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Protocolos do Serviço de Reumatologia do Hospital Geral de Fortaleza 2012 Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 2 ÍNDICE Apresentação Pág. 03 Programação semanal Pág. 04 Rotina para pulsoterapia com Metilprednisolona Pág. 08 Rotina para Pulsoterapia com Ciclofosfamida Pág. 09 Artrite Reumatóide Pág. 10 Lúpus Eritematoso Sistêmico Pág. 14 Espondiloartropatias Pág. 19 Esclerose Sistêmica Pág. 23 Síndrome de Sjögren Pág. 27 Doença Mista do Tecido Conjuntivo Pág. 32 Dermatomiosite e polimiosite Pág. 34 Osteoporose Pág. 39 SAAF - Síndrome do anticorpo antifosfolipídeo Pág. 42 Osteoartrite Pág. 47 Síndrome Miofascial Fibromialgia Gota Pág. 50 Pág. 52 Pág. 56 Artrite Infecciosa Pág. 61 Vasculites Artrite Idiopática Juvenil Febre Reumática Pág. 64 Pág. 68 Pág. 73 Medicamentos utilizados no Serviço de Reumatologia Pág. 78 Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 3 SERVIÇO DE REUMATOLOGIA Hospital Geral de Fortaleza O serviço de Reumatologia do Hospital Geral de Fortaleza conta com os seguintes recursos: Onze médicos staffs: Dr. Walber Pinto Vieira - Chefe do Serviço Dr. José Eyorand Castelo Branco Andrade Dra. Maria Roseli Monteiro Callado Dra. Rejane Maria R. de Abreu Vieira Dra. Francisca Edwiges Araújo Moura Dra. Niedja Bezerra Frota Dra. Kirla Wagner Poti Dra. Mailze Campos Bezerra Dr. André Xenofonte Cartaxo Sampaio Dr. Carlos Nobre Rabelo Junior Dr. Joerun de Carvalho Oliveira Dra. Lysiane Ramos Dra. Maria Roseli Callado Três vagas para residência médica por ano. Dezesseis leitos de enfermaria: Nove leitos de adultos e um leito de isolamento. Três leitos de reumatologia pediátrica. Quatro leitos para pulsoterapia com ciclofosfamida no Centro de Infusão Centro de Infusão de Imunobiológicos Doze poltronas para infusão de medicações. Programação científica Reunião científicas – segunda-feira 10h Visitas a Enfermaria – segundas, terças e quartas Journal Club (sessão de revista) – quinta-feira 10h Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 4 Dezesseis atendimentos em ambulatórios: Osteoporose - Segunda-feira - 07h - Dr. Walber. Osteoporose - Segunda-feira - 07h - Dr. Joerun. Espondiloartropatias - Segunda-feira- 8h - Dra. Rejane. Osteoporose- Segunda-feira - 13h - Dra Mailze. Colagenoses - Terça-feira - 07h - Dr. Walber. Reumatologia Geral - Terça-feira - 08h - Dra. Edwiges. Esclerodermia – Terça-feira - 13h - Dra. Mailze. Reumatologia Geral - Quarta-feira - 08h - Dra. Rejane. Osteoartrites - Quarta-feira - 07h - Dr. Joerun. Ambulatório de infiltração - Quinta-feira - 07h - Dr. Walber. Colagenoses - Quinta-feira - 07h - Dr. Joerun. Acupuntura - Quarta-feira - 13h - Dr. Joerun. Reumatologia Pediátrica - Quinta-feira – 13h – Dr. Carlos Junior Reumatismos de partes moles – Sexta-feira - 07h - Dr. Eyorand. Artrite Reumatóide - Sexta-Feira - 7h - Dra Kirla. Atropatias por cristais - Sexta-feira - 08h - Dra. Edwiges. Triagem – Sexta-feira - 13h – Dra. Lysiane Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 5 Programação Semanal Internos e Residentes da Clínica Médica Segunda Terça Quarta Quinta Sexta M 09h Visita Geral - Enfermaria 10h Sessão Reumatologia – Auditório Principal 07h – Ambulatório Dr. Walber 11h – Visita Enf. – Dra. Edwirges 07h Atividades de Enfermaria 09h Visita Dra.Kirla 08h – Atividades de Enfermaria. 09h – Clube de revista 10h – Aula Dra. Roseli 07h – Ambulatório Dra Kirla. Atividades de Enfermaria T 13h- Ambulatório Dra Mailze Atividades de Enfermaria 13h – Ambulatório Dra. Mailze Atividades de Enfermaria 13h – Sessão geral da Clínica Médica. Atividades de Enfermaria 13h - Atividades de Enfermaria 16h – Temas em Reumatologia 13h – Ambulatório Dra. Lysiane Atividades de Enfermaria Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 6 Programação Semanal Residentes da Reumatologia Segunda Terça Quarta Quinta Sexta M 08h- Ambulatório Dra Rejane 09h Visita Geral – Enfermaria 10h Sessão Reumatologia – Auditório Radiologia 07h – Ambulatório Dr. Walber 11h – Visita Enf. – Dra. Edwirges 07h – Sessão da Ortopedia - Auditório Radiologia 08h – Ambulatório da Ortopedia. Dr. Diógenes. Aplicação de Biológicos. Centro de Infusão 07h – Ambulatório Infiltrações Dr. Walber 09h – Clube de revista 08h – Ambulatório Dra Kirla. Aplicação de Biológicos. Centro de Infusão T 13h – Ambulatório Dra Mailze 13h – Ambulatório Dra. Mailze 13h – Sessão geral da Clínica Médica. Fisioterapia FIC Amb. ReumatoPediatria (R2) R1 – Aula de Imunologia – Dra. Roseli Temas em Reumatologia 13h – Ambulatório Dra. Lysiane Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 7 SERVIÇO DE REUMATOLOGIA Hospital Geral de Fortaleza Deveres e responsabilidades de residentes e internos em estágio no serviço de reumatologia: Ambulatórios: Acompanhar e participar dos atendimentos em ambulatórios atendendo diretamente os pacientes sob orientação dos residentes da Reumatologia e supervisão dos médicos preceptores. Enfermarias: Admitir os pacientes realizando história clínica e exame físico completo. Evoluir diariamente os pacientes sob sua responsabilidade individual e participar de exames complementares dos mesmos. Participar das visitas e reuniões clínicas com a história e evolução dos pacientes sob sua supervisão atualizadas. Consultar os residentes e médicos preceptores da reumatologia, para efetuar alterações de conduta quanto ao tratamento dos pacientes. Em caso de ausência, comunicar ao residente da clínica e/ou residente da reumatologia, responsáveis pela enfermaria. Preparar resumo de alta detalhado com histórico e tratamento efetuados no paciente. Anotar em livro específico os dados da alta do paciente, incluindo diagnóstico, prontuário e telefone de contato. Avaliação: Os residentes e internos serão solicitados a apresentar no decorrer do mês de estágio uma aula/seminário com tema previamente combinado. Os internos serão submetidos à avaliação teórico/prática no final de cada mês de estágio, para atribuição de conceito no internato. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 8 ROTINA PARA PULSOTERAPIA COM METILPREDNISOLONA Metilprednisolona (Solumedrol®) é um corticosteróide para uso endovenoso. Apresentação em ampolas de 125mg e 500mg. A equivalência de potência da metilprednisolona é de 4mg para 5mg de prednisona, e ele possui poucos efeitos mineralocorticóides. Geralmente utilizamos 01g de metilprednisolona por dia durante 3 dias. Esquemas alternativospodem ser utilizados de acordo com o quadro clínico. Em reumatologia é utilizada em esquemas de tratamento para: - Lúpus – nefrite com perda de função renal, manifestações neuropsiquiátricas (convulsões, psicose), anemia hemolítica, trombocitopenia. - Esclerose sistêmica com manifestações pulmonares - alveolite ou vasculite. - Outras condições: Vasculites cutâneas. Possíveis efeitos colaterais são: hipertensão, hiperglicemia. Diluição para prescrição: Metilprednisolona 01g + 200ml de SG 5% EV 50gts/min (duração de 1h e 20minutos) Durante a infusão da droga: Monitorar PA de 20 em 20 minutos Verificar glicemia na metade e no final da infusão Cuidados paralelos: Fazer tratamento prévio para erradicação de strongiloides (Albendazol 400mg VO por 05 dias). Prescrever Carbonato de Cálcio para prevenção de osteoporose induzida por corticóides. Prescrever protetor gástrico (inibidor de bomba). Contra-indicaçoes para o pulso de Metilprednisolona: Sinais de infecção ativa (partes moles, urinária, respiratória). Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 9 ROTINA PARA PULSOTERAPIA COM CICLOFOSFAMIDA Ciclofosfamida é um agente imunossupressor alquilante usado na forma endovenosa em pulsos ou na forma oral. Em reumatologia é utilizada em esquemas de tratamento para nefrite lúpica, fibrose pulmonar e outras indicações mais raras. Geralmente utilizamos para a nefrite lúpica esquema com pulsoterapia mensal I.V. com 0,75 a 1g/m²/mês por 06 meses consecutivos e a seguir o paciente é reavaliado. Geralmente associa-se prednisona 0,5 mg/kg/dia. Para fibrose pulmonar o esquema padrão é de 12 pulsos mensais. Existem esquemas alternativos com 500mg de ciclofosfamida em pulsos quinzenais. Possíveis efeitos colaterais são mielossupressão, alopécia reversível, oligoespermia e freqüentemente náuseas e vômitos. Durante o tratamento, contracepção segura é vital em homens e mulheres, e a gravidez deve ser adiada para até três meses após a suspensão do medicamento devido à possibilidade de más formações. 1º DIA - Paciente é internada(o). - Solicitar a Farmácia a pulso até às 10h (0,75 - 01g por m2), para diluição e preparo na PRONUTRIR. Geralmente 01g diluído em 500ml de SG 5%. - Fazer história clínica e exame físico, destacando. Quantos pulsos já fez? Sintomas da doença (critérios diagnósticos). Sinais de infecção ativa (partes moles, urinária, respiratória). Exames recentes. - Solicitar exames na URGÊNCIA. Hemograma Completo. Sumário de Urina. Outros de acordo com queixas do paciente. - Prescrição do dia: Manter medicação em uso pelo paciente 2º DIA - Checar exames laboratoriais e liberar o pulso se não houver contra indicações. - Prescrever a Pulsoterapia. Ciclofosfamida 01g + 500ml de SG 5% EV lento em 02h - Prescrever Hidratação. SF 0,9% 500ml antes e após o pulso com Ciclofosfamida - Prescrever a alta após conclusão da pulsoterapia e deixar resumo de alta pronto. - Fazer receita dos medicamentos do paciente para uso domiciliar. - Solicitar Exames para 15dias após o pulso (HC, SU, Ur, Cr). - Orientar a paciente a aguardar novo chamado ou agendar consulta (fim do tratamento) - Anotar a alta no livro da reumatologia (Livro preto). Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 10 PROTOCOLOS DO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA ARTRITE REUMATÓIDE A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações em virtude da erosão óssea e da cartilagem. Esta doença afeta mulheres duas vezes mais que homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral a AR acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Com a progressão da doença, os pacientes com AR desenvolvem incapacidade para realização de suas atividades tanto de vida diária como profissionais, com impacto econômico significativo para o paciente e para a sociedade. Critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia (ACR- 1987): 1) Rigidez matinal: rigidez articular durando pelo menos 1 hora. 2) Artrite de três ou mais áreas: pelo menos três áreas articulares com edema de partes moles ou derrame articular observado pelo médico. 3) Artrite de articulações das mãos – punhos, interfalangeanas proximais (IFPs) e metacarpofalangeanas (MCFs). 4) Artrite simétrica. 5) Nódulo reumatóide. 6) Fator reumatóide sérico. 7) Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos. Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por pelo menos 6 semanas. Quatro dos sete critérios são necessários para classificar um paciente como portador de artrite reumatóide. Esses critérios, entretanto, tem seu uso limitado no início da doença, não conseguindo classificar muitos pacientes como portadores de AR. Pela necessidade de se obter um diagnóstico precoce, novos critérios (Tabela 1- Critério de classificação da artrite reumatoide ACR-EULAR 2010) foram desenvolvidos com o objetivo de identificar pacientes com artrite inflamatória com alto risco de persistência dos sintomas e de erosão óssea. Assim, uma terapêutica pode ser instituída precocemente, minimizando os danos estruturais da doença. Além de uma história e um exame físico completo, a avaliação inicial do paciente com AR deve documentar sintomas de atividade da doença, estado funcional, evidências objetivas de inflamação articular, problemas mecânicos articulares, presença de comprometimento extra-articular e de lesão radiográfica. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 11 Exames para diagnóstico: - Hemograma completo, VHS, PCR. - Função renal, função hepática, perfil lipídico, sumário de urina. - FAN e fator reumatóide (FR). - Anti-CCP caso o FR seja negativo. - Raio X de mãos em AP e Oblíquas e de outras articulações acometidas. Esquemas de Tratamento: Os objetivos principais do tratamento do paciente com AR são: prevenir ou controlar a lesão articular, prevenir a perda de função e diminuir a dor, tentando maximizar a Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 12 qualidade de vida destes pacientes. A remissão completa, apesar de ser o objetivo final do tratamento, raramente é alcançada. Tratamento não Medicamentoso: - Fisioterapia - Educação do paciente - Atividade física leve a moderada Tratamento medicamentoso: - Analgésicos: Analgésicos não opióides e anti-inflamatórios não hormonais (AINHs). - Corticosteróides: Podem ser usados para controlar a dor e a inflamação em baixas doses (2,5 a 10 mg por dia). Podem ser utilizados em injeções intra-articulares para controle de inflamações localizadas. - DMARDs (Disease-modifying antirheumatic drugs ou drogas modificadoras da Artrite Reumatóide) – São o principal foco no tratamento atual da AR, devem ser iniciadas precocemente em dose adequada e caso não ocorra resposta esperada, associar ou trocar. No HGF temos disponíveis os principais DMARDS: Metotrexato (MTX) – droga de primeira escolha, padrão ouro no tratamento da AR; dose de 10 a 25 mg/semana Difosfato de cloroquina – 250 mg/dia Leflunomida (Arava) – 20 mg/dia Ciclosporina – 3 a 5 mg/kg/dia Sulfassalazina – 2 a 3 g/dia - DMARDs biológicos: Bloqueadores do TNF: Infliximabe (Remicade), Adalimumabe (Humira), Etanercepte (Enbrel), Golimumabe (Simponi) e Certolizumabe Pegol (Cimzia) – os dois últimos ainda não disponíveis no SUS. Depletor de linfócito B:Rituximabe (Mabthera) Modulador seletivo da co-estimulação do linfócito T: Abatacepte (Orencia) Inibidor de IL-6: Tocilizumabe (Actenra) Em linhas gerais as diretrizes de tratamento estão abaixo: - Uso de anti-inflamatórios não esteróides e/ou analgésicos comuns (paracetamol ou dipirona) conforme necessidade. Caso necessário considere o uso de corticóide em baixa dose, VO, ou infiltração intra-articular. - Associar DMARDs precocemente. Geralmente recomenda-se o uso do MTX. Caso não ocorra resposta desejada em até três meses associa-se outro DMARD ou combinação de até três drogas. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 13 - Os agentes biológicos são utilizados em caso de falha de pelo menos dois DMARDs. Antes de iniciar esse tipo de tratamento devem ser solicitados os seguintes exames: FAN, anti-DNA, PPD, sorologias para vírus das hepatites B e C, HIV, VDRL, Raio X de tórax, hemograma completo, sumário de urina, uréia, creatinina, TGO, TGP. - Em caso de PPD > 5mm ou epidemiologia positiva para tuberculose ou Raio X suspeito fazer profilaxia para tuberculose com isoniazida 300 mg/dia por 6 meses (iniciar tratamento com biológico somente após 1 mês de profilaxia). Não é necessário repetir o PPD. - Tempo para avaliar falha de biológico: 12 semanas. - Troca de agentes biológicos anti-TNF: ausência de resposta ao tratamento inicial, perda da resposta obtida no decorrer do tempo, presença de eventos adversos. De acordo com a disponibilidade do HGF, recomenda-se iniciar com anti-TNF. Em caso de falha ou evento adverso, trocar por um segundo anti-TNF. Em caso de evento adverso, tentar um terceiro anti-TNF. Em caso de falha ao segundo anti-TNF, tentar Abatacepte ou Tocilizumabe ou Rituximabe. - Tratamento da vasculite reumatóide: 1ª opção – pulsoterapia mensal com ciclofosfamida associada ao corticóide em dose imunossupressora, 2ª opção – anti- TNF. Exames para acompanhamento e Índice de Atividade de Doença: - Hemograma completo, VHS, PCR. - Função renal, função hepática, sumário de urina. - Outros específicos para as drogas utilizadas no tratamento. - Raio X de mãos anualmente. - O índice de atividade de doença utilizado no HGF é o DAS28 (Disease Activity Score), que avalia 28 articulações (punhos, IFPs, MCFs, cotovelos, ombros e joelhos). Para obter o DAS28 deve-se usar uma calculadora específica. Recomendamos calcular o DAS28 em todas as consultas médicas. Ver Tabela 2. A redução de 1,2 no DAS28 significa boa resposta ao tratamento. Considera-se resposta moderada a redução entre 0,6 e 1,2 e ausência de resposta se menos que 0,6. Tabela 2 – Disease Activity Score – DAS 28 Remissão Clínica Atividade Baixa Atividade Moderada Atividade Elevada DAS 28 < 2,6 < 3,2 < 5,1 > 5,1 Adaptado do Consenso Brasileiro de Artrite Reumatóide. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 14 PROTOCOLOS DO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, multissistêmica, de causa desconhecida e de natureza auto-imune, caracterizada pela presença de diversos auto-anticorpos. Evolui com manifestações clínicas polimórficas, com períodos de exacerbações e remissões. De etiologia não esclarecida, o desenvolvimento da doença está ligado à predisposição genética e aos fatores ambientais, como luz ultravioleta e alguns medicamentos. Critérios de classificação da American College of Rheumatology (ACR) Presença de pelo menos quatro critérios dos onze: 1) Eritema malar: lesão eritematosa fixa em região malar, plana ou em relevo. 2) Lesão discóide: lesão eritematosa, infiltrada, com escamas queratóticas aderidas e tampões foliculares, que evolui com cicatriz atrófica e discromia. 3) Fotossensibilidade: exantema cutâneo, como reação não usual à exposição à luz solar, de acordo com a história do paciente ou conforme observado pelo médico. 4) Úlceras orais/nasais: úlceras orais ou nasofaríngeas, usualmente indolores, observadas pelo médico. 5) Artrite: artrite não erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas, caracterizadas por dor e edema ou derrame articular. 6) Serosite: pleuris (caracterizada por história convincente de dor pleurítica ou atrito auscultado pelo médico ou evidência de derrame pleural) ou pericardite (documentado por eletrocardiograma, atrito ou evidência de derrame pericárdico). 7) Comprometimento renal: proteinúria persistente (> 0,5 g/dia ou 3+) ou cilindrúria anormal. 8) Alterações neurológicas: convulsão (na ausência de outra causa) ou psicose (na ausência de outra causa). 9) Alterações hematológicas: anemia hemolítica ou leucopenia (menor que 4.000 leucócitos/ml em duas ou mais ocasiões), linfopenia (menor que 1.500 linfócitos/ml em duas ou mais ocasiões) ou plaquetopenia (menor que 100.000 plaquetas/ml na ausência de outra causa). 10) Alterações imunológicas: anticorpo anti-DNA nativo ou anti-Sm, ou presença de anticorpo antifosfolípide baseado em: a) níveis anormais de IgG ou IgM anticardiolipina; b) teste positivo para anticoagulante lúpico ou teste falso positivo para sífilis, por no mínimo seis meses. 11) Anticorpos antinucleares: título anormal de anticorpo anti-nuclear por imunofluorescência indireta ou método equivalente, em qualquer época, e na Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 15 ausência de drogas conhecidas por estarem associadas à síndrome do lúpus induzido por drogas. Estes critérios foram desenvolvidos com o objetivo de uniformizar a definição de LES para estudos científicos, e, embora raro, é possível termos pacientes com LES sem apresentarem quatro dos onze critérios de classificação. Devido ao novo conhecimento sobre auto-anticorpos, lúpus neuropsiquiátrico e a importância de baixo níveis do complemento, foi feita uma revisão dos critérios para LES. Foi determinado um conjunto inicial de variáveis a serem analisadas em 716 pacientes com LES e em controles sem LES. Dessa forma, deve-se classificar um paciente como tendo LES se: O paciente apresentar nefrite lúpica comprovada por biópsia com FAN ou anti-DNAn +; OU O paciente satisfazer pelo menos quatro critérios, sendo pelo menos um critério clínico e um imunológico. Esses critérios tiveram uma melhor sensibilidade comparado com os critérios atuas da ACR (94% X 86%). Resultando em significativamente menos erros de classificação (p=0,0082) A validação desses critérios está em andamento. AVALIAÇÃO LABORATORIAL: Para diagnóstico: Hemograma Completo, VHS, PCR, Eletroforese de Proteínas, VDRL. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 16 FAN (Hep-2), C3 / C4, Anti DNA, Anti SSA (Ro), Anti SSb (La), Anti Sm, Anticardiolipina. Função Hepática, Perfil Lipídico, Uréia, Creatinina. Sumário de Urina, Proteinúria de 24h, Biópsia renal (casos selecionados) Para acompanhamento: Hemograma Completo, VHS, PCR, Eletroforese de Proteínas. C3 / C4, Anti DNA. Função Hepática, Perfil Lipídico. Sumário de Urina, Proteinúria de 24h. TRATAMENTO GERAL: Fotoproteção: Usar filtros solares com FPS 30. Usar proteção física (chapéus, roupas compridas). Evitar exposição ao Sol. Cloroquina para envolvimento de leve a moderado (associar ou não com corticóides 20-40mg/d) e Dapsona 50mg/d e/ou Talidomida pra casos graves. Anticoncepção: avaliar antifosfolipídeos previamente, pois não há segurança mesmo com uso de progestágenos isoladamente. Contra-indicado durante atividade da doença e após 2 anos de um envolvimento orgânico grave. Preferência: métodos de barreira Controle rigoroso da hipertensão arterial (ACE ou BRA) Controle da obesidade e da dislipidemia (estatinas e fibratos) Prevenção primária ou secundária da osteoporose: cálcio, Vitamina D e bisfosfonatos Restrição ao uso de antiinflamatórios e outras drogas nefrotóxicas. TRATAMENTO ESPECÍFICO: Glicocorticosteróides GC: Usados tanto para acometimento renal, cutâneo ou de outros órgãos é de fundamental importância no tratamento do Lúpus, são as drogas mais utilizadas no tratamento. Devem sempre ser usados na dose efetiva para o controle da atividade da doença, e, assim que possível, fazer redução gradual de sua dose. As doses de GC (tendo a prednisona como padrão) podem ser variada desde 0,125 mg/kg/dia (dose baixa) ate 1 a 2 mg/kg/dia (dose muito alta). Pacientes com acometimentos severos de órgãos podem usar pulsoterapia com GC: injeção intravenosa de 1g de metilprednisolona (15-20 mg/kg/dia) por três dias consecutivos ou em dias alternados. Situações em que utilizamos este esquema: - Manifestações neuropsiquiátricas. - Nefrite lúpica com perda crescente de função renal. - Vasculite ativa. - Outras manifestações agudas. No uso de GC sempre lembrar: Erradicação de Strongiloides (albendazol 400mg por 3-5 dias), proteção gástrica; prevenção de osteoporose (Cálcio, bifosfonatos e vitamina D. Antimaláricos: Independente do órgão ou sistema afetado, o uso contínuo de antimaláricos (difosfato de cloroquina: 3-5 mg/kg/dia ou sulfato de hidroxicloroquina: 5-7 mg/kg/dia) é indicado com a finalidade de reduzir a atividade da doença e tentar poupar corticóide em todos os pacientes com LES. Melhora do perfil lipídico e Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 17 redução do risco de trombose são benefícios adicionais atribuídos ao uso de antimaláricos. Imunossupressores: Drogas utilizadas para poupar o uso de GC ou para induzir e manter a remissão da nefrite lúpica. Azatioprina: 1-3 mg/kg/dia (no tratamento de manutenção) Ciclofosfamida: em pulsos [quinzenal (500mg) ou mensal (1000mg/m2) Micofenolato Mofetil: 1-3g/dia quando refratário, contra-indicado CFM, ou ainda como alternativa (2-3g/d), na manutenção (1-2g/d), após 3-4 meses de CFM Anti CD20 (Rituximab): Indicado para PTI refratária, nefrite lúpica refratária, manifestações neuropsiquiátricas refratárias, anemia hemolítica auto-imune (AHAI), miocardite. Protocolo 01: CFM 500mg + Metilprednisolona 250mg + RTX 500mg (D1) RTX 500mg (D7) RTX 500mg (D14) CFM 500mg + Metilprednisolona 250mg + RTX 500mg (D21) Protocolo 02: CFM 01g + RTX 01g + Metilprednisolona 250mg (D1) RTX 01g + Metilprednisolona 250mg (D14) CFM 01g (D28) NEFRITE LÚPICA: É um dos acometimentos mais comuns no LES. Os principais objetivos do tratamento da nefropatia do LES são: controlar a atividade inflamatória e prevenir a evolução para a insuficiência renal crônica. Tratamento: Corticóide e Imunossupressores. No HGF utilizamos o esquema: - Seis pulsos mensais (ou quinzenais) com ciclofosfamida endovenosa - Reavaliação Remissão: Manutenção com Azatioprina oral e avaliações periódicas. Remissão parcial: Mais 3 ou 4 pulsos mensais de ciclofosfamida, EV, com reavaliação posterior. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 18 Algoritmo de Tratamento – Nefrite Lúpica Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 19 PROTOCOLOS DO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA ESPONDILOARTROPATIAS Consiste em um grupo de doenças distintas, que apresentam diversas características em comum, que incluem: características clínicas (dor axial inflamatória, artrite em grandes articulações dos membros inferiores e entesopatias), radiológica (sacroileíte) e laboratorial (fator reumatóide negativo) em indivíduos com predisposição genética ligada ao HLA-B27. Estas doenças incluem: Espondilite Anquilosante (EA), EA juvenil, Artrite Psoriásica (AP), Artrite Reativa /Síndrome de Reiter, Artropatias Enteropáticas, Espondiloartropatias Indiferenciadas. ESPONDILITE ANQUILOSANTE Doença inflamatória crônica que acomete preferencialmente a coluna vertebral podendo evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial. Geralmente se inicia no adulto jovem (2ª. - 4 ª. décadas da vida), preferencialmente do sexo masculino (2-3:1), da cor branca e em indivíduos HLA- B27 positivos. Inicialmente, o paciente queixa-se de dor lombar baixa de ritmo inflamatório, ou seja, melhora com o movimento e piora com o repouso, associado a rigidez matinal prolongada. A evolução costuma ser ascendente, acometendo progressivamente a coluna dorsal e cervical, podendo evoluir para “postura do esquiador”, caracterizada pela retificação da lordose lombar, acentuação da cifose dorsal e retificação da lordose cervical (projeção da cabeça para frente). A nível articular periférico pode surgir oligoartrite e entesopatias, em grandes articulações de membros inferiores, como tornozelos, joelhos e coxofemorais; ombros, esternoclaviculares e articulações costocondrais (causando dor torácica) também podem ser acometidos. A manifestação extra-articular mais freqüente é a uveíte anterior, aguda, unilateral, recorrente; observada em até 30% dos pacientes, estando geralmente associada ao HLA-B27 positivo e raramente cursam com seqüelas. A positividade do HLA-B27 pode variar entre 80 e 98%, sendo mais elevada em populações brancas. No Brasil, costuma ser encontrada em mulatos (devido à influência da ascendência genética branca), mas é bastante rara em negros não miscigenados. Critérios de New York 1984: EA definida se sacroileíte bilateral mínima ou unilateral moderada a severa (esclerose ou fusão), associada à: - Dor lombossacra >3meses que melhora com o exercício e não alivia com o repouso - Limitação da mobilidade lombar - Redução da expansibilidade torácica, medida ao nível do quarto EIC < 2,5cm. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 20 ESPONDILITE ANQUILOSANTE JUVENIL A EA juvenil se manifesta antes dos 16 anos de idade, costuma iniciar-se com artrite e entesopatias (inflamações nas inserções dos tendões e/ou ligamento nos ossos) e acometem preferencialmente a inserção de tendão de Aquiles e a fáscia plantar, somente após alguns anos evolui com a característica lombalgia de ritmo inflamatório. A EA juvenil costuma ter diagnóstico mais tardio, e muitos destes pacientes podem ser diagnosticados como artrite reumatóide juvenil no início dos sintomas. O comprometimento do quadril é mais freqüente na criança do que no adulto, o que determina um pior prognóstico, pela necessidade de próteses totais de quadril em muitos pacientes. ARTRITE PSORIÁSICA Artrite inflamatória, soronegativa para o fator reumatóide, associada à psoríase cutânea. A psoríase cutânea é uma doença bastante freqüente, podendo acometer até 1 a 2% da população; em média, 5 a 10% dos pacientes com psoríase cutânea evoluirão com artrite psoriásica. Costuma iniciar-se entre a 3ª. e a 5ª. décadas de vida; Sem predomínio de sexo, exceto em subtipos específicos, com predomínio do sexo feminino na forma poliarticular simétrica e do sexo masculino na forma espondilítica. O acometimento cutâneo costuma preceder a artrite em 75% dos casos, início simultâneo em 10%; nos outro 15%, a artrite pode preceder a lesão de pele. Classicamente, a artrite psoriásica apresenta cinco formas clínicas: 1) Oligoartrite assimétrica (70%): é a forma clínica mais freqüente, acometendo grandes e/ou pequenas articulações; tenossinovites são comuns, caracterizando os “dedos em salsicha”; 2) Poliartrite simétrica (15%): apresentaquadro articular semelhante à artrite reumatóide; pode acometer as articulações interfalangeanas distais, comumente não afetadas na artrite reumatóide; 3) Distal (5%): acomete exclusivamente as articulações interfalangeanas distais, geralmente associada a lesões ungueais (“unha em dedal”); 4) Artrite mutilante (< 5%): é a forma clínica menos freqüente e mais grave, acometendo geralmente indivíduos jovens, na 2ª. e 3ª. décadas da vida; afeta as pequenas articulações das mãos e dos pés, evoluindo para deformidades importantes, com encurtamento dos dedos; 5) Espondilite (5%): os sintomas clínicos são semelhantes aos apresentados pela espondilite anquilosante. SÍNDROME DE REITER / ARTRITE REATIVA O termo Síndrome de Reiter, atualmente se refere aos casos caracterizados pela tríade uretrite, artrite e conjuntivite, que ocorre após infecção geniturinária ou gastrointestinal; está incluído no grupo das artrites reativas. O conceito atual de Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 21 artrite reativa dentro das espondiloartropatias requer a presença de uma oligoartrite associada à evidência de infecção precedente. Os sintomas clínicos costumam se iniciar de uma a quatro semanas após infecção. A primeira manifestação costuma ser a uretrite, seu diagnóstico é difícil nas mulheres, e pode evoluir com prostatite nos homens acometidos. A conjuntivite costuma ser leve, de resolução espontânea, durando 7 a 10 dias, sem deixar seqüelas. O quadro articular costuma ser caracterizado por uma oligoartrite assimétrica, recorrente, de predomínio em grandes articulações de membros inferiores, sendo comum a presença de volumosos derrames articulares recorrentes em joelhos, em pacientes com doença ativa. Na evolução do quadro articular, é bastante freqüente a presença de entesopatias na inserção do tendão de Aquiles e da fáscia plantar, também cursando com tenossinovites em dedos de pés e mãos (os chamados “dedos em salsicha”). Acometimento axial (espondilite) pode aparecer em cerca de 20% dos casos. Pode apresentar surto único (10 a 20%), crises recorrentes (40 a 60%) ou cronificar (20 a 30%). O HLA-B27 positivo ocorre em 50 a 80% dos casos. ARTRITES ENTEROPÁTICAS As doenças inflamatórias intestinais (D.I.I.) podem acometer de 2 a 20 indivíduos em cada 200.000 pessoas; já o acometimento articular pode afetar 2 a 26% dos pacientes com D.I.I.. Classicamente, podemos observar manifestações articulares associadas à retocolite ulcerativa e à doença de Crohn, e, em menos proporção, à doença de Whipple, doença celíaca e cirurgia de bypass intestinal. Os acometimentos articulares nas D.I.I. podem ser subdivididos em oligoartrite periférica, poliartrite periférica e espondilite enteropática. A oligoartrite periférica acomete preferencialmente grandes articulações de membros inferiores, associado a entesopatias periféricas, a evolução está associada à atividade da doença intestinal; lesões cutânea, tipo eritema nodoso, podem ocorrer em 10 a 25% destes pacientes. Uma poliartrite periférica, geralmente não deformante, pode ocorrer na doença de Whipple e após cirurgia de bypass intestinal; quadro semelhante, porém mais agressivo e deformante pode ocorrer em pacientes com doença de Crohn; não apresentam associação com HLA específico, e a evolução ocorre independente do acometimento intestinal. A espondilite enteropática pode acometer 2 a 12% dos pacientes com retocolite ulcerativa e doença de Crohn; sexo masculino (2-3:1), sendo que 50 a 75% destes pacientes apresentam HLA-B27 positivo; o quadro clínico e radiológico da espondilite enteropática é semelhante ao observado na espondilite anquilosante, e sua evolução costuma ser independente do quadro intestinal. ESPONDILOARTROPATIAS INDIFERENCIADAS As espondiloartropatias indiferenciadas (EI) englobam um grupo de pacientes que apresentam características clinicas e/ou radiológicas sugestivas de uma espondiloartropatia, mas que não preenchem os critérios diagnósticos de nenhuma das doenças definidas dentro do grupo. Muitas vezes representa um diagnostico provisório, que pode variar de um estágio precoce ou uma forma abortiva ou frustra Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 22 de uma espondiloartropatia definida. A presença do HLA-B27 é um fator prognóstico de evolução para uma doença definida. Os pacientes que não preenchem os critérios diagnósticos para uma doença definida podem ser considerados EI. TRATAMENTO 1. Fisioterapia Programa de exercícios supervisionados Todos os estágios da doença Benefício em curto prazo 2. AINE 1. Seu uso está recomendado desde o início da doença. Uso contínuo apresentou menor progressão radiológica comparado ao uso intermitente (p = 0.002) 2. Os inibidores específicos da COX-2 apresentam uma boa opção para o uso prolongado. 3. Drogas de ação prolongada nos casos não responsivos aos AINES Tem uso limitado. Sulfassalazina: dose 30-50 mg/Kg/dia ,apresenta boa resposta na artrite periférica e prevenção de surtos de uveíte. Metotrexate: 7.5 a 20mg/semana, também tem boa resposta na artrite periférica. Leflunomida tem mostrado resultados em estudos isolados. 4. Agentes biológicos Anti-TNF: Anticorpos Monoclonais Infliximabe (3-5mg/Kg, dose de ataque com 0,2 e 6 semanas e dose de manutenção a cada 6 a 8 semanas ) Adalimumabe (40mg, via subcutânea a cada 15 dias) Proteínas de ligação Etarnecept (25mg,via subcutânea, 2 vezes /semana) Indicações De Uso De Drogas Anti-TNF: 1. Doença ativa de moderada / grave intensidade (BASDAI > 4) 2. Resposta inadequada a dois ou mais AINH num período mínimo de 3 meses 3. Não resposta ao MTX ou SSZ em casos de artrite periférica em atividade. Resposta ao tratamento 1. Melhora mínima de 50% no BASDAI Descontinuação de Drogas Anti-TNF 1. Ausência de resposta após 6 a 12 semanas Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 23 ESCLEROSE SISTÊMICA Mailze Campos Bezerra INTRODUÇÃO: A esclerodermia é dividida em duas formas: esclerodermia localizada( morféia, linear e golpe de sabre) que acomete a pele e tecido subcutâneo e a esclerodermia sistêmica que envolve a pele e órgãos internos. A esclerodermia sistêmica (SSc) é dividida em duas categorias: limitada ( CREST) relacionada com anticorpos anti-centrômero e difusa ( espessamento cutâneo proximal aos cotovelos e joelhos) associada a anticorpos anti-topoisomerase I (SCL 70) e anti – RNA polimerase III. A SSc é uma doença multissistêmica caracterizada por 3 mecanismos fisiopatológicos básicos: Fibrose com depósito de colágeno na pele e órgãos internos, lesão vascular com proliferação da íntima, estreitamento ou oclusão vascular de pequenos vasos e auto-imunidade. É mais comum em mulheres (3:1), entre 35 e 65 anos. É rara em crianças e em homens com menos de 30 anos de idade. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: ACR 1980 Critério maior: Espessamento cutâneo simétrico, proximal às metacarpofalangeanas Critérios menores: Esclerodactilia Ulceração de polpas digitais/reabsorção das falanges distais Fibrose pulmonar bibasal OBS: Para o diagnóstico é necessário: presença do critério maior ou de dois critérios menores. EXAMES COMPLEMENTARES E SEGUIMENTO: Inicial: Hemograma, TGO, TGP, Cr, VHS, PCR, EFP, CPK, CH50, C3, C4, FAN (≥ 85% dos casos de esclerose sistêmica), anti-RNP, anti-topoisomerase I, anti-centrômero, anti-RNA polimerase III, FR, TSH, T4L, glicose, CT e frações, U1, sorologias pra vírus B, C, HIV, pró-BNP, ECG, ECO, esofagograma, EDA, TCAR, espirometria com difusão, TC6min, escore de Rodnan modificado, escore de atividadeda doença, HAQ SSc Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 24 Seguimento: Avaliar atividade da doença a cada 3 meses. Anual: ECG, ECO, TCAR, EDA, Espirometria(*), TC6min(*), HAQ SSc Laboratório: HC, Cr, TGO, TGP, VHS, PCR, CPK, U1, CH50, C3, C4 a cada 3 meses. Outros a depender da droga de base ÍNDICE DE ATIVIDADE DA DOENÇA EUROPEU: Escore de Rodnan modificado > 14: 1.0 Edema cutâneo ao exame físico: 0.5 Piora do espessamento cutâneo (1 mês): 2.0 Úlcera digital ao exame físico: 0.5 Piora dos sintomas vasculares (1 mês): 0.5 Artrite ao exame físico: 0.5 Redução da DLCO%: 0.5 Piora dos sintomas cardiopulmonares (1mês): 2.0 VHS > 30mm/h: 1.5 Redução do complemento sérico: 1.0 OBS: A soma dos escores indica atividade da doença DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Fibrose nefrogênica: IRC. RNM com gadolínio Escleromixedema: espessamento generalizado. Tem pápulas e nódulos mucinosos. Pico monoclonal. Escleredema: Ocorre em pacientes diabéticos (tipo III), pós- infecção ( tipo I), tipo II sem doença de base, risco aumentado de desenvolver mieloma. Acomete região cervical, dorsal e ombros; poupa mãos e pés. Fasceíte eosinofílica: Doença de Shulmam. Poupa mãos e dedos. Espessamento cutâneo rápido, com contraturas em flexão. Pele com aparência de casca de laranja TRATAMENTO: Nível de evidência: G:A: RCT G:B: Estudos observacionais G:C: Relatos/séries de casos G:D: Experiência do especialista 1. Pele: Metotrexate: 15mg/semana, para SSc difusa em fase inicial. Grau de evidência: G: A Micofenolato de mofetil: 2g/dia, G: B D-penicilamina: sem resposta em estudo controlado, G: A Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 25 Ciclofosfamida: 01g intravenosa mensal (pulsoterapia) para envolvimento cutâneo rapidamente progressivo G: A Pentoxifilina 800mg + vitamina E 800mg, G: B 2. Calcinose: Diltiazem: 30 a 120 mg/dia, bisfosfonatos, varfarim, colchicina: G: D Cirurgia 3. Vasculopatia: Fenômeno de Raynaud, úlceras Manter extremidades aquecidas. Abandonar tabagismo. Bloqueador do canal de cálcio (nifedipina 20-60mg/dia), G: A Iloprost EV: 0,5-2,0 ng/kg/min 3-5 dias contínuo, a cada 6-8 semanas, G: A Bosentan (tracleer): 62,5-125mg 2x/dia para prevenção úlceras. Não indicado para a cicatrização de úlcera ativa, G: A Sildenafil (revatio, viagra): cicatrização de úlceras: 20-25mg 3x/dia, G: A Atorvastatina: 40mg/dia, diminuição da frequência de úlceras, G: A Pentoxifilina, cilostazol, G:D 4. HAP: Screening: anual Sintomas: dispneia, dor torácica, síncope, capacidade funcional (NYHA), teste caminhada 6min: >450m ideal; <380m baixo: tratamento Ecodoppler PFP CATE: Pico de velocidade de regurgitação tricúspide >3m/s (PSAP: >45mmhg) V= 2,5-3m/s (30-45mmhg), se sintomas, ex: dispnéia Diretrizes brasileiras: PSAP: ≥ 40mmhg (ECO) Diagnóstico: PmAP (pressão média da artéria pulmonar) >25mmhg PwP (pressão em cunha do capilar pulmonar) ≤ 15mmhg RVP (resistência vascular pulmonar) > 3wood U Tratamento: Suporte (O2, ACO, diuréticos, digoxina) • Antagonista do receptor de endotelina: Bosentan (tracleer): 62,5-125mg 2x/dia (CFII/III), G: A • Análogos da prostaciclina: Epoprostenol (flolan): 2,0ng/kg/min- dose inicial (CFIII/IV), G: A • Inibidor da 5 fosfodiesterase: Sildenafil (revatio,viagra): 20-25mg 3x/dia (CFII/III/IV), G: A Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 26 OBS: Recomenda-se associação de drogas VO antes de usar as drogas EV : G: C Seguimento a cada 3 meses: NT- pro BNP, TC6min (variação de 30m para mais ou menos), CF (variação de pelo menos 1 CF), dispneia: muda tratamento 5. Alteração TGI: DRGE, esofagite, má-absorção. Inibidor de bomba de prótons, G: B Pró-cinéticos (domperidona, cisaprida): G: C Antibióticos: metronidazol 250mg 8/8h ou ciprofloxacino 250mg 12/12h por 10 dias em esquemas rotativos para diarreia por supercrescimento bacteriano, G: D 6. Acometimento pulmonar: Estadiamento: Doença extensa: > 20% de comprometimento em TCAR ou CVF < 70% (TCAR indeterminada) Doença leve: ≤ 20% de comprometimento em TCAR ou CVF ≥70% (TCAR indeterminada) O tratamento deve ser feito pra doença extensa. A doença leve deve ser observada meticulosamente a cada 3-6 meses com PFP. Prioridade de tratamento o vidro fosco. Casos de fibrose muito avançada avaliar risco- benefício Ciclofosfamida 600mg/m2 mensal (pulsoterapia) por 12-24 meses, G: A Manutenção: Micofenolato de mofetil (2-3g/dia) ou azatioprina (2mg/kg/dia) Medidas gerais de suporte (O2, etc) Fibrose avançada - transplante 7. Crise renal: evitar CE > 15mg/dia Captopril em altas doses (12,5-300mg/dia), G: C Controle rigoroso da PA em até 3 dias, G: C Monitorar PA e Creatinina, G: C Pior prognóstico em pacientes que utilizaram IECA antes da crise Transplante renal: Considerar após 2 anos se não melhorar Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 27 SÍNDROME DE SJÖGREN Mailze Campos Bezerra INTRODUÇÃO: A síndrome de Sjogren primária é uma doença inflamatória auto-imune, sistêmica, que acomete as glândulas exócrinas e menos frequentemente órgãos internos. Apresenta intensa infiltração linfoplasmocitária, principalmente do epitélio dos tecidos envolvidos, levando à destruição e perda da função secretora. Acomete principalmente mulheres, na proporção de 9:1, com pico de incidência entre 40-60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. CLASSIFICAÇÃO: Primária: Quando ocorre isoladamente, na ausência de outra doença Secundária: Quando está associada à outra doença auto-imune MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Manifestações glandulares: Envolvimento ocular: xeroftalmia (diminuição da produção de lágrima). Os principais sintomas são: Irritação, prurido, sensação de areia nos olhos, queimação, vermelhidão, fotofobia, dor e redução da acuidade visual Envolvimento orofaringeano: xerostomia (diminuição da produção de saliva). Os principais sintomas são: boca seca, dificuldade pra mastigar e engolir alimentos secos, sensação de queimação na boca, aumento de cáries dentárias, rouquidão e aumento de parótidas Manifestações extraglandulares: Fadiga, linfadenopatia, febre, perda de peso, mialgia, artralgia, artrite, alteração cutânea, nefrite intersticial, GN, acidose tubular renal, envolvimento hepático, pulmonar, neuropatia periférica, alteração de pares cranianos, SNC, alteração hematológica, com aumento do risco de linfoma. 50% dos pacientes podem apresentar anticorpos anti-tireóide com alteração da função tireoideana INVESTIGAÇÃO DA XEROFTALMIA: Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 28 Teste de Schirmer - consiste na colocação de um pedaço de papel filtro sob uma das pálpebras inferiores para medir a umidade. Se ≤ 5 mm em 5 min é positivo Coloração de Rosa Bengala - é aplicada essa coloração topicamente, na qual é absorvida pelo epitélio desvitalizado ou danificado da córnea e conjuntiva. É positiva se ≥ 4 de acordo com os escores de Bijsterveld INVESTIGAÇÃO DA XEROSTOMIA: Fluxo salivar: pouco específico Sialografia: Sensível e específico Cintilografia de glândulas salivares e parótidas: Sensível, pouco específico Biópsia de glândula salivar menor: procedimento de escolha EXAMES LABORATORIAIS: Inicialmente pra diagnóstico: HC, VHS, PCR,EFP, U1, glicose, CT, TG, TSH, T4L, Cr, FAN, FR, anti-Ro, anti-La, CH50, C3, C4, IgG, crioglobulinas, sorologias virais ( B, C, HIV, HTLV, EBV, CMV, coxsakie, sarampo), anti-mitocondrial, anti-músculo liso, anti-tireoglobulina, anti- microssomal, anti-célula parietal gástrica Seguimento: A cada 3 meses: HC, VHS, PCR, Cr, U1, TGO, TGP, EFP, crioglobulinas, C3, C4, CH50, IgG; outros exames a depender da droga de base TCAR, provas de função pulmonar completa, gasometria (acidose tubular renal) Aumento persistente de parótidas, esplenomegalia, linfadenopatia, úlceras de membros inferiores, baixos níveis de C4, crioglobulinemia mista monoclonal: pensar em linfoma!!! CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Critério Europeu para diagnóstico da SS (versão revisada pelo Consenso Americano-Europeu em 2002) 1. Sintomas oculares: resposta positiva a pelo menos 1 questão a seguir: a) Você tem apresentado sensação diária e persistente de olho seco há mais de 3 meses? b) Você tem apresentado sensação de areia ou corpo estranho nos olhos? c) Você necessita usar colírio substituto de lágrima mais que 3 vezes ao dia? 2. Sintomas orais: resposta positiva a pelo menos 1 questão a seguir: a) Você tem apresentado sensação diária de boca seca há mais de 3 meses? Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 29 b) Você tem apresentado aumento recorrente ou persistente de glândulas salivares após a idade adulta? c) Você necessita beber líquidos para ajudar a deglutir alimentos mais secos? 3. Sinais oculares: resultado positivo a pelo menos 1 dos testes a seguir: a) Schirmer I ≤ 5mm em 5 min b) Rosa bengala ≥ 4 de acordo com os escores de Bijsterveld 4. Histopatologia de glândulas salivares menores: ≥ 1 foco/4mm 2 de infiltrado linfoplasmocitário ( 1 foco é o aglomerado de 50 ou mais linfócitos e plasmócitos) 5. Envolvimento de glândulas salivares: resultado positivo de pelo menos 1 dos exames a seguir: a) Fluxo salivar não-estimulado ≤ 1ml/15 min b) Sialografia de parótida mostrando sialectasias difusas, sem evidência de obstrução dos ductos maiores c) Cintilografia salivar com atraso na captação, redução na concentração e/ou atraso na secreção do traçador 6. Auto-anticorpos: presença dos auto-anticorpos séricos a seguir: a) Anti-SSA/Ro ou anti-SSB/La, ou ambos Diagnóstico: Sd de Sjogren primária: a) Presença de 4 itens positivos em 6, desde que o item 4 ou 6 seja positivo b) Presença de 3 itens positivos entre os itens 3,4,5,6 Sd de Sjogren secundária: Excluir o ítem 6 para essa avaliação a) Resposta positiva aos itens 1 ou 2 + duas respostas positivas entre os itens 3 e 5 Critérios de exclusão: Radioterapia anterior de cabeça e pescoço Infecção por hepatite C AIDS Linfoma preexistente Sarcoidose Doença enxerto-versus- hospedeiro Uso de drogas anticolinérgicas ÍNDICE DE ATIVIDADE DA DOENÇA EULAR (ESSDAI): Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 30 Define 12 domínios com pesos específicos: Sintomas constitucionais (3), linfadenopatia (4), glandular (2), articular (2), cutâneo (3), pulmonar (5), renal (5), muscular (6), SNP (5), SNC (6), hematológico (2) e biológico (1) e avalia a atividade em cada um deles: ausente (0), baixa (1), moderada (2), alta (3): em anexo ÍNDICE DE ATIVIDADE DA DOENÇA SINDROME DE SJOGREN (SSDAI) Atribui escores: Sintomas constitucionais-1 (febre, fadiga), Queixas glandulares-3 (aumento de gl. Salivar), articulares-2 (artrite ou artralgia), hematológicas (leuco/linfopenia-1, aumento linfonodo/baço-2), pleural/pulmonar-4 (pleurite ou vidro fosco), vasculite- (purpura palpável), envolvimento renal-2 (proteinuria ou aumento Cr ou GN/ nefrite intersticial), neuropatia periférica-1: em anexo TRATAMENTO Tratamento do olho seco: Lágrimas artificiais: carboximetilcelulose (ecofilm, fresh tears, optive) 4x/dia; ácido poliacrílico (adapt gel, refresh gel) 2x/dia; hipromelose (lacrima, lacrima plus) 4x/dia Lágrimas artificiais com conservantes menos tóxicos: oftane®, genteal®, fresh tears®, optive®: Melhor opção! Lágrimas sem conservantes: hypotears® Ciclosporina tópica 0,05%: Restasis® até 4x/dia por 3-6meses Pilocarpina: Salagen® 5mg 4x/dia Cevilemine: Evoxac® 30mg 3x/dia Cápsulas de ômega 3 (óleo de linhaça): 1-2g/dia Casos refratários: Oclusão do ponto lacrimal Tratamento da boca seca: Saliva artificial: Salivan® indicado pra uso noturno e em fissuras, saliva artificial® para uso frequente Chicletes sem açúcar com xilitol: Chicletes Valda® Pastas ou verniz dentário com liberação lenta do xilitol: Perioxidin® Colutórios clorexidine(antibacteriano): periogard®, noplak®, colgat®: 1 semana por mês Pilocarpina: Salagen® 5mg 4x/dia Cevilemine: Evoxac® 30mg 3x/dia Tratamento das manifestações sistêmicas: Hidroxicloroquina: 200-400mg/dia Rituximab: Droga promissora! Indicado para casos refratários. Melhora da fadiga e função salivar. Dose: 1000mg no 1° e 15° dias Tratamento das manifestações graves: Mielite transversa, neuropatia periférica, glomerulonefrite, vasculites graves, encefalopatia, mielopatia, pneumonite intersticial Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 31 Ciclofosfamida em pulsoterapia, esteroides, plasmaférese, gamaglobulina hiperimune e rituximab Metotrexate, leflunomida, azatioprina, sulfassalazina, anti-TNF(infliximab e etanercept) foram utilizados em ensaios clínicos controlados e não foram efetivos na melhora da síndrome seca Perspectivas terapêuticas: Estão em estudo! Anti-CD22: Epratuzumab Anti-BAAF: Belimumab ATENÇÃO!!!!! Evitar drogas que diminuem a secreção salivar: anti-histamínicos, anti- depressivos tricíclicos, diuréticos, anti-espasmódicos, clonidina,etc. Contra-indicação dos agonistas muscarínicos: hipertireoidismo, úlcera péptica, asma, bradicardia, hipotensão, coronariopatia, epilepsia, Parkinson, peritonite, vagotomia, obstrução intestinal ou urinária e glaucoma. Efeitos colaterais dos agonistas muscarínicos: náuseas, diarreia, cólicas abdominais, urgência miccional, cefaleia, hipotensão, eritema, broncoespasmo, sudorese, tosse e miose. O tratamento de SS secundária baseia-se no tratamento da doença de base Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 32 DOENÇA MISTA DO TECIDO CONJUNTIVO (DMTC) Mailze Campos Bezerra INTRODUÇÃO: É uma síndrome overlap que combina características de lupus eritematoso sistêmico, esclerodermia e polimiosite, junto à presença de altos títulos de anticorpos circulantes contra um antígeno nuclear anti-RNP. Síndrome de Sjogren pode ocorrer em 25-50% dos pacientes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: O início da DMTC é caracterizado por manifestações de esclerodermia, LES e miosite que ocorrem em conjunto ou sequencialmente. Alguns achados sugerem fortemente a existência da doença, como a presença do fenômeno de Raynaud (90%) associado a edema de mãos. Artrite e artralgia também são comuns. O quadro articular pode variar de comprometimento leve a erosivo. Miosite, alveolite fibrosante e hipertensão pulmonar são características importantes da doença. Podem ocorrer alterações cutâneas, cardíacas, esofágicas e neurológicas. EXAMES COMPLEMENTARES: HC, Cr, VHS, PCR, EFP, FAN, FR(+ 70%), Anti-RNP, Anti-Sm, Anti-DNA, anti- Ro/La, LAC, aACL, U1, TGO, TGP, TSH, T4L, CPK, sorologias virais (B, C, HIV), imunoglobulinas (IGG), complemento (normalou alto) TCAR, ECO, EDA, PFP, anualmente CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Critérios de Alarcon-Segovia para o diagnóstico de DMTC 1. Critérios sorológicos: Anticorpos anti-RNP (padrão nuclear pontilhado) com um título na hemaglutinação > 1:1600 ( não foi ainda definido limite para outros ensaios usados mais frequentemente) 2. Critérios clínicos: Edema de mãos, sinovite, miosite, fenômeno de Raynaud e acroesclerose Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 33 OBS: Para o diagnóstico é necessário 3 critérios clínicos e o sorológico. Quando edema de mãos, Raynaud e acrosclerose estão combinados, 4 critérios clínicos são necessários Atenção: Na presença de anti-DNA e /ou anti-Sm reagentes devemos afastar a possibilidade de DMTC TRATAMENTO: O tratamento baseia-se nos órgãos envolvidos: Difosfato de cloroquina 250 mg/d ou hidroxicloroquina 400 mg/d podem ser usados no tratamento das lesões cutâneas, articulares e dos sintomas gerais da doença. Prednisona em baixas doses (0,5 a 1mg/kg/d) para doença com manifestações clínicas leves. Terapia imunossupressora com prednisona 1 a 2 mg/kg/d ou ciclofosfamida 1 g/m2 para formas graves da doença como alveolite fibrosante, hipertensão pulmonar, vasculite, alteração renal ou neurológica. Alteração esofágica deve ser tratada com bloqueadores da bomba de protos e pró-cinéticos. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 34 MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IDIOPÁTICAS Mailze Campos Bezerra INTRODUÇÃO: São doenças musculares que causam inflamação crônica da musculatura estriada (miosite), caracterizadas por fraqueza muscular proximal e simétrica, com ou sem rash, aumento de enzimas musculares, alterações eletromiográficas e infiltrado inflamatório em biópsia muscular. Podem acometer outros órgãos como pulmão, coração, trato gastrointestinal e articulações, levando a complicações sistêmicas. CLASSIFICAÇÃO: 1. Polimiosite (PM) 2. Dermatomiosite(DM) 3. Poli/Dermatomiosite juvenil 4. Miosite associada com neoplasia 5. Miosite associada com doença vascular do colágeno 6. Miosite por corpúsculo de inclusão (IBM) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: O sintoma mais frequente é a fraqueza muscular proximal, simétrica, progressiva, insidiosa, indolor. Outros sintomas: Disfagia, rouquidão, regurgitação, aspiração e pneumonia. Mialgia e artralgia não são incomuns. Fenômeno de Raynaud e calcinose podem estar presentes. O envolvimento cardíaco usualmente é subclínico. Pneumonite ou fibrose intersticial podem ocorrer. Alguns pacientes podem ter doença mais aguda. Um grupo de pacientes, principalmente homens, pode apresentar fraqueza muscular proximal e distal, sugestiva de IBD. As musculaturas escapular e pélvica são afetadas mais gravemente. Fraqueza cervical indica pior prognóstico. Na DM as alterações cutâneas podem preceder o quadro muscular. São patognomônicos as pápulas de gottron e o heliotropo. Outras alterações cutâneas podem estar presentes como o “sinal de gottron, “sinal do V”, sinal do chale, “sinal de holster” (lesões eritemato-violáceas em região lateral da coxa e quadril), fotosenssibilidade, rash malar comprometendo sulco naso-labial, queixo, e região frontal. Eritema e telangiectasias periungueais, vasculite cutânea, ulcerações podem estar presentes. Mãos de mecânico, artrite, febre e doença intersticial pulmonar são encontradas em pacientes com anticorpos anti-sintetase. EXAMES LABORATORIAIS: Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 35 Inicial: HC, Ur, Cr, Na, K, Ca, P, PTH, 25-OH vitamina D, Mg, TGO, TGP, CPK, LGH, aldolase, TSH, T4L, cortisol sérico, CT, HDL, LDL, TG, glicose, U1, , EFP, VHS, PCR, FAN, FR, anti-RNP, anti-Jo 1, Anti-Mi2, sorologias virais ( HTLV-1, HIV, C, B, EBV, CMV, coxsackie, rubéola, H1N1), para toxoplasmose e borrelia, CA 125, CA19-9 em suspeita de malignidade Seguimento: enzimas musculares (CPK, TGO, TGP, LDH, aldolase) mensais e depois a cada 2-3 meses; HC, Cr, VHS, PCR, imunoglobulinas, U1 e outros dependendo da droga de base a cada 3 meses TCAR, PFP, ECO, ECG, EDA ENMG: Sensível, não específico: padrão miopático: irritabilidade das miofibrilas em repouso e na inserção da agulha, demonstrando potenciais de fibrilação, ondas positivas de ponta, descargas de alta frequência, bizarras, e espontâneas, potenciais polifásicos de baixa amplitude e curta duração. Alterada em mais de 90% dos pacientes com doença ativa BIÓPSIA MUSCULAR: Padrão ouro! Diagnóstico de outras miopatias, através de imunohistoquímica, colorações enzimáticas e microscopia eletrônica. São achados característicos: Degeneração e regeneração de miofibrilas, infiltrado inflamatório perivascular e intersticial, atrofia perifascicular, variação do tamanho das fibras, necrose seguimentar, vacuolização. Invasão de linfócitos T em fibras não necróticas é patognomônico de PM. Na DM pode haver infiltrado de células B perivascular. Na IBM o achado característico é a presença de vacúolos intracelulares contendo grânulos basofílicos com aparência de “red-rimmed”. RNM: Para direcionar sítio da bx e avaliar atividade da doença ou cronicidade EXAME FÍSICO: Teste da força muscular manual (MMST): 8 músculos - Em anexo G-0: Ausência de contração muscular G-1: Contração palpável. Movimento pouco ou ausente G-2: Movimento possível, sem gravidade. G-3: Movimento possível contra a gravidade G-4: Movimento possível contra resistência natural G-5: Movimento possível contra resistência manual considerada CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PM/DM: Bohan e Peter 1975 1. Fraqueza muscular proximal 2. Elevação no soro de enzimas musculares 3. Padrão miopático demonstrado pela ENM 4. Biópsia muscular evidenciando inflamação 5. Alterações cutâneas típicas de dermatomiosite Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 36 Polimiosite: Diagnóstico definitivo: critérios de 1 a 4 Diagnóstico provável: 3 dos 4 primeiros critérios Diagnóstico possível: 2 dos 4 primeiros critérios Dermatomiosite: Diagnóstico definitivo: 5 + 3 dos 4 primeiros critérios Diagnóstico provável: 5 + 2 dos 4 primeiros critérios Diagnóstico possível: 5 + 1 dos 4 primeiros critérios DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 1. Doenças neurológicas: Guillain Barré, ELA 2. Miastenia gravis, sd de Eaton-Lambert 3. Endocrinopatias: Hipotireoidismo, hipertireoidismo, doença de Cushing, Adison, hipopara, hiperpara, deficiência de vitamina D, DM 4. Distrofias musculares 5. Drogas (penicilamina, colchicina, fibratos, corticóides, hidroxicloroquina, amiodarona, AZT, etc) 6. Doenças por depósito de glicogênio e lipídeos. Miopatia mitocondrial 7. Infecções: virais ( HIV, CMV, Epstein-Barr, etc), bactérias (stáfilococo, streptococo, borrélia, hanseníase, micobactéria), parasitas (toxoplasmose, esquistossomose, triquinose), fungos (criptococo) 8. Miopatias metabólicas: Uremia, ins. Hepática, porfiria 9. Fibromialgia, outras doenças do tecido conjuntivo, PMR 10. Sarcoidose, amiloidose, POMPE ATENÇÃO: Preditores de CA: VHS ≥ 35, necrose epidérmica, vasculite leucocitósclática cutânea, DM amiopática, anti-p155/140 Screening pra CA: exame físico completo, avaliação ginecológica, mamografia, TC tórax, abdominal e pélvica, US tireoide, sangue oculto. CRITÉRIOS DE ATIVIDADE: Critérios do Grupo IMACS (grupo internacional de estudos clínicos em miosites): Em anexo 1. Atividade global (VAS): médico 2. Atividade global (VAS): paciente 3. Força muscular: 0-5 ou 0-10 (proximal, distal, axial) 4. Função física: HAQ 5. Laboratório: pelomenos 2 enzimas musculares elevadas: CK, aldolase (25%),TGO, TGP, LDH (30%) 6. Atividade de doença extramuscular: MITAX, MYOACT Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 37 Melhora clínica ≥ 20% em 2 de 6 itens com piora ≤ 25% no máximo em 2 itens sem contar com o da força ÍNDICE DE DANO: Grupo IMACS – Em anexo TRATAMENTO: Nível de evidência: A: RCT B: Estudos observacionais C: Relatos/séries de casos D: Experiência do especialista 1. Corticoides: Sempre ! Dose: 1-2mg/Kg/dia por pelo menos 6 semanas. Redução após controle clínico-laboratorial ou efeito colateral 10-25% ao mês. Após 6-10 meses a dose deve estar entre 5-10mg/dia e mantida por pelo menos 6 meses após a remissão 2. Pulsoterapia com Metilprednisolona 15 mg/kg/d por 03 dias seguidos: Fraqueza cervical, envolvimento do miocárdio, alveolite ou intensa disfagia (risco de aspiração) Indicação de terapia imunossupressora: Atividade da doença com doses de CE ≥ 1mg/kg/dia após 4-6 semanas Corticóide ≥ 0,5mg/kg/dia pra controle da doença após 6 meses de tratamento Reativação frequente Efeitos colaterais do corticoide Metotrexate: 15-30mg/semana. É a primeira opção. G: B Azatioprina: 2-3mg/kg/dia. Dose máxima: 200mg/dia. Segunda opção. G:B Micofenolato de mofetil : até 2g/dia. Série de casos com boa resposta. G:C Ciclosporina: 3-5mg/kg/dia. Pode ser usado em terapia tríplice em casos resistentes. Doses mais altas: 5-10mg/kg/dia são mais eficazes, mas são mais nefrotóxicas. G:B Ciclofosfamida: Em pulsoterapia de 1g/m2. Para pneumonite intersticial Gamaglobulina: 1g/kg/dia por 2 dias consecutivos 1x/Mês por 3-6 meses. Casos refratários ou pacientes com infecções graves. G: A Associação de drogas: Opção pra casos refratários Rituximabe: Estudo atual em fase II. Dose 1g, 1° e 15° dias. Usar em casos refratários. G:B Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 38 Anti-TNF: Alguns estudos mostram que essas drogas podem desencadear ou exacerbar a doença. G: C Hidroxicloroquina: 200-400mg/dia. Utilizar nos quadros cutâneos de DM, artrite, fadiga, paniculite. G: C Perspectivas: Alemtuzumabe: anti-Linfócito-T monoclonal Inibidores de Interferon α Fisioterapia: Fisioterapia pra todos os pacientes! Objetivo de melhorar a capacidade funcional. Mesmo em fases de atividade, pra prevenir contraturas. Indicado exercícios assistidos sem gravidade, exercícios de alongamentos e ganho de ADM. Posteriormente exercícios de contração muscular isométrica de quadríceps, bíceps, deltoides, extensores e abdutores de quadril. Após melhora, podem ser realizados exercícios isotônicos, com pouco peso, hidroterapia, natação Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 39 OSTEOPOROSE PÓS-MENOPAUSICA Mailze Campos Bezerra INTRODUÇÃO: A osteoporose (OP) é uma doença sistêmica do esqueleto caracterizada por redução da massa óssea, deterioração da microarquitetura do osso, com consequente aumento da fragilidade óssea e suscetibilidade a fraturas. Ela pode ser dividida em formas primária e secundária. A forma primária é a mais frequente ocorrendo em mais de 90% das mulheres osteoporóticas, notadamente na pós-menopausa e em 70-80% dos homens com osteoporose. A OP secundária ocorre em menos de 5% nas mulheres e em até 20% nos homens com osteoporose. FATORES DE RISCO PARA FRATURA: Idade Sexo IMC baixo Fratura prévia Fratura em parentes de primeiro grau Uso de glicocorticoides Tabagismo Alcoolismo Baixa ingestão de cálcio Baixa massa óssea Inatividade física, quedas CAUSAS SECUNDÁRIAS: Artrite reumatóide, Espondilite anquilosante, LES Hipogonadismo : menopausa precoce, ooforectomia bilateral, anorexia nervosa, QT pra CA de mama Doença inflamatória intestinal, síndromes de mal absorção Imobilidade prolongada: Lesão medular, doença de Parkinson, AVC, distrofia muscular Transplante de órgãos Doenças endócrinas: Diabetes tipo I, hiperetireoidismo, hiperparatireoidismo, hiperprolactinemia DPOC, doenças renais, doença maligna Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 40 DIAGNÓSTICO: Categorias diagnósticas segundo OMS: mulheres maiores de 50 anos T score > ou igual -1: Normal -1< T score < -2,5: Osteopenia T score ≤ -2,5: Osteoporose OBS: Em crianças e mulheres pré-menopausa usar Z- score. Considerar baixa massa óssea pra idade se z ≤ -2 e pesquisar causas secundárias EXAMES LABORATORIAIS: Hemograma completo, eletroforese de proteínas, creatinina, uréia, U1, TGO, TGP, TSH, T4 livre, PTH, cálcio total, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina, cálciúria de 24h, 25-OH-vitamina D CTX, osteocalcina: antes de iniciar tratamento e pra monitoração terapêutica FSH, LH, GH, cortisol plasmático, anticorpo antigliadina IgG e IgA, antiendomísio IgA: para afastar causas específicas de osteoporose RX de coluna dorsal e lombar em perfil Densitometria óssea TRATAMENTO: 1. Medidas gerais: dieta rica em cálcio, redução do consumo de álcool e café, parada do fumo, atividade física, exposição ao sol, prevenção de quedas 2. Cálcio: carbonato de cálcio, citrato de cálcio: 1000 a 1500 mg/dia (dieta+ suplemento, preferencia reposição total em dieta) 3. Vitamina D3: A reposição deve ser baseada na dosagem da vitamina D. Se abaixo de 30ng/ml: 50.000UI 1x/semana por 3 meses. Manutenção de 800- 2000UI/dia se vitamina D normal. Pode-se utilizar o calcitriol em pacientes com redução do clearence de creatinina 4. Raloxifeno: mulheres na pós-menopausa com osteoporose de coluna. Aumento do risco de eventos tromboembólicos 5. Bisfosfonatos: osteoporose de fêmur e coluna. Utilizar em jejum, 30 min antes do café, não deitar. Duração 3 -10 anos dependendo do risco de fraturas A) Alendronato sódico: 10mg/dia ou 70 mg/semana B) Risedronato sódico: 35 mg/semana ou 150mg/mês C) Ibandronato sódico: 150 mg/mês D) Ácido zoledrônico: 5 mg EV/ano 6. Ranelato de estrôncio: 2g/dia. Não ingerir concomitante a reposição de cálcio ou com laticínios. Osteoporose de coluna e fêmur. Contraindicado se história de tromboembolismo. 7. Teriparatida: 20mcg/dia SC. Osteoporose grave, refratária a outros tratamentos, com fraturas. OP por CE com múltiplas fraturas. Duração: 18-24 meses. Rotina no ambulatório: Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 41 Paciente sem fratura: Bisfosfonatos VO ou raloxifeno (somente coluna) Paciente com fratura: BF VO ou EV Paciente com fratura em vigência de BF VO: BF EV Paciente com várias fraturas em vigência de BF: Teriparatida Fratura atípica: Teriparatida OBS: Pacientes com osteopenia devem ser tratados se alto risco pra fraturas SEGUIMENTO: Avaliar a DMO a cada ano: Considerar melhora se ganho de pelo menos a mudança mínima significativa: 2,7 x erro do aparelho em diversos sítios CaU24h e Ca sérico total a cada 3 meses até valores adequados: Ca dentro dos limites normais de referência e CaU aproximadamente 4mg/Kg de peso. Posteriormente a cada 6 meses CTX: É marcador de reabsorção óssea. Queda de pelo menos 30% do valor basal do CTX com 3 meses. Sempre que tiver dúvida com relação à aderência ao tratamento com BF pode medir CTX. Protocolo: 0 – 3 meses- 6 meses – anualmente Osteocalcina: É marcador de formação óssea, deve ser utilizada quando em uso de teriparatida. Diminui também comuso de BF, embora mais lentamente RX de coluna dorsal e lombar anualmente a fim de se detectar fratura assintomática Atenção pra surgimento de dor em coxas. Pode ser sinal prodrômico de fratura atípica. Cuidado!!! Parar BF. Holliday: após 3-5 anos de uso de BF se baixo risco pra fratura Hidroclorotiazida para pacientes com hipercalciúria FALHA TERAPÊUTICA: Se em vigência do tratamento o paciente apresentar uma fratura maior ou várias fraturas menores ou se houver declínio da DMO maior do que 0,03g/cm2 após: Afastar causas secundárias e trauma de alta energia Investigar adesão ao tratamento Investigar adequação de cálcio e vitamina D O que fazer? Não tem estudos RCT mostrando redução das fraturas após mudança do tratamento por falha terapêutica. Opção seria utilizar teriparatida ou ranelato de estrôncio Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 42 SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE (SAF) Carlos Ewerton Maia Rodrigues A síndrome antifosfolípide (SAF) é uma doença auto-imune, caracterizada por eventos trombóticos de repetição, perdas gestacionais e trombocitopenia associada a anticorpos antifosfolípides (anticardiolipina, anticoagulante lúpico e anti beta2-glicoproteína I). CRITÉRIOS CLÍNICOS (Sydney): Trombose vascular a) Um ou mais episódios clínicos de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos em qualquer tecido ou órgão e b) Trombose confirmada por imagem ou doppler ou histopatológico, com exceção de trombose venosa superficial e c) Confirmação histopatológica com trombose sem evidência de inflamação (vasculite) da parede do vaso. Morbidade da gravidez a) Uma ou mais mortes de feto morfologicamente normal até a 10ª semana gestacional, com morfologia fetal documentada por ultrassonografia ou exame direto. b) Um ou mais partos prematuros de feto morfologicamente normal até a 34ª semana gestacional por pré-eclâmpsia severa ou insuficiência placentária severa. c) Três ou mais abortos espontâneos consecutivos inexplicados antes da 10ª semana gestacional, excluindo-se anormalidades anatômicas ou hormonais e causas maternas e paternas excluídas. CRITÉRIOS LABORATORIAIS: a) Presença no sangue de anticorpo anticardiolipina IgG e/ou IgM, presente em titulação moderada ou alta (> 40 MPL ou GPL) em duas ou mais ocasiões com intervalo mínimo de 12 semanas. b) Presença de anticoagulante lúpico no plasma em duas ou mais ocasiões com intervalo mínimo de 12 semanas, detectado de acordo com a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia c)Presença de anticorpo anti-beta 2 glicoproteína I em duas ou mais ocasiões com intervalo mínimo de 12 semanas.. Considera-se SAF definitiva quando se encontram pelo menos um critério clínico e um critério laboratorial. . SAF catastrófica é definida por tromboses difusas (3 ou mais órgãos, requerendo confirmação histopatológica – trombose de médios e pequenos vasos). Alta morbimortalidade. Órgãos mais acometidos: rins > pulmão > cérebro > coração Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 43 = pele. Diagnóstico diferencial com outras microangiopatias trombóticas (ex: CIVD, PTT, SHU, HAS maligna). Tto: Anticoagulação plena+corticoterapia + plasmaférese ou IgGh (~ 70% de eficácia; NEJM, 2002) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 1. Causas de trombose venosa: fator V de Leiden (resistência à proteína - C Ativada, deficiência de proteína C, S e antitrombina III, desfibrinogenemias, anormalidades da fibrinólise, síndrome nefrótica, policitemia vera, doença de Behçet, hemoglobinúria paroxística noturna e uso de contraceptivos orais, tromboses paraneoplásica. 2. Causas de trombose arterial: hiperlipidemias, diabetes mellitus, hipertensão, vasculite, anemia falciforme, homocistinúria e doença de Buerger, hiperhomocisteinemia, tromboses paraneoplásica. TRATAMENTO: Eventos clínicos INR Tratamento Evento venoso 2-3 Varfarin Evento arterial não-SNC 3-4 Varfarin Primeiro evento arterial (AVC) 2-3 Aspirina (300mg/d ou varfarin Eventos recorrentes 3-4 Varfarin Trombocitopenia - Cloroquina Prednisona -AAS/heparina (se plaquetas > 50.000) Rituximabe ou imunoglobulina SAF catastrófica - -Associar: heparina, pulso de metilprednisolona e plasmaférese ou imunoglobulina Rituximabe Coréia e mielite transversa - Metilprednisolona Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 44 TRATAMENTO NA GESTAÇÃO Anticorpos antifosfolípide persistentemente reagentes sem SAF AAS€ SAF com óbitos fetais sem trombose prévia Heparina não-fracionada (5000 UI 2 x dia) ou enoxiparina 40mg/dia associado a AAS€ SAF com trombose prévia: Heparina não-fracionada (10.000 UI 2 x dia- manter TTPa 2,5-2x o basal) ou enoxiparina 1mg/kg/ 2 x dia associado a AAS€ € = AAS em baixas doses (75-100mg/d) USO DO VARFARIN (Marevan®) ANTES DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO Suspender Varfarina 7 dias antes Dois dias depois (se INR entre 3-4) e um dia depois (se INR entre 2-3) iniciar enoxaparina (Clexane®), na dose de 1mg/kg de 12 em 12h. Suspender Enoxaparina 24 horas antes do procedimento Realizar procedimento com cuidados para hemostasia. Reintroduzir enoxaparina 6-8 horas após o procedimento (se não ocorrer complicações). Na manhã seguinte ao procedimento, ou quando possível (a depender da aceitação alimentar e das complicações), retornar o uso de Varfarina na dose habitual. Manter associado Varfarina e Enoxaparina por 7 dias, após a reintrodução. Em caso de atroplastia total de quadril ou prótese de joelho, manter Varfarina e Enoxaparina por 15 dias. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 45 TRATAMENTO BASEADO NO INR : INR Eventos hemorrágicos Conduta <2 - Iniciar clexane 1mg/kg de 12/12hs até alcançar INR de 2. Aumentar dose do varfarin(marevan). <5 - Diminuir a dose do varfarin* Ou omitir uma dose e diminuir a dose de varfarin. Entre 5 e 9 - suspender varfarin nas próximas 1 a 2 doses, monitorar INR e diminuir dose de varfarin >9 - Parar varfarin, monitorar INR e diminuir varfarin Qualquer Evento hemorrágico ou com risco de vida Parar varfarin, administrar PFC, concentrado de complexo protrombínico, fator VIIa recombinante, dependendo da urgência clínica *Nenhuma redução na dose de varfarin é necessária se INR minimamente elevado. Serviço de Reumatologia - Hospital Geral de Fortaleza 46 FÓRMULA PARA REVERSÃO DE SANGRAMENTO RELACIONADO AO USO DE VARFARIN PASSO 1. Decidir o INR alvo Situação Clínica INR alvo Moderado sangramento, alto risco de trombose 2- 2.1 Sangramento grave, moderado risco de trombose 1.5 Sangramento com risco de vida, baixo risco de trombose 1.0 PASSO 2. Converter INR para porcentagem em relação ao plasma normal INR Porcentagem aproximada Altos níveis de anticoagulação >5 5 Níveis terapêuticos 4-4.9 10 2.6-3.2 15 2.2-2.5 20 1.9-2.1 25 Níveis subterapêuticos 1.7-1.8 30 1.4-1.6 40 Completa reversão a normal 1.0 100 PASSO 3. Cálculo da dose Formula: (INR alvo expresso em porcentagem- INR presente expresso em porcentagem) X Peso corporal em Kg= mL de PFC* ou UI de complexo protrombínico necessário PFC: plasma fresco congelado
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