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23/03/2017 1 TA 322 – Características e Pré- processo de Frutas, Hortaliças, Café, Cacau e Cana-de-açúcar Estabilidade, maturação, colheita, estocagem, possibilidades de aproveitamento e alterações de frutas e hortaliças Flávio Luís Schmidt DTA/FEA/Unicamp Durável Perecível Causas de Perdas Agentes Externos Agentes Externos (Mofos,Insetos) (Bactérias, Fungos) e Internos (Respiração) Vida de Prateleira Estável Perecível Anos de conservação Meses, dias de conservação Textura Dura/Não se Macia, facilmente estraga facilmente danificada Taxa Respiratória Muito baixa/Pouca Alta/Elevada geração de calor geração de calor Tamanho e Peso Pequeno (≤1g) Grande (5g-10kg) Teor de Umidade Baixo (<10-15%) Elevado (50-90%) Produtos (M.P.) duráveis e perecíveis Tecnologia de pós-colheita � Colheita � Manuseio � Armazenamento � Transporte Todas estas operações interferem na qualidade do produto 23/03/2017 2 OPERAÇÕES COMUNS NO PRE- PROCESSAMENTO DE FRUTAS 1. recepção 2. classificação 3. seleção 4. lavagem 5. secagem 6. remoção de partes indesejáveis 7. redução por tamanho RECEPÇÃO: � Coordenação e integração de todas as etapas � Ausência de defeitos, injúrias mecânicas, desordens fisiológicas, doenças fitopatogênicas e perda de água � Perda de qualidade é cumulativa e causa também perdas quantitativas µm! Classificação/Seleção � Seleção em categorias, baseado numa propriedade física mensurável � Garante uniformidade para o processo � Geralmente baseadas em � Tamanho � Forma � Peso � Cor � Outros � Qualidade � Importância para saúde � defeitos Caju! Outras características importantes � Solidez: alface e repolho � Cor externa: todas as frutas e algumas hortaliças � Cor interna: cor da polpa � Dias decorridos da floração até colheita: maçã e pêra � Forma: angularidade de bananas, compacidade do brócolos e couve-flor � Textura: firmeza (maçã, pêra, pêssego, mangaba, nectarina). Ternura (ervilhas). Dureza (aspargos) � Composição � Densidade aparente: propriedade importante no armazenamento � Densidade real e Medidas de L, Φ � Interferem no rendimento Adaptado de Sigrist et al, 2001 (Embrapa) 23/03/2017 3 Seleção de batatas por peso específico Milho! Seleção por roletes Pequena Média Grande esteira RoleteGira Equipamentos específicos: A. Abertura fixa / peneiras: estacionário, vibratório, rotatório B. Abertura variável: cilindros, esteiras, parafusos / roscas Processamento de imagens � Seleção ou agrupamento de espigas de milho do mesmo formato ou tamanho (forma) � Seleção de batatas com defeito ou manchas � Seleção de ervilhas escuras, feijões, arroz, cenouras em cubos, grãos de milho, frutas pequenas � Até 16ton/hora Pré-resfriamento � Pelo ar: � Não recomendado para folhas. Demorado, dificuldade do ar passar pela massa de folhas ou baixa porosidade dos produtos. Pode ressecar dependendo da UR. � Pela água: � Pode danificar o produto, e não atingir o centro do produto � Pelo gelo líquido: � Pode causar danos físicos e injúria térmica � Vácuo: � Recomendado para produtos folhosos com elevada relação área/peso (cada 1% de água evaporada faz baixar em 6°C a temperatura do produto) 23/03/2017 4 Remoção de partes indesejáveis • Partes estragadas • Topos, raízes, talos, miolos, olhos, vagens, engaço • Palha, cascas • Caroços • Sementes Lavagem • Razões: – separar e remover contaminantes – deixar em condições desejáveis – deixar com superfície limpa – limitar re-contaminação - proteger os equipamentos • Tipos de sujeira: – minerais [terra, areia ...] – vegetais [galhos, folhas ...] – animais [excreções, pêlos, ovos de insetos ...] – químicos [resíduos: agrotóxicos, fertilizantes, e hormônios] – microbiológicos[microrganismos, metabólitos] Alguns pontos do processo de limpeza � Limpeza: remoção galhos, ramos, hastes, talos, solo, insetos, resíduos de fertilizantes etc. – separação por gravidade, peneiramento etc. �Limpeza sempre precede a lavagem e/ou sanificação Alguns pontos do processo � Lavagem: com ou sem detergente especial – imersão por 10 a 15 minutos, com ou sem agitação e aspersão. Enxaguar com água potável (2 a 5 ppm cloro). 23/03/2017 5 Lavagem – Avaliar Opções • Imersão • Imersão com agitação • Jatos de água • Aproveitar diferenças de densidade • Peneiração • Lavagem com ou sem adição de detergente • Sempre usar água potável com ou sem adição de mais cloro. Obs.: não exagerar na limpeza – não esquecer de secar se não for processar logo – centrífuga. Desinfecção � Desinfecção: agente anti-microbiano – princípio ativo cloro p.e. hipoclorito de sódio ou dicloroisocianurato (mais estável) – não use alvejante. Use de 100 a 200 ppm cloro ativo/10-15 minutos. Enxaguar c/água potável (2-5 ppm cloro). � Desinfecção após a corte: camara isolada – água clorada (100-150 ppm cloro ativo/L, pH 7,0)/ 5 – 10 L água clorada/kg produto/2-5 min./4°C. Enxaguar. CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS – Produção de Etileno � Frutos climatéricos: Podem amadurecer na planta ou após a colheita, quando colhidos ainda imaturos, devido à elevada produção de etileno. Ex.: banana � Frutos não climatéricos: Só completam o amadurecimento quando permanecem na planta, uma vez que não têm aumento da produção de etileno depois de colhidos. Ex.: frutos cítricos COLHEITA - CLASSIFICAÇÃO DE FRUTAS � Frutas climatéricas: Aumentam a taxa de respiração mesmo após colheita � Frutas não climatéricas: A respiração decresce após a colheita, independente do estádio de maturação 23/03/2017 6 EXEMPLOS DE FRUTAS � Frutas climatéricas: abacate, banana, caqui, figo comum, goiaba, graviola, kiwi, maçã, mamão, manga, maracujá, pêssego, pêra. � Frutas não climatéricas: abacaxi, cacau, caju, carambola, cereja, framboesa, laranja, limão, morango, pomelo, romã, uva. FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA PRESERVAÇÃO DA QUALIDADE DO PRODUTO AUMENTO DO PERÍODO DE CONSERVAÇÃO Desafio... Técnicas de colheita e pós-colheita 23/03/2017 7 Pontos críticos no manuseio ETAPAS DO CICLO VITAL DOS FRUTOS 1- Início da formação da polpa; 2- Término do crescimento em tamanho; 3- Início do período de consumo, mas, ainda imaturo; 4- Período ótimo de consumo; 5- Predominância de reações degradativas; 6- Não utilizável para consumo. Fonte: Ryall e Lipton (1979) 23/03/2017 8 Trasformações das características físicas, físico-químicas e químicas do abacaxi desde o florescimento, até a senescência. Fonte: Gortner et al. (1967) TRANSFORMAÇÕES... RESPIRAÇÃO Fenômeno fisiológico • Necessária para a manutenção da vida dos tecidos vegetais • Mecanismo de degradação de suas reservas energéticas e nutritivas Fotossíntese x Respiração 40% energia gerada manutenção da vida das células 60% energia gerada perdidos na forma de calor vital Resfriamento de Frutas e hortaliças – Embrapa, Unicamp, 2002 23/03/2017 9 Resfriamento de Frutas e hortaliças – Embrapa, Unicamp, 2002 Resfriamento de Frutas e hortaliças – Embrapa, Unicamp, 2002 RESPIRAÇÃO � Função de gerar energia para os processos de síntese � Pode ser medida em termos de mg CO2 ou O2.kg-1.h-1 � Seu controle é fundamental na Vida de Prateleira � Dois tipos: � aeróbica (glicose vem da hidrólise de amido) C6H12O6 + 6O2 = 6CO2 + 6H2O + 686Kcal (energia) sem energia, tecido deteriora e morre � anaeróbica ou fermentação, na falta de O2: C6H12O6 = 2CO2 + 2CH3CHO + 2H2 = 2CH3CH2OH acúmulo de acetaldeído e etanol leva a perda do produto, produzindo sabores e odores desagradáveis FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO � Etileno: estimula respiração � Temperatura: aumentataxa com elevação de temperatura - limites pela injúria fisiológica � Umidade relativa: faixa ideal entre 70 e 95% perda de 5-10% umidade já reduz qualidade, com aumento da taxa de respiração � Composição de gases no ambiente: normal 21% O2 e 0,03% CO2 (o restante é N2) - limite pela anaerobiose � Injúrias mecânicas: corte eleva taxa 3-5 vezes e > C2H2 23/03/2017 10 ETILENO - C2H4 � Hormônio de amadurecimento dos frutos � Induz o climatérico respiratório � Acelera respiração em todos os casos � Aumento na ação de enzimas � Para controlar: � Uso de absorvedores de C2H4 � Frutos não-climatéricos � carvão vegetal com cloreto de paládio Fatores que estimulam a produção de etileno • Danos mecânicos; • Distúrbios fisiológicos; • Doenças, • Estresse hídrico; • Processo de amadurecimento dos frutos; • Aumento da temperatura. TEMPERATURA � Faixa de temperatura limitada para fisiologia normal � Limite máximo - 30oC -35o C � Limite mínimo variável - injúria pelo frio � 13-15oC - banana, abacaxi, abacate, goiaba, pepino, berinjela, abóbora, melão � 7oC - vagem, quiabo, algumas maçãs, batata � 0oC - maioria � ↑ temperatura ↑ respiração ↓ vida de prateleira Brócolis Temperatura (oC) Tempo (dias) 21 2-3 10 3-5 0 14-21 CLASSIFICAÇÃO FRUTAS � De acordo com a taxa de respiração a 20ºC em mm3 C2H4 /kg h � muita baixa (0,01 a 0,1): cereja, citrus, uva, morango, romã, hortaliças de folhas, raízes, batatas; � baixa (0,1 a 1,0): pepino, pimentão, abacaxi, caqui; � moderada (1,0 a 10,0): banana, figo, melão honey dew, manga, tomate; � alta (10-100): maçã, damasco, abacate, kiwi, nectarina, mamão, pêssego, pêra, ameixa; � muita alta (>100): maracujá, sapoti, anona Fonte: Adaptada de Kader et al. (1992) – Livro Resfriamento de Frutas e Hortaliças. Embrapa, 2002 23/03/2017 11 CLASSIFICAÇÃO HORTALIÇAS � De acordo com a taxa de respiração a 10ºC em mg CO2 ou O2.kg-1.h-1 � muita baixa (<10): alho � baixa (10-20): pepino, melão, repolho, beterraba, tomate � média (20-40): cenoura, aipo, pimentão � alta (40-70): aspargos, chicória, alface � muita alta (70-100): cogumelo, espinafre � extremamente alta (>100): brócolis, ervilha, salsa, milho doce ARMAZENAMENTO E MATURAÇÃO DAS FRUTAS � Frutas climatéricos – “de vez” � Frutas não-climatéricos - maduro � Hortaliças baseado em características físicas (textura, firmeza, cor, compacidade, etc...) e desenvolvimento � Senescência nunca ! � esgota capacidade de síntese � somente processos de degradação � Injúria pelo frio - não-climatéricos escurecimento interno, pitting, manchas, apodrecimento, áreas aguadas, sabor ruim... � Maioria das frutas tropicais � Observações: �Calor vital: a respiração gera calor (aumenta temperatura) � Em geral: redução de 100C reduz reações metabólicas em 2-3 vezes TEMPERATURA TEMPERATURA - Injúria pelo Frio 23/03/2017 12 TEMPERATURA - Injúria pelo Frio TEMPERATURA - Injúria pelo Frio TEMPERATURA - Injúria pelo Frio TEMPERATURA - Injúria pelo Frio 23/03/2017 13 UMIDADE RELATIVA � Faixa ideal variável: maioria 90-95% U.R. � ↑ respiração ↑ temperatura ↑ perda de água � murchamento � Equilíbrio fundamental evitar perda de água pela respiração evitar acúmulo de água na superfície (crescimento de fungos) GERAÇÃO DE CALOR � Unidades: BTU/ton/24horas Produto 00C 4,40C 160C Maçã 500-900 1.100-1.600 3.000-6.800 Pêra 700-1.500 1.100-2.200 3.200-13.200 Morango - 10.100 39.300 � Solução: Circulação de ar (cuidado com U.R.) Relação T armazenamento e produção de calor 1 10 100 1000 10000 100000 0 5 10 15 20 Temperatura (°C) BT U/ to n /2 4h maçã pêra morango ATMOSFERA CONTROLADA E MODIFICADA � Controlada (AC) - controlar proporções de O2, CO2, N2 e UR � sempre igual e monitorado – só em câmaras � exemplo: 3% O2 + 3% CO2 + 90% UR + refrigeração – controle “total”! � reduz taxa de respiração, produção de etileno, perda de água, deterioração, amarelamento .... 23/03/2017 14 ATMOSFERA CONTROLADA E MODIFICADA � Modificada (AM) - modificar o ambiente gasoso em torno do produto na hora de envase-injeção com CO2, N2 .... � Pode ser ativa ou passiva: � ativa - uso de absorventes de O2, C2H4 e H2O ou emissor de CO2 ou etanol � passiva - cobrir com película de plástico com permeabilidade gasosa controlada - a própria respiração modifica o ambiente - ↑ CO2 ↓ O2 - cuidado com umidade ATMOSFERA CONTROLADA E MODIFICADA Outras possibilidades � Irradiação: Usada mais para desinfecção, mas também pode atrasar a maturação de frutas e brotamento em batatas (0,05-0,15 kGy) � Uso de películas em frutas – ceras, lipídeos – evitam perda de umidade – pode incorporar anti-fúngico – mexem com ambiente gasoso interno.
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