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28/02/2016 1 Traumatismo Crâniencefálico Prof. Danielli Speciali Definição � É uma agressão ao cérebro, não de natureza degenerativa ou congênita, mas causada por uma força física externa. � Estado diminuído ou alterado de consciência Definição � Comprometimento de habilidades cognitivas/ físicas � Distúrbios comportamentais/ emocionais � Caráter temporário ou permanente 28/02/2016 2 Definição � Qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo. Epidemiologia � Pode ser provocado por: - Acidente de trânsito (60 a 70%), - Acidentes industriais e domésticos, - Quedas, - Violência (assaltos e agressões), - Esportes e atividades de lazer. Epidemiologia � É a principal causa de morte nos EUA em pessoas com < 34 anos; � 22 a 25 TCE fatais por 100.000 pessoas � 500.000 exigem hospitalização; � 4ª causa mais comum de morte de todas as idades; � 50 % das mortes resultam de acidentes automotores; � Mais freqüente em homens que em mulheres. 28/02/2016 3 Fisiopatologia � Compreender os mecanismos da lesão cerebral, visto que há conseqüências sensoriomotoras, cognitivas, comportamentais e sociais diretamente seqüenciais à injúria. Fisiopatologia � Lesão Primária (biomecânica que determina o trauma) � Lesão secundária (alterações da estruturas encefálicas e alterações sistêmicas decorrentes do traumatismo) Lesão Primária � Ação da força agressora (mecanismo do trauma): • Impacto: • Energia aplicada • Depende do local e da intensidade do impacto • Lesão em golpe e contra-golpe 28/02/2016 4 Impacto LESÃO PRIMÁRIA � Ação da força agressora (mecanismo do trauma): • Inercial (o cérebro sofre em condições de mudança abrupta de movimento) • Aceleração ou desaceleração • Estruturas de diferentes pesos específicos (crânio e encéfalo) 28/02/2016 5 Fisiopatologia movimento da cabeça interrompido subitamente ou um golpe direto ao crânio deslocamento e distorção dos tecidos cerebrais Aceleração e desaceleração Lesão Primária Principais lesões: � Fraturas; � Contusões e Lacerações da substância cinzenta; � Lesão axonal difusa. 28/02/2016 6 Fraturas � Grande energia sobre pequena área � afundamento craniano � Impacto = deformidade de uma região pode levar a uma fratura secundária distante 28/02/2016 7 Contusões e lacerações da substância cinzenta � A destruição traumática do tecido cerebral pode ocorrer: • Contusão = lesão cortical que atinge os giros cerebrais sem solução de continuidade • Laceração (com fratura)= fragmentos invadem o crânio lesando a duramáter e a superfície cortical 28/02/2016 8 Lesão axonal difusa � Aceleração rotatória sobre os feixes de fibras perpendiculares; � Lesão extensa com deslocamento da massa cerebral; � Processo degenerativo da substância branca. Lesão Secundária � Pode surgir no momento ou após um período da lesão; � Pode-se interromper processo fisiopatológico evitando o agravamento da lesão. 28/02/2016 9 Lesão Secundária � Hematomas intracranianos; � HIC (hipertensão intracraniana); � Lesão cerebral isquêmica. Hematomas intracranianos EXTRADURAIS • Coleção sanguínea situada entre a parte interna óssea do crânio e a dura-máter; • Resulta da laceração de um vaso sanguíneo meníngeo ou seio venoso; • Hemorragia contínua → efeito compressivo gradativo. Hematomas intracranianos EXTRADURAIS � Quadro clínico: • Intervalo lúcido • Sinais progressivos de localização (HIC) � Tratamento cirúrgico 28/02/2016 10 Hematomas intracranianos SUBDURAIS • Ruptura traumática de veias córtico-meníngeas que vão do córtex aos seios durais; • Aceleração angular → deslocamento da massa encefálica → ruptura das veias; • Quadro clínico: • deterioração progressiva pelo aumento da PIC • Tratamento cirúrgico 28/02/2016 11 Hematomas Intracranianos INTRAPARENQUIMATOSO • Coleção compacta de sangue alojada dentro do parênquima cerebral; • Primário • Ação direta do trauma • Secundário • Amolecimento e ruptura posterior dos vasos Hipertensão Intracraniana � Uma das complicações mais freqüentes; � Principal causa de óbito; � Conflito de espaço entre: • líquor • encéfalo • sangue � Aumento não compensado de um destes componentes 28/02/2016 12 HIC - Mecanismos � � massa cerebral • edema cerebral � � volume e da pressão do líquor • dilatação do sistema ventricular: hidrocefalia obstrutiva � � volume de sangue intracraniano • dentro do sistema vascular - hiperemia ou congestão da microcirculação • fora do sistema vascular: hematomas e hemorragias Edema Cerebral � Hiperemia: • controle vasomotor alterado = VASOPLEGIA • miogênico: hipovolemia = ↓ P.A.= vasodilatação • metabólico: retenção de CO2 e queda do pH = vasodilatação � Edema: • vasogênico: ↑ da permeabilidade vascular • citotóxico: ↑ permeabilidade intracelular Consequências da HIC � Herniações; � Complicações vasculares → isquemia; � Bloqueio do fluxo liquórico (bloqueio do Aqueduto do mesencéfalo). 28/02/2016 13 Tipos de TCE � Traumatismos cranianos fechados: - não há ferimentos no crânio; - concussão (breve perda de consciência depois do traumatismo devido a desconexão funcional entre o tronco cerebral e os hemisférios, geralmente recobre a consciência antes de 6 horas); Tipos de TCE � Fratura com afundamento do crânio: - um fragmento do osso fraturado está afundado e comprime/lesiona o cérebro; 28/02/2016 14 Tipos de TCE � Fratura exposta do crânio: - indica que os tecidos pericranianos foram lacerados, - comunicação direta entre o couro cabeludo lesionado e o parênquima cerebral através dos fragmentos ósseos afundados ou estilhaçados e da dura mater lacerada. Exame do Paciente com TCE � Atendimento inicial com o paciente politraumatizado; � Atenção especial para as condições hemodinâmicas e respiratórias; � Avaliação do nível de consciência = controle da evolução neurológica. Nível ≠ conteúdo de consciência Nível: • Grau de alerta comportamental • Oscila durante o dia • Vigília e sono • Integridade do SARA Conteúdo: • Funções cognitivas • Comportamento • Pensamento • Integridade cortical 28/02/2016 15 SARA: Sistema Ativador Reticular Ascendente • Região ponto-mesencefálica • ATIVAÇÃO CORTICAL SARA núcleos inespecíficos do tálamo Estímulos aferentes ativação córtex periféricos cerebral Nível de consciência: formação reticular � Tronco encefálico � Formação Heterogênea • Emaranhado de núcleos e fibras � Funções: • Ativação cortical • Sono e vigília • Controle do sistema nervoso autônomo • Centro respiratório e vasomotor Rebaixamento do NC � Lesão em tronco encefálico � Lesão extensa cortical Vigília COMA estados intermediários de consciência 28/02/2016 16 Estados de consciência � ALERTA (NORMAL): • Desperto, interações normais � LETARGIA: • Sonolento, se não estimulado dorme � TORPOR: • Difícil acordar, somente por estímulos repetidos � ESTUPOR: • Acorda apenas à nocicepção, não interage � COMA: • Não acorda com nenhuma estimulação Coma � Lesões corticais extensas � Lesões do tronco encefálico � Avaliação: Escala de Coma de Glasgow • AO (1-4) • RV (1-5) • RM (1-6) Espontânea 4 Ordem verbal 3 ABERTURA OCULAR Dor 2 Sem resposta 1 Orientado 5 Confuso 4 MELHOR RESPOSTA VERBAL Palavras inapropriadas 3 Sons 2 Sem resposta 1 Obedece a comando verbal 6 Localiza a dor 5 MELHOR RESPOSTA MOTORA Flexão normal 4 Flexão anormal (descorticação) 3 Extensão à dor (descerebração)2 Sem resposta 1 28/02/2016 17 Escala Cognitiva Rancho Los Amigos � Descrição do comportamento dos pacientes pós TCE: � Oito níveis: 1. Sem resposta 2. Resposta generalizada 3. Respostas localizadas 4. Confuso-agitado 5. Confuso-inadequado 6. Confuso-apropriado 7. Automático-apropriado 8. Proposital-apropriado Exames � RX de crânio e coluna cervical; � TC; � RM; � EEG – grau de sofrimento cerebral; � Líquor – meningites e hemorragias meníngeas. Prognóstico � Depende de uma série de fatores: • Idade • Dimensão/ localização da lesão • Habilidades, inteligência e comportamentos pré- morbidez • História nutricional • Ambiente • Tratamento inicial • Reabilitação • Envolvimento familiar 28/02/2016 18 Tratamento � Local do acidente; � Sala de emergência; - Reanimação e estabilização da função respiratória e hemodinâmica; � Tratamento clínico ou cirúrgico. Alterações do tônus muscular Hipotonia →→→→ Hipertonia Monitorização da PIC � A HIC é o principal fator de gravidade para o TCE � pressão liquórica subaracnoidea ou intraventricular 28/02/2016 19 Tratamento - controle da PIC � Decúbito elevado de 30 graus e cabeça em posição neutra • facilita a drenagem venosa • não comprime as jugulares � hiperventilação • ↓ de CO2 = vasoconstrição = ↓ do vol. sanguíneo intracraniano Conduta Fisioterapêutica � Fase Aguda • UTI • Semi-intensiva • Enfermaria � Fase Crônica • Ambulatorial Reabilitação Durante os Estágios Agudos � Objetivos Fisioterapêuticos • Prevenir úlceras por pressão, contraturas e deformidades • Adequar tônus muscular • Promover a integração sensório-motora • Estimular o processamento cognitivo dos estímulos • Auxiliar na localização têmporo-espacial • Promover a independência no leito • Buscar a independência para a alimentação e vestuário 28/02/2016 20 Prevenção de úlceras por pressão e deformidades articulares � Posicionamento adequado: • Diminuir pontos de pressão: • Travesseiros • Rolos • Toalhas • Alternância de posicionamento dos segmentos • Evitar a manutenção dos padrões instalados • Manter a pelve em posição neutra • Evitar o padrão flexor de MS e extensor de MI • Promover o alinhamento da coluna cervical Tornozelo neutro Rotação neutra: rotação lateral = lesão do n. fibular Calcâneo sem contato com o leitoEvitar hiperextensão Decúbito Dorsal Decúbito Lateral MI fletido MI estendido 28/02/2016 21 Cabeça e tronco alinhados Punho em semi-extensão Dedos em semi-flexão e abdução Polegar em abdução Influência das úlceras por pressão e deformidades na reabilitação do paciente neurológico � Úlceras por pressão: • Aumentam o tempo de internação • Complicações clínicas (febre e desidratação) • Dificultam a mobilidade (DOR) � Deformidades articulares • Pacientes com bom prognóstico de recuperação motora podem ter sua reabilitação comprometida • Ex.: pé eqüino 28/02/2016 22 Normalização do Tônus Muscular � Posicionamento “longe do padrão” • Membro Superior: • Escápula em abdução • Cotovelo em extensão e supinação • Punho em semi-extensão • Dedos semi-fletidos • Membro Inferior • Quadril em extensão • Joelho: alternar flexão e extensão, evitando-se a hiperextensão • Tornozelo em posição neutra • Tronco e cabeça alinhados Adequação do tônus muscular � Mobilização passiva lenta: • Iniciar pelos segmentos proximais � Alongamento lento e progressivo � Utilização de reflexos medulares • Estiramento dos antagonistas • Retirada (MI) � Utilização dos reflexos tônicos e vestibulares • Flexão da cabeça inibe o padrão extensor Integração sensório-motora � Adequar as respostas motoras aos estímulos sensoriais � Estimulação vestibular � Estimular os diferentes tipos de memória � Promover a estimulação através de: • fragrâncias conhecidas • músicas • fotografias de familiares • objetos pessoais • estimulação tátil, térmica e proprioceptiva 28/02/2016 23 Estimulação do processamento cognitivo dos estímulos � Orientação verbal sobre os procedimentos realizados • Adequar o tom de voz • Linguagem simples e pausada � Buscar a estimulação através de atividades funcionais • Alimentação, Vestuário, Mudanças de decúbitos � Evitar comandos verbais complexos e atividades abstratas � Iniciar com atividades simples e de forma segmentada Localização têmporo-espacial � Orientar o paciente sobre • Local onde se encontra • Dia, mês e ano • Horário do atendimento � Utilizar relógios e calendários Independência no leito � Orientação espacial • O paciente precisa reconhecer: • Seus segmentos corporais • Limites de estabilidade e a superfície de apoio da nova base � Aprendizado segmentado • Trabalhar cada componente de movimento utilizado para a troca postural • Estimular a mudança de decúbito utilizando o padrão flexor de tronco, extensor de MS e flexor de MI 28/02/2016 24 Independência para a alimentação e vestuário � Buscar a participação ativa do paciente nestas atividades � Reduzir progressivamente o nível de auxílio � Promover a estabilidade do tronco e das regiões proximais através do posicionamento adequado � Ensinar auto-manuseios A importância da sedestação � Estimulação vestibular e visual � Reações de: • Endireitamento • Equilíbrio • Proteção � Aquisição de controle de tronco � Mecânica respiratória � Aliviar pontos de pressão e áreas de atelectasia A importância da bipedestação � Controle postural • Equilíbrio • Ajustes posturais • Estimulação sômato-sensorial � Motivação � Prevenção da osteopenia � Ajustes neurovegetativos vasomotores e pressóricos � Prevenção de encurtamentos mm � Utilização da prancha ortostática 28/02/2016 25 OBRIGADA
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