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Curitiba
2013
Leitura e Escrita 
na Era Digital
Cleide J. M. Pareja 
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Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
Pareja, Cleide J. M.
P227l Leitura e escrita na era digital / Cleide J. M. Pareja. – Curitiba: 
Editora Fael, 2013.
139 p.: il.
ISBN 85-64224-95-7
Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua 
Portuguesa.
1. Leitura e escrita. 2. Produção textual. 3. Tecnologia da 
informação e comunicação. I. Título.
CDD 302.2
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
Editora faEl
Gerente Editorial William Marlos da Costa
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Edição Jaqueline Nascimento
revisão Fernanda Calvetti Corrêa
diagramação Karlla Cristyne Plaviak
Capa Quieliton Camargo Batista
fotos da Capa Suat Gursozlu
Toria
Yuralaits Albert
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Apresentação
Atualmente, sabe-se que o estudo da língua portuguesa 
na Era Digital mostra-se absolutamente necessário, posto que o 
domínio da palavra escrita e falada não mais representa um talento 
particular, mas um atributo essencial do profissional competente, 
atualizado, moderno e eficaz.
No entanto, pergunta-se: quem nunca teve dúvidas sobre a 
língua portuguesa na hora de falar ou de escrever? Muitas pes-
soas, apesar de lerem e de escreverem diariamente, apresentam 
dificuldades.
A proposta da autora Cleide J. M. Pareja é de facilitar a comu-
nicação, assim como de mostrar, de forma simplificada, como os 
atos de escrever e de falar bem não são tão difíceis, como muitos 
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Leitura e Escrita na Era Digital
imaginam. Também deixa claro que, em um mundo no qual a comunicação 
é o elemento propulsor do desenvolvimento, profissionais, dos mais variados 
ramos de atividade, precisam expressar-se corretamente, com clareza e obje-
tividade, mostrando-se capazes e produtivos.
A autora também objetiva expor um trabalho prático e incessante a fim 
de que os indivíduos desenvolvam a habilidade de realizar a comunicação de 
forma coerente, tanto na modalidade escrita quanto na oral. Ou seja, ela pro-
cura trabalhar o domínio da linguagem a partir de uma perspectiva da diver-
sidade linguística, sobretudo em relação à oposição entre a fala e a escrita, 
às diferentes formas como a linguagem é apresentada e à maneira como os 
falantes de uma língua fazem uso dela.
Na obra, aborda, ainda, em cada capítulo, noções teóricas e exemplos de 
situações práticas de comunicação e de linguagem que auxiliarão o leitor no 
desenvolvimento da língua falada e escrita, promovendo, dessa forma, uma 
produção textual bem redigida. 
Assim, apoiada em referenciais teóricos que envolvem a conceituação 
e o estudo da linguagem, bem como o estudo de gêneros virtuais e tex tuais, 
a autora está, também, atenta à aplicação prática do assunto, ou seja, empe-
nha-se em destacar a contribuição da leitura para o desenvolvimento do 
potencial criativo da experiência existencial do indivíduo.
As reflexões aqui veiculadas abrem um leque de possibilidades de uso da 
língua que, se colocadas em prática, certamente contribuirão para transfor-
mar o estudo na Leitura e Escrita na Era Digital na competência de ouvir, ver 
e praticar a linguagem de forma a ampliar o conhecimento já interiorizado 
pelo usuário da língua e aumentar sua capacidade de expressar-se e interagir 
nos mais diferentes contextos e circunstâncias que a vida moderna exige.
Veridiana Almeida* 
* Doutora em Literatura e Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa 
Catarina. É autora das obras Fundamentos e Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa (2010), 
Alfabetização, Fundamentos e Métodos (2010) e Literatura Infantojuvenil (2011). Atualmente, é 
professora titular da Fael, nas modalidades presencial e a distância, nos níveis de graduação e 
de pós-graduação.
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Sumário
 Prefácio | 7
1 Homem e linguagem | 9
2 Leitura e escrita | 31
3 Construção do texto | 51
4 Tecendo os parágrafos | 67
5 Gêneros textuais e tipos de textos | 83
6 Novas tecnologias da informação e da comunicação | 113
 Referências | 133
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Prefácio
O espaço universitário caracteriza-se como um espaço 
letrado que exige pessoas proficientes na leitura e na produção tex-
tual, portanto, é necessário ofertar, no primeiro ano, um ensino de 
leitura e escrita que atenda à demanda exigida pelo próprio meio. 
No entanto, a maioria dos currículos do ensino superior não 
assumem para si a responsabilidade do desenvolvimento dessas com-
petências nos alunos, o que acabará interferindo na aprendizagem 
dos conteúdos ensinados nas diversas disciplinas do curso escolhido 
Neste livro, os conceitos básicos para o ensino das competên-
cias indispensáveis de leitura e escrita situam-se na visão socioin-
teracionista do letramento acadêmico, ao se concentrarem em seu 
desenvolvimento para interagir com o mundo na posição de escritor 
e leitor de textos, em especial de textos acadêmicos. A linguagem é 
então vista como um conjunto de atividades e uma forma de ação. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
O objetivo desta obra é possibilitar aos alunos o domínio das habilida-
des de leitura e produção de textos acadêmicos para facilitar a entrada em 
todas as áreas do conhecimento.
A forma como a obra foi estruturada é fruto de anos de experiência com 
alunos ingressantes na graduação e em diferentes cursos. É possível perceber 
que, seguindo este caminho, ao final do semestre os acadêmicos conseguem 
ler, escrever e entender melhor os textos com os quais têm contato. Desven-
da-se o mistério da leitura e da escrita.
São seis capítulos: o primeiro discorre sobre a importância da linguagem 
para o homem, as variedades linguísticas e as funções da linguagem, apre-
sentando conceitos fundamentais sobre linguagem, língua e fala; o segundo, 
sobre leitura e escrita, apresenta os procedimentos de leitura e sua estreita 
relação com a produção do resumo; o terceiro foca sua atenção no estudo 
do parágrafo, sua estrutura e tipos de desenvolvimento; o quarto incide sobre 
a forma e recursos para manter a coesão e a coerência no texto; o quinto 
apresenta os diversos gêneros e tipologias textuais e no sexto capítulo são 
apresentados os gêneros textuais virtuais, a leitura e a escrita na Era Digital.
Com a clareza dos conceitos trabalhados e um exercício contínuo de 
produção e revisão dos textos escritos, certamente os professores que intera-
gem com os alunos conscientizam a todos de que a língua deve ser aprendida 
como um instrumento social, interativo e dinâmico.
A autora.* 
* Cleide J. M. Pareja é doutoranda em educação pela Universidade Católica de Santa Fé, 
Mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina e Especialista em Letras pela 
Universidade Federal do Paraná. Graduada em Letras pela Universidade do Contestado, é 
professora de graduação e pós-graduação da Universidade do Vale do Itajaí. Pesquisadora 
do Grupo Cultura, Escola e Educação, criadora do mestrado e doutorado em educação da 
Univali. Autora de vários livros didáticos para o curso de letras EaD da Univali. Bolsista 
da CAPES como coordenadora de área no programa institucional de bolsas de incentivo à 
 docência (PIBID/LETRAS) da Univali.
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1
Homem e linguagem
Neste capítulo, realizaremos uma reflexão sobre os 
conceitoslinguísticos fundamentais para a aprendizagem e o ensino 
da língua portuguesa. 
Serão abordados os conceitos de linguagem, língua e fala, as 
diferentes formas como a linguagem é apresentada e a maneira 
como os falantes de uma língua fazem uso dela. Serão apresentadas 
ainda as funções da linguagem e suas variações.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Ao final do capítulo, será possível identificar os elementos da comuni-
cação, além de distinguir as funções da linguagem em relação aos elementos 
do processo comunicativo. Também será possível diferenciar os conceitos de 
linguagem, língua e fala e reconhecer a variação linguística como uma mani-
festação decorrente das influências recebidas no contato com as diversas cul-
turas existentes em nosso país. 
A língua é, sem dúvida, um dos mais importantes produtos da cultura, 
porque é o código utilizado em grande parte dos nossos atos de comunicação.
1.1 Linguagem, língua e fala 
No dia a dia, costuma-se afirmar – o que cientificamente comprova-se – 
que a linguagem diferencia o homem dos demais animais. Dessa forma, no 
Dicionário de comunicação (RABAÇA, 1987, p. 367), encontramos a seguinte 
definição: “a linguagem é um fato exclusivamente humano, um método de 
comunicação racional de ideias, emoções e desejos por meio de símbolos 
produzidos de maneira deliberada”. Isso porque a linguagem humana pode 
ser articulada por seu usuário, pode envolver o pensamento e o simbólico, 
a representação da sua realidade e suas relações nos atos comunicativos. 
Assim, a linguagem, a língua possibilita ao homem criar e agir sobre a rea-
lidade. Segundo Vygotsky, “o momento de maior significado no curso do 
desenvolvimento intelectual, que dá origem às formas puramente humanas 
de inteligência prática e abstrata, acontece quando a fala e a atividade prá-
tica, então duas linhas completamente independentes de desenvolvimento, 
convergem” (VYGOTSKY, 2010, p. 12).
No texto a seguir, o filósofo Louis Hjelmslev (1975, p. 15) apresenta, de 
modo filosófico e literário, a indiscutível importância da linguagem para o 
homem:
A linguagem, a fala humana é uma inesgotável riqueza de 
múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e 
segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento 
graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus senti-
mentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, 
o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, 
a base última e mais profunda da sociedade humana. Mas é 
também o recurso último e indispensável do homem, seu refú-
gio nas horas solitárias em que o espírito luta com a existên-
cia, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na 
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Homem e linguagem
meditação do pensador. Antes mesmo do primeiro despertar 
de nossa consciência, as palavras já ressoavam à nossa volta, 
prontas para envolver os primeiros germes frágeis de nosso 
pensamento e a nos acompanhar inseparavelmente através 
da vida, desde as mais humildes ocupações da vida quotidiana 
aos momentos mais sublimes e mais íntimos dos quais a vida 
de todos os dias retira, graças às lembranças encarnadas pela 
linguagem, força e calor A linguagem não é um simples acom-
panhante, mas sim um fio profundamente tecido na trama do 
pensamento; para o indivíduo, ela é o tesouro da memória e a 
consciência vigilante transmitida de pais para filhos. Para seu 
bem e para o mal, a fala é a marca da personalidade, da terra 
natal e da nação, o título de nobreza da humanidade. 
Para dominar a linguagem como língua, é preciso que a pessoa desen-
volva várias habilidades necessárias ao processo de comunicação. Ouvir, 
falar, ler e escrever são as ações que, gradualmente, vão propiciar o desenvol-
vimento desse domínio. 
A partir do nascimento (alguns estudiosos afirmam que até antes), 
começa-se a ouvir todos que estão próximos; pelo processo de imitação, 
associado com o desenvolvimento físico, inicia-se a repetição do que se ouve. 
Nasce a fala, no início restrita, com pouquíssimas palavras que, em geral, 
servem para várias situações e objetos, tais como: “mamá” (comida), “mãma” 
(mãe); “papá” (comida), “pápa” (pai), e assim por diante. Por volta dos sete 
anos, chegamos a 1 mil ou 1,2 mil palavras e, por volta dos 14 anos, a 15 ou 20 
mil, dependendo do contexto e das situações relacionadas com a linguagem.
Na sequência, a oralidade irá se transformar em linguagem simbólica, 
a partir do momento em que as habilidades de leitura e escrita passam a ser 
dominadas. Essas duas habilidades necessitam de aprendizagens diferencia-
das, pois “para escrever é preciso ter um acervo de recursos e ter o que dizer 
sobre o assunto. Para ler, é preciso ter um acervo de recursos que permita 
compreender o texto” (LIMA, 2002, p. 15). Se, por um lado, é ruim apren-
der as duas habilidades separadamente e não como um conhecimento auto-
mático, por outro, é salutar, porque, em caso de qualquer problema físico, 
pode-se ficar com uma ou com outra (se tiver sorte).
Após o processo de domínio das quatro habilidades, adquire-se uma com-
petência muito mais importante do que simplesmente o domínio de uma língua, 
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Leitura e Escrita na Era Digital
é a competência de pensar, que torna o homem, segundo a tradição, efetivamente 
humano. Ou seja, se há linguagem, há pensamento ou, como diz o filósofo Des-
cartes: “Cogito, ergo sum” (“Penso, logo existo”). Vygotsky pondera que
a relação entre o pensamento e a palavra não é uma coisa 
mas um processo, um movimento contínuo de vaivém entre 
a palavra e o pensamento: nesse processo a relação entre o 
pensamento e a palavra sofre alterações que, também elas, 
podem ser consideradas como um desenvolvimento no sen-
tido funcional. As palavras não se limitam a exprimir o pen-
samento: é por elas que este acede à existência [...]. O pensa-
mento e a palavra não são talhados no mesmo modelo: em 
certo sentido há mais diferenças do que semelhanças entre 
eles. A estrutura da linguagem não se limita a refletir como 
num espelho a estrutura do pensamento; é por isso que não 
se pode vestir o pensamento com palavras, como se de um 
ornamento se tratasse. O pensamento sofre muitas altera-
ções ao transformar-se em fala. Não se limita a encontrar 
expressão na fala; encontra nela a sua realidade e a sua forma 
(VYGOTSKY apud IANNI, 1999, p. 40).
No entanto, linguagem e língua aproximam-se e diferem de que modo? 
Muitas palavras, utilizadas para explicar o processo de comunicação, pare-
cem sinônimas, mas apresentam conceitos diferentes cuja compreensão é 
importante, tanto para o ensino, quanto para a aprendizagem de uma língua, 
são elas: linguagem, língua, fala, discurso, sistema, norma, palavra, vocábulo 
e léxico. Portanto, o conhecimento da importância da palavra para todo o 
processo de interação por meio da linguagem é fundamental. Isso porque 
cada palavra tem seu sentido reconhecido plenamente desde que se conheça 
o contexto no qual ela está inserida. O contexto é que definirá o real sentido 
de cada palavra. A compreensão do sentido da palavra, num determinado 
texto e contexto, é que possibilitará, também, a compreensão da mensagem.
Contexto
Texto
Palavra
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Homem e linguagem
Tal concepção fica evidente na música Palavras, do grupo Titãs, pois, 
a partir dela, é possível inferir que é o falante que dá vida às palavras, pelo 
contexto e pela compreensão de mundo do usuário. Vamos observar o trecho 
a seguir:
Palavras 
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas[...]
Palavras. Marcelo Fromer e Sérgio Britto, Titãs, 
1989 © Warner Chappel Music.
A linguagem é uma característica humana universal, visto que utiliza 
todos os códigos, signos, sinais para que sejam expressados pensamentos, per-
cepções e sentimentos e para que a comunicação seja efetivada. Pode-se dizer 
que a linguagem vai se desenvolvendo por meio de um sistema de signos (algo 
que está no lugar de um objeto ou fenômeno, sob algum aspecto). 
Os signos estabelecem relações de sentido com o objeto que represen-
tam, das mais simples às mais complexas. É necessário passar por essas rela-
ções para se chegar ao domínio da linguagem. São elas:
� relação de semelhança – o signo é o objeto apresentado; ícone: 
exemplo – as imagens em geral;
� relação de causa e efeito – afeta a existência do objeto ou por ele 
é afetado; índice: exemplo – pegadas na lama – alguém passou por 
aqui;
� relação arbitrária – regida por convenção; símbolo: exemplo – as 
representações, continuamente usadas na linguagem e no entendi-
mento pessoal, tornam-se convenções, símbolos.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Já a língua é uma linguagem de caráter regional, é um sistema organi-
zado de sons e sinais que a caracterizarão como o código de signos linguísticos 
de um determinado povo. Desse modo, todas as línguas (para a comunidade 
lusófona, a língua portuguesa) têm uma estrutura própria para combinar os 
signos linguísticos.
Sendo assim, a língua constitui-se por: um repertório/conjunto de sig-
nos que vão compô-la; as regras de combinação que incluem as de organiza-
ção dos sons e suas combinações; as regras que determinam a organização 
interna das palavras e as que especificam a forma como serão ordenadas as 
palavras e a diversidade de tipos de frase. Estamos nos referindo à fonologia, 
à morfologia, à sintaxe da língua e às regras de uso, as quais englobam as 
regras reguladoras do uso da linguagem em contextos sociais – no que diz 
respeito às funções e intenções comunicativas e à escolha de códigos a uti-
lizar – e que devem ser aceitas pela sociedade para que haja inteligibilidade 
entre os atos de comunicação. 
O terceiro conceito a ser compreendido no processo de comunicação é a 
fala, o uso individual da língua, o discurso que se realiza a partir da compre-
ensão da língua e do conhecimento de mundo de cada um. Por esses motivos, 
falantes de uma mesma língua, de uma mesma região e de uma mesma for-
mação terão falas, discursos diferentes. Por se tratar de oralidade, o falante 
pode desrespeitar as regras de combinação; se este desrespeito tornar-se 
padrão, poderá alterar e criar uma nova regra, promovida pelo uso.
Podemos afirmar que dominamos uma língua quando conhecemos seu 
repertório de signos, as regras de combinação e as regras de uso desses signos. 
Segundo Saussure (1977, p. 196), “nada entra na língua sem ter sido expe-
rimentado na fala, e todos os fenômenos evolutivos têm sua raiz na esfera 
do indivíduo”. De acordo com o linguista, o que diferencia a língua da fala é 
que a primeira é sistemática, tem certa regularidade, é potencial, coletiva; a 
segunda é assistemática, possui certa variedade, é concreta, real, individual. 
A língua, então, pode ser escrita e falada. São duas formas de uso que 
acabam tendo regras diferenciadas, uma vez que, ao falar, temos maior liber-
dade e despreocupação com a obediência às normas impostas pelo sistema 
linguístico. Porém, a escrita deve atender às normas, motivo pelo qual é con-
siderada pelos usuários uma modalidade mais difícil.
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Homem e linguagem
As diferenças entre a língua falada e a língua escrita são muitas, 
como podemos observar no quadro a seguir, adaptado de Mesquita 
(1995, p. 25).
Língua falada Língua escrita
 2 Palavra sonora. 2 Palavra gráfica.
 2 A mensagem é transmitida de 
forma imediata.
 2 A mensagem é transmitida de forma não 
imediata.
 2 O emissor e o receptor conhecem 
bem a situação e as circunstâncias 
que os rodeiam.
 2 O receptor não conhece de forma direta a situa­
ção do emissor e o contexto da mensagem.
 2 A mensagem é breve. 2 A mensagem é mais longa do que na língua falada.
 2 São permitidos os elementos pro­
sódicos, como entonação, pausa, 
ritmo e gestos, que enfatizam o 
significado.
 2 Não é possível a utilização de elementos 
prosódicos. O emprego dos sinais de pon­
tuação tenta reconstruir alguns desses ele­
mentos.
 2 É admitido o emprego de cons­
truções simples, com ênfase para 
orações coordenadas e presença de 
frases incompletas.
 2 Exigem­se construções mais complexas, 
mais elaboradas, com ênfase para orações 
subordinadas, e a ordenação da mensagem 
melhor planejada.
 2 É mais subjetiva e pode ser repro­
cessada a cada momento a partir 
das reações do interlocutor.
 2 É mais objetiva. É possível esquecer o inter­
locutor. O escritor pode processar o texto a 
partir das possíveis reações do leitor.
 2 O contexto extralinguístico tem 
grande influência. Criação coletiva.
 2 O contexto extralinguístico tem menos 
influência. Criação individual.
Estas são algumas características que diferenciam a possibilidade de uso 
da língua. Saber transitar pelas duas modalidades e ter controle de suas varie-
dades, usando-as no lugar e no momento certo, é fator decisivo na comuni-
cação interpessoal.
A respeito da importância do domínio da variedade oral da língua, em 
situação formal, recomendamos o filme O discurso do Rei, que tem esta ques-
tão como tema principal.
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Leitura e Escrita na Era Digital
 Dica de filme
O filme O discurso do Rei apresenta, de forma envol-
vente e com grandes detalhes, o trabalho realizado por 
um profissional que tem um método um tanto radical 
para os padrões da época, para liberar a fala do Rei 
George. O jovem herdeiro da coroa britânica sofria de 
gagueira e tinha pânico de falar em público. Para supe-
rar suas dificuldades, contará com o empenho de sua 
esposa e do professor nada convencional de oratória. 
O tema é atual, uma vez que a maioria dos profissionais 
precisa ter o domínio da fala com propriedade para 
desempenhar bem suas funções.
O DISCURSO do Rei. Direção de Tom Hooper. Ingla-
terra: Paris Filmes, 2010. 1 filme (118 min), sonoro, legenda, 
color., 35 mm. 
A língua, além de oral e escrita, pode ser, pelo uso, classificada de dois 
modos: a modalidade culta ou língua-padrão e a modalidade popular, ou lín-
gua cotidiana. 
A modalidade culta é aquela associada à escrita, à tradição gramatical, 
é a registrada nos dicionários e, portanto, é a que traduz a tradição cultural e 
a identidade de uma nação.
A modalidade popular é uma variante informal, considerada de pouco 
prestígio quando comparada à linguagem padrão. Sua característica é afas-
tar-se da norma na construção sintática, usar um vocabulário comum, repe-
tições constantes, gírias.
Segundo Mattoso Câmara Jr. (1978, p. 177), “norma é um conjunto 
de hábitos linguísticos vigentes no lugar ou na classe social mais pres-
tigiosa no país”. Logo, com essa classificação, podemos entender que há 
várias classes que não adotam a norma e, portanto, há outras modalida-
des em uso. 
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Homem e linguagem
1.1.1 Variedades linguísticas
As variedades linguísticas são determinadas por vários fatores, entre os 
quais se destacam os geográficos, históricos, sociais e estilísticos.
A variação geográfica está relacionada com as diferenças de pronún-
cia, de vocabulário e de sintaxe, que ocorrem de região para região do Brasil. 
O texto a seguir ilustra bem esta variedade com ênfase na pronúncia.
Receita cazêra minêra demôi de repôi nu ái i ói
ingredientes
 2 5 denti di ái
 2 3 cuié de ói
 2 1 cabessa de repôi
 2 1 cuié di mastomati
 2 Sár agosto
Modi fazê
 2 Casca o ái, pica o ái i soca o ái cum sá;
 2 Quenta o ói na cassarola;
 2 Foga o ái socado no ói quenti;
 2 Pica o repôi beeemmm finimm...
 2 Foga o repôi no ói quenti junto cum ái fogado;
 2 Põi a mastomati i mexi cum a cuié prá fazê o môi;
 2 Sirva cum rôis e melete...
Pção: cumpanha filezim de pescadim beemmm fritim. 
RECEITA cazêra minera de môi de repôi nu ái i ói. Disponível em: 
<http://www.alapinha.com.br/Cardapio%20introducao.htm>. 
Acesso em: 22 out. 2012.
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Leitura e Escrita na Era Digital
A música Cuitelinho, do folclore nacional, apresenta a questão do uso 
dos plurais, tão comum em certas regiões brasileiras.
Cuitelinho
Cheguei na beira do porto 
Onde as onda se espaia 
as garça dá meia volta 
E senta na beira da praia 
E o cuitelinho não gosta 
Que o botão de rosa caia, ai, ai
Ai quando eu vim 
da minha terra 
Despedi da parentália 
Eu entrei no Mato Grosso 
Dei em terras paraguaia 
Lá tinha revolução 
Enfrentei fortes batáia, ai, ai
A tua saudade corta 
Como aço de naváia 
O coração fica aflito 
Bate uma, a outra faia 
E os óio se enche d´água 
Que até a vista se atrapáia, ai...
Autoria desconhecida.
A variação histórica ocorre pelo processo de evolução do homem que, 
com suas novas invenções, ou com o abandono de objetos, hábitos e costu-
mes, acaba interferindo na língua, que também é viva. O léxico que cai em 
desuso chama-se arcaísmo e as palavras novas que surgem são classificadas 
como neologismos. A seguir, citamos um exemplo de arcaísmo, o trecho 
está com a escrita da língua portuguesa do passado, do século XVIII, a qual 
transformou-se a ponto de pessoas não identificarem o sentido de algumas 
palavras pelas diferenças ortográficas. Leia as duas versões e compare-as.
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Homem e linguagem
“Este rrey Leyr nom ouue filho, mas ouue tres filhas muy fermosas 
e amauaa-as muito. E huum dia sas rrazõoess com ellas e disse-lhess que 
lhe dissessem verdade, qual d’ellas o amaua mais. Disse a mayor que nom 
auia cousa no mundo que tanto amasse como elle; e disse a outra que o 
amaua tanto com a ssy mesma; e disse a terçeira, que era a meor, que o 
amaua tanto como deue dámar filha a padre.” (VASCONCELOS apud 
FARACO, 1991, p. 11).
“Este Rei Lear não teve filhos, mas teve três filhas muito for-
mosas e amava-as muito. E um dia teve com elas uma discussão e 
 disse-lhes que lhe dissessem a verdade, qual delas o amava mais. Disse 
a maior que não havia coisa no mundo que amasse tanto como a ele; 
e disse a outra que o amava tanto como a si mesma; e disse a terceira 
que o amava tanto como deve uma filha amar um pai.” 
FARACO, C. A. Linguística histórica. São Paulo: Ática, 1991.
A variação social, como afirma Mattoso Câmara (1978), decorre não 
somente do poder aquisitivo, mas também do grau de educação, da idade 
e do sexo dos usuários da língua. Vejamos os usos diversos da conjugação 
verbal: nós vamos/nóis vai/nóis imo/nós vamo. A música Chopis centis, do 
grupo musical Mamonas Assassinas, brinca com a questão das variedades 
linguísticas, colocando o falar popular na linguagem escrita.
Chopis centis
Eu “di”um beijo nela
E chamei pra passear.
A gente fomos no shopping,
Prá “mode” a gente lanchar.
Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim
Até que tava gostoso, mas eu prefiro aipim. [...]
Chopis Centis. Dinho e Julio Rasec, Mamonas Assassinas, 
1995 © Edições Musicais Tapajós Ltda.
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Leitura e Escrita na Era Digital
A variação estilística é provocada pelo ato da fala e pela escrita. 
Dependendo da situação comunicativa, a pessoa pode usar uma modalidade 
ou outra. De acordo com os ouvintes, o falante definirá qual o vocabulário a 
ser utilizado, o grau de formalidade ou informalidade. Na escrita, o usuário 
poderá, pelo seu estilo, tornar-se um modelo ou um padrão.
O potencial estilístico de José Paulo Paes, por exemplo, é evidenciado 
no poema a seguir, quando o autor brinca com a possibilidade de trocar 
algumas letras, ou a escrita das palavras, e interferir no significado. Além 
disso, com um poema curtíssimo, consegue passar uma grande mensagem. 
Vejamos:
Prolixo?
Pro lixo.
Conciso?
Com siso.
PAES, J. P. Poesia completa. Sao Paulo: 
Companhia das Letras, 2008. p. 27.
Todas estas classificações acabaram por criar alguns preconceitos 
linguísticos com relação às variedades prestigiadas e às estigmatizadas. 
Quanto mais próxima está a variedade utilizada do que se denomina lín-
gua padrão, mais prestígio social o falante terá, quanto mais distante, mais 
estigmatizado será. Ao relacionar língua padrão com gramática, estabele-
ceu-se a noção de que, se a regra não for cumprida, ocorre um “erro”, o que 
torna o falante um sujeito desprestigiado socialmente. Marcos Bagno, em 
sua “novela” sociolinguística intitulada A língua de Eulália (1999), apre-
senta, de forma clara, envolvente e literária, o argumento de que falar 
diferente não é falar errado e justifica linguística, histórica, socioló-
gica e psicologicamente o uso das variedades linguísticas. É de sua obra 
 Preconceito linguístico – o que é, como se faz (BAGNO, 2006, p. 142-145) 
o texto a seguir, que apresenta uma síntese sobre como ensinar a língua 
sem criar tanto preconceito.
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Homem e linguagem
Dez cisões
Para um ensino de língua não (ou menos) preconceituoso
1. Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um 
usuário competente dessa língua, por isso ele sabe essa língua. 
Entre os 3 e 4 anos de idade, uma criança já domina integralmente 
a gramática de sua língua.
2. Aceitar a ideia de que não existe erro de português. Existem dife-
renças de uso ou alternativa de uso em relação à regra única pro-
posta pela gramática normativa.
3. Não confundir erro de português (que, afinal, não existe) com sim-
ples erro de ortografia. A ortografia é artificial, ao contrário da lín-
gua, que é natural. A ortografia é uma decisão política, é imposta por 
decreto, por isso ela pode mudar, e muda de uma época para outra. 
Em 1899 as pessoas estudavam psychologia e história do Egypto; 
em 1999 elas estudavam psicologia e história do Egito. Línguas que 
não têm escrita nem por isso deixam de ter sua gramática.
4. Reconhecer que tudo o que a Gramática Tradicional chama de 
erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação cien-
tífica perfeitamente demonstrável. Se milhões de pessoas (cultas 
inclusive) estão optando por um uso que difere das regras pres-
critas nas gramáticas normativas é porque há alguma nova regra 
sobrepondo-se à antiga. Assim, o problema está com a regra tra-
dicional, e não com as pessoas, que são falantes nativos e perfeita-
mente competentes de sua língua. Nada é por acaso.
5. Conscientizar-se que toda língua muda e varia. O que hoje é visto 
como “certo” já foi “erro” no passado. O que hoje é considerado 
“erro” pode vir a ser perfeitamente considerado como “certo” no 
futuro da língua. Um exemplo: no português medieval existia um 
verbo leixar (que aparece até na carta de Pero Vaz de Caminha ao 
rei D. Manuel I). Com o tempo, esse verbo foi sendo pronunciado 
deixar porque [d] e [l] são consoantes aparentadas, o que permitiu 
a troca de uma pela outra. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
 Hoje quem pronunciar leixar vai cometer um “erro” (vai ser acu-
sado de desleixo), muito embora essa forma seja maispróxima da 
origem latina, laxare (compare-se, por exemplo, o francês laisser 
e o italiano lasciare). Por isso é bom evitar classificar algum fenô-
meno gramatical de “erro”: ele pode ser, na verdade, um indício do 
que será a língua no futuro.
6. Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem 
mal. Ela simplesmente vai, isto é, segue seu rumo, prossegue em 
sua evolução, em sua transformação, que não pode ser detida (a 
não ser com a eliminação física de todos os seus falantes).
7. Respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois 
isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual dessa pes-
soa como ser humano.
8. A língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres huma-
nos. Nós somos a língua que falamos. A língua que falamos molda 
nosso modo de ver o mundo e nosso modo de ver o mundo molda 
a língua que falamos. Para os falantes de português, por exemplo, 
a diferença entre ser e estar é fundamental: eu estou infeliz é radi-
calmente diferente, para nós, de eu sou infeliz. Ora línguas como o 
inglês, o francês e o alemão têm um único verbo para exprimir as 
duas coisas. Outras, como o russo, não têm verbo nenhum, dizendo 
algo assim como: Eu-infeliz (o russo, na escrita, usa mesmo um 
travessão onde nós inserimos um verbo de ligação).
9. Uma vez que a língua está em tudo e tudo está na língua, o pro-
fessor de português é professor de tudo. (Alguém já me disse que 
talvez por isso o professor de português devesse receber um salário 
igual à soma dos salários de todos os outros professores!).
10. Ensinar bem é ensinar para o bem. Ensinar para o bem significa res-
peitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe 
do mundo, da vida, reconhecer na língua que ele fala a sua própria 
identidade como ser humano. Ensinar para o bem é acrescentar e 
não suprimir, é elevar e não rebaixar a autoestima do indivíduo. 
Somente assim, no início de cada ano letivo este indivíduo poderá 
comemorar a volta às aulas, em vez de lamentar a volta às jaulas! 
BAGNO, M. Preconceito linguistico: o que é, como se faz. 
47. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
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Homem e linguagem
 Dica de filme
Para compreender melhor a relação da língua com 
as diversas culturas, assista ao filme Língua, vidas em 
português. Este documentário premiado de Victor 
Lopes apresenta uma viagem pelo mundo com entradas 
em todos os países em que há falantes da língua portu-
guesa. Sua estrutura narrativa circular prende o interlo-
cutor. São histórias de vidas de pessoas com suas dife-
renças culturais, mas que têm em comum serem usuários 
da língua portuguesa. É importante ressaltar a presença 
de pessoas ilustres que participam com depoimentos, 
como José Saramago (escritor português), João Ubaldo 
Ribeiro (escritor brasileiro), Martinho da Vila (cantor e 
compositor), Teresa Salgueiro (do grupo Madredeus) e 
Mia Couto (escritor moçambicano contemporâneo que 
escreve o roteiro).
LÍNGUA, vidas em português. Direção de Victor Lopes. 
Brasil/Portugal: Paris Filmes, 2002. 1 filme (105 min), sonoro, 
legenda, color., 35 mm.
Como pode-se perceber, a própria compreensão de língua como um 
sistema regido por normas é constantemente questionada pelos efeitos que 
produz, uma vez que a comunicação confunde-se com a própria vida e a 
língua é viva.
1.1.2 Funções da linguagem
O processo de leitura e escrita constitui-se enquanto um ato comu-
nicativo. Para tal, ele precisa de um emissor, aquele que fala ou escreve, 
um receptor, aquele que lê ou escuta, um referente, que é constituído 
pelo contexto, situação ou objetos reais ao qual a mensagem remete, um 
código, que é o conjunto de signos e regras de combinação a ser usado, 
um canal de comunicação, que é a via de circulação da mensagem, e a 
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Leitura e Escrita na Era Digital
 mensagem, que é o conteúdo da comunicação. Roman Jakobson (2001), 
em seus estudos linguísticos, estabeleceu a cada uma das situações do ato 
comunicativo uma função da linguagem. Dependendo da ênfase que se 
dá a cada um dos processos comunicativos, a linguagem apresenta uma 
função com recursos linguísticos próprios. Temos, assim, a função expres-
siva, a função conativa, a função metalinguística, a função fática, a função 
poética e a função referencial. Sabe-se que não há na linguagem uma fun-
ção pura, várias podem aparecer ao mesmo tempo no processo comunica-
tivo, no entanto, conhecê-las ajudará a melhorar a elaboração da fala e da 
escrita ( JAKOBSON, 2001).
Receptor
Função 
conativa
Emissor
Função 
expressiva
Referente: função 
referencial
Canal de comunicação: 
função fática
Mensagem: função 
 poética
Código: função 
metalinguística
Fonte: Jakobson (2001, p. 17).
Na sequência, vamos identificar as características de cada função.
1.1.2.1 Função expressiva 
É centrada no emissor da mensagem, exprime a sua relação com o 
conteúdo transmitido, a sua opinião, emoções, avaliações. Pode-se sentir no 
texto a presença do emissor (que pode ser clara ou sutil). É uma comunicação 
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Homem e linguagem
 subjetiva, faz uso de frase exclamativa, de interjeições, superlativos, aumen-
tativos, diminutivos, hipérboles, entonação máxima.
Resenha sobre o filme O discurso do rei
[...] Pode-se dizer, porém, que a cena mais impactante do filme é 
o momento em que o rei deve realizar seu primeiro discurso. Não vou 
além, pois não quero estragar as surpresas que aguardam o público 
ao longo da história e, com certeza, no seu final. Ao contrário do que 
muitos podem imaginar o roteiro não é baseado no livro de mesmo 
título; a versão literária foi escrita pelo neto de Lionel, Mark Logue, 
com a ajuda do jornalista Peter Conradi.
Ele decidiu escrever esta obra a partir do momento em que foi 
procurado pela produção do filme para revelar detalhes sobre a bio-
grafia do australiano Lionel. Curioso em saber mais a respeito de seu 
avô, ele saiu à procura de outras informações, as quais deram origem 
ao livro. As passagens mais importantes, porém, estão certamente 
concentradas nas telas cinematográficas. 
Esta produção, que guarda em si um sabor delicioso de história 
à moda antiga, ganhou os Oscars de melhor roteiro original, ator – 
super merecido! –, direção e filme.
O DISCURSO do Rei. Direção de Tom Hooper. Inglaterra: Paris filmes, 
2010. 1 filme (118 min), sonoro, legenda, color. 
Elenco: Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael 
 Gambon. Drama. 
SANTANA, A. L. O discurso do rei. Disponível em: <http://www.
infoescola.com/cinema/o-discurso-do-rei/>. Acesso em: 30 jul. 2012.
Como podemos observar durante a leitura, o autor da resenha afirma: 
“Não vou além, pois não quero estragar as surpresas que aguardam o público 
ao longo da história”. Usando a primeira pessoa do singular, ele deixa clara 
a sua opinião sobre o filme. Mais adiante continua: “Esta produção, que 
guarda em si um sabor delicioso de história à moda antiga, ganhou os Oscars 
de melhor roteiro original, ator – super merecido!”. São evidentes as marcas 
linguísticas de expressão pessoal.
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Leitura e Escrita na Era Digital
1.1.2.2 Função conativa 
É centrada no receptor da mensagem, com a intenção de persuadi-lo, 
seduzi-lo. É uma comunicação imperativa, faz uso dos verbos no modo 
imperativo afirmativo ou negativo.
Observe a imagem a seguir, de uma propaganda persuasiva para com-
bate ao tabagismo.
H
A
A
P
 M
ed
ia
 L
td
/S
eb
as
ti
an
 F
is
so
re
E tEm gEntE quE diz quE isto não é droga!
Cigarro: faz mal até na propaganda.
Acetona:removedor 
de esmaltes
Formol: 
conservante 
de cadáver
Amônia: 
desinfetantes para pisos, 
azulejos e privadas
Naftalina: 
mata-baratas
Fósforo P4/P6: 
componente de 
veneno para ratosTerebintina: diluidor de tinta a óleo
Este é um exemplo muito forte da função conativa, uma vez que, após o 
autor dirigir-se ao receptor com a expressão “tem gente que diz [...]”, é apre-
sentada uma série de provas que mostram os perigos do tabaco. Ao terminar, 
afirma, imperativamente, “cigarro faz mal”.
1.1.2.3 Função referencial 
É centrada no referente da mensagem, valoriza o objeto da mensa-
gem. É uma comunicação objetiva, impessoal, com preferência pela frase 
declarativa.
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Homem e linguagem
A palavra “pinchar”, em castelhano tem os sentidos de “cutucar, 
espetar, ferir” (no lunfardo, também “morrer” e “fazer sexo”). Coromi-
nas imagina que “pinchar” do castelhano tenha vindo de uma mistura 
de punchar (variante de punzar) com picar e que, pela diferença de 
sentido, nada tenha a ver com o “pinchar” português. No castelhano, 
a palavra aparece desde o século 15, mas pode remontar ao latim vul-
gar, como vemos no italiano pinzare, [...] no francês pincer e no inglês 
to pinch (beliscar).
VIARO, M. E. Palavras jogadas fora. Revista Língua Portuguesa, 
n. 77, p. 52-55, mar., 2012. São Paulo.
Observou-se um exemplo de uma comunicacão centrada na mensa-
gem, ou seja, o emissor quer explicar o sentido da palavra. 
1.1.2.4 Função fática
É centrada no contato, demonstra o desejo de abertura para a comu-
nicação, que se dá com uso de frases breves, consagradas pelo uso. No texto 
escrito, costuma-se usar imagens, tamanho diferenciado das letras, cores 
para chamar atenção.
Macabéa e Olímpico
Ele — Pois é!
Ela — Pois é o quê?
Ele — Eu só disse, pois é!
Ela — Mas, pois é o quê?
Ele — Melhor mudarmos de assunto porque você não me entende.
Ela — Entende o quê?
Ele — Santa virgem Macabéa, vamos mudar de assunto e já! 
LISPECTOR, C. A hora da estrela. São Paulo: Rocco, 1998. p. 45.
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Leitura e Escrita na Era Digital
No diálogo do box de exemplo não há preocupação com a men-
sagem, apenas os falantes estão mantendo uma abertura do canal de 
 comunicação.
1.1.2.5 Função metalinguística 
É centrada no código, é tudo o que, em uma mensagem, serve para dar 
explicações ou tornar preciso o código utilizado pelo emissor no ato comuni-
cativo. É uma comunicação explicativa, faz uso de sinônimos, definições.
Exemplo: poemas que discutem como se faz poesia.
Poética
1
O que é poesia? 
Uma ilha 
Cercada 
De palavras 
Por todos 
Os lados.
2
O que é poeta?
Um homem
Que trabalha o poema
Com o suor do seu rosto.
Um homem
Que tem fome
Como qualquer outro
Homem.
RICARDO, C. Jeremias sem-chorar. Rio de Janeiro: 
José Olympio, 1968.
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Homem e linguagem
A metalinguística ocorre em todas as áreas, por exemplo, quando um 
pintor pinta a si mesmo num quadro, o roteirista de um filme cria protago-
nistas que querem produzir roteiros de filmes e assim por diante.
1.1.2.6 Função poética 
É centrada na elaboração da mensagem, usa formas inovadoras com 
combinações inusitadas, ofertadas pela própria língua. É uma comunicação 
artística com predomínio da conotação. Pode ser usada em todos os gêneros 
textuais, é a marca textual do gênero literário.
Epitáfio para um banqueiro 
n e g ó c i o
e g o
ó c i o
c i o
o
PAES, J. P. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2003.
A função poética está presente em qualquer texto no qual o autor 
preocupe-se com a elaboração estilística, como no caso do poema anterior. 
O poeta desmancha o negócio com a fragmentação da própria palavra que 
termina com o “o”, assemelhando-se, graficamente, a zero. É importante 
ressaltar que, na linguagem conativa presente no discurso publicitário, é 
intenso o uso da função poética para envolver ainda mais o receptor pela 
beleza textual.
Conclusivamente, pode-se afirmar que, ao se reconhecer a estrutura 
lexical, argumentativa, discursiva e estilística do texto, juntamente com a 
intenção do autor, a recepção do texto será muito maior e melhor.
Da teoria para a prática
Muitos textos que circulam nas esferas sociais podem auxiliar o leitor 
na compreensão das variedades linguísticas. Tal questão costuma causar 
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Leitura e Escrita na Era Digital
muita polêmica entre a sociedade e os meios de comunicação quando dis-
cutida em escolas ou mesmo abordada nos livros didáticos, o que acaba 
gerando muitos debates. A professora Ângela Paiva Dionísio escreve a esse 
respeito um artigo intitulado “Língua padrão e variedades linguísticas: 
calos na vida do professor de português”, no qual analisa a fala da mídia e 
dos textos dos livros didáticos no trato da variedade linguística. O texto 
é interessante não apenas para conhecimento e aprimoramento docente, 
mas, também, para a sociedade de uma forma geral.
Síntese
No primeiro capítulo, fizemos uma introdução aos conceitos de lin-
guagem, língua e fala. Foram verificadas as diferenças entre língua oral 
e escrita, as funções da linguagem e as variedades linguísticas. Estes são 
conhecimentos fundamentais para a compreensão dos estudos tex tuais, 
sua prática e produção. Portanto, as ideias aqui apresentadas, de uma 
forma ou de outra, permeiam não apenas o ensino da língua, mas também 
o seu uso. 
A linguagem classifica-se como um processo universal, considera-se 
tudo o que o homem faz para manter a comunicação ao longo de sua exis-
tência. Assim, ele preocupa-se em criar e recriar meios de comunicação 
que sirvam de condutores de conhecimento que, ao possibilitar a transmis-
são do pensamento, identifiquem a condição humana. 
A língua é um elemento cultural elaborado pelo homem, com um 
código específico a ser aprendido pelos membros da comunidade. A fala é a 
aplicação que cada sujeito faz com a língua para promover a comunicação. 
Daí nasce a marca de cada sujeito no seu meio: somos iguais, falamos a 
mesma língua, mas somos diferentes, pelo modo de empregá-la. 
As variedades linguísticas auxiliam na compreensão do que é erro e 
do que é diferença, possibilitando a aceitação social dessas diferenças cul-
turais. As funções da linguagem orientam o reconhecimento de suas carac-
terísticas, a intenção do emissor sobre o receptor da mensagem. Depen-
dendo do que eu quero do meu interlocutor farei as escolhas sintáticas, 
morfológicas, lexicais e estilísticas da minha fala ou do meu texto.
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2
Leitura e escrita
Neste capítulo, vamos identificar as relações que os atos 
de ler e escrever possuem. A leitura da qual trataremos é a aquela 
que tem como meta adquirir novos conhecimentos nas diversas 
áreas nas quais se busca aprimoramento. Podemos afirmar que 
é uma leitura diferente da leitura fruitiva de um poema, de um 
romance ou da leitura informativa de um periódico, para se saber 
os acontecimentos do dia ou da semana.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Vamos abordar algumas estruturas textuais de grande utilização no 
meio acadêmico: o resumo, o esquema, a resenha e o fichamento. De modo 
geral, todos eles podem ser classificados como resumos, mas o objetivo de 
cada um pode torná-los diferentes.
Enquanto o resumo procura destacar as ideias essenciais do texto, o 
esquema trabalha somente com as palavras-chave e a resenha é usada para 
apresentar e avaliar um determinado texto. Já o fichamento é um texto decontrole pessoal das leituras realizadas para futuras pesquisas a respeito dos 
conceitos encontrados e produção de novos conhecimentos. 
2.1 Como ler e escrever
O processo de leitura é um dos mais importantes a ser desenvolvido 
com as pessoas e o seu ensino, bem como aprendizagem, exige um grande 
cuidado daqueles que trabalham com ele.
Há vários tipos de leitura. Geraldi (1984) apresenta quatro tipos de 
motivação para esta competência, que são a busca de informações, o estudo 
de um determinado texto, um pretexto para fazer uma atividade indireta 
(ou seja, exercícios de acentuação, análise literária, resumo ou fichamento) e 
a leitura por fruição. Cada um dos tipos exige do leitor posturas diversas na 
condução da própria leitura. Tais posturas devem ser muito bem compre-
endidas para que, ao final, o objetivo da leitura seja alcançado. Para isso, é 
necessário ter à disposição um acervo diverso de textos que contemplem as 
diferentes motivações. 
O desenvolvimento do leitor depende de cinco capacidades cognitivas 
que, segundo Bloom (apud FAULSTICH, 1987), independe da faixa etária 
de quem lê.
1. Compreensão: é a primeira leitura, quando se identifica o tema, a 
tese, busca-se o significado no dicionário para a palavra desconhe-
cida, ou seja, é a decodificação do texto.
2. análise: é quando se busca compreender as ideias contidas em 
cada segmento do texto, percebendo que o todo é composto de 
partes que se relacionam entre si: os parágrafos nos textos, os capí-
tulos nos livros.
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Leitura e escrita
3. Síntese: é quando somos capazes de reconstituir o todo decom-
posto anteriormente atendo-nos às ideias essenciais, do ponto de 
vista do original, nem nos importando com a sequência oferecida 
pelo autor do texto.
4. avaliação: é a capacidade de emitir um juízo de valor a respeito do 
que o autor veicula no texto.
5. Aplicação: é o momento mais importante do ato de ler, pois, se 
há compreensão, há assimilação e, portanto, as ideias, os concei-
tos poderão ser aplicados em situações semelhantes, ou para criar 
novas ideias.
Estas capacidades fazem com que o leitor, ao ler, examine cuidadosa-
mente o real significado de cada palavra naquele contexto, encontre cada uma 
das partes constitutivas do texto, observe as diversas escolhas lexicais, estrutu-
rais, argumentativas e estilísticas feitas pelo autor que tramou a teia do texto.
Com essa caminhada, ao ler, já se está fazendo o esboço do que será 
escrito a respeito do texto. Pode-se dizer que, no momento da síntese, da iden-
tificação das ideias essenciais do autor, constrói-se o resumo, no momento da 
avaliação do que se leu, constrói-se a resenha e no momento da aplicação, 
quando se vai utilizar as ideias assimiladas por meio da leitura constrói-se o 
ensaio, o artigo, a palestra, etc. Deste modo, dependendo do objetivo que a 
leitura tem para o leitor, ele pode projetar a construção de um determinado 
gênero textual.
Há, portanto, uma relação estreita entre leitura e produção, desde que 
se conheça a estrutura de cada um dos textos que se irá escrever. 
2.2 Produção de texto como 
resultado de leitura
2.2.1 Resumo
O resumo é um tipo de texto que consiste na redução fiel de outro texto, 
mantendo suas ideias principais sem repetir os comentários, julgamentos e 
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Leitura e Escrita na Era Digital
exemplos. A característica principal do resumo é não permitir o acréscimo 
de novas ideias e avaliações a respeito do tema que está sendo lido. Logo, ao 
condensar um texto, o leitor deve se ater às questões essenciais, apresentá-las 
na mesma progressão em que aparecem no original e manter a correlação 
entre cada uma das partes.
Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (BECHARA, 2008), 
há muitos sinônimos para a palavra “resumo”, tais como: compêndio, epí-
tome, resenha, esquema, sinopse, sumário, síntese. Apesar da semelhança no 
quesito de condensamento, a estrutura de cada um é diferente.
Os mais utilizados no meio acadêmico são o resumo, o esquema, a 
resenha e o fichamento, com intuito de assimilar informações e dominar 
um instrumental teórico-metodológico para realizar as práticas de trabalho 
intelectual, com o objetivo da produção de conhecimentos. Todos os qua-
tro tipos de textos procuram sintetizar, para registrar de uma forma concisa, 
coerente e objetiva, o conhecimento adquirido pela leitura.
Como, então, fazer um resumo? 
Inicia-se com a leitura atenta do texto, podendo-se usar como ajuda 
a técnica de sublinhar as ideias essenciais e a técnica de esquematizar as 
palavras-chave. Autores como Salomon (1999), Lakatos e Marconi (1991), 
entre outros, sugerem alguns procedimentos para a atividade de sublinhar.
A técnica de sublinhar consiste em: 
� primeiramente, ler todo o texto; 
� a seguir, é necessário esclarecer dúvidas de vocabulário; 
� na sequência, reler o texto identificando as ideias principais e 
sublinhando-as; 
� por fim, ler o que foi sublinhado, verificando se há sentido e, 
então, reconstruir o texto, que se transformará no resumo, como 
veremos no box a seguir. Porém, antes disso, é importante ressal-
tar que, utilizando essa técnica, iremos construir um novo texto, 
e não efetuar a cópia de pedaços do texto original. O resumo é 
um texto com começo, meio e fim que transmite as ideias prin-
cipais do texto lido. 
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Leitura e escrita
Observe o exemplo de como sublinhar.
Quatro funções básicas têm sido convencionalmente atri-
buídas aos meios de comunicação de massa: informar, divertir, 
persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notí-
cias, relatos, comentários etc. sobre a realidade, acompanhada, ou 
não de interpretações ou explicações. A segunda função atende 
à procura da distração, de evasão, de divertimento, por parte do 
público. Uma terceira função é persuadir o indivíduo – conven-
cê-lo a adquirir certo produto, a votar em certo candidato, a se 
comportar de acordo com os desejos do anunciante. A quarta 
função – ensinar – é realizada de modo direto ou indireto, inten-
cional ou não, por meio de material que contribui para a forma-
ção do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos, 
planos, destrezas, etc.
ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico: 
elaboração de trabalho na graduação. São Paulo: Atlas, 1997. p. 38.
Após sublinhar, pode-se produzir o esquema que, além de resumir 
o texto com palavras-chave, possibilita conduzir uma palestra ou uma 
aula. É a espinha dorsal do texto. Se você é leitor, desconstrói o texto para 
encontrar esta espinha dorsal; se você é o autor, ela é o ponto de partida 
para produzi-lo.
Quatro funções básicas dos meios de comunicação de massa: 
1. Informar – transmite a realidade. 
2. divertir – diverte o público. 
3. Persuadir – convence o receptor a se comportar conforme os 
desejos do locutor. 
4. Ensinar – forma o indivíduo.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Após sublinhar e produzir o esquema, é possível resumir o texto em 
formato discursivo, mantendo as ideias principais do autor, como vemos no 
modelo a seguir. 
As funções básicas dos meios de comunicação de massa são qua-
tro. Informar, que fala sobre a propagação de notícias. Divertir, que 
diz respeito à diversão das pessoas. Persuadir, que comenta sobre o 
convencimento do interlocutor. Ensinar, que contribui para a forma-
ção do indivíduo e amplia conhecimentos.
De modo geral, costuma-se afirmar que um resumo deve se aproximar 
de um terço do texto original. 
2.2.2 Resenha crítica
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT,1990), a resenha crítica é o mesmo que o resumo crítico. Andrade (1997) 
define a resenha como 
[...] um tipo de resumo crítico mais abrangente, que permite 
comentários e opiniões; um tipo de trabalho mais completo 
que exige conhecimento do assunto, para estabelecer com-
paração com outras obras na mesma área e maturidade 
intelectual para fazer avaliação e emitir juízos de valor 
(ANDRADE, 1997, p. 61-67).
A resenha é um texto no qual leitor e autor têm objetivos que se aproxi-
mam: um busca e o outro fornece uma opinião crítica sobre um livro, filme, 
peça teatral, enfim, todas as produções humanas.
Portanto, o resenhista apresenta, descreve e avalia uma obra a partir 
de um ponto de vista que possui a respeito do assunto analisado, devendo 
ser amplo e consistente. Na apresentação, identifica a obra em seus aspec-
tos de referência bibliográfica e sintetiza o assunto. Na descrição, faz o 
resumo das ideais essenciais da obra. Por fim, na avaliação, o resenhista 
destaca a contribuição do autor e da obra para produção de novos conhe-
cimentos na área em questão, caso seja de cunho científico, e a qualidade 
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Leitura e escrita
da escrita no que diz respeito à clareza na apresentação das ideias (ou a 
riqueza estilística, caso seja literária. Além disso, o resenhista pode con-
frontar a obra resenhada com outras obras do mesmo tema para estabele-
cer comparações.
A estrutura da resenha, conforme sugerem Lakatos e Marconi (1991, 
p. 245-246), apresenta-se assim:
� referências – autor(es); título da obra; edição; local; editora e data 
de publicação; número de páginas; preço;
� credenciais do autor – informações gerais sobre o autor e sua qua-
lificação acadêmica, profissional ou especialização; títulos e cargos 
exercidos; obras publicadas;
� resumo da obra – resumo das ideias principais, descrição breve do 
conteúdo dos capítulos ou partes da obra. Pensar: de que trata a 
obra? O que diz? Qual sua característica principal? O autor apre-
senta ou não conclusão? 
� crítica do resenhista – como se situa o autor da obra em relação 
às escolas ou correntes científicas ou filosóficas e em relação ao 
contexto social, econômico, político, histórico, etc.? Quanto ao 
mérito da obra: qual a contribuição dada? As ideias são origi-
nais, criativas? As abordagens do conhecimento são inovadoras? 
Quanto ao estilo: é conciso, objetivo, claro, coerente, preciso? 
A linguagem é correta? Quanto à forma: é lógica, sistemati-
zada? Utiliza recursos explicativos para elucidar o conteúdo? 
Quanto a quem se destina a obra: grande público, especialistas, 
 estudantes?
Evidentemente que, na avaliação de alguma obra, talvez não seja possí-
vel responder a todas essas questões. Elas servem como um roteiro para você 
construir o seu parágrafo de avaliação da resenha.
Costuma-se dar um título à resenha, caso seja exigido. Também no pró-
prio título pode vir uma expressão que já denote a avaliação e que tenha 
uma estreita relação com algum atributo mais destacado da obra, segundo 
o resenhista.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Observemos os exemplos a seguir.
Modelo de Resenha 1
[...] este é um conto que aborda um tema oculto da alma de todo 
ser humano: a crueldade. Machado de Assis cria um cenário onde 
o recém-formado médico Garcia conhece o espirituoso Fortunato, 
dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes e feridos, apesar de 
ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa.
Através de uma linguagem bastante acessível, que não encon-
tramos em muitas obras de Assis (*1), o texto mescla momentos de 
narração – que é feita em terceira pessoa – com momentos de diálo-
gos diretos, que dão maior realidade à história.
Uma característica marcante é a tensão permanente que 
ambienta cada episódio (*2). Desde as primeiras vezes em que 
Garcia vê Fortunato – na Santa Casa, no teatro e quando o segue na 
volta para casa, no mesmo dia – percebemos o ar de mistério que o 
envolve. 
Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso 
do ferido que Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exa-
tamente por causa de seu estranho comportamento, velando por dias 
um pobre coitado que sequer conhece. 
A história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se ami-
gos, a apresentação de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com 
a abertura de uma casa de saúde em sociedade.
O clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram 
Fortunato torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata 
com uma tesoura e levando-lhe ao fogo, sem deixar que morresse. É 
assim que se percebe a causa secreta dos atos daquele homem: o sofri-
mento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando sua esposa 
morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver 
daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia até mesmo seu 
próprio sofrimento.
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Leitura e escrita
É possível afirmar que este conto é um expoente máximo da téc-
nica de Machado de Assis, deixando o leitor impressionado com um 
desfecho inesperado, mas que demonstra – de forma exponencial, é 
verdade – a natureza cruel do ser humano. É uma obra excelente para 
os que gostam dos textos de Assis, mas acham cansativa a linguagem 
rebuscada usada em alguns deles (*3). [...]
GAZOLA, A. A. Resenha. Disponível em: <http://www.lendo.org/ 
wp-content/uploads/2007/06/a-causa-secreta-resenha.pdf>. 
Acesso em: 22 nov. 2012.
No exemplo, o autor da resenha colocou críticas em três momentos 
de sua análise (*1,*2 e *3, identificados em negrito). Ele não se estende na 
apresentação de Machado de Assis, com base na suposição de que o autor é 
conhecido por todos os leitores da resenha.
Modelo de Resenha 2
Resenha de Maria Auxiliadora Versiani Cunha, 
citada por Eduardo Kenedy.
*1 (Apresentação) 
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
Psicanalista, fundador da Escola Ortogência de Chicago, 
onde há mais de trinta anos lida com crianças perturbadas men-
talmente, Bruno Bettelheim revela em “A psicanálise dos contos 
de fadas” os significados profundos das tramas e personagens das 
histórias infantis. Mostra como esses significados vão agir direta-
mente sobre o inconsciente e pré-consciente da criança normal, 
levando-a pouco a pouco a resolver seus conflitos.
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Leitura e Escrita na Era Digital
*2 (Resumo da obra)
Tais conflitos são universais, constituídos pelos dilemas eternos 
que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional: a 
conquista da independência em relação aos pais, a rivalidade fraterna, 
a construção da identidade e da afirmação e a relação heterossexual 
adulta. A dicotomização dos personagens em bons e maus, em boni-
tos e feios, facilita à criança a apreensão desses traços. Ela é levada a se 
identificar com o herói bom; não por sua bondade, mas por ser ele a 
própria personificação de sua problemática infantil.
Inspirada pelo herói, a criança vai ser conduzida a resolver sua 
própria situação, sobrepondo-se ao medo que a inibe e enfrentando 
os perigos e ameaças até alcançar o equilíbrio adulto. Assim, o efeito 
terapêutico dos contos de fadas está em provocar a mobilização das 
ansiedades básicas da criança, tais como o medo de abandono, o de 
crescer, o de se lançar sozinha no mundo etc., para depois conduzi-la 
à resolução dessas mesmas ansiedades. Bettelheim faz cuidadosa sele-
ção de contos clássicos, tratando-os na ordem aproximada do apare-
cimento na criança dos conflitos neles implícitos.
Dessa maneira, a luta do princípio de realidade contra o princípio 
de prazer é vista em “Ostrês porquinhos”. O problema da rivalidade 
entre irmãos, em “Cinderela”. O medo de ser abandonado, em “João e 
Maria”. A resolução do complexo de Édipo, em “Branca de Neve”, em 
“a Bela e a Fera” e em “João e o pé de feijão”. 
Tais conflitos, afirma o autor, concernem unicamente o mundo 
interno (ou psicológico) da criança. Não obstante, é apresentado ao 
leitor como, ao ajudar uma criança a resolver esses problemas, os con-
tos reforçam sua personalidade, proporcionando maior capacidade de 
adaptação ao mundo exterior.
Enquanto as histórias da moderna literatura infantil procu-
ram pintar a vida, ou “cor-de-rosa”, ou exageradamente “tecnológica”, 
 Bettelheim demonstra como a mensagem dos contos de fadas é radi-
calmente outra, ensinando que, na vida real, é inevitável estar sempre 
preparado para enfrentar dificuldades graves. Portanto, a criança é 
levada a encontrar no conto a coragem e o otimismo necessários a 
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Leitura e escrita
atravessar e a vencer as numerosas crises de crescimento. A criança 
chega à compreensão de que as histórias, embora irreais, não são falsas: 
ocorrem não no plano do real, mas no plano das experiências inter-
nas de desenvolvimento pessoal. O autor ressalta que a finalidade dos 
contos é de não deixar dúvidas quanto à necessidade de se suportar a 
dor e de se correr riscos para se adquirir a própria identidade.
Os contos sugerem que, apesar de todas as ansiedades que acom-
panham tal processo, a criança pode ficar esperançosa quanto a um 
final feliz.
*3 (Avaliação)
O grande interesse, a maior importância e a profunda origina-
lidade do tema são enriquecidos pela análise detalhada e sistemática 
que Bettelheim faz do material dos contos, revelando segura compre-
ensão psicanalítica e clareza didática de suas conclusões. A psicanálise 
dos contos de fadas é um excelente trabalho sobre a mente humana e 
as intrincações de seu desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, Bruno Bettelheim é lido por leigos e por espe-
cialistas e sua obra conta com ampla divulgação entre os estudiosos do 
comportamento humano. No Brasil, não só os profissionais, como tam-
bém pais e educadores podem ficar satisfeitos por terem acesso a este 
trabalho que virá, sem dúvida, constituir um marco no acervo de obras 
que esclarecem a todos os que têm a difícil tarefa de orientar a infância.
Atualmente, quando tanto se fala em reformulação e renova-
ção da literatura infantojuvenil, o livro de Bruno Bettelheim se faz 
indispensável no estabelecimento de um critério de avaliação do que 
seja realmente literatura infantojuvenil, não mero e malsão aprovei-
tamento de uma “onda”.
*4 (Credenciais do autor da resenha)
Maria Auxiliadora Versiani Cunha. Psicóloga clínica no Rio de Janeiro.
Autora do livro Didática fundamentada na teoria de Piaget (Rio de 
Janeiro, Forense-Universitária, 1976).
KENEDY, E. Resumo e resenha. Disponível em: <http://xa.yimg.com/
kq/groups/24179228/1848767481/name/Resumo+e+resenha.pdf>. 
Acesso em: 31 jul. 2012.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Nessa resenha, a autora, no item 1, apresentou o autor e a obra. 
No item 2, a descreveu resumidamente; no item 3, a avaliou e, no item 4, 
forneceu as credenciais.
2.2.3 Fichamento
O fichamento é o ato de registrar os estudos de um livro e/ou um texto. 
O trabalho de fichamento possibilita ao estudante, além da facilidade na exe-
cução dos trabalhos acadêmicos, a assimilação do conhecimento. De acordo 
com diversos autores, o fichamento deve apresentar a seguinte estrutura: 
cabeçalho indicando o assunto, a referência completa da obra, isto é, a auto-
ria, o título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação. Existem 
três tipos básicos de fichamento: o fichamento bibliográfico, o fichamento 
temático e o fichamento textual. 
O fichamento bibliográfico, como o próprio nome esclarece, caracte-
riza-se como o resumo, resenha ou comentário no qual o autor registra a 
ideia tratada no livro. É fundamental a referência completa da obra. Usa-se, 
também, para coletânea de artigos ou capítulos de livros, preferencialmente 
agrupando-se por área.
ANDRADE, M. M. de.; MEDEIROS, J. B. Comunicação em língua 
portuguesa: para os cursos de jornalismo, propaganda e letras. 2. ed. 
São Paulo: Atlas, 2000. 
Esta obra tem como preocupação geral apresentar a estrutura 
da língua portuguesa e oferecer noções de produção textual, especial-
mente voltados para os cursos superiores de jornalismo, publicidade 
e propaganda e letras.
O fichamento temático tem como meta transcrever trechos literais 
da obra lida, podendo acrescentar algumas considerações do leitor. Prefe-
rencialmente, deve-se colocar o título e subtítulos conforme a obra origi-
nal. As citações literais devem vir entre aspas e o número da página entre 
parênteses.
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Leitura e escrita
Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30-132). 
 Segundo capítulo. 
TELES, M. A. de A. Breve história do feminismo no Brasil. São 
Paulo: Brasiliense, 1993.
1. “uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta 
defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como a 
educação e a emancipação da mulher e a instauração da Repú-
blica.” (p. 30). 
2. “na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem 
absolvidos sob a defesa de honra.” (p. 132). 
3. “a mulher buscou com todas as forças sua conquista no mundo 
totalmente masculino.” (p. 43). 
O fichamento textual capta a estrutura do texto, percorrendo a sequên-
cia do pensamento do autor e destacando: ideias principais e secundárias; 
argumentos, justificações, exemplos, fatos, etc., ligados às ideias principais. 
Traz, de forma racionalmente visualizável – em itens e, de preferência, 
incluindo esquemas, diagramas ou quadro sinóptico –, uma espécie de “radio-
grafia” do texto. A seguir, apresentamos uma ficha de leitura que trabalha os 
conceitos de signo e imagem, para exemplificação, retirada da obra Como se 
faz uma tese, de Umberto Eco (2002), na qual você encontrará exemplos dos 
tipos de fichamento que estamos verificando.
Ficha de leitura
T. Simb
MARITAIN, Jacques. 
Revue Thomiste, abril 1938, p. 299. 
Na expectativa de uma pesquisa profunda sobre o tema 
(da Idade Média até hoje), propõe-se chegar a uma teoria filosófica do 
signo e a reflexões sobre o signo mágico.
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Leitura e Escrita na Era Digital
[insuportável como sempre: modernizar sem fazer filologia; não 
se refere, por exemplo, a São Tomás, mas a João de São Tomás!].
Desenvolve a teoria deste último (ver minha ficha): “Signum est 
id quod repraesentat aliud a se potentiae cognoscenti”. (Lóg II, p. 21, I).
Mas o signo não é sempre imagem e vice-versa (o filho é a ima-
gem e não signo do Pai, o grito é o signo e não imagem da dor). 
Diz então Maritain que o símbolo é um signo-imagem: “quelque 
chose de sensible signifiant un objet em raison d`une rélation 
 presupposée d´analogie” (303). 
Isto me deu a ideia de consultar ST. De ver. VIII, 5.
ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2002. 
Grifos do autor.
Portanto, a leitura consciente seletiva e informativa é fundamental para 
a pesquisa e produção textual. Como o universo acadêmico trabalha com o 
registro, é preciso aliar a leitura e a escrita. É importante ressaltar que a con-
dição de produzir resumos deve ocorrer desde muito cedo na vida do estu-
dante, tal o seu papel de destaque para incorporar os conceitos estudados.
Da teoria para a prática 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os alunos 
devem ler autonomamente diferentes textos dos diversos gêneros,desde os 
anos iniciais, sabendo identificar aqueles que respondem às suas necessida-
des imediatas, e selecionar estratégias adequadas para abordá-los (BRASIL, 
1997). É importante, ainda, compreender o sentido nas mensagens orais e 
escritas de que é destinatário direto ou indireto, desenvolvendo sensibilidade 
para reconhecer a intencionalidade implícita, especialmente nas mensagens 
veiculadas pelos meios de comunicação. 
Esses objetivos atingidos resultarão no desenvolvimento das capacida-
des leitoras dos alunos, que são avaliadas nos diferentes sistemas de avaliação 
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Leitura e escrita
do ensino fundamental, como Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 
Prova Brasil, Provinha Brasil e, também, no ensino superior, com o Exame 
Nacional de Educação Superior (Enade). A seguir, são apresentadas algumas 
questões destes exames para que se possa entender melhor o novo formato 
de avaliação pela leitura e compreensão dos gêneros.
1. Prova Enade de Administração – 2009
Questão 4
Leia o trecho: 
O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste 
novo milênio, como uma das principais novidades na arena política e 
no cenário da sociedade civil, dada a sua forma de articulação/atua-
ção em redes com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gra-
mática no repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo 
novamente as lutas sociais para o palco da cena pública, e a política 
para a dimensão, tanto na forma de operar, nas ruas, como no con-
 teúdo do debate que trouxe à tona: o modo de vida capitalista oci-
dental moderno e seus efeitos destrutivos sobre a natureza (humana, 
animal e vegetal) (GOHN, 2003). 
É incorreto afirmar que o movimento antiglobalização referido 
nesse trecho 
a) cria uma rede de resistência, expressa em atos de desobe-
diência civil e propostas alternativas à forma atual da glo-
balização, considerada como o principal fator da exclusão 
social existente. 
b) defende um outro tipo de globalização, baseado na solida-
riedade e no respeito às culturas, voltado para um novo tipo 
de modelo civilizatório, com desenvolvimento econômico, 
mas também com justiça e igualdade social. 
c) é composto por atores sociais tradicionais, veteranos nas 
lutas políticas, acostumados com o repertório de protes-
tos políticos, envolvendo, especialmente, os trabalhado-
res sindicalizados e suas respectivas centrais sindicais.
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Leitura e Escrita na Era Digital
d) recusa as imposições de um mercado global, uno, voraz, 
além de contestar os valores impulsionadores da sociedade 
capitalista, alicerçada no lucro e no consumo de mercado-
rias supérfluas. 
e) utiliza-se de mídias, tradicionais e novas, de modo relevante 
para suas ações com o propósito de dar visibilidade e legi-
timidade mundiais ao divulgar a variedade de movimentos 
de sua agenda.
ENADE 2009 – prova de Administração. Disponível em: <http:// 
public.inep.gov.br/enade2009/ADMINISTRACAO.pdf>. 
Acesso em: 24 out. 2012.
2. Prova Enade de Letras – 2011
Questão 3 – formação geral
A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima embora dis-
tante do projeto progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela 
valoriza a participação das em comunidades de debate e argumenta-
ção. Na linha reta das morais da igualdade, ela incentiva uma forma 
de reciprocidade essencial nas relações humanas. Desenvolveu-se a 
partir de uma prática assídua de trocas de informações e conhecimen-
tos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor 
do progresso. (...) A cibercultura não seria pós-moderna, mas estaria 
inserida perfeitamente na continuidade dos ideais revolucionários 
e republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade. A diferença é 
apenas que, na cibercultura, esses “valores” se encarnam em disposi-
tivos técnicos concretos. Na era das mídias eletrônicas, a igualdade 
se concretiza na possibilidade de cada um transmitir a todos; a liber-
dade toma forma nos softwares de codificação e no acesso a múltiplas
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Leitura e escrita
comunidades virtuais, atravessando fronteiras, enquanto a fraterni-
dade finalmente, se traduzem interconexão mundial.
LEVY, P. Revolução virtual. Folha de S. Paulo. Caderno Mais, 
16 ago. 1998, p. 3 (adaptado).
O desenvolvimento de redes de relacionamento por meio de 
computadores e a expansão da Internet abriram novas perspectivas 
para a cultura, a comunicação e a educação.
De acordo com as ideias do texto acima, a cibercultura:
a) representa uma modalidade de cultura pós-moderna de 
liberdade de comunicação e ação.
b) constituiu negação dos valores progressistas defendidos 
pelos filósofos do Iluminismo.
c) banalizou a ciência ao disseminar o conhecimento nas redes 
sociais.
d) valorizou o isolamento dos indivíduos pela produção de 
 softwares de codificação.
e) incorpora valores do Iluminismo ao favorecer o compar-
tilhamento de informações e conhecimentos. 
ENADE 2011 – prova de Letras. Disponível em: <http://download.uol.
com.br/educacao/Enade2011/ENADE_2011_PROVA1_LETRAS.pdf>. 
Acesso em: 24 out. 2012.
Questão 20 – específica
De ordinário, quando se diz que certo termo deve concordar 
com outro, tem-se em vista a forma gramatical do termo de refe-
rência. Dúzia, povo, embora exprimam pluralidade e multidão de 
seres, consideram-se, por causa da forma, como nomes no singular. 
Há, contudo, condições em que se despreza o critério da forma e,
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Leitura e Escrita na Era Digital
atendendo apenas à ideia representada pela palavra, se faz a concor-
dância com aquilo que se tem em mente.
Consiste a sínese em fazer a concordância de uma palavra não 
diretamente com outra palavra, mas com a ideia que esta última 
sugere.
SAID ALI, M. Gramática histórica da língua portuguesa. 7. ed. 
Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1971 (com adaptações).
A definição extraída de Said Ali, reproduzida acima, apresenta 
uma figura de sintaxe, a sínese, identificada, na maioria das vezes, em 
variantes mais populares da língua.
Assinale a opção que apresenta um exemplo desse tipo de fenô-
meno sintático.
a) A maioria dos porcos ainda estava sendo recolhidos naquela 
hora.
b) Ao pobre homem mesquinho, basta-lhe um burrico e uma 
cangalha.
c) Chegaram o pai, a irmã e o cunhado com uma pressa que 
assustava.
d) Pretendia implantar um monopólio de café e tabaco na 
região.
e) No fundo, a multidão se consolava. Para isso, pensavam 
em nós mesmos.
3. Prova Enade de Pedagogia – 2011
Questão 2 – Formação geral
Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas 
camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da 
informação e da extensão das redes digitais. O problema da exclusão 
digital se apresenta como um dos maiores desafios dos dias de hoje, 
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Leitura e escrita
com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos 
da sociedade contemporânea.
Nessa nova sociedade, o conhecimento é essencial para aumen-
tar a produtividade e a competição global. É fundamental para a 
invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias 
de informação e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a 
construção e aplicação do conhecimento nos setores públicos e priva-
dos. É nesse contexto que se aplica o termo exclusão digital, referente 
à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos por essas novas 
tecnologias, por motivos sociais, econômicos, políticos ou culturais.
Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir:I. Um mapeamento da exclusão digital no Brasil permite aos 
gestores de políticas públicas escolher o público alvo de pos-
síveis ações de inclusão digital.
II. O uso das TICs pode cumprir um papel social, ao prover 
informações àqueles que tiveram esse direito negado ou 
negligenciado e, portanto, permitir maiores graus de mobi-
lidade social e econômica.
III. O direito à informação diferencia-se dos direitos sociais, 
uma vez que estes estão focados nas relações entre os indi-
víduos e, aquele, na relação entre o indivíduo e o conheci-
mento.
IV. O maior problema de acesso digital no Brasil está na defi-
citária tecnologia existente em território nacional, muito 
aquém da disponível na maior parte dos países do primeiro 
mundo.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II
b) II e IV
c) III e IV
d) I, II e III
e) I, III e IV
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Leitura e Escrita na Era Digital
Com esses exemplos, fica evidente a necessidade do ensino para o 
entendimento da estrutura formal e, ainda, dos objetivos de cada um dos 
diferentes gêneros. 
Síntese
Neste capítulo, discutimos a relação dos procedimentos de leitura e 
escrita. Chegamos à conclusão de que as duas são interdependentes, ou seja, 
uma boa leitura necessita de boas anotações escritas para auxiliar no domí-
nio do conhecimento que se busca. 
Foram trabalhados quatro tipos de estruturas textuais de grande utili-
zação no meio acadêmico: o resumo, o esquema, a resenha e o fichamento. 
De modo geral, todos podem ser classificados como resumos, cada um pos-
suindo seus próprios objetivos. Enquanto o resumo tem como meta desta-
car todas as ideias essenciais do texto, o esquema destaca somente as pala-
vras-chave e a resenha é usada para apresentar e avaliar um determinado 
texto. Já o fichamento é um texto de controle pessoal das leituras realizadas 
para futuras pesquisas a respeito dos conceitos encontrados e para produção 
de novos conhecimentos. 
Em determinados momentos, é possível produzir um fichamento com-
pleto, no qual o leitor fará um resumo das ideias essenciais, colocará algu-
mas citações diretas e, ainda, deverá fazer uma análise pessoal dos conteúdos 
estudados, no estilo de resenha. 
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3
Construção do texto
Neste capítulo, vamos desvendar os mistérios da cons-
trução do texto. Como vimos no capítulo 1, tudo começa com a 
escolha da palavra certa para o contexto certo. Constrói-se, então, 
os parágrafos que, uns após os outros, bem costurados pelos ele-
mentos coesivos, tecem esta teia de significados que queremos 
transmitir no diálogo com o leitor, que se chama texto.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Para produzir um bom parágrafo, temos que conhecer a sua estrutura, 
compreender a noção de introdução, desenvolvimento e conclusão. Além 
disso, é bom diversificar a produção dos parágrafos, utilizando várias estraté-
gias para desenvolvimento do texto. 
3.1 Conceito de parágrafo
O parágrafo é uma unidade que transmite uma ideia e tem como inten-
ção atingir um objetivo. São consideradas qualidades suas a unidade, a coe-
rência e a ênfase. Othon M. Garcia define o parágrafo padrão como “uma 
unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que 
se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, 
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decor-
rentes dela” (GARCIA, 2010, p. 203).
A unidade está relacionada com a questão de apresentar apenas uma 
ideia central em torno da qual gravitam as ideias secundárias. A coerência 
consiste na transposição de um parágrafo para outro, na ordenação das ideias 
de maneira lógica. A ênfase tem como característica a escolha das palavras 
adequadas, o tamanho dos períodos e a combinação de todos os elementos 
para que se consiga produzir um texto fluido, com beleza e força.
Para Garcia, o parágrafo-padrão é composto por três partes, a 
introdução, com um ou dois períodos curtos iniciais na qual se apre-
senta de forma sucinta a ideia-núcleo, também chamada de tópico fra-
sal; o desenvolvimento, no qual se faz a explicação, ou argumentação 
da ideia-núcleo e a conclusão, que fecha o parágrafo ou remete ao pró-
ximo para acrescentar novas ideias. Deste modo, cada unidade tem a 
mesma estrutura do texto. Ou seja, “o princípio que orienta a formação 
de um parágrafo é o mesmo que orienta um texto com vários parágra-
fos: há sempre necessidade de introdução, desenvolvimento e conclusão” 
(MEDEIROS, 1988, p. 145).
Um procedimento que auxilia a conduzir bem a produção textual é 
estabelecer o objetivo de cada parágrafo. Para tal, deve-se perguntar qual é a 
finalidade do texto, aonde se quer chegar e a quem se escreve.
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Construção do texto
O tópico frasal orienta o desenvolvimento do parágrafo de introdução e 
faz com que o autor mantenha-se coerente e não fuja do objetivo estabelecido.
O parágrafo pode variar muito de texto para texto, segundo as intenções 
do autor. Os manuais de redação de jornais costumam recomendar tamanho 
limite para os parágrafos. Contudo, de maneira alguma ele deve representar 
uma “camisa de força” para a produção do texto.
Na verdade, é na divisão do assunto que se afigura o tamanho do pará-
grafo, se há muito ou pouco a dizer em torno da ideia nele desenvolvida. 
Depende, também, do gênero produzido, se é uma narração, cujo núcleo é 
um incidente; uma descrição, que apresenta fragmentos de paisagem, pes-
soas, ou ambiente em um determinado instante; ou uma dissertação, que 
apresenta e discute ideias.
Segundo Geraldi (2003, p. 137), para produzir um texto é necessário ter 
em mente algumas posturas, ou seja: 
a) o que dizer;
b) uma razão para dizer o que se tem a dizer;
c) para quem dizer o que se tem a dizer;
d) o locutor que se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que 
diz para quem diz;
e) escolha de estratégias para realizar.
É apenas nesta circunstância, de efetiva interação, que o autor pode se 
tornar um sujeito do que expressa.
3.2 Formas de desenvolvimento do parágrafo
Há inúmeras formas de se iniciar e, em seguida, desenvolver os parágra-
fos. O parágrafo intitulado de tópico frasal deve apenas apontar a questão a 
ser desenvolvida, logo, deve ser sintética para que, nos parágrafos seguintes, 
seja possível discutir amplamente o tema a ser trabalhado. Um parágrafo deve 
retomar o outro e acrescentar uma nova ideia, ou reapresentá-la com novas 
colocações, o que os torna interdependentes. Já o parágrafo final deve retomar 
o inicial, apresentando soluções e reafirmando a sua linha de discussão.
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Leitura e Escrita na Era Digital
O modelo de parágrafo convincente, proposto por Stefhen Toulmin 
(2006), na obra Os usos do argumento, é aquele que apresenta três elementos 
essenciais, a saber: a afirmação, a informação e a garantia. É possível usar 
estes elementos de várias maneiras na construção do parágrafo. No entanto, 
a afirmação apresenta a ideia principal, a informação contém os dados que 
suportam a afirmação e a garantia é a ligação entre os dois elementos ante-
riores, reforçando a importância da informação para defender a afirmação.
No parágrafo a seguir encontram-se os três elementos:
“Totó certamente pensa que estamos loucos porque paramos o carro 
em pleno campo. Corre e late agitadamente como se perguntasse se 
há algo de errado” (SERAFINI, 1991, p. 57).
Identificamos a afirmação na frase: “Totó certamente pensa que esta-
mos loucos”; para ser compreendida, ela precisa da informação: “corre e late 
agitadamente”, que será reforçada pelagarantia: “como se perguntasse se há 
algo errado”.
Neste outro exemplo podemos perceber que a garantia não está explí-
cita como no primeiro, mas é facilmente subentendida pelo leitor.
“Artur está nervoso: sua e ri sem parar” (SERAFINI, 1991, p. 57).
 2 Afirmação: “Artur está nervoso.”
 2 Informação: “sua e ri sem parar.”
 2 Garantia: subentende-se que estas são características que 
expressam seu nervosismo.
Possuindo consciência destes elementos podemos, então, usar as várias 
formas de desenvolvimento de um parágrafo. Entre elas, destacam-se as 
seguintes: por tempo e espaço; enumeração de pormenores ou fatos; contraste 
de ideias; razões, causas e consequências; explicitação; analogias, comparação 
e metáforas; resposta a uma interrogação; citações diretas ou indiretas.
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Construção do texto
Leia o texto a seguir para identificar os diferentes tipos de desenvolvi-
mento de parágrafos.
Homo connectus
Uma charge em recente número da revista The New Yorker mos-
trava uma animada mulher, ao telefone, convidando os amigos para 
uma festinha em sua casa. “Vai ser daquelas reuniões com todo mundo 
olhando para seu iPhone”, ela diz.
O leitor captou? A leitora achou graça? Cartunistas são mais 
rápidos do que antropólogos e mais diretos do que romancistas. 
Captam o fenômeno quase no momento mesmo em que vem à luz.
O fenômeno em questão é o poder magnético dos iPhones, 
 BlackBerries e similares. O ato de compra desses aparelhinhos é um 
contrato que vincula mais que casamento. As pessoas se obrigam a 
partilhar a vida com eles.
Na charge da New Yorker, a mulher estava convidando para uma 
festa em que, ela sabia – e até se entusiasmava com isso –, as pessoas 
ficariam olhando para seus iPhones ainda mais do que umas para as 
outras. É assim, desde a sensacional erupção dos tais aparelhinhos, e 
não só nas ocasiões sociais.
Até nas sessões do Supremo
O mesmo ocorre nas reuniões de trabalho. Chegam os partici-
pantes e cada um já vai depositando à mesa o respectivo smartphone 
(o nome do gênero a que pertencem as espécies). Dali para frente será 
um olho lá e outro cá, um na reunião e outro na telinha. Não dá para 
desgarrar dela. De repente pode chegar uma mensagem, aparecer uma 
notícia importante, surgir a necessidade de uma consulta no Google.
O que vale para reuniões sociais e de trabalho vale também 
para as sessões do Supremo Tribunal Federal. Quem assistiu pela TV 
 Justiça, na semana passada, ao início do julgamento das competências 
do Conselho Nacional de Justiça, assistiu a uma cena exemplar.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Falava o representante da Associação dos Magistrados Bra-
sileiros. A TV Justiça, com seu apego pela câmera parada, modelo 
 Jean-Luc Godard, enquadrava o orador e, atrás dele, quatro cadeiras 
da primeira fila da assistência. 
Três delas estavam ocupadas, a primeira por uma moça que, coi-
tada, não conseguia se livrar de um ataque de espirros, e as outras duas 
por cavalheiros cujo tormento, igualmente compulsivo, era não conseguir 
se livrar dos smartphones. (Se o leitor ainda não se deu conta, o melhor, na 
TV Justiça ou na TV Câmara, é observar o que se passa ao fundo.)
Os dois cavalheiros apresentavam reações características 
do  Homo connectus. Um olho lá, outro cá. De vez em quando, um 
deles guardava o telefoninho no bolso. Será que agora vai sossegar? 
Não; minutos depois, sacava-o de novo. E se chega uma mensagem? 
Uma notícia?
Às vezes o smartphone exigia mais que um simples olhar. Reque-
ria o afago dos dedos, naquele gesto que antes servia para espanar uma 
sujeirinha na roupa, e hoje é o modo de conversar com a telinha.
Quando o representante da Associação dos Magistrados termi-
nou o discurso, veio ocupar a cadeira que estava vazia. Agora era sua 
vez! Sacou o smartphone e, olho lá e olho cá, ele o põe no bolso, tira, 
olha, consulta de novo, enquanto o orador seguinte se apresentava.
Silenciosos, os smartphones são socialmente mais aceitáveis
O telefoninho esperto vem provocando decisivas alterações na 
ordem das coisas. O ser humano é instigado a desenvolver novas habi-
lidades, como a de tocar na tela e conduzi-la ao fim desejado, sem que 
desande, furiosa e insubmissa. 
Implantam-se novos hábitos sociais. No tempo do celular puro 
e simples, aquele bicho que só telefonava, havia restrições a seu uso. 
Não em ambientes mais debochados, como a Câmara dos Deputados, 
por exemplo, onde sempre foi e continua a ser usado sem peias. 
Em lugares de maior compostura, os celulares são evitados por-
que fazem barulho – disparam a tocar campainhas ou musiquinhas e 
só permitem comunicação via voz. Já os smartphones podem ser desa-
tivados na função telefone, mas continuar, em respeitoso silêncio, na 
função telinha.
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Construção do texto
Daí serem socialmente mais aceitáveis. Há uma grande desvan-
tagem, porém. O aparelhinho parte a pessoa ao meio. Metade dela 
está na festa, metade no smartphone. Concluída sua oração, metade 
do senhor da Associação dos Magistrados continuou na sessão do 
Supremo, metade evadiu-se para o aparelhinho.
Pode ser que o aparelhinho lhe tenha trazido informações fun-
damentais para sua causa. Mas pode ser também que tenha perdido 
informações fundamentais, ao não acompanhar o orador seguinte. 
Qual o remédio, para a divisão da pessoa em duas, metade ela mesma, 
metade seu smartphone? 
Se abrir mão do aparelhinho está fora de questão, como fazer?
Abrir mão do aparelhinho, depois de todas as facilidades que 
trouxe, está fora de questão. Se é para abrir mão de um dos dois lados, 
que seja o da pessoa. Por exemplo: inventando-se um smartphone 
capaz de sugá-la e reproduzi-la em seu bojo. As reuniões sociais, as de 
trabalho e as sessões do Supremo seriam feitas só de smartphones, sem 
a intermediação humana.
Delírio? O leitor esquece-se do que a Apple é capaz. 
E se chega uma mensagem? Uma notícia?
TOLEDO, R. P. de. Homus connectus. Disponível em: <http://veja. 
abril.com.br/blog/ricardo-setti/tema-livre/roberto-pompeu-de- 
toledo-homo-connectus/>. Acesso em: 1 ago. 2012. © Editora Abril
Passaremos agora a identificar os diferentes tipos de desenvolvimento 
de parágrafos tendo como suporte o texto acima.
3.2.1 Desenvolvimento por tempo e espaço
Ao redigir, muitas vezes utilizamos a apresentação do quando e do 
onde, respectivamente, o tempo e o lugar dos fatos e ideias discutidas. Há 
várias palavras que dão a noção de tempo e lugar. Tempo: agora, antes, 
afinal, após, enfim, frequentemente. Lugar: aqui, ali, ao lado de, abaixo de, 
defronte, além. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
“Uma charge em recente número da revista  The New 
Yorker  mostrava uma animada mulher, ao telefone, convidando os 
amigos para uma festinha em sua casa. “Vai ser daquelas reuniões 
com todo mundo olhando para seu iPhone”, ela diz. [...] dali para 
frente, será um olho lá e outro cá, um na reunião outro na telinha. [...] 
Quem assistiu pela TV Justiça, na semana passada, ao início do jul-
gamento das competências do Conselho Nacional de Justiça, assistiu 
a uma cena exemplar” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.2 Desenvolvimento por enumeração 
de pormenores ou fatos 
A enumeração pode ser feita com expressões próprias da ideia de enume-
rar, como: em primeiro lugar, a segunda, na fase inicial, na sequência. É possí-
vel, ainda, escrever os fatos em sequência natural, que dá também esta noção. 
“A TV Justiça, com seu apego pela câmera parada, modelo 
Jean-Luc Godard, enquadrava o orador e, atrás dele, quatro cadei-
ras da primeira fila da assistência.Três delas estavam ocupadas, a 
primeira por uma moça que, coitada, não conseguia se livrar de um 
ataque de espirros, e as outras duas por cavalheiros cujo tormento, 
igualmente compulsivo, era não conseguir se livrar dos smartphones. 
[...] Agora era sua vez! Sacou o smartphone e, olho lá e olho cá, ele 
o põe no bolso, tira, olha, consulta de novo, enquanto o orador 
seguinte se apresentava” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.3 Ordenação do parágrafo 
mediante contraste de ideias
O contraste tem por meta evidenciar as diferenças entre as ideias apre-
sentadas. Pode-se contrastar elemento por elemento ou se dizer tudo sobre 
um fato ou objeto e depois sobre o outro. Depende do estilo que se quer dar 
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Construção do texto
ao texto. Algumas palavras que evidenciam o contraste são: aqui, lá, ao con-
trário, mas e no entanto. 
No exemplo a seguir, temos uma contradição de ideias em torno do 
mesmo objeto:
“O leitor captou? A leitora achou graça? Cartunistas são mais 
rápidos do que antropólogos e mais diretos do que romancistas. 
Captam o fenômeno quase no momento mesmo em que vem à luz.” 
[...] Pode ser que o aparelhinho lhe tenha trazido informações 
fundamentais para sua causa. Mas pode ser também que tenha 
perdido informações fundamentais, ao não acompanhar o orador 
seguinte. Qual o remédio, para a divisão da pessoa em duas, metade 
ela mesma, metade seu smartphone?” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.4 Ordenação do parágrafo por 
razões, causas e consequências
Este é um processo muito presente nos parágrafos dissertativos, uma vez 
que o autor quer convencer, persuadir o leitor. Muitas são as palavras e expres-
sões que relacionam causas e consequências: com efeito, portanto, como con-
sequência, por conta disso, pois, por isso. Vejamos o exemplo a seguir.
“O telefoninho esperto vem provocando decisivas alterações 
na ordem das coisas. O ser humano é instigado a desenvolver novas 
habilidades, como a de tocar na tela e conduzi-la ao fim desejado, 
sem que desande, furiosa e insubmissa. Implantam-se novos hábitos 
sociais. No tempo do celular puro e simples, aquele bicho que só tele-
fonava, havia restrições a seu uso” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.5 Ordenação por explicitação
Explicitar é esclarecer, definir, justificar, exemplificar. As definições 
incluem o verbo ser ou outras expressões, como: não só, mas também, ou 
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Leitura e Escrita na Era Digital
seja. Os exemplos são ilustrativos, buscam na realidade elementos concretos, 
fatos ocorridos para concretizar a ideia que se apresenta. Palavras que intro-
duzem a exemplificação: por exemplo, como tal.
“Uma charge em recente número da revista The New Yorker [...]. 
Qual o remédio, para a divisão da pessoa em duas, metade ela mesma, 
metade seu smartphone? Abrir mão do aparelhinho, depois de todas as 
facilidades que trouxe, está fora de questão. Se é para abrir mão de um dos 
dois lados, que seja o da pessoa. Por exemplo: inventando-se um smar-
tphone capaz de sugá-la e reproduzi-la em seu bojo. As reuniões sociais, as 
de trabalho e as sessões do Supremo seriam feitas só de smartphones, sem 
a intermediação humana” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.6 Desenvolvimento por analogia, 
comparação e metáfora
Para tal, o autor vale-se de palavras ou ideias que estabelecem seme-
lhanças no caso da analogia e comparação. São palavras comparativas: como, 
assim como, do mesmo modo, da mesma forma. A analogia é “um fenômeno 
de ordem psicológica, que consiste na tendência de nivelar palavras ou cons-
truções que de certo modo se aproximam pela forma ou pelo sentido, levando 
uma delas a se modelar por outra” (LIMA apud GARCIA, 2010, p. 219). 
Por esta capacidade de instaurar um princípio de identidade entre elementos 
desiguais, a analogia aproxima-se de figuras como a alegoria, a comparação e 
a metáfora. Na metáfora, a comparação não necessita das palavras compara-
tivas, como vemos no exemplo a seguir.
“O fenômeno em questão é o poder magnético dos iPhones, 
BlackBerries e similares. O ato de compra desses aparelhinhos é um 
contrato que vincula mais que casamento. As pessoas se obrigam 
a partilhar a vida com eles. [...] O telefoninho esperto vem provo-
cando decisivas alterações na ordem das coisas” (TOLEDO, 2012, 
grifo nosso).
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Construção do texto
3.2.7 Desenvolvimento por perguntas
A pergunta serve para chamar a atenção do leitor e será respondida no 
decorrer do texto. É uma pergunta retórica porque não exige resposta; seu 
objetivo é forçar o leitor a respondê-la mentalmente e avaliar suas implica-
ções. Quintiliano (35-100 d.C.), retórico romano, afirmou que as perguntas 
retóricas aumentam a força e a irrefutabilidade da prova.
“O leitor captou? A leitora achou graça? [...] Qual o remédio, 
para a divisão da pessoa em duas, metade ela mesma, metade seu 
smartphone? [...] Delírio? O leitor esquece-se do que a Apple é capaz.” 
(TOLEDO, 2012, grifo nosso).
3.2.8 Desenvolvimento por citações 
diretas ou indiretas
A citação caracteriza-se como um argumento de autoridade e é lar-
gamente utilizada para reforçar o ponto de vista. Se direta, deve-se colocar 
entre aspas, se não, faz-se uma paráfrase. No texto em questão, o autor faz 
uma citação indireta ao referir-se ao diretor de cinema: 
Há uma citação direta na introdução, como vemos a seguir. 
“‘Vai ser daquelas reuniões com todo mundo olhando para seu 
iPhone’, ela diz” (TOLEDO, 2012, grifo nosso).
Para se chegar ao final de um parágrafo ou de um texto, vários caminhos 
foram trilhados:
� escolheu-se o tema;
� delimitou-se o assunto;
� traçou-se o objetivo do texto;
� fez-se a introdução do texto;
� desenvolveu-se o texto com diferentes tipos de parágrafos possíveis.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Chegou o momento do parágrafo de conclusão. Nele pode-se fazer uma 
revisão dos aspectos apresentados no desenvolvimento e ainda reforçar o 
ponto de vista do autor. Deve-se evitar usar as expressões “em minha opinião”, 
“no meu ponto de vista” ou “acho que” uma vez que isso já está implícito.
Portanto, quando se domina as estratégias de construção de parágrafos 
tornam-se evidentes as três qualidades fundamentais do mesmo: a unidade, 
a coerência e a ênfase.
 Reflita
A arte de escrever
Há, portanto, uma arte de escrever – que é a redação. 
Não é uma prerrogativa dos literatos, senão uma ativi-
dade social indispensável, para a qual falta, não obstante, 
muitas vezes, uma preparação preliminar.
A arte de falar, necessária à exposição oral, é mais fácil, 
na medida em que se beneficia da prática da fala coti-
diana, de cujos elementos partem em princípio.
O que há de comum, antes de tudo, entre a exposição 
oral e a escrita, é a necessidade da boa composição, isto 
é, uma distribuição metódica e compreensível de ideias. 
Impõe-se igualmente a visualização de um objetivo defi-
nido. Ninguém é capaz de escrever bem se não sabe 
bem o que vai escrever.
Justamente por causa disso, as condições para a reda-
ção, no exercício da vida profissional ou no intercâm-
bio amplo dentro da sociedade, são muito diversas das 
da redação escolar. A convicção do que vamos dizer, 
a importância que há em dizê-lo e o domínio de um 
assunto da nossa especialidade destituem a redação do 
caráter negativo de mero exercício formal, como tem na 
escola. Qualquer um de nós, senhor de um assunto, 
é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há 
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Construção do texto
um jeito especial para a redação, ao contrário do que 
muita gente pensa.Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço 
e a prática vencem. Por outro lado, a arte de escrever, 
na medida em que consubstancia a nossa capacidade de 
expressão do pensar e do sentir, tem de firmar raízes na 
nossa própria personalidade e decorre, em grande parte, 
de um trabalho nosso para desenvolver a personalidade 
por este ângulo. […]
A arte de escrever precisa assentar em uma atividade pre-
liminar já radicada, que parte do ensino escolar e de um 
hábito de leitura inteligentemente conduzido; depende 
muito, portanto, de nós mesmos, de uma disciplina men-
tal adquirida pela autocrítica e pela observação cuidadosa 
do que outros com bom resultado escreveram.
CAMARA JR., J. M. Manual de expressão oral 
& escrita. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 29.
Da teoria para a prática 
É importante que os cidadãos brasileiros saibam que, nas Diretrizes 
 Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (BRASIL, 2010, p. 2-3), 
vamos encontrar, no Art. 7°, a seguinte determinação:
De acordo com esses princípios, e em conformidade com o 
art. 22 e o art. 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB), as propostas cur-
riculares do Ensino Fundamental visarão desenvolver o edu-
cando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para 
o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para pro-
gredir no trabalho e em estudos posteriores, mediante os 
objetivos previstos para esta etapa da escolarização, a saber:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo 
como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita 
e do cálculo;
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Leitura e Escrita na Era Digital
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema 
político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se fun-
damenta a sociedade;
III – a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a forma-
ção de atitudes e valores como instrumentos para uma visão 
crítica do mundo;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se 
assenta a vida social. (grifo nosso).
Desse modo, o princípio fundamental para tornar-se um cidadão, com 
inserção no mercado de trabalho e nos espaços sociais, é o domínio da escrita 
e da leitura com conhecimento dos gêneros textuais, ou seja, dos vários tipos 
de escrita para cada situação social que possibilitarão a interação e comuni-
cação nos espaços sociais. 
Ler e escrever são, portanto, compromissos de todos, em todas as áreas; 
transforma-se em um projeto multidisciplinar, pois, em ciências, é possível 
extrapolar os conceitos cristalizados pela linguagem científica; em matemá-
tica, transitar suas diferentes linguagens: aritmética, geométrica, algébrica, 
gráfica; em geografia, fazer trabalho de campo e realizar pesquisa bibliográ-
fica variada; em história, trabalhar exemplares de todo tipos: cartas, decre-
tos, escrituras, notícias, legislação variada, diários de viagem, documentos 
pessoais. No entanto, a realidade nos mostra que, nos primeiros anos dos 
cursos superiores de diversas áreas, a falta de domínio da escrita e seus gêne-
ros textuais é evidente. Por esse motivo, há pesquisas para a implantação do 
“letramento acadêmico” no ensino superior, para que todos possam transitar 
pelo meio acadêmico usando a língua escrita com qualidade e eficiência.
 Dica de filme
O filme Escritores da liberdade traz essa concepção na 
prática. A professora assume uma escola totalmente 
adversa, composta por alunos de diferentes culturas, eco-
nomicamente carentes e vivendo em locais extremamente 
violentos, dominados pela droga. É uma história real e a 
personagem principal adota a metodologia dos gêneros 
textuais para resgatar a vida e a atenção dos adolescentes. 
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Construção do texto
Inicia com a escrita de um diário, faz a leitura de um livro de 
memórias e vai construindo um sentido na vida de todos.
Escritores da liberdade é baseado no best-seller O diário 
dos escritores da liberdade. 
ESCRITORES da liberdade. Direção de Richard La Gravenese. 
Estados Unidos: Paramount Pictures, 2007. 1 filme (122 min), 
sonoro, legenda, color., 35 mm.
Síntese
Neste capítulo, estudamos a estrutura do parágrafo. Percebemos que se 
trata de uma unidade de comunicação composta por introdução, desenvolvi-
mento e conclusão. Quanto maior for a nossa intenção comunicativa, a fina-
lidade de nossa interlocução, mais ideias precisamos apresentar e, portanto, 
mais parágrafos, uma vez que cada parágrafo é responsável pelo transporte 
de uma ideia. Ideias novas, novos parágrafos.
A introdução do parágrafo – o tópico frasal – e a do texto deve ser obje-
tiva, concisa e precisa, para que o leitor entenda o que queremos transmitir e 
como iremos defender nossas ideias nos outros parágrafos, que serão escritos 
com uma relação de interdependência. 
Para desenvolver os parágrafos, podemos usar vários formatos. Entre 
eles destacamos o uso de tempos e espaços, causas e consequências, exem-
plos, definições, enumerações, contrastes e analogias e interrogações. Não se 
pode esquecer que o último parágrafo é o fecho e deve retomar a tese apre-
sentada no tópico frasal. Quanto maior o número de estratégias utilizadas, 
mais claro e convincente será o nosso diálogo com o leitor.
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4
Tecendo os parágrafos
Neste capítulo, vamos continuar com a tessitura do texto 
como uma unidade linguística concreta que busca uma interação 
comunicativa entre leitor e escritor, ouvinte e falante.
Trataremos de dois conceitos fundamentais para a construção 
da unidade e do sentido do texto: a coerência e a coesão. Estes dois 
aspectos caminham juntos como dois fatores interdependentes, 
pois, para haver coerência, é necessária a coesão que, por seu lado, 
promove a coerência. 
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– 68 –
Leitura e Escrita na Era Digital
No entanto, no ato da escrita ou fala pode acontecer de se produzir um 
texto com todos os recursos de coesão e, ainda assim, ele não ser coerente, ou 
produzir um texto coerente mesmo sem a coesão. 
Vamos ao estudo de cada um desses conceitos, com suas particularida-
des, para adentrar no mundo do bom texto.
4.1 Coerência textual
É importante pensar, antes de discutir coerência textual, sobre o signifi-
cado que esta palavra transmite. Segundo o dicionário on-line Caldas Aulete, 
coerência é:
1. Relação lógica e harmônica entre ideias, atos, situações; 
lógica, nexo. Ex. A coerência do depoimento com os fatos 
reais. A coerência entre o discurso e a prática.
2. Qualidade, condição, estado do que tem coerência.
Conhecendo suas ideias, é notória a coerência de seus atos.
3. Lógica interna entre os elementos de um sistema, como 
entre argumentos, ideias, ações etc., ausência de contradi-
ções ou paradoxos entre eles: Seus textos são todos de uma 
grande coerência.
4. Prevalência de uma uniforme maneira de alguém pensar, 
proceder, julgar, etc. (AULETE, 2012, s. p., grifos nossos).
Logo, a coerência enquanto qualidade está presente no imaginário cole-
tivo como algo que se deve ter para ser levado a sério pelos outros, uma vez 
que, sem ela, fica-se confuso, alienado, não se é entendido. Por este motivo, 
é comum ouvirmos alguns comentários, como “Nossa, como você é incoe-
rente” ou “O que você está dizendo não tem sentido”, entre outros.
Assim, coerência textual é o atributo responsável pelo estabelecimento 
do sentido produzido pelos leitores no ato da leitura. Deve encontrar-se tanto 
em quem escreve quanto em quem lê, em outras palavras, ela desenvolve-se 
no entrelugar autor-texto-leitor durante o ato de leitura. Ou seja, tem-se a 
coerênciainterna – projetada no processo de produção do texto, na codifica-
ção – e a coerência externa, que ocorre no encontro do leitor com o texto no 
processo de decodificação e interpretação.
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Tecendo os parágrafos
A coerência interna é centrada no escritor e na compatibilidade entre o 
texto como um todo e as partes que o compõem, e concretiza-se na interação 
que se estabelece durante o ato de leitura, logo ela existe antes da leitura, 
como potencial do texto, sendo concretizada durante e após este ato. A inco-
erência ocorre motivada por vários fatores, como problemas de acentuação, 
ortografia, junção das frases e parágrafos, uso inadequado de vocabulário, 
aspectos relacionados à coesão textual e que comprometem a lógica na expo-
sição das ideias.
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de 
uma colina árida, cuja frente dava para o leste. Desde o pé da colina se 
espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta 
de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos 
degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e 
observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de 
grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvo-
res e as folhagens não lhe permitiam ver distintamente; entretanto, 
observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto, verificou 
que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido 
para alistar-se no Exército; e, em todo esse tempo, não havia dado 
sinal de vida. Guilherme, ao ver o pai, desmontou imediatamente, 
correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar 
(KOCK; TRAVAGLIA, 1990, p. 32).
O que torna incoerente, sem sentido, o texto destacado anteriormente, 
não é apenas a extensão que ele possui, mas sua inaceitabilidade. Ele contém 
profundas contradições, entre elas: João tem trinta anos e seu filho tinha 
partido há vinte, com 18 anos; a planície era coberta de areia e depois coberta 
de grama; ele morava no alto da colina e o cavalo descia para chegar, etc. No 
entanto, apesar de todas estas contradições, o texto poderia, numa leitura 
desatenta, passar por um texto coerente.
Portanto, ao se escrever um anúncio, um cartaz, um recado, a leitura 
atenta deve ser redobrada – para evitar erros e não provocar confusão na 
lógica do texto – e efetivada pelo leitor. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
Restaurante 
beira mar
Aberto todos os dias! 
Descanso semanal: segunda-feira
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No primeiro anúncio, pode-se entender também que domingo não é 
dia e, no segundo, que um dia você trabalha descansando.
A coerência externa está centrada no leitor. Ele, porém, pode não enten-
der o que o texto quer dizer e não conseguir compreender a lógica do autor, 
por mais que a coerência interna tenha sido bem arquitetada. Desta forma, o 
leitor considerará o texto incoerente.
Conforme vimos nos exemplos dados, muitas vezes textos mal elabora-
dos acabam afirmando algo diferente da real intenção do autor. Outra possi-
bilidade é de que o leitor não domine a linguagem utilizada pelo autor ou não 
conheça o contexto no qual e para o qual o texto foi produzido. Para Koch e 
Travaglia (1990, p. 61), “o conhecimento de mundo é visto como uma espécie 
de dicionário enciclopédico do mundo e da cultura arquivado na memória”.
A coerência, portanto, longe de constituir “mera qualidade ou pro-
priedade do texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores, 
numa situação de interação dada, pela atuação conjunta de uma série de fato-
res de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e interacional” (KOCH; 
 TRAVAGLIA apud KOCH, 2005, p. 52).
Cada tipo de texto tem sua estrutura própria, por isso, os mecanismos 
de coerência e de coesão (esta sendo uma costura entre as partes do texto 
que se faz com uso de elementos conectores, os quais englobam numerais, 
artigos, conjunções, pronomes entre outras classes gramaticais) também vão 
se manifestar de forma diferente, conforme se trate de um texto narrativo, 
descritivo ou dissertativo-argumentativo. 
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Tecendo os parágrafos
No texto narrativo, a coerência está relacionada com a ordem tempo-
ral, cronológica, adotada para apresentar os fatos. 
[...] as vidas não começam quando as pessoas nascem, se assim 
fosse, cada dia era um dia ganho, as vidas principiam mais tarde, 
quantas vezes tarde demais, para não falar naquelas que, mal tendo 
começado já se acabaram. [...] Ah, quem escreverá a história do que 
poderia ter sido? (SARAMAGO, 1988, p. 16).
Neste fragmento, Saramago afirma que “as vidas não começam”, na 
sequência diz “as vidas principiam mais tarde”, depois “tarde demais” e “mal 
tendo começado já se acabaram”. Isso nos dá uma noção evidente de sequen-
cialidade dos fatos.
No texto descritivo, a coerência está relacionada em função de uma 
ordem espacial das características daquilo que se descreve, seja uma pessoa, 
um cenário, um objeto. A coerência se dá quando o leitor consegue visuali-
zar, com a forte adjetivação das cores, volume, odor, textura, dimensões, o 
todo a partir dessas características.
[…] algumas características […] sinais importantes […] vamos 
descrever. Observem os olhos, que têm a prega nos cantos, e a pálpebra 
oblíqua […] o dedo mindinho das mãos, arqueado para dentro […] 
achatamento da parte posterior do crânio […] a hipotonia muscular 
[…] a baixa implantação da orelha e […] (TEZZA, 2008, p. 45).
Cristóvão Tezza, nesta descrição, nos faz uma apresentação biológica 
fotográfica do personagem (seu filho), uma criança com Síndrome de Down.
No texto dissertativo-argumentativo, é muito importante para a coe-
rência a ordem lógica das ideias. Na dissertação, são apresentados argumen-
tos, dados, opiniões, a fim de defender uma ideia ou questionar um assunto. 
Para tal, é necessário usar adequadamente conectivos específicos para expres-
sar a causa, finalidade, conclusão, condição, etc. É importante, também, que 
a argumentação esteja de acordo com a tese levantada e a conclusão deve ser 
a decorrência lógica dessa argumentação.
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Leitura e Escrita na Era Digital
A contemporaneidade se caracteriza pelo tempo abreviado. 
Falta de tempo. Falta de tempo de ler e de escrever. Falta de contato 
com textos e contextos que incentivem a leitura como experiência. 
Nela vivemos o paradoxo: muito se fala sobre leitura, muito se pro-
põe, mas os livros mais vendidos continuam sendo os didáticos. No 
Brasil, em mais de 90% dos municípios não há livrarias, além de serem 
muito precárias ou quase inexistirem as bibliotecas.
Quando não é assim, a quantidade de textos e de estímulos 
acentua a leitura interrompida. Aos poucos e cada vez mais, além da 
incompletude que marca o ato de ler, faz-se uma leitura fragmentada. 
E aqui é preciso diferenciar a escrita em fragmentos (onde cada parte, 
como uma ruína no sentido benjaminiano, contém as leis do todo) da 
fragmentação a que assistimos, que nos afeta e que praticamos. Frag-
mentação também da leitura. Leem-se pedaços de textos cada vez mais 
curtos, mensagens, trechos, resumos, informações. De que maneira as 
crianças e os jovens respondem a todas essas transformações? 
Em geral, a leitura impressiona de modo diferente aquele que lê se 
é feita na juventude ou na maturidade, ainda que as ideias, ações, valo-
res e sentimentos possam ir se plantando mesmo se o leitor disso não se 
dá conta. Mas na vida contemporânea há tempo e espaço para leiturasque sejam feitas como experiência? Há livros disponíveis e políticas cul-
turais que favoreçam tais práticas? (KRAMER, 2000, p. 20).
Essa é uma reflexão pertinente para todos os usuários da língua uma vez 
que, se não houver tempo e espaço para a leitura em nosso cotidiano, haverá 
um apagão da leitura. Para que isso não ocorra, é importante a presença de 
políticas públicas de incentivo à leitura, o que responde a pergunta feita por 
Sonia Kramer.
Seis são os tipos de coerência, segundo Koch e Elias (2006, p. 23): sintá-
tica, semântica, temática, pragmática, estilística e genérica.
1. Coerência sintática: depende do conhecimento linguístico dos 
usuários da língua. Exige o domínio do léxico, do uso dos conecti-
vos, o respeito à ordem dos elementos da frase.
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Tecendo os parágrafos
2. Coerência semântica: evidencia-se pelo uso adequado das pala-
vras ou expressões e suas relações de sentidos produzidos no 
texto.
3. Coerência temática: ocorre quando os enunciados presentes no 
texto são importantes para o tema que se está discutindo.
4. Coerência pragmática: precisa que em uma sequência de atos de 
fala eles estejam relacionados adequadamente, não podendo em 
um mesmo ato realizarem-se diferentes ações, como perguntar e 
dar ordem, ou dar ordem e cantar.
5. Coerência estilística: depende das situações interativas em que 
o usuário da língua irá se encontrar. Para cada uma há um estilo 
apropriado que deve ser respeitado.
6. Coerência genérica: recai sobre as características do gênero tex-
tual, como finalidade, conteúdo, estilo e forma em conformidade 
com a prática social a ser realizada. 
Portanto, o que se busca com a coerência é a unidade do texto. Inde-
pendentemente da forma que o autor dá a ele, se houver unidade de sentido, 
haverá coerência. Veja, a seguir, um exemplo de texto que tem um conjunto 
aleatório de referências e, mesmo assim, consegue deixar evidente o sentido.
— Que pão!
Doce? de mel? de açúcar? de ló? de mico? de trigo? de mistura? 
de rapa? de saruga? de soborralho? do céu? dos anjos? brasileiro? fran-
cês? italiano? alemão? do Chile? de forma? de bugio? de porco? de gali-
nha? de pássaros? de minuto? ázimo? bento? branco? dormindo? duro? 
sabido? saloio? seco? segundo? nosso de cada dia? ganho com o suor do 
rosto? que o diabo amassou?
ANDRADE, C. D. A eterna imprecisão da linguagem. 
In: SILVEIRA, M. H. A. Comunicação, expressão e 
cultura brasileira. Petrópolis: Vozes, 1971. n. 3.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Neste texto, a coerência foi possível a partir do título proposto por 
Drummond ao leitor e comprovada com a enumeração de várias palavras e 
expressões que se aproximam e se afastam no sentido.
4.2 Coesão textual
Para que um texto não seja um amontoado de frases e parágrafos, há 
necessidade de se realizar a costura destas partes que o formam. A costura 
é feita com elos que promovem a transição de uma frase para outra, de um 
parágrafo para outro, de uma ideia para outra. Algumas vezes, o elo retoma o 
que já foi dito e, outras vezes, sugere o acrescentar de novas ideias. Ou seja, é 
um processo de olhar para trás e para adiante. A coesão ocorre, então, dentro 
da frase e entre as frases e parágrafos.
Koch e Travaglia (1990, p. 13) conceituam a coesão como “o fenômeno 
que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na super-
fície textual se encontram interligados, por meio de recursos também lin-
guísticos, formando sequências veiculadoras de sentido”. Para Platão e Fiorin 
(1996, p. 35), a coesão textual “é a ligação, a relação, a conexão entre as pala-
vras, expressões ou frases do texto.” 
Para se produzir a coesão, é necessário utilizar os recursos do sistema 
léxico-gramatical da língua. Ora serão utilizados recursos da gramática, ora 
do léxico. Os autores Halliday e Hasan elencam várias possibilidades de se 
fazer a coesão como por meio de referência, substituição, elipse, conjunção 
e, ainda, lexicalmente entre um elemento do texto e algum outro elemento 
importante para a sua interpretação (KOCH, 1990, p. 18).
A seguir, apresentaremos os elementos mais importantes a serem 
empregados para assegurar a coesão.
4.2.1 Coesão referencial 
A referência é feita por pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos 
ou advérbios e expressões adverbiais que indicam localização. Observe os 
exemplos a seguir.
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Tecendo os parágrafos
� O estádio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preo-
cupam muito com a limpeza e segurança. Ele recebeu o prêmio 
destaque esportivo 2011.
� Há uma grande diferença entre João e José. Este guarda rancor de 
todos, enquanto aquele tende a perdoar.
� Não podíamos deixar de ir ao Louvre. lá está a obra-prima de 
Leonardo da Vinci, a Mona Lisa.
� Vamos fazer um exercício que é igual ao de ontem.
4.2.2 Coesão por substituição 
A substituição é usada quando a referência não é idêntica e um item 
pode ser colocado em lugar de outro, ou de uma frase inteira. Observe os 
exemplos.
� Margarete comprou uma camisa cor-de-rosa, mas Cristina prefe-
riu uma vermelha.
� O padre ajoelhou-se. Todos fizeram o mesmo.
� Mate um frango ativo e roliço. Prepare-o e corte-o. Asse-o 
durante uma hora.
4.2.3 Coesão lexical
A coesão lexical depende da utilização de palavras já ditas, com o uso 
de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou palavras do mesmo campo 
semântico (ou seja, são palavras diferentes, mas que se aproximam pelo sen-
tido, como no caso aluno/estudante; quadrados/retângulos, losangos/qua-
driláteros). Podemos afirmar que se designa como semântica a ciência que se 
preocupa com o significado das manifestações linguísticas que é construído 
pelas informações culturais. Observe os exemplos:
� repetição – O diretor entrou na sala. O diretor estava atrasado. 
� sinônimo – A secretária entrou na sala. A secretária estava atra-
sada. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
� hiperônimo – Pedro desenhou quadrados, retângulos e losangos. 
Os quadriláteros estavam corretos. 
� nome genérico – Pedro desenhou quadrados, retângulos e losan-
gos. As figuras geométricas estavam corretas. 
� palavras do mesmo campo – A empresa estava aberta. Dezenas de 
diretores e funcionários circulavam nos corredores. 
4.2.4 Coesão por elipse
Os pronomes, os verbos, os nomes e sentenças, em muitas frases, podem 
estar implícitos e não precisam ser repetidos. Observe os exemplos.
� Eles acordaram e [...] viajaram. (pronome – eles)
� O ministro foi o primeiro a chegar. [...] Abriu a sessão às oito em 
ponto e [...] fez então seu discurso emocionado. (nome – ministro)
� Eu comprei camisas, minha irmã, [...] saias. (verbo – comprou)
� Você já leu todo o livro? – Li. (frase – já li todo o livro)
4.2.5 Coesão por conjunção
As conjunções estabelecem relações significativas específicas entre os 
elementos do texto. São conectores responsáveis pelo encadeamento entre 
orações ou partes do texto, estabelecendo relações de sentido. Observe os 
exemplos.
� Fomos ao Rio de Janeiro. depois, jantamos em Petrópolis.
� Não adianta tomar atitudes radicais nem fazer de conta que o pro-
blema não existe.
� Você devia estar preocupado com seu futuro, isto é, com a sua 
sobrevivência.
� Não estou descontente com seu desempenho, mas com sua arro-
gância.
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Tecendo os parágrafos
4.2.6 Sentidos estabelecidos pelos conectivos
4.2.6.1 Conectivos coordenativos
São realizados pelas conjunções coordenadas elencadas a seguir.
� adição:e, nem, também, não só... mas também.
Exemplo: Ela faz esportes e trabalha.
� Alternância: ou... ou, quer... quer, seja... seja. 
Exemplo: Ou ela viaja ou trabalha.
� Oposição, contraste: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, 
senão, que. Também as locuções: no entanto, não obstante, ainda 
assim, apesar disso.
Exemplo: Ela trabalha, no entanto não estuda.
� Conclusão (em relação à oração anterior): logo, portanto, pois 
(posposto ao verbo). Também as locuções: por isso, por conse-
guinte, pelo que…
Exemplo: Ela trabalhou com dedicação, logo o projeto deverá ser 
aprovado.
� Explicação (justificam a proposição da oração anterior): que, 
porque, porquanto…
Exemplo: Vamos preparar as pautas que as  reuniões  começam 
amanhã.
4.2.6.2 Conectivos subordinativos
São aqueles que unem duas orações que dependem sintaticamente uma 
da outra, ou seja, não fazem sentido se ficarem sozinhas.
� Causa: expressam a causa do efeito ou da consequência apresenta-
dos na oração principal: que, como, pois, porque, porquanto. Tam-
bém as locuções: por isso que, pois que, já que, visto que.
Exemplo: Ela deverá ser aceita, pois seu currículo é muito bom.
� Comparação: estabelecem uma comparação com a oração princi-
pal: menos…do que, assim como, bem como, que nem…
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Leitura e Escrita na Era Digital
Exemplo: Ela é mais dedicada do que a maioria dos seus colegas. 
� Concessão: apresentam um fato que contraria a oração principal, 
mas permite que ele aconteça: que, embora, conquanto. Também 
as locuções: ainda que, mesmo que, bem que, se bem que, nem que, 
apesar de que, por mais que, por menos que…
Exemplo: Ela não foi aprovada para o cargo, apesar de que sua 
entrevista foi muito convincente.
� Condição: como a própria palavra diz, expressam a condição para 
que o fato mencionado na oração principal se realize: se, caso. 
Também as locuções: contanto que, desde que, dado que, a menos 
que, a não ser que, exceto se.
Exemplo: Ela poderá ser aprovada, se apresentar um ótimo desem-
penho em língua estrangeira.
� finalidade: Esclarecem o objetivo do fato apresentado na oração 
principal. Vejamos as locuções para que, a fim de que, por que.
Exemplo: É necessário preparar-se com dedicação, para que se 
obtenha boa classificação nos testes admissionais.
� tempo: expressam uma circunstância de tempo em relação ao 
fato mencionado na oração principal: quando, apenas, enquanto. 
Também as locuções: antes que, depois que, logo que, assim que, 
desde que, sempre que.
Exemplo: Ela deixou de estudar com dedicação, quando foi apro-
vada.
� Consequência: demonstram o efeito a respeito de um fato men-
cionado na oração principal: que (precedido de tão, tanto, tal) e 
também as locuções: de modo que, de forma que, de sorte que, de 
maneira que.
Exemplo: Ela trabalhava tanto, que pouco tempo tinha para dedi-
car-se à família.
Não esqueça que, com estas palavras, mantemos o sentido, que é 
construído com a coerência e a coesão, que faz a costura entre as partes 
de um texto.
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Tecendo os parágrafos
 Dica de leitura
Para recordar o que é artigo, numeral, pronome, advér-
bio, conjunção consulte as relações completas dessas 
classes gramaticais em gramáticas da língua portuguesa, 
como:
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. São 
Paulo: Lucerna, 2009.
CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua por-
tuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacio-
nal, 2008.
LINDLEY, C.; CUNHA, C. Nova gramática do por-
tuguês contemporâneo. São Paulo: Lexikon, 2009.
Leia o texto de Rubem Alves, destacado a seguir, e perceba a presença dos 
elementos de coesão na frase, entre as frases, entre os parágrafos e os sentidos 
que eles revelam. Somente alguns elementos foram destacados, deixando-se 
sem destaque todas as elipses nominais e verbais, bem como as referências por 
meio de pronomes pessoais, possessivos, que são evidentes ao leitor.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Os urubus e sabiás
Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos 
falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes 
para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam 
de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e impor-
taram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir 
diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam 
os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros.
Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes 
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de car-
reira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos cha-
mam de Vossa Excelência. 
Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia 
dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pin-
tassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas 
para os sabiás... 
Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, 
e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos?
E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam 
imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas 
de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram 
um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simples-
mente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um 
desrespeito à ordem. E os urubus, em uníssono, expulsaram da flo-
resta os passarinhos que cantavam sem alvarás.
Moral: em terra de urubus diplomados não se houve canto de 
sabiá (ALVES, 1995, p. 81, grifos nossos).
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Tecendo os parágrafos
Da teoria para a prática 
Em todas as profissões, no dia a dia, existe a necessidade do uso coe-
rente da linguagem. Uma pesquisa recente mostrou que saber escrever 
bem é o principal requisito para chegar aos cargos mais altos em uma 
empresa. Na pesquisa, foram analisadas redações de 580 pessoas empre-
gadas em empresas de diferentes ramos. O resultado mostrou que aquelas 
com cargos de chefia (e salários maiores) obtiveram uma nota média 43% 
maior em seus textos.
É por isso que testes de redação estão presentes nos processos seletivos 
de muitas empresas. Em outras tantas, a fluência da comunicação tem um 
significativo peso na carreira profissional. “É uma competência bastante con-
siderada quando se pensa em promover alguém”, confirma Vera Vasconcellos, 
consultora da Career Center, em matéria recentemente publicada no caderno 
de empregos do jornal O Estado de S.Paulo. 
Thiene Marcondes (2012), em reportagem recente, reforça esta ques-
tão quando afirma: 
que expectativa o diretor de uma empresa criaria sobre o tra-
balho de alguém que lhe manda um e-mail assim:
Presado sr. silva
p/ meio desta gostaria de estar encaminhando anexo prop de trab 
da equipe que sou cordenador , projetos integrados apresentando 
soluçoes que nossa empresa precisa devido os prob logísticos ante-
riormente apresentados.
A sua disposiçao. abs... (MARCONDES, 2012, s. p.).
Cita ainda que Laila Vanetti, diretora e fundadora da Scritta, empresa 
que oferece cursos e consultoria em linguagem escrita, faz um alerta: “falar 
e escrever bem é uma condição de empregabilidade” (VANETTI apud 
 MARCONDES, 2012, s. p.). Segundo Laila, as empresas procuram profis-
sionais que saibam organizar ideias, que tenham argumentos lógicos e que 
sejam bem articulados. Sabe-se, portanto, que no mundo corporativo a alma 
do negócio anda de mãos dadas com a comunicação. Telefonando, conver-
sando, enviando cartas e, naatualidade, com o uso contínuo de e-mail. Todos 
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Leitura e Escrita na Era Digital
estes meios de comunicação exigem bom conhecimento da língua para que a 
mensagem seja entendida. 
No âmbito educacional a linguagem sempre foi o instrumento essencial 
e, atualmente, com o advento do ensino a distância, o domínio desta ferra-
menta tornou-se mais fundamental ainda, pois o professor precisa dominar 
um conhecimento, apropriar-se dele e transmiti-lo não só oralmente, mas, 
também, por escrito.
Síntese
Como foi possível perceber, coerência é o resultado da articulação das 
ideias de um texto; é a estrutura lógico-semântica que faz com que, numa 
situação discursiva, palavras e frases componham um todo significativo para 
os interlocutores. 
Algumas vezes, a incoerência resulta do uso inadequado dos elementos de 
coesão na construção dos períodos e de parágrafos. Pode ser, ainda, provocada 
pelo erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais. Quando todos estes 
aspectos forem respeitados, o texto terá a unidade formal e o sentido preserva-
dos.
A coesão é responsável pela ligação, relação, nexo entre os elementos 
que realizam a tessitura do texto. As várias palavras que são usadas como 
conectivos, tais como as preposições, as conjunções, os pronomes, os advér-
bios vão conferir a unidade ao texto e contribuir para a clareza das ideias 
transmitidas. Já o uso inadequado causa problemas de compreensão do que 
se está querendo dizer.
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5
Gêneros textuais e 
tipos de textos
Após conhecer a forma de estruturar os parágrafos de 
modo claro, objetivo e lógico, o passo seguinte é produzi-los com 
intuito de escrever um texto de acordo com um determinado 
modelo adequado a cada uma das situações sociais nas quais inte-
ragimos com a linguagem e que se chama gênero textual. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
É a linguagem que se inscreve por meio do texto como sistema media-
dor de todos os discursos para trocas materiais e culturais de informações 
e, depois, para a construção de conhecimentos. Por este motivo, torna-se 
relevante e necessário o correto uso dos diferentes gêneros textuais, seja 
para declarar e negociar mediando ações sobre o mundo, seja para persua-
dir os outros de nossas ideias, seja para representar e avaliar as relações 
humanas, fazendo-se indispensável um letramento adequado ao contexto 
contemporâneo.
5.1 Gênero textual, tipo textual 
e gênero discursivo
Os gêneros foram discutidos e estudados na Grécia Antiga (384-322 
a.C.) por vários filósofos. Aristóteles, discípulo de Platão, na obra Arte Poé-
tica, classificou em lírico, dramático e épico os gêneros literários. É desse 
período a distinção das obras em poesia e prosa.
Para compreendermos melhor a questão do gênero neste momento, é 
importante relembrar que toda manifestação literária é fruto resultante da 
visão do homem de acordo com o mundo que o rodeia, que diz respeito ao 
conteúdo, ou seja, ao produto artístico em si, materializado por meio de uma 
técnica e com uma estilística própria que lhe dá a forma. 
Portanto, para se escrever um texto sobre qualquer situação vivida, 
existe a necessidade de se decidir se ela será narrada, descrita, se irá realizar 
uma reflexão teórica sobre o fato ou se tentará convencer o leitor sobre o 
ponto de vista adotado ao apresentar o fato. Tem-se, desta forma, a possi-
bilidade de uma narração, uma descrição e uma dissertação expositiva ou 
argumentativa.
Na sequência, deve-se pensar se a pessoa a ser utilizada no discurso é 
a primeira pessoa do plural (eu/nós) ou singular, o que dá a ideia de partici-
pação da pessoa que escreve o texto; ou será em terceira pessoa (ele). Outra 
escolha diz respeito ao grau de linguagem a ser adotado – objetivo, subjetivo, 
formal, informal ou coloquial. Tal decisão vai interferir na estrutura da frase, 
na escolha do vocabulário e na forma de como se dirigir ao leitor, fatores que 
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Gêneros textuais e tipos de textos
definirão o modo de recepção do texto por aqueles que o leem. Todas essas 
atividades dizem respeito ao gênero de texto que se vai produzir.
Na atualidade, a questão do gênero passou a ser discutida no meio lin-
guístico e deixou de ser exclusivo do meio literário. Bakhtin (1997, p. 279) 
assevera que: 
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados 
(orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos inte-
grantes duma ou doutra esfera da atividade humana. O 
enunciado reflete as condições específicas e as finalidades 
de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temá-
tico) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos 
recursos da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gra-
maticais –, mas também, e sobretudo, por sua construção 
composicional. Estes três elementos (conteúdo temático, 
estilo e construção composicional) fundem-se indissoluvel-
mente no todo do enunciado, e todos eles são marcados pela 
especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer 
enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, 
mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos 
relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denomi-
namos gêneros do discurso. 
A variedade dos gêneros do discurso pode revelar a variedade dos estra-
tos e dos aspectos da personalidade individual, e o estilo individual pode rela-
cionar-se de diferentes maneiras com a língua comum. Saber o que na língua 
cabe respectivamente ao uso corrente e ao indivíduo é justamente problema 
do enunciado (apenas no enunciado a língua comum encarna-se numa forma 
individual). A definição de um estilo em geral e de um estilo individual em 
particular requer um estudo aprofundado da natureza do enunciado e da 
diversidade dos gêneros do discurso.
Bakhtin optou por dividir os gêneros em dois tipos: o gênero primário 
(simples) e o gênero secundário (complexo). Primários são os gêneros usa-
dos em comunicação verbal espontânea, como diálogos em família, reuniões 
informais, oralidade de um modo geral. Os secundários fazem uso de uma 
linguagem mais elaborada, normalmente escrita, para situações de comuni-
cações formais. O que diferencia um do outro é o grau de complexidade e 
elaboração que cada um exige, dependendo, como já vimos, em que esfera 
de atuação e práticas sociais nas quais está sendo utilizado o gênero. Com o 
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Leitura e Escrita na Era Digital
surgimento da internet e a nova forma de comunicação virtual – o ciber ou 
hiper espaço –, nasce o chamado gênero terciário, que se refere aos gêneros 
adotados para comunicação digital. 
Todos os gêneros interessam, uma vez que, numa sociedade letrada, 
ler e escrever são atos necessários a todo momento, no entanto, aqui serão 
tratados apenas alguns gêneros.
5.2 Modos discursivos
Um texto pode ser classificado de acordo com a forma como a ideia 
é organizada discursivamente. São os chamados “modos discursivos”, que, 
normalmente, mesclam-se e podem estar presentes em vários tipos de tex-
tos (SERAFINI, 1991).
Os modos discursivos presentes nos gêneros textuais são destacados 
a seguir.
5.2.1 Narração
Apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução 
cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e cons-
troem uma história transmitida por um narrador. No texto narrativo, há 
sempre presente quem, quando, onde e como.
Observe o exemplo a seguir.
Tragédia brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conhe-
ceu Maria Elvira na Lapa, prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael 
tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou 
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando 
Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namo-
rado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma 
facada. Não fez nada disso: mudou de casa.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava 
namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Está-
cio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, 
Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, 
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do 
Mato, Inválidos... 
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de senti-
dos e inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la 
caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul (BANDEIRA, 
1991, p. 27).
Analisando pelos quesitos próprios da narração, identificamos:
� Quem? Misael e Maia Elvira.
� Quando? Tempo indeterminado, pode ser a qualquer tempo.
� Onde? Bairros do Rio de Janeiro.
� Como? Encontro, casamento, mudanças e morte.
5.2.2 Descrição
Apresenta objetos, pessoas, lugares e sentimentos, utilizando detalhes 
concretos. Evidencia a percepção que o autor tem dos objetos e dos senti-
mentos através dos cinco sentidos. É a fotografia verbal dos fatos ou dados 
apresentados.
Leia, como exemplo, o texto destacado a seguir.
Darcy Ribeiro
Um dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro pro-
vou ao mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem 
e da força de vontade para modificar aquilo que, por covardia, sim-
plesmente ignoramos. Ouvi-lo, mesmo que por alguns instantes, nos
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Leitura e Escrita na Era Digital
levava a conhecer sua sabedoria e simplicidade. Era um verdadeiro 
intelectual cuja convivência com os índios o fez adquirir invejável for-
mação humanística.
Darcy tinha a pele clara, olhos negros e curiosos, lábios finos e 
trazia em seu rosto marcas de quem já deixou sua marca na história, 
as quais harmoniosamente faziam-lhe inspirar profunda confiança. 
Apesar de diabético e lutar contra dois cânceres, não fez disso des-
culpa para o comodismo ante seus ideais maiores, ele sabia o que que-
ria, e não mediu esforços para conseguir.
Com seu espírito jovem e obstinado, Darcy Ribeiro estava sem-
pre aprendendo e ensinando, ele sabia como ninguém pensar com 
serenidade e defender aquilo em que acreditava, porém era realista o 
suficiente para não se perder em “devaneios utópicos”.
Acima de tudo, ele amava as crianças do Brasil, e em nome 
dessas fundou os CIEPs, no Rio de Janeiro, tendo também parti-
cipação fundamental na criação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação. Seus esforços foram reconhecidos internacionalmente, 
valendo-lhe prêmios e homenagens por instituições de diversos 
países. Devido ao seu carisma, destacou-se como etnólogo, antro-
pólogo, político, educador, escritor e historiador, tendo vários 
livros publicados.
Mais que uma sucessão interminável de adjetivos pomposos, 
Darcy Ribeiro representou um exemplo a ser seguido por qualquer 
um que tenha a consciência de seu dever para com a sociedade a que 
pertence. Portanto, homenageá-lo é dever de cada brasileiro.
Neste texto, André Luiz Diniz Costa faz uma descrição geral de 
Darcy Ribeiro, exaltando suas qualidades de homem e de intelectual. No 
primeiro parágrafo do desenvolvimento suas características físicas é que 
são apresentadas. No terceiro e quarto parágrafos, os aspectos psicológicos 
são mostrados. Na conclusão, reafirma a descrição com novos atributos de 
caráter geral.
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Gêneros textuais e tipos de textos
5.2.3 Dissertação
Apresenta ou explica ideias, esclarecendo-as, organizando-as, confron-
tando-as, definindo-as sem, no entanto, tomar uma posição com relação a 
elas. É uma exposição. Veja o texto a seguir.
Mercado brasileiro de livros cresce e já aparece 
como 9º no mundo
Até então “protegido” pela língua nacional, o mercado editorial 
brasileiro atingiu tamanho de gente grande e começa a atrair impor-
tantes grupos internacionais.
Com R$ 6,2 bilhões de faturamento e 469,5 milhões exempla-
res vendidos, o Brasil é o nono maior mercado editorial do mundo, 
segundo estudo recém-publicado da Associação Internacional dos 
Editores (IPA, na sigla em inglês).
É o primeiro estudo que traz a movimentação total do mercado 
nacional, considerando o preço pago pelo consumidor. O faturamento 
das editoras, medido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), foi de 
R$ 4,8 bilhões em 2011.
A compra de 45% da Companhia das Letras pela britânica Pen-
guin no final de 2011 foi o início de um movimento que deve se inten-
sificar, avalia o consultor Carlo Carrenho, do site PublishNews.
Diferentemente do que acontece em setores como meios de 
comunicação, não há impedimento para a entrada de estrangeiros no 
mercado editorial. Os espanhóis já estão no país há alguns anos e a 
portuguesa LeYa comprou a Casa da Palavra no ano passado. [...]
BARBOSA, M. Mercado brasileiro de livros cresce e já 
aparece como 9º no mundo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 3 nov. 2012. 
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1178540-merca-
do-brasileiro-de-livros-cresce-e-ja-aparece-como-9-no-mundo.shtml>. 
Acesso em: 24 nov. 2012.
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Leitura e Escrita na Era Digital
5.2.4 Argumentação
Apresenta fatos, problemas, raciocínios que fundamentarão, susten-
tarão a tese defendida, ou seja, o ponto de vista assumido na argumenta-
ção em uma opinião. Argumentar significa provar, demonstrar ou defen-
der um ponto de vista particular sobre determinado assunto (KÖCHE, 
2008). 
Para uma boa argumentação, o produtor do texto pode se servir 
de diferentes tipos de argumentos, entre os quais destacamos alguns a 
seguir.
� Argumento de autoridade
Consiste no uso de citações de conceitos de autores renomados 
e de autoridades em alguma das áreas do saber (educadores, filó-
sofos, físicos, administradores, economistas), servem para refor-
çar, fundamentar uma ideia, uma tese, um ponto de vista. Este 
tipo de argumento torna o texto mais consistente à medida que 
outras vozes reforçam o que o autor do texto está dizendo.
� Argumento baseado no consenso, com exemplos
O uso de exemplos conhecidos e aceitos desperta a familiaridade 
do leitor com o tema, conquistando a sua adesão e tornando o 
texto mais fácil de ser compreendido.
� Argumento baseado em provas concretas
As provas concretas são argumentos de difícil contestação por-
que dão concretude ao discurso. Destacam-se os dados estatís-
ticos, os relatos de fatos, exemplos e ilustrações retirados, inclu-
sive, da história universal, que apresentam detalhes, são longos, 
minuciosos e reforçam as informações abstratas dos conceitos.
� Argumento lógico
Este tipo de argumento faz-se pelo raciocínio. É um conjunto de 
enunciados que estão relacionados uns com os outros de tal forma 
que enquanto um apresenta uma tese, os demais enunciados são 
justificativas ou premissas para a conclusão (TOULMIN, 2006). 
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Gêneros textuais e tipos de textos
A favor dos videogames
O cérebro humano é um órgão que absorve quase 25% da glicose 
que consumimos e 20% do oxigênio que respiramos. Carregar neurô-
nios ou sinapses que interligam os neurônios em demasia é uma des-
vantagem evolutiva, e não uma vantagem, como se costuma afirmar.
Todos nós nascemoscom muito mais sinapses do que precisa-
mos. Aqueles que crescem em ambientes seguros e tranquilos vão 
perdendo essas sinapses, que acabam não se conectando entre si, 
fenômeno chamado de regressão sináptica.
Portanto, toda criança nasce com inteligência, mas aquelas que 
não a usam vão perdendo-a com o tempo. Por isso, menino de rua 
é mais esperto do que filho de classe média que fica tranquilamente 
assistindo às aulas de um professor. Estimular o cérebro da criança 
desde cedo é uma das tarefas mais importantes de toda mãe e todo 
pai modernos.
Sempre fui a favor de videogames, considerados uma praga pela 
maioria dos educadores e pedagogos. Só que bons videogames impe-
dem a regressão sináptica, porque enganam o cérebro fazendo-o achar 
que seus filhos nasceram num ambiente hostil e perigoso, sinal de que 
vão precisar de todas as sinapses disponíveis. O truque é encontrar 
bons jogos, mas não é tarefa impossível.
O primeiro videogame que comprei para meus filhos foi o famoso 
SimCity, um jogo em que você é o prefeito de uma pequena vila, e, 
dependendo de suas decisões, ela pode se tornar uma megalópole ou 
não. Se você for um péssimo prefeito, a população se mudará para a 
cidade vizinha, e fim do jogo. Em vez de eleger prefeitos, seria muito 
melhor se empossássemos o vencedor do campeonato de SimCity em 
cada cidade.
Um dia eu estava brincando de “prefeito” quando meus filhos de 
11 e 13 anos de idade, analisando meu “planejamento urbano” inicial, 
balançaram a cabeça em desaprovação: “Tsc, tsc, tsc. Pai, daqui a cin-
quenta anos você vai dar com os burros n’água”. Eu, literalmente, caí 
da cadeira.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Quantos de nós, aos 11 anos, tínhamos consciência de que atos 
feitos na época poderiam ter consequências nefastas cinquenta 
anos depois? Quantos de nós pensaríamos em prever um futuro 
para dali a cinquenta anos?
A lição que me deram com o famoso videogame Mario Bro-
thers foi ainda melhor. Não tendo a paciência de meus filhos, eu 
vivia cortando caminho pelos vários atalhos existentes no jogo, 
quando novamente me deram o seguinte conselho: “Não se podem 
queimar etapas, senão você não adquire a experiência e a compe-
tência necessárias para as situações mais difíceis que estão por vir”. 
A frase não foi exatamente essa, mas foi o suficiente para me deixar 
com os cabelos em pé. Dois garotos estavam me ensinando que cada 
etapa da vida tem seu tempo e aprendizado, e nela não se pode ser 
um apressado.
No jogo Médico, as crianças aprendem a fazer um diagnóstico 
diferencial, a pior das alternativas sendo uma apendicite. Nesses 
casos, elas têm de operar “virtualmente” o paciente seguindo con-
dutas médicas corretas. Um dos procedimentos é a assepsia da pele, 
e ai de quem não escovar o peito do paciente, com o mouse nesse 
caso, por três minutos, o que é uma eternidade num videogame e 
para uma criança. Quem gasta menos do que isso é sumariamente 
expulso do hospital por erro médico. Que matéria ou professor 
ensina esse tipo de autodisciplina?
Em A-Train, o jogador é um administrador de empresa fer-
roviária. A criança tem de investir enormes somas colocando tri-
lhos e locomotivas sem contar com muitos passageiros no início das 
operações. Aprende-se logo cedo que uma empresa começa com 
prejuízo social e tem de ter recursos para suportar os vários anos 
deficitários.
Aos 12 anos, meus filhos já tinham noção de que os primeiros 
anos de um negócio são os mais difíceis, e controlar o capital de 
giro é essencial. Avaliar riscos e administrar o capital de giro, nem 
grandes empresários sabem fazer isso até hoje.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Como em tudo na vida, é necessário ter moderação nas horas 
devotadas ao videogame. Mas ele é uma ótima forma de estimular o 
cérebro da criança e impedir sua regressão sináptica, além de ensinar 
planejamento, paciência, disciplina e raciocínio, algo que nem sempre 
se aprende numa sala de aula.
KANITZ, S. A favor dos videogames. Veja. São Paulo: Abril, 
ano 38, n. 41, p. 22, out. 2005. © Editora Abril.
Podemos notar neste texto argumentativo que a tese do autor é apresen-
tada no título “a favor dos vídeos games”: para defendê-la o autor faz citações 
da fala de seus filhos, usa exemplo de jogos considerados por ele de qualidade. 
Uma concepção científica para sua argumentação já é apresentada nos pará-
grafos iniciais quando diz “O cérebro humano é um órgão que absorve quase 
25% da glicose que consumimos e 20% do oxigênio que respiramos. Carregar 
neurônios ou sinapses que interligam os neurônios em demasia é uma des-
vantagem evolutiva, e não uma vantagem, como se costuma afirmar”.
5.3 Gêneros textuais e práticas sociais
Os gêneros textuais são modelos comunicativos e fazem parte de nosso 
cotidiano. São orais e escritos e nos conduzem no processo comunicativo 
social. Desde a conversa com o vizinho até o relatório da última reunião, esta-
mos exercitando gêneros textuais. Para cada situação vivida há necessidade 
de conhecimento de um determinado gênero. Se vamos à missa, o gênero 
utilizado é o religioso, se vamos a um jogo de futebol, o gênero é esportivo, se 
vamos a uma exposição, o gênero é estético e assim por diante.
Na área acadêmica, educacional e empresarial a comunicação deve ser 
redigida em linguagem apropriada ao contexto e à técnica, com característi-
cas próprias dos gêneros dessas áreas. 
Existem gêneros para todas as situações comunicativas. Entre eles, des-
tacamos alguns. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
os enumerativos servem para lembrar e transmitir dados. São eles: 
listas de compras, etiquetas, horários, guias, formulários, impressos ofi-
ciais, índices, enciclopédias, menus, agenda, tarefas pendentes, cadernos 
de notas, listas de material, diário pessoal ou escolar, cartazes, catálogos, 
arquivos. 
Os informativos servem para compreender ou comunicar as carac-
terísticas principais de um tema. Destacam-se cartas, telegramas, notas e 
avisos, notícias, reportagens, convites, entrevistas, correspondência, anún-
cios, artigos e reportagens, folhetos, artigos de divulgação, jornais, revistas, 
propagandas, etc.
Os prescritivos são utilizados para dar instruções: escolares, receitas 
culinárias, regulamentos, códigos, normas de jogos, de comportamento, ins-
truções para a realização de trabalhos, manuais, etc.
Os expositivos e argumentativos são usados para estudar, comparti-
lhar e discutir conhecimentos através de um estudo mais aprofundado. São 
resenhas, relatórios, livro-texto escolar, divulgação, apontamentos, exercí-
cios, informes, artigos científicos, biografia, preparação de exposições orais 
e conferências, ensaios, etc.
os literários servem para induzir no leitor sentimentos e emoções 
especiais, para momentos de diversão, comunicar fantasias, transmitir 
valores culturais, sociais e morais. Destacam-se contos, narrações, lendas, 
poemas, canções, adivinhações, teatro, histórias em quadrinhos, gibis, entre 
outros. 
É importante ressaltar que os modos discursivos de descrição, narra-
ção, exposição ou argumentação estudados podem ser utilizados nos dife-
rentes gêneros.
Há alguns gêneros que são importantes em todas as áreas profissionais, 
como: relatório, ata, currículo, carta comercial e oficial, ofício, ensaio, artigo 
acadêmico e análise crítica.
O relatório e a ata têm como modo discursivo a narração, auxiliada 
pela descrição. O currículo é descritivo. Já na carta, no ofício, no ensaio, no 
artigo acadêmico e na análise crítica, o modo discursivo em evidência é o 
dissertativo opinativo ou argumentativo.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Na sequência serão apresentados modelos destes gêneros fundamentais 
para sua prática profissional e educacional.
5.3.1 Relatório
É um gênero utilizado em muitas situações práticas e sociais, uma vez 
que se tem que prestar contas das atividades realizadas, ou na família, oral-
mente, para comunicar nossos atos. Portanto, relatar é escrever, para alguém 
ausente, os acontecimentos, fatos ou discussões ocorridos em um determi-
nado local, descrevendo, narrando e, muitas vezes, dissertando.
A estrutura do relatório vai depender do espaço social no qual ele será 
produzido, quais os objetivos a que ele deve atender. Do mesmo modo, o grau 
de formalidade ou informalidade da estrutura linguística a ser seguida. 
No meio escolar o professor deve produzir relatório de notas, relatório 
de avaliação descritiva nas séries iniciais. Os alunos podem ser chamados 
a produzir relatório de visitas a exposições, viagens, prática e estágio. Já no 
mundo corporativo, os relatórios estão relacionados com custos, despesas, 
lucros. 
Quanto à estrutura, este gênero classifica-se em formal, informal e 
semi-informal (FLÔRES, 1994).
� Relatório formal: é rigoroso na forma de apresentação e estrutura, 
seguindo todas as normas de um trabalho técnico. É extenso, contendo 
mais de 15 páginas, e o assunto é tratado com muita profundidade. Os 
relatórios de estágio ou de término de curso entram nesta categoria.
� Relatório informal: trata de um único assunto, sua apresentação é 
breve, é redigido em poucas páginas (uma ou duas), às vezes apenas 
com um parágrafo, não exigindo cabeçalho nem título. Pode ser manus-
crito ou digitado. São exemplos de relatório informal o memorando e a 
 carta-relatório.
� Relatório semi-informal: é identificado pela sua extensão, contendo 
de 5 a 15 páginas, maior que o informal. Trata de assunto de certa com-
plexidade, exigindo pesquisa ou investigação. O relatório de visita, com 
objetivo predeterminado, é um exemplo de relatório semi-informal.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Quanto à maneira de tratar o assunto, os relatórios podem ser classi-
ficados em informativo e analítico.
� Relatório informativo: transmite informações sem se preocupar em 
avaliar ou analisar e não faz recomendações. É pouco extenso e apre-
senta-se informal e semi-informalmente. Subdivide-se em relatório de 
progresso, relatório de posição e relatório narrativo.
� Relatório informativo de progresso: relata modificações ocorridas 
em determinadas condições e durante um tempo. Pode ser de dois 
tipos: 
1. relatório informativo de progresso periódico – relata determi-
nada atividade num período de tempo fixo (anual, mensal, sema-
nal);
2. relatório informativo de progresso até determinada data – o 
assunto tratado pode ter maior complexidade, tornando-o longo, 
podendo ser superior a um ano, e tem como finalidade relatar o 
histórico do progresso de um projeto até determinada data. Não 
faz recomendações.
� Relatório informativo de posição: descreve ocorrência ou fatos num 
momento temporal, ou seja, numa data estabelecida. Neste tipo de rela-
tório não há análise, avaliação ou recomendação.
� Relatório informativo narrativo (ou de viagem, estágio ou adminis-
trativo): relata a história de ocorrências ou eventos sem tempo limi-
tado, não se preocupando em oferecer recomendações:
1. relatório de viagem – na introdução é importante colocar a data, 
o destino e o objetivo da viagem. No desenvolvimento designam-se 
os membros participantes, suas funções, os lugares visitados e 
os objetivos alcançados. Se houver roteiro, programa, deve-se 
inclui-lo. Na conclusão faz-se uma crítica com relação aos resulta-
dos alcançados;
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Gêneros textuais e tipos de textos
2. relatório de estágio ou de visita – apresentação na qual é colocado 
o objetivo do estágio ou visita. No desenvolvimento, devem estar 
presentes a descrição do local do estágio, as atividades desenvolvi-
das e as técnicas aplicadas. Por fim, uma conclusão, destacando o 
aproveitamento do estágio ou da visita;
3. relatório administrativo – possui objetivo preestabelecido e 
bem definido. Em geral, é utilizado quando há julgamento de 
determinados processos com fins administrativos em empresas, 
instituições de ensino e outros, ou quando são feitos estudos em 
determinadas áreas ou departamentos, os quais exigem alguma 
reformulação ou acerto em termos curriculares, pessoal-profis-
sional, ou administrativo.
� Relatório analítico: objetiva analisar os fatos ou as observações obti-
das e apresenta conclusões e recomendações. Os relatórios analíticos 
dividem-se em três formatos:
1. relatório analítico para solucionar problemas – dimensionar os 
problemas para que sejam analisados sem a preocupação de busca 
científica para solucioná-los;
2. relatório analítico pessoal (ou de proposição, ou consulta) – 
tem como finalidade apresentar sugestões ou recomendar alguma 
melhoria, mostrando objetivamente os dados que favorecem essa 
mudança, observando o tempo atual ou um tempo futuro;
3. relatório analítico de pesquisa – descreve experiências cientí-
ficas que estão sendo feitas por pesquisadores. Há subdivisões de 
relatório de pesquisa, a básica, que é um caminho a ser seguido 
em vista de um determinado resultado, tendo conclusão e reco-
mendação devido a resultados evidentes, e a aplicada, que irá 
descrever os meios de como empregar um produto novo ou uma 
nova técnica.
A linguagem do relatório deve primar pela clareza na exposição, 
pela concisão, precisão e unidade. Pode-se escrever em 1ª pessoa do plu-
ral, ou de modo impessoal, na 3ª pessoa. Observe o modelo de relatório a 
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Leitura e Escrita na Era Digital
seguir, que está disponível no site da Fundação Universidade do Tocantins 
 (Unitins).
O estágio supervisionado III – passo a passo
Este momento exige do estagiário o trabalho do relatório expan-
dido analítico-descritivo.
Aqui, cada componente irá sistematizar suas observações, cons-
truindo um relatório que será arquivado na pasta, no polo e será uti-
lizado, posteriormente, para a conclusão do Estágio.
Observação: cada integrante da equipe fará o seu relatório com 
base nos dados observados, lembrando sempre que é preciso ter obje-
tividade e imparcialidade. Para elaborar o relatório analítico-expan-
dido, vocês irão seguir o seguinte roteiro, lembrando que este relató-
rio deverá ser escrito individualmente e não deverá ser postado e, 
sim, colocado em sua pasta no polo.
CaPa
� Na parte superior da capa, centralizado, com letra maiúscula 
deverá estar escrito:
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS/FACUL-
DADE EDUCACIONAL 
DA LAPA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – EAD
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III 
2 No centro da folha, deverá estar o título do trabalho:
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – RELATÓRIO ANALÍTI-
CO-DESCRITIVO 
EXPANDIDO DA OBSERVAÇÃO DA DOCÊNCIA NOS ANOS 
INICIAIS DO 
ENSINO FUNDAMENTAL
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Gêneros textuais e tipos de textos
� Embaixo (centralizado)
NOME DOS(AS) ACADÊMICOS(AS)
LOCAL – ANO/SEMESTRE
folHa dE roSto
� Na parte superior (centralizado/maiúsculo)
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS/FACUL-
DADE EDUCACIONAL DA LAPA
CURSO DE PEDAGOGIA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III
� No centro: 
TÍTULO DO TRABALHO
Abaixo do título, recuado à direita, com letra fonte 10, vai a nota 
indicativa da natureza do trabalho, escrito:
Relatório analítico-descritivo expandido como exigência legal 
do curso de pedagogia da Fundação Universidade do Tocantins/
FaculdadeEducacional da Lapa.
2 Embaixo da folha deverá constar o nome dos integrantes da 
equipe, local, ano/semestre.
SUMÁrio
1. INTRODUÇÃO
2. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA/ANÁLISE DO ESPAÇO 
ESCOLAR
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A OBSERVAÇÃO 
DA DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA-
MENTAL
3.1 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no 
1º ano
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Leitura e Escrita na Era Digital
3.2 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no 
2º ano 
3.3 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no 
3º ano
3.4 Descrição, análise e interpretação da observação da docência no 
4º ano
3.5 Descrição, análise e interpretação da observação da docência do 
5º ano
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS 
6. ANEXOS
PIENTA, A. C.; METZ, M. C. Orientações para o estágio 
 supervisionado III. Observação da docência nos anos iniciais do ensino 
fundamental. Disponível em: <http://www.unitins.br/pedagogia/arquivos/
estagio/4_periodo/OrientEstagio_4_periodo.pdf> Acesso em: 22 set. 2012.
5.3.2 Ata
A ata é o registro escrito de uma reunião, sessão, assembleia geral ordi-
nária ou extraordinária, que tem efeitos legais. Quando não houver necessi-
dade de formalidades legais, pode-se fazer apenas um relatório de reunião.
Uma ata deve ser escrita em um só parágrafo, os assuntos seguem em 
ordem cronológica, com o verbo no pretérito perfeito do indicativo e os nume-
rais registrados por extenso. Não pode conter rasuras. Se houver algum erro e 
for percebido, escreve-se a correção precedida da observação “em tempo”. 
Para o seu registro deve haver um livro próprio, com páginas numera-
das e rubricadas por quem fez o “termo de abertura”. 
São partes componentes da ata:
� título;
� introdução com data, local e hora; 
� registro dos presentes; composição da mesa; discriminação das 
publicações relacionadas com a reunião, como relatórios, editais; 
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Gêneros textuais e tipos de textos
� deliberações;
2 encerramento.
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Leitura e Escrita na Era Digital
Ata da Assembleia Geral de Constituição 
de Associação ou Sociedade Civil
Ao...........dia do mês de....................................do ano de..............., 
às..............horas, reuniram-se, em Assembleia Geral, no ende-
reço.......................................................as pessoas a seguir relacio-
nadas: (nominar as pessoas, profissão, estado civil, endereço 
residencial e número do CPF). Os membros presentes esco-
lheram, por aclamação, para presidir os trabalhos (nome de 
membro)....................................., e para secretariar (nome mem-
bro).................................................. Em seguida, o Presidente declarou 
abertos os trabalhos e apresentou a pauta de reunião, contendo 
os seguintes assuntos: 1º) discussão e aprovação do Estatuto da 
associação; 2º) escolha dos associados ou sócios que integrarão os 
órgãos internos da associação; e 3º) designação de sede provisó-
ria da associação. Em seguida, começou-se a discussão do estatuto 
apresentado que, após ter sido colocado em votação, foi aprovado 
por unanimidade, com a seguinte redação: (transcrever redação 
do estatuto aprovado); Passou-se, em seguida, ao item “2” da pauta, 
em que foram escolhidos os seguintes membros para comporem os 
órgãos internos: DIRETORIA EXECUTIVA: (nominar os mem-
bros, estado civil, profissão, endereço residencial, numero do CPF 
e cargo). Por fim, passou-se à discussão do item “3” da pauta e foi 
deliberado que a sede provisória da associação será no seguinte 
endereço: (discriminar o endereço completo). 
Nada mais havendo, o Presidente fez um resumo dos trabalhos 
do dia, bem como das deliberações, agradeceu pela participação de 
todos os presentes e deu por encerrada a reunião, da qual eu, (nome 
do secretário da reunião), secretário ad hoc reunião, lavrei a presente 
ata, que foi lida, achada conforme e firmada por todos os presentes 
abaixo relacionados.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Os órgãos internos apresentados são apenas sugestivos, ou seja, 
não há obrigatoriedade de utilizarem-se as mesmas denominações. 
Em regra, as funções de deliberação são exercidas por uma Assem-
bleia Geral, integrada por todos os associados ou sócios, porém, é per-
feitamente possível a existência de um segundo órgão de deliberação, 
como, por exemplo, um Conselho Superior, com atribuições serão 
fixadas no estatuto. 
A ata deverá ser assinalada por todos os associados ou sócios 
fundadores, que serão identificados pelo nome e número de CPF.
Fonte: BAHIA. Ministério Público. Ata da Assembleia Geral de 
Constituição de Associação ou Sociedade Civil. Disponível em: 
<http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/caocif/fundacoes/pecas/ 
modelo_ata.pdf>. Acesso em: 22 set. 2012.
5.3.3 Currículo ou curriculum vitae
É um texto de apresentação, no qual, por meio de informações sucin-
tas, o sujeito descreve as suas qualificações pessoais para submeter-se a 
uma avaliação para um possível emprego. A linguagem deve ser extre-
mamente concisa, com observações objetivas a respeito da formação e 
experiência profissionais rigorosamente verdadeiras. As partes devem 
ser claramente destacadas e muito bem digitadas. Deve ser redigido em 
terceira pessoa. 
Nome Completo
[Endereço completo]. Telefone: [Telefone com DDD] – E-mail: 
[E-mail]. Idade: [Idade] anos – estado civil: [estado civil].
objetivo: [vaga ou oportunidade pretendida]
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Leitura e Escrita na Era Digital
Formação acadêmica:
� curso do ensino médio
� curso profissionalizante ou técnico
� curso superior
(data de início e término, escola e universidade)
Experiência profissional:
� data de início e término
� nome da empresa
� cargo exercido
� atividades realizadas
Qualificações e atividades complementares:
� descrição de outros cursos realizados
� descrição de atividade relevantes realizadas
Informações adicionais:
2 tem algo de especial que ocorreu com você, como algum 
prêmio, publicação de algum artigo, livro – descrever
5.3.4 Artigo acadêmico/científico
É um dos mais importantes textos, tanto para leitura quanto para a 
escrita, para os universitários. Serve para divulgar e veicular conhecimen-
tos novos que já estão ou serão sistematizados em breve. Essencialmente, no 
artigo, mostra-se um problema, discute-se a respeito e apresenta-se soluções.
Na sua construção, são usados os diferentes modos discursivos: narra-
ção, descrição, informação e argumentação. Os temas abordados são livres, 
uma vez que se escreve tudo o que for de interesse de cada área e de todas as 
áreas. É o conhecimento sendo construído.
Para produzir um artigo, é importante observar os seguintes passos:
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Gêneros textuais e tipos de textos
1. seleção da bibliografia sobre o assunto;
2. delimitação do assunto;
3. elaboração da abordagem para análise do assunto;
4. elaboração do esquema de trabalho;
5. elaboração dos tópicos e da análise pessoal;
6. organização das anotações na ordem apresentada no esquema;
7. escolha do tempo verbal mais indicado para ser usado no artigo;
8. escrita da primeira versão do trabalho;
9. revisão da escrita;
10. submissão do artigo ao orientador ou a outra pessoa para avaliar a pro-
dução;
11. escrita da versão final.
A estrutura do artigo exige as seguintes partes:
1. identificação – nesse tópico, coloca-se o título do artigo, a autoria e a 
titulação do autor;2. resumo e palavras-chave – o resumo apresenta, de forma sintética, todos 
os dados do artigo, tema, objetivos, metodologia e resultados. Antecede 
o corpo do artigo. Abaixo do resumo são colocadas as palavras-chave;
3. corpo do artigo
a) situação-problema – apresenta o problema (o quê), os objetivos 
(para que serviu). Nessa parte, que é a introdução, pode-se fazer 
referências às partes que compõem o artigo, e, ainda, à sua funda-
mentação teórica.
b) discussão – é o desenvolvimento do artigo e pode ser dividida em 
quantos itens forem necessários. Serão apresentadas todas as infor-
mações, referências aos autores consultados e o autor deve valer-se 
de todos os argumentos para defender os resultados conseguidos.
c) solução/avaliação – caracteriza-se como a conclusão do artigo e 
são ressaltados os resultados e/ou limites do estudo desenvolvido, 
bem como, se possível, recomendações para novas descobertas.
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Leitura e Escrita na Era Digital
O artigo possui, ainda, referências, anexos ou apêndices, se necessário, 
e a data da produção.
Considerações Sobre as Faces das Desigualdades 
Entre os Seres Humanos 
Francisco Fernandes Ladeira 
Especialista em: Brasil, Estado e Sociedade pela UFJF 
E-mail: ffl@site.com.br
Resumo: O presente trabalho apresenta breves considerações sobre as 
diversas faces das desigualdades entre os seres humanos. Para as concep-
ções clássicas, as desigualdades sociais estão relacionadas, sobretudo, à 
distribuição irregular da renda e dos bens materiais. Em contrapartida, 
de acordo com as concepções contemporâneas, os estudos sobre as desi-
gualdades devem ir além da distribuição de bens materiais e do fator 
renda. Dessa forma, as desigualdades também devem ser associadas a 
fatores extra-econômicos e às oportunidades de vida.
Considerações Iniciais 
Compreender as causas das desigualdades entre os seres huma-
nos é um dos principais desafios dos cientistas sociais.
Na Grécia Antiga, berço do pensamento ocidental, acreditava-se 
que as desigualdades entre os homens eram inatas. Desse modo, certos 
indivíduos eram naturalmente propensos a serem escravos, outros a 
serem senhores, alguns adaptados a trabalhos manuais e outros exclu-
sivamente às atividades intelectuais.
Há [...] por obra da natureza e para a conservação 
das espécies, um ser que ordena e um ser que obe-
dece. Porque aquele que possui inteligência capaz de 
previsão tem naturalmente autoridade e poder de 
chefe; o que nada mais possui além da força física 
para executar, deve, forçosamente, obedecer e servir 
[...] Os bárbaros a mulher e o escravo se confundem 
na mesma classe. Isso acontece pelo fato de não 
lhes ter dado a natureza o instinto do mando [...] 
(ARISTÓTELES, s. d., p. 14). 
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Gêneros textuais e tipos de textos
Evidentemente, essa concepção equivocada não é mais admi-
tida. Sabemos que as desigualdades não são naturais, mas socialmente 
construídas ao longo de um processo histórico marcado pelas diferen-
ciações entre os seres humanos.
Para a concepção clássica, representada principalmente pelos 
pensamentos de Karl Marx e Max Weber, as desigualdades sociais 
estão relacionadas, essencialmente, à distribuição irregular da renda 
e dos bens materiais. Em contrapartida, para alguns intelectuais con-
temporâneos, os estudos sobre as desigualdades devem ir além da dis-
tribuição de bens materiais e do fator renda. Para estes autores, as 
desigualdades também devem ser associadas a fatores extra-econômi-
cos (raça, gênero, nacionalidade) e às oportunidades de vida.
Concepção Clássica 
Um dos primeiros pensadores modernos a tratar exaustivamente 
o tema das desigualdades sociais foi Jean-Jaques Rousseau:
Concebo na espécie humana duas espécies de desi-
gualdade. Uma, que chamo de natural ou física, por 
que é estabelecida pela natureza e que consiste na 
diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e 
das qualidades do espírito ou da alma. A outra, que 
pode ser chamada de desigualdade moral ou polí-
tica porque depende de uma espécie de convenção 
e que é estabelecida ou pelo menos autorizada pelo 
consentimento dos homens. Esta consiste nos dife-
rentes privilégios de que gozam alguns em prejuízo 
dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais 
poderosos do que os outros ou mesmo fazer-se obe-
decer por eles (ROUSSEAU, s. d., p. 27).
Sendo assim, segundo Rousseau, o chamado mundo civilizado, 
através dos séculos, fomentou profundas diferenças entre os homens, 
sendo que as desigualdades sociais surgem com o aparecimento da 
propriedade privada. 
O primeiro homem que cercou um pedaço de terra, que veio com 
a ideia de dizer “isto é meu” e encontrou gente simples o bastante para 
acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos 
crimes, guerras e assassinatos derivam desse ato! De quanta miséria 
e horror a raça humana poderia ter sido poupada se alguém sim-
plesmente tivesse arrancado as estacas, enchido os buracos e gritado 
para seus companheiros: “Não deem ouvidos a este impostor. Estarão
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Leitura e Escrita na Era Digital
perdidos se esquecerem que os frutos da terra pertencem a todos, 
e que a terra, ela mesma, não pertence a ninguém” ( ROUSSEAU, 
s. d., p. 14). 
Para Marx, as desigualdades sociais podem ser compreendidas 
através da irregular distribuição dos meios de produção. Segundo o 
pensamento marxiano, a história se desenvolve de forma linear, em 
diferentes etapas, movidas, sobretudo, pelas contradições originadas 
da organização do sistema de produção (luta de classes). “Em um 
caráter amplo, os modos de produção asiático, antigo, feudal e bur-
guês moderno podem ser considerados como épocas progressivas da 
formação econômica da sociedade.” (MARX, 1977, p. 23). 
Na sociedade capitalista, existem duas classes sociais básicas: de 
um lado a burguesia, detentora dos meios de produção; e de outro 
lado o proletariado, que possui somente a sua força de trabalho.¹ “[...] 
Opressores e oprimidos, sempre estiveram em constante oposição uns 
aos outros [...].” (MARX, 2000, p. 45). 
Sendo assim, a classe operária, explorada pelos patrões, deve se 
organizar e promover a revolução socialista, transformando os meios 
de produção em propriedades coletivas.² Portanto, para o pensamento 
marxiano, o fim das desigualdades sociais passa, inexoravelmente, 
pela destruição do modo de produção capitalista, culminando com 
o advento do comunismo. “Em lugar da antiga sociedade burguesa, 
com suas classes e seus antagonismos de classes, surge uma associação 
na qual o livre desenvolvimento de cada um é condição para o livre 
desenvolvimento de todos.” (MARX, 2000, p. 67). 
Max Weber percebe as diferenciações entre os indivíduos a par-
tir das variáveis propriedade, poder e prestígio. Assim, as diferenças 
de propriedade criam as classes; as diferenças de poder criam os par-
tidos políticos; e as diferenças de prestígio criam os agrupamentos de 
status ou estratos.
Concepção Contemporânea 
Por outro lado, autores contemporâneos, apesar de não negarem 
as interpretações clássicas sobre as desigualdades, procuram incluir 
fatores imateriais e extra-econômicos nas análises sobre as distinções 
sociais.
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Gêneros textuais e tipos de textos
Para Amartya Sen, as análises sobre as desigualdades devem se 
deslocar dos espaços de renda para o espaço de funcionamentos. De 
acordo com o economista indiano, funcionamentos são os desejos e 
aspirações que um indivíduo consegue realizar vivendo de uma deter-
minada maneira. Assim, mais importante do que a questão monetá-
ria, é focalizarcomo determinado rendimento pode se transformar 
em realizações e melhorar a autoestima individual.
Jessé Souza, sociólogo da Universidade Federal de Juiz de Fora, 
salienta que os estudos sobre as classes sociais precisam superar as 
abordagens tradicionais. Rejeita, assim, tanto o liberalismo economi-
cista, que vincula classe ao rendimento monetário; quanto o pensa-
mento marxista clássico, que associa classe à posição de um indivíduo 
em relação ao modo de produção vigente. Aspectos econômicos e 
ocupacionais são condições necessárias, porém não suficientes, para 
definir uma classe.
Classes sociais não são determinadas pela renda, nem pelo simples 
lugar na produção, mas sim por uma visão de mundo “prática” que se 
mostra em todos os comportamentos e atitudes. [...] O economicismo 
liberal, assim como o marxismo tradicional, percebe a realidade das 
classes sociais apenas “economicamente” (SOUZA, 2010, p. 22, 45).
Desse modo, essas interpretações não levam em conta “[...] o 
mais importante, que é a transferência de valores imateriais na repro-
dução das classes sociais e de seus privilégios no tempo” (SOUZA, 
2010, p. 23). 
Considerações Finais
Entretanto, é controverso menosprezar a importância do fator 
renda para se aferir as desigualdades sociais. Basta levarmos em 
conta que, em uma sociedade capitalista como a nossa, onde prati-
camente todas as relações sociais são regidas pela lógica mercantil, 
um rendimento monetário básico é condição sine qua non para que 
um indivíduo possa viver com o mínimo de dignidade e suprir suas 
necessidades vitais. 
Contudo, ao focalizar somente a variável renda para se analisar 
as desigualdades, cometemos o equívoco de apresentar uma visão 
incompleta e simplista sobre o tema.
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Leitura e Escrita na Era Digital
As verdadeiras faces das desigualdades não se manifestam ape-
nas no aspecto econômico. Estão presentes nos antagonismos raciais, 
sexuais, nacionais comportamentais, etc.
É importante salientar que nos Estados Unidos, por exemplo, 
para se medir o status de um indivíduo, a cor da pele, em várias oca-
siões, é mais importante do que a conta bancária. 
Já em países extremamente religiosos, notadamente nas socie-
dades muçulmanas, as mulheres, mesmo possuindo uma condição 
financeira favorável, são menos valorizadas socialmente do que os 
homens pobres.
Em suma, as causas das desigualdades sociais são extremamente 
complexas, não podem ser atribuídas a um único fator.
Contudo, as desigualdades, ao serem historicamente construí-
das, também podem ser historicamente minimizadas.
Desse modo, mais importante do que entender as origens das 
desigualdades entre os seres humanos, é propor formas pragmáticas 
de extirpá-las.³
E esta tarefa não está a cargo apenas dos intelectuais. Con-
siste, talvez, no maior desafio para a nossa sociedade neste início de 
século. 
Notas 
1. “O operário moderno, [...] ao invés de se elevar com o progresso da 
indústria, desce cada vez mais, caindo inclusive abaixo das condições 
de existência de sua própria classe.” (MARX, 2000, p. 56). 
2. “[...] A burguesia não forjou apenas as armas que lhe trarão a 
morte; produziu também os homens que empunharão essas armas – 
os operários modernos, os proletários.” (MARX, 2000, p. 51). 
3. Lembrando as palavras de Marx, mais importante do que inter-
pretar o mundo, é ter o atrevimento de transformá-lo. 
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Gêneros textuais e tipos de textos
Referências bibliográficas 
ARISTÓTELES. A Política. Tradução de Nestor Silveira Chaves. São 
Paulo: Escala, s. d. 
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: 
Martins Fontes, 1977. 
MARX, K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Tradu-
ção de Pietro Nassetti. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2000. 
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem da desigualdade entre os 
homens. São Paulo: Escala, s. d. 
SEN, A. Desigualdade Reexaminada. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 
2008. 
SOUZA, J. Os Batalhadores Brasileiros – Nova classe média ou 
nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2010. 
WEBER, M. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara, 1982.
Fonte: LADEIRA, F. F. Considerações sobre as faces das desigualdades 
entre os seres humanos. Disponível em: <http://artigocientifico.uol.com.
br/uploads/artc_1325883740_70.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
Da teoria para a prática 
É indiscutível a necessidade do domínio da teoria dos gêneros textuais 
para todo cidadão que vive em uma sociedade letrada, ou seja, que exige o 
domínio da língua para que se tenha acesso aos bens culturais, práticas sociais 
de leitura e escrita, cidadania efetiva. Deste modo, em todas as circunstâncias 
acadêmicas e profissionais, precisamos dominar a estrutura dos textos e dis-
cursos que fazem parte de nossas relações e práticas sociais.
Desta forma, além dos textos apresentados no material, há necessidade 
de se buscar outros tipos de textos, compreender sua função e estrutura, 
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para poder comunicar-se com competência. Para alçarmos títulos acadê-
micos, desde o ensino fundamental até especializações, como o doutorado, 
devemos dominar a produção de textos dissertativos. Para entrarmos em um 
curso superior, o teste mais importante é o que exige a produção de uma 
argumentação a respeito de um tema polêmico. Para concluir a graduação, 
temos que produzir um relatório de estágio ou um artigo. Para concluir uma 
especialização, devemos produzir uma monografia. Para sermos aceitos em 
um mestrado, precisamos apresentar um projeto de pesquisa e, na conclusão, 
para recebermos o título, devemos escrever uma dissertação.
Esta dissertação pode se transformar em um projeto para fazermos um 
doutorado que, ao final, exige a defesa de uma tese. Portanto, para que tenha-
mos sucesso acadêmico e profissional, saber escrever é fundamental.
Síntese
Neste capítulo, dialogamos sobre os gêneros textuais e vimos que eles 
são inumeráveis, uma vez que, em cada situação de interação verbal, há 
necessidade de se saber qual é a melhor maneira de utilizar a linguagem. 
Necessário é observar os três elementos essenciais: os conteúdos ideologi-
camente conformados, que se tornam dizíveis por meio do gênero; a forma 
de composição, a estrutura formal dos textos pertencentes ao gênero; e as 
marcas linguísticas ou de estilo, que levam em conta as questões individuais 
de seleção e opção: vocabulário, estruturas frasais, preferências gramaticais.
Vimos, também, alguns textos que fazem parte da vida dos profissionais 
de qualquer área, como o relatório, a ata, o currículo, o artigo e cada um com 
os seus elementos essenciais.
Destacamos, ainda, a importância do conhecimento dos modos discur-
sivos que podem ser usados em todos os gêneros, dependendo do objetivo 
que se quer alcançar com as palavras, que são: a narração, a descrição, a dis-
sertação opinativa ou argumentativa.
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6
Novas tecnologias 
da informação e 
da comunicação
Neste capítulo, a proposta é estudar os gêneros virtuais 
surgidos com o advento da internet no mundo contemporâ-
neo. Como vimos no capítulo anterior, esses gêneros do ciber ou 
hiperespaço, para Bakhtin (2000), pertencem ao chamado gênero 
terciário. São os gêneros que surgem com as novas tecnologias, em 
um novo suporte – o computador, e todas as suas variações – que, 
na sua maioria, têm similares em outros ambientes, tanto na orali-
dade como na escrita. 
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Leitura e Escrita na Era Digital
O meio virtual, portanto, transformou a maneira de ler e escrever,tra-
zendo o hipertexto como um novo espaço em que leitor e escritor encon-
tram-se diante de novos processos de produção e compreensão textuais, de 
novas formas de linguagem e interagindo com sua multiplicidade, de um 
novo código, que usa o teclado para “conversar”, ou seja, fala escrevendo (ou 
será que escreve falando?), exigindo, para tal, novos recursos linguísticos.
6.1 Cibercultura e hipertexto 
Pierre Lévy é considerado o filósofo da informação. Sua obra trata da 
transformação sofrida pela sociedade após o advento da internet, a chamada 
Era da Comunicação. Segundo o estudioso, as tecnologias digitais colocam 
a humanidade em um caminho sem volta. As práticas, atitudes, modos de 
pensar e valores estão transformados por causa deste novo espaço de comu-
nicação, o espaço da inteligência coletiva. 
Lévy (2005) define ciberespaço deste modo:
O ciberespaço é uma espécie de objetivação ou de simula-
ção da consciência humana global que afeta realmente essa 
consciência, exatamente como fizeram o fogo, a linguagem, 
a técnica, a religião, a arte e a escrita, cada etapa integrando 
as precedentes e levando-as mais longe ao longo de uma pro-
gressão de dimensão exponencial (LÉVY, 2005, p. 22).
Isso ocorre porque “a internet é um hipertexto produzido coletivamente 
num contexto ciberespacial, tecnicamente interligado por uma imensidade 
de computadores plugados em rede universal” (COSTA, 2000, p. 22).
O hipertexto é um texto que vem acompanhado de vários links, possi-
bilitando uma leitura não linear, já que o leitor encontra-se livre para modi-
ficar o caminho de sua leitura quando os acessa. A palavra inglesa link é uma 
forma curta, usada para designar as hiperligações do hipertexto. Significa 
“atalho”, “caminho” ou “ligação”. Por meio dos links é possível produzir docu-
mentos não lineares, interconectados com outros documentos ou arquivos 
a partir de palavras, imagens ou outros objetos. Navegar, como se diz usual-
mente, é seguir uma sequência de links, agregando interatividade ao docu-
mento e somando rapidamente outros conteúdos sobre o assunto específico 
de que se está tratando.
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Novas tecnologias da informação e da comunicação
Para Marchuschi (2005), o hipertexto não pode ser tratado como um 
gênero e, sim, como um modo de produção textual que pode estender-se a 
todos os gêneros, dando-lhes, neste caso, algumas propriedades específicas. 
Segundo Lévy, as pessoas têm a possibilidade de organizar, classificar os 
conteúdos analisados na rede. Dessa forma, a obra, na cibercultura, é aberta, 
móvel, em contínuo processo de transformação.
Marcuschi (2005) define as características do hipertexto: 
a) não linearidade – significa flexibilidade para definir o trajeto da 
leitura entre os vários nós do texto;
b) volatilidade – implica a não estabilidade do texto impresso, as 
escolhas são tão passageiras quanto as conexões executadas pelos 
leitores;
c) topografia – o espaço de escrita e de leitura não possui limite defi-
nido; 
d) fragmentariedade – em geral, as ligações são breves, com possíveis 
retornos ou saídas;
e) acessibilidade ilimitada – permite o acesso a todo tipo de fonte: 
dicionários, museus, obras científicas, literárias; 
f) multissemiose – possibilita a junção, ao mesmo tempo, da lingua-
gem verbal e da não verbal; 
g) interatividade – refere-se à interconexão interativa, pela facili-
dade de estabelecer contatos com muitos autores;
h) intertextualidade – diz respeito à presença de textos variados, 
citações, notas.
No mapa destacado a seguir, foi construído um encaminhamento dos 
processos que ocorrem na comunicação virtual mostrando grandes linhas. 
Temos as possibilidades do ciberespaço, os fundamentos, as condições 
 tecnossociais, as redes sociais e os problemas que podem advir no uso desta 
tecnologia de comunicação. Por meio dele, podemos nos aprofundar neste 
caminho.
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Leitura e Escrita na Era Digital
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LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura 
contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999.
PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, 
cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007.
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– 117 –
Novas tecnologias da informação e da comunicação
Já na imagem a seguir, que representa um hipertexto, vemos que as redes 
são criadas a partir da leitura de um texto com links que levam a outros textos 
e, assim, infinitamente, produzem a grande rede de informações.
6.2 Gêneros virtuais
Gêneros virtuais são as novas modalidades de gêneros textuais surgidos 
com a internet – ou, como afirma Bakhtin, o gênero terciário –, que permi-
tem a comunicação e a interação entre duas ou mais pessoas, mediadas pelo 
computador. 
O tipo de comunicação que prospera na internet se relaciona 
com a liberdade de expressão, a emissão livre de mensagens, a 
comunicação orientada para uma determinada criação cole-
tiva, surgindo desta forma um sistema hipertextual global 
verdadeiramente interativo (CASTELLS, 2003, p. 24). 
A linguagem da internet reflete o desejo de aproximar cada vez mais 
a linguagem escrita da linguagem oral. O já chamado “internetês”. Uma 
demonstração dessa interferência é a redução das palavras como pq, vc, 
kd, tb, hj, fds, flw. A par disso, é comum acrescentar palavras como naum, 
amow, tah, jah, eh. Também faz parte dessa linguagem o uso de frases de 
forma que intensifiquem o sentido das coisas, como gateenha, bjãoooo, 
abssssssssss, demonstrando a criatividade dos usuários e inovando a cons-
trução da linguagem virtual. São usadas, ainda, construções mais comple-
xas, como “Me fla as 9dades, visse?” cujo significado seria: “Me fala as 
novidades, viu?”.
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– 118 –
Leitura e Escrita na Era Digital
Sobre a escrita dos discursos eletrônicos, Crystal (apud MARCUSCHI, 
2005, p. 5) menciona três aspectos que devem ser verificados:
1. do ponto de vista dos usos da linguagem – tem-se uma pontua-
ção minimalista, uma ortografia um tanto bizarra, abundância de 
siglas, abreviaturas nada convencionais, estruturas frasais pouco 
ortodoxas e uma escrita semialfabética;
2. do ponto de vista da natureza enunciativa dessa linguagem – 
integram-se mais semioses do que usualmente, tendo em vista a 
natureza do meio com a participação mais intensa e menos pes-
soal, surgindo a hiperpessoalidade; 
3. do ponto de vista dos gêneros realizados – a internet transmuta, 
de maneira bastante complexa, gêneros existentes, desenvolve 
alguns realmente novos e mescla vários outros. 
Com todas essas inovações na linguagem, alguns gêneros virtuais uni-
versalmente utilizados são: os e-mails, os chats ou salas de bate-papo, os blogs 
e tantos outros que surgirão em um espaço muito breve de tempo, porque a 
tecnologia avança de uma forma espetacularmente veloz.
Marchuschi (2005, p. 13) estabelece um paralelo entre os gêneros emer-
gentes e os já existentes. 
Gêneros emergentes Gêneros já existentes
E-mail Carta pessoal/bilhete/correio
Bate­papo virtual em aberto Conversações (em grupos abertos?)
Bate papo virtual reservado Conversações duais (casuais)
Bate­papo ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)
Bate­papo virtual em salas privadas Conversações (fechadas?)
Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada
Aula virtual Aulas presenciais
Bate­papo educacional Reunião
Vídeoconferência Reunião de grupo/conferência/debate
Lista de discussão Circulares
Endereço eletrônico Endereço postal
Fonte: Marchuschi (2002, p. 13, grifo nosso).
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Novas tecnologias da informação e da comunicação
6.2.1 E-mail
É o texto que desempenha o papel de correio eletrônico. É um similar da 
carta, do memorando, do bilhete, da conversa informal, das cartas comerciais 
e até mesmo de um telegrama carta e/ou telegrama. O e-mail é identificado 
pelo símbolo “@”, at em inglês, e significa “em”; “com”, ou seja, endereço comer-
cial, e o “br” informa que o endereço é do Brasil. A principal característica do 
e-mail é o assincronismo das mensagens e o fato de possibilitar o envio de sons 
e imagens rapidamente. No geral, os interlocutores são conhecidos ou amigos 
e raramente ocorre o anonimato, o que é uma violação de normas do gênero 
(tal como uma carta anônima). Esta característica o diferencia dos bate-pa-
pos. Por outro lado, os e-mails, em geral, são pessoais, o que os diferencia das 
listas de grupos ou de fóruns de discussão (MARCUSCHI, 2005, p. 21-24).
No meio educativo, o e-mail também tornou-se um instrumento impor-
tante para comunicação entre os pares, tanto no ensino a distância (em espe-
cial) quanto no presencial, pois todas as determinações ficarão registradas 
para possíveis embates entre professores e alunos. Além disso, com a possi-
bilidade de intercâmbio com outras comunidades escolares, a produção do 
conhecimento torna-se plural pelo acesso a diferentes culturas.
Alguns problemas podem ocorrer no uso deste gênero, tais como o 
retorno da mensagem se o endereço não estiver correto ou se a caixa de 
correspondência do receptor esteja cheia. Contudo, o mais grave é quando 
a comunicação vem contaminada com vírus, falsificada, podendo causar 
danos irreversíveis no seu aparelho eletrônico.
Prezado cliente,
Venho por meio deste comunicar que está à sua disposição o catá-
logo de vendas da moda inverno 2013. O mesmo foi enviado pelo cor-
reio e pode ser consultado no site da empresa www.suavepele.com.br.
Colocamo-nos ao seu inteiro dispor para maiores informações.
João Silva
Gerente Comercial
(11) 9999.9999
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Leitura e Escrita na Era Digital
6.2.2 Chats – bate-papos virtuais
É o gênero da conversa ou bate-papo informal, é oral, no caso, virtual. 
Tornou-se um dos mais populares gêneros praticados, trata-se de um sis-
tema gratuito oferecido na internet que permite uma interação sincrônica e 
simultânea, em tempo real, e pode ser compartilhado com muitas pessoas ao 
mesmo tempo. Possui como característica uma linguagem própria, repleta 
de abreviações, etiquetas e, ainda, o uso de emoticons. 
As interações realizam-se em “salas” (abertas ou fechadas). Em geral, não 
há uma identificação pessoal verdadeira e as pessoas usam um pseudônimo 
ou nickname (apelido) para comunicação. O apelido permite o anonimato, 
que, na psicologia, é chamado de máscara. Em poucos segundos, o mesmo 
participante pode escolher uma ou mais “máscaras”, com nomes e perso-
nalidades diferentes, em curto espaço de tempo (MARCUSCHI, 2005, 
p. 24-29). Esse é um dos aspectos negativos, porque as pessoas podem acre-
ditar em tudo o que os outros dizem e serem levadas a vários tipos de perigo. 
Este gênero, no contexto social, revela-se um influente meio de comunica-
ção nas relações interpessoais e todo cuidado é pouco, pois, na maioria das 
vezes, tal procedimento leva os interlocutores a agirem como se estivessem 
no mundo da fantasia. É um bom meio para aqueles que têm dificuldades de 
interação com o seu próprio grupo.
Cristina — Olá professor, poderia informar o que irá sercobrado na 
avaliação?
Jorge — Olá Cristina, eu coloquei todos os itens nas informações da 
aula de número 12.
Cristina — Desculpe prof. eu estou tão nervosa que nem vi. Beijos 
e até sexta-feira.
Jorge — Certo Cris, até sexta. Abraços.
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Novas tecnologias da informação e da comunicação
Esse é um dos grandes gêneros aliados do ensino a distância, uma vez 
que é possível a interação face a face com os alunos para as mais variadas 
atividades, seja para o trato de questões de ensino-aprendizagem, seja para 
videoconferência.
6.2.3 Weblog 
É um modo de comunicação assíncrona e com arquivamento dos dados 
para consulta. Pode-se colocar imagens e links e desenhar a página de apre-
sentação com criatividade. É possível a interação, uma vez que os leitores 
podem fazer comentários ou críticas sobre tudo o que foi postado pelo dono 
do blog, conhecido como “blogueiro”. Caracteriza-se como um diário virtual 
público, logo, as postagens podem ser diárias e aparecem numa ordem cro-
nológica reversa, ou seja, a mais atual aparece sempre em primeiro lugar. Este 
gênero foi rapidamente assimilado para os mais variados fins, como divulga-
ção de serviços, literária, política, religiosa, culinária.
NASCIMENTO, J. Ci sposeremo. Disponível em: <http://danieljaque 
sisposeranno.blogspot.com.br/>. Acesso em: 26 out. 2012.
O blog, no ambiente escolar, pode contribuir consideravelmente 
para o processo de ensino e aprendizagem, pois dá autonomia ao aluno na 
 construção do conhecimento da área, permite a troca de informações entre 
os pares e a comunidade, melhora a escrita e a leitura e amplia a pesquisa.
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– 122 –
Leitura e Escrita na Era Digital
6.2.4 Listas de discussão 
São “comunidades virtuais que se agrupam em torno de interesses bem 
determinados e operam via e-mails como forma de contato. São gêneros fun-
dados numa comunicação assíncrona” (MARCUSCHI, 2005, p. 36, grifo 
nosso). Enquanto no e-mail e no chat predomina a linguagem informal, nas 
listas de discussão, em geral, são colocados em pauta tópicos acadêmicos ou 
profissionais que levam os participantes a usarem uma linguagem formal. 
A principal característica da lista de discussões é a transmissão de infor-
mações sobre os tópicos da lista, úteis ao grupo, não permitindo mensagens 
pessoais ou de interesses individuais.$XWRU 0HQVDJHP���GH]�����������'LQi
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Novas tecnologias da informação e da comunicação
6.2.5 Videoconferência interativa 
A videoconferência interativa, também conhecida como audioconfe-
rência interativa, é “um gênero que se aproxima dos bate-papos virtuais com 
convidados, mas têm tema fixo e tempo claro de realização com parceiros 
definidos” (MARCUSCHI, 2005, p. 36). 
Como se estivessem em um mesmo local, os participantes que estão 
em lugares diferentes podem ver e ouvir uns aos outros. Também é possí-
vel a interação em tempo real em áudio e vídeo, simultaneamente. Muitas 
empresas usam este sistema para suas intercomunicações empresariais entre 
as várias localidades de suas empresas. O mesmo pode ser feito na educação, 
em especial, por ocasião de palestras e conferências.
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6.2.6 Fórum de discussão 
É um espaço virtual privilegiado na construção colaborativa do conhe-
cimento, que desenvolve relações sociais e afetivas por discursos escritos e 
compartilhados. É um espaço de conversação, interação e diálogo escritos. 
Percebe-se, assim: “a fronteira entre escritor e leitor mais imprecisa, pois o lei-
tor-navegador não é um mero consumidor passivo, mas um produtor do texto 
que está lendo, um coautor ativo, capaz de ligar os diferentes materiais disponí-
veis, escolhendo seu próprio itinerário de navegação” (COSTA, 2000, p. 4).
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– 124 –
Leitura e Escrita na Era Digital
A comunicação é assíncrona e permite que, antes de enviar a mensagem, 
o autor reflita, faça correções e envie, com bastante convicção, suas ideias e 
percepções sobre o assunto. É possível, também, realizar chats previamente 
agendados pelo organizador, o qual permitirá a comunicação sincrônica. A 
grande vantagem, em termos de pesquisa, é que as mensagens ficam registra-
das para futuras análises.
Meus caros colegas, a partir dos relatórios analisados [...].
Apresentem aspectos ainda não mencionados na discussão. 
Podem fazer sínteses dos pontos já abordados, avaliar a qualidade das 
intervenções. Cuidem da correção linguística! Participem! 
Esta será a nossa sala de reuniões virtuais [...], é interessante ler e comen-
tar as contribuições dos colegas, conto com a participação de vocês. 
Parabéns pela contribuição [...]; valeu o exemplo. 
Nossas conversas são muito produtivas. “Cumprimentos virtuais”.
6.3 Gêneros virtuais e redes sociais 
Para dar suporte a essa gama de interações textuais virtuais, existe uma 
série de redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter, MySpace, LinkedIn, 
que permitem aos usuários da internet vivenciar as mais diversas relações 
para além das suas comunidades locais. E mais, essas redes têm como carac-
terística principal a interatividade em tempo real. 
Por este motivo, as pessoas estão se relacionando a todo instante e qual-
quer informação que surge, automaticamente, já está circulando na rede. 
Não podemos esquecer de que contatos, sejam no mundo real ou no virtual, 
são importantes para o sucesso das pessoas, pois, por meio deles, ampliamos 
o conhecimento técnico ou não do mundo que nos cerca e, desta forma, o 
conhecimento pode transformar-se em poder. Assim, quanto mais pessoas 
você conhece, melhor será para aumentar o seu networking, a sua rede de 
contatos, e maior será a possibilidade de conseguir uma boa colocação pro-
fissional. Ou seja, deve-se procurar ser competente, comunicando-se efetiva-
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– 125 –
Novas tecnologias da informação e da comunicação
mente, não apenas com seus pares, funcionários e chefes, mas, também, com 
todos com os quais você tenha contatos. 
6.3.1 Principais redes sociais 
Na sequência, apresentaremos as redes sociais preferidas para uso dos 
brasileiros, que possuem um grande número de usuários. Como afirma Levy 
(2005, p. 25), “se a humanidadeconstruiu outros tempos, mais rápidos, mais 
violentos, outros que os das plantas e dos animais, é porque dispõe deste 
extraordinário instrumento de memória e de programação das representa-
ções que é a linguagem”. 
No infográfico a seguir podemos verificar as redes virtuais e vários 
dados estatísticos sobre o seu uso no Brasil.
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Fonte: Google Ad Planner/Alexa
6.3.2 Twitter 
Esta rede tem como características a rapidez e a síntese da comunicação na 
produção do texto. Pode ser acessada pela URL <twitter.com>, permitindo que, 
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na escrita, sejam usados até 140 caracteres, também designados como tweets, e, 
na sequência, surge o termo “tweetar” com o sentido de conversar pelo Twitter.
Os usuários podem seguir outros usuários e recebem, por meio do site 
ou do serviço telefônico SMS, as atualizações dos contatos seguidos e, assim, 
a rede social configura-se.
6.3.4 Facebook 
Essa rede, criada em 2004 por um tímido estudante da Universidade 
de Harvard, incorporando depois outras universidades, tornou-se uma das 
maiores empresas do mundo e seus criadores já tiveram suas vidas transfor-
madas em filme. É uma rede ágil que, muitas vezes, opera sem a sua inter-
venção disparando convites para interação com várias pessoas com as quais 
se tem contato por e-mail, ou que são amigos de seu amigo. Oferece muitos 
serviços, como postagem de fotos, mensagens, avisos, por e-mail, sobre men-
sagens deixadas ao destinatário ou sobre ele, lembretes sobre os aniversários 
de colegas de rede, etc. Não limita os caracteres como o Twitter. Permite 
utilização por crianças a partir de 13 anos.
6.3.5 Orkut
Rede social da empresa Google Ink, foi criada em 2004. Perdeu espaço 
para o Facebook, uma vez que ambas possuem as mesmas características 
de funcionamento. Se uma surgiu como uma necessidade dos estudantes, 
o Orkut era uma rede utilizada pelos funcionários do Google e, depois, foi 
disponibilizada para todos os usuários da internet maiores de 18 anos. A 
demanda do Orkut, pois o Facebook apresentou-se muito mais dinâmico.
6.3.6 MySpace
Esta rede social foi criada em 2003. Uma das suas principais diferenças 
com relação a outras redes sociais é que as páginas podem ser visualizadas tam-
bém por usuários não cadastrados no site, como no caso do Twitter. Como nas 
demais páginas, deve-se criar um perfil com fotos, blog e vídeos. Além disto, é 
possível disponibilizar arquivos de áudio no formato MP3, o que favoreceu a 
vários artistas que tornaram o MySpace a página oficial de seus perfis.
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6.3.7 LinkedIn
É uma rede social de negócios, fundada em 2002 e lançada em maio de 
2003. O LinkedIn possuía, em 2011, mais de 135 milhões de usuários regis-
trados em mais de 200 países e territórios. O site está disponível em inglês, 
francês, alemão, italiano, português, espanhol, russo, turco e japonês. 
Como esta rede visa a uma oportunidade de trabalho, não é interessante 
escrever dados sobre família, humor, vida pessoal, troca de informações pes-
soais ou colocar em seu perfil termos inadequados ao meio. É um bom local 
para expor o currículo. 
O poder das redes sociais é imenso, com a capacidade de mobilizar 
milhões de pessoas em poucas horas. Portanto, saber usar estas ferramentas 
pode causar benefícios ou malefícios, dependendo da forma como as pessoas 
expõem-se nelas. 
Para divulgação de todo tipo e, em especial, dos grandes acontecimen-
tos do país, eventos internacionais inclusive, as redes sociais serão a melhor 
forma de comunicação e, também, a maior fonte de informação. 
Vivemos em uma aldeia global, na mais verdadeira acepção da palavra, 
não só de comunicação verbal, mas, também, visual, sonora, real. Segundo 
Paiva (2006, p. 17), “deixamos de ser seres humanos isolados para nos trans-
formarmos em uma rede humana comunicante e conseguimos, através da 
mediação do computador, comunicar, ao mesmo tempo, com muitas pes-
soas, sem limitações de tempo e espaço”.
6.4 Gêneros virtuais e leitura 
A leitura, assim como a escrita, foi totalmente renovada: nasceu o texto 
aberto, interativo. Além dos artefatos eletrônicos criados para ela, os meios 
eletrônicos possibilitaram uma revolução na estrutura narrativa, tendo em 
vista todos os recursos de que o mundo virtual dispõe: “A interatividade esta-
belece uma nova conceituação e uma nova relação entre o leitor e o texto.” 
(NEITZEL, 2009, p. 193). 
O livro que se lê em meio virtual é chamado de e-book ou livro digital. 
Na rede, já existe uma infinidade de livros disponíveis para download. Para 
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arquivar essa demanda, existe um website chamado EbookCult, uma biblio-
teca virtual com centenas de livros eletrônicos.
O lançamento, em 2011, do romance policial Grau 26: a origem, escrito 
por Anthony E. Zuiker, em parceria com Duane Swierczynski, os mesmos 
autores da série americana CSI, tornou a teoria uma realidade. A obra per-
tence a uma trilogia, mescla leitura, elementos cinematográficos e interati-
vidade com todas as redes digitais – Facebook, Orkut, Twitter, YouTube – e 
oferece, ainda, o “Jogo do assassino”. Foi classificado como um “digilivro”. 
Para facilitar a leitura virtual, libertando o usuário da imobilidade do 
computador, foram criados outros aparelhos eletrônicos. Um deles é o Kin-
dle, lançado em 2007 pela empresa americana Amazon. Além da função 
principal, que é ler e-books, o aparelho possibilita o acesso a outros tipos de 
mídia digital.
Com a mesma função, foi lançado, em 2010, pela Apple, o iPad, um 
aparelho em formato de prancheta digital que já está na sua terceira ver-
são. Além de leitor de livro digital, une computador, videogame, aparelho de 
som e vídeo. Os livros disponibilizados no tablet são chamados de iBooks. 
Seu criador, Steve Jobs, classificou-o como aparelho mágico e revolucionário. 
O iPad tem mais recursos que o Kindle, entre os quais se destaca o menu 
do aplicativo, que apresenta uma espécie de prateleira digital, mostrando os 
títulos que o usuário já possui. Além disso, a tela mostra a página do livro 
digital como se o leitor olhasse para o produto em formato de papel.
Para competir com esse mercado de livros eletrônicos, o Google lançou 
o Google e-Books, considerado pela empresa a maior livraria digital da inter-
net. Já foram disponibilizados mais de três milhões de títulos, incluindo os 
que serão gratuitos. As vantagens desse novo serviço é que os leitores podem 
comprar os livros pelo site, ler em qualquer dispositivo eletrônico e, ainda, 
armazenar os títulos adquiridos na conta do Google. Portanto, o acesso à 
leitura torna-se maior a todos.
É o admirável mundo novo que se descortina para grandes viagens, 
como afirma Octavio Ianni (1996, p. 21): 
Quem viaja larga muita coisa na estrada. Além de largar na 
partida, larga na travessia. À medida que caminha, despo-
ja-se. Quanto mais descortina o novo, desconhecido, exótico 
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ou surpreendente, mais se liberta de si, do seu passado, do 
seu modo de ser, hábitos, vícios, convicções, certezas. Pode 
abrir-se cada vez mais para o desconhecido, à medida que 
mergulha no desconhecido. No limite, o viajante despoja-se, 
liberta-se e abre-se como no alvorecer: caminhante, não há 
caminho, o caminho se faz ao andar. 
A viagem pelos gêneros textuais virtuais está apenas começando. De 
acordo com Belloni (2001):Do livro e do quadro de giz à sala de aula informatizada e 
on-line a escola vem dando saltos qualitativos, sofrendo 
transformações que levam de roldão um professorado 
menos perplexo, que se sente muitas vezes despreparado e 
inseguro frente ao enorme desafio que representa a incorpo-
ração das TIC ao cotidiano escolar. Talvez sejamos os mes-
mos educadores, mas os nossos alunos já não são os mesmos 
(BELLONI, 2001, p. 27).
Da teoria para a prática
Todos os que se iniciam na arte da tecnologia e, principalmente, para os 
que ficam muito conectados, ou fazem parte da “geração internet”, os meios 
eletrônicos de comunicação transformaram-se em uma extensão de si, um 
modo de vida.
O endereço eletrônico, e-mail, é mais importante do que todos os 
outros, porque, com ele, assim como com o número do celular, pode-se, 
a qualquer tempo, em qualquer espaço, em qualquer situação, resolver 
problemas, matar a saudade, fazer declarações, receber ou dar trabalho. 
Enfim, estamos vinte e quatro horas disponíveis para receber ou passar 
informações. 
Essas mudanças provocaram uma profunda quebra de paradigmas. 
Segundo Baumann (2001), da solidez caminhou-se para a fluidez nos aspec-
tos essenciais da vida humana: na individualidade, no tempo e espaço, no 
trabalho e na comunidade. No entanto, não há como fugir deste novo estado 
de coisas. Ele já se instalou: ou você busca o letramento digital ou está fora do 
processo profissional, educacional, social e até religioso.
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Síntese
Neste capítulo, fizemos um passeio pelos caminhos da comunicação 
virtual. Vimos que o texto da internet é o hipertexto, ou seja, um texto com 
proporções gigantescas, possibilitadas pela abertura dos links. 
Com o advento do hipertexto e das novas possibilidades de comuni-
cação pela internet, vários novos gêneros textuais foram surgindo para se 
adequarem a essa nova modalidade de produção. Entre eles, destacam-se os 
e-mails, os chats ou salas de bate-papo e os blogs. Em todos pode-se fazer uso 
da linguagem formal, quando em situações educacionais e profissionais, e da 
linguagem informal, quando em situações de relações interpessoais amigá-
veis. Estes textos podem ser produzidos sincrônica ou assincronicamente 
entre os usuários. Para otimizar e ampliar as comunicações e informações, 
foram criadas as plataformas para as redes sociais virtuais, com suas regras 
e objetivos, facilitando a interação mundial: Orkut, Facebook, Twitter, 
 MySpace e LinkedIn. 
Foi possível compreender, também, que a leitura sofreu mudanças sig-
nificativas, uma vez que o leitor pode interagir com a obra interferindo na 
relação entre os personagens ou dialogar virtualmente com outros leitores 
da mesma obra. É fácil de ser acessada por meio dos suportes digitais, como 
os tablets, os celulares e computadores, aos sites que disponibilizam livros, 
revistas e jornais, muitos deles gratuitos. O mais importante foi compreender 
as características da linguagem por meios eletrônicos: não linear, volátil, 
topograficamente livre, fragmentada, com acessibilidade ilimitada, inte-
rativa e intertextual.
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