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06/04/2016 1 06 de abril de 2016 NUT 129 – TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS 1. Introdução 2. Fases da intoxicação 3. Toxicocinética 4. Absorção 5. Acumulação e distribuição 6. Biotransformação e eliminação 7. Toxicodinâmica 8. Exemplos 9. O caso do Mercúrio 9. Referências • Início da industrialização (década de 40) • Modificações no meio ambiente • Introdução de milhares de compostos químicos diferentes (XENOBIÓTICOS) • aumento de poluentes tóxicos; • início da destruição da camada de ozônio; • entre outras. 06/04/2016 2 • Tudo que entra em contato com nosso organismo precisa ser transformado; • Nessas reações participam enzimas que podem tanto tornar a substância mais reativa e danosa às células ou; • Transformá-la em um composto facilmente excretável para fora do organismo. FASES DA INTOXICAÇÃO Fonte: Moraes et al., 1991 apud Paoliello (2003) . absorção . distribuição . eliminação . biotransformação II – Fase de Toxicocinética Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração do toxicante nos diferentes tecidos do organismo Intervêm nesta fase: • Absorção • Distribuição • Armazenamento • Biotransformação • Excreção 06/04/2016 3 Representação esquemática da Toxicocinética Peña, 2001 II – Fase de Toxicocinética � ABSORÇÃO Conceito: é o processo de transferência do agente químico do local de administração para a circulação geral. Esse processo se dá através das membranas biológicas. TOXICOCINÉTICA ABSORÇÃO Toda absorção biológica requer a passagem através de uma membrana 06/04/2016 4 TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA 1.Transporte passivo • Difusão simples • Filtração 2. Transportes especializados • Transporte ativo • Difusão facilitada • Endocitose Exemplo: Etanol, composto lipossolúvel Estômago e intestino - Difusão Sistema nervoso e outros órgãos - Difusão simples 06/04/2016 5 � DISTRIBUIÇÃO Fatores ligados ao agente tóxico • lipossolubilidade - quanto maior a lipossolubilidade → mais rápida a chegada aos órgãos-alvo • afinidade com moléculas orgânicas – quanto maior a afinidade → mais lenta a distribuição aos órgãos-alvo Ex: CO e Hb, chumbo e ossos, clorados e tecido adiposo, metais e grupos SH FASE II – TOXICOCINÉTICA COMPLEXAÇÃO DE AGENTES TÓXICOS COM PROTEÍNAS Fonte: Repetto, 1997 � PRINCIPAIS SÍTIOS DE ARMAZENAMENTO • fígado • rins • SNC • ossos • cabelos • leite materno, etc. FASE II – TOXICOCINÉTICA 06/04/2016 6 � BIOTRANSFORMAÇÃO Conceito: Conjunto de alterações químicas (ou estruturais) que as substâncias sofrem no organismo, geralmente por processos enzimáticos, para formar derivados mais polares e mais hidrossolúveis e facilitando a excreção renal. Fase II – Toxicocinética FASES DA BIOTRANSFORMAÇÃO FASE I – Pré-sintética FASE II - Sintética • Fase I � grupo funcional inserido ou exposto (-OH, -NH2, -SH, -COOH) � pequeno aumento da hidrofilicidade � metabólito quimicamente mais reativo ⇒ substrato para a fase II • Fase II � combinação com um doador endógeno � grande aumento da hidrofilicidade FASES DA BIOTRANSFORMAÇÃO 06/04/2016 7 • Oxidação (perda de e-) � Adição de oxigênio � hidroxilação � epoxidação � sulfoxidação � Desidrogenação � Desaminação � Dessulfuração � Desalquilação • Redução � Azo-redução � Nitro-redução � Desalogenação redutora � Redução de carbonila • Hidrólise REAÇÕES DE FASE I • Citocromo P-450 • Álcool desidrogenase • Aldeído desidrogenase • Xantina oxidase • Monoamina oxidase • Diamina oxidase • Flavina monooxigenases ENZIMAS OXIDATIVAS � Conjunto de cerca de 50 enzimas (hemeproteínas) no homem localizadas nos microssomos � Metabolizam a maioria dos xenobióticos lipossolúveis � Várias reações enzimáticas distintas › epoxidação, hidroxilação, desalquilação, oxidação, dessulfuração, desalogenação, desaminação CITOCROMO P-450 06/04/2016 8 REAÇÕES DE OXIDAÇÃO: ADIÇÃO DE O2 hidroxilação sulfoxidação 06/04/2016 9 OXIDAÇÃO POR ADIÇÃO DE O2 REAÇÕES DE OXIDAÇÃO desaminação REAÇÕES DE OXIDAÇÃO dessulfuração desalquilação 06/04/2016 10 REAÇÕES DE REDUÇÃO REAÇÕES DE HIDRÓLISE FASE DE CONJUGAÇÃO: • Enzimas citossólicas – sintetases – transferases • Doadores – ác. glicurônico (glicuronidação) – sulfato (sulfatação) – acetil-CoA (acetilação) – S-adenosilmetionina (metilação) – glicina (conjugação com glicina) – glutationa (conjugação com glutationa) REAÇÕES DE FASE II 06/04/2016 11 • Ocorre no RE • Reação mais importante em mamíferos • Substratos contendo -OH, -SH, -NH2, -COOH, -CH • Excreção biliar β-glicuronidase (microflora) reabsorção FASE II: glicuronidação • Ocorre no citossol • Importante em mamíferos • Substratos contendo -OH aromático, -NH2 aromático, álcoois • Excreção renal FASE II: sulfatação • Reação entre um aminoácido endógeno (glicina) e um ácido carboxílico aromático FASE II: conjugação peptídica 06/04/2016 12 FASE II: conjugação com glutationa • Citoplasma e RE • Importante para metabólitos eletrofílicos (epóxidos, oxiarenos, hidroxilaminas) Glutationa S-transferase Glutâmico, cisteína, glicina CONSEQUÊNCIAS DA BIOTRANSFORMAÇÃO • Favorecer a excreção por formação de compostos mais polares • Reduzir a toxicidade do agente tóxico (caso mais frequente) • Transformar o produto original em compostos mais ativos � EXCREÇÃO / ELIMINAÇÃO Conceito: Excreção - processo pelo qual uma substância é expulsa do organismo ≠ Eliminação por biotransformação - processo pelo qual as substâncias mudam de estrutura, mas continuam no organismo sob a forma de metabólitos FASE II – TOXICOCINÉTICA 06/04/2016 13 METABÓLITOS TÓXICOS � EXCREÇÃO / ELIMINAÇÃO VIAS: � Renal (através da urina) � Pulmonar (através do ar expirado) � Biliar (através da bile) � Suor � Saliva � Leite � Gastrintestinal (pelas fezes) FASE II – TOXICOCINÉTICA � Substâncias lipofílicas (apolares) buscam outras vias: 1. Hepática; 2. Fecal; 3. Salivar; 4. Sudorípara; 5. Leite materno. 06/04/2016 14 FASE III – TOXICODINÂMICA Compreende os mecanismos de interação entre as moléculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático TOXICOCINÉTICA DO METILMERCÚRIO PLACENTA TRATO GASTRINTESTINAL FEZES FÍGADO SANGUE SNC FETO (SNC) RIM URINA ÓRGÃO CRÍTICO INDICADOR BIOLÓGICO CABELO Hg++ demeti-lação ~95% MeHg Hg++Hg++principalmente Fonte: G. Corey ECO/1998 TOXICODINÂMICA Inibição de enzimas celulares, ligando-se aos grupos sulfidrila (SH) presentes na molécula 06/04/2016 15 ABSORÇÃO � Inalatória = 60% � Digestiva – Adultos = até 80% em jejum máx. 16% com alimentos – Crianças = até 50% � Dérmica = só produtos orgânicos – chumbo tetraetila – acetato de Pb Glóbulos vermelhos (90-99% Pb) OSSOS (2/3 do Pb fixado - t1/2 vida= 2 a 10 anos) e dentina rins, fígado, baço, vísceras ocas, etc. (t1/2 vida= 40 dias) FIXAÇÃO cérebro feto Sangue 60 a 120 dias ELIMINAÇÃO (75% do absorvido) URINA, FEZES, suor, saliva, unhas, leite, cabelos Atravessa meninges e placenta Principal mecanismo de ação: inativação e modificação de enzimas e outras macromoléculas, � alterações patológicas - ligação com radicais � -SH, -H2PO3, -NH2 e -OH • membranas celular e mitocondrial • síntese e funcionamento de neurotransmissores • síntese do heme • metabolismo dos nucleotídeos MECANISMOS DE AÇÃOCl C C H C c c c c c c c c c c c c Cl C C H C c c c c c c c c c c c cTetracloro dibenzo para-dioxina TCDD Tetracloro dibenzo furano TCDF 06/04/2016 16 Julho 2004 Novembro 2004 Viktor Yushchenko campanha eleitoral UCRÂNIA, 2004 � PCDD’s e PCDF’s são produtos de degradação de vários processos de industriais e amplamente distribuídos no meio ambiente � Têm um mecanismo de ação comum e geram quadros clínicos parecidos � TCDD constitui uma das toxinas mais potentes conhecidas • Passam para o homem pelo consumo das gorduras contidas na carne, em ovos e no leite • Meia-vida no meio ambiente de várias décadas • Passam do meio ambiente para os animais, através da alimentação, e acumulam-se em gorduras • Bem absorvidos por via digestiva • Passam rapidamente para o sangue, onde se associam às lipoproteínas • Distribuem-se por todos os tecidos ricos em gorduras • Agem em doses muito pequenas • TCDD e TCDF penetram nas células do fígado e se unem a receptores específicos e complexos enzimáticos (proteínas do citocromo P450) : – � entrada de TCDD – � produção de proteínas citocromo P450 – � formação de complexos TCDD – proteínas do citocromo P450 • Difíceis de dosar: equipamentos sofisticados, quantidades mínimas http://www.dermnet.org.nz/ Cloracne • Lesões de pele semelhantes à acne (“espinhas”) • Espessamento da pele com descamação (hiperqueratose), fissuras, infecção e sangramento • Unhas quebradiças • Pigmentação da pele • Saliva espessa • Dentes quebradiços • Alergia cutânea � Sequelas cicatriciais IARC 2,3,7,8-TCDD - cancerígeno para o homem (Grupo I) 2,3,7,8,-TCDF – não pode ser classificado 06/04/2016 17 � MÍDIO, A.F.; MARTINS, D.I. Toxicologia de Alimentos. São Paulo: Varela, 2000. p. 10- 24. � LEITE, E. M. A.; AMORIM, L. C. A. Apostila - Noções Básicas de Toxicologia. Minas Gerais: UFMG, 2006. p. 20-52. � VEGA, P. V.; FLORENTINO, B. L. Toxicologia de Alimentos. México: Instituto Nacional de Saúde Pública, 2000. p. 35-55. (e-mail da disciplina)
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