Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aceitação de um produto alimentício: sabor, textura e cor. Importância da cor: Influência significativa na aceitabilidade do produto. A cor afeta o julgamento → indicador de qualidade CCOORRAANNTTEESS NNAATTUURRAAIISS XX CCOORRAANNTTEESS AARRTTIIFFIICCIIAAIISS Corantes artificiais: - Permissão de uso em razões técnicas: estabilidade, pureza, disponibilidade e superioridade tecnológica - Utilização limitada: imposição legal, publicidade adversa, interesse do consumidor por produtos naturais Corantes naturais: - adaptação às condições de uso em processos - produtos naturais são inócuos !!?? - dados sobre toxicidade - importância econômica Característica física e fisiológica: COR Definição: cor é uma característica da luz, mensurável em termos de intensidade (energia radiante) e comprimento de onda. Fisiologicamente é limitada a uma banda do espectro visível no intervalo de 380 a 770nm, uma vez que o olho humano é praticamente insensível a outros comprimentos de onda de energia radiante. Divisão das cores: - Primárias: azul, vermelho, amarelo - Secundárias: verde, laranja e violeta - Terciárias: mistura da cores primárias e secundárias Medição da cor: espectrofotometria, colorímetro de Hunter e cromatografia PIGMENTOS NATURAIS - Apresentam estruturas complexas com diferentes grupos funcionais - Principais tipos de pigmentos naturais de acordo com a estrutura básica: 9 Porfirinas: clorofilas, heme e bilinas 9 Carotenóides: carotenos, xantofilas 9 Flavonóides: antocianinas, antoxantinas, leucoantocianidinas 9 Betalaínas 9 Taninos 9 Pigmentos produzidos durante processamento: melanoidinas e caramelo CLOROFILA - Pigmento verde das plantas - São essenciais para fotossíntese CO2 + H2O (CH20) + O2 luz clorofila - São encontrados nos cloroplastos, associados a proteínas e lipídios - Clorofila a e clorofila b (proporção de 1:3) - Em microrganismos existem as clorofilas c e c1 - São lipossolúveis e, portanto extraídas com solventes orgânicos (acetona) Estrutura química da clorofila - estrutura basica: estrutura tetrapirrolica denominada porfina - porfirina: porfina com substituintes nas posições 1,2,3,4,5,6,7,8 - forbina: porfirina com adição do anel –C9-C10 - feoforbídeo: feofitina menos o fitol - feofitina: clorofila com o cátion Mg substituído por prótons - filina: derivado de uma clorina contendo cátion Mg - clorofilina: clorofila com os dois ésteres hidrolisados (ácido dicarboxilico) ABSORBÂNCIA Região de absorbância das clorofilas: larga região do espectro visível - Clorofila a: 663, 623, 607, 597, 577, 534, 494, 432 nm (éter etílico) - Clorofila b: 644, 614, 594, 567, 543, 503, 456, 428 nm (éter etílico) Comportamento da clorofila durante o processamento H+ OH → -Feofitina ← clorofila clorofilida Verde castanho - Mg+2 - fitol E -fitol H+ → Clorofilida clorofilida feoforbídeo Cu+2 -Mg +2 O2 OH- - - fitol - Mg+2H+ Cu+2 Zn+2 Verde Verde Verde Verde brilhante Verde castanho Clorofilida Cu+2 Produtos incolores ALTERAÇÃO DA CLOROFILA DURANTE TRATAMENTO TÉRMICO 9 Tratamento térmico de vegetais em água No início o aquecimento produz uma tonalidade verde escura e saída de ar to tecido vegetal Com a continuação do aquecimento → desnaturação das proteínas protetoras das clorofilas → exposição aos ácidos da célula → produção de feofitinas → cor verde castanho PREVENÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO DA COR VERDE 9 Adição de álcalis (NaHCO3) ou tampões de fosfato, ou citrato - Controle de pH, que evita a ação de ácidos sobre a molécula de clorofila - Elevação do pH próximo a 8,0 e aquecimento provoca perda de rigidez do vegetal por hidrolise da pectina nas paredes celulares 9 No armazenamento a temperaturas baixas, a degradação enzimática da clorofila é retardada por uma atmosfera rica em CO2. Em atmosfera rica em etileno, a destruição da clorofila é rápida, método usado para eliminar cor verde da casca de frutas cítricas. CLOROFILAS CÚPRICAS 9 Clorofilas com substituição do Mg+2 por Cu+2 9 Maior estabilidade da ligação Cu – N pirrólico do que a ligação Mg – N pirrólico 9 Clorofila cúprica é mais resistente às condições de processamento e armazenamento 9 A estabilidade da ligação Cu – N pirrólico permite maior resistência à ação de ácidos fortes e conseqüentemente a passagem pelo trato gastrointestinal de forma inalterada, tornando este pigmento um aditivo não tóxico para os alimentos 9 Aplicação da clorofila cúprica em produtos de limpeza e higiene Estabilidade das clorofilas e clorofilas cúpricas Tempo de meia vida – t1/2 (h) Condições CLOROFILA CLOROFILA CÚPRICA O2 / Luz 0,01 x 10-4 0,20 x 104 N2 / Luz 0,01 x 10-4 0,08 x 104 H+ /O2 / Luz 0,01 x 10-4 0,06 x 104 O2 / 60OC / sem luz 0,08 x 104 0,22 x 104 O2 / 25OC / sem luz 0,88 x 104 3,00 x 104 CAROTENÓIDES 9 Pigmentos responsáveis pela coloração amarela, laranja e vermelha de frutas, folhas e algumas flores 9 Alguns carotenóides, entre eles luteína, violaxantina, neoxantina, β- caroteno, são amplamente distribuídos na natureza, enquanto que licopeno, capsantina, bixina existem em grandes quantidades em apenas algumas plantas 9 São encontrados no cloroplasto juntamente com as clorofilas 9 A mudança de cor no amadurecimento dos frutos ou envelhecimento de vegetais é causada pelo desaparecimento das clorofilas, que enquanto presentes, mascaram a cor dos outros pigmentos. 9 Os cloroplastos existentes nas frutas não maduras, durante o amadurecimento geralmente se transforma em cromoplastos, e a síntese de novos carotenóides é estimulada. 9 Os carotenóides são divididos em carotenos e xantofilas Alguns carotenóides encontrados na natureza CAROTENÓIDE FONTE α-caroteno Cenoura, Caraguatá β-caroteno Cenoura, Manga, Caraguatá Luteína Gema de Ovo Criptoxantina Milho Amarelo, Páprica Zeaxantina Gemas de Ovos, Milho Crocina Açafrão Bixina Urucum Capsantina Pimenta ou Pimentão Vermelho Capsorrubina Páprica 5,6-monoepoxi-β-caroteno Caraguatá 5,6-diepoxi-β-caroteno Caraguatá Violaxantina Amor Perfeito Licopeno Tomate, Melancia Estrutura química dos carotenóides - São substâncias tetraterpênicas, formadas por oito unidades de isopreno, de tal modo que a ligação isoprênica sofre reversão na parte central da molécula, e dessa maneira os dois grupos metílicos centrais ficam separados por três carbonos. - Estrutura do licopeno é considerado a estrutura fundamental dos carotenóides, da qual podem ser derivadas outras estruturas por reações de hidrogenação, ciclização, oxidação ou combinação desse métodos LICOPENO CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3CH3 3HC CH3 CH3 - As xantofilas contêm grupos hidroxilas, carbonilas e carboxilas na estrutura insaturada de hidrocarbonetos terpênicos - Cada dupla ligação pode ocorrer nas formas cis e trans, sendo a forma trans mais freqüentemente encontrada na natureza - Os carotenóides podem formar complexos com proteínas, com mudanças na sua cor natural quando livre - Alguns carotenóides são ligados a carboidratos (glicosídios) ou esterificados com ácidos graxos ABSORBÂNCIA DOS CAROTENÓIDES 9 A cor intensa dos carotenóides se deve ao grande número de insaturaçãoes conjugadaspresentes na molécula 9 Quanto maior o número de insaturações conjugadas, mais intensa é a cor do composto 9 A adição de uma dupla ligação C=C, sem outra modificação na molécula desloca a absorbância máxima desse composto para um comprimento de onda maior Absorbância máxima de alguns carotenóides Composto λ Maximo (nm) Bixina 443 470 502 Clorofórmio Capsantina 475 507 Hexano α-caroteno 420 442 472 Hexano β-caroteno 425 450 477 Hexano Luteína 420 445 475 Hexano Licopeno 448 473 504 Hexano Zeaxantina 426 450 480 Hexano PROPRIEDADES DOS CAROTENÓIDES 9 Os carotenóides são solúveis em lipídios e seus solventes 9 A solubilidade varia com a presença e número de grupos oxigenados como hidroxilas, carboxilas 9 A maioria dos carotenóides é termolábil, principalmente as xantofilas 9 A luz solar direta ou luz ultravioleta podem causar a fotoisomerização cis-trans, podendo causar destruição desses pigmentos 9 Os carotenóides sofrem oxidação por oxigênio ou peróxido, dependendo da luz, calor e presença de pró-oxidante 9 A oxidação se processa por mecanismo de radical livre semelhante aos dos lipídios insaturados 9 Em alimentos liofilizados a oxidação e conseqüente perda de cor é freqüente, pois nesses alimentos a camada protetora de absorção primária da água foi eliminada ou reduzida e a porosidade do alimento é muito grande 9 A rancidez oxidativa das gorduras promove a oxidação dos carotenóides 9 Os carotenóides são normalmente estáveis ao pH dos alimentos processados 9 Alguns carotenos são precursores da vitamina A 9 São corantes inócuos ou de baixa toxidez 9 São usadas em queijos (bixina), manteiga (β-caroteno) 9 Os corantes β-caroteno, zeaxantina, cantaxantina e astaxantina foram sintetizados com estrutura química idêntica aos produtos naturais e são comercializados FLAVONÓIDES 9 Englobam uma classe muito importante de pigmentos naturais encontrados com grande freqüência na natureza 9 São pigmentos fenólicos, aquosolúveis geralmente na forma de glicosídeos 9 Cores azul e vermelho: ANTOCIANINA 9 Cores e tons amarelos: ANTOXANTINA 9 Ambos possuem um núcleo comum Núcleo das antocianinas 2-fenil-benzopirilium + O Núcleo das antoxantinas 2-fenil-benzopirona O O 9 As antocianinas e as antoxantinas contêm ramnose, glicose ou galactose geralmente ligadas aos carbonos 3, 5 ou 7 do núcleo flavilium ou benzopirona 9 Ambos podem ter em várias posições dos anéis grupos hidroxilas ou metoxilas. + O Cátion de flavilium Antocianidinas (aglicona) X1, X2, X3 podem ser H ou –OH ou CH3O- OH + O X3 X2 X1 OH OH OH OH X1 X2 X3 O O Flavononas (Açúcar ligado em C7 ou C5 Flavonois (Açúcar ligado em C3 OH OH OH X1 X2 X3 O O OH OH X1 X2 X3 O O Flavonas (Açúcar ligado em C7 ou C5 2-fenil-benzopirona O O Antocianinas (glicosídio) X1, X2, X3 podem ser H ou –OH ou CH3O- OH OH X1 X2 X3 + O O - açúcar OH OH X1 X2 X3 O O Isoflavononas (Açúcar ligado em C7 ou C5 Flavonóides encontrados com freqüência em alimentos Antocianina Fonte Cianidina-3-glicosídio Cerejas, jambolão, uvas, vinho, morango, amoras vermelhas Peonidina-3-glicosídio Cerejas, jaboticabas, uvas, vinho Malvidina-3-glicosídio Uvas e vinho Pelargonidina-3-glicosídio Morangos Delfinidina-3,5-diglicosídio Berinjelas Petunidina-3-glicosídio Uvas e vinho Delfinidina-3-cafeoilglicosídio-5- glicosídio Berinjela Campferol-3-glicosídio Morangos, uvas, vinho Quercetina-3-glicosídio Uvas, vinho, morangos ANTOCIANINAS 9 Cor vermelho vivo ao violeta e azul 9 Obtidas por extração a frio com metanol ou etanol fracamente acidificado 9 São sempre encontradas na forma de glicosídios 9 São hidrolisados por aquecimento com HCl 2N em açúcares e agliconas, denominadas antocianidinas 9 As antocianinas encontradas em alimentos são todas derivadas das agliconas pertencentes a três pigmentos básicos: pelargonidina, cianidina e delfinidina, todas com hidroxilas nas posições 3, 5 e 7 PROPRIEDADES QUÍMICAS 9 As antocianinas são anfóteras, pouco resistentes ao calor 9 Em meio ácido: sais de oxônio – cor vermelha brilhante 9 Em meio neutro: estrutura quinoidal – cor púrpura 9 Em meio alcalino: cor azul 9 Esses equilíbrios podem ser afetados por luz (?), calor, oxigênio, metais, ácido ascórbico, açúcar e enzimas. 9 As antocianinas reagem com íons de bissulfito ou com dióxido de enxofre, sofrendo descoloração em processo reversível (por aquecimento e acidificação). Em altas concentrações (> 10 g/kg) a destruição é irreversível de antocianina para chalconas 9 A interação de antocianinas com ácido ascórbico causa a degradação de ambos os compostos, com descoloração dos pigmentos 9 O mesmo acontece com aminoácidos, fenóis e derivados de açucares 9 As antocianinas são facilmente descoloridas por reações enzimáticas (antocianidases e catecolases); pode ser retardado por branqueamento 9 Em xaropes de sacarose ou glicose, as antocianinas são lentamente degradadas com perda da cor 9 As antocianinas são degradadas em temperatura acima de 60OC e por tempo muito prolongado, torna-se castanho-escuro. Este efeito não é observado em condições normais de pasteurização e HTST. A degradação térmica é diminuída com diminuição do pH e ausência de oxigênio 9 Em presença de cátions como K+, Na+, Al+3, Fe+2/+3, Cu+2 e Sn+2 as antocianinas formas complexos que possuem coloração ou tonalidades diferentes 9 As antocianinas complexam com metais, alterando a coloração. A cianidina-3-glicosídio na presença de Al+3 em pH 5,5 forma um complexo vermelho e, em presença de sais de ferro em pH acima de 5,5, um complexo azul. A coloração azulada em pêssegos enlatados é devido à complexação com zinco e a perda da coloração rósea em pêras é devido ao complexo cianidina-zinco. 9 Alterações da cor das antocianinas com o pH é um fator limitante BETALAÍNA 9 São pigmentos encontrados em primavera (flor), frutos de cactus e principalmente na beterraba 9 O cromóforo principal no suco é a betanina (75-95%) 9 Betacianinas:pigmento vermelho e betaxantina: pigmento amarelo 9 A cor varia com o pH: - pH ~ 3,0: roxo - pH ~9,0: azul 9 São mais estáveis entre pH 4-6 9 São lentamente degradadas por luz e ar 9 O concentrado de betalaína é sensível ao processamento térmico, mesmo em pH ótimo 9 A vida de prateleira do extrato, pode ser aumentada por adição de ácidos cítrico e ascórbico, que atuam como complexantes (metais) e antioxidantes, respectivamente OUTROS FLAVONÓIDES ANTOXANTINAS - São pigmentos de cores claras encontradas em flores brancas ou amareladas e em alimentos como batata e repolho branco - Formam com íons férricos complexos de cores fortes - Diferem da antocianinas por serem mais oxidados Núcleo das antoxantinas 2-fenil-benzopirona O O - As antoxantinas compreendem duas classes de compostos: flavonas e os flavonóis (+ abundantes na natureza), além de outros como flavanonas, flavanonóis, isoflavonas, chalconas, auronas e leucoantocianidinas Flavonase flavonóis: importância em vegetais amarelados, com estrutura bastante similar, separados facilmente por métodos cromatográficos. Os flavonóis mais comuns são o campferol, quercetina, miricetina e rutina. As flavonas mais comuns são luteolina, apigenina e tricetina Flavanonas: são substâncias sem cor, encontradas em grandes quantidades em frutas cítricas. São convertidas a di-hidrochalconas, composto de sabor doce bem acentuado. - Naringina, a flavanona encontrada no “grapefruit”, de sabor amargo, é dissolvido facilmente em hidróxido de sódio e reprecipitada pela adição de ácido NARINGINA CHALCONA + H+ + OH- - Apenas das flavanonas de sabor amargo são obtidas di-hidrochalconas doces - A hesperidina, flavanona comum em laranja pêra, é sem sabor e produz uma chalcona sem sabor. A neo-hesperidina, flavanona de sabor amargo na laranja Sevilha, produz a chalcona de sabor doce Isoflavonas: pigmento pouco distribuído na natureza, mas constitui uma grande classe de produto natural. Ginisteína, isoflavona mais encontrada na natureza Leucoantocianidinas: são substâncias sem cor ou de cores fracas, que por aquecimento com ácidos diluídos se transformam em antocianidinas e epicatequinas Antoxantinas e respectivas fontes Antoxantina Fonte Campferol Morango, chá preto Quercetina Cebola, morango Miricetina Uva Hesperidina Laranja Naringina Grapefruit Tangeritina Tangerina - Alimentos como batatas, repolho branco e couve flor, adquirem coloração amarela quando tratadas em meio alcalino. A alteração de branco para amarelo corresponde ao efeito de íons OH- sobre antoxantinas que podem se transformar em chalconas TANINOS - A cor pode variar do branco ao marrom-claro - Formam com a água soluções coloidais de sabor adstringente - Tem propriedade de precipitar proteínas e vários alcalóides em solução - São mais usados para curtição de couros - A presença de pequenas quantidades de taninos em frutos confere a esses produtos uma qualidade desejável que é dar corpo. No entanto, quantidades maiores dão adstringência, na maioria das vezes, indesejável. Com a maturação dos frutos, perdem-se grandes quantidades de taninos.
Compartilhar