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Leites e Derivados Lácteos Prof. Ana Cecilia Fam Leite Conceito Produto da secreção de glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Dispersão coloidal de proteínas em emulsão com gorduras, em uma solução de minerais, vitaminas, peptídios e outros componentes, contendo cerca de 86% de água. É um líquido branco, opaco, duas vezes mais viscoso que a água, de sabor ligeiramente adocicado e de odor pouco acentuado. O leite é formado a partir do sangue do animal. Existem dois mecanismos básicos para sua obtenção: síntese e filtração. Estes mecanismos ocorrem na glândula mamária, mais precisamente nas estruturas designadas por alvéolos ou ácinos. FORMAÇÃO DO LEITE Alguns compostos como a água passa direto por filtração. Já os aminoácidos e ácidos graxos, a lactose e alguns minerais passam por processos bioquímicos e transformações que ocorrem dentro da mama sintetizando, assim, a proteína, a gordura, a lactose e minerais do leite (400 a 800 litros de plasma para se formar 1 litro de leite). Após sua formação, o leite passa dos alvéolos, através dos canais ou ductos galactóforos, para a cisterna do úbere e do teto, onde fica armazenado até que seja ordenhado. Esta deve ser feita pelo menos duas vezes ao dia para que se esvaziem os alvéolos e reinicie o processo de síntese. FORMAÇÃO DO LEITE O leite em média, está formado por 7/8 de água e 1/8 de substâncias sólidas, o que se denomina Extrato Seco Total e representa a parte nutritiva do leite, podendo ser representada da seguinte maneira. Água..................................................87% Extrato Seco Total : Gordura..............................................4,0% Extrato Seco Desengordurado: Lactose...............................................4,8% Proteínas............................................3,5% Sais minerais......................................0,7% FORMAÇÃO DO LEITE São alimentos construtores, ricos em proteínas de AVB, CHO e LIP que formam, mantem e restauram nosso organismo (osso, pele, órgãos e músculos) importante em todas as fases da vida. LEITE E DERIVADOS RECOMENDAÇÕES Valor nutritivo Proteínas; Carboidratos; Lipídios; Vitaminas (especial em vitamina A); Minerais (Cálcio e fósforo). Proporção dos nutrientes Varia de acordo com: A espécie animal; A alimentação do animal; Estação do ano; Época da lactação. COMPOSIÇÃO QUÍMICA PROTEÍNAS: Caseína(80%), globulina (10%) e albumina (2%). Elaboração e reparo do tecido muscular. O seu coeficiente de digestibilidade é de 97%. A estrutura da caseína tem importância no processo de coagulação para elaboração de queijos. LIPÍDEOS: A matéria gorda é constituída por cerca de 99,5% de compostos lipídicos (lipídios simples, lipídios complexos e ácidos graxos livres) e 0,5% de compostos lipossolúveis (colesterol, vários hidrocarbonetos, o grupo das vitaminas lipossolúveis e alguns álcoois). A gordura está sob forma de emulsão e seu coeficiente de digestibilidade é de 95%. Meio de transporte para as vitaminas lipossolúveis: A, D, E e K. Valor Industrial; COMPOSIÇÃO QUÍMICA CARBOIDRATOS: O açúcar do leite está sob a forma de LACTOSEdissacarídeo (glicose + galactose). LACTOSE: é menos solúvel que a sacarose e pode cristalizar com o aquecimento (textura granular ao produto final). A digestibilidade é de 98%. Deficiência em lactase intolerantes à lactose (negros americanos e africanos, japoneses, filipinos e índios da América do Sul). Ação positiva sobre a flora láctica intestinal acidificação do tubo digestivo opõe à fixação da flora de putrefação; fonte de energia; Valor industrial (leites acidificados, manteiga, queijos curados, etc) COMPOSIÇÃO QUÍMICA MINERAIS: No leite encontram-se vários sais minerais em dissolução (moléculas e íons) ou no estado coloidal. O cálcio e o fósforo (Ca e P) são dois elementos fundamentais da estrutura da micela das caseínas, condicionam a estabilidade da fase coloidal,além disso são muito importantes no plano biológico. COMPOSIÇÃO QUÍMICA MINERAIS: O magnésio (Mg) intervém igualmente como o cálcio na estabilidade da micela. Os seus teores variam muito em função das condições de produção e do estado sanitário do animal. Vários oligoelementos, presentes em quantidades mínimas ou simples vestígios. Os principais são: zinco, ferro, iodo, molibdênio, flúor, selênio, cobalto e magnésio. COMPOSIÇÃO QUÍMICA VITAMINAS: As vitaminas do leite estão representadas pela vitamina A, tiamina e cobalamina; é pobre em vitamina C e D. Importante na alimentação AVB, fornecendo quase todos o nutrientes em quantidades consideráveis. COMPOSIÇÃO QUÍMICA COMPOSIÇÃO QUÍMICA Leite (Origem) Energia (Calorias) Proteínas (Gramas) Gorduras (Gramas) Carboidrat os (Gramas) Vaca 63.0 3.1 3.5 5.0 Cabra 92.0 3.9 6.2 5.4 Búfala 115.0 5.2 8.7 4.3 Ovelha 108.6 5.6 7.0 5.5 Quantidade média dos principais nutrientes dos leites comuns, em 100 gramas. Quantidade de microrganismos presentes é um somatório do estado de saúde do animal, do ambiente onde a vaca vive, do ordenhador e de toda higiene utilizada para a extração do mesmo. Como exemplos de microrganismos bons ou desejáveis temos o Streptococus lactis, Streptococus cremoris, Streptococus diacetilactis e Leuconostoc cremoris, que são conhecidos como “fermentos lácticos” e bastante utilizados na elaboração dos queijos e manteigas. MICRORGANISMOS NO LEITE O objetivo do seu uso é para melhorar sabor, aroma e ajudar na conservação destes produtos. Para o homem algumas doenças freqüentes podem ser transmitidas pelo consumo do leite cru: a tuberculose, a brucelose, a shigelose, salmonelose, etc. Por isso, é importante a pasteurização do leite. MICRORGANISMOS NO LEITE TRANSFORMAÇÕES COCCÃO: A fervura por três minutos modifica o sabor. A globulina e lactose coagulam-se e aderem ao fundo da panela podendo queimar-se. Os gases que muito favorecem o sabor, se perdem pela evaporação da água. Processamento Tipos Processamento térmico: (pasteurização, esterelização e ultrapasteurização) Homogeinização Pasteurização Combinação de tempo e temperatura para destruir os m.o patogênicos e reduzir o n. total de bactérias. Aquecimento de 72 a 76 C, por 15 a 20 segundos e posteriormente resfriado a 5 C. Ultrapasteurização (UHT) Aquecimento do leite de 130 a 150 C, por 2 a 4 segundos e resfriamento imediato, destrói todos os mo. PROCESSAMENTO Esterelização O leite é pré-aquecido a 70 C em fluxo contínuo embalado109 a 120 C por 20 a 40 min resfriamento a 20 a 35 C. Homogeinização Redução dos glóbulos de gordura, torna o leite homogêneo (impede a separação da gordura). PROCESSAMENTO TIPOS DE LEITE TIPOS A, B e C Classificação baseada na higiene da ordenha, no resfriamento após a ordenha e na contagem de bactérias antes e depois da pasteurização. TIPOS DE LEITE Pasteurizado Tipo A Gado leiteiro em constante controle veterinário Ordenha e envase mecânicos; Elevada qualidademicrobiológica; Pasteurização imediata; Teor de gordura original; 10.000 germes antes e 500 germes por ml após; Ausência de Coliformes fecais. TIPOS DE LEITE Pasteurizado tipo B Integral, extraído por ordenha mecânica, de média qualidade microbiológica. Gordura original, semi-desnatado e desnatado. 500.000 germes antes e 50.000 germes por ml após; Tolerância de 0,5 ml de coliformes fecais. Pasteurizado tipo C Baixa qualidade microbiológica. Possui 3% de gordura O restante da gordura usada na fabricação de manteiga, creme de leite e requeijão. Pode ser utilizado ordenha manual. Pode conter até 300.000 germes por ml após; TIPOS DE LEITE LEITE UHT (ultra hight temperature) Ultrapasteurizado Transportado e armazenado a temperatura ambiente; 180 dias após a data de processamento. Longa vida: Combinação do processo ultrapasteurização com o envase asséptico em embalagens igualmente assépticas. TIPOS DE LEITE TIPOS DE LEITE Leite semi-desnatado Retirada parcial da gordura Leite desnatado Retirada praticamente total da gordura (3 a 5 %) Leite em pó Tratado termicamente, desidratado; Boa qualidade microbiológica desde que restituído com água filtrada ou fervida. Integral ou desnatado. Instantâneo (lecitina) TIPOS DE LEITE Evaporado Integral, tratado termicamente Retirada parcial de água (50 %) e sem adição de açúcar Indicado para preparações culinárias. Fermentado Desnatado Fermentado por lactobacilos Caseishirota, Estes resistem a acidez gástrica e chegam vivos em grande quantidade no intestino. TIPOS DE LEITE Condensado Integral pasteurizado Desidratado parcialmente (1;3) e com adição de açúcar (40 %). Indicado para preparações culinárias. Modificado Formulado com acréscimo ou redução de nutrientes Especial para alimentação infantil Pode ser acrescido de ferro ou ter a lactose reduzida. Dividem-se em : • Fórmulas poliméricas, semi-elementares, elementares e especializadas. TIPOS DE LEITE CONSERVAÇÃO Produto Tempo médio de conservação Cuidados na compra Cuidados na conservação Leite pasteurizado 24 horas Verificar a data de fabricação e validade Deve estar em local refrigerado Ferver e conservar em geladeira Consumir até a data de validade Leite em pó 12 meses Verificar a data de fabricação e validade Lata limpa, sem vazamentos ou sinais e amassadura e ferrugem Guardar em local fresco e sem umidade Ao abrir a lata, n deixar a tampa virada p/ ↓ Fechar bem a lata e limpar o excesso de leite da superfície Leite longa vida 3 meses Verificar a data de fabricação Embalagem limpa, sem vazamento ou amassada. Antes de abrir. Depois de aberto, deve ser consumido até 48h. Modificações do leite Efeitos do calor Entre 60 e 65 C: Complexo superficial formado entre a caseína e o cálcio devido evaporação superficial da água . Para evitar: tampar o recipiente ou mexer freqüentemente. Fervura: precipitação da albumina, precipitado que adere ao fundo e laterais do recipiente. Pode ser evitado com aquecimento do leite em banho-maria. Modificações do leite Efeitos do calor Alterações no sabor pela perda de H2 e O2, pode ser recuperado batendo o leite depois de frio. Efeitos dos ácidos Coalhada: precipitação da caseína por ação de bactérias que produzem ácido lático sobre o leite fresco. Outros ácidos também podem provocar coagulação do leite: vinagre, limão e laranja, tomate. Modificações do leite Efeitos dos ácidos Cocção na presença de ácidos Adesão da moléculas de proteína – aparência de coalhada. Em presença do calor e ácidos, a lactose e proteínas reagem e formam pigmento escuros e mudança de sabor Reação de Maillard DERIVADOS DO LEITE Creme de leite Produzido a partir da nata do leite (gordura) do leite integral. Por meio de evaporação e centrifugação. Creme de leite industrial usado na fabricação de manteiga. Creme de leite disponível para o consumidor (fresco ou em conserva). Embalagem: lata ou embalagem longa vida. Creme de leite em conserva Características Espesso e de cor ligeiramente amarelada, consistência cremosa e bem uniforme. Conservação Lata fechada: Aproximadamente 18 meses. Manutenção e prazo de utilização do produto aberto Sob refrigeração Consumir em no máximo 2 dias. Creme de leite fresco Características Mais ralo, consistência quase líquida, batido transforma-se em chantili. Manter refrigerado Torna-se ácido com facilidade Preparações culinárias Molhos a base de gordura Preparações gratinadas (aspecto aveludado) Mousses, sorvetes, cremes, pavês, coberturas e combinações com bebidas alcoólicas. Manteiga Obtida batendo continuamente o creme de leite. Sabor característico ácido butírico Os glóbulos de gordura são reunidos na manteiga. Em frituras acroleína (decomp. Glicerina) O que sobra soro do leite. Iogurte Conceito Leite fermentado natural ou artificialmente. Uma cultura com lactobacilos (Lactobacilus bulgaricus e Streptococcus thermophilus) é adicionado ao leite que fica incubado a uma temperatura de aproximadamente 45 C. Pode ser adicionado ingredientes como mel, frutas ou cereais, o que caracteriza o sabor. Iogurte Melhores propriedades nutritivas, digestivas e dietéticas; Segundo a Ciência do Leite (2006): Menor teor de lactose que o leite (ferm. Láctea); Proteínas pré-digeridas (bac. Lácticas); Vitaminas e minerais com melhor biodisponibilidade. CLASSIFICAÇÃO QTO A MATÉRIA GORDA CLASSIFICAÇÃO TEOR DE MATÉRIA GORDA/100 G Com creme Mín. 6 g Integral Mín. 3 g Parcialmente desnatado Mín. 2,9 g Desnatado Mín. 0,5 g Fonte: LERAYER et al (2002) OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Segundo BEHMER (1984) quanto o sistema de fabricação: Iogurte Natural: com coalhada firme; Iogurte Batido: com coalhada mexida. Segundo MUNCK E RODRIGUES (2004) quanto o sistema de fabricação: Iogurte Natural: sem adição de açúcar, aromas e polpas; Iogurte Batido: quebra de coágulos e adição de corantes, aromas e polpas; Iogurte Líquido:baixa viscosidade Iogurtes Conservação: Sob refrigeração (10 C). Depois de aberto consumir até 24h Iogurte funcionais Contêm o Bacilo Danregularis que chegam vivos e em grandes quantidades no intestino. Auxiliam na regulação e aceleração do trânsito intestinal APLICAÇÕES EM TÉCNICA DIETÉTICA Preparações Sabor, Cor, Maciez, Umidade, Cremosidade Meio de cocção para a preparação com: Cereais arroz-doce, mingaus, etc Hortaliças Sopa e cremes Como ingredientes Bolo, purês, suflês, molhos, massas Consumo direto combinado ou não (leite puro, leite com açúcar, com achocolatado, com café, com chá, com frutas e com sorvete). QUEIJOS BIBLIOGRAFIA CAMARGO, E.B., et al. . Técnica dietética: seleção e preparo de Alimentos. São Paulo: Ed. Atheneu, 2005. ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo de Alimentos.São Paulo: Ed. Atheneu, 2001. PHILIPPI, S. T. Nutrição e técnica dietética. São Paulo: Ed. Manole, 2003.
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