aéreas causando inflamação crônica. Como consequência, o espessamento da parede das vias aéreas, aumento da vascularização e hiperplasia de células glandulares locais. b) Fatores desencadeantes Mais comum é infecção viral. Exposição a aeroalérgenos e mudanças climáticas também são fatores precipitantes de crise aguda de asma e podem desencadear uma crise asmática mais rapidamente. Infecções bacterianas, uso de algumas medicações, estresse emocional e exercício físico também podem causar exacerbação aguda da asma. 3. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO a) Anamnese Tríade clinica: dispnéia, opressão torácica e sibilância. b) Exame físico Importante para diagnóstico e avaliação da gravidade do episódio. Taquipnéia, geralmente >25ipm, com tempo expiratório prolongado em relação a tempo inspiratório (dispneia por obstrução de vias aéreas). Nos casos mais graves pode apresentar sinais de esforço ventilatório: tiragem intercostal, tiragem supraclavicular, batimento da asa do nariz, respiração abdominal. Esforço nítido na fase expiratória. Na crise asmática grave pode-se observar cianose central. Ausculta revela sibilos. Podem ser apenas expiratórios e geralmente são difusos. Roncos podem estar presentes se houver acumulo de muco. ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 2 Pulso paradoxal (redução exagerada da pressão sistólica na inspiração) ocorre na crise grave. O paciente pode ainda apresentar nesta situação a posição de tripé (sentado com os braços estendidos suportando o tórax). Exames laboratoriais: Eosinofilia e IgE sérico elevado. Raio – X de tórax para afastar complicações (pneumonia, pneumotórax). No asmático leve a radiografia é normal. No asmático moderado a grave a radiografia pode se apresentar com sinais de hiperinsuflação (semelhante ao DPOC). Exame de escarro: cristais de Charcot-Leiden; Espirais de Curschmam; Corpúsculos de Creola. 4. MANEJO DO PACIENTE AMBULATORIAL a) Exames complementares Prova de função pulmonar: confirmar diagnóstico e estratificar a gravidade da obstrução brônquica e a resposta a terapia. a) Espirometria: - VEF1,0 (volume expiratório forçado no primeiro segundo). Reduzido na crise asmática e aumenta após prova broncodilatadora. Quantificação da gravidade da doença (asma leve: VEF1,0 > 80% do previsto; asma moderada VEF1,0 60-80% do previsto; asma grave VEF1,0 <60% do previsto). VEF1,0 normal em adulto de 70kg deve estar em torno de 2 litros. - PFE (pico de fluxo expiratório). Utilizado para quantificar a gravidade da doença. Valores semelhantes ao VEF1,0. - CVF (capacidade vital forçada). Total de ar que sai dos pulmões após inspiração profunda seguida de expiração forçada. No asmático este parâmetro encontra-se reduzido. - VEF1,0/CVF (índice de Tiffenau). Reduzido na asma. Parâmetro de obstrução. Nas doenças restritivas ocorre diminuição do VEF1,0 e também da CVF. Com isso não se percebe alteração do índice. Já nas doenças obstrutivas o VEF1,0 se reduz mais que CVF alterando o índice. - FEF 25-75% (fluxo expiratório forçado entre 25-75% do ar expirado. b) Cálculo dos volumes pulmonares c) Capacidade de difusão do CO: Apresenta-se normal na asma e reduzido no DPOC do tipo enfisema pulmonar. d) Gasometria arterial: Alterada apenas na crise asmática Critérios diagnósticos: - Prova broncodilatadora positiva (espirometria mostrando VEF ≥ ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 3 200ml e ≥12% do valor pré-broncodilatação ou ≥200ml e ≥7% do valor previsto. - PEF (peak Flow) com variação ≥60l/min ou ≥20% em relação ao basal após inalação de um broncodilatador. b) Classificação da gravidade da asma ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 4 c) Tratamento baseado na gravidade - Beta-2-adrenérgico: - Curta duração (4-6h): fenoterol, salbutamol e terbutalina. - Longa duração (12h): formoterol, salmeterol Modo de ação: liga-se a receptor beta-2-adrenérgico, aumenta produção de adenilciclase e, consequentemente, de AMP cíclico, promovendo broncodilatação. - Corticóides inalatórios: Para redução da sintomatologia e do processo inflamatório. - Anticolinérgicos: -Curta duração (4-6h): brometo de ipratrópio -Longa duração (24h): tiotrópio Modo de ação: antagonismo aos receptores M1 e M3, impedindo broncoconstrição desencadeada pela acetilcolina. - Metilxantina: -Curta duração (8h): aminofilina -Longa duração (12h): teofilina Modo de ação: atua na adenilciclase, sem receptor específico. *Indicado para aqueles pacientes que não apresentam boa resposta aos medicamentos de 1ª escolha. d) Outras medicações - Bambuterol (beta-agonista de ação prolongada por via oral) - omalizumabe - imunoterapia específica com alérgenos 5. MANEJO DAS EXACERBAÇÕES AGUDAS DA ASMA a) Exames complementares na exacerbação - Radiografia de tórax, na suspeita de pneumonia, pneumotórax, derrame pleural. - Saturação de O2 deve ser verificada em todos os pacientes e se menor que 90%, deve-se prescrever oxigênio suplementar. Recomenda-se gasometria. ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 5 - Gasometria para pacientes com hipoventilação, desconforto respiratório importante, VEF1 ou PFR <30% do previsto. Paciente com PaCO2 >42 tem potencial de gravidade importante. PaCO2 ≥45 tem indicação de internação hospitalar em UTI. - Hemograma para pacientes febris e com expectoração purulenta. - ECG pode ser útil para pacientes com doença cardíaca, DPOC e aqueles com idade maior que 50 anos. b) Abordagem da crise na emergência ASMA BRÔNQUICA – TUTORIAL 02 RESUMO – BRUNO FARIAS SIMÕES Página 6
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