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* * * * Crimes contra a Pessoa * * Cap. I – Dos crimes contra a Vida Art. 121 – Homicídio Art. 122 – Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio Art. 123 – Infanticídio Arts. 124 a 128 - Aborto * * Homicídio Simples Conceito “É a eliminação ou destruição da vida humana por outra pessoa.” (Direito Penal, Parte Especial – vol.2. Fernando de Almeida Pedroso, Método, 2008, p. 53) Homicídio condicionado : É o homicídio simples quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Recebe essa denominação da doutrina porque é aquele em que é necessário o reconhecimento da existência dessa circunstância, para se reconhecer o caráter hediondo do ilícito. * * Objetividade jurídica Vida Humana extra-uterina. Pouco importa a vitalidade ou aparência humana : a supressão de minutos da vida de um condenado à morte ou de um agonizante configura homicídio. * * Sujeito Ativo e Sujeito Passivo Sujeito Ativo : qualquer pessoa (crime comum). Sujeito Passivo : qualquer pessoa com vida. (*) quando se dá o início da Vida Extra-uterina? Com o início do parto. Rompimento do saco amniótico Dores da dilatação Dilatação do colo Desprendimento do feto * * Sujeito Passivo (*) prova do nascimento com vida : (*) ação tendente a “matar” um cadáver : _____________ (*) Especial condição do sujeito passivo : (art. 29, lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional)) Presidente da República, do Senado, da Câmara e do Supremo (r. 15 a 30 anos), desde que tenha motivação política * * Tipo objetivo Matar : destruir, eliminar a vida humana utilizando-se de qualquer meio idôneo (crime de forma livre) * * Tipo subjetivo Dolo : animus necandi ou animus occidendi Admite-se dolo direito ou dolo eventual. E o chamado dolo geral (ou erro sucessivo, ou aberratio causae) ? * * Consumação e Tentativa Consuma-se com a morte da vítima. A Lei 9434/97 (Lei de Transplantes) adotou o critério da morte cerebral. Entretanto, formula-se um critério mais seguro, segundo o qual, pouco importa o “tipo” de morte, importando saber se a situação é irreversível. * * Tentativa Admite tentativa. Questões a discutir : - Único disparo : - Tentativa branca ou incruenta : Prova do Homicídio : Exame Pericial (art. 167, CPP) * * Ação Penal Pública Incondicionada. Quem julga é o Tribunal do Júri Incondicionada Pública representação Condicionada Ação Penal requisição Exclusiva Iniciativa Privada Subsidiária da pública Personalíssima * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Natureza jurídica : causa de diminuição de pena * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) Hipóteses legais : Relevante valor moral ou social : devem ser aferidos por critérios objetivos. O móvel moral se refere a interesses particulares. O móvel social é atiniente a um interesse coletivo ou suscitado por específicas paixões ou preocupações sociais. * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) domínio de violenta emoção logo após à injusta provocação da vítima : Emoção, segundo Hungria, é um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma excitação dos sentidos. Forte e transitória perturbação da afetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas ou modificações particulares das funções da vida orgânica. * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) Requisitos : - emoção violenta – deve ser avassaladora do psiquismo. - injusta provocação – não se reconhece quando a conduta da vítima tiver lastro em regular exercício de direito. *Atente-se, todavia, que contra ela (injusta provocação) não deve haver necessidade de defesa pois, neste caso, a reação será legítima defesa. - reação imediata – o que importa é a brevidade temporal entre o conhecimento da provocação e a reação e não o lapso objetivo entre provocação e reação. - domínio pela emoção – a mera influência é atenuante. * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) Homicídio qualificado-privilegiado: A doutrina majoritária entende que as qualificadoras objetivas são compatíveis com o privilégio. (veremos na sequência o homicídio qualificado) Caráter hediondo (?) - na esteira do reconhecimento de circunstâncias subjetivas favoráveis ao agente, entende-se que não se reveste do caráter de hediondez legal esse tipo de crime. * * Homicídio Privilegiado (art. 121, §1°) Redução da pena : * * Homicídio Qualificado (§2°) reclusão de 12 a 30 anos § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. * * I.) mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe Paga – sempre que o agente perceba alguma vantagem econômica (pecuniária ou patrimonial) antes de executar o crime, ainda que o pagamento seja parcial. A vantagem econômica pode se revelar como enriquecimento direito ou remissão de dívida. Promessa – pagamento deve ser posterior ao crime. OBS : OUTRAS VANTAGENS NÃO PATRIMONIAIS TÊM SIDO RECONHECIDAS NA CLÁUSULA GENÉRICA DO MOTIVO TORPE. * * I.) mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe Motivo torpe – é aquele moralmente reprovável, abjeto, ignóbil, vil, desprezível, repugnante, imoral, que ofende à moralidade média ou o sentimento ético comum, desonesto. (Ex : matar para receber a herança dos pais, desaparecer credor inoportuno, por sadismo, dívida de droga, ...) Na modalidade paga ou promessa de recompensa, a doutrina denomina de homicídio mercenário. * * II.) por motivo fútil Motivo fútil é aquele insignificante, frívolo, banal, mesquinho, leviano, desproporcional entre a causa e o crime. Ex : - discussão de trânsito, de futebol; rompimento de namoro; pequena discussão em família; pequena discussão entre marido e mulher; “olhar feio”; matar dono do bar porque não quis vender fiado. Ausência de motivos : * * III.) com o emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou de que possa resultar perigo comum Meio insidioso é aquele dissimulado em sua eficácia maléfica. É a estratagema, a perfídia, o meio fraudulento. Meio cruel é aquele que causa exacerbado sofrimento à vítima ou revela uma brutalidade fora do comum em contraste com o mais elementar sentimento de piedade humana. Meio de que possa resultar perigo comum – é aquele que pode expor a perigo um número indeterminado de pessoas. * * Inciso III Veneno – insidioso Fogo – cruel ou de perigo comum Explosivo – perigo comum Asfixia – cruel Tortura - cruel * * Veneno Segundo Hungria, é “toda substância que, introduzida no organismo, é capaz de, mediante ação química ou bioquímica, lesar a saúde ou destruir a vida”. * * Veneno Questão importante : Para caracterizar essa figura qualificadora não basta o emprego do veneno; é necessário que seja aplicado insidiosamente. Questões a serem discutidas : QUESTÃO 1 : E o emprego de substância em geral inócua a qual, para determinada pessoa, por sua condição particular, pode ser letal? (Ex : açúcar para diabético) QUESTÃO 2 : E o pó de vidro ? * * Fogo É o produto da combustão do oxigênio. É necessário que o fogo seja ateado à vítima viva. * * Explosivo “explosivo é a substância que atua com detonação e estrondo, é matéria capaz de causar rebentação” (Noronha). Se com o emprego de explosivo ocorrer perigo comum? Concurso formal entre art. 250/251 e 121, §2°? A melhor doutrina entende que não porque os crimes de perigo são subsidiários. * * Asfixia Segundo Fernando de Almeida Pedroso : “a morte por asfixia resulta da supressão – total ou parcial – de ar, causando, de forma rápida ou lenta, a morte pela ausência do oxigênio necessário para o processamento das funções vitais, causando, ainda que por breves instantes, grande agonia à vítima, pela excitação do hipotálamo ao exigir organicamente o ar em face de sua oclusão.” (Direito Penal - Parte Especial, Ed. Método, 2008, p.125) * * Asfixia * * Tortura é o meio suplicante, a inflição de tormentos, a judiária, exasperação do sofrimento da vítima por atos de inútil crueldade. Quanto ao homicídio qualificado pela tortura, é necessário que o meio escolhido pelo agente seja tal, ou seja, o agente deve querer torturar para matar. No dizer de Noronha, “a vontade se biparte : a morte como fim, causada, porém, por determinado modo”. * * Tortura * * IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido Traição – é o cometimento mediante ataque súbito e sorrateiro, atingindo a vítima descuidada ou confiante antes de perceber o gesto criminoso. Aleivosia. O que difere a traição da cláusula genérica do meio insidioso é que a primeira é modo de conduta enquanto a segunda é meio de execução. * * Inciso IV Emboscada- é a tocaia, na qual o agente espera a vítima escondido. Dissimulação – é o disfarce, refolho, fingimento, encobrimento, ocultação do próprio desígnio. Pode ser material ou moral. Cláusula genérica – a impossibilidade de resistência deve derivar do meio de execução e não das condições pessoais da vítima. * * V – para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime Seriam casos de motivo torpe mas o legislador quis codificá-los em inciso especial. * * Inciso V * * Inciso V Observações : 1.) Mesmo que extinta a punibilidade pelo outro crime subsiste a qualificadora em apreço. 2.) Se o agente mata para assegurar a execução de uma contravenção deve ser responsabilizado nos termos do inciso I (motivo torpe). * * Causa de Aumento de Pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. * * Causa de Aumento de Pena Crítica da doutrina : Causa de aumento de pena em crime doloso prevista num parágrafo que inicialmente trata de crime culposo. - Causa de aumento de pena objetiva : comunicabilidade; - Idade da vítima deve ser aferida no momento da conduta, pouco importando o momento do resultado. - No dia do aniversário : 14 anos : NÃO incide causa. Vítima não é menor de 14. 60 anos : SIM, incide a causa. Vítima já é maior de 60. - Erro quanto à idade da vítima e dolo eventual (?) * * Concurso com art. 6l, II, "h", CP (?) Quanto ao maior de 60 : Não há discussão. Não incide a agravante genérica Quanto à criança : Há discussão. Para ECA criança é até 12 anos completos. Então teríamos dois intervalos : 0 12 14 | | | Vítima entre 12 e 14 anos : Sem discussão. Só aplico §4°. Vítima menor de 12 anos : Discussão (próxima tela) * * Concurso com art. 6l, II, "h", CP (?) 0 12 14 |✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗✗| | * * Questões importantes 1.) Vingança e ciúmes. Motivo torpe ou motivo fútil ? Discussão : 2.) Premeditação : qualificadora ? 3.) Concurso de mais de uma qualificadora * * Questões importantes 4.) Genocídio e homicídio : 5.)Homicídio qualificado é crime hediondo Consequências penais e processuais penais 6.) Homicídio qualificado-privilegiado ? a.) possibilidade? b.) hediondo ? * * Questões importantes 7.) Comunicabilidade entre mandante e executor do crime: Ex : “A” paga R$1.000,00 para “B” matar “C”. Como respondem “A” e “B” ? Pensar ... Regra do artigo 30, CP : E se a motivação de ambos for diferente : (exemplo : “A” pagou para “B” matar o estuprador da filha) ? Solução : _____________ * * Homicídio Culposo (§3°) Elementos do fato típico culposo : Conduta Resultado Nexo causal Tipicidade Previsibilidade objetiva Imprevisibilidade subjetiva Modalidade de culpa * * Homicídio Culposo (§3°) Distinção entre homicídio culposo do CP e homicídio culposo do Código de Trânsito Brasileiro : Exemplos de homicídio culposos no CP : agente que ao limpar sua arma sem cuidado efetua disparo, médico que não esteriliza instrumento, engenheiro que deixa de considerar peso da cobertura que desaba. * * Homicídio culposo Algumas situações interessantes a discutir (sempre ocorrendo o evento morte): a.) “A” dirigindo uma bicicleta atropela uma velhinha que atravessava a rua (_______________); b.) “A” está dirigindo seu veículo quando se depara com um desafeto, acelera o carro para atropelá-lo (_______); c.) O guarda da linha férrea deixa de fechar a cancela e quando o trem passa um pedestre é morto (_________); d.) “A” dirigindo acima do limite de velocidade atropela um transeunte (________) * * Homicídio culposo Modalidades de Culpa: Imprudência : ato perigoso é cometido no mesmo momento do ato lesivo Negligência : ato perigoso é anterior ao evento Imperícia : * * Homicídio Culposo Causa de Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. * * Homicídio Culposo Causa de Aumento de pena Qual a diferença entre inobservância de regra técnica e imperícia ? * inobservância de regra técnica – o agente conhece a regra que não observou * imperícia – o agente desconhece a regra * * Homicídio Culposo Causa de Aumento de pena Por isso, não é possível, numa mesma ação fática, considerar culposo por imperícia com a causa de aumento ora em análise. Ela só se admite quando a modalidade de culpa for imprudência ou negligência. * * Homicídio Culposo Perdão Judicial § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Perdão judicial : natureza jurídica (posições da doutrina e art. 120, CP) Perdão judicial nos crimes de trânsito (?) * * Bibliografia utilizada CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol. 2, 7 ed., São Paulo: Saraiva, 2007 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, vol.3, 5.ed., Rio de Janeiro, Impetus, 2008 JESUS, Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol.2, 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2007 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito Penal. Vol.2, 26.ed., São Paulo: Atlas, 2009 PEDROSO, Fernando de Almeida. Direito Penal, Parte Especial, vol. 2, São Paulo: Método, 2008
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