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Penal II Resumo II

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
 
Direito Penal II – Resumo II 
Aluno: Rached da Silva Centeno 
Sumário 
 
1. A ilicitude e as causas de exclusão da ilicitude (causas justificantes) .......................... 3 
1.1 Conceito de ilicitude: ........................................................................................................... 3 
1.2 Causas de exclusão da ilicitude (causas justificantes) ......................................................... 3 
A) Legítima defesa ............................................................................................................. 4 
B) Estado de necessidade .................................................................................................. 5 
C) Estrito Cumprimento de dever legal ............................................................................. 7 
D) Exercício regular de um direito ..................................................................................... 7 
2. Culpabilidade .......................................................................................................................... 8 
2.1 Culpabilidade no Sistema clássico (Liszt / Beling) ............................................................... 8 
2.2 Culpabilidade no Sistema Neoclássico (Mezger) ................................................................. 8 
2.3 Culpabilidade no Sistema Finalista (H. Welzel) ................................................................... 9 
2.4 Culpabilidade – Requisito do crime ou pressuposto de pena? ......................................... 10 
2.5 Co-culpabilidade ................................................................................................................ 10 
2.6 Excludentes da culpabilidade ...................................................................................... 11 
2.6.1 Inimputabilidade ............................................................................................................ 11 
2.6.1.1 Semi-imputabilidade ............................................................................................... 14 
2.6.1.2 Consequências jurídicas da imputabilidade e da Semi-imputabilidade .................. 14 
2.6.2 Inexigibilidade de conduta diversa................................................................................. 16 
3. Consumação e tentativa ..................................................................................................... 17 
3.1 Atos preparatórios x Atos executórios .............................................................................. 18 
3.2 Tentativa imperfeita x tentativa perfeita .......................................................................... 20 
3.2 Crimes que não admitem tentativa .................................................................................. 20 
3.3 Desistência voluntária e arrependimento eficaz .............................................................. 21 
3.4 Arrependimento posterior ............................................................................................... 22 
3.5 Crime impossível .............................................................................................................. 23 
3.6 Punibilidade do crime impossível ...................................................................................... 24 
4. Teoria do erro ....................................................................................................................... 24 
4.1 Erro de Tipo Essencial........................................................................................................ 25 
4.2 Erro de Tipo Acidental ....................................................................................................... 25 
4.3 Erro de Proibição ............................................................................................................... 28 
4.4 Descriminantes putativas .................................................................................................. 28 
5. Concurso de pessoas – Autoria e participação ............................................................... 29 
5.1 Sistema Unitário x Sistema Diferenciador ......................................................................... 30 
5.2 Autoria e participação ....................................................................................................... 30 
5.2.1 Formas de autoria ......................................................................................................... 31 
5.2.2 Participação “Stricto sensu” .......................................................................................... 31 
5.3 Requisitos do concurso de pessoas ................................................................................... 32 
5.4 Circunstâncias incomunicáveis .......................................................................................... 33 
5.5 Casos de inimputabilidade – Favorecimento pessoal e real ............................................. 33 
5.6 Teoria do domínio do fato................................................................................................. 34 
5.6.1 Hans Welzel ................................................................................................................... 34 
5.6.2 Claus Roxin .................................................................................................................... 35 
5.6.2.1 Claus Roxin – Teoria do aparato organizado de poder .............................................. 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. A ilicitude e as causas de exclusão da ilicitude (causas justificantes) 
 
1.1 Conceito de ilicitude: 
 
A) Ilicitude formal: É a relação de contrariedade entre o fato (ou a conduta) e a 
norma (entre o fato e o direito). 
B) Ilicitude Material: Leva em consideração o fundamento material da ilicitude, 
que é a danosidade social, a qual se expressa na ideia de ofensa a bens jurídicos 
(lesão ou exposição a perigo). 
1.2 Causas de exclusão da ilicitude (causas justificantes) 
 
 
 
As hipóteses previstas no artigo 23 do código penal não são as únicas possíveis. 
Além das expostas na parte especial, é reconhecido como causa excludente da ilicitude 
o consentimento do ofendido (titular do bem jurídico), nos casos em que a ausência 
de consentimento não é requisito para caracterização do crime. 
Por exemplo, no caso do crime de estupro: CP Art. 213. "Constranger alguém, 
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir 
que com ele se pratique outro ato libidinoso”, se houver consentimento da outra 
pessoa a conduta deixa de ser típica, já que a ausência de consentimento é requisito 
para o crime de estupro. 
No entanto, quando se trata, por exemplo, do crime de lesão corporal (C.P. Art. 
129), o indivíduo que coloca um piercing em outro está praticando um ato típico, 
porém lícito, já que o dissentimento não é requisito do crime de lesão corporal, logo 
não havendo dissentimento o fato deixa de ser ilícito. O consentimento pode ser 
classificado como causa supralegal de exclusão da ilicitude. 
 
 
 
Causas Justificantes 
Art. 23 
Estado de defesa 
Legítima Defesa 
Estrito Cumprimento 
do dever legal 
Exercício regular de 
direito 
Há consentimento no 
caso 
Exclui a Tipicidade 
Ausência de 
Consentimento é 
requisito do crime 
 
 
 
 
A) Legítima defesa: CP Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, 
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, 
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
São elementos da legítima defesa: 
 Agressão injusta: Nem toda agressão é ilícita, a exemplo da praticadano estrito 
cumprimento do dever legal por um policial. Para ser considerada injusta não 
precisa nem ser considera como crime, sendo possível até mesmo um ato ilícito 
civil. A agressão injusta de deve ser considerada objetivamente, assim uma 
pessoa pode defender-se mesmo quando o agente agressor é menor de idade, 
por exemplo. 
o A mera provocação não gera direito à legitima defesa. 
o Caso o agressor seja um animal a justificante é estado de necessidade e 
não legítima defesa. 
 
 Agressão atual ou iminente: Não pode ser agressão ocorrida no passado nem 
que possivelmente ocorra no futuro, deve estar acontecendo (atual) ou 
prestes a acontecer (iminente). 
 
 Direito próprio ou alheio: Para agir em legítima defesa o sujeito pode estar 
diante de uma agressão injusta atual ou iminente a um bem jurídico seu ou de 
outrem. 
 
 Meios necessários e usados moderadamente: 
o Meio necessário: É o suficiente e indispensável para uma defesa eficaz. 
(Não é meio necessário, por exemplo, uma arma de fogo para separar 
uma briga, quando os sujeitos envolvidos estão desarmados). 
o Uso moderado: O uso deve ser na proporção adequada para defesa 
eficaz. (Não é uso moderado, por exemplo, atirar na cabeça dos 
envolvidos para separar uma briga, ainda que os envolvidos estejam 
armados). Art 23 Parágrafo único – “O agente, em qualquer das 
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo” 
Além dos elementos previstos no artigo 25, a legítima defesa deve ter “animus 
defendendi” (elemento subjetivo), isto é, deve ter a intenção de pôr termo a uma 
agressão injusta a um bem jurídico seu ou de outrem. Ainda que o agente interrompa 
uma agressão ou impeça sua ocorrência, se não agir com essa intenção não poderá 
alegar legítima defesa. 
Exclui a Ilicitude 
Há consentimento no 
caso 
Ausência Consentimento 
não é requisito do crime 
 Legítima defesa putativa: Ocorre quando o agente se imagina diante de uma 
agressão injusta que não existe na realidade. Ex: A está em um bar e vê B 
colocar a mão dentro do casaco, a partir disso imagina que B vai sacar uma 
arma, quando na verdade B quer apenas pegar algo em seu bolso. Nesse 
mesmo momento A dispara contra B. 
o A legítima defesa putativa não é excludente de ilicitude, mas sim erro 
de tipo ou erro de proibição (ponto 4), podendo ensejar crime culposo 
ou isentar de pena. 
o CP Art 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado 
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a 
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e 
o fato é punível como crime culposo. 
 
 
 
B) Estado de necessidade: CP Art. 24 - Considera-se em estado de 
necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não 
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio 
ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 
 Espécies: 
- Defensivo: ocorre quando o ato necessário se dirige contra a coisa ou pessoa da 
qual promana o perigo para o bem jurídico protegido. Ex.: dois náufragos disputando 
uma tábua salvará um dos dois. Ambos podem usar dos meios possíveis. Sendo assim o 
ato em estado de necessidade será contra a fonte do perigo ao bem jurídico (no caso, 
um dos náufragos terá que impedir que o outro – a origem do perigo - fique com a 
tábua) 
- Agressivo: O ato se dirige contra pessoa ou coisa diversa da qual promana o perigo 
Ex.: Quando em um incêndio as pessoas pisoteiam umas às outras – o perigo emana do 
fogo e não das pessoas que foram lesionadas. 
Elementos da 
legítima defesa 
Agressão 
Injusta 
Atual ou iminente 
Defesa de direito (bem 
jurídico) 
Próprio ou 
Alheio 
Meios usados 
Necessários 
de uso moderado 
 Teorias 
 
 Teoria unitária (unificadora): Não leva em consideração o valor do bem 
defendido. O estado de necessidade é sempre uma causa justificante que exclui 
a ilicitude. Não importa se o bem sacrificado é de valor maior em relação ao 
que foi preservado. 
 
 Teoria diferenciadora: O estado de necessidade é causa justificante (afasta a 
ilicitude), quando o bem preservado for de valor superior ao bem sacrificado, 
ou em outras palavras, quando o bem sacrificado for de valor igual ou inferior 
ao preservado. (ex.: preserva-se a vida em detrimento de um bem patrimonial 
– motorista desvia de uma pessoa e atinge outro veículo). Entretanto, quando 
o bem de me valor igual ou inferior for preservado, o estado de necessidade 
será causa dirimente (ou exculpante), excluindo a culpabilidade por razão da 
inexigibilidade de conduta diversa. 
 
 
 
 Requisitos: 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de 
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, 
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 Perigo atual: É o que está acontecendo no momento da ação atual. 
 Não provocação voluntária do perigo: Exemplo: Agente coloca dolosamente 
fogo no prédio e ao sair correndo pisa nas pessoas. Não poderá alegar estado 
de necessidade, pois foi ele quem provocou a situação. (A doutrina diverge se a 
causa for por culpa o agente poderá ou não alegar estado de necessidade) 
 Inevitabilidade da lesão: Se há outro meio para evitar a lesão, que não 
prejudique nenhum bem jurídico, o sujeito deve valer-se desse meio. O estado 
de necessidade só se justifica quando for a única opção, o último recurso. 
Te
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 Unitária 
(unificadora) 
Não faz juízo de valor Causa justificante 
Sempre exclui a 
ilicitude 
Diferenciadora 
Preservado > Sacrificado Causa Justificante Exclui a Ilicitude 
Preservado ≤ Sacrficado 
Causa Dirimente 
(ou exculpante) 
Exclui a 
culpabilidade 
 Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado: Relaciona-se com o princípio 
da ponderação de bens. Só haverá estado de necessidade quando o bem 
jurídico preservado for de valor superior ou inferior ao bem jurídico sacrificado. 
 Direito próprio ou alheio: Por direito entende-se bens jurídicos em geral. 
 Elemento subjetivo (não está no artigo): a vontade de salvar um bem jurídico. 
 Ausência de dever legal em enfrentar o perigo: Art 24,§ 1º - “Não pode alegar 
estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.” Ex.: 
Militares, bombeiros, capitão de navio. 
Igualmente aplica-se a proibição de excesso: Art 23, Parágrafo único – “O agente, em 
qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo” 
 Estado de necessidade putativo: O perigo só existe na cabeça do sujeito que 
pratica. Afasta a ilicitude também 
 
Legítima Defesa Estado de Necessidade 
Pressupõe agressão Pressupõe perigo 
A agressão pode ser evitável O perigo deve ser inevitável 
Há só uma pessoa com razão Há duas ou mais pessoas com razão 
 
C) Estrito Cumprimento de dever legal: 
 É caracterizado quando o agente lesa ou ofende um bem jurídico, mas por estar 
cumprindo obrigação a ele legalmente imposta. Ex.: Policial quando prende alguém 
(nos limites e condições permitidos por lei). 
D) Exercício regular de um direito 
O fundamento encontra-se, sobretudo, em fontes extrapenais, isto é, fora da 
legislação penal. Ex.: CC Art. 1.210. “O possuidor tem direito a ser mantido na posse 
em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se 
tiver justo receio de ser molestador”. O possuidor nesse exemplo possui a faculdade 
de utilizar a “força” para manter-se na posse do bem sem que osatos usados como 
meios para essa finalidade sejam considerados como crime, se respeitados os limites 
legais como a proporcionalidade e necessidade dos meios. 
 Ofendículos: São instrumentos que servem para defender bens jurídicos, mais 
especificamente a propriedade privada. Exemplos: arame farpado; cacos de 
vidro em cima do muro; cães bravos. Os ofendículos devem estar perceptíveis 
facilmente. 
 
Natureza jurídica  duas correntes: 
i) Ofendículos são meios exercício regular de direito 
ii) Ofendículos são meios de legítima defesa (Uma critica feita a essa corrente é que a 
legitima defesa é uma reação a uma ação atual ou iminente, e os ofendículos são 
instalados previamente a uma possível agressão ao bem jurídico. A resposta a corrente 
doutrinária favorável a natureza de legítima defesa é no sentido de que os ofendículos 
atuarão no momento da agressão, embora instalados com antecedência) 
Do ponto de vista prático é irrelevante se a natureza desses mecanismos é exercício 
regular de direito ou legítima defesa, pois a consequência da atuação de um 
ofendículo em defesa da propriedade privada para o proprietário será sempre a 
exclusão da ilicitude. O ato será típico, porém ilícito. 
2. Culpabilidade 
 
Relembrando a estrutura do crime no sistema finalista: O crime é uma conduta 
típica (tipicidade), ilícita e culpável. O último elemento a ser analisado é a 
culpabilidade. 
2.1 Culpabilidade no Sistema clássico (Liszt / Beling) 
 
A concepção clássica está vinculada às ciências naturais, nos métodos das ciências da 
natureza. 
o Teoria psicológica da culpabilidade: (adotada até final do sec. XIX) A 
culpabilidade é o vínculo psicológico entre o agente e o fato. O vínculo 
não tem gradação, ou seja, simplesmente existe vínculo ou não. Ocorre 
vínculo quando, por exemplo, o agente pensa “ eu quero matar alguém” 
antes de cometer um homicídio. 
 Problemas: 
 Na culpa inconsciente não haveria culpabilidade, pois 
não o agente não tem vínculo psicológico. (não seria 
crime portanto) 
 Crimes de coação: Tinha vínculo psicológico mas agiu sob 
coação. (Exemplo do gerente de banco que, sob coação, 
saca dinheiro e entrega aos coatores) 
2.2 Culpabilidade no Sistema Neoclássico (Mezger) 
 
o Teoria Psicológica-normativa: Ex.: (tribunal do Reich). Parteira que 
colocava a data de nascimento dos bebês para segunda-feira quando os 
nascimentos ocorriam no domingo, a pedido do sindicato. O Tribunal a 
absolveu, pois não basta o vínculo psicológico, precisa de um aspecto 
de reprovação. A parteira agiu em circunstancias normais, no entanto, 
premida da necessidade de trabalhar, o que exclui o aspecto de 
reprovação de sua conduta, já que não é exigível que alguém, na 
situação da parteira, arrisque-se em perder o meio de sobrevivência em 
nome da legalidade. 
 A culpabilidade ganha aspecto normativo e deixando de ser 
mero vínculo psicológico – EXIGIBILDIADE DE CONDUTA 
DIVERSA. Até o momento a culpabilidade tinha como 
pressupostos: 
 imputabilidade, 
 Dolo ou culpa (teoria psicológica) 
o sem elementos valorativos, apenas naturalísticos. 
 O dolo e a culpa deixam de ser espécies de culpabilidade e 
passaram a ser elementos. O dolo e a culpa eram, a grosso 
modo, a própria culpabilidade no sistema clássico, agora a 
integram como elementos. 
 
2.3 Culpabilidade no Sistema Finalista (H. Welzel) 
 
De acordo com o sistema finalista, o dolo e a culpa não compreendem a culpabilidade 
(como no sistema clássico), tampouco a integram (como no sistema neoclássico), mas 
sim constituem elementos do fato típico (da tipicidade). 
o Antes desenvolvimento do sistema finalista, a consciência da ilicitude 
estava inserida dolo. Para que a conduta fosse considerada dolosa era 
imprescindível que o agente tivesse plena consciência de que a conduta 
por ele praticada era proibida pelo direito (isso na teoria neoclássica, 
como tentativa de corrigir alguns aspectos da teoria clássica). 
o Teoria normativa pura: Culpabilidade tem como elementos: 
Imputabilidade, POTENCIAL consciência da ilicitude e a exigibilidade de 
conduta diversa. Retiram-se o dolo e a culpa da culpabilidade (por isso 
essa teoria não traz o termo “psicológica”), os quais, como visto, 
integram a própria conduta típica. Para que a conduta seja típica precisa 
ser dolosa ou culposa. 
o Culpabilidade é o puro juízo de reprovação sobre o agente capaz (ou 
imputável) que tenha praticado fato ao menos com a possibilidade de 
ter ciência da ilicitude em circunstâncias em que era exigível um 
comportamento diverso. 
o Para caracterizar culpabilidade, portanto: Imputabilidade, potencial 
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
 
 
2.4 Culpabilidade – Requisito do crime ou pressuposto de pena? 
 
Não há unanimidade na doutrina sobre a natureza da culpabilidade, se 
pressuposto da pena ou requisito do crime. 
A linha que afirma ser a culpabilidade pressuposto para pena usa o argumento que o 
código utiliza expressões como “isento de pena”, quando se refere a ausência de 
culpabilidade. Exemplo: 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Quando há erro sobre a ilicitude, e esse erro é inevitável, não é possível exigir outra 
conduta do agente, logo não preenche os requisitos da culpabilidade. Nessa situação, 
o legislador determina a isenção de pena, por isso classifica-se a culpabilidade não 
como requisito para caracterização do crime e sim como pressupostos para pena. 
Como resposta a teoria antes mencionada, a doutrina aponta que, não apenas a 
culpabilidade, mas todos os elementos do crime (tipicidade, ilicitude e culpabilidade) 
são pressupostos de pena. Se o fato não é típico o agente não pode ser punido, assim 
como se o fato for típico, mas lícito. 
2.5 Co-culpabilidade 
 
É a teoria que reconhece uma parcela de responsabilidade por parte da 
sociedade, devido à inércia ou à falha em oferecer ao indivíduo que agride um bem 
El
em
en
to
s 
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a 
cu
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ab
ili
d
ad
e
 
Sistema Clássico Teoria Psicológica 
Dolo 
Culpa 
Sistema Neoclássico 
Teoria Normativa-
psicológica 
Dolo e Culpa 
Imputabilidade 
Exigência de conduta 
diversa 
Sistema Finalista 
Teoria Normatica 
pura 
Imputabilidade 
Exigência de conduta 
diversa 
Potencial consciência 
da ilicitude 
jurídico os meios necessários para que a reincidência criminal não ocorresse, tais como 
alternativas e perspectivas que possibilitassem o afastamento seu da criminalidade. 
Partindo desse pressuposto, de que a sociedade tem uma parcela de responsabilidade, 
a pena do agente seria reduzida. 
2.6 Excludentes da culpabilidade 
 
 Inimputabilidade (2.6.1) Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
 Inexigibilidade de conduta diversa (2.6.2) 
 
 Ausência de potencial conhecimento sobre a ilicitude (4.3) Erro de proibição. 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a 
um terço 
 
 
 Coação irresistível: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em 
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior 
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 
 
 Causa supralegal: Súmula 68 do TRF. “A prova dedificuldades financeiras, e 
conseqüente inexigibilidade de outra conduta, nos crimes de omissão no 
recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser feita através de 
documentos, sendo desnecessária a realização de perícia. ” 
2.6.1 Inimputabilidade 
 
Conforme Heleno Cláudio Fragoso “a imputabilidade é a condição pessoal de 
maturidade e sanidade mental que confere ao agente a capacidade de entender o 
caráter ilícito do fato ou de se determinar segundo esse entendimento”. 
Conceito legal de inimputabilidade: Art. 26 – “É isento de pena o agente que, por 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou 
de determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
 Sistemas ou critérios sobre a inimputabilidade 
 Sistema biológico ou etiológico (sistema francês): Conforme esse sistema a 
inimputabilidade é vinculada à anomalia ou à imaturidade. É adotado em nosso 
ordenamento em relação ao menor de 18 anos. 
 
 Sistema ou critério psicológico: Considera as condições psíquicas do agente no 
momento da prática do fato, sem indagar se há alguma perturbação mental mórbida, 
não importa se o sujeito é doente ou não. Não foi adotada pelo código penal 
brasileiro. 
 
 Sistema Biopsicológico: É a reunião dos dois primeiros. É o critério adotado no Brasil, 
com exceção dos menores de 18 anos. Verifica-se a condição mental do agente, 
aliada aos efeitos dessa condição sobre o indivíduo no momento do fato. 
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
. 
No Brasil foram adotados os critérios: Biológico no caso do menor de 18 anos e o 
Biopsicológico nos demais casos. 
 
 Casos de inimputabilidade 
 
 Doença Mental (Art. 26) 
 
 Comorbidade: Quando sujeito é acometido por mais de uma doença 
etiologicamente relacionadas por exemplo: Alucinação (perturbação nas 
percepções visuais, auditivas etc.); Delírio (perturbações no 
pensamento/crenças). 
 
 Ausência de autodeterminação: “ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. ” Ex.: Sujeito que não consegue mais se controlar devido ao 
efeito das drogas. 
 
 
 Desenvolvimento mental incompleto: 
 
A) Art. 27 – “Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.” (Legislação 
especial = Estatuto da Criança e do Adolescente). 
o O menor não pratica crime, apenas ato infracional, podendo ser 
apreendido, mas não preso. 
o A presunção de inimputabilidade do menor de 18 anos é absoluta. 
o O menor não responde penalmente ainda que cometa o ato infracional 
pouco antes da meia noite do dia anterior em que completará 18 anos. 
o Se cometer o ato infracional no dia em que completa 18 anos, responde 
penalmente, já que, nas penas privativas de liberdade e restritivas de 
direito, deve-se desprezar as frações de dia (Art. 11). 
B) Indígena: Não há previsão no código, mas a doutrina majoritária indica o indígena 
como inimputável, dependendo da análise do caso concreto, embora existam 
precedentes do STF afirmando o contrário. 
 
 Embriaguez Completa e involuntária (Acidental): Agente é isento de pena – 
Art. 28. § 1º - “É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
 Caso fortuito: Agente ingere bebida desconhecendo seus efeitos (não previu e 
não tinha como prever) 
 Força Maior: Agente é obrigado a beber. 
 Deve ser inteiramente incapaz de entender o ilícito 
 Isento de pena 
 
 Embriaguez como doença mental (patológica): Prevista no caput do artigo 26. 
Assim como a embriaguez completa acidental (involuntária) o agente é isento de 
pena. 
Outras modalidades de embriaguez, que não isentam ou isentam parcialmente o 
agente de pena: 
o Embriaguez Incompleta involuntária (acidental): Art 28 § 2º - “A pena 
pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da 
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
 
o Embriaguez pré-ordenada (não acidental): É um agravante de pena. Art. 
61 – “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime: II. L) em estado de embriaguez 
preordenada.” 
Ocorre quando o sujeito se embriaga com a finalidade de cometer o 
crime. Teoria da actio libera in causa  O sujeito que se põe em estado 
de inimputabilidade não pode alegar desconhecimento do ilícito, ou 
seja, a ação foi livre na causa (embriaguez). 
 
o Voluntária ou culposa: Agente embriague-se voluntariamente ou por 
culpa  Responde pelo crime. 
 
 
2.6.1.1 Semi-imputabilidade 
 
 Art. 26, Parágrafo único – “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” 
 Enquanto caput do artigo 26 trata da doença mental, o parágrafo único 
desse artigo o faz em relação à perturbação mental, a qual é mais ampla do que 
aquela, abarcando a doença mental em grau menos grave que no caput, a neurose, a 
psicopatia, dentre outras. Além dessas hipóteses, a embriaguez incompleta e 
involuntária (acidental) (Art 28. §2º) também é classificada como semi-imputabilidade, 
tendo, portanto, como consequência a redução da pena (1/3 a 2/3). 
2.6.1.2 Consequências jurídicas da imputabilidade e da Semi-
imputabilidade 
 
Quando for caso de inimputabilidade a primeira consequência será a absolvição 
(isenção de pena), e quando for de semi-imputabilidade, em regra, a redução da pena 
de 1/3 a 2/3. 
 Inimputabilidade (Casos do caput do artigo 26 e embriaguez completa 
involuntária) 
estado do sujeito Primeira consequência Segunda consequência 
Doença mental (e demais casos do 
Art. 26, caput) 
Isento de pena 
 
Medida de segurança (Arts 
97 e CPP 386, IV, parágrafo 
único, III ) 
 
 
Em
b
ri
ag
u
ez
 
Patológica Artigo 26, caput Isento de pena 
Completa e 
Involuntária Artigo 28 . §1º Isento de pena 
Incompleta 
involuntária Artigo 28 . §2º 
Redução pena 
de 1/3 a 2/3 
Preordenada Artigo 61,II,L 
Agravante de 
pena 
Voluntária OU 
culposa 
Responde pelo crime 
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, 
todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-
lo a tratamento ambulatorial. 
 Internação e tratamento ambulatorial são espécies de medidas de segurança. 
O sujeito será submetido a tratamento ambulatorial quando o crime for 
punível com detenção e à internação quando a pena for de reclusão. 
 A pena de detenção é a que não admite o regime inicial fechado (só pode 
semiaberto ou aberto) 
 A pena de reclusão é que admite o regime inicial fechado. (para os crimes mais 
graves) 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que 
reconheça: VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de 
pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todosdo Código Penal), ou mesmo se 
houver fundada dúvida sobre sua existência; 
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: III - aplicará medida de segurança, se 
cabível. 
Trata-se da sentença absolutória imprópria: O juiz reconhece o fato como crime, 
absolve o agente pela inimputabilidade, mas aplica-lhe uma medida de segurança. 
Cabe lembrar que a embriaguez patológica é caracterizada como doença mental, 
aplicando-se ao sujeito uma sentença absolutória imprópria, quando for o caso. 
estado do sujeito 
Primeira 
consequência 
Segunda consequência 
Embriaguez Completa e 
involuntária (Art. 28, 1º) 
Isento de pena 
 
- 
 
No caso de embriaguez completa e involuntária (acidental), o sujeito que praticar o 
fato tido como crime nesse estado será inimputável e, portanto, absolvido 
complemente, não lhe sendo aplicável medida de segurança. 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que 
reconheça: 
 Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: 
 I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; 
 
 Não se aplica a embriaguez voluntária. 
 Nos demais casos de embriaguez o agente responde com pena reduzida 
(incompleta e involuntária), agravada (preordenada – embriagou-se 
especificamente para cometer o crime) ou responde como se sóbrio estivesse 
(voluntária ou culposa) 
 Semi-imputabilidade 
estado do sujeito Consequência 
Perturbação de saúde mental 
ou por desenvolvimento 
mental incompleto ou 
retardado Redução pena de 1/3 
a 2/3 
 
Medida de segurança 
 capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou determinar-se 
de acordo com esse 
entendimento (Art 26, 
parágrafo único) 
 
Art. 98 – “Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o 
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser 
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) 
a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.” 
O juiz pode substituir a pena reduzida por medida de segurança, se entender que o 
agente precisa de tratamento. 
estado do sujeito Consequência 
Embriaguez não completa e 
involuntária/acidental (Art. 28, 2º) 
 
Pena reduzida de 1/3 a 2/3 
 
 
 
Nesse caso de semi-imputabilidade, o agente responde com pena reduzida de 1/3 a 
2/3, não havendo possibilidade de substituição da pena por medida de segurança. 
2.6.2 Inexigibilidade de conduta diversa 
 
Elemento da culpabilidade Excludente de culpabilidade 
Imputabilidade Inimputabilidade 
Potencial conhecimento sobre ilicitude Erro de proibição 
Exigibilidade de conduta divers Inexigibilidade de conduta diversa 
 
A inexigibilidade de conduta diversa tem causas legais e causas supralegais. 
 Causas legais: Art. 22: “Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em 
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior 
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.” 
 
OU 
 O artigo mencionado trata da coação irresistível MORAL (vis compulsiva) e não 
da coação física (Vis absoluta) 
 Se a ordem for RESISTÍVEL, ainda que não seja excludente de culpabilidade, 
pode caracterizar uma situação atenuante da pena, prevista no artigo 65. 
 Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: c) 
cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de 
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto 
da vítima; 
 O mero temor reverencial não caracteriza coação irresistível. (Cometer um 
crime por medo de reprovação do padre, do pai, da mãe, de alguém por quem 
se tenha admiração) 
 
 Obediência hierárquica  A Ordem não pode ser manifestamente (evidente) 
ilegal, para que afaste a culpabilidade. No caso de ordem manifestamente 
ilegal, respondem os dois, de quem emanou a ordem (superior hierárquico) e 
quem a executou (inferior hierárquico), mas para o último a pena será reduzida 
nos termos do artigo 65, III, C. 
Ordem manifestamente ilegal é a que: A) Emana de autoridade incompetente OU B) 
Não reúne os requisitos formais. 
 Causas supra legais de inexigibilidade de conduta diversa: 
Ex.: Súmula 68 do TRF4. “A prova de dificuldades financeiras, e conseqüente 
inexigibilidade de outra conduta, nos crimes de omissão no recolhimento de 
contribuições previdenciárias, pode ser feita através de documentos, sendo 
desnecessária a realização de perícia.” 
3. Consumação e tentativa 
 
Crime consumado é o que reúne todos os elementos de sua definição legal (Art 14,I). 
O Tipo legal sempre descreve o crime consumado. Já o crime tentado é o que, quando 
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente 
(Art 14,II). 
As razões “alheias à vontade do agente” que impedem a consumação do crime devem 
ocorrer na fase de execução do chamado “Iter criminis” (o caminho do crime), o qual 
inicia-se desde o momento em que o crime está na mente do sujeito (cogitação), passa 
pelos atos preparatórios, pelo momento da execução e pela consumação, tendo como 
última fase o exaurimento do crime (quando o agente provoca, após a consumação, 
nova lesão ao bem jurídico ou obtém nova vantagem sem o que o ato caracterize 
crime diverso). 
A simples cogitação (propósito do agente de cometer o crime) não possui 
consequências penais. O segundo momento após a execução é onde ocorrem os atos 
preparatórios para o crime, tendo a seguinte fase a de execução do plano. A grande 
dificuldade consiste em identificar quando o ato deixa de ser preparatório para ser 
executório. 
 Cogitação  Não é punível 
 Atos preparatórios  Em regra, não são puníveis. Só serão quando 
constituírem por si sós um crime. 
o Ex.: Ato preparatório punível  Formação de uma quadrilha para 
cometer um homicídio. A formação de quadrilha em si já constitui crime 
por isso é um ato preparatório punível (Lei 12.850/13 – Art. 1º, §1º) 
o Ex.: Ato preparatório não punível  A quer matar B. Por isso começa a 
observar a sua possível vítima, os horários que chega em casa, quando 
está sozinha etc.. 
 Execução  Se não for consumado o crime, caracteriza tentativa (se as razões 
impeditivas forem alheias à vontade do agente). 
3.1 Atos preparatórios x Atos executórios 
 
(texto enviado por email) – Prof. Ângelo Ilha da Silva 
 TEORIA NEGATIVA (Luigi Scarano): “Para essa teoria, é impossível determinar 
quando há um ato de execução.” 
 
 TEORIA SUBJETIVA (Von Buri): “Define tentativa exclusivamente pela 
representação do autor: ações representadas como preparatórias no plano do 
autor não caracterizam tentativa; ações representadas como executivas no 
plano do autor caracterizam tentativa.” 
o Leva em consideração como o agente considera o ato, se ele considera 
como preparatório o fato não constitui tentativa, se considera como ato 
de execução , constitui tentativa. 
 
 TEORIA FORMAL-OBJETIVA (Beling): “Entende-se por começo de execução o 
começo da realização da ação descrita no verbo do tipo.” Ex.: o agente põe a 
mão no bolso da vítima para furtá-la. 
o Crítica: “é um critério demasiadamente estreito e insuficiente para 
abarcar todas as hipóteses.” 
 TEORIA MATERIAL-OBJETIVA (Frank): “Esta teoria pretende aperfeiçoar a 
teoria formal-objetiva, apelando dentre outros elementos, ao perigo para o 
bem jurídico e a inclusão de ações que, por sua vinculação necessária com a 
ação típica, aparecem, segundo uma concepção natural, como parte integrante 
dela.” 
Ex.: “a tentativa de homicídio já estaria caraterizada no momento em que o 
agente aponta a arma paravítima.” 
Crítica: “ações anteriores a ações que oferecem ataque ao bem jurídico 
feririam o princípio da legalidade.” 
 
 TEORIA OBJETIVO-INDIVIDUAL, SUBJETIVO-OBJETIVA OU DO PLANO DO 
AUTOR (Hans Welzel, teoria adotada pelo StGB, o CÓDIGO PENAL ALEMÃO) 
“Para estabelecer a diferença entre ato preparatório e ato executório, 
complementa o critério objetivo levando em conta o plano do autor. 
Ex.: os agentes planejam assaltar um banco, mas são surpreendidos pela polícia 
quando escavavam um túnel já perto da agência. 
Essa teoria leva a uma tendência de subjetivação. 
Ex.: se o ladrão rompe a fechadura da porta, porque seu plano será invadir 
imediatamente a residência para realizar a subtração de objetos, terá 
praticado, desde logo, atos de execução; se, porém, seu plano é o de romper a 
fechadura para mais tarde voltar ao local e proceder à subtração apenas atos 
preparatórios”. 
 
StGB Título II – Tentativa: Art. 22 Definição do conceito. Comete tentativa de 
um fato punível quem, de acordo com sua representação do fato, age 
diretamente para a realização do fato típico. 
 
 TEORIA DA INEQUIVOCIDADE E IDONEIDADE (Carmignani). “Os atos externos 
devem ser inequívocos ou unívocos e idôneos. Remonta à jurisprudência 
formada na vigência do Código Zanardelli. É a teoria adotada pelo CP italiano e 
também pelo revogado CP brasileiro de 1969.” 
o Art. 56. Delito tentado: Aquele que pratica atos idôneos, dirigidos de 
modo não equívoco à prática de um delito, responde pelo crime 
tentado, se a ação não se realiza ou se o evento não se verifica. 
“Ato executivo é, portanto, o ato idôneo, dotado de capacidade potencial para 
a produção do resultado somada a inequivocidade ou univocidade, ou seja, não 
ambíguo. O ato preparatório é aquele que, além de inidôneo, é equívoco ou 
ambíguo. Aquele que for surpreendido no topo de uma escada, apoiada em 
uma janela, se estiver praticando um ato idôneo, não estará praticando um ato 
inequívoco (poderá visar ao furto, a um sequestro ou poderá estar reparando a 
janela).” 
A idoneidade deve ser apreciada em cada caso concreto e, de acordo com a 
jurisprudência italiana, ex ante e id quod plerumque accidit. 
Ex.: o açúcar, substância inócua para causar a morte, poderá ser idônea a 
produzi-la se ministrado a um diabético. Ao ato idôneo e inequívoco deve 
somar-se o elemento subjetivo, qual seja, o dolo de crime consumado. 
Ex.: “A, animus necandi, ministra a B certa quantidade de açúcar, pensando 
tratar-se de violento veneno. Evidente, B não vem a morrer”. (Mestieri). Como 
não se tratava de veneno violento a conduta se mostrou inidônea. 
No Brasil, seguem essa orientação Paulo José da Costa Jr. e Miguel Reale Júnior 
3.2 Tentativa imperfeita x tentativa perfeita 
 
A Tentativa Imperfeita ocorre quando o agente não consegue praticar todos os atos 
necessários à consumação por interferência externa. 
Ex.: A quer matar B, e consegue atingir a vítima com um disparo, causando-lhe lesões. 
No entanto, quando vai realizar outro disparo, C interfere impedindo que a 
consumação aconteça. 
Já a tentativa perfeita (ou crime falho) ocorre quando o agente realiza todo o 
necessário para obter o resultado, mas mesmo assim não o atinge. 
Ex.: A dispara dolosamente contra B, mas antes que o homicídio se consume C 
interfere, após A ter realizado todos os atos, e leva B para o hospital impedindo a sua 
morte. 
3.2 Crimes que não admitem tentativa 
 
A) Crimes culposos  Para tentar é preciso querer. 
B) Crimes preterdolosos (dolo no tipo básico e culpa no qualificador)  Ex.: 
Agente quer causar apenas lesões na vítima, mas acaba, por culpa, causando-
lhe a morte. 
C) Contravenções penais  Lei das contravenções penais – Art. 4º Não é punível 
a tentativa de contravenção. 
D) Omissivos próprios: Ex.: Art. 135 – “Deixar de prestar assistência, quando 
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não 
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.” Logicamente, não é 
possível tentar deixar de fazer algo. 
E) Unisubsistentes. Mediante ato único. Ex.: Injúria verbal (Art 140). 
F) Crimes de resultado: Os crimes em que a lei pune somente quando ocorre o 
resultado. Ex.: Art. 122 – “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
lhe auxílio para que o faça.” Se o suicídio não acontecer ou a tentativa de 
suicídio não gerar lesões, ainda que o sujeito tenha instigado o outro a suicidar-
se, não haverá crime. Nesse caso, não há possibilidade de tentativa, pois 
somente a consumação do ato induzido pode ocasionar a punição daquele que 
induziu. 
G) Crime habituais: Só se caracterizam se houver reiteração da conduta. Senão o 
crime não se consuma. Ex.: Art. 230 – “Tirar proveito da prostituição alheia, 
participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou 
em parte, por quem a exerça.” Só se caracteriza crime se for praticado de modo 
habitual. É preciso reiteradas condutas previstas no tipo, logo a mera tentativa 
não constitui crime. 
H) Crimes de atentado. Lei 7170/83. Art. 17 – “Tentar mudar, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito.” 
A própria tentativa já é considerada consumação. 
I) Crime continuado. “Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação 
ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições 
de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os 
subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena 
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto a dois terços.” 
São diversos atos que, por uma ficção jurídica, constituem um único crime. Não 
constituindo a mera tentativa em crime. 
 
Constitui Crime complexo, quando o agente pratica mais de um ato típico e ilícito. 
Pode ocorrer tentativa no crime complexo: 
 Roubo + Morte. Agente tentou roubar e tentou matar. (tentativa de latrocínio) 
 Roubo + Morte. Agente tentou roubar e consumou o homicídio. Todo o crime 
fica tentado. (tentativa de latrocínio) 
 Roubo + Morte. Agente roubou e matou a vítima. (Latrocínio consumado) 
 O crime complexo só será consumado quando todos os atos típicos praticados 
forem consumados. 
Sumula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda 
que não realize o agente a subtração de bens da vítima.” 
3.3 Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
Art. 15 – “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.” 
 Esse artigo é resultado de uma política criminal que visa à desistência do sujeito em 
praticar o crime. 
 Desistência voluntária: Sujeito atira na vítima e acerta o braço. Embora tenha 
mais munição na arma, resolve desistir de cometer o homicídio. Responde por 
lesão corporal. 
Entretanto, se o agente erra o tiro e, em seguida, desiste voluntariamente, 
tendo munições na arma, não responde por crime algum. Para que se 
caracteriza a desistência voluntária é necessário que o agente tenha 
possibilidade de continuar com o crime. 
 A desistência voluntária não precisa ser espontânea, isto é, o agente pode 
desistir por convencimento de terceiro ou da própria vítima. 
 
 Arrependimento eficaz: Ocorre quando, após esgotados os atos executórios, o 
agente atua para que o resultado não ocorra, fazendo uma nova atividade. 
Exemplo: A Ministra veneno na comida de B. Momentos após o ato, resolve ministrar o 
antídoto em outra refeição de B. Não respondepelo crime a não ser pelos resultados 
que eventualmente tenham ocorrido (possíveis sequelas) 
Exemplo²: A ministra veneno na comida de B. Avisa do veneno, mas o a vítima morre. 
A responderá pela morte de B. 
3.4 Arrependimento posterior 
 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Se o sujeito oferecer a restituição da coisa até o recebimento da denuncia pelo juiz, a 
pena será reduzida de um a dois terços, mas se o oferecimento da restituição ocorrer 
depois do recebimento da denúncia e antes do julgamento, caracteriza-se mera 
circunstância atenuante da pena. 
Art. 65 – “São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente: (...) 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-
lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;” 
 Restituição antes do recebimento da denúncia: Redução de pena de um a dois 
terços 
 Restituição (reparação do dano) depois do recebimento da denúncia e antes do 
julgamento: Circunstância atenuante 
Mas há exceções, quando de forma diversa estiver previsto em lei. A exemplo: 
 Peculato - Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Peculato culposo: Art 321. § 2º - “Se o funcionário concorre culposamente para o 
crime de outrem” 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena 
imposta. 
 Reparar o dano antes da sentença: fica extinta a punibilidade 
 Reparação depois da sentença reduz pela metade a pena imposta. 
(Apenas no peculato culposo) 
 
3.5 Crime impossível 
 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 Ineficácia absoluta do meio: Se ineficácia do o meio ou o objeto for relativa o 
sujeito responde pela tentativa. Para que o sujeito fique isento de pena não 
pode haver possibilidade alguma do meio ou objeto utilizado consumar o 
crime. 
Ex.: A ministra açúcar na alimentação da vítima supondo que era veneno, como o meio 
é absolutamente ineficaz para atingir o resultado, A não será punido pela tentativa. 
Ex².: Tentar matar alguém com uma pistola de água. 
 Ineficácia relativa do meio: O agente responde por crime tentado. Ex.: Arma de fogo 
falha quando o agente vai realizar um homicídio. (a ineficácia é relativa pois a arma 
poderia ou não ter falhado) 
 impropriedade absoluta do objeto: O “objeto” mencionado no artigo 17 é a 
pessoa ou coisa sobra a qual recai a conduta. O agente não responde por 
tentativa. 
Ex.: Desferir tiros em pessoa morta. 
Ex.: Ingerir medicamentos abortivos quando a gravidez é meramente psicológica. 
 Impropriedade relativa do objeto: Nesses casos, há possibilidade do crime ser 
consumado, respondendo o agente por tentativa. Ex.: Sujeito atira em vítima que está 
com uma medalha em baixo da camisa, a qual lhe salva a vida. 
Em suma, quando for relativa a impropriedade do objeto ou a ineficácia do meio, ou 
seja, se houver possibilidade de consumação do crime, o agente responde por crime 
tentado. Já quando não existir possibilidade de consumação do crime, por ser absoluta 
a impropriedade do objeto ou a ineficácia do meio o agente caracteriza-se o crime 
impossível, não respondendo o agente por crime algum. 
3.6 Punibilidade do crime impossível 
 
De acordo com a teoria subjetiva a punibilidade ou não do agente tem como fator 
determinante a intenção do autor no momento do ato, o que leva possivelmente a 
consequências mais radicais. Por exemplo, se alguém atira em uma pessoa morta, 
responderia por tentativa de homicídio, sendo a sua intenção (psicológico) cometer 
um crime. Portanto, a teoria subjetiva equipara o crime impossível ao crime tentado. 
Já para a teoria objetiva o que deve ser levado em consideração é a ofensa a que é 
exposto o bem jurídico (lesão ou perigo). Nesse caso, o agente não responde por atirar 
em uma pessoa morta, já que são irrelevantes as lesões causadas no bem jurídico 
atacado. 
 Crime provocado ou crime de ensaio: A própria autoridade competente para 
investigação propicia que o crime ocorra. Ex.: Policial que vai comprar drogas, e 
na hora da entrega seus colegas policiais predem o sujeito. A principal 
característica é a prévia combinação do flagrante (flagrante preparado). 
Situação diversa seria se os policiais apenas esperassem a consumação do 
crime em local provável para seu acontecimento (flagrante esperado). 
 
Conforme a súmula 145 do STF, “não há crime, quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.” 
 
Há dois requisitos para aplicação dessa súmula: i) Preparação (ou ensaio); ii) 
Impossibilidade de consumação do crime. No exemplo do flagrante preparado 
pelos policiais para prender um traficante de drogas, este não poderá ser preso 
por “venda” (impossibilidade de consumação), mas o poderá por “guardar”, 
“trazer consigo” (Art. 33. Lei 343/2006). 
4. Teoria do erro 
 
 
Er
ro
 
De tipo 
Essencial 
Acidental 
Sobre o objeto 
Sobre a pessoa 
Erro na execução 
Resultado diverso 
do pretendido 
De proibição 
Direto 
Indireto 
 
Até a reforma do código penal de 1984, não se trabalhava com a noção de erro de 
proibição, apenas erro de fato e erro de direito, já que o código original de 1940 tinha 
uma concepção predominantemente causalista, tratando o dolo como elemento da 
culpabilidade e não como elemento do tipo. Sendo assim, qualquer erro recaía na 
culpabilidade. Com a reforma de 1984 o código penal brasileiro passou a ter um viés 
finalista adotando a concepção de erro de tipo e erro de proibição, em grande medida 
por conta do dolo ser considerado como elemento do tipo e não da culpabilidade. 
4.1 Erro de Tipo Essencial 
 
 Erro de tipo essencial, ou simplesmente erro de tipo, é aquele que versa sobre 
algum elemento constitutivo do tipo. Art. 20 – “O erro sobre elemento constitutivo do 
tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto 
em lei.” No erro de tipo essencial, o agente tem uma falsa noção da realidade, o que 
tem por consequência a prática de um crime, supondo que o fato não é típico. 
Exclui o dolo, pois para existir dolo o agente deve querer praticar o tipo objetivo (o que 
inclui todos os seus elementos). Ex.: Crime de furto. Art. 155 – “Subtrair, para si ou 
para outrem, coisa alheia móvel”. Se o agente subtrair, mas não para si ou para 
outrem, não há dolo, já que ele não teve como finalidade realizar o tipo previsto no 
artigo 155. Logo, se o agente subtrai um objeto de outrem supondo ser seu, 
equivocando-se sobre um elemento do tipo, não responderá criminalmente pelo fato. 
Não importa se o erro recai sobre os elementos são descritivos, subjetivos ou 
normativos do tipo, o erro de tipo essencial SEMPRE excluirá o dolo (não há 
exceções). No entanto, de acordo com artigo 20 do CP, em caso erro sobre elemento 
constitutivo do tipo, permite-se a punição por crime culposo se o erro for vencível, ou 
seja, se o agente tinha como saber, e houver previsão legal da forma culposa, 
4.2 Erro de Tipo Acidental 
 
É o erro (falsa percepção da realidade) que recai sobre circunstâncias acessórias ou 
estranhas ao tipo, sem as quais o crime não deixariade desistir. Divide-se em erro 
sobre o objeto, erro sobre a pessoa, erro na execução e resultado diverso do 
pretendido. 
 Erro de tipo acidental - sobre o objeto: O erro recai sobre coisa diversa 
daquela pretendida pelo agente, sendo um erro irrelevante para afins penais 
quando a confusão entre os objetos não altera a essência do crime. 
 Ex.: Agente rouba caminhão de açúcar supondo ser de farinha. 
 Se o agente confundir cocaína com farinha, por exemplo, não se trata de erro 
de tipo acidental já que ele não sabia que sua conduta era típica. 
 
 Erro de tipo acidental - sobre a pessoa: Art 20. § 3º - “O erro quanto à pessoa 
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o 
agente queria praticar o crime.” Ocorre um erro de representação. O sujeito 
pratica crime contra pessoa diversa da que representou mentalmente. 
 Ex.: Agente mata uma mulher não grávida, quando queria matar uma grávida – 
responde como se tivesse matado aquela que era objeto de sua intenção – a 
mulher grávida. 
 
 Erro de tipo acidental - na execução – Aberratio criminis. “Art. 73 - Quando, 
por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de 
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como 
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º 
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente 
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” 
Não é caso de erro de representação (sobre a pessoa), mas, em razão do erro 
no uso dos meios de execução, o agente atinge pessoa diversa da que 
pretendia ofender. 
 
 O agente que comete erro na execução responderá pelo crime com os mesmos 
efeitos do erro sobre a pessoa (de acordo com as qualidades da vítima) 
previstos no artigo 20, §3º. 
 Se o agente atingir pessoa diversa por erro na execução e também a pessoa 
que era seu objetivo inicial atingir, responderá com efeitos do concurso formal 
(Art 70): Aberratio criminis com resultado duplo: 
o Art. 70 – “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das 
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto até metade. (...)” 
 Uma ação e Dois ou mais crimes diferentes: Pena mais grave + 
1/6 a 1/2. 
 Uma ação e Dois ou mais crimes iguais: uma das penas + 1/6 a 
1/2. 
 
o Art. 70 - “ (...) As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a 
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de 
desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.” 
 Desígnios autônomos = Ex.: A quer atingir B e vê que C está nas 
proximidades. Mesmo assim decide atirar contra B, assumindo o 
risco de acertar C também. Dolo Eventual. As penas pelos crimes 
causados são cumulativas. 
 
 Resultado diverso do pretendido: Aberratio delicti Art. 74 – “Fora dos casos do 
artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém 
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é 
previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-
se a regra do art. 70 deste Código.” 
Ao contrário do artigo 73 (aberratio criminis – erro na execução), o instituto da 
aberratio delicti trata de pessoas e coisas e não apenas de pessoas. 
 A quer atingir uma coisa, mas acaba errando e atinge B, causando-lhe a morte  
A COISA B 
 
 A responde por homicídio Culposo 
 
 A quer atingir B, mas acaba errando e atinge uma coisa, destruindo-a  
 
A B COISA 
 
 A responde por tentativa de homicídio. 
 
 A quer atingir B, mas acaba atingindo também uma coisa  
 A B COISA 
  Responde pelo resultado contra a pessoa. Homicídio ou lesões. 
 
 A quer atingir uma coisa, mas acaba atingindo também B  
A COISA B 
 
  Ocorreu o resultado pretendido e também um crime culposo. Art. 74 – “ (...),se 
ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.” O 
artigo 70 é dividido em duas partes: 
A) Primeira parte: Prevê que na ocorrência de dois ou mais crimes iguais aplica-se 
uma das penas + (1/6 a 1/2) e na ocorrência de dois ou mais crimes diferentes 
aplica-se a pena do mais grave + (1/6 a 1/2). 
B) Segunda parte: Prevê que sendo os desígnios autônomos, em que agente quer 
a produção dos dois resultados (no exemplo acima, destruir a coisa E matar B), 
as penas de ambos os crimes devem ser somadas (cumuladas). 
Logo, no exemplo acima, a pena a ser aplicada depende das intenções do agente: 
 Se queria consumar os dois crimes: Cumulação das penas 
 Se queria apenas um dos resultados, sendo o outro na forma culposa: Aplica-se 
a pena mais grave + 1/6 a 1/2. 
4.3 Erro de Proibição 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
É o erro que recai sobre o fato de determinada conduta ser ou não proibida (ilicitude). 
“Desconhecimento da lei é inescusável”  Inescusável = imperdoável. Entretanto, o 
indivíduo não precisa conhecer o dispositivo do código penal propriamente dito. 
 Erro de proibição direto: O agente não sabe que o fato que ele pratica é ilícito. 
Ex.: Alguém que acredita no ditado “achado não é roubado”, subtrai para si 
objeto encontrado a rua, supondo não ser crime. Se provado que agiu de boa-
fé afasta a incidência do artigo 169,II. 
 Erro de direito indireto: A pessoa sabe que o fato é típico, porém acha que 
existe uma excludente (causa de justificação) ou supera os limites de uma 
causa de justificação. 
O erro de proibição pode excluir a pena, quando o erro for invencível, ou diminuí-la, 
quando vencível. 
4.4 Descriminantes putativas 
Art 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não 
Descriminantes 
putativas 
Erro de tipo Circunstância de fato 
Erro de proibição 
Existência de justificante 
Limites da justificante 
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime 
culposo. 
Descriminar é tornar o fato indiferente para o direito penal. As descriminantes 
putativas são aquelas que existem apenas no pensamento de quem pratica o ato, 
podendo estar relacionadas a circunstâncias fáticas (erro de tipo) ou a excludentes de 
ilicitude (erro de proibição). 
 Erro sobre Circunstância de fato: Trata do erro de tipo. A promete que vai 
matar B, o qual começa a andar armado por conta dessa ameaça. Certo dia B 
encontra A em um bar, e em um dado momento coloca a mão no casaco para 
pegar um objeto. Nesse instante A, supondo que B fosse pegar uma arma de 
fogo, dispara contra B, causando-lhe a morte. O erro está na situação de FATO, 
por isso o fato é um erro de tipo. 
o Tem os mesmos efeitos que o erro de tipo essencial. 
o Se o erro derivar de culpa e houver previsão do tipo culposo o agente 
não estará isento pena. 
 
 Erro sobre existência de justificante e Limites da justificante: Trata do erro de 
proibição indireto. Art. 21 – “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro 
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá 
diminuí-la de um sexto a um terço. “ 
Ex.: Policial pretende prender A mas acaba prendendo B, irmão gêmeo de A. O 
policial, agindo de boa-fé, acredita estar no estrito cumprimento de um dever 
legal.Ex.: Sujeito que, para defender-se de um agressor desarmado, utiliza arma de 
fogo, ultrapassando os limites da legítima defesa. Nesse caso, o fato só será 
considerado como descriminante putativo se o sujeito agiu de boa-fé, supondo 
que sua atitude estava dentro dos limites permitidos para legítima defesa. 
o Efeitos: 
 Erro Inevitável (invencível) – Agente é isento de pena 
 Erro Evitável (vencível) – Pode responder por crime culposo, 
tendo a pena reduzida de um 1/6 a 1/3. 
5. Concurso de pessoas – Autoria e participação 
 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 
um sexto a um terço. 
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
5.1 Sistema Unitário x Sistema Diferenciador 
 
 Sistema Unitário: Não distingue autores de participantes. Foi o sistema 
adotado pelo código penal brasileiro em sua origem, por influência do código 
penal italiano e devido à orientação predominante entre os penalistas autores 
do CP – o causalismo. 
A principal teoria do sistema unitário é a Teoria subjetiva causal (Monística): ligada à 
teoria da conditio sine qua non (nexo causalidade) – todo fato que contribui para o 
resultado é considerado como causa - equipara todos que interferem na consecução 
do crime a autores. 
 
 Sistema diferenciador: 
 Teoria Formal Objetiva: Autor é o sujeito que pratica o verbo nuclear previsto no 
tipo (Beling). É insuficiente para a realidade. No exemplo de duas pessoas praticarem 
homicídio, uma segura a vítima e a outra mata, apenas a que mata seria considerada 
como autora do crime. 
 Teoria Subjetiva: Autor é aquele que age com animus auctoris e o participe é o que 
age com animus socii (em nome do autor). Essa teoria desconsidera totalmente o 
aspecto objetivo e se atem apenas à intenção do sujeito. Alguém que executou o 
crime pode ser considerado como participe e não como autor. 
 Teoria Material Objetiva: Busca ser um corretivo para a teoria formal objetiva, que 
é uma teoria muito restritiva. Atribui a condição de autor não apenas a quem pratica a 
conduta nuclear do tipo, mas também àqueles que praticam condutas próximas ao 
verbo nuclear. Pauta-se na relevância da causa. (Ex.: Crime virtual em conta bancária. 
Aquele que rouba a senha da conta também seria autor, não apenas quem faz a 
transferência de uma conta para outra). 
 Teoria do domínio do fato: (Ponto 5.6) 
5.2 Autoria e participação 
 
 Concurso Eventual: Dá-se nos casos de infrações que não exigem mais de um autor 
para consumação do crime. Ex.: Homicídio. Não exige mais de uma pessoa. Se o crime 
for praticado por mais uma pessoa será considerado concurso eventual. 
 Concurso necessário: Ocorre quando o crime exige mais de um autor. Art 288 do 
código penal. Ex.: Art. 288. “Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim 
específico de cometer crimes:” 
Quanto ao número de crimes na ocorrência de concurso de pessoas, para teoria 
monista autores e partícipes praticam apenas um crime, já para teoria dualista, há um 
crime para autores e outro crime para partícipes, e por fim, a teoria pluralista 
determina que há quantos crimes de acordo com quantos forem os autores e 
partícipes, ou seja, cada agente que participa do concurso pratica crime distinto e 
independente dos demais. A maioria dos autores adota a teoria monista. 
5.2.1 Formas de autoria 
 
 Autoria Direta ou imediata: O agente realiza o ato diretamente. 
 Autoria indireta: O agente pratica o crime valendo-se de um instrumento (que não 
será autor nem partícipe) – outra pessoa. Exemplos: Valer-se de uma coação para 
alguém praticar o crime. Valer-se de um inimputável. Valer-se de um instrumento que 
atue em erro: Médico que quer matar paciente e indica injeção com substância tóxica 
a ser aplicada pela enfermeira. O Instrumento é denominado autor mediato ou 
indireto, não sendo punível. Portanto, na autoria indireta, o agente com intenção de 
praticar o crime faz uso de alguém inimputável para consumação. Cabe ressaltar que 
se o agente paga a outrem para que cometa determinado crime, não é hipótese 
autoria indireta, sendo imputável o instrumento. 
 Autoria coletiva (Coautoria): Crime é executado por mais de um autor - com 
vínculo subjetivo entre eles (confluência de vontades) 
 Autoria Colateral: Crime é executado por mais de um autor sem vínculo subjetivo 
entre eles (sem confluência de vontades). Cada um age por si. Ex.: Várias pessoas 
agridem a vítima não havendo acordo de vontades prévio. Não é concurso de pessoas, 
pois para ser deve haver vínculo entre os sujeitos. 
5.2.2 Participação “Stricto sensu” 
 
Quanto à forma, a participação pode ser caracterizada pela instigação ou pela 
cumplicidade, sendo que parte da doutrina ainda distingue a instigação do 
induzimento. 
Parte da doutrina distingue instigação de induzimento. 
 Instigação: Determinação de uma pessoa para prática do crime. Faz nascer em 
outrem a vontade de praticar o crime (apenas para doutrina que distingue instigação 
de induzimento). O agente instigador não comete nenhuma participação material. 
 Induzimento – A pessoa instiga aquele que já tinha vontade de praticar o crime. 
 Cumplicidade – Nem sempre é a participação material, podendo ser moral. A 
participação é sempre acessória. Se a autoria não ocorrer, o crime não é punível. 
 
Em relação a quais elementos do crime devem estar presentes para responsabilização 
do agente, são estabelecidos quatro níveis de acessoriedade: 
 Acessoriedade Mínima: Quando a punição do partícipe depende de simples 
conduta típica do autor direto. 
 Acessoriedade Limitida: A conduta do autor deve ser típica e ilícita É a teoria 
adotada no Brasil. 
 Acessoriedade Máxima: A conduta do autor deve ser típica, ilícita e culpável 
 Hiperacessoriedade: A conduta do autor deve ser típica, ilícita, culpável e 
punível 
Participação de menor importância 
Art 29. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço. 
Ex.: Algumas pessoas querem assaltar uma casa e alguém fica responsável por cuidar 
os horários e rotinas dos moradores dessa casa. 
Participação em crime menos grave 
Art. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
Ex.: Agentes combinam de praticar um furto em uma residência. Chegando no local do 
crime, alguns resolvem matar os moradores, enquanto outros apenas praticam furto. 
Estes, em regra, respondem por crime menos grave, mas a pena poderá ser 
aumentada até a metade, se for considerado que previsível o resultado mais grave. 
5.3 Requisitos do concurso de pessoas 
 
São requisitos para caraterização do concurso de pessoas: 
A) Pluralidade de pessoas. 
B) Relevância causal das condutas. Ex.: Emprestar uma arma para praticar um 
crime que não se consuma, aquele que emprestou não responderá por crime. 
C) Vínculo volitivo. Ex.: Duas pessoas agridem uma vítima, mas sem combinarem, 
cada uma responde sozinha, não havendo concurso de pessoas. 
D) Identidade de infração – Os sujeitos devem Concorrer para um único crime 
(tipo legal) 
5.4 Circunstâncias incomunicáveis 
 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo 
quando elementares do crime. “Salvo quando elementares”  Se a circunstância for elementar do tipo – 
comunica. “Comunicar” significa as circunstâncias e condições de caráter pessoal de 
um dos agentes alcançará aos demais em concurso de pessoas. 
Exemplo: Peculato. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Peculato furto  § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não 
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja 
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona 
a qualidade de funcionário. 
Um servidor público e um amigo vão até o órgão onde o primeiro exerce suas 
atribuições, fora do horário de expediente, e acabam furtando um objeto. Como 
funcionário público é uma função elementar do crime de peculato furto, os dois 
respondem por peculato, ainda que um deles não seja servidor público, já que as 
circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam. 
5.5 Casos de inimputabilidade – Favorecimento pessoal e real 
 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa 
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 Favorecimento pessoal 
Ex.: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é 
cominada pena de reclusão: 
Se alguém auxilia outrem a subtrair-se da polícia não responde por concurso de 
pessoas e sim por favorecimento pessoal 
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do 
criminoso, fica isento de pena. 
Nesse caso a pessoa que favoreceu fica isento de pena 
 Favorecimento real 
Ex.: Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, 
auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
Ocorre favorecimento real quando o sujeito ajuda o agente a tornar seguro o proveito 
do crime. Ex.: Guardar o objeto furtado pelo amigo. 
5.6 Teoria do domínio do fato 
 
A Teoria do domínio do fato foi concebida inicialmente por Hans Welzel em 1939, em 
seu artigo Studien Zun System des Strafrechts (Estudos sobre o Sistema de Direito 
Penal) no qual delineou um pouco melhor a sua concepção sobre crime. 
5.6.1 Hans Welzel 
 
 
 
Para que o agente concorra em concurso de pessoas na qualidade de autor, 
distinguindo-se autor de partícipe, é necessário que preencha ao menos um dos 
requisitos: A) Qualidade pessoal objetiva (qualidades especiais – essenciais ao crime); 
B) Pratique o ato com a intenção especial prevista no tipo. 
E: 
A) Tenha o domínio do fato. 
No entanto, para que ambos respondam como autores (coautoria), em concurso de 
pessoas, ou os agentes tomaram a decisão conjunta de praticar o crime ou executaram 
o crime conjuntamente. 
Portanto, para Welzel, é autor aquele que possui domínio da decisão e da execução do 
fato típico. 
 
Hans Welzel 
Características do 
autor 
Pessoal 
Objetiva 
Subjetiva 
Geral ou 
pressuposto fático 
Domínio do fato 
Coautoria 
Decisão conjunta 
do fato 
Excecução 
conjunta do fato 
 Características do autor: 
Pessoais objetivas: São qualidades especiais que caracterizam o agente como autor 
do crime. Exemplo: Peculato - servidor público. Art. 312 – “Apropriar-se o funcionário 
público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que 
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:” 
Pessoais Subjetivas: São as intenções especiais – tendências ou tipos de sentimento: 
exemplo Intenção lasciva – Art. 213. “Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique 
outro ato libidinoso:” 
Além de umas das características (objetiva ou subjetiva), o autor deve ter o domínio do 
fato, deve ser senhor da ação praticada. 
 Características da Coautoria 
Decisão conjunta do fato: Se alguém aponta uma arma para outra pessoa e um 
terceiro sujeito vai e rouba o celular de quem está com a arma apontada. Responde 
por furto quem pegou o celular e por constrangimento ilegal com aumento de pena 
por uso de arma de fogo quem apontou a arma. No entanto, se os dois sujeitos 
combinassem (tomassem a decisão conjunta) de um apontar a arma e outro pegar o 
celular, ambos responderiam por roubo (ambos autores – coautores – não se fazendo 
distinção entre partícipe e autor) 
Execução conjunta do fato: Ambos serão autores, mesmo que um dos sujeitos não 
atue no momento executório. Para o Welzel, para ser considerado coautor, basta 
atuar em um momento preparatório e deter do domínio final do fato. 
5.6.2 Claus Roxin 
 
 
Claus Roxin 
Divisão geral 
Delitos do domínio 
Delitos de dever 
Delitos de mão própria 
Domínio do fato 
Domínio da ação 
Domínio da vontade 
Coação - Inimputável 
Erro 
Aparato de poder Domínio Funcional 
Autoria mediata ou por 
domínio de aparato de 
poder 
Em uma divisão geral os delitos podem ser divididos em delitos de domínio (domínio 
da ação, da vontade, domínio funcional), delitos de dever e delitos de mão própria, 
sendo que apenas aos primeiros é aplicável a teoria do domínio do fato; 
Domínio da ação: Está presente na autoria imediata ou direta. A autoria é evidente. 
Quando o agente pratica ele mesmo o fato. Ex.: Disfere tiros na vítima. Ele domina a 
própria ação 
Domínio da vontade: Está presente na autoria mediata ou indireta. O agente não 
executa pessoalmente o fato, mas, por exemplo, coage alguém a praticar o fato típico. 
O instrumento utilizado pelo agente age com erro, coagido ou na qualidade de 
inimputável ou ainda sob influência de um aparato organizado de poder dissociado do 
direito. 
Domínio funcional: tem relação com as funções – cada coautor faz suas próprias 
funções, cada autor desempenha uma função determinada que contribui para 
consecução do crime comum. 
5.6.2.1 Claus Roxin – Teoria do aparato organizado de poder 
 
Aparato organizado de poder: Trata-se de uma inovação proposta por Roxin, após 
análise do caso da execução de diversos judeus ao tempo do nacional-socialismo 
alemão, concluiu inapropriado o soldado responder como autor e o general de quem 
emanou a ordem como partícipe. 
Para que o sujeito de quem emana a ordem responda como autor, o aparato 
organizado de poder deve preencher três requisitos: 
A) Uma organização vertical rigidamente organizada  Onde alguém possui poderes 
para determinar uma ordem e outro obedecer – vínculo hierárquico entre os dois; 
B) Dissociação com o direito – Ausência de conformação legal  Aplica-se a estados 
autoritários Ex. Alemanha nazista; grupos terroristas; Organismo ilegais; (em uma 
empresa o empregado não é obrigado a atender uma ordem contrária ao direito, 
porque a empresa não é dissociada ao direito). 
 C) Fungibilidade dos executores Se um não executa o outro fará O fato 
necessariamente deve ser cumprido ou pelo executor ou por outro. Se um dos 
soldados não executar a vítima outro o fará, o que caracteriza a fungibilidade dos 
executores. 
 Quem domina o aparato (Ex.: General) é Autor do crime e não coautor. 
 Não existe prévia combinação entre o mandante e o executor. 
Para Welzel na coautoria o autor não precisa participar da fase executória, basta 
participar da fase preparatória, já para Roxin, em regra, o autor deve participar da fase 
executória, sendo a única exceção a isso a ideia de crime com aparato organizado de 
poder. 
 Havendo aparato organizado de poder: 
o Mandante e executor

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