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DIREITO CIVIL AULA 07

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DIREITO CIVIL - AULA 07 (03/05/12)
Vícios do Negócio Jurídico:
01) Fraude Contra Credores:
- Está nos arts. 158 a 165 do CC.
- Conceito: Fraude contra credores é vício social do negócio jurídico presente quando o devedor insolvente ou que beira a insolvência realiza negócios onerosos ou gratuitos com o intuito de prejudicar credores.
- Ex: Alguém tem várias dívidas assumidas e vende todo o patrimônio para terceiro.
- Os atos praticados em fraude contra credores, pela lei, são anuláveis (arts. 158, 171 e 178 do CC).
- A ação anulatória do negócio jurídico, neste caso, tem um nome especial que é: ação pauliana ou ação revocatória.
- Porém, parte da doutrina e da jurisprudência entende que o ato praticado deve ser considerado como ineficaz. Neste sentido temos Carlos Roberto Gonçalves, Alexandre Câmara e Informativo 467, STJ.
- Alguns juristas entendem que a ineficácia seria mais justa, porque anulado o negócio jurídico, o bem volta ao patrimônio do devedor insolvente ou vai para um acervo em concurso de credores. Com essa solução, o credor pode “ganhar e não levar”, porque ele ganha a ação anulatória, mas outro tem um crédito mais privilegiado (este entendimento deve ser desenvolvido em uma resposta de 2ª fase).
- Conforme art. 161 do CC, a ação pauliana deve ser proposta contra o devedor, a pessoa que com ele celebrou o negócio e o terceiro de má-fé. Apesar do dispositivo utilizar o termo poderá, o caso é de litisconsórcio necessário (deverá).
- Se em determinado caso houver, ao mesmo tempo, simulação e fraude contra credores, o negócio jurídico praticado será nulo, prevalecendo a simulação por envolver ordem pública (art. 167, CC).
- Na prática, é comum ocorrer vários vícios no negócio jurídico ao mesmo tempo, e sempre que houver a simulação, ela sempre prevalece.
Requisitos da Fraude Contra Credores:
No caso de disposição de bens onerosa:
- Ex: Compra e Venda.
- São dois os requisitos: 1) Conluio fraudulento entre o alienante e o adquirente (colusão ou conluium fraudis); 2) Prejuízo ao credor (eventus damni).
OBS: Presume-se o conluio fraudulento se a insolvência do devedor for notória ou houver motivo para ser conhecida pelo adquirente (art. 159, CC). Esta presunção é relativa (iuris tantum), que admite prova em contrário. Ex: Negócio celebrado entre irmãos.
No caso da disposição gratuita ou remissão de dívida:
- Ex: Doação e Perdão
- É somente um o requisitos: Basta o prejuízo ao credor (eventus damni).
- Atenção: O conluio fraudulento não é requisito.
- O art. 160 do CC trata da fraude não ultimada (não aperfeiçoada), podendo o adquirente pagar o preço da coisa em juízo, ou seja, no curso da ação pauliana. Quando o adquirente faz isso, demonstra-se a sua boa-fé, o que afastaria a fraude contra credores.
- A fraude contra credores pode ser afastada em casos de atos praticados em boa-fé, em prol da função social da empresa e da tutela da dignidade humana (art. 164, CC).
- O art. 164, CC no seu final, consagra a tese do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, segundo a qual deve se assegurar à pessoa um mínimo de direitos patrimoniais para que viva com dignidade. A Súmula 364, STJ também traz outro exemplo do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo.
- Não confundir fraude contra credores com fraude à execução
	Fraude contra credores
	Fraude à execução
	Instituto de Direito Civil
	Instituto de Direito Processual Civil
	O devedor tem dívidas e aliena o patrimônio
	O devedor tem ações (demandas) e aliena o patrimônio
	Fraude à parte (ordem privada)
	Fraude ao processo (ordem pública)
	Os negócios/atos praticados são anuláveis (plano de validade)
	Os negócios/atos praticados são ineficazes (plano de eficácia)
02) Invalidade do Negócio Jurídico
- Está nos arts. 166 a 184 do CC.
- Pontes de Miranda dividiu o Negócio Jurídico em 03 planos, que forma um gráfico chamado de “Escada Pontiana”:
 Plano da Eficácia
 Plano da Validade
	 Plano da Existência
- Quando se fala da invalidade do Negócio Jurídico, estamos tratando do plano de validade.
- O CC/2002, a exemplo do CC/1916, não adotou a teoria da inexistência do Negócio Jurídico, procurando resolver os vícios do Negócio no plano da validade.
- A teoria da inexistência foi criada na Alemanha em 1808, por um juiz chamado Zachariae, para explicar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil, hoje, é possível casamento entre pessoas do mesmo sexo, conforme decisão publicada nos Informativos 625 do STF e 486 do STJ.
Classificação da Invalidade:
Quanto ao Grau:
- Nulidade Absoluta: Gera um NJ Nulo (mais grave). Envolve ordem pública
- Nulidade Relativa (ou Anulabilidade): Gera NJ Anulável (menos grave). Envolve ordem privada.
Quanto à amplitude (extensão):
- Invalidade Total: Todo o NJ é inválido (nulo ou anulável).
- Invalidade Parcial: Parte do NJ é inválido (nulo ou anulável).
OBS: Desta forma, tanto a nulidade absoluta como a relativa poderão ter uma invalidade total ou parcial.
- O art. 184 do CC consagra a máxima de que “a parte inútil do NJ não prejudica na parte útil” (princípio da conservação do NJ). Ex: A multa (cláusula penal) é nula, mas o resto do NJ pode ser válido, porque a multa é uma obrigação acessória.
- A invalidade da obrigação acessória não gera invalidade da obrigação principal. Mas a invalidade da obrigação principal gera invalidade da obrigação acessória.
2.1) Nulidade Absoluta
- A nulidade absoluta gera NJ nulo. É chamada somente de nulidade.
a) Hipóteses (arts. 166 e 167 do CC)
a.1) É a hipótese do NJ celebrado por absolutamente incapaz, sem a devida representação (art. 166, inc. I, CC);
a.2) O objeto do NJ é ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável (art. 166, inc. II, CC). É o problema na causa, na razão de ser do negócio;
OBS: Cuidado com a regra do art. 106 do CC, que afirma que a impossibilidade inicial do objeto não invalida o NJ, se for relativa. Neste caso, há a aplicação do princípio da conservação do NJ.
a.3) O motivo comum do NJ é ilícito (art. 166, inc. III, CC). O motivo é um aspecto subjetivo da causa, e, por este motivo, é variável. Ex: duas partes celebram um contrato com intuito de concorrência desleal. O contrato é lícito, mas o motivo é ilícito.
a.4) Há um desrespeito à forma ou à solenidade (art. 166, inc. IV e V, CC). Forma é gênero e abrange qualquer formalidade, enquanto que solenidade é espécie, que traduz como ato público, através de escritura pública.
- Conforme art. 107 do CC, os NJ, em regra, são informais e não solenes (princípio da liberdade das formas).
- O art. 108 do CC, que trata da exigência de escritura pública, afirma que a escritura pública somente é necessária para a validade dos atos de disposição de imóvel com valor superior a 30 S.M.
- O art. 109 do CC prevê que as partes podem eleger/pactuar que a escritura pública é essencial para o ato.
a.5) Quando o fim (objetivo) do NJ for fraude à lei imperativa, que significa ser norma de ordem pública (art. 166, inc. VI, CC). Ex: contrato de namoro, em que há entre as partes uma união estável. É uma fraude à união estável.
a.6) Quando a lei prevê expressamente que o negócio é nulo (nulidade textual), ou proíbe a prática do ato sem cominar sanção (nulidade virtual) (art. 166, inc. VII, CC). Ex. nulidade textual: art. 167, CC, que prevê que o NJ é nulo no caso de simulação; Ex. nulidade virtual: art. 426, CC, que prevê que não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Este artigo traz a proibição do pacto sucessório (pacta corvina).
OBS: Parte da doutrina entende que o negócio celebrado sobre coação física é nulo (Maria Helena Diniz). Pois haveria uma pessoa absolutamente incapaz, se enquadrando no art. 3º, inc. III do CC. Há quem entenda que este negócio é inexistente por ausência de vontade.
b) Efeitos e procedimentos da Nulidade Absoluta
- Pode ser necessária uma ação judicial, e caberá a ação declaratória de nulidade.
- O prazo desta ação declaratória de nulidade tem duas correntes:
Art.169, CC: Ação Imprescritível;
Art. 205, CC: Prazo prescricional de 10 anos. Esta é a corrente que predomina.
- Nulidade absoluta envolve ordem pública.
- O art. 168 do CC afirma que a nulidade absoluta pode ser alegada por qualquer interessado ou pelo MP, quando lhe couber intervir. Este artigo ainda afirma que cabe conhecimento de ofício pelo juiz.
- Cuidado com a Súmula 381 do STJ, que afirma que nos contratos bancários é vedado, de ofício, conhecer da abusividade das cláusulas. Esta é uma afronta ao CDC (que é de ordem pública) e ao art. 168 do CC. Para o concurso, o teor da súmula esta correto.
- Nulidade absoluta, em regra, não admite convalidação (o NJ é inválido e passa a ser válido).
- Também não cabe, em regra, cura pelo tempo (convalescimento temporal) e confirmação pelas partes (sabem que o NJ é nulo, mas aceitam). Está no art. 169, CC.
- Como exceção, o art. 170 do CC trata da conversão substancial do NJ nulo, que é uma novidade frente ao CC/1916. Ou seja, convalida-se um NJ nulo pela conversão. Este artigo afirma que o negócio jurídico nulo pode ser convertido em outro, se tiver os requisitos do último e se as partes quiserem essa conversão. Ex: foi celebrado uma venda de imóvel, com valor superior a 30 S.M. sem escritura. Esta venda é nula. Mas se as partes quiserem é possível converter esta venda nula em contrato preliminar de compra e venda, que não exige forma (art. 462, CC).
- O art. 170 é mais uma aplicação do princípio da conservação dos NJ.
- Efeitos da sentença de nulidade:
Erga Omnis: contra todos.
Ex tunc: retroativos à celebração do ato.
- Os direitos de terceiros de boa-fé, de acordo com a lei (art. 167, CC), estão protegidos no caso de simulação. Mas há uma tendência de ampliação para os demais casos de nulidade absoluta ou relativa
2.2) Nulidade Relativa/Anulabilidade
- Gera NJ anulável
a) Hipóteses (art. 171, CC)
a.1) Quando a lei prevê a anulabilidade. Ex: art. 496, CC, que trata da venda de ascendente (pai), para descendente (filho). Neste caso, há necessidade de autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante.
a.2) Negócio celebrado por relativamente incapaz, sem a devida assistência (art. 171, inc. I, CC).
OBS: Cuidado com o art. 105 e 180, CC. O art. 105 afirma que a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio. Já o art. 180 afirma que o menor, relativamente incapaz, não pode invocar a idade que dolosamente ocultou.
a.3) Presença dos Vícios ou Defeitos do NJ (art. 171, inc. III, CC). São eles: Erro, dolo, coação moral, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.
b) Efeitos e Procedimentos da Nulidade Relativa
- É cabível uma ação anulatória, que é constitutiva negativa/desconstitutiva.
- Quando há uma ação constitutiva negativa, o prazo é decadencial.
- Os arts. 178 e 179 consagram os prazos decadenciais. O art. 178 prevê um prazo decadencial de 04 anos para os casos de incapacidade relativa e vícios/defeitos do negócio jurídico. O prazo é contado da realização do negócio ou da cessão da coação ou da incapacidade. Ex: aplica-se no caso da a.2 e a.3. O art. 179 prevê um prazo de 02 anos quando a lei não prever o prazo. Este prazo é contado da conclusão do negócio. Ex: aplica-se no caso da a.1.
- Envolve ordem privada, ou seja, interesse particular e geralmente de cunho patrimonial. Sendo assim, só pode ser alegada pelo interessado (não pelo MP) e não cabe conhecimento de ofício pelo juiz (art. 177, CC).
- Cabe convalidação livre. Ou seja, é possível cura pelo tempo (convalescimento temporal), confirmação pelas partes (art. 172 a 174, CC - expressa ou tácita) e a conversão substancial do NJ anulável (não está na lei, mas se o nulo pode ser convertido, então o anulável também pode).

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