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Direito Civil - Obrigações (Master)

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GMM Apostilas
OBRIGAÇÕES
Programa:
-Teoria Geral das Obrigações
- Fontes das Obrigações
- Classificação das Obrigações (pela natureza da obrigação)
- Obrigação Indivisível e Solidária
- Obrigação Divisível
- Pagamento das Obrigações
- Não Pagamento. Mora.
- Pagamento Indireto das Obrigações
- Extinção das Obrigações
Introdução:
	
A palavra “obrigações” é utilizada não só no Código como linguagem comum com diferentes acepções. Hora se fala na obrigação de ser honesto, na obrigação de ser solidário, na obrigação de alimentar parentes necessitados. Ora se fala na obrigação de jejuar na semana santa, ora se fala na obrigação de comparecer no casamento do melhor amigo, ora se fala em obrigação representando o título que traduz uma obrigação jurídica.
Então, vejam quantos significados atribuem-se à palavra obrigação. Em alguns casos se confere à palavra uma conotação puramente moral, como a obrigação de ser solidário e honesto.
Estudaremos as obrigações como relações jurídicas, nas obrigações como o processo que une duas pessoas tendo como objeto uma prestação.
	Conceito - Características:
Bom, o que é obrigação? A posição é do WASHINGTON DE BARROS, compatível com a do CAPANEMA. Obrigação é o vínculo jurídico, de natureza temporária, estabelecido entre credor e devedor, cujo objeto é uma prestação econômica onde o devedor responsabiliza-se pelo adimplemento através do seu patrimônio. Então, o devedor vai se responsabilizar pelo adimplemento, através do seu próprio patrimônio.
Bom esse é o conceito do WASHINGTON DE BARROS com o CAPANEMA e nesse conceito estão presentes os cinco elementos básicos da obrigação. Vamos analisar quais são os cinco elementos desse conceito. São eles:
Vínculo Jurídico;
Natureza Transitória, ou seja, temporária;
Sujeitos Obrigacionais;
Objeto;
Responsabilidade. 
Vejam que estes cinco elementos estão, literalmente, neste conceito.
A primeira característica que vislumbramos na obrigação é o vínculo jurídico constrangendo uma delas a oferecer uma prestação. Este conceito de vínculo jurídico é importante para que não se pense que a obrigação é uma brincadeira leviana.
Da obrigação emerge um vínculo jurídico, que prende o devedor ao credor constrangendo a uma prestação. Daí porque se diz que o credor tem um direito subjetivo a essa prestação, podendo usar dos meios conducentes a compelir o devedor a oferecê-la. Se não houvesse esse vínculo jurídico obviamente não teria o credor a compelir o devedor a lhe pagar. Tal como acontece nas obrigações morais. 
Portanto, vínculo jurídico é a tutela legal que recai sobre a obrigação. Então, estou falando para vocês é que a obrigação apresenta proteção legal, roupagem legal. Então, essa obrigação, é essencialmente, uma relação jurídica entre A e B, credor e devedor. E, relação jurídica é exatamente aquela que apresenta tutela legal, base legal, regulamentando-a.
SANTIAGO DANTAS ao comentar o vínculo jurídico afirma que ele é o elemento nobre da obrigação, porque seria o principal elemento obrigacional, porque se faltar o vínculo jurídico, não teremos a obrigação civil. No máximo teremos uma obrigação natural, podendo chegar até a ser um singelo dever de consciência. Então, faltando o vínculo jurídico, a obrigação não é civil. Ela no máximo será uma obrigação natural, podendo ate chegar a ser um singelo dever de consciência. Um mero dever moral, de consciência.
Portanto, se não houver vínculo é obrigação, mas natural ou no caso, pior do que isso, é dever de consciência. Gente, a questão é a seguinte: é que o vínculo jurídico, para tornar a obrigação em obrigação civil, i.e., obrigação tutelada pela lei e isto é a obrigação propriamente dita, o vínculo deve apresentar os dois elementos básicos. Esta aí a Teoria de Brinz – que o vínculo deve apresentar os dois elementos básicos. Brinz, doutrinador alemão. Então, para que a obrigação seja civil deve apresentar vínculo jurídico. O vínculo jurídico, segundo a ótica de Brinz, é composto por dois elementos, que são: o débito e a responsabilidade. Na faculdade agente vê isso com outra terminologia, que é o SCHULD E HAFTUNG. Schuld é débito, Haftung é a responsabilidade. Então, a obrigação civil apresenta o Schuld e o Haftung, débito e responsabilidade. Aí o vínculo jurídico está perfeito.
Existindo relação de Débito entre A e B e existindo Responsabilidade do devedor, para pagar este débito. Aí temos o perfeito vínculo jurídico. 
Se faltar a responsabilidade, a obrigação é apenas Natural. 
Se faltarem ambos, sequer teremos obrigação. Teremos, apenas, o dever de consciência.
Vamos diferenciar a obrigação civil, da obrigação natural e o dever de consciência. Vamos exemplificar. Vocês já sabem que na obrigação civil tem os dois; na obrigação natural só tem o schuld. Dever moral não tem nenhum dos dois. 
Obrigação civil é um contrato de locação entre A e B. Tem base legal, o objeto é lícito, então, é um contrato de locação entre A e B. 
Uma promessa de recompensa ofertada por A, onde B encontra o carro desaparecido. A promete indenizar quem quer que encontre o seu carro. B encontrou, B tornar-se credor. Então, B é titular de uma obrigação civil – débito e responsabilidade. 
Agora, digamos, que ela aposta com ela, que no churrasco do Léo vai beber mais que ela. Resultado, esse contrato entre elas não é um contrato de aposta, mas de jogo, porque as duas estão concorrendo, diretamente. É um contrato de jogo, não que seja proibido, mas não está regulamentado por lei. Não é ilícito, mas também não está regulamentado.
E o acordo de cavaleiros? É um contrato verbal. Ele tem o débito. Eu dou a palavra que vou comprar o carro. É uma promessa de compra. Existe diferença entre promessa de compra, promessa de venda e compromisso de compra e venda. Promessa de compra só vincula o comprador; promessa de venda só vincula o vendedor; compromisso de compra e venda vinculam ambas as partes. Então, dou a palavra que vou comprar seu carro por tanto, promessa de compra. Ela não está obrigada a vender. Se ela quiser ela vende, se ela quiser ela lhe executa. 
Então, no contrato de jogo entre as nossas duas amigas aqui, para ver quem bebe mais, a obrigação é meramente natural, pois só apresenta o Schuld, que é o débito. Ela ganhando, esse contrato de jogo, ela só vai pagar se ela quiser. Ela não é obrigada a pagar, porque obrigação natural não goza de força coercitiva, porque inexiste o Haftung, inexiste a responsabilidade. E foi essa a posição adotada na prova da AGU. Então, no caso, foi essa a posição da banca, que a obrigação natural é inexigível, judicialmente. Ela paga se ela quiser. 
Agora, só tem um detalhe: apesar dela não ser obrigada a pagar por não haver haftung, se ela pagar espontaneamente, ela não pode depois se arrepender do pagamento. Uma vez celebrado o pagamento, uma vez ela arcando com o schuld, o pagamento é reputado como válido, não dando ensejo a repetição, a devolução.
Teoria de		1) o Débito ( SCHULD)
 Brinz 
2) a Responsabilidade (HAFTUNG)
Então, vejam, que de forma inequívoca, na obrigação natural o schuld está presente. Tanto está presente, que se ela pagar, não pode depois se arrepender. Se não existisse o schuld, e ela pagasse, seria um pagamento indevido, não há débito. Então, ela poderia pleitear a devolução.
Agora, no dever de consciência, nem o schuld, nem o haftung estão presentes. Dever de consciência é por exemplo, quando alguém pede um favor a você. Você não tem obrigação nenhuma de realizar este favor, mas você fica com o dever apenas de consciência. Você não pode ser cobrado por um dever de consciência. Um exemplo clássico que já falei com vocês, é o pedido para você pagar o estudo de uma pessoa estando o pai desta pessoa no seu leito de morte. Então, é o dever de consciência que você vai ter. Não vai se falar nem em schuld, nem em haftung. 
Então,em suma, aqui no Brasil, por termos adotado a Teoria de Brinz, o vínculo jurídico é composto pelos dois elementos: schuld e haftung. Na obrigação natural, não há haftung, por isso o vínculo jurídico não estaria presente de forma plena. 
Agora, há quem entenda, que na obrigação natural quando ela não chega a ser ilícita, caberia ação de cobrança. Então, nesse contrato de jogo, caberia ação de cobrança. Essa é a posição, se não estou equivocado, de ARNALDO RIZARDO. Então, se não chega a ser ilícito o jogo, cabível a ação de cobrança.
Outra característica marcante da obrigação é sua temporariedade. Este vínculo é sempre temporário. Não há obrigação perpetua. Alias, esta é uma das distinções mais importantes entre a obrigação e o direito real. Os direitos reais nascem para se perpetuar como dizia Santiago Dantas, uma das características fundamentais é sua perpetuidade. O proprietário poderá manter o seu poder sobre a coisa até o último dos seus dias se assim o desejar, por mais longa que seja sua vida. Mas, a relação obrigacional um dia fatalmente se extinguirá, libertando o devedor. 
Aliás, basta que o devedor pague, entregando ao credor a prestação avençada, para que o vínculo se desfaça, exonerando o devedor. O credor não tem como manter o devedor preso a ele até o fim de seus dias. E ainda que o credor se recuse a receber a prestação para manter o devedor a ele preso, o devedor poderá alforriar-se através do mecanismo da consignação em pagamento. Isto garante a perenidade da relação obrigacional. Se a obrigação fosse perpétua, eterna o devedor estaria condenado a uma pena de prisão perpétua. 
	
O devedor pode se exonerar da obrigação seja pelo pagamento, seja pela impossibilidade da prestação, seja até pela porta obliqua da prescrição.
Então, a obrigação, essencialmente é temporária. Como afirma SANTIAGO DANTAS as obrigações nascem para a extinção, e o mais breve possível. A razão é evitar que o devedor fique o resto da vida vinculado a esta obrigação. Então, as obrigações nascem para a extinção, o mais breve possível. Tenta-se, aí, evitar, uma eterna responsabilidade do devedor. Mas cedo ou mais tarde ele se liberta através da prescrição.
Também observamos que a relação obrigacional é interpessoal, encontramos os dois pólos – o solvens (devedor) e no outro pólo o accipients (credor).
	
Uma outra característica é que a obrigação tem sempre por objeto uma prestação, um bem da vida. Ao contrário dos direitos reais em que o objeto é sempre e necessariamente uma coisa que fica submetida ao poder de uma pessoa.
	
Na relação obrigacional a obrigação pode até ser por coincidência uma coisa, por exemplo, nas obrigações de dar, ou de restituir, mas a prestação também pode ser um serviço, como nas obrigações de fazer, como pode ser uma abstenção ou um silêncio.
	
Então vejam que o objeto da obrigação pode ser uma coisa, um serviço, uma determinada quantidade de dinheiro, pode ser uma abstenção, pode ser um silêncio. Há uma enorme variedade quanto à natureza da prestação, o que já não ocorre com os direitos reais, em que o objeto é sempre uma coisa. 
	
Mas, há outra característica importante que é o conteúdo econômico que necessariamente se reveste a prestação. Só haverá obrigação civil se a prestação representar para o credor um interesse econômico. Reparem que este interesse econômico não se vislumbra nas obrigações morais, religiosas e sociais, mas é indispensável nas obrigações civis, a economicidade é inerente às relações obrigacionais, daí porque que Chiovenda chamava as prestações de um bem da vida que o credor persegue. Claro que este interesse econômico pode variar, sendo umas obrigações mínimas quase simbólicas e em outras vultuosas. Este interesse econômico não precisa estar quantitativamente declarado no título obrigacional, basta que ele seja aferível. Não é obrigatório que do título obrigacional conste expressamente o valor econômico da prestação, mas sempre se vislumbrará nesta prestação um interesse econômico para o credor, sem o que a obrigação não pertencerá ao mundo do direito. 
	
Este interesse econômico do credor pode ser auferido imediatamente, como também pode ser diferido, ou seja, projetado para o futuro. Por isso que se diz que a prestação tem que ser economicamente aferível, e isto é importante porque na eventualidade de um inadimplemento culposo do devedor, a maneira clássica de ressarcir o credor é substituir a prestação pelo seu equivalente em dinheiro. Ora, se a prestação não puder ser economicamente aferível não seria possível calcular o equivalente em dinheiro. 
	
Uma outra característica da obrigação é que a garantia do pagamento é representada pelo patrimônio do devedor, ou seja, como a obrigação é um vínculo jurídico é preciso criar mecanismos capazes de assegurar ao credor a realização do seu interesse econômico. As fragilidades da alma humana fazem com que os devedores não se disponham facilmente a pagar. O inadimplemento é uma constante no mundo das obrigações e é preciso criar mecanismos de reforço do crédito para compelir o devedor a cumprir a obrigação. 
	
O sistema jurídico mais primitivo já tinha percebido isto, e criado mecanismo de coerção, dos mais bárbaros, como por exemplo, em Roma, quando o devedor pagava com a vida o inadimplemento. O devedor era sacrificado em um local próprio. 
	
Aliás, antigamente o vínculo jurídico repousava diretamente sobre o corpo do devedor, ou seja, a garantia do pagamento era o próprio corpo do devedor. 
	
Por incrível que possa parecer, ainda restaram algumas lembranças desse sistema em pleno século XXI, ainda temos embora como exceção, hipóteses em que o inadimplemento das obrigações pode custar à liberdade do devedor. E o que ocorre com a obrigação alimentar, com a obrigação do depositário. Claro que eles não se tornam escravos do credor, mas pagam com a liberdade pelo seu inadimplemento. Está sujeito à prisão civil o que é sem dúvida vestígio do passado.
Coube a famosa lex poetelia papiria deslocar o eixo da garantia da obrigação do corpo do devedor para o seu patrimônio. Os bens do devedor é que representam a garantia do pagamento e não o seu corpo. 
Outra característica da obrigação e esta submissão do patrimônio do devedor ao credor, o que não significa dizer que os bens do devedor ficam indisponíveis a partir da celebração da obrigação. O que se quer dizer é que aos nos obrigarmos temos que saber que nossos bens poderão ser expropriados pelo credor em caso de inadimplemento culposo.
Daí o velho brocardo: Enquanto o devedor tiver bens, o credor dorme tranqüilo.
	
Daí porque também se criou como defeito do negócio jurídico a fraude contra credores. Caracterizada quando o devedor aliena onerosa ou gratuitamente seus bens no evidente propósito de impedir ou dificultar a realização do crédito. Criou-se ainda no direito romano uma ação própria para anular estes atos de alienação praticados pelo devedor para fraudar o direito do credor. Ação pauliana ou revocatória, que visa trazer de volta ao patrimônio do devedor os bens por ele alienados. 
	
Temos, portanto, as características das obrigações, a existência de um vínculo jurídico que prende o devedor ao credor, vínculo este temporário, tendo por objeto uma prestação positiva ou negativa, economicamente aferível e cuja garantia é representada pelo patrimônio do devedor. 
	Diferença entre a relação obrigacional e a relação de direito real:
	relação obrigacional
	relação de direito real
	Sempre temporária
	Pode ser perpétuo
	Tem por objeto uma prestação que pode ser positiva ou negativa
	Tem por objeto sempre uma coisa
	É relativa - só quem está legitimado para exigir a prestação é o credor, ou quem o represente legitimamente
	É absoluto o que significa dizer é oponível erga omnes
	Ficam subordinadas apenas a criatividade do homem e sua inteligência
	Esta submetida ao princípio do numerus clausus, só a lei e ninguém mais do que a lei pode criar- princípio da tipicidade legal se aplica
	A inércia do credor fatalmente acarretará a prescrição que é a perda da pretensão ao crédito
	O titular do direito real pode se dar ao luxo de não exercê-lo e nem por isso perderá este direito
Há diferenças marcantes entre a relação obrigacional e o direito real, e algumas delas eu já mencionei acima. Falei por exemplo que enquanto a obrigação é sempre temporária o direito real pode ser perpétuo. 
	
Enquanto a obrigação tem por objeto uma prestação que pode ser positiva ou negativa, o direito real tem por objeto sempre uma coisa. 
	
Outra diferença sempre lembrada é exatamente a relatividade das obrigações, em relação à oponibilidade erga omnes do direito real. Enquanto o direito real é absoluto o que significa dizer é oponível erga omnes, a relação obrigacional é relativa. Relativa aos que dela participam. Só quem está legitimado para exigir a prestação é o credor, ou quem o represente legitimamente. Só quem pode ser compelido a pagar é o devedor. 
	
Outra diferença que também é importante lembrar é que o direito real esta submetida ao princípio do numerus clausus, só a lei e ninguém mais do que a lei pode criar um direito real. 
O princípio da tipicidade legal se aplica aos direitos reais, enquanto as obrigações ficam subordinadas apenas a criatividade do homem e sua inteligência. 
A todo o momento certamente estão surgindo novas formulas obrigacionais, novos modelos. 
O titular do direito real pode se dar ao luxo de não exercê-lo e nem por isso perderá este direito. Costuma-se dizer que um dos direitos do proprietário e não exercer o direito de proprietário. A inércia do proprietário por si só, não acarretará perda da propriedade. Por maior tempo que esta inércia se verificar. A inércia do proprietário só acarretará a perda do direito se durante o período de sua inércia levantar-se uma situação jurídica antagônica ao seu direito de propriedade, como a posse de um terceiro. Mas, de durante o período da inércia ainda que seja, 30,40,50 anos ninguém tomou posse da coisa que é objeto da propriedade esta inércia que durou 50 anos não levara a perda da propriedade.
Já a relação obrigacional, ela não se compadece com a inércia do credor. A inércia do credor fatalmente acarretará a prescrição que é a perda da pretensão ao crédito. A prescrição fulmina a pretensão ao crédito, tirando da obrigação toda a sua coercibilidade, aí o credor não poderá mais compelir o devedor a lhe pagar, como sanção pela sua inércia.
Por isso que eu lhes disse que uma das vias que o devedor se alforria é a prescrição.
 
Ocorrida à prescrição o devedor se alforria porque não mais pode ser alcançado pelo credor.
Existem duas grandes teorias que vislumbram na relação obrigacional dois momentos distintos, ou um só momento. Os franceses, por exemplo, seguem a teoria monista e não decompõem a obrigação em dois momentos como faz a Teoria Dualista. 
O direito brasileiro segue a tradição romano-germanica que vislumbra na obrigação esses dois momentos: o debitum e a obligatio. 
Os romanos assim estabeleciam distinguindo estes dois momentos da obrigação. O debitum seria um dever primário e a obligatio que seria a responsabilidade. 
Os alemães seguiram esta tendência com a sua noção de shuld (debitum) e haftum (responsabilidade). E nós também seguimos esta tendência falando em responsabilidade. 
A responsabilidade é o dever secundário enquanto que o debito é dever primário. Não satisfeito o dever primário, ou seja, não entregando o devedor voluntariamente a prestação, nasce o dever secundário, a responsabilidade.
A responsabilidade é como se fosse a sombra da obrigação, seguindo a onde quer que ela vá. Em nome da obligatio que o credor poderá então usar dos meios conducentes a compelir o devedor a pagar. O devedor responde pelos prejuízos que o seu inadimplemento causarem ao credor, há, portanto uma responsabilidade civil que recai sobre os ombros do devedor inadimplente. 
E nós notamos isto nitidamente na vida prática, quando o devedor voluntariamente não cumpre a obrigação exaurindo o seu dever primário se inicia a segunda fase chamada à segunda fase chamada de execução estática, porque feita através do Estado. O credor movimenta as engrenagens do Estado para compelir o devedor a pagar ou ressarcir os prejuízos daí decorrente. O Estado substitui o credor para expropriar os bens do devedor, levando-os a praça. Quem os faz é o Estado.
Alguns alunos me perguntam porque o Estado se coloca ao lado do credor tomando as suas dores, movimentando a sua custosa engrenagem judiciária para substituir o credor. Isto não seria uma odiosa discriminação contra dos devedores? Absolutamente que não, há um interesse social no pagamento da obrigação. O pagamento da obrigação não satisfaz apenas ao credor, não é apenas o credor que respira aliviado, quando ocorre o pagamento. E toda a sociedade. O inadimplemento da obrigação é sempre um fato social traumático que gera turbulência social.
Por isso que o Estado se interessa no cumprimento das obrigações, para garantir o equilíbrio da sociedade. Esta idéia é tão importante que o Kelsen chegou a considerar como o pilar de sustentação do equilíbrio social, o pacta sunt servanda. 
O pacta sunt servanda é o pilar de sustentação do equilíbrio social. A certeza que as obrigações são feitas para serem cumpridas.
O Estado facilita o pagamento, o Código esta repleto de regras facilitadoras do pagamento, porque o legislador sabe que ninguém paga por prazer. Há diversas regras, como por exemplo, nas obrigações de dar coisa incerta cabe ao devedor em princípio escolher as coisas, nas obrigações alternativas, aquele que primeiro escolhe qual a prestação entre as várias possíveis a ser oferecida ao credor, é o devedor. No silencio do título o pagamento se faz no domicilio do devedor. 
O princípio de ouro da execução é que ela se fará da maneira menos onerosa para o devedor.
Mas, se apesar de tudo isto o devedor não pagar, o Estado é mais exigente, fazendo cair sobre os ombros do devedor as mais rigorosas sanções, expropriando bens do devedor, levando-os a praça, e às vezes até tirando a liberdade. Isto tudo em nome do interesse social do pagamento das obrigações. Daí a importância desse segundo momento-a responsabilidade.
Já os monistas entendem que a obrigação é monolítica. Só existe o débito. E a responsabilidade já e extra relação obrigacional. E um outro instituto que não estaria dentro da relação obrigacional.
Mas, no Brasil adotamos a posição romano-germanica.
Nos vamos observar que nem sempre esses dois momentos precisam estar presentes. Na chamada obrigação civil, nos temos o debitum e a obligatio, nitidamente compondo a obrigação. Mas, há obrigações que só há débitum e não obligatio, que o caso das obrigações naturais.
A obrigação natural é uma relação obrigacional há um vínculo jurídico ligando o devedor ao credor, mas não há responsabilidade. O credor não dispõe de nenhum meio conducente a compelir o devedor a lhe pagar, e aí o pagamento é uma questão de consciência.
A obrigação natural é uma obrigação moral? A obrigação moral é aquela cujo pagamento é um dever de consciência do devedor.
 Há uma diferença entre obrigação moral e obrigação natural. E que na obrigação moral não há vínculo jurídico, enquanto que na obrigação natural existe um vínculo jurídico, só não existe é a responsabilidade. Um exemplo sempre lembrado é a dívida de jogo tolerada. A dívida de jogo não obriga o pagamento, o jogador que ganha a aposta não tem ação para expropriar os bens do devedor se ele se recusar a pagar a aposta (isto é referente ao jogo tolerado e não regulamentado). O jogo regulamentado traduz obrigação civil, como por exemplo, a sena, a loteria. São jogos regulamentados e por isso a debitum e obligatio.
Agora, o jogo ilegal não gera obrigação nenhuma. 
Um outro exemplo são as obrigações prescritas. Toda as obrigação queé alcançada pela prescrição tem um converte-se automaticamente em obrigação natural. Ela perde a obligatio, mas o debitum persiste. A prescrição não fulmina o direito subjetivo, o que a prescrição fulmina é a pretensão, exatamente a obligatio, mas o debitum permanece vivo.
E pode haver a hipótese inversa, e possível uma obrigação que só há obligatio e não há debitum. 
Aliás estes exemplos, mostram que a razão estava com os romanos. Com estes exemplos, fica nítido de que de fato existem dois momentos , que podem estar presentes ou apenas um deles. Há obrigações em que apenas a responsabilidade e não existe debito. 
A obrigação do fiador e um exemplo em que só há responsabilidade e não há débito. Na fiança o fiador assume uma obrigação em que na verdade ele nada deve. Ele não é o devedor. O devedor é o afiançado, mas o fiador responde pelo inadimplemento do afiançado.O que ele assume com o credor é a responsabilidade pelo pagamento, mas não o débito. O débito é do afiançado.
Na obrigação natural e na obrigação prescrita temos apenas o débito sem a responsabilidade. Nas obrigações dos devedores garantidores temos a responsabilidade, sem o débito.
A regra geral é que a obrigação tenha estes dois momentos. Passando-se ao dever secundário caso inadimplido o dever primário.
Na fiança temos uma relação jurídica que liga o credor ao devedor da qual não é parte o fiador. E a outra relação jurídica que liga o credor ao fiador da qual não é parte o devedor. Entre o credor e o devedor vislumbramos o débito e a obligatio, mas entre o credor e o fiador só vislumbramos a obligatio e não o débito. 
Uma outra questão importante que vale a pena uma observação e o problema das FONTES DAS OBRIGAÇÔES, de onde nascem às obrigações. 
As obrigações não são fatos jurídicos naturais, não caem do céu, não nascem da terra. Elas são produtos da vontade do homem. Portanto, são fatos jurídicos humanos e não naturais.
A doutrina clássica vislumbrava três fontes de obrigações: 
Em primeiro lugar a lei, é o que muitos chamam de obrigações legais. Como o nome esta dizendo é aquela que nasce da própria lei, por exemplo, obrigação alimentar. Não é preciso que o pai assine com o filho um contrato assegurando pensão alimentícia. Essa obrigação do parente alimentar o outro nasce da lei. Mas, a doutrina moderna repele a idéia da lei como fonte de obrigação. Portanto, não admite as obrigações legais. Segundo a doutrina moderna o que se entendia por obrigação legal na verdade é um dever jurídico. Quando a lei cria uma obrigação, na verdade aquilo é um dever jurídico. O dever jurídico é um comando genérico dirigido pela lei a todos os membros da sociedade e sancionado em caso de inadimplemento. O que distingue o dever jurídico da obrigação é exatamente isto. O dever jurídico é dirigido genericamente a todos os membros da sociedade. Todos aqueles que têm parentes tem o dever jurídico de alimentá-los se for necessário. 
Um outro exemplo, o dever jurídico de se restituir o que se recebeu indevidamente, não é preciso constar do contrato a seguinte cláusula-”obriga-se o contratante a devolver o que eventualmente receber ou o que for devido. Isto é um dever jurídico que se impõe a qualquer membro da sociedade.
Qual a diferença então entre dever jurídico e obrigação? Quando a lei cria uma obrigação, na verdade esta criando um dever jurídico. O dever jurídico é um comando genérico dirigido pela lei a todos os membros da sociedade.
A segunda fonte de obrigação é o ato jurídico lato sensu - Quando eu falo ato jurídico estou me referindo ao ato jurídico propriamente dito e ao negócio jurídico. Inclusive, a fonte por excelência das obrigações é o contrato, que é uma espécie de negócio jurídico. A maioria das relações obrigacionais nasce de contratos. Os contratos são uma das espécies de negócio jurídico. Os atos jurídicos lato sensu, aí incluídos os atos jurídicos stritu sensu e os negócios jurídicos constituem as grandes fontes das obrigações. 
A terceira fonte das obrigações seria o ato ilícito, é fonte da obrigação de indenizar o dano. E o ato ilícito que faz nascer esta obrigação peculiar, a obrigação de ressarcir a vítima. E o que chamamos de responsabilidade civil. Responsabilidade civil nada mais é que a obrigação de ressarcir o dano decorrente do ato ilícito. 
Agora, no fundo há quem diga que a obrigação só tem uma fonte que é a vontade humana. O seu habitat será o ordenamento jurídico. De nada adiantaria a vontade do homem se a obrigação dela resultante colidir com a ordem pública, com uma norma cogente. A gênese das obrigações é a vontade humana e seu habitat (o ordenamento da qual ela se nutre) é a ordem jurídica. 
Classificações das Obrigações:
Cada tipo de obrigação esta submetida a um determinado regime jurídico. A primeira preocupação que devemos ter a nos defrontarmos com uma obrigação é classificar. Se em uma prova cair um problema prático envolvendo as obrigações, primeiro temos que classificar as obrigações. O tipo de obrigação que esta ali referida irá gerar efeitos diferentes.
Vamos abordar a classificação adotada pelo Código Civil.
1ª Classificação - obrigação natural, Civis e Propter Rem :
Esta 1ª classificação parte do critério da Natureza do Vínculo:
Obrigação Natural :
É aquela em que só existe o debitum, e o credor não dispõe de nenhuma ação para compelir o devedor a lhe pagar, ou seja, o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. 
Na Obrigação Natural há relação jurídica entre as partes, o que não existe é a segunda fase das obrigações, que é a Responsabilidade, a Coercibilidade. Há, portanto, o Shuld mas não há Haftung e o devedor só pagará se sua consciência assim o determinar. 
Então, na obrigação natural não há a responsabilidade e sim apenas o débito. O credor não dispõe de ação para compelir o devedor a pagar. O pagamento fica submetido à consciência do devedor. Se o devedor tiver bons fundamentos morais ele paga. Exemplo: obrigações prescritas e dívidas de jogo toleradas.
Nas obrigações naturais o credor fica inteiramente desamparado. A lei não lhe dá nenhuma proteção? Não é bem assim. A lei não protege o credor até o momento do pagamento, mas a proteção que a lei confere ao credor da obrigação natural se verifica após o pagamento porque feito o pagamento voluntariamente pelo devedor o credor não pode exigir a restituição. Existe proteção legal ao credor na obrigação natural, só que esta proteção é depois do pagamento. 
Obs: Não há que confundir Obrigação Natural com Obrigação Moral, cujo vinculo é apenas ético, não havendo relação jurídica. 
Os caso de Obrigações Naturais no NCC são dois:
Dividas Prescritas (art. 882)
Dividas de Jogo (art. 814)
Em todos eles encontram-se presentes os elementos caracterizadores da referida espécie de obrigação:
Inexigibilidade do cumprimento
Inexistência do dever de prestar e
Inadmissibilidade de repetição em caso de pagamento voluntário. 
Um exemplo de Obrigação Natural está nos casos de Prescrição, que, alcançando a Obrigação, permuta-a em Obrigação Natural, qualquer que tenha sido ela, originariamente. Neste caso, o credor não tem mais ação para compelir ao pagamento, podendo o devedor, se quiser, pagar. 
Um outro exemplo, é Jogo tolerado, que é contrato, é relação tipicamente contratual disciplinado pelo CC, portanto, se 5 amigos jogam pôquer a dinheiro e um ganha e outro perde, o que ganha não tem ação para compelir o devedor a pagar, embora não se trate, na hipótese de jogo proibido como o Jogo do Bicho. Já a Sena e a Loteria têm coercibilidade, pois ao jogos promovidos pelo Estado. 
Só há duas hipótese em que o devedor de jogo pode pedir restituição ou sustar o cheque:
Se não for voluntário o pagamento, ou
Se provar fraude (ex: baralho viciado)
Não é possivel revitalizar Obrigação Natural por Novação, nem se admite possa ser objeto de compensação,que ocorre somente entre dividas vencidas, isto é, exigíveis a simples promessa de cumpri-la. Seu pagamento parcial não autoriza o credor e reclamar o cumprimento do restante. 
Obrigações Civis:
A obrigação civil é aquela que estão presentes o debitum e a obligatio. O credor tem ação contra o devedor, ou seja, é a que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.
 	
C) Obrigações Propter Rem:
É uma espécie de zona híbrida entre o direito real e a obrigação. E uma modalidade curiosa vez que é aquela obrigação que tem subjacente a ela um direito real. E aquela obrigação que nasce da propriedade. 
	
Obrigação propter rem é um direito pessoal que nasce de um direito real. Você só é devedor da obrigação propter rem quando for titular do direito real de propriedade. O exemplo mais lembrado é a cota condominial. A obrigação de contribuir que recai sobre os ombros do condomínio. Uma outra característica das obrigações propter rem é que o primeiro mecanismo de garantia do seu pagamento é a própria coisa sobre a qual se origina. O que garante o pagamento de uma obrigação propter rem é a própria coisa cuja propriedade é a fonte dessa obrigação. Só deve o condomínio quem é co-proprietário da coisa comum ou locatário a quem se atribui à obrigação de pagar o condomínio. 
No momento em que eu alieno a fração ideal eu não sou mais o devedor dessa obrigação que passa a ser assumida pelo comprador. Uma das características da obrigação propter rem é que ela não retroage. Se eu alienei minha fração em abril o adquirente só é devedor do condomínio a partir de maio. As cotas até abril continuam da responsabilidade do alienante, e se o adquirente tiver que pagá-las para conservar a coisa poderá regredir contra o alienante porque na verdade o adquirente pagará estas prestações como terceiro interessado e não como devedor. O devedor era o alienante que era o proprietário na época em que se venceu aquela obrigação. Não se transfere a dívida ao adquirente a não ser que haja acordo entre as partes. 
As obrigações propter rem não retroagem, você não pode considerar devedor de uma obrigação propter rem quem não era o proprietário na época do seu nascimento. 
Um outro exemplo de obrigação propter rem são os direitos de vizinhança. Os direitos de vizinhança tem natureza jurídica de obrigação propter rem porque eles vinculam proprietários ou possuidores de imóveis lindeiros. Exemplo: obrigação de não abrir janela a menos de metro e meio, isto é obrigação propter rem que vincula os dois proprietários vizinhos. 
A natureza jurídica dos direitos de vizinhança é direito obrigacional -obrigação propter rem.
Um problema que tem suscitado grandes discussões está na hipótese em que o condomínio promete vender a unidade a alguém que não registra escritura e não paga as cotas. O condomínio move ação em face daquele em cujo nome o imóvel está registrado.
1ª Corrente – Esta entende que o legitimado ó o proprietário, cujo nome está no registro. 
2ª Corrente - Mais moderna - entende que deve recair sobre o efetivo comprador, o promissário comprador. Para o Professor Sylvio Capanema a primeira corrente tem posição mais técnica, pela dificuldade de se levar a leilão imóvel que continua preso ao nome do vendedor. Além do mais, este colaborou para isto, pois poderia registrar o título, ou compelir o prornissário comprador a fazê-lo.
Perante o condomínio o devedor é o proprietário, pois, segundo a lei, somente a responsabilidade das cotas pode ser repassada ao locatário
Outra questão está no caso em que a unidade é o único imóvel residencial da família. Alega-se que, neste caso, a penhora não poderá recair sobre a unidade, com base no entendimento de que a lei 8009/90 (sobre bem de família) não se refere a condomínio, uma vez que as cotas condominiais não constituem imposto, nem taxa. O Professor Sylvio Capanema, ao contrário, entende que é perfeitamente possível penhorar o apartamento, mesmo sendo o único bem
de família, pois a obrigação é propter rem.
Outro exemplo de obrigação propter rem é o IPTU. Toda obrigação tributária que tem como fonte geradora à propriedade de uma coisa é uma obrigação propter rem. IPVA, IPTU. 
Todos os impostos e taxas que se relacionam com a propriedade são exemplos de obrigação propter rem,, como o IPTU e, também, o ÍPVA.
As obrigações propter rem não retroagern. Se um apartamento é vendido com cotas condominiais atrasadas, o comprador não é devedor desta obrigação, embora o que garanta a obrigação sej.i a propriedade. Então, na prática, o adquirente paga as contas atrasa​das para não perder o imóvel e, posteriormente, como terceiro interessado, regredirá ao vendedor.
Atualmente, a Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em Resolução, determina que as unidades que integram o condomínio só podem ser alienadas com a declaração de quitação das cotas condominiais.
Nada impede, no entanto, que o alienante passe ao adquirente a responsabilidade pelas cotas atrasadas. Então, pode haver assunção da dívida, que tem de ser expressa.
2ª Classificação - Obrigações positivas e Obrigações negativas:
Esta classificação, é a mais importante de todas, pois considera a natureza da prestação. 
Obrigações Negativas: 
É a obrigação cuja prestação consiste em inércia, silêncio, em que o devedor, para pagá-la tem que permanecer silente. É conhecida como Obrigação de Não Fazer. 
Obrigações Positivas:
É a Obrigação cuja prestação é coisa, serviço, dinheiro, em que se exige do devedor, para pagar , uma, ação, movimento. Portanto, são aquelas cujo pagamento exige uma ação, por exemplo, a entrega de uma coisa, a prestação de um serviço. O devedor jamais conseguira cumprir ficando inerte. Já as obrigações negativas o devedor tem que ficar inerte. E uma obrigação de não fazer.
Com a Inércia do devedor não se consegue pagar obrigação positiva. A inércia tem conteúdo econômico. Exemplo: Não construir acima de determinada altura.
As obrigações positivas são subdivididas em:
Obrigações de Coisas, que são aquelas que a prestação é uma coisa, que deve ser entregue pelo devedor ao credor. O que o credor persegue é uma coisa; 
Obrigação de Fato, também conhecidas como obrigação de fazer, são aquelas em que há exigência do cumprimento de um fato, ou seja, consiste em serviço, trabalho, fato, como ministrar aulas, por exemplo. . 
Obrigações Pecuniárias que são aquelas em que a prestação é dinheiro.
As obrigações pecuniárias é uma subespécie autônoma. O regime jurídico das obrigações pecuniárias é diferente do regime jurídico das obrigações de coisas, embora o dinheiro seja coisa.
Vamos a analise de cada uma das Obrigações Positivas:
1) Obrigação de Coisa :
Já as obrigações de coisas se dividem em:
Obrigações de Dar;
Obrigações de Restituir.
Em ambos os casos a prestação é representada por uma coisa.
Nas Obrigações de Dar a coisa não era antes do credor. Esta sendo entregue ao credor pela 1ª vez, exatamente para transferir ao comprador a propriedade.
Já nas Obrigações de Restituir a coisa já era do credor, e a obrigação recai sobre os ombros do possuidor direito desta coisa. Exemplo, o locatário, depositário, credor pignoratício.
Todo possuidor indireto assume com o possuidor indireto a obrigação de restituir.
As obrigações de dar se subdividem em dar coisa certa e dar coisa incerta.
Na obrigação de dar coisa certa há regras especificas. A coisa já é determinada no momento do nascimento da obrigação. 
Já na obrigação de dar coisa incerta no momento em que nasce a coisa é individualizada apenas pelo gênero ou quantidade. Exemplo: “X” comprou 20 cabeças de gado- é uma obrigação de dar coisa incerta. O gênero nunca perece. Ver a proposta de alteração do projeto 6960 quanto ao artigo 246.
Já a obrigação de restituir não tem esta subdivisão, a obrigação de restituiré sempre de dar coisa certa.
Obrigação de Fazer, se dividem em:
Fungível- é aquela em que a prestação pode ser oferecida por outrem.
Infugível- é aquela em que só o devedor pode exonerar-se. Exemplo: show de artista consagrado.
Já as obrigações pecuniárias se dividem em: 
dívidas de dinheiro e 
dívidas de valor.
As primeiras são aquelas em que o dinheiro é o próprio objeto. A obrigação já nasceu em torno do dinheiro. Já nas segundas o dinheiro é a medida da prestação.
Toda obrigação alimentar é divida de valor. Outro exemplo de divida de valor é a obrigação de indenizar o dano.
As obrigações negativas não têm subdivisão.
Vamos as Obrigações: 
OBRIGAÇÕES DE DAR
Estas obrigações tem, sempre, por objeto da prestação, uma coisa, que deverá ser entregue ao credor pelo devedor, para se transferir a posse e a propriedade da coisa. Assim, por exemplo na compra c venda, quando se transfere o domínio, ou na locação, quando se transfere a posse da coisa.
Obrigações de dar importam em seu cumprimento na transferência do domínio ou posse das coisas – exemplo: quando um devedor aliena a coisa a um comprador é através da obrigação de dar, que nasce para o vendedor e se transferirá a posse ou a transferência do domínio. De todo, o contrato que resulte de transferência de domínio ou posse das coisas, emerge de uma obrigação de dar. Numa compra e venda, por exemplo, o devedor dessa obrigação é o vendedor e o credor é o comprador. Nessas obrigações de dar, também se verificam que as coisas não pertenciam ao credor, ou seja, é através dela que se transferirá a posse ou o domínio pela primeira vez. 
Distinção entre obrigações de dar e obrigações de restituir:
	Obrigações de dar
	Obrigações de restituir
	A coisa esta sendo entregue pela primeira ao credor.
	A coisa já pertencia antes ao credor e a sua posse havia sido transferida provisoriamente ao devedor que se obriga a restituir essa coisa. Exemplo: o locatário, o comodatário, o depositário, ou seja, todos aqueles que recebem a posse direta da coisa.
Nas obrigações de dar, a coisa está sendo entregue pela primei​ra vez e é isto que as distingue da obrigação de restituir, em que a coisa já era antes do credor e lhe está lhe sendo devolvida.
Tratando-se de coisa móvel, enquanto não houver a tradição da coisa, não se transfere a propriedade.
Quando se vende um automóvel, enquanto este não é entregue o adquirente não é proprietário, mesmo que tenha efetuado o pagamento, pois só com a efetiva entrega da coisa há transferência do domínio.
A obrigação de dar divide-se em:
Obrigação de dar coisa certa, em que o objeto, a coisa, já está determinada desde o momento do nascimento da obrigação;
Obrigação de dar coisa incerta em que, no momento em que a obrigação nasce, a coisa só está indicada pelo gênero e pela quantidade.
Distinção:
	Obrigações de dar coisa certa
	Obrigações de dar coisa incerta
	O objeto já é indicado no momento da celebração do negócio, o credor já tem a certeza daquilo que lhe será entregue.
	A prestação é apenas indicada pelo seu gênero e quantidade no momento do nascimento do vínculo.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
1. Conteúdo e Extensão:
A regra principal é de que o credor não pode ser compelido a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa. O legislador, ad cautelam, ainda fez questão de ressalvar a questão de ser a outra coisa mais valiosa.
Embora o Código não diga, é evidente, e a doutrina se encarrega de consagrar, que a recíproca é verdadeira: o devedor não pode ser compelido a entregar coisa distinta, ainda que menos valiosa. Há que se respeitar à indicação da coisa, a menos que as partes transacionem para que haja mudança.
Aqui, obriga-se o devedor a dar a coisa individualizada, que se distingue por características próprias, móvel ou imóvel. Por essa razão, o credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa. 
O devedor não pode, assim, modificar unilateralmente o objeto da prestação (CC, art. 313). A recíproca também é verdadeira: o credor não pode exigir coisa diferente, ainda que menos valiosa. Entretanto, pode haver concordância do credor em receber uma coisa por outra. A dação em pagamento (entrega de um objeto em pagamento de dívida em dinheiro), por exemplo, depende do expresso consentimento do credor (CC, art. 356). O referido art. 313 afasta a possibilidade de compensação nos casos de comodato e depósito (CC, art. 373,11), porque o credor tem direito à restituição da própria coisa emprestada ou depositada, bem como impede que o devedor se desobrigue por partes, se assim não convencionado.
No tocante a seu conteúdo, a obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal, e não real. Aperfeiçoado o contrato de compra e venda, por exemplo, o vendedor não transfere desde logo o domínio: obriga-se apenas a transmiti-lo (CC, art. 481). Não cumprida a obrigação, não pode o adquirente reivindicar a coisa, por não ter-lhe o domínio. Terá de contentar-se com a ação de perdas e danos e com a resolução da avença (CC, arts. 389 e 475).
Quanto à extensão da obrigação, prescreve o art. 233 do Código Civil que "a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso". É uma decorrência da regra geral de que o acessório segue o principal. Nada obsta a que se convencione o contrário. No silêncio do contrato quanto a esse aspecto, a venda de um terreno com árvores frutíferas inclui os frutos pendentes: a alienação de um imóvel inclui, como acessório, o ônus dos impostos; a de um veículo abrange os acessórios colocados pelo vendedor etc. Pode o contrário resultar não só de convenção como de circunstâncias do caso. Por exemplo: embora o alienante responda pelos vícios redibitórios, certas circunstancias podem excluir tal responsabilidade, como o conhecimento do vicio por parte do adquirente.
2. Características:
Obrigações de dar coisa certa – a regra de ouro é de que o credor não pode ser compelido a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa. Essa ressalva é muito importante, é irrelevante que o devedor tenha oferecido coisa mais valiosa que aquela que era objeto da obrigação. Ainda assim, o credor tem todo o direito de rejeitar essa coisa. Da mesma forma, a contrario sensu, o devedor não pode ser compelido pelo credor a entregar coisa diversa do objeto, ainda que menos valiosa. O que se quer é que se entregue ao credor aquela coisa determinada, no momento do nascimento do vínculo.
Atenção: Os dois pontos importantes que, certamente seriam objetos de perguntas em prova, dizem respeito à teoria do risco e da responsabilidade, diante do perecimento da coisa antes da entrega.
Em se tratando de coisas móveis, a propriedade só se transferirá ao adquirente (credor) com a entrega, ou seja, com a tradição, isso significa dizer que, enquanto não se opera a tradição, o alienante continua sendo o proprietário da coisa, mesmo que já tivesse recebido a integralidade do preço e, se a coisa móvel ainda não foi entregue ao comprador, a propriedade ainda continuará em mãos do devedor.
Teoria do Risco – (conceito) significa saber quem suportará o prejuízo, caso a coisa venha a se perder ou deteriorar antes da tradição, ou seja, o prejuízo recairá para o credor ou para o devedor. Aplica-se a teoria do risco, quando o perecimento da coisa é inimputável ao devedor, ou seja, sem culpa do devedor, como no caso fortuito.
Exemplo: José vende um cavalo a João e antes da entrega, o cavalo é fulminado pelo raio. Assim, quem suportará o prejuízo? A resposta é que será o devedor, porque, a propriedade não se transferiu por força da tradição. Os romanos diziam que a coisa perece para o dono (res periti dominus), ainda que, não tenha havido culpa do proprietário.
3. Obrigação de Entregar e de Restituir (Tradição): 
Cumpre-se a obrigação de darcoisa certa mediante entrega (como na compra e venda) ou restituição (como no comodato, p. ex.)- Esses dois atos podem ser resumidos numa palavra: tradição. Como no direito brasileiro o contraio, por si só, não transfere o domínio, mas apenas gera a obrigação de entregar a coisa alienada, enquanto não ocorrer a tradição a coisa continuará pertencendo ao devedor, "com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação" (CC, art. 237).
Assim, por exemplo, se o objeto da obrigação for um animal, e este der cria, o devedor não poderá ser constrangido a entregá-la. Pelo acréscimo, tem o direito de exigir aumento do preço, se o animal não foi adquirido juntamente com a futura cria. Também os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes (art. 237, parágrafo único).
4. Perda ou Deterioração da Coisa: 
Quem corre o risco econômico da perda ou da deterioração da coisa antes da tradição, da entrega da coisa? Há duas regras para o risco da obrigação de dar:
1ª Regra – Art. 234 do NCC:
Se a coisa vier a perecer (perda total) antes da tradição, sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, ou seja, desfaz-se o vínculo, retornando as partes a situação anterior. Se o preço já tiver sido pago, o devedor terá que devolver e, caso o preço não tenha sido pago, não mais será devido. Conseqüência, quem suportará o prejuízo será o devedor, que deixou de vender a coisa e, caso tenha recebido o preço, terá que devolver, além de ter perdido a aquele bem em conseqüência do caso fortuito. Quanto ao credor, via de regra, não perdeu, no máximo, deixou de ganhar com a coisa que havia pretendido comprar, ou seja, deixou de receber a coisa, mas não precisará pagar por ela. O minus patrimonial, ou seja, o prejuízo caberá ao devedor, por ser ele ainda o proprietário da coisa. Logicamente, se a coisa perecer após a tradição, quem suportará o risco será o credor, uma vez que, já ocorreu a tradição e, por via de regra, a coisa já se incorporou ao seu patrimônio.
Mas, nem sempre a coisa se perde, vezes há cm que ela se deteriora, como no caso de alguém que compra um cavalo e, antes de sua entrega, ele cai num buraco e fica manco. O credor, então, poderá optar por duas soluções:
ele devolve a coisa, enjeita a coisa, resolvendo-se a obrigação, inclusive com a devolução do preço, se houver sido pago. Isto é possível pois o credor não pode ser compelido a receber coisa diversa (o cavalo manco). Como não houve culpa do devedor, a obrigação se resolverá com a devolução do preço.
poderá o credor receber a coisa deteriorada desde que haja redução proporcional do preço .
Sobre quem repousa o risco do prejuízo da perda da coisa antes da entrega ? Sobre o devedor, que não pagará perdas e danos, mas não receberá o preço. O credor, na verdade, não perdeu nada pois, se não recebeu a coisa (o cavalo, no exemplo), não paga o preço.
A razão essencial, a ratio essendi é que o devedor ainda é o proprietário da coisa, antes da tradição. Os romanos já ensinavam que a coisa perece para o dono. Por esta razão, não é comportamento inteligente o devedor demorar na entrega da coisa ao credor, sem uma razão muito forte. Quanto mais se retarda a entrega da coisa, maior o risco.
2ª Regra – art. 234 do NCC:
Se a coisa vier a se deteriorar antes da tradição, sem culpa do devedor. No exemplo acima, se o raio não matasse o cavalo e ao cair próximo, assustou o animal que numa fuga, veio a tropeçar e machucar-se, conseqüentemente, ficou manco e, se tratasse de um cavalo de corrida. Como se resolverá tal obrigação? Nesse caso, havendo deterioração da coisa antes da tradição, o credor terá uma dupla opção: 
Ele poderá resolver a obrigação, enjeitando a coisa defeituosa, ou seja, não pode ser compelido a receber uma coisa defeituosa (diversa), 
Poderá romper o vínculo sem receber perdas e danos. 
Também é possível ao credor, preferir receber a coisa, mesmo defeituosa, mas com um abatimento no preço.
Por que deve devolver o equivalente em dinheiro e não o que pagou? Porque pode ocorrer que a coisa, ao invés de se perder, ou de se deteriorar, valorize-se, cresça, ou aumente de valor. Por exemplo, antes de se entregar a vaca vendida, verifica-se que ela está prenhe. Ou, ainda, vende-se a casa mas antes da entrega foi-se obrigado a mudar a fiação elétrica, para que não pegasse fogo.
A dedução da teoria do risco é que, quem suportará o risco da coisa é o devedor.Assim, é importante a ele, numa obrigação de dar evitar ao máximo o retardamento na entrega da coisa, conseqüentemente, evitará o risco que cairá sobre seus ombros.
Importante – a principal razão da teoria do risco (que está na perda da prestação, sem culpa do devedor) é saber quem irá suportar o prejuízo quando a coisa se perde sem culpa, como por exemplo, no caso fortuito.
Teoria da responsabilidade está relacionada a saber quem responderá por perdas e danos, caso a coisa se perca por culpa do devedor. Nesse caso, é obvio, se a coisa se perder por culpa do devedor, o credor terá o direito ao equivalente ao dinheiro, o que representa a mera substituição da coisa que se perdeu e mais as perdas e danos. Essa substituição por dinheiro pode não ser suficiente para satisfazer o credor. Exemplo: O credor compra um cavalo de corrida e, por culpa do devedor o animal vem a morrer por falta de alimentação. Além de receber o equivalente ao que pagou pelo animal, poderá ainda ser ressarcido pelos lucros cessantes, o que deixou de ganhar por não poder inscrever esse cavalo numa corrida, assim como o que já gastou com o jóquei ou com o aluguel de uma baia, desde que comprovada. O equivalente em dinheiro, via de regra, dispensa prova, salvo, se houver um pedido acima do valor real da coisa perdida.
Se a coisa se deteriorar antes da entrega, mas por culpa do devedor. O credor poderá enjeitar a coisa, reclamando-a ao equivalente e pleiteando perdas e danos ou também poderá ficar com a coisa pleiteando a redução do preço, além das perdas e danos. Nesse caso, o devedor é responsável pela coisa tratando-se de culpa sua.
A coisa também pode acrescer, ou seja, tornar-se mais valiosa. Exemplo: João vende a José uma vaca e, antes da entrega, descobre-se que ela estava prenha.
Nesse caso, há quem pertencem os cômodos da coisa (que são exatamente as valorizações, os acréscimos, antes da entrega – art. 237 do NCC). Obviamente ao devedor, pois, caso a coisa se deteriore sem sua culpa, ele suportará o prejuízo e, por uma regra de equidade, ele que ainda é o proprietário antes da entrega, a ele é cabível a valorização.
O devedor, diante desse acréscimo, poderá pedir ao credor a diferença por tal acréscimo, independentemente de ter assinado o contrato, ter recebido o preço e ter dado quitação. Não ofende o ato jurídico perfeito pelo simples motivo de que ainda não houve a tradição e, por isso, ainda não houve a transferência da propriedade. Contudo, ao credor, pode não ser interessante receber a coisa com essa valorização, desta forma, ele não está obrigado a receber a coisa.
O legislador deu uma solução hábil, inteligente e acima de tudo justa. Assim, caso a coisa se valorize antes da tradição o devedor poderá pedir um acréscimo do preço e, caso o credor não queira a coisa com esse acréscimo, resolve-se àquela obrigação, devolvendo o devedor ao credor o que havia recebido e se desfaz o vínculo, permitindo ao devedor vender a coisa a outrem pelo preço com aquela valorização. O credor não é obrigado a complementar o preço.
O devedor ao pedir o acréscimo do preço pela valorização da coisa, antes da tradição estará exercendo um ato lícito e, portanto, não há que se falar em direito de perdas e danos para o credor que agora se vê compelido, caso queira aquela coisa, a pagar esse acréscimo.
A doutrina usa uma frase em que nas obrigações de dar o devedor suporta o risco da perda da coisa e o credor o risco do preço (o devedor suportao risco da perda, porque se a coisa se deteriora sem culpa, antes da entrega, ele ficará sem a coisa e também sem o preço – o risco da perda da coisa sem culpa é suportado pelo devedor).
Agora o credor também suporta o risco do preço da coisa, ou seja, se a coisa se valorizar antes da entrega, ele terá que complementar o preço, pois do contrário não a receberá, perdendo a coisa.
A lógica para isso é que numa obrigação de dar coisa certa, o devedor terá a maior pressa em entregar a coisa ao credor para não correr o risco de que venha a deteriorar-se em seu poder e ficar no prejuízo e, por conseguinte, o credor também terá o maior interesse em receber logo a coisa, pois ela poderá sofrer uma valorização e, com isso, ele terá que acrescer ao preço para poder ficar com a coisa. (objetiva-se assim um exaurimento rápido das obrigações).
A obrigação de dar, quanto mais rápida morrer melhor e, nesse caso, ela morrerá havendo a satisfação da obrigação com a entrega da coisa.
A teoria do professor é a seguinte: “felicidade é a ignorância da realidade”, ou seja, enquanto o devedor não souber dos riscos que passa ao retardar a entrega da coisa certa, acreditando que, quanto mais tempo ficar com a coisa será melhor, conforme visto, os risco para essa suposta “esperteza” serão maiores, principalmente se já tiver recebido o preço.
Obrigação de Restituir – é sempre de coisa certa. Quando a coisa é entregue ao devedor ela já está individualizada.
A única diferença está relacionada aos cômodos da coisa, ou seja, na obrigação de dar os cômodos pertencem ao devedor, mesmo decorrente do caso fortuito, ainda que não tenham sido produzidos pelo trabalho e investimento do devedor (exemplo: eu vendi o terreno e antes de entregar, descobri que havia ouro no subsolo). Na obrigação de dar é irrelevante que os cômodos da coisa decorram do trabalho do devedor.
Na obrigação de restituir, pelo contrário, ao devedor da obrigação (comodatário, locatário) só terá direito ao cômodo da coisa, ou seja, a valorização, se tiver contribuído com o seu trabalho.
Exemplo: o locatário de uma fazenda (obrigação de restituir a coisa), no curso da locação, ocorre uma avulsão (que é o fenômeno do arrancamento de um pedaço de terra por uma corrente de água que irá juntar-se a propriedade – é modo de aquisição da propriedade, diferente da aluvião que é o acréscimo, mas de maneira lenta que as vezes leva décadas).
Essa terra acresceu a fazenda e o locatário, não pode exigir do locador uma indenização em decorrência desse acréscimo, pois se trata de um fenômeno natural, sem qualquer participação do devedor.
Se houver o arrendamento de uns animais e antes de entregar a coisa, percebe-se que houve alguns acréscimos, ou seja, uma possível prenhez e, nesse caso, o arrendatário terá direito a esse acréscimo (possível cria). Note que, esse “trabalho ou investimento” não se refere exclusivamente a um trabalho braçal, por exemplo. Neste caso específico, o trabalho do arrendatário seria o cuidado com o animal, alimentação e, por conseqüência, caso a mesma tenha cruzado, a ele caberá uma parcela pela cria, visto que, se não fosse o seu cuidado, certamente aquele animal não poderia sequer encontrar-se no estado de prenhez.
Se eu alugo uma casa e um raio vem a cair em cima desse imóvel e pega fogo, o locador (credor) não poderá pedir perdas e danos. Diferente daquela situação em que o locatário (devedor), vem a esquecer o ferro de passar roupa ligado e, conseqüentemente, a casa pega fogo, nesse caso, sem dúvida caberá indenização.
Assim as regras entre as obrigações de dar e de restituir são idênticas, o que difere são os cômodos (valorizações, acréscimos). Na obrigação de dar é irrelevante que o devedor tenha contribuído para esses cômodos, porém na obrigação de restituir é fundamental que o devedor tenha contribuído com o trabalho ou investimento na valorização.
Portanto, em caso de perecimento (perda total) da coisa antes da tradição, é preciso, primeiramente, verificar se o fato decorreu de culpa ou não do devedor. Não tendo havido culpa deste, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes, que voltam à primitiva situação, tanto na obrigação de entregar como na de resumir (CC, arts. 234, 1a parte, e 238). Assim, se o vendedor já recebeu o preço da coisa, que veio a perecer sem culpa sua (em razão do fortuito ou da força maior, p. ex.), deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude da resolução do contrato, não estando obrigado a pagar perdas e danos. Se o perecimento ocorreu pendente condição suspensiva, não se terá adquirido o direito a que o ato visa (CC, art. 125), e o devedor suportará o risco da coisa.
Quem sofre o prejuízo, na obrigação de entregar, é o próprio alienante, pois continua sendo o proprietário, até a tradição. Segundo o princípio que vem do direito romano, a coisa perece para o dono (rés perit domino). Na obrigação de restituir coisa certa ao credor, porém, prejudicado será este, na condição de dono (rés perit domino). Assim, se o animal objeto de comodato não puder ser restituído, por ter perecido devido a um raio, resolve-se a obrigação do comodatário, que não responderá por perdas e danos (exceto se estiver em mora, cf. art. 399), suportando a perda o comodante, "ressalvados os seus direitos até o dia da perda" (art. 238).
A culpa acarreta a responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. Neste caso, havendo perecimento do objeto, tem o credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e danos comprovadas, tanto na obrigação de entregar (art. 234, 2a parte) como na de restituir (art. 239).
Em caso de deterioração (perda parcial), também importa saber, preliminarmente, se houve culpa ou não do devedor. Sem culpa, na obrigação de entregar, poderá o credor resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o bem danificado, voltando as partes, neste caso, ao estado anterior; ou aceitá-lo no estado em que se acha, com abatimento do preço, proporcional à perda (CC, art. 235). Na obrigação de restituir, recebe-o no estado em que estiver, sem direito a qualquer indenização (art. 240). Havendo culpa pela deterioração, na obrigação de entregar, as alternativas deixadas ao credor são as mesmas do art. 235 (resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento), mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos (art. 236). Na obrigação de restituir, o credor também poderá exigir o equivalente em dinheiro, mais perdas e danos (art. 240, 2ª parte).
Observa-se assim que, no geral, sem culpa, resolve-se a obrigação, sendo as partes repostas ao estado anterior, sem perdas e danos. Havendo culpa, estas são devidas, respondendo o culpado, ainda, pelo equivalente em dinheiro da coisa.
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISAS INCERTAS
Também chamadas obrigações de gênero (ao nascer a obrigação, o credor ainda não a conhece, salvo pelo gênero e quantidade). É aquela em que, no momento do surgimento, só se trata do gênero e da espécie. Há uma incerteza que será determinada pelo gênero e pela quantidade, (art. 243 do NCC) Por exemplo: Se quero comprar 20 cabeças de gado, não há como saber quais serão elas dentre as 1000 cabeças que o vendedor possui. Daí serem conhecidas como obrigações de gênero. É extremamente importante identificar o tipo de obrigação, num problema sobre relação obrigacional.
Note que a coisa incerta não é coisa indeterminada (que inclusive, no novo código, diz ser nulo o negócio jurídico quando o objeto for indeterminado, ou seja, “eu vou comprar uma determinada coisa, mas, na verdade, nem sei ao certo o que é”). Trata-se de um nada jurídico. Diferente das coisas incertas (vinte cabeça de gado bovino). Sabe-se a quantidade e o gênero, no caso, gado bovino. É por isso que elas são chamadas de obrigação de gênero, ou seja, o credor sabe o gênero que receberá.
Essa indefinição da coisa não pode perdurar para sempre. Ela subsistirá atéo momento em que houver a concentração do débito (é o ato pelo qual se separam as coisas, se apartam as coisas, se pesam as coisas que, por enquanto, ainda não foram entregues ao credor). A concentração do débito tem uma conseqüência fundamental, ou seja, transforma a coisa incerta em coisa certa e, a partir daí, aplicam-se todas as regras já vistas.
Um outro exemplo claro está na dona de casa que vai à feira e pede 1 kg de tomates. Isto é indeterminado até o momento em que as coisas são separadas, ou pesadas, ou apartadas, ou medidas, pois antes a coisa (tomate) é gênero e espécie.
O gesto de escolher a coisa chama-se de concentrar o débito (no exemplo, o ato de o feirante escolher os tomates).
A obrigação só será de dar coisa incerta até o momento da concentração. A partir deste momento, a obrigação que, até então era do gênero (dar coisa incerta) passa a obrigação de dar coisa certa, seguindo o regime jurídico deste tipo de obrigação.
A quem caberá a concentração da coisa? A faculdade de concentrar o débito, em princípio é do devedor (o fazendeiro que irá separar os bois). Qual a razão para isso? É para facilitar no pagamento, ou seja, se alguém tiver que escolher as coisas que seja o devedor para lhe ser menos onerosa. Contudo, não é uma regra cogente, ou seja, as partes podem livremente acordar acerca da concentração.
Não pode o devedor ser compelido a entregar as piores coisas, mas também não está obrigado a entregar as melhores. O que o legislador quer é um equilíbrio, ou seja, uma base, um ponto de equilíbrio (art.244 CC/2002).
Portanto, a concentração do débito, nas obrigações de dar coisa incerta, é do devedor da obrigação (ao feirante, no caso dos tomates). Isto porque se objetiva facilitar o pagamento, por ficar menos oneroso para o devedor.
Esta regra de facilitar o pagamento é dispositiva: pode ser alterada por acordo das partes. Esta alteração é a chamada inversão da faculdade de concentrar o débito (quando o feirante deixa que o freguês escolha o tomate).
Mas, para evitar que o devedor só escolha as piores coisas, ou inversamente, o credor escolha as melhores coisas, o legislador definiu no artigo 244 do novo Código: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor."
Urna das razões de os supermercados terem liquidado o comércio de bairro é esta, pois introduziu no Brasil o sistema do self service, que se baseia na inversão destas regras, permitindo ao comprador escolher as melhores coisas. No supermercado não se invoca a regra do artigo 244 do novo
Havendo deterioração da coisa, sem culpa do devedor, antes da concentração, como se resolverá essa obrigação? Digamos que um credor chega a um fazendeiro e acertam a compra de 60 sacas de café e acertam que no dia seguinte, o credor levará o produto. Porém, durante a noite, houve um incêndio no galpão proveniente de um raio (caso fortuito). No dia seguinte, o credor vem apanhar o produto e, mesmo sendo caso fortuito, antes da concentração, a obrigação não se perderá para o devedor, ele não se exonera, porque o gênero nunca perece. Assim, aquele produtor que, por ironia do destino, teve um raio que incendiou todo o seu galpão, mesmo assim, ficará obrigado a entregar ao credor aquele produto.(pois não havia ainda feito a concentração – separação).
	
Desta forma, deduz-se que nas obrigações de dar coisa incerta, o grande interesse do devedor será separar o produto, ou seja, (concentrá-lo). Assim, se houvesse a concentração, ou seja, a separação das 60 sacas e se houvesse um incêndio nesse galpão, nesse caso em especial, aplicaria a regra do caso fortuito para as obrigações de dar coisa certa e, com isso, a obrigação se resolveria. 
O fundamental nesse tipo de obrigação é que o gênero nunca perece.
O que é a limitação do universo do gênero? Ou seja, os devedores na obrigação de dar coisa incerta, percebendo o risco, enquanto não houver feito a concentração, através dos advogados, criaram essa espécie de limitação. Desta forma, enquanto não acabar o café no mundo, tal obrigação persistirá.
Por isso é que se criaram as regras da limitação do universo do gênero. Exemplo: compro do fazendeiro José as 60 sacas de café que estavam no galpão número três da fazenda. Assim, se houver um incêndio nesse galpão, a obrigação estará resolvida para o devedor, essa é a grande sutileza da coisa. (visto que não se refere a todo o café existente no mundo e sim aquele café especificado que se encontra num determinado local). Perdeu-se, com isso, o gênero ilimitado da coisa. Essa limitação não pode ser feita de tal maneira que possa vir a converter aquela obrigação em alternativa.
Uma vez escolhida a qualidade, uma vez concentrada a qualidade, a obrigação deixa de ser de dar coisa incerta e passa a ser obrigação de dar coisa certa. Então, a diferença entre coisa incerta e a certa reside na escolha da qualidade. Enquanto não for feita esta escolha a coisa é incerta. Uma vez concentrado o débito, uma vez escolhida a qualidade, a obrigação passa a ser de dar coisa certa. Por isso que a obrigação de dar coisa incerta também é denominada como Obrigação de Gênero. Já caiu em PROVA obrigação genérica, é a mesma coisa – obrigação de gênero, obrigação genérica e obrigação de dar coisa incerta. CUIDADO, porque uma simples palavra pode lesar o candidato. Ainda mais essas provas objetivas da área federal, que são provas terríveis – verdadeiro e falso, nem sempre muito bem elaboradas.
Agora, por quê elas são chamadas de Obrigação Genéricas? Obrigações de Gênero? Não porque, por exemplo, obrigação de quantidade, já que a quantidade já está determinada. A razão é a seguinte: é que O Gênero Não Perece Jamais. Esta é uma regra importante. Você pode afirmar que o gênero é algo imperecível. Por exemplo, digamos que eu celebrei um contrato de compra e venda de um cavalo, ficando a critério do devedor escolher um cavalo. É um cavalo. Então, você já tem um gênero, que é cavalo – masculino – não é a égua e você tem a quantidade, um cavalo. Agora, falta a escolher a qualidade: qual cavalo vou entregar? Pode ser um potro, pode ser um cavalo já mais velho, pode ser um cavalo reprodutor, pode ser um cavalo de competição, um cavalo castrado e assim por diante. Então, a qualidade ainda não foi objeto de deliberação. Pode ser um cavalo manga-larga, pode ser um cavalo quarto de milha e assim por diante, pode ser um árabe. Então, falta escolher a qualidade. Então, se eu celebrei um contrato que eu tenho que entregar um cavalo, se eu não fizer ainda a escolha qualidade – o cavalo x, o cavalo y – mesmo se os cavalos vierem a falecer, o seu criador, eu ainda estou obrigado a entregar o cavalo. Eu no caso vou ter que comprar um cavalo para entregar ao credor, porque o cavalo, por se tratar de gênero, não perece jamais.
Regras:
1ª Regra – O gênero é imperecível:
Esta é uma regra que vem do direito romano: obrigação genérica não perece jamais. A moral da história é que cabe ao devedor escolher a qualidade o quanto antes possível. Neste exemplo, em que eu sou criador de cavalo, recebi dez mil reais para entregar um cavalo, falta apenas escolher a qualidade, fica a critério do devedor escolher, dentre os seus cavalos, o que ele vai entregar por dez mil reais. Segundo a doutrina, se todos os cavalos vierem a falecer, eu ainda estou obrigado a entregar o cavalo. Vejam só, que a obrigação não é alternativa. Eu não estou obrigado a entregar o cavalo a, b ou c, eu estou obrigado a entregar um cavalo, eu tenho mais de 100. pode ser qualquer um deles. Pode ser até um outro cavalo, e não um desses cem. Então, segundo a doutrina se todos os cem cavalos vierem a falecer, eu ainda estou obrigado a entregar o cavalo, porque cavalo não perece. Eu posso comprar um no mercado.
MAS, ARNALDO RIZZARDO, numa doutrina inovadora, apresenta outra posição. Ele fala que nessahipótese, quando todos os cavalos vierem a falecer, seria muito oneroso exigir que o devedor viesse a adquirir cavalo no mercado para entregar ao credor. Uma coisa é um, dois, três cavalos falecer, outra coisa é todos os cavalos do devedor falecerem ao mesmo tempo. Então, havendo perda total de todos os objetos a disposição do devedor, ele poderia alegar a Resolução do Contrato. Mas isso é base doutrinária, é doutrina moderna. Se na PROVA cair, nessa mesma hipótese, de obrigação de dar coisa incerta, se não houve ainda a escolha, afirmem o seguinte: que o devedor está obrigado a entregar o objeto, porque a qualidade não foi, ainda, determinada. E aquela história, se a obrigação for ainda, de mero gênero, esse gênero não perece jamais. A qualidade perece, o gênero não. Isto está no art.246 NCC, que literalmente reproduz o art.877 CC/16. Vejam só a redação: “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.”. Por quê? Porque o gênero não perece jamais. Vejam só que fala em ‘antes da escolha’, escolha do quê? Da qualidade. Então, antes da concentração da qualidade, a obrigação de gênero, ela é imperecível. Apesar de existir esta posição nova, do ARNALDO RIZZARDO, sustentando que se todos os objetos do devedor vierem a se perder, ele não está obrigado a entregar o objeto do contrato, mas está obrigado a devolver o preço que recebeu, e isto é certo. Digamos seja mais vantajoso para ele devolver os Dez mil reais, do que comprar um cavalo no mercado, onde ele vai ter que pagar Doze mil reais. Então, além de perder todos os cavalos, além de só ficar com dez mil reais, vai ter que comprar um cavalo que vale doze mil reais. Então, para ele será mais fácil restituir a quantia que recebeu. Mas eu repito, este argumento é doutrinário. 
Obs: Cuidado, porque nem todo mundo lê ARNALDO RIZZARDO. Ainda mais em prova, não sei se a banca está atualizada. 
2ª Regra – Concentração do Débito pertence ao Devedor:
Então, no silêncio do contrato, a concentração do débito pertence ao devedor. Isto está no art.244 NCC. Agora, esta regra em que a escolha pertence ao devedor é uma regra relativa, i.e., o art.244ncc apresenta uma Norma Dispositiva i.e., é aquela que admite deliberação pelas partes. É que admite modificação pelas partes, as partes podem modificar esta regra. 
Então, no art.244 NCC façam, aí, duas remissões: a primeira remissão ao art.252; e a segunda remissão ao art.327. Estes três artigos são exemplos do Princípio da Facilitação do Pagamento. A escolha pertence ao devedor, lugar do pagamento é o domicílio do devedor, então, são artigos baseados em tal princípio, onde você tenta, ao máximo possível, facilitar o adimplemento contratual. Você tenta ao máximo possível tornar o contrato o mais fácil possível. O argumento não é só favorecer o devedor, o argumento principal, a ratio legis é alcançar de forma mais imediata, o adimplemento contratual, para evitar um conflito. Então, a segunda regra é esta: a escolha pertence ao devedor. Agora, é uma regra relativa, admite deliberação em sentido contrário.
3ª Regra – Uma vez operada a concentração da qualidade, a obrigação passa a ser de dar coisa certa:
De certa forma, houve uma novidade, vejam só: comparem o art.245 do NCC com 876 CC/16. Vejam só, uma vez feita a escolha, a obrigação passa a ser de dar coisa certa. Existia uma controvérsia, sobre qual seria o momento adequado da escolha, quando que a escolha, juridicamente, estaria concretizada: Se seria à partir do momento em que você avisasse à outra parte que você escolheu o objeto tal ou se seria à partir do momento que faticamente você fizesse a escolha? Por exemplo, digamos que eu tenha que escolher um dos cavalos, tenho que entregar um cavalo e escolhi um cavalo. Este cavalo eu coloquei no estábulo, isolado, para ele ter uma ração de melhor qualidade, para agüentar a viagem, para ter um tratamento especial. Então, isolei o cavalo, e fiz a escolha, só que eu não teria, ainda, cientificado a outra parte. Aí caiu um raio e aquele cavalo, que es tava naquele estábulo, veio a morrer incendiado, em função do raio, que pôs fogo em todo celeiro. Então, todo o estábulo pegou fogo e o cavalo que estava ali isolado, veio a falecer. Eu posso alegar que já tinha realizado a escolha daquele cavalo e veio a falecer naturalmente, eu posso alegar resolução do contrato? Digamos que o cavalo que eu escolhi é um cavalo normal, que vale dez mil reais e os demais cavalos que eu tenho são cavalos de quinze mil reais. Então, só tem duas qualidades: cavalo de quinze mil reais e cavalo de dez mil reais. Eu escolhi o cavalo de dez mil reais. Lá está o cavalo e ele vem a falecer. O credor ainda não sabia, que o cavalo, objeto da escolha, foi aquele de dez mil reais. O cavalo faleceu. Então, a posição que prevalecia e prevalece no novo código, que acaba com essa dúvida, é a seguinte: não basta a escolha fática, imprescindível é cientificar a outra parte a respeito da escolha. Então, vejam o art. 245 NCC: “ Cientificado da escolha o credor vigorará o disposto na Seção antecedente.”. Então, a concentração do débito é à partir da cientificação do credor. Então, se o credor já tiver ciência que o cavalo é o x, é à partir desse momento que opera-se a concentração do débito.
Como era o tratamento dado pelo código antigo? No código antigo é o art.876. Olha só a redação dada pelo código antigo: “Feita a escolha, vigorará o disposto na seção anterior.”. O novo Código: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na seção antecedente.”. Então, o antigo código era omisso, pois não falava quando que a escolha estaria aperfeiçoada. O novo código acaba com esta dúvida: quando vai ser feita a escolha? Quando ela for levada ao conhecimento da outra parte. Naquele exemplo do cavalo, eu faticamente fiz a escolha, mas não levei ao conhecimento da outra parte. O cavalo vem a morrer. Então, havia dúvida se realmente a escolha daquele cavalo. Não valeu, o credor não sabe! Então, a escolha, tecnicamente, vai se aperfeiçoar no momento em que for cientificada a outra parte. 
Olha só, este art. 245, na verdade, ele até que ele apresenta uma falha na redação, porque nem sempre a escolha vai ser feita pelo devedor. Então, dá a entender que quem faz a escolha é o devedor, então, ‘cientificado da escolha, o credor’, ou seja, quando o devedor avisar que escolheu o cavalo tal, o credor já esta cientificado. Agora, pode acontecer o contrário: pode ser que a escolha recaia em proveito do credor. Então, seria o inverso, ‘cientificado o devedor da escolha, aplica-se a seção anterior’, porque nem sempre a escolha pertence ao devedor. Pode ser que a escolha pertença ao credor. Então, é só fazer uma interpretação invertida, quando a escolha couber ao credor. Seria esta a falha, o equívoco material, apenas. Não é equívoco jurídico do art.245, porque a escolha nem sempre é feito somente pelo devedor. Pode o credor escolher, também, ao invés do devedor.
Perda ou destruição da coisa antes da concentração:
Imagine-se que adquiri 60 sacas de café, tendo acertado apanhar no dia seguinte (obrigação de dar coisa incerta: gênero e quantidade.). Mas, como foi ajustada a entrega das sacas no dia seguinte, o fazendeiro preferiu deixar para este dia o ato de separar as sacas, não tendo feito, então, a concentração do débito. Durante a madrugada um raio cai sobre o galpão e todas as 1000 sacas que lá estavam são destruídas. No dia seguinte, ao ir apanhar as 60 sacas (que não existem mais), o fazendeiro diz que a obrigação está resolvida, pois foi houve força maior, sem culpa sua. No entanto, ou ele continuará devedor das 60 sacas de café ou pagará perdas e danos, porque a regra é diferente.
Regra: Se as coisas se perdem antes da concentração do débito, mesmo que sem culpa- do devedor, a obrigação não se resolve, (art. 246 do NCC)
A regra é diametralmente inversa daquela da obrigação dar de coisa certa.
Evidente que, se as 60 sacas já tivessem sido separadas,

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