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Atividade Física e Saúde

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ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
Graduação
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
13
U
N
ID
A
D
E 
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CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA,
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA
PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA
RELACIONADA À SAÚDE
Nesta primeira unidade conceituaremos e diferenciaremos saúde,
atividade física e qualidade de vida, apresentaremos também os conceitos e
a aplicabilidade da aptidão física relacionada à saúde. Assim, esperamos
facilitar a identificação dos objetos de estudo destas áreas e das suas
interfaces.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
• Conceituar e diferenciar atividade física, saúde e qualidade de
vida, perspectivado na adoção de um estilo de vida saudável;
• Identificar os objetos de estudo e as interfaces entre os
conteúdos destas áreas de conhecimento;
• Identificar as variáveis da aptidão física relacionadas à saúde,
buscando desenvolver uma visão crítica destes conceitos e
referências.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Conceito e abrangência do termo saúde.
• Conceito e abrangência do termo ‘atividade física’.
• Conceito e abrangência do termo qualidade de vida relacionado
a adoção do estilo de vida ativo.
• Variáveis da aptidão física relacionadas à saúde.
Bem-vindo à primeira unidade de estudo.
Sucesso!
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO SAÚDE
Desde o início da nossa história que buscamos saúde, esta busca
sofreu influência de vários fatores que deslocam o indivíduo de um pólo
positivo a um pólo negativo. Mas, afinal, o que são estes pólos? O que
influencia este deslocamento? Qual o papel da atividade física na melhoria
da qualidade de vida?
É comum escutarmos que esta ou aquela pessoa tem boa ou má
aptidão física. Mas, afinal, o que é aptidão física? Quais as variáveis
envolvidas? Qual a sua relação com a saúde e com o desempenho atlético?
Responda a estas questões e estaremos iniciado muito bem o nosso
estudo. E, então, vamos em frente?
Os principais fatores influenciadores da saúde são: ambientais,
sociais, biológicos e comportamentais.
Os fatores ambientais, também conhecidos como meio ambiente,
estão ligados a um grande grupo de variáveis, como por exemplo: sazonal,
poluição, moradia e infra-estrutura urbana.
Os fatores sociais dizem respeito a garantia à educação, ao
transporte, à segurança e à saúde, além dos fatores ambientais
favoráveis.
Os fatores biológicos estão ligados à idade, ao gênero, à etnia e à
predisposição genética.
Os fatores comportamentais, por sua vez, estão ligados ao estilo
de vida, podendo ser ativo ou sedentário, positivo ou negativo,
configurando-se como principal foco de estudo da nossa disciplina.
Desta forma podemos destacar que ao transitarmos de um lado ao
outro dos pólos observamos que todas estas variáveis influenciam
bastante na definição do estado de saúde das pessoas, portanto, não
podemos avaliar a saúde de forma estática e unifatorial.
Você pode perceber que a saúde, além de multifatorial na sua
definição, impõe um olhar multiprofissional sobre si mesma.
Saúde: para a Organização
Mundial da Saúde – OMS,
em 1978 a saúde foi defini-
da como uma multiplicidade
de aspectos do comporta-
mento humano voltados
para um estado de comple-
to bem-estar físico, mental
e social. Não apenas como
ausência de doenças, como
muitos imaginavam. Atual-
mente, para compreender-
mos melhor a grandiosidade
desta pequena palavra, pre-
cisamos entender que não
devemos olhar somente
para os fatores biológicos,
mas principalmente para o
modo como se vive, ou seja,
para o estilo de vida.
Meio ambiente: local em
que vivemos e nos relacio-
namos.
Sazonal: relativo às esta-
ções climáticas do ano.
Infra-estrutura urbana: sa-
neamento básico, esgotos,
ruas calçadas ou asfaltadas
e com passeio, praças, par-
ques arborizados, etc.
Olhar Multiprofissional: re-
lativo a análise feita por
uma equipe formada por vá-
rios profissionais, das mais
diversas áreas de conheci-
mento, sobre um problema
específico que recebe influ-
ência de vários fatores.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Outro ponto que merece destaque ao estudarmos a saúde são os
seus indicadores clássicos:
• A vitalidade e o estado funcional da pessoa avaliada;
• Sua condição epidemiológica;
• E sua qualidade de vida.
O estado funcional de uma pessoa recebe influência de vários
aspectos, como por exemplo: idade, estado nutricional, histórico de
doença e nível de aptidão física, este último sofre influência direta do
nível de atividade física diária da pessoa.
A condição epidemiológica diz respeito às condições gerais de saúde,
assunto que iremos estudar mais adiante na 3ª unidade.
Neste contexto, admitimos que as doenças são indicadores de
eventuais desequilíbrios entre o homem, seu estilo de vida e o meio
ambiente, e que a saúde deverá ser alcançada mediante a interação de
ações que possam envolver o próprio homem através de suas atitudes
frente às exigências ambientais e comportamentais representadas, por
exemplo, pela alimentação, estresse, lazer, aspectos ambientais,
financeiros e prática de atividade física, entre outros. (PITANGA, 2004)
CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO ATIVIDADE FÍSICA
Encontramos na literatura várias definições sobre atividade física.
Em linhas gerais, atividade física pode ser definida como qualquer
movimento produzido pela musculatura esquelética, que resulte em gasto
energético maior que o gasto de repouso.
No âmbito das at iv idades f ís icas
observamos algumas variações que são
determinadas pela intensidade, duração
e frequência com que nos submetemos a
elas. Além destas var iações, temos
também algumas características, como por
exemplo: as atividades habituais ou da
vida diár ia, ver i f icadas nas tarefas
domésticas, no deslocamento para o
trabalho ou no próprio trabalho; as
atividades de lazer ou de cunho recreativo
que são voltadas para a melhoria da
saúde e da imagem corporal; ou ainda,
as atividades esportivas. Estas últimas caracterizam-se por terem regras
preestabelecidas e podem ser recreativas ou de rendimento, seus
praticantes podem ser amadores ou profissionais.
Epidemiologia: é a ciên-
cia que estuda o fenôme-
no da relação entre a saú-
de e a doença e seus
determinantes.
Gasto energético: é ocasi-
onado pelo gasto de ener-
gia acumulada no organis-
mo em forma de glicogênio
e gordura, durante as ativi-
dades físicas.
Amadores: atletas que não
vivem profissionalmente do
esporte que praticam.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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CONCEITO E ABRANGÊNCIA DO TERMO QUALIDADE DE VIDA
RELACIONADO AO ESTILO DE VIDA ATIVO.
O termo qualidade de vida está em evidência na sociedade
contemporânea, escutamos sempre frases do tipo: temos que melhorar
a qualidade de vida das pessoas, fulano tem
uma má, ou uma boa qualidade de vida! Mas
afinal, o que é então qualidade de vida?
Este é um termo muito dinâmico e um
tanto polissêmico, leva em consideração
vários aspectos do cotidiano, como por
exemplo: acesso a saúde, educação,
alimentação, lazer, segurança, moradia,
equipamentos e utensílios eletroeletrônicos,
trabalho e participação política nas questões
que dizem respeito a si e à sociedade, entre
outros. Quanto mais efetivo for o acesso aos
aspectos aqui destacados, mais qualidade de
vida a pessoa tem (GONSALVES & VILARTA, 2004).
Todos estes aspectos da qualidade de vida vêm influenciando as
pessoas na adoção de um determinado estilo de vida. É bom lembrá-lo
queo nosso foco é o estilo de vida ativo, saudável, positivo, pois há
vários estudos que comprovam que a adoção deste estilo de vida
influencia positivamente na melhoria da saúde e da qualidade de vida.
Destacamos, que para efeito de estudo da área da Educação Física,
temos os estilos de vida: sedentário, ativo e atleta.
A estreita relação entre qualidade de vida e estilo de vida tem
levado as pessoas a utilizarem estes dois termos como sinônimos,
tamanha a interface que há. Sendo assim, acreditamos que uma das
principais contribuições dos profissionais de Educação Física seja o
incentivo a melhoria da saúde e da qualidade de vida, através do fomento
à adoção de um estilo de vida positivo incluindo em seu cotidiano
atividades físicas e boa alimentação, afastando-os de atitudes negativas
para a saúde como tabagismo, alcoolismo, depressão e sedentarismo,
buscando melhorar sua aptidão física relacionada à saúde.
Pesquisas no mundo inteiro, inclusive no Brasil, têm mostrado que
o estilo de vida, mais do que nunca, passou a ser um dos mais importantes
determinantes da saúde das pessoas.
Polissêmico: termo que tem
muitos significados.
Determinantes: Papel da
atividade física e do exercí-
cio na prevenção de doen-
ças e na reabilitação.
(HEYWARD, 2004. p. 20).
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Determinantes da Saúde
Papel da atividade física e do exercício na prevenção de doenças e na
reabilitação (HEYWARD, 2004. p. 20 ).
Após analisar cada um desses conceitos e abrangência, você já pode
ter uma idéia da responsabilidade do profissional de Educação Física na
condução de atividades físicas objetivando a melhoria da saúde e da
qualidade de vida, através do incentivo ao estilo de vida ativo.
Até agora, você estudou os conceitos, as diferenças e as relações
entre saúde, atividade física e qualidade de vida. Na sequência, você estudará
a aptidão física relacionada à saúde.
VARIÁVEIS DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADAS À SAÚDE
Já ouvimos falar muitas vezes que
alguém tem boa ou má aptidão física, mas
agora precisamos entender melhor este
problema, pois, afinal, estaremos sempre nos
deparando com estes conceitos em nosso
cotidiano acadêmico e profissional. Então
vamos continuar nosso caminho.
De acordo com a Conferência
Internacional de Toronto, realizada em 1992,
a aptidão física associada à saúde ficou
entendida como a capacidade para
realizarmos com vigor as tarefas do cotidiano,
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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além da demonstração de traços e capacidades que estão associados a um
menor risco de desenvolvimento de doenças crônicas. Expressa ainda, um
conjunto de qualidades que encontramos em cada pessoa; estas qualidades
recebem influência de um grande número de fatores endógenos e exógenos.
O modelo descritivo a seguir explica melhor esta complexa relação.
Tradicionalmente, os testes de aptidão física enfatizavam medidas
relacionadas com a habilidade, a agilidade e o equilíbrio. Recentemente, estes
testes enfatizaram também medidas relacionadas à saúde.
Com base na literatura especializada, criamos o seguinte esquema
para facilitar seu entendimento quanto aos componentes mais comumente
avaliados em testes de aptidão física, tanto os relacionados ao desempenho
atlético quanto os relacionados à saúde:
Nesta ótica, a aptidão física relacionada ao desempenho atlético deve
levar em consideração a especificidade de cada especialidade esportiva, ao
passo que a aptidão relacionada à saúde envolve, especialmente, aqueles
componentes que, em questões motoras, podem influenciar positivamente
no combate às doenças do tipo degenerativas não-transmissíveis (GUEDES
e GUEDES, 2006).
Doenças crônicas: são do-
enças que se instauram no
organismo das pessoas de
forma lenta e duradoura de-
generando-o; para nossa
área de estudo nos
ateremos as não-
transmissíveis (crônicas
degenerativas não-
transmissíveis), a exemplo
das coronariopatias, da hi-
pertensão, da obesidade, do
diabetes, entre outras.
Fatores endógenos: fatores
que se manifestam interna-
mente, próprio do organis-
mo ou do corpo.
Fatores exógenos: fatores
que se manifestam externa-
mente e que influenciam in-
ternamente o organismo ou
corpo.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Em nosso curso vamos estudar principalmente os componentes da
aptidão física relacionadas à saúde, mesmo destacando, conforme vimos no
esquema acima, que estes mesmos componentes também se relacionam
com o desempenho atlético.
Vamos começar pela resistência cardiorespiratória, também conhecida
como capacidade aeróbia.
A capacidade aeróbia de uma pessoa é definida através de um
fenômeno complexo (mas vamos tratá-lo de forma superficial). Podemos dizer
que esta capacidade tem relação direta com o quanto uma pessoa é capaz
de absorver oxigênio (O2) para os pulmões, transportá-lo pela corrente
sanguínea até os músculos esqueléticos que estiverem trabalhando em
esforços vigorosos ou prolongados, contando ainda com a eficiência do coração
(SHARKEY, 1998).
A literatura nos traz que a capacidade aeróbia é a melhor medida
para avaliarmos a saúde e a capacidade do sistema respiratório,
cardiovascular e músculo-esquelético de uma pessoa.
Assim, do ponto de vista individual, a capacidade aeróbia configura-se
como o melhor indicador da aptidão física, pois além de refletir a capacidade
de suportar esforços físicos por um longo período, também favorece,
indiretamente, os outros componentes da aptidão física, por isso, se tivermos
como avaliar a condição de aptidão aeróbia de uma pessoa, poderemos
estimar o quanto ela é ou não ativa.
Encontramos vários testes e protocolos na literatura para avaliar a
aptidão aeróbia, de forma direta ou indireta, em condições de esforço máximo
ou sub-máximo. Como exemplo, podemos citar o famoso teste de 12 minutos
de Cooper encontrado em vários livros de avaliação física e fisiologia do
exercício. Neste teste, os avaliados correm ou caminham (de preferência em
uma pista de atletismo) durante os 12 minutos, pela maior distância possível,
assim quanto maior a distância percorrida maior a resistência aeróbia. Este
Capacidade aeróbia: No iní-
cio da década de 70
Cooper apresentou seu
conceito de resistência
aeróbica e anaeróbica (que
depois mudou a nomencla-
tura para aeróbia e
anaeróbia). A resistência
aeróbia tem relação direta
com o consumo de O
2
 em
situação de exercício físi-
co, de moderado a intenso,
seja por ocasião do cotidi-
ano de trabalho ou das ati-
vidades domésticas, ou
ainda aqueles relacionados
à prática esportiva.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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teste inclusive estima-se, de forma indireta, o VO2max do avaliado e facilita
a comparação do avaliado com o grupo ao qual ele pertence (por idade,
gênero e condicionamento físico) e do avaliado com ele mesmo em um reteste,
através de tabelas de referência encontradas na literatura especializada.
Mesmo sendo de fácil aplicação, requer a presença de um profissional que
deverá conhecer o avaliado para evitar riscos com a saúde, pois é um teste
de esforço máximo.
A capacidade aeróbia é influenciada diretamente pela hereditariedade
e pelo treinamento, além ainda de outros fatores, tais como: idade, gênero,
etnia, maturação biológica e a gordura corporal.
Então é bom sabermos que a atuação consciente e capacitada de um
bom profissional de Educação Física pode melhorar muito a saúde e a
qualidade de vida da pessoa por ele assistida, através de programas de
condicionamento aeróbios individualizados.Vamos estudar agora a Força e a Resistência Muscular.
São vários os conceitos para definir
força e resistência muscular. Howley e Franks
(2000) definem força muscular como a
capacidade que os músculos têm para
exercerem força contrátil máxima contra uma
carga, geralmente em uma só repetição. Por
exemplo, o teste de uma repetição máxima
(1RM), muito utilizado pelos instrutores de
musculação para definir a carga máxima de
trabalho de um determinado grupo muscular/
exercício. Neste teste o avaliado tenta
realizar mais de uma repetição com uma carga
de peso subjetivamente definida. O ideal é
que se acerte no mínimo de tentativas para
que a estimativa seja o mais confiável possível. De posse do resultado, estima-
se, em percentual da carga, a intensidade do esforço.
Subcutâneo: locali-
zado abaixo da pele.
VO
2
max: Volume máximo de
oxigênio que uma pessoa
consome durante uma ati-
vidade física de esforço in-
tenso por um período pro-
longado.
Maturação biológica ou se-
xual: na área da Educação
Física podemos observar
este fenômeno de amadu-
recimento através dos es-
tágios de desenvolvimento
sexuais secundárias, veri-
ficados através do desen-
volvimento da genitália e da
pilosidade pubiana, para os
meninos, e das mamas e
pilosidade pubiana, para as
meninas. Em média, este
processo inicia-se entre os
10,5 ou 11 anos para as
meninas, estendendo-se
até os 13 ou 14 anos. E
entre os meninos, inicia-se
aproximadamente aos 11
ou 12,5 anos, estendendo-
se até os 14 ou 15 anos.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
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Já a resistência muscular é a
capacidade desses mesmos músculos
realizarem contrações repetitivas por um
período de tempo com várias repetições. Por
exemplo, o teste de máxima repetição em
um minuto de exercícios abdominais. Neste
teste estima-se o nível de resistência
muscular localizada de abdômen, muito
importante para a saúde e para a
performance esportiva.
Desta forma, podemos perceber
que pela proximidade entre estas duas
qualidades motoras, tanto as estratégias de avaliação quanto as de
treinamento podem ser similares, mas com ênfase diferente principalmente
quando consideramos os objetivos de tais procedimentos.
A força e a resistência muscular também são essenciais para permitirem
que os indivíduos realizem atividades cotidianas com conforto e segurança e
podem ser trabalhadas através de vários equipamentos, ou ainda, através
de exercícios em que o peso corporal é a própria carga de trabalho, portanto,
tem forte relação com a saúde.
Vamos estudar agora a flexibilidade
A necessidade de movimentar-se nas diversas atividades do cotidiano
faz da flexibilidade um componente fundamental para facilitar os movimentos,
principalmente quando estes requerem uma amplitude maior. O estilo de
vida pouco ativo e a falta de exercícios específicos de alongamento vem
diminuindo drasticamente os níveis de flexibilidade das pessoas
principalmente com o passar dos anos (ACHOUR JÚNIOR, 1999).
Portanto, a flexibilidade representa um importante componente da
aptidão física, sendo fundamental para a eficiência dos movimentos simples
e complexos tanto no desempenho esportivo quanto na preservação da
saúde.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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A flexibilidade é entendida como a qualidade física responsável pela
execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, executado
por uma ou mais articulações dentro dos limites morfológicos, evitando-se o
risco de provocar lesão (DANTAS, 1998).
Muitas vezes a flexibilidade foi subestimada nos programas de
condicionamento físico especialmente quando o objetivo era o rendimento
esportivo, pois para muitos “profissionais” as sessões de alongamento
configuravam-se como perda de tempo, com exceção das modalidades
esportivas em que esta componente relaciona-se ao rendimento. Por exemplo:
ginástica artística, ginástica rítmica, dança competitiva, etc.
Hoje, porém, os exercícios específicos de flexibilidade tornam-se
importantes nos programas relacionados à saúde, sendo necessários pelo
menos de 10 a 15 minutos de prática, durante a fase inicial das sessões de
Educação Física nas escolas ou nos clubes de iniciação esportiva ou ainda em
sessões de treinamento com adultos, em que o tempo deve ser maior.
A flexibilidade varia de pessoa para pessoa e sofre influência de vários
fatores, os principais são: a idade, o gênero e o treinamento específico.
O gênero feminino apresenta, em média, melhor pré-disposição para a
flexibilidade. Outro fator importante para a flexibilidade é a idade, pois a medida
que envelhecemos perdemos mobilidade articular. O que nos tranquiliza é que
a flexibilidade é uma componente que sofre excelente influência do treinamento,
mas é bom não deixar para começar muito tarde, pois o tempo de vida sedentário
é sempre inversamente proporcional aos bons níveis de flexibilidade.
Do ponto de vista da saúde os baixos níveis de flexibilidade podem trazer
riscos para lesões articulares e musculares. Mas, o principal problema é a íntima
relação dos baixos níveis de flexibilidade da porção posterior das pernas,
quadris e coluna lombar com as dores lombares muito comuns em mulheres e
homens adultos. Este problema pode ser minimizado com a inclusão de
exercícios de fortalecimento da região abdominal e de flexibilidade da região
afetada. Mas, não se esqueça que o melhor remédio ainda é a prevenção
através dos exercícios regulares.
Destacamos que, segundo a literatura especializada, todos nós
estamos sujeitos a termos pelo menos uma crise de lombalgia na vida, e
que esta poderá tornar-se crônica se não combatermos ou nos previnirmos
com eficiência.
Precisamos, entre outras medidas, acompanhar os níveis de flexibilidade
da porção posterior das pernas, quadris e coluna lombar, além, é claro, do
fortalecimento da região abdominal.
São vários os testes para medirmos a flexibilidade para a região acima
destacada. Temos o teste do Sit and Reach conhecido por nós como Sentar-e-
Alcançar, configura-se como a técnica mais freqüentemente descrita na
literatura e mais empregada em estudos populacionais (POLLOCK & WILMORE,
1993).
Limites morfológicos: limi-
tes naturais do movimento
articular.
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
23
Neste teste, o avaliado senta-se de frente para uma caixa de madeira,
especialmente construída para este teste, com as pernas estendidas e desliza
as mãos sobrepostas no máximo que ele possa alcançar através da flexão
do tronco à frente.
Veja quanta relação as componentes da
aptidão física aqui abordadas têm com a
saúde. Então, vamos estudar agora a última
componente: a composição corporal. Esta
componente, inclusive, será bastante
abordada em nosso curso, portanto, a
trataremos de forma bem superficial.
A preocupação em estudarmos e
determinarmos a composição corporal surgiu
da necessidade de melhor entendermos a
distribuição e a quantificação dos principais
componentes estruturais do corpo, a exemplo
dos músculos, ossos e massa corporal gorda.
Esta última componente tem-nos preocupado bastante pela sua forte relação
com o surgimento de doenças crônicas, mas é bom lembrarmos também que
a sua escassez pode levar a profundos comprometimentos do organismo e
até a morte.
Então é preciso destacar que quando nos referimos a composição
corporal, estamos falando principalmente da relação entre a massa
corporal magra, formada pelos músculos, e massa corporal gorda, formada
pelo tecido adiposo.
Desde o inicio do século XX as espessuras do tecido adiposo
subcutâneo têm sido mensuradas para efeito de predição da gorduracorporal
total. Quando associado a massa corporal total, podemos também prever a
massa magra do avaliado. O método e suas equações evoluíram, tornando-
se hoje o mais usual principalmente em pesquisa epidemiológicas (WILMORE
& COSTIL, 2001).
Subcutâneo: localizado abai-
xo da pele.
UNIDADE 1 - CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA PERSPECTIVA DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA
À SAÚDE
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Nesta unidade você estudou a aptidão física relacionada à saúde,
espero que esteja percebendo o quanto é importante o conhecimento deste
assunto para a boa atuação profissional e para a produção de novos
conhecimentos acerca da matéria estudada. Vamos ver o quanto você se
empenhou nos estudos.
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Na unidade 2, vamos estudar os aspectos da epidemiologia aplicados
a atividade física, principalmente, aqueles relacionados ao sedentarismo e a
obesidade. Até lá!

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