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TEORIA DO CRIME

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O Direito Penal brasileiro compartilha da divisão bipartida das infrações penais:
CRIME ou DELITO
CONTRAVENÇÃO
 
A diferença entre elas é meramente quantitativa, ou seja, gravidade da conduta/pena (princípio da ofensividade ou lesividade).
 
Crimes ou delitos estão previstos na parte especial do Código, bem como em leis especiais, conforme dispõe art. 1º da LICP são punidos com penas de: 
Reclusão;
Detenção;
Isoladamente, cumulativamente e alternativamente com pena de multa. 
 
Contravenções, são chamadas de deliti nani (delito anão), estão dispostas na parte especial da LCP (Lei das Contravenções Penais) - Decreto-lei nº 3.688/41, são sancionadas com:
prisão simples
multa.
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CRIME - conceituação do Prof° Cezar Bitencourt e Fernando Capez, bem como de Rogério Greco sob 3 aspectos:
 
Conceito formal ou nominal – o crime é definido sob o ponto de vista do Direito positivo, é o que lei penal proíbe e apena.
Somente o comportamento humano positivo (ação) ou negativo (omissão) pode ser considerado crime. 
 
Conceito material ou substancial – diz respeito ao conteúdo do ilícito penal, violação de um bem jurídico penalmente protegido, como a vida, o patrimônio, a honra, etc.
Ex. Art. 121 CPB - o bem jurídico protegido é a vida.
Conceito analítico ou dogmático – o crime deve ser analisado sob um prisma jurídico de elementos estruturais. Sob esse ângulo crime é todo fato típico e antijurídico ou ilícito e culpável.
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1º) verifica-se a tipicidade do fato = conduta definida por lei como crime;
2º) verifica-se a antijuridicidade do fato = comportamento contrário à ordem jurídica;
(ambas introduzidas pela doutrina alemã de Ernest Beling e Karl Binding respectivamente).
 
3ª) verifica-se se a culpabilidade = se o autor deve ou não receber juízo de reprovação pela sua conduta.
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CRIME vem a ser toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável. 
 
FATO: Tício dispara sua arma contra seu inimigo Caio, matando-o.
AÇÃO: comportamento humano.
 
TÍPICA: Artigo 121 do CPB - “Matar alguém”.
ANTIJURÍDICA: a ação de Tício é contrária a lei, não está amparado por qualquer causa justificante, como por ex. legítima defesa.
CÚLPAVEL: merece reprovação, não existe qualquer causa que retire o entendimento da ilicitude do fato, por ex. a doença mental.
 
SUJEITO ATIVO DO CRIME: somente o homem. Denomina-se:
Agente ou suspeito (realiza a conduta);
Indiciado (quanto o delegado conclui o inquérito policial e indicia o suspeito);
Denunciado (quando o Promotor de Justiça oferece denúncia);
Acusado ou réu (quando responde ação penal);
 
SUJEITO PASSIVO DO CRIME: o Estado, o homem, a pessoa jurídica e a coletividade.
Denomina-se vítima.
OBJETO: objeto jurídico: o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal 
 objeto material :é a pessoa ou coisa a qual recai a conduta criminosa.
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RESULTADO: é lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal.
É a conseqüência da conduta, pode ser:
Naturalístico – modificação no mundo provocado pelo comportamento humano, somente nos crimes materiais.
Perda patrimonial no furto (art. 155 CPB);
Morte no homicídio (art. 121);
Ofensa à integridade corporal nas lesões corporais (art. 129).
Jurídico ou normativo – sempre que houver lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico penalmente protegido o resultado é jurídico. Todo crime tem resultado jurídico.
art. 150 – violação de domicílio; art. 233 – ato obsceno.
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DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO
Conduta;
Resultado;
Relação de causalidade;
Tipicidade.
CONDUTA: nullum crimen sine conducta= não há crime sem conduta.
 ação em sentido estrito = que é fazer (atuação humana)
 omissão = que é não fazer o devido (inatividade).
 
Teoria finalista da ação – de criação de Hans Welzel, a conduta é uma atividade final humana voluntária e não um comportamento simplesmente causal. Como é um fazer (ou não fazer), implica necessariamente uma finalidade.
 
Definição de Damásio E. de Jesus:
“Conduta é ação ou omissão humana consciente e dirigida à determinada finalidade”. 
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3) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (art. 13 “caput” CPB) 
 
Nexo causal - é o elo de ligação entre o comportamento humano (conduta) e a modificação no mundo exterior (resultado naturalístico).
 
Obs.: Só se aplica aos crimes qe exigem a produção do resultado, ou seja, crimes materiais excluídos:
Crimes de mera conduta = só descrevem comportamento (art. 150 – violação de domicílio; art. 269 – omissão de notificação de doença).
Crimes formais = consumação antecipada ou de resultado cortado (art. 159; art. 147 CP).
Teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual) ou Teoria da equivalência dos antecedentes causais – toda e qualquer conduta que, de algum modo, ainda que minimamente, tiver contribuído para a produção do resultado deve ser considerada causa deste.Tudo que excluído da cadeia de causalidade, eliminar o resultado é causa, ao contrário eliminando o antecedente, o resultado continua, não será sua causa.
 
 A aferição dessa teoria se limita à relevância jurídica dos antecedentes, ou seja, que tenham concorrido com dolo ou culpa (art. 18), uma vez que sem um ou outro a conduta é atípica, não há relevância para o Direito Penal.
 
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Art. 13, § 1º - SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE
 
Trata-se do rompimento do nexo causal, porque a causa superveniente começa novo curso causal.
 
Os antecedentes causais podem ser:
Absolutamente independentes – como causas e condições que nada contribuem para a ocorrência do resultado, rompem o nexo causal.
Podem ser : preexistentes, concomitantes ou supervenientes
 
Ex. A para matar B ministra veneno em seu café, antes de B ingerir a bebida, vem a falecer pelo desabamento do teto. 
 
Relativamente independentes – causas ou condições que contribuem de forma parcial para a ocorrência do resultado.
 Podem ser : preexistentes, concomitantes ou supervenientes
Ex. A fere B que, levado ao centro cirúrgico, falece em decorrência da anestesia. 
 
Ex. A fere B que, socorrido por uma ambulância, vem a falecer exclusivamente em razão de acidente com o veículo (art. 13, § 1º).
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O nexo de causalidade é normativo nos crimes omissivos impróprios, porque a lei dispõe o dever jurídico de agir.
 
Crimes comissivos – são os que requerem uma ação (um fazer).
Ex. art. 155 - subtrair; art. 124 - abortar; art. 121 - matar CPB.
 
Crimes omissivos próprios – são os praticados mediante o não fazer. Quando a lei prevê o comportamento negativo.
Ex. art. 135 – omissão de socorro; art. 269 – omissão de notificação de doença.
 
Crimes omissivos impróprios – são os crimes comissivos por omissão. O omitente tem o dever de agir para impedir o resultado e não o faz. 
 
Art. 13, § 2º:
“a” - são os garantidores ou garantes;
“b” – se colocaram na posição de garante;
“c” – quem cria o risco do resultado e não o impede.
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ITER CRIMINIS = CAMINHO DO CRIME:
1- cogitação (ñ punível)
2- preparação (ñ punível)
3- execução (punível)
4- consumação (punível).
 
A CONSUMAÇÃO NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CRIMES:
Crime material – com a produção do resultado naturalístico, ex. art. 121 CP; 
Crime culposo – com a produção do resultado naturalístico, ex. art. 121;
De mera conduta – com ação ou omissão delituosa, ex. art. 150; 
Formais – com a simples atividade, independente do resultado, ex. 317;
Permanentes – o momento consumativo se protrai no tempo, ex. art. 148 ;
Omissivos próprios – com a abstenção do comportamento devido, ex. art. 135;
Omissivos impróprios – com a produção do resultado, ex. art.129 c/c art.13, §2º;
Qualificados pelo resultado – com a produção do resultado agravador, ex. 129, §3º
Complexos – c/a realização integral dos crimes componentes do tipo, ex. 157, §3º;
Habituais – com a reiteração dos atos, art. 284 (curandeirismo). 
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ART. 14, II CP – TENTATIVA (CONATUS)
 
Elementos da tentativa:
Ação (início da execução);
 Dolo (vontade de consumar o crime);
 Interferência de circunstância alheia à vontade do agente (não consumação).
 
ESPÉCIES DA TENTATIVA:
PERFEITA OU ACABADA – também chamada de crime falho, o agente pratica todos os atos de execução do crime, mas não o consuma por circunstância alheia à sua vontade, a consumação não ocorre, embora os atos tenham sido suficientes para consumá-lo.
 
IMPERFEITA – há interrupção do processo executório. O agente não chega a praticar todos os atos necessários à consumação do crime por circunstâncias externas.
 
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ART. 14, § ÚNICO - PENA DA TENTATIVA:
 
Do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3.
 
* O juiz leva em conta essas espécies no momento de dosar a pena da tentativa. 
 
INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA:
Culposa (salvo a culpa imprópria);
Preterdolosa (qualificada pela resultado);
Contravenções penais (art. 4º da LCP);
Crimes omissivos próprios;
Habituais;
Crimes em que a lei só pune se ocorrer o resultado;
Crimes que a lei pune a tentativa como delito consumado.

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