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PERCEPÇÃO DE PRATICANTES DE GINÁSTICA LABORAL SOBRE PARÂMETROS DE SAÚDE 
GERAL E RELACIONADA AO TRABALHO
Hyvnna Ribeiro Gomes¹, Lucas Lima Vieira1, Dieicy Maria Silva Vieira¹, 
Rosângela Gomes dos Santos1, Paula Matias Soares1
RESUMO
Graças ao avanço da tecnologia, várias empresas hoje fazem uso de computadores para controlar e 
armazenar dados. No entanto, funcionários de empresas que fazem uso frequente de computadores por um 
longo período durante a jornada de trabalho podem vir a desenvolver lesões por esforço repetitivo (LER), se 
o ambiente e condições de trabalho não forem adequados. Pensando nesses problemas, algumas empresas 
fazem uso de programas de prática de ginástica laboral no trabalho com a finalidade de diminuir lesões no 
trabalho e/ou aumentar o rendimento dos funcionários. O objetivo dessa pesquisa é verificar a percepção de 
digitadores que praticam a ginástica laboral sobre alguns parâmetros envolvendo a saúde geral e direcionada 
ao trabalho. Para este estudo, foi aplicado um questionário com 50 funcionários de uma empresa, que 
trabalham com computadores Os funcionários foram divididos em dois grupos, dos quais 25 praticavam 
ginástica laboral (Grupo Experimental) e 25 não praticavam ginástica laboral (Grupo Controle). O questionário 
foi composto por 13 questões objetivas referentes à percepção de dor, falta no trabalho, motivos que levaram 
a prática da ginástica laboral, entre outros. Os resultados mostraram que praticantes de ginástica laboral têm 
menos percepção quanto a dores (36% dos praticantes), melhor percepção quanto a própria postura (60% dos 
praticantes), menores sensações de desconforto durante o trabalho (36% dos praticantes) e menor quantidade 
de faltas (40% dos praticante). Conclui-se que a prática de ginástica laboral pode conduzir a uma percepção 
benéfica de sua execução tanto quando se considera parâmetros de saúde geral, como melhoria na percepção 
de dores, quanto relacionada ao trabalho, por exemplo, o absenteísmo por motivo de saúde.
Palavras-chave: Ginástica Laboral. Lesões. Digitadores.
PERCEPTION OF LABOR GYMNASTIC PRACTITIONERS ABOUT PARAMETERS OF GENERAL 
HEALTH AND WORK-RELATED
ABSTRACT 
Due to technological development, many companies nowadays make use of computers to control 
and store data. However, employees of companies who make frequent use of computers for a long period 
during the work day may acquire repetitive stress injuries, if the work environment and conditions are not 
adequate. With these problems in mind, many companies adopt the practice of labor gymnastic programs 
aiming to reduce injuries during work and/or increase the employees performance. The purpose of this study 
is to verify the perception of typists who practice labor gymnastics on some parameters of general health and 
work-related. For this study, a questionnaire was applied with 50 employees of a company who work with 
computers. The employees were divided in two groups, 25 of whom practice labor gymnastics (Experimental 
Group) and 25 who don’t practice labor gymnastics. The questionnaire consisted in 13 objective questions 
related to pain perceptions, absenteeism, reasons that led the employees of the experimental group to practice 
labor gymnastics, and other related questions. The results showed that labor gymnastics practitioners have 
less pain perception (36% of practitioners), better perception about their own posture (60% of practitioners), 
less discomfort feelings during work (36% of practitioners) and less absenteeism (40% of practitioners). it is 
concluded that the practice of labor gymnastic may lead to a beneficial perception of its execution not only 
when general health parameters are analyzed, such as improvements about pain perception, but also when 
related to work, for example the absenteeism due to health problems.
Keywords: Labor Gymnastics. Injuries. Data entry clerk.
INTRODUÇÃO
Atualmente, devido ao desenvolvimento tecnológico, diversas empresas tem otimizado sua 
produtividade. No entanto, esse desenvolvimento pode ter sido um dos fatores principais para o surgimento 
Recebido: 02/09/2012 Emitido parece: 02/10/2012 Artigo original
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de patologias relacionadas ao trabalho. Ambientes de trabalho não adaptados para a realização das devidas 
tarefas (LOPES, DOMINGOS, PERRELI, 2006) somada a cargas horárias excessivas pode vir a causar problemas 
à saúde (GALINSKY et al., 2007; NAKAZAWA et al., 2002) e redução do desempenho no trabalho. 
Com a informatização, várias empresas hoje adotam o uso de computadores para controle de dados 
em geral. O uso frequente de computadores por trabalhadores pode levar ao sedentarismo e a dores musculares 
nas costas, pescoço, mãos e ombro (GALINSKY et al., 2007; WAHLSTROM, 2005) bem como desenvolver 
lesões por esforço repetitivo. Klussmann et al. (2008) verificaram, em seu estudo realizado na Alemanha, que 
a maioria das queixas de dores são mais aparentes no pescoço e nos ombros do que nos pulsos e cotovelos. 
Nakazawa et al., (2002) averiguaram que a percepção subjetiva de sintomas físicos, mentais e relacionados a 
sonolência em pessoas que trabalham com computadores tendiam a agravar seus sintomas com a duração de 
mais de 5 horas de trabalho. Analisando esses problemas, pode-se especular que um dos agravantes é a falta 
de hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, onde a recomendação mínima para a manutenção 
de uma boa saúde é de atividades moderadas, cinco vezes na semana, por no mínimo trinta minutos diários 
contínuos ou não. (HASKELL et al., 2007).
Assim, surge a preocupação de empresas em adotar programas para a promoção da qualidade de 
vida do trabalhador no ambiente de trabalho. Uma das muitas ações dentro desses programas é a prática da 
atividade física através da ginástica laboral, o que pode trazer benefícios como prevenção de lesões, aumento 
da integração entre funcionários e aumento da produtividade pelos mesmos (ALVES, 2011). 
Os DORT ou Distúrbios Ósteo-musculares Relacionados ao Trabalho perderam, como o passar dos 
anos, caráter de ser uma patologia seletiva, ou melhor dizendo, de poucas categorias, para se tornar comum a 
todas. Manifesta-se com tal frequência que se tornou um problema de saúde pública e do trabalho em todos 
os países industrializados após a década de 50. A ginástica laboral pode ser definida como um conjunto de 
exercícios de relaxamento, alongamento e fortalecimento muscular, aplicada em departamentos ou setores de 
empresa com o objetivo de prevenir a chamada “ lesões por esforços repetitivos (LER)” e DORT (OLIVEIRA, 
2007).
Ginástica Laboral significa ginástica no trabalho e a primeira notícia que se encontra é uma pequena 
brochura editada na Polônia, em 1925, onde foi chamada de Ginástica de Pausa. Era destinada a operários e, 
alguns anos depois, surgiu na Holanda e na Rússia. No início dos anos 60 surgiu também na Bulgária, Alemanha, 
Suécia e Bélgica. No Japão, na década de 60, ocorreu a consolidação e obrigatoriedade da Ginástica Laboral 
Compensatória que consiste em ginástica realizada durante a jornada de trabalho que tem como objetivo a 
quebra do ritmo de trabalho. A ginástica laboral pode ser aplicada no trabalho, sendo praticada no início da 
jornada, para ativar fisiologicamente o organismo do praticante (Preparatória), durante o trabalho para aliviar 
a tensões musculares pelo uso excessivo daquele músculo, bem como prevenir fadigas e corrigir posturas 
(Compensatória), e também no final da jornada de trabalho para reduzir o estresse e aliviar tensões (MACIEL 
et al., 2005). Quanto ao tempo de prática deste tipo de trabalho, é sugerido de 10 a 15 minutos (MARTINS, 
2001, apud OLIVEIRA, 2007)
No entanto, alguns funcionários de empresas ainda encontram certa resistência quanto à implantação 
de programas de ginástica laboral emempresas. Mesmo conscientizados dos possíveis benefícios dessa prática, 
alguns justificam essa resistência com motivos relacionados a constrangimentos por exposição no momento 
da prática, por acharem indevido esse tipo de movimentação em momentos de trabalho, falta de crença nos 
resultados (SOARES, ASSUNÇÃO, LIMA, 2006), e possivelmente, pela falta de profissionais preparados para 
aplicação dessas aulas em detrimento de funcionários instruídos (RESENDE et al., 2007). Marshall (2004), 
buscando entender a implantação de programas de ginástica laboral, relatou que pesquisadores precisam 
achar um jeito criativo de identificar e avaliar estratégias de recrutamento de empregados para maximizar e 
sustentar a participação deles nos programas de longo prazo.
O objetivo dessa pesquisa é verificar a percepção de digitadores que praticam a ginástica laboral sobre 
alguns parâmetros envolvendo a saúde geral e direcionada ao trabalho.
METODOLOGIA
Esta pesquisa é descritiva, utilizando uma abordagem quantitativa. Neste tipo de estudo o procedimento 
para a obtenção dos dados foi a aplicação de um questionário baseado na pesquisa de satisfação feita pela 
empresa SESI/CE – “Ginástica na Empresa” e os resultados obtidos foram expressos em forma de percentual. 
O questionário foi composto por 13 questões objetivas das quais buscavam coletar dados gerais sobre os 
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participantes, relato de dores durante a jornada de trabalho, faltas no trabalho, sensação de desconforto 
durante o trabalho, percepção própria da postura frente ao computador, benefícios percebidos com a prática 
da ginástica laboral, motivos principais que levaram o participante a praticar a ginástica laboral, e outros fatores 
relacionados ao trabalho. Dentre todas as perguntas, apenas em duas os participantes poderiam marcar mais 
de uma resposta. Todos os participantes também assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido 
para participar como amostra da pesquisa e nenhuma das pessoas precisou se identificar no questionário.
A amostra alvo deste estudo foi funcionários da empresa de telefonia móvel TIM Celular S.A. no Bairro 
Dionísio Torres, Fortaleza-CE, que utilizam o computador para o desempenho de suas funções. Para a coleta 
dos dados e conclusão geral dos estudos, foram questionados atendentes que praticavam (Grupo Experimental) 
ou não (Grupo Controle) a Ginástica Laboral em sua jornada de trabalho. Foi utilizada uma amostra de pessoas 
com faixa etária acima de 18 anos, independente do sexo e/ou manifestações clínicas e uma quantidade de 50 
(cinquenta) atendentes, sendo 25 praticantes e 25 não praticantes do programa de ginástica laboral. 
Qualquer atendente que trabalhou no horário da manhã e/ou da tarde, no dia determinado para 
aplicação dos questionários, pode participar do estudo na condição de ter como função laboral a utilização 
do computador, sendo necessário que não estivesse afastado de suas funções e que quisesse participar 
voluntariamente após o convite.
RESULTADOS
Das 50 pessoas convidadas, todas responderam e devolveram os questionários respondidos por 
completo. Segundo as respostas dos praticantes, pode-se perceber que a ginástica laboral, de um modo geral, 
contribuiu para a aquisição de benefícios em relação a saúde dos trabalhadores.
Analisando as respostas, verificou-se que a percepção quanto à diminuição e prevenção de dores foi 
maior nos praticantes de ginástica laboral, já que 64% dos funcionários que a praticavam, não se queixaram 
de dores em nenhuma articulação e 76% dos funcionários que não a praticavam se queixaram de dor em 
alguma articulação, como mostra o Gráfico 1.
Analisando as respostas relacionadas à postura, pode-se perceber que existe uma pequena diferença 
entre os resultados de quem pratica e não pratica a ginástica, onde 60% dos participantes praticantes de 
ginástica laboral consideraram sua postura perante o computador boa, em contraste com 32% dos que não 
participavam do programa de ginástica laboral conforme mostra o Gráfico 2.
Gráfico 1. Distribuição percentual da amostra quanto sua percepção de dores corporais em praticantes e não 
praticantes de ginástica laboral.
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Gráfico 4. Distribuição percentual da amostra com relação a faltas ao trabalho.
Foi averiguada também a percepção quanto ao conforto e desconforto durante a jornada de trabalho. 
Dos funcionários que não praticavam a ginástica laboral, 84% relataram que sentem desconforto durante 
sua jornada, já os usuários do programa de ginástica laboral, apenas 36% mencionaram sentir algum tipo de 
desconforto durante as seis horas em que passam trabalhando, como mostra o Gráfico 3. Este último percentual 
pode ter relação com absenteísmo dos participantes à prática da ginástica laboral, mencionado pela amostra.
Dos funcionários que praticavam regularmente a ginástica, 60% nunca faltou ao trabalho, o mesmo não pode 
ser afirmado para os que não praticavam, pois 64% já faltou ao trabalho por algum motivo, como mostra o 
Gráfico 4.
 Gráfico 3. Distribuição percentual da amostra quanto sua percepção de desconforto durante a jornada de 
trabalho.
Gráfico 2. Distribuição percentual da amostra quanto sua percepção frente a postura diante do computador.
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Analisando os motivos que levaram a fazer ginástica laboral, obtiveram-se os seguintes resultados: 
relaxamento e a descontração dentro do horário de trabalho, com indicação de 68%; seguido pela movimentação 
do corpo, com 52%; interação e conversa com os colegas de trabalho, com 48% de indicações ficou a 
prevenção de doenças, com 44% de indicações como principais motivos. No questionário, foram colocados 
nove motivos (relaxamento e descontração no horário de trabalho, interagir e conversar com os colegas de 
trabalho, movimentar o corpo, prevenir doenças, alterar a rotina de trabalho, adquirir maior disposição para 
realizar o trabalho, reduzir as dores localizadas, fazer pausas no trabalho, receber informações sobre saúde 
e qualidade vida), no entanto, estes foram os quatro mais escolhidos pelos funcionários da empresa que 
praticavam a ginástica laboral como mostra o Gráfico 5.
Gráfico 5. Distribuição percentual dos motivos mais citados pelos praticantes de ginástica laboral para sua 
execução.
Por último, verificou-se ainda os benefícios percebidos pelos praticantes da prática da atividade em 
questão. Foram mencionados os seguintes benefícios, seguidos de seus percentuais: melhoria das condições 
de saúde, com 80%; aumento da disposição para o trabalho no dia a dia, com 79%; melhoria da relação com 
os colegas, com 78%; melhoria no desempenho de suas funções no trabalho, com 76%; controlar o estresse, 
com 64%; melhoria das relações com a empresa, com 30% e valorização pela empresa, com 25% de escolha 
como mostra a tabela 1.
Tabela 1. Benefícios percebidos com a prática da ginástica laboral.
Melhorias percebidas Porcentagem
Melhoria nas condições de saúde 80%
Aumento para a disposição no trabalho 79%
Melhoria das relações com os colegas 78%
Melhoria do desempenho e de suas funções no trabalho 76%
Controle do estresse 64%
Melhoria das relações com a empresa 30%
Valorização pela empresa 25%
DISCUSSÃO
 No presente estudo, feito com digitadores da TIM Celular S/A, pode-se verificar que a percepção de 
saúde geral dos digitadores quanto à prática da ginástica laboral é maior do que a dos que não a praticam. 
Foi verificado a melhorias principalmente quanto à percepção de dor e de faltas ao trabalho. Esse estudo dá 
suporte a outros trabalhos feitos com objetivos semelhantes: verificar benefícios no trabalho com a prática da 
ginástica laboral. 
No estudo de Galinskyet al., (2007), pausas suplementares de cinco minutos a cada hora de trabalho 
ajudaram a diminuir o cansaço visual e sensação de dores musculares. Porém, ainda no mesmo estudo, eles 
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verificaram que um programa de alongamentos durante essas pausas não contribuiu para redução das dores 
musculares e nem melhorou o desempenho no trabalho.
Dando suporte em certos pontos da pesquisa feita, Eriksen et al., (2002) observou que pessoas que 
participaram de um programa no trabalho contendo exercícios aeróbicos, tiveram uma melhor percepção 
quanto à saúde, ambiente de trabalho e capacidade física, no entanto não notaram diferença no stress do 
trabalho, queixas de saúde subjetiva e nem diminuição de faltas no trabalho.
O estudo de Grande et al., (2011) também corrobora com as respostas benéficas da ginástica laboral 
principalmente para o estímulo da prática de atividade física fora do trabalho. Em seu estudo foi verificado que 
homens e mulheres participantes de ginástica laboral possuem menor inatividade física no seu momento de lazer 
e menor percepção negativa do estresse e sono, no entanto, a percepção negativa da saúde foi semelhante entre 
participantes e não-participantes. Godim et al., (2009) e Souza e Joia (2006), em suas pesquisas, verificaram 
que a ginástica laboral pode melhorar a condição psicológica com o aumento da autoconfiança e autoestima 
e por consequência aumentar a produtividade da empresa e aumento no desempenho no trabalho, no entanto 
os grupos amostrais eram reduzidos. Bergamaschi, Deutsch e Ferreira (2002) verificaram que o programa de 
ginástica laboral durante dezesseis semanas pode trazer benefícios físicos (diminuição da percepção de dores), 
diminuição do estresse mental, melhoria do humor, e motivação social aos seus praticantes. Santos et al., 
(2007) e Ferracini e Valente (2010) também verificaram melhoras quanto às dores musculares com pessoas 
praticantes de ginástica laboral. Martins e Barreto (2007) verificaram até mesmo o aumento de flexibilidade com 
um programa de ginástica laboral feito no período de 2002 a 2005. Corroborando com os estudos previamente 
citados, Reis, Moro e Contijo (2003) através da implantação de um programa de seis meses de ginástica laboral 
compensatória com mulheres portadoras de lombalgia, relataram aumento significativo na flexibilidade de 
membros inferiores, bem como a redução de relatos relacionado a dores e a diminuição de faltas no trabalho. 
Melhorias relacionadas a coordenação motora fina tambem foram relatadas em praticantes de exercício físico 
durante o trabalho (MEZZOMO, CONTREIRA e CORAZZA, 2010)
Empresas tem visado o uso da ginástica laboral não só objetivando a diminuição do absenteísmo, 
mas também o aumento da produtividade advinda dos benefícios que a mesma possa proporcionar. Martins e 
Michels (2003) expõem empresas a quais conseguiram bons resultados com a adoção de programas de saúde 
do trabalhador, o qual a ginástica laboral se encontra incluída.
Apesar de evidências apontarem benefícios para o funcionário com a prática de exercícios durante o 
trabalho, a mesma muitas vezes pode não atingir as recomendações necessárias para manter uma boa saúde 
(HASKELL et al., 2007). Em contra partida, participantes de programas de ginástica laboral possuem maior 
motivação para a prática de exercícios fora do ambiente de trabalho, sendo essa uma ferramenta eficaz para 
combater o sedentarismo (CANDOTTI et al., 2011)
A literatura ainda carece de estudos que apresentem dados bioquímicos a respeito da prática da ginástica 
laboral. Todavia, horas de trabalho excessivas podem ser consideradas estímulos estressores do organismo 
humano e os mesmos podem causar alterações hormonais. Oliveira e Silva (2008) investigaram alterações nos 
níveis de cortisol em funcionários que faziam intervalos passivos (sem atividade física) ou ativos (com a prática 
de atividade física) durante o trabalho. Apesar da ausência de resultados significativos (devido ao tamanho da 
amostra), houve tendência à diminuição dos níveis de cortisol no grupo praticante de intervalos ativos.
Por outro lado, vários estudos dizem que ainda não se tem evidências concretas sobre os benefícios, 
visto que muitos estudos acabam não levando em consideração a organização do trabalho e expõem resultados 
independentes do contexto em que se coloca esse problema (SOARES, ASSUNÇÃO, LIMA, 2006). Em outros 
estudos de revisão não foram encontradas evidencias suficientes que o exercícios e alongamento durante pausas 
pudessem melhorar desconfortos apontado por trabalhadores no seu ambiente de trabalho (BREWER et al., 
2006), além de não existir evidências concretas quanto a efetividade da ginástica laboral quanto a prevenção 
da LER/DORT (MACIEL et al., 2005).
Percebe-se, portanto, que seria precipitado ainda, julgar a prática de ginástica laboral como um meio 
efetivo de atingir melhorias físicas, psicológicas e relacionadas ao rendimento no trabalho.
Apesar de a presente pesquisa dar suporte aos estudos que apoiam os efeitos benéficos da prática, deve-
se levar em consideração o tamanho da amostra, análise da saúde por percepção e falta de monitoramento de 
atividades dentro e fora do trabalho, fazendo assim necessários mais estudos a respeito do tema. De um modo 
geral, para a implantação de um programa de ginástica laboral eficiente, deve se levar em consideração o tempo 
da prática, o profissional que irá ministrar as aulas, pois a implantação feita apenas por um funcionário pode 
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vir a comprometer os resultados da prática (RESENDE et al., 2007), e principalmente, levar em consideração 
a ergonomia do ambiente de trabalho. (KETOLA et al., 2002).
CONCLUSÃO
A prática de ginástica laboral pode conduzir a uma percepção benéfica de sua execução tanto quando 
se considera parâmetros de saúde geral, como melhoria na percepção de dores, como quando relacionada ao 
trabalho, por exemplo, o absenteísmo por motivo de saúde.
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Bairro Aldeota
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